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Freddy Ferreira analisa a bateria da Ilha no desfile

Um desfile magistral da bateria da União da Ilha, sob o comando de mestre Marcelo Santos. Uma conjunção sonora simplesmente deslumbrante foi produzida. Pautada pelo andamento confortável, fluência entre os naipes e uma bela equalização de timbres. Com apresentações potentes, certamente tem tudo para ser bem avaliada e contribuir como um quesito forte para a tricolor insulana.

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Uma “Baterilha” com uma afinação privilegiada foi notada. Marcadores de primeira e de segunda foram precisos, além de educados, durante todo o cortejo. Os surdos de terceira deram um balanço envolvente ao ritmo insulano, também com participações primorosas em bossas. Repiques de imensa virtude técnica tocaram conectados a um naipe de caixas profundamente ressonante, com sua clássica e tradicional batida rufada.

Uma parte da frente do ritmo da Ilha com qualidade indiscutível, semelhante a traseira da bateria. Uma ala de cuícas poderosa fez até um desenho simples, mas eficiente, no início de cada passada do refrão do meio. Um naipe de chocalhos de técnica musical inegável tocou entrelaçada com uma ala de tamborins extremamente acima da média. Incrível como o “Tamborilha” parece somente um tamborim por toda a pista de desfile. Complementando a sonoridade da cabeça da “Baterilha”, atabaques contribuíram de modo luxuoso tanto em ritmo, quanto principalmente em bossas.

Bossas bastante casadas com o samba-enredo da União foram apresentadas. Destaque para o trabalho eficiente dos atabaques, que por vezes tocavam com baquetas de madeira, fazendo alusão ao Aguidavi sagrado. A concepção criativa das paradinhas atrelou culturalmente o tema de vertente africana ao ritmo produzido pela Ilha. Simplesmente incríveis as execuções dos arranjos por todo o cortejo.

A apresentação na primeira cabine (módulo duplo) foi muito bom, arrancando aplausos do público. Já na segunda cabine, mais uma apresentação segura e fluída foi garantida. Mas a melhor apresentação, com direito a contornos apoteóticos, foi na última cabine. Assim foi finalizado um tremendo sacode da “Baterilha” de mestre Marcelo Santos, cada vez mais consolidado e solto dirigindo a renomada bateria da União da Ilha do Governador. Um desfile condizente com a histórica tradição musical da Ilha, conectado ao enredo da escola, que além de possivelmente garantir a pontuação máxima, preenche requisitos para pleitear eventuais premiações.

Freddy Ferreira analisa a bateria do Arranco no desfile

Um bom desfile da bateria do Arranco do Engenho de Dentro. Com apresentações seguras nos módulos e com uma conjunção sonora demonstrando equilíbrio. Uma estreia virtuosa de mestre Gilmar, que dirigiu com sua classe habitual a bateria “Sensação”. Um pequeno desencontro entre ritmo e carro de som foi percebido dentro do segundo recuo após a entrada da bateria, mas logo foi solucionado. Importante ressaltar que não existe julgamento por ali, portanto o deslize em questão não será despontuado.

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Uma bateria “Sensação” com uma boa afinação de surdos foi percebida. Marcadores de primeira e segunda foram corretos durante o cortejo. Surdos de terceira ajudaram no balanço do ritmo. Uma boa ala de repiques tocou integrada a um naipe de caixas consistente.

Na parte da frente do ritmo, um naipe de agogôs executou um desenho rítmico simples, mas funcional. Uma boa e consistente ala de cuícas também auxiliou no preenchimento musical das peças leves, junto de tamborins eficientes e com bom volume. O ponto alto da cabeça da bateria foi um naipe de chocalhos simplesmente fabuloso contribuindo com imensa virtude musical, que tinha até uma ligeira dancinha coreografada.

Bossas que levavam em conta as variações do melodioso samba do Arranco foram exibidas. Muito funcional a virada da segunda mais elaborada, proporcionando certo balanço, além de demonstrar versatilidade rítmica. Outra paradinha, mais densa e complexa, além de bastante desafiadora, contou inclusive com solo de tamborins antes da retomada.

Na primeira cabine (módulo duplo) uma apresentação correta foi realizada. Já na segunda cabine, é possível dizer que o ritmo da azul e branca do bairro do Engenho de Dentro fluiu ainda mais. Na última cabine uma apresentação rápida e funcional foi realizada, por causa do tempo curto. Uma boa estreia de mestre Gilmar comandando a bateria “Sensação” do Arranco do Engenho de Dentro.

União da Ilha faz desfile de harmonia quente, com show da bateria e do carro de som

Por Rafael Soares e fotos de Nelson Malfacini

A União da Ilha foi a quarta a se apresentar na Marquês de Sapucaí neste sábado de carnaval da Série Ouro. A tricolor insulana levou o enredo “Doum e Amora: Crianças para Transformar o Mundo” para a avenida. A União da Ilha entrou com muita força na avenida. Já na comissão de frente foi apresentado um ótimo trabalho, em um número cheio de significado e representatividade. O casal de mestre-sala e porta-bandeira foi destaque, ao mostrar um bailado forte, limpo e veloz, com belas coreografias. O samba-enredo foi fortemente entoado por todo o conjunto da escola, resultando em uma harmonia de excelente nível. A bateria deu uma verdadeira aula de ritmo e de bossas, com alta qualidade musical, impulsionando ainda mais a agremiação, que também teve no carro de som uma atuação firme e competente. A evolução se mostrou muito fluida e compacta, sem qualquer tipo de problema. A parte plástica da escola esteve em ótimo nível nas alegorias, que eram altas, de muito bom gosto, coloridas e bem iluminadas. O padrão geral das fantasias era bom, mesmo com soluções mais simples, e interessante uso de cores. Entretanto, algumas alas tiveram pequenos problemas na execução dos figurinos, o que pode ocasionar leves penalizações.

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Comissão de Frente

Com o nome de “Bate o Tambor pro Erê, para os que Vieram e para os que Virão”, a comissão de frente assinada pelo coreógrafo Márcio Moura trouxe um grupo de componentes pretos, com homens, mulheres e duas crianças. A maioria dos integrantes usava uma fantasia bem no estilo afro, com motivos bem característicos e cabelos black estilizados. O par de jovens representava Doum e Amora, ela com vestido vermelho, laço de fita e cabelo black aberto, ele com roupas brancas e chapéu na cabeça. Um outro integrante representava Obatalá, com pintura corporal branca, saiote branco, e carregava um globo do planeta Terra.

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A maioria do grupo dançava no chão, com bom ritmo e sincronia, também fazendo poses e retornando à dança. As duas crianças eram cercadas e colocadas em destaque. Em determinado momento, fantoches pretos surgiam do pequeno tripé em formato de caixa, também estilizado de forma africana, e com o retrato de Amora. A palavra ‘Respeito’ também era formada em um painel. Quando a menina entrava pela porta do tripé, havia uma troca, surgindo uma outra integrante, adulta vestida de branco, com colares e adereço na cabeça. Muito simbolismo esteve presente na apresentação.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete, veio com uma fantasia de nome “Etún”, representando a galinha de angola, maior símbolo de iniciação e individualização nas religiões de matrizes africanas. Com uma indumentária belíssima, a dupla mostrou um bailado de excelente nível. Amanda exibiu bastante expressividade nos sorrisos e olhares, além de velocidade e limpeza nos movimentos. Thiaguinho a cortejou com muita classe e beleza nas interações. A dança mesclou momentos mais tradicionais, com passos coreografados de acordo com o samba, usando bem a pista. No refrão de meio, os giros rápidos e seguidos de Poblete levantaram o público da avenida. Na primeira cabine, o mestre-sala teve um leve desequilíbrio na parte final da apresentação, mas nada que comprometa.

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Samba-Enredo

O samba da União da Ilha tem uma letra forte que descreve bem o enredo, retratando a cultura afro-brasileira e a luta antirracista, com momentos de maior doçura na apresentação das crianças que conduzem o enredo. A melodia é pesada e valante, com bonitas variações para representar o mundo infantil e impulsionar o canto. Composto por André de Souza, John Bahiense, Ricardo Castanheira, Leandro Pereira, Leandro Augusto, João Assis, Flávio Stutzel e Vagner Alegria, a obra musical teve excelente rendimento na avenida. O intérprete Nêgo mostrou um notável desempenho ao cantar o samba, embalado pela bateria de mestre Marcelo Santos.

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Harmonia

A comunidade da União da Ilha teve um canto muito forte em seu desfile. Os principais trechos entoados pelos componentes foram o refrão principal e o refrão de meio, mas é importante destacar que toda a obra tinha ótimo volume. A harmonia foi bem consistente entre todas as alas do cortejo. É até difícil destacar alas que tenham cantado mais, tamanha foi a qualidade de defesa do quesito. Merecem citação as alas “Nossos Personagens” e “Asas da Liberdade”.

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Evolução

A evolução da agremiação foi bastante fluida durante a passagem pela Sapucaí. Imprimindo um ótimo ritmo de desfile, o quesito foi defendido de forma compacta durante todo o tempo. Não houve qualquer mudança brusca de passada ou abertura de buracos na pista. Além disso, os componentes estavam muito animados, cantando e brincando com espontaneidade e potência. A escola encerrou o desfile em 54 minutos com muita tranquilidade.

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Enredo

A União da Ilha do Governador apresentou o enredo “Doum e Amora: Crianças para Transformar o Mundo”, um grande manifesto antirracista através do olhar infantil, utilizando a educação e o amor como armas nesta importante luta. As fantasias e alegorias foram de facilitada leitura, com materiais simples, símbolos e elementos bastante reconhecíveis e de comunicação com o público. A mensagem foi transmitida com força e clareza, indicando um belo trabalho do carnavalesco Cahê Rodrigues em sua narrativa.

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Fantasias

O conjunto de fantasias da União da Ilha se mostrou simples em materiais, mas com boa leitura e bem acabadas em sua maioria. Brincando bastante com o uso das cores, o carnavalesco ainda conseguiu produzir figurinos chamativos e divertidos. A fantasia das baianas chamou muito a atenção. Outras que merecem destaque foram “Olorum”, “A Dança da Criação” e “Nossas Brincadeiras”. Entretanto, algumas fantasias mostraram problemas de execução, como as dos guardiões do casal de mestre-sala e porta-bandeira e a da ala “Nossa Força e Coragem”, que ficou bem diferente do projeto, sendo muito simplificada. O quesito é um ponto de atenção para a escola.

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Alegorias

O conjunto alegórico da escola foi marcado pela imponência, altura, colorido e iluminação. O carro abre-alas, intitulado “Doum pelo Orun dos mistérios do Axé”, trouxe a representação do personagem em seu lar. Cercado de nuvens, a escultura central representa Obatalá. Os cavalos marinhos, símbolos da escola, aparecem representando seres míticos da fé. A alegoria era muito bonita, bem acabada e com excelente iluminação, realçando todo o trabalho. A escultura central era bem alta, chegando a 15 metros.

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Na sequência do desfile, a segunda alegoria do Sereno, de nome “Viva o Encontro no Aiyê! É Festa de Erê!”, simbolizava a felicidade do encontro entre Amora e Doum, com os dois brincando na comunidade em que ela mora, além da presença de tambores batidos para os ibejis e para os erês. Um carro também bem alto, mostrando um colorido muito bonito e com ótima iluminação.

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Por fim, o terceiro e último carro da agremiação, intitulado “Baobá, teu Legado é Imortal! Educar para Transformar!”, retratava um baobá imortal plantado por Doum e Amora contra todo racismo e toda desigualdade, representando o legado da transformação pela educação antirracista e da valorização da negritude. Seguindo o mesmo padrão, a alegoria era alta, bem acabada, original, colorida e iluminada, contando com telões de led, que funcionaram bem.

Outros destaques

A bateria do mestre Marcelo Santos teve um desempenho impecável no desfile da Ilha. Impressionou o ritmo adotado pelos ritmistas, que se mostrou perfeito para a execução do samba-enredo pelos cantores e pelos componentes da escola. Além disso, as bossas foram de grande qualidade musical, ousadas e perfeitamente executadas, gerando grande impulso para o cortejo e ótima comunicação com o público.

Arranco leva o trabalho de Nise da Silveira para a avenida em desfile com visuais criativos e boa participação da comunidade

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

O Arranco do Engenho de Dentro foi a terceira escola a pisar na avenida no segundo dia de desfiles da Série Ouro. A aposta em soluções estéticas diferentes deu certo e a escola demonstrou extremo bom gosto no uso de materiais alternativos para compor seu conjunto visual, com destaque para as fantasias. Foi a estreia do carnavalesco Nícolas Gonçalves na agremiação e a escolha se mostrou um grande acerto, desde a escolha do enredo até a apresentação na noite deste sábado. Além da criatividade, vale destacar também o trabalho harmônico realizado, o entrosamento do carro de som e bateria impulsionou o samba-enredo e fez com que a comunidade passasse de forma leve, espontânea e feliz. Como pontos de atenção fica a evolução na parte final do desfile, o último carro se locomoveu com dificuldades e abriu um buraco em frente ao setor seis. A comissão de frente, apesar de uma boa proposta, teve problemas de execução.

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Apresentando o enredo “Nise – reimaginação da loucura”, desenvolvido pelo carnavalesco Nícolas Gonçalves, a escola do Engenho de Dentro levou o trabalho revolucionário da psiquiatra Nise da Silveira sobre a loucura e o tratamento através da cultura e da arte para a avenida. A agremiação terminou sua apresentação com 54 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada pela dupla Karen Ramos e Suellen Gonçalves foi intitulada “Manicômio Nunca Mais!”, no total foram 15 componentes divididos entre oito mulheres e sete homens. A comissão foi uma verdadeira síntese do enredo, os componentes foram divididos em médicos psiquiatras e usuários do sistema de saúde mental em um dos mais cruéis métodos adotados na época: a imobilização por camisa de força. Em um primeiro momento da apresentação, a comissão mostra o sofrimento dos pacientes antes da chegada de Nise da Silveira no antigo Centro Psiquiátrico Nacional de Engenho de Dentro, a escola utilizou macas como elementos cênicos, a proposta se mostrou um acerto, porém, a execução de alguns movimentos não foi precisa.

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A ideia da comissão era mostrar a transformação do tratamento psiquiátrico a partir da arte, no início os componentes estavam com roupas claras, sem apresentar brilho, a mudança ocorre e os pacientes ganham vida e cores. Eles utilizaram panos coloridos e fizeram um efeito interessante. Porém, na apresentação do setor três, ao utilizar as maçãs para mostrar as telas, faltou sincronismo, ao final, a frase “manicômio nunca mais” não ficou clara.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Yuri Souzah e Gislaine Lira, representou de maneira simbólica aquilo que há de mais precioso em cada um: a mente. A fantasia foi um primor e o casal se apresentou de forma solta em todas as cabines de julgamento. Juntos pelo segundo ano, o casal demonstrou uma boa sintonia e confiança nos movimentos, apesar do vento, Gislaine conseguiu manter a bandeira desfraldada em todas as apresentações, no setor três a bandeira quase ficou presa, mas ela conseguiu desvencilhar. No geral, foi uma passagem tranquila do casal.

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Enredo

O jovem carnavalesco Nícolas Gonçalves foi o responsável por desenvolver o enredo “Nise – reimaginação da loucura”, uma homenagem merecida à Nise da Silveira, mulher brasileira mundialmente reconhecida pelo papel revolucionário que desempenhou no campo da saúde mental.

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Nícolas optou por contar o enredo através de três setores, sendo eles: “Primeiro Quadro – A Batalha de Nise”, “Segundo Quadro – Imagens do Inconsciente” e “Terceiro Quadro – Legado da Reimaginação”.

Alegorias e Adereços

No total foram apresentados um pede passagem e três alegorias, a proposta visual fugiu do óbvio e o carnavalesco levou para a avenida um projeto estético diferente, com muitos materiais alternativos. Apesar de problemas de acabamento, o enredo foi apresentado de forma clara.

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O carro abre-alas, intitulado “A Batalha no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro”, representou a figura mitológica do afeto como símbolo de todos os que lutaram contra o sistema antimanicomial, como decoração foram utilizadas caixas de remédio. A segunda alegoria, “Imagens do Inconsciente”, mostrou o processo de abstração e reorganização da realidade, por meio da pintura e arte. Para finalizar, a escola levou para a avenida o carro “Reimaginar o Insano Universo”, onde reimaginou o mundo e o universo utilizando a figura mitológica do Rei Momo, fitas metalizadas compuseram a alegoria e iluminação foi o grande destaque, nos momentos em que a luz do sambódromo diminua, a alegoria se destacava.

Fantasias

A escola levou para a avenida 17 alas e o apuro estético do carnavalesco ficou evidente, Nícolas abusou da criatividade para fugir do óbvio e entregar um trabalho extremamente autoral. O conjunto visual se destacou desde o início do desfile e o uso de muitas cores permeou toda a escola. As fantasias que antecederam o abre-alas tinham muito volume e matérias diferentes do habitual, como por exemplo a ala um, “Estilhaçar do ego”. Ao longo do desfile outras fantasias se destacaram, como a cinco, “Vazio das telas do manicômio”, em que os componentes pareciam estar dentro de uma tela de pintura. A fantasia que sintetizou toda a criatividade do carnavalesco foi a última, “Bate bolas de novos mundos”, ele fugiu do óbvio e entregou uma fantasia leve, de fácil assimilação.

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Harmonia

Um acerto do início ao fim, assim pode ser definido o conjunto harmônico do Arranco no desfile desta noite, o samba funcionou e o entrosamento da bateria de mestre Gilmar com os cantores oficiais Thiago Acácio e Pâmela Falcão foi nítido. Apesar da escola não desfilar com muitos componentes, o canto foi satisfatório, todas as alas passaram pela avenida felizes, brincando e cantando o samba. O verso “O Rei Momo avisou: Que “o meu Arranco é todo amor!” foi um dos destaques, assim como o refrão principal através do verso “Não é delírio não, é felicidade!”

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Samba-Enredo

O samba de autoria dos compositores Dilson Marimba, Gegê Fernandes, Nego Viny, Niu Souza, Robson Ramos e Vinícius Xavier passou pela avenida com muita energia, desde os primeiros acordes a obra mostrou suas qualidades e recebeu um ótimo retorno do público presente na Sapucaí. O enredo proposto foi contato de forma clara na letra do samba, os quadros que a escola propôs mostrar na avenida estão presentes em cada parte da obra.

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A dupla de intérpretes Thiago Acácio e Pâmela Falcão esbanjaram sintonia, a voz dela inclusive teve um ótimo destaque. A parceria deles com a bateria de mestre Gilmar também foi fundamental para que a obra passasse pela avenida com êxito.

Evolução

O Arranco enfrentou problemas em sua evolução, apesar do início do desfile não apresentar problemas graves, um problema de locomoção no último carro acarretou em buracos extensos em frente à dois módulos de julgamento, no setor seis e 10. Apesar desses problemas, o desfile foi fluido, componentes se divertiram e passaram pela avenida de forma solta, mas organizada. A única ala que destoou foi a penúltima, “Bordando galáxias, costurando universos”, além de espaçada, alguns componentes da frente não conseguiram manter o alinhamento.

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Outros Destaques

O enredo apresentado se mostrou um grande acerto, a história de Nise da Silveira e sua contribuição no campo da saúde mental merecem todo o destaque. Assim como a estreia do carnavalesco Nícolas Gonçalves, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, o jovem artista entregou um trabalho autoral e de muita criatividade.

Vestidas de Abayomi, baianas da Ilha trazem coragem para a Sapucaí

Ilha Esp01 004As baianas da União da Ilha vieram trajadas de Abayomi, a boneca de Amora, uma das personagens que guiaram o enredo “Doum e Amora: crianças para transformar o mundo”. Boneca de origem africana, na narrativa, é ela que traz calma e suporte para a menina Amora perante os desafios da infância. A fantasia veio em cores quentes, como amarelo e laranja, com o turbante com black e as faixas com desenhos de da boneca, além das senhoras também desfilarem como uma Abayomi. Ao entrevistarmos algumas delas na concentração, as baianas contaram que gostaram muito da fantasia, considerada muito bonita, colorida e representativa da ancestralidade que o enredo também evoca. Além disso, o CARNAVALESCO quis saber o que acalma o coração de cada uma antes de um desfile, como Abayomi faz com a menina Amora no enredo.

Ana Valéria Oliveira, baiana da Ilha há cinco anos, gostou da fantasia e também do significado da mesma: “É a nossa ancestralidade, sempre um resgate, e assim, muito orgulho. Toda vez que puxa pra falar do negro, do lado negro, da nossa ancestralidade, é sempre muito orgulho”. Ana, que tem quarenta e nove anos, continuou: “O enredo também tá maravilhoso, o samba fácil de cantar, tá tudo magnífico esse ano”. Sobre o que acalma o coração antes de pisar na Sapucaí, Ana Valéria falou sobre a certeza e a segurança com a fantasia: “Nesse momento agora, eu estou vestida, a minha fantasia está impecável, estou tranquilinha. A baiana fica assim, a minha fantasia está impecável. Deu tudo certo, chapéu, tudo ok. É um acalanto para o nosso coração”.

Ilha Esp01 003Tia Marinalda, responsável pelas baianas da escola, contou o que precebeu sobre a função delas: “Olha, o que eu entendi é que é a mãe baiana, mãe das crianças que vem, que estão crescendo. A educação que vem agora também daqui por diante, porque sempre teve. Mas agora pode ser que melhore mais ainda, de muito preconceito e tudo, mas está tudo melhorando, graças a Deus”. E o que acalma o coração dela, com tantas responsabilidades, em meio a cansaço e estresses, é o amor pela União da Ilha: “É amor pela escola. E as baianas têm muito amor pela escola”. Ela continuou falando da alegria de ver a ala pronta para mais um desfile: “A gente fica contente de ver todas as baianas arrumadas, felizes, entendeu? E pra gente, pra escola, é muito bom, né? Pra gente ir pra escola, a gente fica satisfeito em ajudar a nossa escola. Então, tá tudo bem. Pra mim tá tudo ok”. Citando as fantasias, Tia Marinalda elogiou como que as roupas foram feitas: “As fantasias tão lindas, muito bonitas. Foi confeccionada com muito carinho mesmo”.

“Eu tô achando a fantasia muito linda. Um pouco pesada, mas muito linda mesmo. E vai dar pra fazer um desenvolvimento legal na avenida”, contou Silvia Lemos, de sessenta e cinco anos. Ela que é baiana da União da Ilha há treze anos, falou sobre o que a faz acalmar o coração antes da responsabilidade de mais um desfile: “Olha, o que me acalma a bateria. Acredita nisso? A bateria acalma meu coração, é uma coisa surpreendente! Eu amo demais”.

Ilha Esp01 002Juisse Lázaro, de quarenta e seis anos, contou como a escolha por ser a boneca de Amora a encantou e a fez relacionar com a função das baianas: “Eu achei muito bacana do carnavalesco de fazer essa escolha, porque é uma coisa muito importante, é uma coisa que está próxima dela o tempo todo, né? É como se fosse uma proteção, e as baianas são mais do que proteção, as baianas são a bênção da escola, então eu acho que foi uma escolha perfeita”. Ela faz parte da comunidade há trinta anos, porém, está como baiana a cinco, e contou o que achou sobre o visual da fantasia: “Está linda, está colorida, está bem dentro do enredo, e muito leve, bom para a gente rodar”. Por fim, ela nos contou o que faz seu coração acalmar antes de um desfile: “É ver que a minha escola tá toda linda, toda montada e todos os componentes felizes, como hoje”.

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União da Ilha: fotos do desfile no Carnaval 2024

Tom Maior: fotos do desfile no Carnaval 2024

Operação de inteligência identifica e desmonta esquema de falsificação de credenciais para o Sambódromo

Uma operação de inteligência construída por uma colaboração entre a Liesa e a Polícia Civil do Rio de Janeiro desmontou um esquema de falsificação de credenciais para os desfiles do Rio Carnaval 2024. A equipe de segurança da Liga identificou tentativas de acesso com documentos falsos e, em contato com as autoridades policiais, chegou até uma gráfica, localizada na Zona Sul. No local, foram encontradas credenciais de tipos variados, como pista, trânsito livre e até mesmo de imprensa.

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Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval

“A equipe de segurança da Liesa vem realizando um controle rigoroso de acesso e identificou tentativas de fraude. A partir daí, trocamos informações com a Polícia Civil, que realizou a operação e tomou as providências”, ressaltou o diretor de Marketing da Liesa, Gabriel David. “Vamos agora seguir com a investigação para chegar até o responsável por produzir a arte e entregar o QR Code para que seja realizada a falsificação, além das pessoas que compraram essas credenciais falsas”, explicou o delegado Pedro Cassunde.

A Liesa ressalta que não comercializa credenciais e que tal prática é criminosa. Até o momento, três pessoas foram detidas e encaminhadas à delegacia. Elas vão responder por falsificação de documento privado (artigo 298).

Freddy Ferreira analisa a bateria da Em Cima da Hora no desfile

Uma ótima apresentação da bateria “Sintonia de Cavalcante” da Em Cima da Hora, dirigida por mestre Léo Capoeira. Um ritmo equilibrado e de impacto sonoro foi produzido, com bossas que uniram boa sonoridade e certa interação popular.

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A cozinha da bateria contou com uma afinação de surdos acima da média. Marcadores de primeira e segunda foram firmes e precisos. Os surdos de terceira contribuíram com o swing entre os graves. Pelos médios, repiques coesos e bem integrados tocaram conectados a um naipe de caixas com boa ressonância.

Na cabeça da bateria da Em Cima da Hora, uma ala de agogôs eficiente tocou junto de cuícas corretas. Um naipe de chocalhos de inegável qualidade musical se exibiu de modo sólido, intercalado de uma boa ala de tamborins, que executou uma convenção rítmica simples e consistente, mas prática e baseada na melodia do samba da escola.

Bossas pautadas pela melodia do samba-enredo da agremiação aproveitavam as nuances para consolidar o ritmo. Em uma delas os ritmistas inclusive abaixavam junto do volume do ritmo e subiam de forma progressiva, causando interação popular. A paradinha da segunda do samba tinha um grau de dificuldade mais elevado e certa complexidade, mas foi executada de forma satisfatória. Bastante funcional a viradinha mais elaborada para a caída de segunda, demonstrando versatilidade rítmica por parte da “Sintonia”. Outra paradinha com apagão durante parte do samba, trouxe o público pra festejar junto do ritmo.

A apresentação na primeira cabine (módulo duplo) se deu de forma correta, com direito a aplausos do público, graças a uma paradinha de abaixar junto com o volume, com direito a levantar fazendo uma subida progressiva. A exibição na segunda cabine foi até superior, embora a bateria tenha ficado um bom tempo parada nesse módulo. Na última cabine, mais uma apresentação segura foi até certo ponto ovacionada, finalizando o ótimo desfile da “Sintonia de Cavalcante” de mestre Léo Capoeira.

Em Cima da Hora faz desfile com grande desempenho do canto, mas apresenta problemas em evolução e alegorias

Por Raphael Lacerda e fotos de Nelson Malfacini

Com o enredo “A Nossa Luta Continua”, do carnavalesco Rodrigo Almeida, a Em Cima da Hora foi a segunda agremiação a desfilar neste sábado de carnaval. Marcada por um desfile com um ótimo desempenho do carro de som e canto positivo entre os componentes, a agremiação de Cavalcanti pecou na evolução e apresentou falhas no acabamento das alegorias.

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Comissão de frente

Sob o comando da coreógrafa Luciana Yegros, a comissão de frente representou “Minha vida é andar por este país pra ver se um dia descanso feliz”. Com 14 bailarinos – 11 homens e três mulheres -, a equipe fez uma apresentação bem tradicional e sem tripé. Marcada pela simplicidade, porém com o fácil entendimento, o segmento saiu-se muito bem em todas as cabines.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

A fantasia do casal formado por Marcinho e Winnie Lopes representou “A roda do tempo”, que simbolizou a suavidade do tempo e a complexidade do infinito. A dupla apresentou um bailado mais tradicional. Durante a apresentação na primeira cabine de jurados, o vento atrapalhou a porta-bandeira, que chegou a enrolar o pavilhão. Já no último módulo, o casal conseguiu superar as adversidades e fez uma boa apresentação. Destaque para os torneados do mestre-sala.

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Enredo

O enredo “A Nossa Luta Continua!” foi assinado pelo carnavalesco Rodrigo Almeida, e prestou uma homenagem aos trabalhadores do país, com uma crítica à precarização, injustiças sociais e destacando o poder e a luta da classe operária. Para abordar o tema, a agremiação de Cavalcanti dividiu o desfile em quatro setores: “A luta entre o homem, o tempo e a máquina”; “Manifestos, revoltas e revoluções – O homem e outros ideais de luta”; “Trabalhadores do Brasil – Novos rumos, novos tempos!” e, por último, “Entre lutas e progresso, um novo tempo!”.

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Alegorias

Os carros alegóricos eram de fácil entendimento, mas também apresentaram falhas ainda no início do desfile. A última alegoria, que representou os operários da folia, apresentou problemas de acabamento. O chapéu da escultura caiu ainda no início do desfile. Além disso, parte dela estava com acabamentos de isopor à mostra. Destaque para a criatividade do carnavalesco no abre-alas, que representou “Revoluções industriais – O capitalismo X O proletariado”. Uma roda de hamster fez referência a robotização da vida humana. A imagem retratou o esforço constante do proletariado, mas que não permite o escape das engrenagens do sistema.

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Fantasias

As fantasias ajudaram na fácil leitura do enredo por parte do público, mas apresentaram problemas de acabamento. Entre os pontos positivos, destaque para as fantasias da ala 19, que representaram “Os operários da folia”. Com estandartes de mão, os componentes representaram ferreiros, compositores, carnavalescos e todos os demais profissionais do Carnaval. Todos os estandartes possuíam a hashtag “Não é só folia”.

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Harmonia

Comandado pelo intérprete Rafael Tinguinha, o carro de som brilhou na Avenida, e conseguiu acertar todas as voltas das bossas. A comunidade abraçou o samba-enredo e mostrou um canto positivo. A harmonia da escola foi um dos destaques do desfile da agremiação de Cavalcanti.

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Samba-enredo

A obra teve autoria dos compositores Richard Valença, Orlando Ambrósio, Serginho Rocco, Marquinho Bombeiro, Anderson Alemão, Rafael Pinelzinho, Lucas Macedo, Luis Caxias, Aldir de Senna, Ricardo Simpatia, Beto BR, J. Giovani e Márcio Leandro. O rendimento foi positivo entre os componentes, impulsionados pelo entrosamento entre o carro de som e a bateria da escola. Já nas arquibancadas, a recepção foi morna. O refrão final marcava o ápice da canção entre os componentes.

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Evolução

A grande dor de cabeça para a Em Cima da Hora nesta noite. Ainda na primeira cabine de jurados, problemas com a última alegoria resultaram em um grande buraco. Após o segundo recuo da bateria, a escola avançou muito e resultou em um novo vão. As alas que vinham logo atrás precisaram correr para preencher o espaço vazio. Na sequência, a evolução acelerou de forma nítida. Apesar disso, a comunidade desfilou alegremente e conseguiu brincar Carnaval ao longo de boa parte do desfile.

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Outros destaques

Destaque para a bateria “Sintonia de Cavalcanti”. Sob o comando do mestre Léo Capoeira, os ritmistas brilharam na Passarela do Samba. Destaque para a criatividade do segmento: durante a bossa, a direção erguia um cartaz com a frase “Estamos em greve”, em referência à luta da classe trabalhadora.