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Em seu último ensaio de rua, Grande Rio se despede de Caxias abraçada pela comunidade e sonha com a segunda estrela

A Grande Rio não poderia encerrar a temporada de pré-carnaval sem se despedir de Caxias. A escola fez seu último ensaio de rua na noite de quinta-feira, na Avenida Brigadeiro Lima e Silva – no coração da cidade. Inicialmente, o treino estava marcado para o último sábado, mas foi cancelado por conta do mau tempo. Com o samba na ponta da língua do componente, a agremiação promete mostrar no ensaio técnico a força e o rugido da onça.

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Muito mais que um preparativo técnico, o ensaio também foi marcado pela emoção e celebração da comunidade. A agremiação fará neste sábado seu ensaio técnico na Marquês de Sapucaí, e o encontro da noite simbolizou o final de um ciclo de trabalho intenso que, agora, parece estar pronto. O diretor de carnaval da Grande Rio, Thiago Monteiro, ressaltou a importância de sentir a energia caxiense antes de pisar no solo sagrado da Passarela do Samba. Para ele, a escola virá forte em busca do bicampeonato e promete surpresas jamais vistas na Avenida.

“Foi uma grande festa. Hoje, além da parte técnica, queríamos muito entregar para Caxias uma festa – e entregamos. A gente quis fazer isso para pegar esse calor da cidade e levar conosco. O ensaio de rua é a comunidade, a gente está junto com a nossa terra e o nosso chão. Na quadra é um ambiente controlado, mas aqui nós temos o calor humano – isso é fundamental. A gente está planejando coisas que a Sapucaí nunca viu – espero que dê certo (risos). Neste ano queremos ganhar. Chega de comemorar o passado, vamos lutar para que no presente e em um futuro muito próximo tenhamos algo muito bom. É um trabalho muito forte. Respeitamos todo mundo, mas sabemos o que estamos fazendo aqui dentro”, afirmou Thiago.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Daniel Werneck e Taciana Couto foram responsáveis por abrir mais um ensaio de rua da agremiação de Caxias. Com uma coreografia que mistura a dança tradicional e passos coreografados em referência ao enredo e a trechos do samba, o casal esbanjou sincronismo e conexão. A dupla conseguiu os 30 pontos no Carnaval de 2023 e, se depender deles, a onça vai rugir na Avenida. Para o grande dia do desfile, Taciana e Daniel prometem levar uma surpresa para a Marquês de Sapucaí.

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“Tudo pronto e bem alinhado. Só guardamos alguns detalhes para o grande dia, porque nós sempre deixamos um ‘temperinho’ especial. Hoje fechamos com chave de ouro mais uma temporada, com a comunidade abraçando o nosso samba e enredo. Tenho certeza que a Grande Rio fará um grande desfile no ensaio técnico. A coreografia foi toda pensada e planejada dentro do enredo, da proposta da fantasia e de acordo com o samba. Gostamos de misturar o tradicional com um pouquinho da inovação, então há detalhes do samba, coisas da fantasia e muito da dança tradicional do casal de mestre-sala e porta-bandeira – acredito que apostamos mais nisso neste ano. A fantasia é surpresa, mas posso garantir que é linda e uma das mais bonitas que a gente já vestiu até agora”, comentou Taciana.

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“A expectativa para o ensaio técnico é sentir a energia da arquibancada e um pouco do que vamos apresentar na Avenida. Estamos ansiosos para poder buscar, mais uma vez, um grande desfile para brigar pelo campeonato – acredito que essa é a maior tensão que temos neste momento. O que podemos dizer para os torcedores é que eles vão ver uma Grande Rio linda, leve e que com certeza vai surpreender e encantar muito na Avenida. Daniel e Taciana também vão levar uma surpresinha e espero que as pessoas entendam essa magia que estamos buscando levar ao desfile”, completou o mestre-sala.

Harmonia

O chão caxiense é forte e apaixonado. O último ensaio de rua da temporada foi marcado pela emoção que parece ter deixado o canto da comunidade ainda mais forte. Desde o primeiro ensaio, ainda em novembro do ano passado, o samba-enredo foi abraçado pelos torcedores da Tricolor da Baixada. O crescimento constante, fruto também do trabalho feito pela direção de harmonia da escola, deixou a obra ainda mais alinhada para a Avenida. O forte entrosamento entre carro de som, bateria e torcedores, mostra que a escola está unida e disposta a brigar por um só propósito: levar a segunda estrela para Duque de Caxias.

Andrezinho, um dos diretores de harmonia da agremiação, pontuou a força da comunidade como um dos destaques da noite. Confiante no trabalho desenvolvido, ele acredita que a escola está pronta para o ensaio técnico e o desfile.

“Foi um ensaio muito bom. Acredito que o povo já está muito bem preparado para o sábado e para o domingo de desfile também (risos). É somente fazer o que já estamos acostumados, e cobrar só um pouquinho – porque sempre queremos cobrar mais um pouco. A escola está preparada e podem esperar, porque a onça vai rugir”, avaliou Andrezinho.

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Evolução

O treino começou por volta das 22h10 e teve aproximadamente 70 minutos de duração. Na noite desta quinta-feira, a entrega e a paixão da comunidade foi, de fato, um grande destaque. Algumas alas coreografadas chamavam a atenção e muitas contavam com adereços de mão. De modo geral, os componentes pularam, dançaram e brincaram carnaval. Por conta do ensaio ter ocorrido durante a semana, a escola aparentava estar um pouco menor – o que não apagou o brilho e a força do torcedor. A Grande Rio se despediu de Caxias com chave de ouro.

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Samba-enredo

Inicialmente houve quem criticasse o samba, mas ele está muito longe de ser um problema para o povo de Caxias. É inegável que a obra possui alguns trechos que pareciam complicar a vida do componente, mas o trabalho intenso da equipe musical da escola somado ao trabalho de harmonia tornou o samba-enredo um verdadeiro xodó do torcedor. A comunidade canta a plenos pulmões cada verso do samba e promete dar um show na Avenida. O diretor de carnaval está confiante no trabalho e na força musical da agremiação, e promete surpresas na Avenida.

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“Sempre digo que respeito quem criticou, mas para mim, para a minha comunidade e o meu cantor – que vão defender na pista – é tranquilíssimo. É um samba que foi interpretado e cuidado durante muito tempo. Nós estamos com muita tranquilidade do que temos na mão, que é o nosso povo, a bateria, a harmonia e o nosso time de canto. Tem fluído muito bem e vamos ter um bom teste no sábado, já com o teste de som e luz. Aguardem, porque teremos muitas novidades no desfile”, disse Thiago.

Outros destaques

A rainha de bateria Paolla Oliveira marcou presença neste último ensaio de rua e deu um show de carisma e samba no pé. Querida pelo chão caxiense, a majestade foi aclamada pelo público ao longo de toda a avenida.

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Outros dois grandes destaques desta noite, o carro de som comandado pelo intérprete Evandro Malandro e a bateria do mestre Fafá são peças fundamentais para a explosão do canto caxiense. Evandro tem se mostrado um grande puxador e tem tudo para levantar a Apoteose no próximo sábado. Confiante que a Grande Rio brigará pelo bicampeonato, o cantor fez uma análise do trabalho desenvolvido ao longo da temporada.

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“Estou muito feliz, realizado e também esperançoso de que teremos um ótimo desfile. Foi uma ‘avalanche’ cantada que tivemos aqui na avenida. A emoção, assim como bateu no nosso último ensaio de quadra, bateu hoje também. Foi muito gratificante. A parte do canto do samba-enredo foi muito bem trabalhada, assim como a parte de junção com a bateria e os arranjos. É um casamento que vem dando certo e estamos muito felizes por isso. Acredito que o sambista pode esperar uma onça bem feroz, determinada e muito bem preparada para rugir na Sapucaí e disputar sim o título. Estamos muito bem focados”, disse Evandro.

Unidos da Tijuca realiza seu último ensaio de rua, mostra forte trabalho de quesitos e diz ser possível buscar o título

Em seu último ensaio de rua, realizado na noite de quinta-feira, a Unidos da Tijuca mostrou, mais uma vez, uma comunidade muito aguerrida e cheia de vontade de buscar um novo título, contrariando todos os prognósticos. Se depender do desempenho dos componentes, a escola do Borel poderá sonhar na quarta-feira de cinzas. Um treino marcado pelo alto volume de canto e pela evolução impecável. Aliado a ótima atuação do carro de som, liderado por Ito Melodia, e pela cadência exemplar da bateria de mestre Casagrande, o tão criticado samba-enredo foi ainda mais impulsionado. Além disso, o casal de mestre-sala e porta-bandeira seguiu mostrando sua evolução, estando cada vez mais entrosados. A agremiação está com seus quesitos afinados e quer mostrar que pode voltar a ser o famoso rolo compressor.

“Todos nós, da diretoria da escola, tratamos o componente com muito respeito, com muito carinho, porque não há necessidade de brigar com ninguém para poder fazer a pessoa cantar. Muito pelo contrário, às vezes você até perde um componente. Quem já pegou a fantasia no barracão teve a oportunidade de ver o nosso carnaval pronto. Então, nós temos uma grande chance de ser campeões. Eu acho que o que depende de nós não pode faltar. Temos que ter mais vontade do que os outros”, disse o diretor de carnaval Marquinho Marino.

Com o enredo “O Conto de Fados”, de autoria do carnavalesco Alexandre Louzada, a escola do Borel fará uma viagem a Portugal para mostrar diversos aspectos da história do país através de fábulas, mistérios e lendas populares. A Tijuca será a quinta agremiação a desfilar na avenida no domingo de carnaval, dia 11 de fevereiro.

Comissão de frente

Os integrantes comandados por Sérgio Lobato trouxeram novamente a apresentação que encantou a todos no ensaio técnico. Carregando adereços coloridos, eles se juntavam para formar o Galo de Barcelos. O número foi marcado pela energia dos movimentos sincronizados e pela irreverência do grupo. Além disso, todos cantavam com força o samba da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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Driblando toda a dúvida que muitos tinham, Matheus e Lucinha mostraram que estão cada vez mais entrosados para o desfile oficial. O jovem mestre-sala exibiu um bailado confiante e cheio de energia. Já a experiente porta-bandeira dançou com toda sua segurança e qualidade técnica. A apresentação mesclou bem os passos mais tradicionais com alguns movimentos coreografados de acordo com a letra do samba. Chamou bastante a atenção o momento em que os dois dançaram o ‘vira’, no trecho “Amar o fado” da obra musical.

Samba-enredo

Se por um lado, o samba da Unidos da Tijuca não é considerado um dos melhores do Carnaval 2024, por algumas passagens mais simples em sua letra, por outro lado, a mesma obra mostrou um ótimo rendimento. Muito por conta da força da comunidade, que resolveu comprar a ideia e novamente cantou bastante. Mas também pela grande atuação de Ito Melodia aliada ao desempenho sempre seguro da bateria de mestre Casagrande.

“Essa evolução no samba foi enorme. Era um samba que era taxado como ruim. E eu acho que no domingo a gente provou que o samba funciona. Não é essa tragédia que todo mundo falava. Cada um teve seu pensamento, mas a gente provou lá domingo. Essa semana, vários compositores que perderam o samba me ligaram e falaram que o samba realmente funcionou, parabenizando a escolha da escola. Então, eu acho que o samba não tem que provar mais nada. Lógico, vai ter que funcionar também no dia do desfile”, disse o diretor de harmonia Fernando Costa.

Harmonia

O grande destaque da noite em mais um ensaio de rua. Todas as alas do cortejo tijucano cantaram o samba-enredo com muita força, sem deixar cair o nível até o final. Não se percebeu ninguém sem cantar, os componentes mostraram que estão com a letra na ponta da língua. Um excelente volume durante todo o samba, ainda mais impressionante no refrão principal, que marcou uma grande explosão. Destaque também para o desempenho do carro de som comandado pelo intérprete Ito Melodia, que atuou com sua potência e empolgação características.

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“Desde que a gente começou o ensaio de canto na quadra, a coisa foi evoluindo, é normal. Acho que hoje, no nosso último ensaio, a gente chegou quase no 100%. Assim como no dia do ensaio técnico também foi. Eu vim puxando a escola, não dá pra sentir muito, mas eu tenho o rádio. E foi tranquilo a nossa comunicação, não teve problema nenhum. E o principal são amigos que estão ali assistindo de vários lugares, amigos confiáveis que chegam para você e se tiver ruim vai falar. Mas todos eles falaram que foi muito bom”, falou Fernando Costa.

Evolução

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Outro ponto muito positivo do treino da agremiação. Os integrantes desfilaram em um ritmo muito adequado, sem qualquer tipo de atropelo ou lentidão. Nenhum buraco foi percebido entre as alas do cortejo. O que ficou marcado, mais uma vez, foi a animação e espontaneidade dos componentes. Todos mostraram muita alegria em cantar o samba e defender a escola. Algumas alas coreografadas deram um toque ainda mais especial.

Outros destaques

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A bateria de mestre Casagrande, como de costume, mostrou toda sua qualidade na sustentação do ritmo, além de bossas muito propícias e bem encaixadas, que impulsionaram ainda mais o rendimento do samba. A rainha Lexa mostrou muita animação ao interagir com o público e sambar ao lado de todas as musas quando se encontravam durante o ensaio.

Show de Verão da Mangueira em homenagem a Alcione dá prévia da emoção que a escola irá apresentar na Sapucaí

Criado há 26 anos, o Show de Verão da Mangueira chegou a sua 19ª edição. Foi em 1998 que a primeira edição foi realizada para angariar fundos para o carnaval que seria campeão daquele ano, cujo enredo era “Chico Buarque da Mangueira”, homenageando o cantor Chico Buarque. Este ano, a homenageada escola na Avenida, também foi a homenageada do show, Alcione, que cantou seus sucessos e os sucessos da Estação Primeira.

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Fotos: Guibsom Romão/CARNAVALESCO

De 1998 para cá, outras edições foram realizadas com a participação de diversos cantores, como o próprio Chico, Maria Bethânia, Gal Costa, Rosemary, Fafá de Belém e outros artistas, mas uma figura cativa do evento e uma das maiores mangueirenses do Brasil, cuja história se confunde com a da escola, sempre esteve presente no line up do show e esse ano, além de ser o tema do enredo do carnaval de 2024 da Mangueira, Alcione foi a grande homenageada do Show de Verão da Mangueira. O evento intitulado “Show De Verão Da Mangueira Celebra Alcione, Enredo Da Escola No Carnaval De 2024”, faz parte das inúmeras celebrações acerca dos 50 anos de carreira da Marrom.

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A carnavalesca da Mangueira e a única mulher a ocupar esse cargo no Grupo Especial este ano, Annik Salmon, que divide a concepção do desfile em homenagem a Marrom com o carnavalesco Guilherme Estevão, esteve presente no show e disse em entrevista ao site CARNAVALESCO, os seus sentimentos em estar a frente de uma grande homenagem a uma grande mulher mangueirense.

“É uma felicidade imensa. É um presente que eu só tenho que agradecer a Mangueira, agradecer a tudo, agradecer por estar na Mangueira neste momento. Em um momento que, 50 anos da Alcione, 50 anos da Alcione na Mangueira, e é um presente poder estar aqui agora fazendo esse enredo dessa mulher que tive o prazer, a felicidade de conhecer, conversar, entrar dentro da casa dela, conhecer a família e saber mais íntimo da vida dela. Não é saber só de pesquisas, a gente ver vídeos, é saber ouvindo mesmo dela. Então isso é incrível, foi ótimo, toda a pesquisa do enredo. E mais ainda, eu ser uma mulher, hoje a única, no carnaval do Grupo Especial, e poder estar falando dessa mulher tão importante para a gente, para a nossa cultura, para a nossa música, e principalmente para os crias ali da Mangueira, para essas crianças que hoje brilham”, conta Annik.

Neste ano, além da grande homenageada, que foi o fio condutor do set list do show, o evento teve a presença de outros artistas sambistas e, também, torcedores de escolas de samba, como afirmou o vice-presidente da Mangueira, teve portelense, salgueirense, imperiano e independente no palco para cantar a Mangueira. O vice-presidente da Mangueira, Moacyr Barreto, contou ao site CARNAVALESCO a emoção de estar na diretoria da escola em um enredo histórico e na realização de um show histórico.

“É muito bom a gente estar fazendo um enredo que é uma das mais justas homenagens, eu diria a mais justa homenagem que a Mangueira fez, a Mangueira já fez grandes enredos homenageando personalidades, personalidades vivas. A gente não está só homenageando a Alcione, a gente está homenageando a própria Mangueira, porque a gente está falando da gente também, a negra voz do amanhã é de todos esses meninos que foram da Mangueira do Amanhã e estão aqui, a Evelyn, Douglas, Digão, o Vitor Art, todos eles que vieram da Mangueira do Amanhã e são fruto desse trabalho que ela fez com a gente nesses 50 anos que ela está lá. Aliás, a gente fica muito feliz por ser mangueirense, por defender a cultura nacional, é muito importante porque a cultura é isso, é o nosso povo feliz, vocês viram aqui, tinha no palco salgueirense, Mocidade, tinha portelense e todo mundo cantando a Mangueira, cantando em homenagem a Alcione e em homenagem à Mangueira, é muito bom, porque o carnaval também nesse momento deixou de aquela coisa da briga, onde cada um estava querendo derrubar o outro, hoje a briga é naquela reta da avenida, antes e depois é todo mundo amigo, está todo mundo junto e isso fortaleceu muito nos 40 anos que a Liesa foi criada”, comenta Moacyr.

A velha-guarda da Verde e Rosa iniciou os trabalhos no Vivo Rio, cantando clássicos mangueirenses como “Jequitibá do Samba”. Em seguida, foi a vez de Dudu Nobre comandar o microfone do Show de Verão, iniciando sua participação com uma das suas composições mais conhecidas, “Água da minha sede”, Dudu recebeu o cantor Xande de Pilares no palco para prestarem uma homenagem ao puxador Quinho, falecido no dia 3 de janeiro deste ano. Os dois levantaram o público presente cantando o samba-enredo “Peguei um Ita no Norte”, imortalizado na voz de Quinho, no campeonato do Salgueiro, em 1993.

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Xande de Pilares, salgueirense, homenageou a Marrom cantando “Gostoso Veneno”, canção da cantora. Em um momento de emoção, o cantor confidenciou ao público que quando era mais novo, quase reprovou de ano na escola e, enquanto passava esse sufoco, entrou em uma loja de discos e viu um álbum recém lançado de Gonzaguinha que continha a música “O que é, O que é?”, que segundo ele o ajudou a passar de ano e foi inspiração desde a infância para que ele compusesse a canção “Tá escrito”, que levantou o Vivo Rio na voz de seu criador.

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Pretinho da Serrinha, que além de diretor musical do show, foi outro artista a se apresentar ao grande cortejo a Alcione. Pretinho, que é literalmente da Serrinha, comunidade da Zona Norte carioca, é conhecido por ser um fiel e grande torcedor do Império Serrano e revelou no palco que teve o aval da homenageada para ser o diretor musical do show, homenageada essa que, assim como ele, é uma fiel e grande torcedora, mas da Mangueira.
Pretinho cantou composições suas como “Reza” e “Felicidade” em homenagem ao povo de Mangueira, e homenageou Alcione cantando a clássica “Garoto Maroto”.

Logo após isso, foi a vez de Fernanda Abreu, que cantou sua música “Tambor” e saudou os mangueirenses presentes cantando “Lendas do Abaeté”, samba-enredo do desfile campeão da Verde e Rosa no carnaval de 1973.

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Se tratando de desfiles campeões da Mangueira, Chico Buarque também esteve no palco. Abrindo a sua participação com “Autonomia”, de Cartola, Chico homenageou outro mangueirense cantando “Folhas Secas”, de Nelson Cavaquinho, o filho fiel do enredo de 2012 da Verde e Rosa. Além de cantar a sua clássica “O meu guri”, Chico saiu do palco e foi até a coxia buscar a grande homenageada da noite, trazendo Alcione ‘como um gentleman’, assim como disse a cantora. Os dois causaram um frisson no público presente no Vivo Rio com um dueto da canção “Sob Medida”, de Chico Buarque.

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Trazida ao palco, a homenageada da noite e do carnaval da Mangueira, trajada de verde e rosa da cabeça aos pés, se sentou no centro do palco e começou a embalar a noite dos presentes ao cantar seus clássicos. “A Loba” foi a primeira canção a ser cantada por Alcione, para mostrar a força da mulher mangueirense. Em seguida, Fernanda Abreu retorna ao palco e divide os microfones com a Marrom cantando “Surdo”.

O público vai à loucura no refrão da clássica “Você me vira a cabeça”. A seguir, Alcione, relembrando a sua ancestralidade e sua raiz maranhense, recebe Xande de Pilares no palco e cantam “Cajueiro Velho”, lançada por ela em 1976.

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Com a bateria da Mangueira ao fundo e o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mangueira do Amanhã, escola de samba mirim, Alcione cantou o clássico que lhe lançou no mundo da música, “Não deixe o samba morrer”. A presença das crianças no palco era a personificação da mensagem desta canção e a certeza de que, assim como o samba-enredo da Mangueira deste ano diz, “aqui o samba não morrerá jamais”.

Bateria no palco, ok? Os outros segmentos vieram atrás. Na presença do 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Cintya Santos, os intérpretes Marquinhos Art’Samba e Dowglas Diniz e a rainha da bateria, Evelyn Bastos, “Exaltação à Mangueira” foi canção da vez, a euforia foi tanta, que o público presente ficou em pé, a constatação nítida de que, tal como a exaltação canta, a Mangueira chegou!

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O primeiro samba-enredo puxado pela participação da escola no show foi o de 2024, “A negra voz do amanhã” foi entoado pelo Vivo Rio com a negra voz, Alcione, no centro do palco festejando com a escola e os outros artistas presentes.

Alcione encerrou a sua participação e o show ficou por conta da Verde e Rosa. Os segmentos cantaram e encantaram os presentes com os bem sucedidos sambas-enredos mais recentes da agremiação, como “As Áfricas que a Bahia canta”, de 2023, “A menina dos olhos de Oyá”, do título de 2016 e encerrando o Show de Verão da Mangueira de 2024 com “Histórias para ninar gente grande”, do também campeonato da Verde e Rosa em 2019.

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Após as cortinas se fecharem, a bateria desceu do palco e puxou um cortejo até o hall de entrada do Vivo Rio tocando sambas-enredos antigos da agremiação, apenas tocando, os intérpretes era o próprio público que cantava em plenos pulmões os clássicos “Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm”, samba- enredo do carnaval campeão de 1986 e “Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”, de 1994.

Série Barracões SP: ‘Embriagada de carnaval’, Mocidade Alegre exalta vários brasis na figura de Mário de Andrade

A atual campeã do carnaval paulistano, Mocidade Alegre, depois de 16 anos, voltará a cantar São Paulo. Mas desta vez de uma forma diferente. A ligação do poeta Mário de Andrade com a cidade é grande. Entretanto, para o próximo desfile, o escritor irá fazer uma viagem pelo Brasil inteiro, contar suas andanças, vivências, experiências, até chegar ao interior paulista, Pirapora de Bom Jesus, onde neste local exaltará o samba paulistano. É um tema que faz a Morada do Samba mudar os continentes asiático e africano, com o samurai campeão ‘Yasuke’ até chegar ao nosso país. A Mocidade é a escola a ser batida. A maioria das atenções estão voltadas para ela no sábado de carnaval. O ano de 2023 foi para lavar a alma dos componentes e torcedores, pois deixaram de bater na trave e finalmente saíram do incômodo jejum de oito anos. A reportagem do site CARNAVALESCO visitou o barracão da escola e conversou com o carnavalesco Jorge Silveira, responsável pelo enredo e desfile da agremiação em 2024.

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Explicação do enredo

Como dito anteriormente, Mário de Andrade é muito ligado à São Paulo, mas Jorge Silveira diz que o tema da Mocidade Alegre não é uma homenagem a ele, tampouco à cidade. O poeta irá fazer uma viagem pelo Brasil, bem como diz seu título. “O enredo da Mocidade Alegre, chama-se ‘Brasileia Desvairada: A Busca de Mário de Andrade Por um País’. Ele nasce de uma conversa entre eu e o Leonardo Antan, que é pesquisador, meu parceiro na concepção da narrativa desse enredo. Ambos somos apaixonados por brasilidade, por poder falar do Brasil e no ano passado a gente fez uma viagem longa. A gente foi para a África, passou pelo Japão, até voltar para São Paulo. A gente sentiu uma necessidade de reconectar a nossa linguagem até a linguagem da Mocidade Alegre e a brasilidade. Esse ano é muito simbólico, porque São Paulo completa 470 anos e nós acabamos chegando a uma viagem que o poeta Mário de Andrade fez no ano de 1924, exatamente 100 anos atrás. Com isso a gente entra na avenida comemorando esse momento desse arco de viagem que o Mário fez pelo país, o nosso enredo basicamente é uma contemplação dessa viagem que o poeta fez pelo Brasil profundo. A gente vai abrir o caderno de viagem das anotações do poeta Mário de Andrade e vamos traduzir em carnaval as percepções que ele teve sobre os diferentes brasis que ele conheceu quando ele fez essa viagem. Nada mais é do que um grande documentário de brasilidade sob o olhar do Mário de Andrade, que é um dos mais importantes poetas do Brasil e com certeza o poeta que melhor define a Paulicéia e que melhor representa o que significa ser paulistano”, explicou.

Surgimento da ‘Brasiléia’

Silveira fala que tal tema foi a quarta opção apresentada para a diretoria, sendo que outras histórias apresentadas para a diretoria foram rejeitadas. “No primeiro momento, a gente tinha apresentado três propostas, que não foram aceitas. A gente voltou para casa e a quarta proposta veio a ser essa do nosso enredo. Foi aclamada logo de cara, especialmente pelo sentido de ser um enredo que tem uma preocupação de resgatar um sentido dos enredos históricos. Um tema de um arco de história mais amplo, de trazer para temática do carnaval de São Paulo uma narrativa que se preocupa em contemplar brasilidade passando por vários capítulos dessa história”, disse.

Grande admiração por Mário

O artista cita o poeta como grande inspiração para os brasileiros, visto que o reconhecimento de coisas vivas no nosso cotidiano encantou o escritor. Ainda cita a descoberta de Aleijadinho, um dos consagrados escultores que está na história do Brasil e é estudado até hoje, mas que, só foi ser enaltecido e pesquisado a fundo nesta viagem de Mário de Andrade.

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“O que mais me fascina nesse trabalho é que o olhar do Mário é o olhar para o simples. Nós vamos traduzir na avenida as percepções que ele teve sobre aquilo que nos representa mais intimamente como brasileiros. A partir disso, vamos falar das manifestações folclóricas, de como a cultura, a música, a riqueza artesanal do Brasil encantou o olhar do Mário de Andrade. Então a gente vai poder falar de simplicidade com grandeza através do carnaval da Mocidade. Me fascina muito o encantamento do Mário de Andrade pelo Brasil. O nosso grande desafio é traduzir em carnaval, o amor e o coração apaixonado do Mário de Andrade por tudo que ele viu nessa viagem. Mário de Andrade era um homem antes dessa viagem e se transformou em outro depois dela. Isso interfere na obra dele, na poética, nas coisas que ele escreve e documenta nessa viagem de diferentes camadas do Brasil profundo que eram escondidas. Ele traz para o nosso olhar e conhecimento vários símbolos que hoje são importantes da nossa cultura e até então eram desconhecidos antes dessa viagem. Como por exemplo, o escultor Aleijadinho. Hoje todos nós consideramos Aleijadinho um grande nome da arquitetura e da escultura colonial brasileira, mas ele era completamente desconhecido para o Brasil inteiro até Mário de Andrade chegar em Minas Gerais e perceber a grandeza dele e resgatar o barroco brasileiro através de documentos, de escritos e fotografias”, contou.

Reconexão do Brasil com seu povo

Como se trata de um enredo que se passa por várias cidades, logo se assemelha a possível enredo CEP, visto que a demanda no carnaval por esses temas nos últimos anos é corriqueira. Entretanto, Jorge negou esse tipo de estereótipo e exaltou a brasilidade que o tema impõe. “Não seria nenhuma desonra se fosse CEP. Eu acho que o que a gente está falando é essencialmente e eu bato muito nessa tecla, estamos falando de Brasil. A gente passou por um momento recente na história política do nosso país de muita separação e a gente vive até hoje as consequências e as sequelas das rivalidades políticas daquela época. Esse enredo dá um passo atrás e nos reconecta enquanto brasileiros. É um tema que propõe a população paulistana para dar um tempo e observar quais são as coisas que nos unem mais do que as coisas que nos separam e as coisas que nos unem estão ligadas à nossa matriz cultural, estão ligadas a nossa ancestralidade aquilo que nos conecta é a nossa memória afetiva. Quando a gente resgata a nossa cultura, nossos valores, os nossos folguedos, o nosso folclore, estamos falando daquilo que é essencial da alma do brasileiro. Foi aquilo que nos trouxe até aqui enquanto nação. Então é um enredo de louvor a brasilidade para nos reconectar com nós mesmos”, declarou.

‘Batizado no samba de Pirapora’

Sempre quando se pensa na Mocidade Alegre na avenida, a imagem é de tudo praticamente impecável. Realmente, de fato, é uma das escolas que as co-irmãs aguardam para ver qual nível estará a disputa, pois a ‘Morada’ frequentemente volta nos desfile das campeãs.

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“Logo de cara, a gente tem um compromisso de fazer um carnaval com a responsabilidade de defender um título. Não é brincadeira e temos um carnaval de São Paulo cada vez mais nivelado, onde todas as escolas têm grande condição de poder fazer grandes espetáculos. Então eu já parto do princípio que eu sei que eu preciso apresentar muito mais do que eu apresentei no ano passado. O ‘Yasuke’ foi maravilhoso, mas ele serve hoje para colocar uma linda estrela no pavilhão. Agora, eu preciso focar para frente. Eu projeto esse carnaval para que a gente possa materializar ao longo das nossas alegorias os capítulos fundamentais da viagem do Mario. Vamos abrir o nosso desfile do ponto de partida da viagem, que é o local onde o Mário foi formatado como artista, que é a cidade de São Paulo. Saio dessa viagem partindo da Paulicéia Desvairada. No segundo momento a gente vai passear pela riqueza histórica de Minas Gerais. E aí a gente vai mostrar o encontro do Mário com a obra do Aleijadinho com a riqueza cultural das ruas de Minas Gerais de Ouro Preto Mariana Tiradentes, tudo que acontecia naquele ambiente cultural. Em um outro momento, a gente vai subir o Rio Amazonas e mostrar o momento em que ele conviveu com os povos ribeirinhos, teve contato com a cultura dos povos originários, descobriu a grandeza da floresta da Amazônia e num outro momento, a gente vai mostrar um Mário apaixonado pela riqueza do folclore e da gente brasileira. Vamos mergulhar no Nordeste de cabeça, onde o Mário de Andrade festejou o carnaval de Recife de Olinda, tomou porre, andou pelas ruas e viveu em essência os folguedos do Nordeste. A gente termina a nossa viagem quando o Mário retorna para casa, volta para São Paulo, mas aí ele já não volta para São Paulo capital, ele vai para o interior para iniciar um processo de pesquisa em Pirapora de Bom Jesus, onde nasce a essência do samba paulistano, onde ele vai escrever uma série de documentos que relatam e pesquisa a origem verdadeira do samba de São Paulo que tem sua característica própria nos cafezais vindos do interior paulista”, afirmou.

Não há pressão

Realmente o casamento deu certo. Apesar de bater várias vezes na trave, a agremiação não ganhava o carnaval desde 2014. O carnavalesco Jorge Silveira, ganhou seu primeiro título na carreira, somando São Paulo e Rio de Janeira. Agora, inevitavelmente a escola do bairro do Limão está para ser batida em 2024. Porém, de acordo com o profissional, não existe nenhuma pressão quanto a isso dentro da escola.

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“A Mocidade é uma escola muito competente e experiente em administrar esse tipo de cenário. Ela já foi em algumas situações tricampeã mais de uma vez, mas isso não significa que a gente relaxa. Pelo contrário, a gente sabe que tem um compromisso muito grande de entregar mais. Eu tento deixar todo esse tipo de pressão do portão para fora. Eu procuro me preocupar em fazer um grande projeto com a grande qualidade que eu sei que os profissionais da casa conseguem entregar. O meu objetivo é oferecer a São Paulo até em agradecimento ao que a cidade me ofereceu como resultado, um carnaval ainda melhor e ainda maior para contribuir com a grandeza do carnaval paulistano. Eu não me preocupo com pressão e responsabilidade. Eu sei que a gente vai fazer um grande trabalho. O resultado é consequência, qualquer uma delas pode ganhar e eu também quero”, disse.

Confiança no projeto

Por falar no último título, Jorge diz que o combustível e o ânimo renovado pela taça é o grande trunfo da Morada para o próximo desfile. “O que eu sinto como grande trunfo é uma Mocidade que entra na avenida esse ano com uma alegria muito renovada. Esse aspecto que você citou nesse período muito longo de jejum, a escola batia na trave muitas vezes. A comunidade não esmoreceu esses anos todos, ela continua valente, guerreira e sempre tentando. Isso é uma característica muito forte da escola e da presidente Solange. Ela carrega consigo essa simbologia de luta pelo objetivo. Eu acho que a gente entra na avenida incluído desse sentimento, mas com alegria e uma convicção muito grande de um sentimento renovado. A vitória trouxe para a escola uma renovação de sentimento. A gente se reconectou com essa alegria de ganhar carnaval. Então acho que a gente entra mais leve e mais disposto a brincar mais ainda do nosso do nosso carnaval sem abrir mão da responsabilidade da disputa”, finalizou.

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Com o enredo “Brasiléia Desvairada: A Busca de Mário de Andrade Por um País”, a Mocidade será a terceira a entrar no Anhembi no sábado de carnaval.

Conheça o desfile

Setor 1
“Abertura é a Paulicéia Desvairada, que é o primeiro momento”

Setor 2
“O segundo momento é Minas Gerais”

Setor 3
“O terceiro momento é o Rio Amazonas”

Setor 4
“O quarto momento é o Nordeste”

Setor 5
“E o quinto momento é Bom Jesus de Piarapora”

Ficha técnica
4 alegorias
3 tripés
2.500 componentes
Diretor de barracão – mestre Sombra
Diretor de ateliê – Fabson Rodrigues

Série Barracões: Beija-Flor prepara desfile do jeito que o nilopolitano gosta: estética com muito volume e grandiosidade na estreia de João Vitor

Após apostar em enredos que se direcionaram para um discurso mais politizado nos últimos anos, a Beija-Flor resolveu realizar uma mudança de rota na temática e também no comando da produção visual. Após dobradinha com Rosa Magalhães no Paraíso do Tuiuti em 2023, João Vitor Araújo chega à Deusa da Passarela, para o que pode ser o seu maior desafio na carreira até o momento pelo menos. Dona de 14 carnavais campeões, a Azul e Branca de Nilópolis, maior vencedora da Era do Sambódromo, não ganha desde 2018. Neste século, já é o maior jejum da escola. O que sempre permeia o pensamento do torcedor Nilopolitano é a lembrança de uma Beija-Flor imponente, luxuosa, grandiosa, uma agremiação que atingiu o ápice destas características talvez no bicampeonato de 2007 e 2008, com “Áfricas” e “Macapaba”, mas que se fez presente também em outros títulos deste século, como no tricampeonato de 2003, 2004 e 2005, além do desfile de 2015 sobre a Guiné Equatorial. Por isso, mais do que o título, o torcedor da Beija-Flor almeja um reencontro com uma estética suntuosa e garbosa, com muito volume e grandiosidade, mas com eficaz atenção também para o acabamento. O que se pode ver até aqui do barracão da Deusa da Passarela parece ir ao encontro com o que deseja a comunidade. João Vitor, que em seus trabalhos apresentou um estilo muito similar com estas características da Beija-Flor vitoriosa, tem trabalhado incansavelmente para corresponder aos anseios do povo nilopolitano.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Foi tudo pensado com muito carinho, com muito amor. Obviamente a gente não consegue agradar a todo mundo. Isso faz parte, mas eu acho que a comunidade vai gostar muito do que a Beija-Flor vai mostrar na Avenida. Ainda estamos finalizando algumas coisas, dando aquele cuidado, tem muita coisa empoeirada porque já está pronta há muito tempo, estão cobertas, isso faz parte. O barracão está apertado, muito apertado, porque os carros estão ocupando muito espaço”, revela um bastante empolgado João Vitor.

Com a produção a todo vapor e a escola terminando os últimos detalhes, o carnavalesco explica que neste momento a equipe de barracão caminha para os últimos retoques, tem muita coisa já pronta há um bom tempo que por conta das tarefas que são realizadas em outros carros, acaba se sujando um pouco o que já está pronto. Mas, o profissional promete que tudo estará maravilhoso quando for entrar na Avenida.

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“Às vezes a gente está trabalhando em outra coisa e esbarra em uma barra de ferro, ou uma chapa de madeira, que danifica alguns materiais, mas isso é normal, tem coisa que pegou um pouco de poeira mas são retoques que para quem não entende, não conhece barracão, a gente não pode ficar retocando isso a toda hora, porque senão a gente fica fazendo só isso todo dia. O que a gente faz? Quando chega na semana do desfile, a gente deixa para passar aquele pente fino, e aproveita para fazer isso, dar esses retoques só uma vez. Porque senão o profissional fica parando o que ele tem para fazer de fato, e fica passando massa aqui o tempo todo. Porque enquanto tiver dentro do barracão a alegoria, é isso que vai acontecer, é um fluxo muito grande de gente carregando peças, madeira, fantasias, esculturas, carregando isso, carregando aquilo, então acaba danificando, arranhando ou amassando. Esse é o quotidiano de um barracão de escola de samba, mas estou cuidando para que tudo fique pronto até o dia do desfile”, promete o carnavalesco que não esconde o entusiasmo com o que está produzindo para a Beija-Flor.

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Como citado na abertura, a comunidade de Nilópolis tem por este desfile de 2024, a expectativa de assistir e participar de um carnaval que consiga atingir o nível plástico de imponência que há alguns anos a escola não tem conseguido. Só para ilustrar esta premissa, a escola não gabaritou o quesito Alegorias e Adereços nos últimos cinco carnavais, algo impensável para a Soberana em outros tempos. Ciente de tudo isso, João Vitor procura não levar essa pressão para o barracão e se concentra em fazer aquilo que acredita que é peculiar ao seu estilo e que é inerente ao estilo da Azul e Branca nilopolitana.

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“Eu não posso gerenciar a expectativas das pessoas. Eu não posso, porque senão eu não trabalho, senão eu não consigo seguir. Se você for parar para pensar isso, você não produz. Você tem que ir naquilo que você acredita, mas respeitando a característica da escola, o que aquela comunidade gosta. Tudo está sendo produzido com tanto carinho, com tanto amor, com tanto zelo , o cuidado com o barracão, dando acabamento, pois gosto muito de cuidar dessa parte, dos detalhes, das finalizações, pode neste momento até ter alguma coisa soltando, se desprendendo, mas estou cuidando para que as coisas voltem para o seu devido lugar até o dia do desfile. É isso que eu quero que a comunidade se enxergue neste trabalho, que ela fica impressionada, como alguns que eu já recebi aqui no barracão, infelizmente eu não posso receber todos, mas os que recebi ficaram felizes, satisfeitos com o que está sendo produzido”, conta o artista.

Enredo cultural e que inspira até história cinematográfica

A aposta deste ano da Beija-Flor é um enredo que fala sobre as nobrezas de Maceió, de Nilópolis e da Etiópia. Um encontro mágico de personagens reais, mas que nunca se viram, guiados pela luz dos encantados e da ancestralidade, com as cores, os ritmos e os pisados dos folguedos das Alagoas. E nesta história, um personagem se destaca: Rás Gonguila. Nascido em Maceió, no ano de 1905, e chamado Benedito de berço, menino no início do século passado, Rás cresceu ouvindo histórias encantadas de antepassados que eram reis e rainhas em um país africano, a distante Etiópia, e que desfilavam sua realeza lá pelos altos da Serra da Barriga. Entre sua herança africana que ele foi descobrindo ao longo do tempo, juntando com seus devaneios até se tornar o rei do carnaval de Maceió, a Beija-Flor vai trazer de forma lúdica toda essa narrativa e difundir um importante personagem da cultura maceionse. No pré-carnaval houve algumas insinuações e críticas ao enredo que não mexeram nem um pouco com a escola que confia na escolha realizada para este ano.

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“Há quem duvide da existência do Rás Gonguila. Outro dia tivemos que ouvir que achamos um enredo no lixo. É um cara que tem uma história linda que está virando filme. Estou contando para vocês, vem um filme aí e o Rás Gonguila será o protagonista. Isso não é a partir da Beija-Flor não, é a partir de uma outra fonte de pesquisa, que descobriu que a Beija-Flor de Nilópolis está com esse enredo e procurou a gente para poder participar, para saber como está sendo, nada mais, nada menos que a obra está sendo produzida pelo Cacá Diegues, que é maceioense, e ficou muito impressionado quando soube que a Beija-Flor falaria de Maceió através da figura de Rás Gonguila”, revela o artista da Beija-Flor.

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Rás Gonguila estará presente no próximo filme de Cacá, de nome “Deus Ainda É Brasileiro”, com previsão de lançamento no primeiro semestre deste ano. O cineasta aceitou um convite do carnavalesco João Vitor Araújo e vai desfilar pela Beija-Flor.

Nesta busca por maior entendimento da história, o carnavalesco João Vitor foi até Maceió para conhecer um pouco mais do homenageado e para se relacionar a fundo com os lugares por onde passou e com a cultura riquíssima da cidade que também é protagonista do enredo. Neste processo que se iniciou em maior quando o enredo foi divulgado, integrantes importantes da escola também estiveram pela capital do estado de Alagoas para gerar esta interação. Dentre eles, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso, a rainha Lorena Raissa, a bateria de mestre Rodney e mestre Plínio, e o diretor de carnaval Dudu Azevedo. A partir das trocas que realizou e do conhecimento que absorveu nesta visita, o carnavalesco Joao Vitor entendeu que a linha conceitual do enredo deveria partir mesmo pelo delírio carnavalesco.

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“O que achei mais interessante foi esse delírio, porque é muito doido, parecia uma história da carochinha contada na mesa de bar. E não era, era real. Eu precisei ir até Maceió para descobrir como de fato isso aconteceu.Ele é o rei dos carnavais de Maceió. A gente cria algumas coisas, interliga histórias, fazer carnaval é uma invenção, é uma maluquice, se você quer figurino teatral você vai para o teatro, se você quer figurino de TV, você vai para TV. Se você quer carnaval, você tem que carnavalizar. Carnavalizar é uma maluquice. Mas é aquela maluquice gostosa, todo mundo gosta, todo mundo briga, discute, o pau quebra, a porrada estanca na internet, mas depois está todo mundo junto dizendo que está morrendo de saudades do carnaval. É essa loucura gostosa, fantasiar, carnavalizar, imaginar, delirar como a gente está fazendo com esse enredo”, define João.

Desfile de 2024 foi pensado para o nilopolitano, ‘carnaval com cara de carnaval’

Completando 10 anos desde que assinou seu primeiro carnaval em 2014 pela Viradouro, quando conquistou o título da antiga Série A e trouxe a escola de volta ao Especial, João Vitor chega na Beija-Flor mais maduro com três carnavais produzidos no grupo de elite do carnaval carioca, dois pelo Tuiuti e um pela Viradouro, além disso, tem um vice-campeonato do Grupo de Acesso pela Unidos de Padre Miguel. Na carreira ainda acumula trabalhos como assistente de carnavalescos nos barracões de escolas como Portela e Mangueira. E também assinou desfiles na Rocinha e no Cubango, esta última com um rebaixamento completamente injusto que beirou a uma aberração em termos de resultado. Sem dúvidas, assinar o desfile da Deusa da Passarela em um momento de seca de títulos é uma grande responsabilidade, mas também uma grande oportunidade. E, sem dúvida, o caminho para acertar é entender e produzir aquilo que a nação nilopolitana deseja.

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“Pensei muito nesse desfile para aquilo que o nilopolitano deseja, almeja como carnaval, pois ele me abraçou e por isso eu tenho que abraçar de todas as formas essa comunidade. Quando eu falo que eu não posso gerenciar ansiedade dos outros é porque senão a gente não trabalha. Mas estou ali sempre tentando fazer de tudo para que eles se sintam acolhidos, para que eles se sintam representados. Esse meu trabalho é por Nilópolis. Eu adoro o visual mais requintado e luxuoso que virou uma marca da Beija-Flor. Gosto da grandiosidade, da beleza, assim como a escola. Então, o torcedor pode esperar isso novamente: Carnaval com cara de Carnaval! Nada contra aos outros estilos e as demais características, mas vou fazer aquilo que eu gosto de ver e o que o público gosta também. Então, aguardem uma Beija-Flor lindíssima”, prometeu o carnavalesco.

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O trabalho em grandes escolas tem o ônus e o bônus. João Vitor já sentiu na pele isso em outros trabalhos no Grupo Especial. Mas, na Beija-Flor tudo fica maior. Então uma frestinha do barracão que mostra um pedaço de carro ainda não terminado ou sem mostrar o contexto todo pode ser uma ferramenta para intenções de pessoas maldosas. Por isso, o carnavalesco pede paciência para a comunidade e torcida da Beija-Flor, confiando em seu barracão, nas suas ideias e enfatizando que o carnaval só acontece mesmo na MarquÊs de Sapucaí.

“A gente mostra as vezes um pedaço da alegoria e algumas pessoas falam ‘ah, não está bom não ‘. Mas vamos combinar, o carnaval se faz no todo, é no conjunto, uma alegoria não fica pronta dentro do barracão. Uma alegoria precisa de iluminação, dos componentes, dos destaques. Então aquela foto da fresta não quer dizer muita coisa, vamos esperar que o carnaval é na Avenida. Eu mesmo, na época que só era um espectador, nem sonhava em ser carnavalesco, cansei de ver barracão que a gente não achava nada de mais, na Avenida me surpreender. Carnaval é mágico, é algo fantástico que nem a ciência explica o que acontece dentro de uma escola de samba”, entende João.

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Inovação que segue gerando polêmica entre o mundo do samba, a luz cênica da Sapucaí, já teve um momento de muito brilho na Beija-Flor na apresentação da comissão de frente de 2023 desenvolvida por Jorge Teixeira e Saulo Finelon, coreógrafos que seguem para 2024. Agora o controle da iluminação da pista vai estar com as escolas e ao ser perguntando sobre o uso do artifício para as alegorias, João Vitor não foge da raia e promete grandes novidades através de um uso responsável.

“As alegorias vão dialogar com a luz cênica, com certeza, sem medo de responder, a gente precisa abraçar a ideia, de acordo com contexto, e estamos fazendo isso de forma muito bem pensada. Mas este desfile também terá o enfoque para uma parte mais artesanal e cultural da região que está presente nos carnavais de Maceió. Eu adoro artesanato, tive esse contato quando fui a Maceió fazer a pesquisa, trouxe muita coisa de lá para poder trabalhar alegoria e vocês poderão ver que eu reproduzi isso em alegorias”, esclarece o artista.

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Sempre falando com carinho deste trabalho e mostrando muito entusiasmo com este desfile, com os olhos brilhando, olhando para o imponente barracão da Beija-Flor, que já não cabe mais muita coisa diante da grandeza dos carros que a escola levará para a Sapucaí, João Vitor confessa que esse ano não conseguiu ter uma alegoria como xodó, aquela preferida, a cada dia se enamora por uma.

“Pela primeira vez eu não tenho, porque cada dia eu me apaixono por uma diferente. Em outros carnavais que eu produzi, eu sempre tinha uma, mas esse ano realmente não tenho, um dia eu gosto mais de uma, outro dia gosto mais de outra, quando acende, quando coloca um efeito desejado, eu corro para lá, corro para a que está em destaque”.

Ensinamentos de Rosa colaboram para uma nova versão do carnavalesco

A segunda passagem de João Vitor Araújo pelo Paraíso do Tuiuti em 2023 lhe rendeu a oportunidade de trabalhar com uma das grandes artistas do carnaval carioca e uma figura que o carnavalesco admira: Rosa Magalhães. Após ser rebaixado de forma muito injusta com o Cubango na Série Ouro de 2022, o profissional teve a oportunidade de conviver com a professora, assinou seu terceiro desfile no Grupo Especial. João também viu o Tuiuti, com um carnaval desenvolvido pela parceria com Rosa, surpreender a todos com uma parte plástica exuberante, com segurança nos quesitos, após em diversos momentos do pré-carnaval passado ser colocado como candidato a rebaixamento. A Azul e Amarela de São Cristóvão não chegou nem perto de brigar lá em baixo. João conta que muita coisa do artista que fará este ano o carnaval da Beija-Flor veio também a partir desta parceria e do aprendizado adquirido no convívio com a experiente carnavalesca.

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“É uma referência para todos os carnavalescos. Há quem diga que essa história do Gonguila, esse delírio de carnaval para Maceió está parecendo algo que eu puxei da Rosa. Acho que boas referências, a gente sempre tem que ter. É muito bom quando você está lá na frente fazendo o seu carnaval sozinho e você tem uma referência como a Rosa, uma referência de alguém que trabalhou com o Joãozinho Trinta, ela mesmo fala de muitas coisas que tirou do João, isso é maravilhoso. Acho que esse novo João Vitor, após essa dobradinha com a Rosa, tem um pouquinho dela também neste novo trabalho”, confessa o profissional.

E a partir desta perspectiva, João Vitor espera que o trabalho realizado no barracão da Beija-Flor possa impulsionar o componente quando ele se deparar na pista com o todo da parte plástica da Deusa da Passarela desenvolvido pelo carnavalesco e que neste momento a escola possa estar ainda mais motivada para um grande desfile e para conquistar as notas 10 nos quesitos de chão.

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“A comunidade está muito animada. Eu digo uma coisa para vocês, nós começamos a distribuição das fantasias, agora no final de janeiro e as pessoas estão felizes, impressionadas. Como o nilopolitano está feliz com a fantasia. E assim eu espero com as alegorias, com o desfile. Estive nos últimos ensaios, tem sido incrível, eles estão mesmo felizes com as fantasias que estão recebendo e acho que essas alegorias montadas, acesas, com pessoas vai ser a injeção de ânimo que está faltando para que a escola exploda no melhor sentido na Avenida”, finaliza o artista.

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Com o enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, a Beija-Flor, segunda escola a desfilar na primeira noite de apresentações do Grupo Especial, vai levar para a Sapucaí 32 alas e seis alegorias.

Quartos confortáveis e lazer com locais próximos à região; Conheça mais sobre o Ibis Styles Anhembi

O Ibis Styles Anhembi, que fica praticamente de frente para a rodoviária, é um grande aliado dos hóspedes que por lá vão ficar. Isso irá facilitar bastante a vida dos foliões que estarão em São Paulo para ir ao carnaval. A região dá fácil acesso para o centro, shoppings e também tem lazer dentro de seu próprio espaço, como restaurantes de outras empresas e fast foods. A gerente de contas, Aline Santos, contou ao CARNAVALESCO as opções que o local oferece.

“Aqui na região da Zona Norte a gente tem alguns centros de eventos, estamos próximos ao Anhembi, mas também estamos próximo à Rodoviária Tietê. Ao lado, aqui dentro do hotel, a gente consegue ter uma passarela, uma porta adicional onde as pessoas podem ir para o centro de conveniências. Tem restaurante, fast food, serviços de Espaço Laser e de saúde. Também estamos muito próximos do Shopping Center Norte, que é um dos maiores da América Latina. Então a pessoa consegue ter várias facilidades aqui na região”, disse.

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De acordo com a funcionária, os apartamentos do hotel esbanjam conforto, além de serviço de passadoria. Quem quiser ajustar a sua roupa ou fantasia para desfilar, poderá fazer. “Os nossos apartamentos possuem cama casal dock station. A gente tem os banheiros dentro dos apartamentos também e serviço de passadoria gratuito. Quem vai vir para passar as fantasias ou que precisa dar uma ‘desamarrotadinha’ nas roupas, a gente tem um espaço especial”, contou.

Conheça os módulos de avaliação dos jurados do Grupo Especial do Rio no Carnaval 2024

Os 36 julgadores responsáveis por avaliar as escolas de samba do Grupo Especial já sabem em que módulos ficarão no Rio Carnaval 2024. As posições foram sorteadas na noite dessa quarta-feira, durante encontro com os dirigentes e representantes das 12 agremiações.

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Foto: Aka Vitão/Rio Carnaval

Assim como no último ano, os módulos 1 e 2 ficarão entre os setores 3 e 3 A/B da Sapucaí, em cabine dupla, com o módulo 3 no setor 6 e o módulo 4 no setor 10.

Confira os módulos de cada jurado:

Alegorias e Adereços
1- Fernando Lima
2- Walber Freitas
3- Madson Oliveira
4- Soter Bentes

Bateria
1- Rafael Castro
2- Mila Schiavo
3- Philipe Galdino
4- Ary Jayme Cohen

Comissão de frente
1- Paola Novaes
2- Raphael David
3- Rafaela Riveiro Ribeiro
4- Raffael Araújo

Enredo
1- Johnny Soares
2- Carolina Thomaz
3- Artur Nunes Gomes
4- Marcelo Filgueira

Evolução
1- Verônica Torres
2- Mateus Dutra
3- Lucila de Beaurepaire
4- Gerson Oliver

Fantasias
1- Regina Oliva
2- Sérgio Henrique
3- Wagner Louza
4- Paulo Paradela

Harmonia
1- Rodrigo Lima
2- Jardel Maia
3- Bruno Marques
4- Júlia Félix

Mestre-Sala e Porta-Bandeira
1- Fernando Bersot
2- Paulo Rodrigues
3- João Wlamir
4- Mônica Barbosa

Samba-enredo
1- Alfredo Del-Penho
2- Cyro Delvizio
3- Alessandro Ventura
4- Alice Serrano

Série documental ‘Enredos da Liberdade – O Grito do Samba Pela Democracia’ estreia no Globoplay

Martinho da Vila, Flávia Oliveira, Neguinho da Beija-Flor, Pinah, Rosa Magalhães, Haroldo da Costa, Leci Brandão, Muniz Sodré e Milton Cunha. Esses são apenas alguns dos nomes de peso que compõem a série documental, Original Globoplay, que estreia nesta quinta-feira,  na plataforma de streaming da Globo. Em cinco episódios, disponíveis para maratonar, ‘Enredos da Liberdade – O Grito do Samba Pela Democracia’ aborda, com muita música, pesquisa e poesia, o processo de criação dos sambas-enredo que surgiram nos anos 80, em meio ao contexto de ruptura com o regime militar, que já perdurava por 20 anos no Brasil.

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Foto: Divulgação/Globo

A série mostra que o samba, apesar de ter sido vigiado durante os anos de chumbo, consegue eclodir no período da redemocratização, fruto da efervescência de crítica social e do avanço dos debates da luta negra no Brasil e no mundo. Os sambas-enredo, nesse sentido, se afirmaram como uma manifestação cultural que faz desfilar a ideia de uma nova sociedade, reorganizada pela dramaturgia carnavalesca, como afirma o diretor da série, Luis Carlos de Alencar.

“As escolas de samba, a partir dos anos 80, também traduziram, elaboraram e formularam suas críticas sociais e seus próprios projetos de sociedade. Seja algo conjuntural – enredos que falam da censura, da inflação, do FMI, do arrocho salarial -, seja em uma dimensão mais histórica e estrutural – que vai falar do negro na sociedade brasileira, denunciar as agruras da escravatura e do pós-abolição, e também anunciar possibilidades de futuros, lugares que não existem senão como desejo de bem viver e justiça”, declara.

A produção contou com mais de 30 profissionais envolvidos e se desdobrou em 45 dias de filmagens. Cerca de 12 Escolas de Samba foram entrevistadas, totalizando 55 nomes consagrados do Carnaval Carioca, entre eles compositores, intérpretes, passistas, mestres de bateria, carnavalescos, presidentes de agremiações e Velhas Guardas. Somaram-se ainda 31 entrevistados que são especialistas nesta grande festa, na história brasileira da luta pela democracia e na história da resistência negra no país.

Além do uso de imagens raras do acervo da Globo, outro destaque é a trilha sonora, desenvolvida a partir da diversidade musical dos sambas-enredo, sob a batuta do diretor musical Rafael Mike e seus músicos. Todos os episódios terminam com um número musical de um samba memorável regravado, para o qual foram convidados cantores de grande relevância da música popular brasileira, a exemplo de Teresa Cristina, Mart’nália, além de intérpretes reconhecidos e também de novatos no mundo das Escolas de Samba, como Grazi, Vic Tavares, Wantuir, Bico Doce e Analimar.

‘Enredos da Liberdade – O Grito do Samba Pela Democracia’ é uma série documental Original Globoplay de cinco episódios. A direção e argumento são de Luis Carlos de Alencar; a ideia original, argumento e direção de pesquisa são de Rodrigo Reduzino; o roteiro é de Vitã e a produção executiva é de Vladimir Seixas e Camilla Ribeiro, da produtora Couro de Rato.