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Unidos da Ponte encerra primeira noite de desfiles com força da bateria, mas canto e evolução oscilam durante cortejo

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

A Unidos da Ponte foi a última escola a pisar na avenida na primeira noite de desfiles da Série Ouro. Impulsionado pela força da bateria, a azul e branca passou pela avenida de forma aguerrida e conseguiu levantar o público presente na Sapucaí, os ritmistas comandados pelo mestre Branco Ribeiro entraram na avenida dispostos a não deixar ninguém parado, a ver pela reação da galera, o objetivo foi alcançado. A bateria ainda ajudou a impulsionar o samba da escola, porém, mesmo assim o canto oscilou entre as alas, outro ponto de atenção foi a evolução que se mostrou problemática durante todo o desfile e alguns buracos foram observados em frente aos módulos de julgamento.

Apresentando o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves, a escola de São João de Meriti levou para a avenida a saga do dendê desde a sua origem mítica em terras africanas até a chegada ao Brasil. A agremiação terminou sua apresentação com 53 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada por Déia Rocha foi intitulada “Padê: O ponto de encontro afro-brasileiro na encruzilhada do Atlântico” e composta por 15 componentes. Através de uma visão lúdica a comissão de frente apresentou o prelúdio do enredo, onde Oyá demanda seus espectros do bambuzal e seus búfalos a missão de encontrar Elegbara para levar a mensagem e pedir permissão para que o desfile da Unidos da Ponte fosse de muito Axé. Por fim, Elegbara recebe o padê como forma de agradecimento. A fantasia foi simples, os componentes usaram um macacão preto com detalhes em laranja, já os pivôs tiveram a indumentária mais trabalhada, principalmente Elegbara. O tripé utilizado representou um bambuzal, os componentes saíram de dentro dele e no final, Oyá foi elevada, ganhando todo o destaque.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Os defensores do pavilhão azul e branco da ponte foram Emanuel Lima e Thainara Matias, o Casal de mestre-sala e porta-bandeira apresentou um dos reis do dendê Xangô em seu ritual sagrado do Ajerê, a fogueira de Xangô, a fantasia foi predominante vermelha, com detalhes em laranja e a leitura foi imediata. Ele representou o próprio Xangô e ela a faísca do ayê. A dança foi clássica, mas esbanjou força e ainda utilizou partes do samba para realizar pequenas coreografias, como na parte “Ê capoeira, ê meu ogum”, em que o mestre-sala apresentou movimentos oriundos da capoeira. A apresentação foi bem executada em todos os módulos de julgamento, vale ressaltar que em alguns momentos a iluminação cênica foi utilizada.

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Enredo

O carnavalesco Renato Esteves foi o responsável por desenvolver o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, se mantendo Fiel à tradição de enredos afros, a Ponte levou para a avenida a saga do dendê, desde sua origem mística em terras africanas, até a chegada ao Brasil através da diáspora. Essa história foi distribuída em quatro setores, o primeiro, denominado “Epô pupa derrama no candeal”, falou sobre a África Tribal e apresentou os reis do Dendê: Exu, Xangô, Ogum e Iansã, que são o grande panteão do Dendê. Em seguida veio o setor que falou sobre o Dendezeiro e todos os seus derivados que são utilizados nos cultos africanos, ele foi denominado “Igi-Opê, a faísca do Ayê”. O terceiro setor “Negrume, ajerê do mandingueiro” mostrou o plantio do Dendê na Bahia e como ele foi importante no processo de alforria dos escravizados, para finalizar, “Oferendas ao meu santo, o samba que desata o nó” que é quando a escola dá um salto no tempo até chegar nas Baianas Quituteiras do Acarajé e do comércio na Feira de São Joaquim.

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Alegorias e Adereços

O carnavalesco Renato Esteves abusou do uso de cores em suas alegorias, o início do desfile da Ponte foi pautado nas cores quentes justamente para transportar o público para o universo do dendê. No total, foram três alegorias, que apesar de simples, contaram o enredo de forma clara. A primeira foi intitulada “Afefé de Eruexim” e trouxe a figura de Oyá, rainha do dendê na narrativa do enredo, a alegoria teve problemas para manter a direção no setor três, principalmente a parte da frente do carro, a escultura presente na parte traseira passou caída por toda a avenida. A segunda alegoria, “Yá é quituteira em São Joaquim” mostrou o encontro do dendê com a Bahia e o povo baiano, o carro retratou um grande mercado, o uso de materiais alternativos foi bem empregado, com destaque para garrafas plásticas penduradas na parte traseira . O último foi chamado de “Oferendas traz a Ponte em louvor aos orixás” e representou um grande terreiro, ele entrou na avenida ja com o dia claro e abusou do uso de estamparias, algo positivo. Porém, o acabamento apresentou falhas na parte superior.

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Fantasias

A Ponte levou para avenida 17 alas, seguindo a estética vista nas alegorias, o carnavalesco Renato Esteves optou pelo uso de cores fortes na abertura da escola, o uso de materiais alternativos foi uma boa sacada para driblar as dificuldades impostas pelo orçamento, na ala 10, “Oxumarê creme de arroz e milho”, foram utilizadas colheres plásticas na cabeça. O bom uso de cores esteve presente durante todo o desfile, na ala nove, “Pra Exu e Pombagira tem marafo e dendê”, o vermelho tomou conta, já na ala 16, “Pra Nanã sarapatel”, o uso do lilás de fez presente. Apesar de materias alternativos, o conjunto de fantasias apresentado contou o enredo de forma clara, o destaque negativo ficou por conta da dificuldade que alguns passistas tiveram para sambar por conta da cabeça da fantasia, apesar de não ser pesada, ela era grande e em alguns momentos eles precisavam segurar para que ela não caísse.

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Harmonia

A performance do intérprete Kleber Simpatia foi satisfatória, ele em todo momento incentivou o canto da comunidade e conduziu o microfone principal com muita garra, o entrosamento com a bateria também se mostrou eficiente, porém, nem isso foi o suficiente para que a harmonia dos componentes fosse a altura, o início do desfile se mostrou frio, nas alas do final o clima foi outro e os componentes passaram cantando, destaque para as alas 15, “Mamãe Oxum Omolocum”, e 16, “Pra Nanã sarapatel”. O grande destaque harmônico do desfile foi a bateria de mestre Branco Ribeiro, ele conduziu com maestria seus ritmistas, abusou das bossas e coreografias, o público foi junto.

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Samba-Enredo

O samba de de autoria de Junior Fionda, Tem-Tem Jr., Carlos Kind, Léo Freire, Vitor Hugo, Léo berê, Marcelinho Santos, Jefferson Oliveira, Alexandre Araujo e Valtinho Botafogo passou pela avenida de forma eficiente, impulsionado pela bateria, a obra teve momentos de grande explosão, principalmente o refrão principal “Exu Obá… Laroyê! É a Ponte sem quizila, na mandinga do dendê”.

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Evolução

Durante todo o desfile a agremiação sofreu com a evolução, problemas no carro abre-alas fez com que um buraco fosse aberto na altura do setor três (módulos um e dois de julgamento), logo depois, foi observado que os componentes não evoluíam de forma fluida, em alguns momentos a escola andava mais rápido, em outros mais lento. O maior problema da escola ainda viria, durante a apresentação da bateria no setor três, os componentes das alas da frente seguiram normalmente e um grande clarão foi deixado, a rainha Lili Tudão tentou ocupar o espaço, mas foi em vão. O mesmo erro se repetiu no módulo seguinte. A bateria não entrou no recuo e a apresentação na última cabine foi mais longa do que o habitual.

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Outros Destaques

Na segunda alegoria da escola a presença dos carnavalesco da Grande Rio, Leonardo Bora e Gabriel Haddad, e da Beija-Flor, João Victor Araújo, chamou atenção, os três estavam muito animados e cantaram o samba com extrema empolgação.

 

Mancha Verde: fotos do desfile no Carnaval 2024

Freddy Ferreira analisa a bateria da Maricá no desfile

Um bom desfile da bateria da União de Maricá, comandada por mestre Paulinho Steves, estreando na Sapucaí. Uma conjunção sonora equilibrada foi exibida. Um dos pontos altos do ritmo da “Maricadência” foram as bossas, com integração plena com o melodioso samba da escola. Isso impulsionou a bateria para uma apresentação firme e até certo ponto impactante. Infelizmente no momento de subida da bateria logo após a introdução, um desencontro acabou ficando evidente. Foi preciso parar o ritmo, para poder subir novamente. Após o percalço, deu tudo certo pela Avenida Importante ressaltar que tudo ocorreu no primeiro recuo, ainda fora da pista de desfile, não afetando de modo algum o julgamento.

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Uma bateria da União de Maricá com uma afinação de surdos acima da média foi percebida. Marcadores de primeira e de segunda foram firmes e bastante precisos. O bom balanço dos surdos de terceira ficou evidente, contribuindo com bastante swing nos graves. Repiques coesos tocaram conectados a um naipe de guerras com volume consistente.

Na cabeça do ritmo da “Maricadência”, um naipe de tamborins de elevada técnica musical executou um desenho rítmico pautado pelas nuances melódicas do poético samba maricaense. Uma ala de chocalhos extremamente consistente também auxiliou na sonoridade das peças leves, assim como cuícas seguras e agogôs corretos contribuíram no preenchimento musical da parte da frente do ritmo.

Bossas extremamente vinculadas à obra da Maricá se mostraram eficientes e impactantes. Todas se aproveitavam com muito bom gosto das variações da melodia do samba-enredo, consolidando o ritmo através das nuances. Simplesmente incrível o trabalho envolvendo os surdos, que por vezes faziam frases rítmicas sublimes dentro dos arranjos musicais, além de garantirem uma execução privilegiada por todo o cortejo. Uma ligação praticamente orgânica entre o ritmo da bateria e o samba da escola estreante na Sapucaí.

A apresentação no primeiro módulo (cabine dupla) foi segura e eficiente. Já a exibição na segunda cabine foi até superior a primeira, com um tempo de apresentação maior e um ritmo bem enxuto. Sem contar a apresentação no último módulo, que foi sem sombras de dúvidas, a melhor tanto musicalmente, quanto energeticamente. Uma “Maricadência” que pisou firme e com o pé direito pela primeira vez fazendo ritmo pela Sapucaí. Mestre Paulinho Steves, seus diretores e ritmistas estão de parabéns por uma estreia com esse grau de consistência e equilíbrio.

Unidos da Ponte: fotos do desfile no Carnaval 2024

Saravá tia baiana do tabuleiro do acarajé, as baianas da Unidos da Ponte evocam a tradição do acarajé

Ponte Esp02 001As baianas da Unidos da Ponte vieram representando “Saravá tia baiana do tabuleiro do acarajé”, evocando a tradição das baianas do acarajé, que remonta ao período em que as mulheres escravizadas saíam para vender doces e salgados nas ruas durante o século XIX, no comércio do Dendê na Feira de São Joaquim, uma feira muito famosa de Salvador, onde a escola apresentou como o ganho, o que o próprio Samba diz, o ganho do atizo e como esse ganho em cima do Dendê floresceu para esse povo que é o baiano.

Essas baianas são símbolos da cultura e da culinária afro-brasileira, carregando consigo não apenas os sabores tradicionais, mas também a história e a resistência do povo negro. Com o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, a escola levou os foliões pela fascinante saga do dendê, desde sua origem nas terras africanas até sua chegada no Brasil por meio da diáspora. Algumas baianas deram entrevistas exclusivas ao site CARNAVALESCO, compartilhando sobre a representatividade da fantasia que retrata as baianas que vendem acarajé, sendo rosa, branca, detalhes dourados e um chapéu com o acarajé na cabeça das baianas.

“Eu achei linda essa fantasia porque é cultura. Essa é a minha segunda vez desfilando na Unidos da Ponte e esse enredo está maravilhoso. A escola está bem animada, cantando, evoluindo”, comentou Regina Helena da Silva, de 69 anos.

Ponte Esp02 002As baianas destacaram a importância dessa representação para a cultura afro-brasileira e para a celebração do Carnaval, enfatizando a relevância histórica e cultural do acarajé como um símbolo da identidade baiana e afrodescendente. Elas expressaram sua honra em participar desse momento de celebração e reconhecimento de sua herança cultural, através da arte e da expressão carnavalesca. A fantasia proporcionou uma oportunidade única para compartilhar e valorizar as tradições ancestrais, enriquecendo ainda mais o desfile da escola.

Maria Fátima Carvalho da Silva, de 62 anos, que desfila pela primeira vez como baiana da Unidos da Ponte, filha de Iansã, contou sobre a importância da fantasia e desse momento em sua vida: “Primeiro lugar Iansã que é a deusa do Acarajé, é a matriarca e minha santa. Então nós temos que pedir o quê? Muita proteção, fé, paz, saúde, alegria, isso é o que ela mais quer da gente, e que ela esteja com todas as nossas conterrâneas baianas aqui, para nos representar e Acarajé para todos. Esse desfile está muito emocionante e quando chegar lá na frente, é que a gente vai ver como é que é isso”.

Casal e canto do Tatuapé ficam em evidência no desfile e podem levar escola para briga

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Pode pintar uma briga forte pelo campeonato. O Acadêmicos do Tatuapé executou um desfile competitivo que pode levar a escola às alturas. Por mais que os quesitos destaques tenham oscilado em algum momento, a competência foi forte e pode ‘apagar’ isso. Os principais quesitos que ficaram em evidência foram o canto novamente, assim como nos ensaios técnicos e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Jussara. Não pode entrar em um conjunto alegórico como um todo, precisa dos outros três para ser destaque, mas o abre-alas foi incrível e merece ser citado. Uma estética diferente, monocromática e esculturas realistas.

  • VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

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Assinado pelo carnavalesco Wagner Santos, o enredo do Acadêmicos do Tatuapé foi “Uma Joia da Bahia – Símbolo de Preservação! Viva a Mata de São João”, sendo a quinta agremiação a passar pelo Anhembi na sexta-feira de carnaval.

Comissão de frente

A ala, coreografada por Leonardo Helmer, teve um grande desempenho nesta noite. Cada componente da comissão representava algo e, o mais curioso, é que estavam vestido nas mesmas cores entre si, o barroco. Tais cores também vieram todas monocromáticas no próprio tripé da comissão de frente e no abre-alas.

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A apresentação tinha capoeira, dança afro, evolução entre a pista e outras novidades. O tripé aparentava ser uma casa com coqueiros palmeiras e uma escultura de um senhor com chapéu, bem realista. Em determinado momento, todos faziam uma pose na escada que havia em tal elemento alegórico. Esse era o movimento que fechava a coreografia.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Diego e Jussara desfilou representando o “Caramaru e Paraguaçu”, cujo significado é um europeu que se apaixona por indígena e ambos vivem uma história de amor. Destaque para a fantasai de Jussara, que realmente desfilou parecendo uma mulher indígena com uma bela maquiagem em seu rosto.

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A apresentação do ‘casal foguinho’ novamente foi ótima. Impressionante o sincronismo que os irmãos mostram há alguém tempo defendendo o pavilhão da escola. Coreografia incrível, contagiante e de fácil leitura. Entretanto, a dupla teve que ficar parada um tempo em frente ao terceiro módulo, pois a bateria estava fazendo um recuo que durou aproximadamente 3 minutos, mas não se sabe o quanto isso irá impactar na nota.

Enredo

A escola da Zona Leste apresentou no Anhembi a história do município Mata de São João, localizado no estado da Bahia. Dentro do desfile, levaram alegorias que remeteram à beleza natural, como a praia e a natureza, além da ‘baianidade’ e religiosidade, levando esculturas de baianas e igrejas nos terceiros e último carro.

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Alegorias

O abre-alas alas, intitulado como “O início da história” levou uma estética totalmente diferente. Era uma cor monocromática inteiramente no tom barroco. Um belo contraste. Valeu muito a ousadia do carnavalesco Wagner Santos. As esculturas são caravelas, que aparentemente representa o europeu chegando na terra, indígenas e outras figuras. Vale ressaltar que era uma alegoria acoplada.

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A segunda alegoria, chamada como “Festa de fé”, levou escultura de uma igreja com balões de festas juninas, por exemplo para representar uma festa de junina. À frente havia uma escultura de baiana também.

Indo para a terceira alegoria, o Tatuapé levou o “Projetos – preservando para um mundo melhor’, que consistia em uma alegoria totalmente azul e uma escultura de tartaruga. A mensagem é preservar o ambiente, mas esteticamente no visual ficou confuso.

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Fechando os carros alegóricos, a agremiação mostrou “Carnaval no forte” em forma alegórica. O curioso dessa alegoria é que foi bem semelhante à segunda, até nas cores e esculturas.

Portanto, avaliando o conjunto alegórico, dá para dizer que explica bem o enredo, apesar da estética não ser tão luxuosa, o que é costumeiro do Tatuapé. A escola preza pela objetividade.

Fantasias

As vestimentas da escola foram ao Anhembi bastante criativas. Além de explicarem bem o tema, deixaram o componente extremamente solto e confortável. Se viu também um Tatuapé bastante colorido entre si. O destaque das fantasias vai para a ala das folhas, que realmente pareciam matos de verdade em forma de vestimenta de carnaval, além de transbordar leveza e a cara do enredo.

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Harmonia

O canto do Tatuapé não foi elogiado pelo CARNAVALESCO nos ensaios técnicos à toa. É impressionante como a comunidade da ‘Zona Leste’ guerreira entoa o hino da escola. Entretanto, há de se ressaltar que desta vez a harmonia foi caindo para o final do desfile, mas tal fato não tirou a potência novamente que os componentes colocaram no quesito. O apagão no refrão de cabeça do samba deixou isso em evidência.

Samba-enredo

A ala musical liderada pelo intérprete Celsinho Mody sempre se destaca. O cantor é identificado com a comunidade, tem dois títulos e sabe como conduzir a agremiação no Anhembi. Porém desta vez, Mody optou por abdicar de suas características e não executou tantos cacos. Agora, deve-se saber se era uma estratégia de desfile ou não.

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Evolução

O quesito começou muito bem, a diretoria comemorou uma enormidade e a entrada da bateria no recuo. As alas vieram compactadas durante todo o desfile e fileiras também. Porém passando o terceiro módulo a escola teve que acelerar o passo para passar no tempo, e isso pode ocasionar deduções.

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Vale destacar que os costeiros das fantasias, que não eram altos, permitiram que os componentes evoluíssem com leveza, de um lado para o outro.

Outros destaques

A bateria “Qualidade Especial”, regida pelo estreante mestre Léo Cupim, executou alguns apagões que levou a arquibancada ao delírio, especialmente no setor B (monumental)..

As baianas chegaram na pista com uma fantasia toda em branco, intitulada “Baiana… baiana boa”. Tal frase é oriunda do refrão do meio do samba-enredo. A ala desfilou inteiramente de branca e com adereço de mão simbolizando pratos típicos da região.

Unidos da Ponte personifica Oyá, a rainha do dendê, representada pelos sagrados ventos no carro abre-alas

Ponte Esp01 001A Unidos da Ponte contou na Avenida a fascinante história do dendê, desde suas origens míticas em terras africanas até sua relevância na cultura dos orixás e na gastronomia brasileira. O carro abre-alas, intitulado “Afefé de Eruexim”, personificou Oyá, a rainha do dendê, representada pelos sagrados ventos que vão levar o dendê e percorrer com ele até São João de Meriti, começando na África apresentando Exu, Xangô, Ogum e Iansã, que formam o grande panteão do dendê. Essa homenagem é uma celebração da importância cultural e espiritual desse elemento tão significativo. O carro, todo em tons de vermelho, amarelo, roxo e laranja, adornado com diversos búfalos, simbolizou a força e audácia da guerreira Iansã.

Ponte Esp01 002Verônica de Souza Pereira, de 48 anos, compartilhou sua emoção ao participar da composição do carro abre alas, destacando sua conexão pessoal como filha de Oyá. Ela expressou sua gratidão por ser homenageada dessa maneira e revelou sua profunda felicidade e emoção, mesmo nervosa, ao desfilar no carro abre alas.

“A representação do abre alas vem falando de Iansã e do Dendê também e é uma coisa meio que ligada a outra, então eu estou muito emocionada de estar fazendo a composição do carro. Você me desculpa não conseguir falar muito a respeito, que eu estou bem nervosa mesmo e eu sou filha de Oya então você imagina a minha emoção. Eu estou aqui me contendo um pouquinho, mas eu estou muito emocionada, eu estou trêmula por dentro. Então assim, eu me sinto tão bem homenageada por ser filha dela. Está sendo muita felicidade”, expressou Verônica de Souza Pereira.

Ponte Esp01 004Para Mariucha dos Santos da Silva, de 38 anos, que também vem no carro abre alas, esta é uma ocasião emocionante e significativa. Mesmo não tendo uma ligação pessoal com Iansã, ela enfatizou a importância espiritual do momento, como adepta da religião, e expressou sua emoção por estar participando deste momento, especialmente por ser sua primeira vez à frente de um carro abre alas: “Esse carro é muito importante e para mim é muito emocionante estar podendo abrir a escola em cima desse carro belíssimo É a minha primeira vez a frente de um abre alas, então para mim é super emocionante. Eu não tenho ligação com Iansã, mas eu sou da religião e eu sou adepta à religião, então para mim é muito importante estar participando desse momento”.

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No embalos dos Catopês, componentes da Niterói falam sobre fé

Niteroi Esp02 002A Acadêmicos de Niterói vem falando sobre a festa de Catopês, que ocorre anualmente em Montes Claros, Minas Gerais, como enredo “Catopês – um céu de fitas”. Com origem no Congado, os festejos se desdobram em formas diferentes ao longo do mês de agosto, sendo os principais os grupos de catopês. Um dos momentos mais belos da cultura da cidade, vem sendo exaltado pela escola niteroiense.

É um grande momento de devoção e fé alinhados com os festejos populares, procissões, e os mastros de fitas que colorem a cidade durante os dias de festas. O CARNAVALESCO foi a concentração da escola, e perguntou, no espírito do enredo, aos componentes da Niterói sobre fé e religiosidade popular da festa de Catopês e no dia a dia deles, ao passo que todos afirmaram que a fé pode sim mover as montanhas da nossa vida.

Niteroi Esp02 004Fernanda Bermudes, de quarenta e cinco anos, ficou conhecendo a festa de Catopês através da Niterói após o lançamento do enredo: “É uma festa muito bonita, muito alegre e tradicional lá em Minas, e eles mantêm isso e tem essa manutenção dessa cultura, isso é muito importante”. A desfilante, que está pela primeira vez na escola, acredita que essa união de fé e cultura pode independer de religião para aproveitamento destes momentos: “Independente de dizer que é católico, que é umbandista, que é evangélico. Isso, assim, são coisas que você cultiva dentro de si, independente de, sabe, de nomes. Dogmas”. Sobre as festas religiosas, populares, como os Catopês, Fernanda conta que se encanta, e que se sente muito feliz pelo carnaval, por exemplo, ser uma festa assim: “Eu acho maravilhoso, né? Porque assim, eu como não tenho uma crença, não me enquadro em nenhuma religião e amo o Carnaval, pra mim, sabe, é a junção perfeita. E eu acho muito ruim isso, às vezes você até gosta, mas você não pode praticar, você não pode estar ali, porque você se diz de uma religião ou de outra, entendeu? E é coisa que vai além do, sabe, do título”.

Daniela Piero, que desfila a três anos na Niterói, começou falando sobre a como acreditar, ter fé é necessário para o povo como um todo: “No nosso caso em específico, só com fé mesmo, porque acreditar o que é que a gente tem, né? Então é só a fé que a gente se apega e acredita que as coisas vão ter uma resolução boa, né, pra gente, porque infelizmente não tem muita coisa pra gente se apegar”. A componente de quarenta e três anos falou da Festa de Catopês como um momento de alegria, e expressão de forma alegre da fé: “Eu acho que o brasileiro, de um modo geral, é um povo festivo. Então, misturar a festa com a religião, eu acho importante, porque é uma forma que a gente se expressa com alegria. Somos um povo carente de alegria. Qualquer coisa que a gente possa se manifestar, que a gente possa viver, vibrar, eu acho importante. O brasileiro gosta muito disso. Então, é procissão, a gente tem festa, a gente faz uma festa grande. Faz a procissão e tudo, depois a gente festeja. E tem o carnaval também, que de uma forma ou de outra acaba misturando a religião, que é uma forma de expressar com o povo carente. Então, a alegria acaba se misturando e eu acho importante”.

Niteroi Esp02 003Ismária de Souza, de quarenta e três anos, comenta dessa junção de fé e cultura popular, como demonstrada na festa do Catopês: “A fé e a cultura estão envolvidas, não é? São um só. Porque se tem fé, e a gente também tem a nossa cultura. A gente tem que ter regras na nossa vida. Nós temos regras”, pedindo respeito às diferenças que as pessoas possuem, como as próprias diferenças culturais: “Temos que respeitar os outros, cada um, Deus não fez ninguém igual, então por aí a gente já tira, e com a cultura de cada um tem que ser da mesma forma”. Ela ainda falou sobre conhecer a festa com o enredo da escola niteroiense: “Estou descobrindo agora, com a escola, e amei, é tudo lindo, e foi a primeira vez que eu fiquei conhecendo, da história toda e amei”.

Daniel Gomes, vindo pelo quarto ano na escola, contou um pouco sobre o enredo da Niterói: “É sensacional, porque traz uma festa centenária e muito tradicional e a gente conseguiu levar isso aqui pra avenida do jeito que a gente está levando, misturando várias fés diferentes das pessoas. Isso é fantástico. O enredo é sensacional”. Continuando, o componente de quarenta e um anos falou sobre a manifestação da fé para ele: “O importante é você ter uma fé, né, uma coisa que você acredite, né? Eu acho que a pessoa ruim é a pessoa não ter fé. Então a gente ter essa mistura de crenças e fés, principalmente no Carnaval, é uma coisa que só vem a agregar na festa, uma coisa fantástica, a gente vê mistura de raças, de credos e todo mundo aqui feliz, confraternizando, eu acho que é isso que a gente precisa para a nossa humanidade”.

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Tatuapé: fotos do desfile no Carnaval 2024

Baianas da Acadêmicos de Niterói representam dia do Divino Espírito Santo

Niteroi Esp01 001Um dos momentos mais importantes e belos da festa de Catopés é o dia em que o Divino Espírito Santo tem sua procissão realizada, onde a sua corte vem trajando indumentárias de época, representando a coroação do imperador e da imperatriz do divino, com um grande auto. E é esse o dia, entre os tantos dos festejos, que foi escolhido pelo carnavalesco Thiago Martins para que fosse a fantasia das baianas de Niterói no desfile deste ano: “Catopês – um céu de fitas”.

Algumas das mães baianas de Niterói conversaram com o CARNAVALESCO sobre tal privilégio de representar esse momento tão belo dos festejos. A fé e a emoção em trazer os símbolos do Divino enquanto desfilam, incluindo uma das baianas que veio da cidade de Montes Claros.

Niteroi Esp01 002Feliz e emocionada em desfilar por mais um ano, desta vez representando o Império do Divino, Emanuela Rodrigues, descobriu sobre a festa de catopês graças a escola, e anseia um bom desfile: “É um momento de fé. Espero que a gente consiga desfilar e ganhar. Venha a ser um momento realmente emocionante pra gente”.

Guiomar Teixeira estreia pela Niterói, voltando a desfilar por uma escola depois de anos auxiliando a filha, a Porta-Bandeira Thainá Teixeira, e apesar do cansaço, ela vem trazendo a indumentária com muita força para a Sapucaí. Aos sessenta e cinco anos, gostou muito da fantasia representar um momento de fé importante para o enredo: “Adorei a sensação da fantasia, é maravilhosa! Eu queria vir falando de fé”.

Niteroi Esp01 003“É maravilhosa essa sensação de vestir essa fantasia hoje, não vejo a hora de desfilar, e arrebentar. É um reino para mim, sem dúvida, um reino poderoso”, Maria Valdelúcia, baiana de quarenta e oito anos começou falando da emoção de representar a coroação do imperador e imperatriz do divino: ” A fantasia é muito bem elaborada, não é pesada, tô me sentindo a própria rainha.

Uma das baianas, Marinete Silva dos Santos, de quarenta e seis anos, é de Montes Claros, terra da festa de Catopês, e vem desfilar pela primeira vez na Marquês de Sapucaí: “Para mim é uma grande satisfação estar aqui. Fui convidada, eu sou dos pertêncios Catopês de Montes Claros, e para mim estou muito emocionada de fazer parte, para mim é uma festa maravilhosa. Estou aqui, fui convidada e estou aqui participando”, falou emocionada, e continuou recordando a data dos festejos como um dos mais importantes para ela e para a região da cidade, e a possibilidade de representá-la na avenida também marca para ela um novo dia especial: “Para mim é marcante essa data , que é a primeira vez que eu estou participando, vim de Montes Claros. Pra mim é uma emoção incrível”. Ao trazer a indumentária do Divino a estreante sente o coração bater mais forte: “É, eu estou muito emotiva, eu me sinto honrada por estar aqui participando e estou emotiva muito muito mesmo”.