Início Site Página 37

Carnavalesco Murilo Lobo renova com a Estrela do Terceiro Milênio

A Estrela do Terceiro Milênio renovou com o carnavalesco Murilo Lobo para o próximo carnaval. O artista promoveu enredos inovadores para a escola, sendo o ano de 2022 o mais impactante, onde foi uma grande homenagem às mulheres e a escola conseguiu o acesso para o Grupo Especial pela primeira vez em sua história. O carnavalesco também foi responsável por carnavais antes desse, além das homenagens para Vovó Cici e o tema inovador do “Manifesto LGBT”. Murilo quebra a escrita para o segmento de carnavalesco e em 2026 vai para o décimo carnaval com o Grajaú. Veja a nota.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

TerceiroMilenio et CarnavalescoMuriloLobo 1
Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

“Renovado!

Nosso mestre da criatividade segue mais um ano assinando o desenvolvimento e as plásticas do nosso Carnaval! Boa sorte, Murilo! Que venha mais lindo desfile, em 2026!

Esse é um ano especial para o nosso Carnavalesco que completou 10 anos assinando desfiles. Parabéns, Murilo! Que venham mais 10, 20, 30 anos!”

Sinopse do enredo da Estácio de Sá para o Carnaval 2026

APRESENTAÇÃO
…alguns negros querem, custe o que custar
demonstrar aos brancos a riqueza do seu
pensamento, a potência respeitável do seu
espírito… (Fanon)

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

logo estacio2026

Tata Tancredo. O Papa Negro no Terreiro do Estácio

O enredo do G.R.E.S. Estácio de Sá para o Carnaval de 2026 apresenta uma narrativa permeado de oralidade, sobre Tancredo da Silva Pinto (Tata Tancredo), e traz o mote com escritas sobre sua passagem neste plano terrestre, bem como uma linha imaginária de sua chegada ao orum, liderança frente a umbanda omolocô e atuação no carnaval carioca que serão adaptados artisticamente e carnavalizados. Nascido em Cantagalo, território Fluminense do Estado do Rio de Janeiro antiga Guanabara, Tancredo trazia em seu DNA, à cultura religiosa, a cultura do samba e a cultura do Carnaval, pois seu avô materno, pai e tia tinham envolvimentos culturais com a religiosidade, jongo, samba e Carnaval. Seu nascimento se deu no início dos anos novecentistas, portanto vivenciou na infância e vida adulta a cultura elitista das teorias científicas do branqueamento e do misticismo, ou seja, um projeto de estado de apagamento das culturas negra e indígena, fortalecendo assim a cultura europeia.

Ainda jovem Tancredo foi iniciado como filho de Oxóssi, por Tia Benedita e Tio Bacayodé, ambos de linhagem banto, seu envolvimento ao chegar a terras cariocas se intensifica com o samba através dos grandes mestres do Morro de São Carlos, amizades que o levou a fazer parte da constituição da primeira Escola de Samba do Brasil, a Deixa Falar atual Estácio de Sá e se integrar em terreiro de umbanda na comunidade. Ele marcou sua trajetória cultural com o samba e religiosidade sendo membro da Liga da União das Escolas de Samba, confederação e associações umbandistas e ordem dos músicos. Foi um dos compositores da canção General da Banda, cantada por Blecaute, sucesso do carnaval dos anos 50, cuja letra inicialmente seria um ponto para Ogum, além de compor Jogo Proibido considerado o primeiro samba de breque gravado por Moreira da Silva, e, muitos pontos de saudações aos orixás.

O enredo busca estabelecer as relações de Tatá Tancredo com o samba e especialmente com religiosidade ao identificar sua relação ainda menino com sua crença. Como também sua confirmação aos 20 anos de idade conferida pelo babalorixá Ganga Zumbi (Carlinhos Guerra) que lhe outorga o deká e cargos como: Tatá de Inkiquice e Thai (Oluwa de Ifá), o que representa o sumo sacerdote de Orumilá Ifá. Sua iniciativa ao edificar entidades sociais umbandistas, começa através de uma mensagem que recebe de Xangô no terreiro na cidade de Duque de Caxias, de sua tia Olga da Mata e seu tio Paulino da Mata. Na incorporação Xangô aconselha que ele deveria se dedicar a formação de entidades e ações que erguesse a umbanda como sendo uma prática de ancestralidade negra, assim como tinha participado na formação da Liga da União das Escolas de Samba.

E assim, ele se empenha na mensagem de Xangô, e nessa luta pelo reconhecimento da umbanda com raízes africanas fica conhecido como o “Papa da Umbanda omolocô”. Assim, o Papa da Umbanda 12 agrega em suas iniciativas outros segmentos umbandistas vislumbrando o amparo de uma umbanda detentora de raízes africanas. Logo, sua diligência em sistematizar a religião o faz criar ferramentas para dar voz e vez ao povo do santo, em defesa de uma umbanda africanizada. E dessa forma o uso de escrituras de livros, colunas de jornais e criação de eventos no Rio de Janeiro e em outros estados, faz parte da construção de uma umbanda sincretizada. Os exemplos das escritas são: o jornal O Dia, Gazeta de Notícias e 30 livros como: Mirongas de Umbanda, Eró da Umbanda, Cabala Umbandista entre outros. Nas festas as representatividades foram: homenagem a Iemanjá nas praias do RJ, que era em fevereiro e depois passou para 31 de dezembro, Preto Velho em Inhoaìba, Rio de Janeiro, que acontece até a atualidade na Praça Adolfo Lemos, Festa de Ialoxá da Pampulha, Cruzandê, em Betim, Minas Gerais, e a festa de Xangô em Pernambuco.

Tatá Tancredo no Rio de Janeiro buscou se aproximar de figuras relevantes para desempenhar celebrações religiosas e, por conseguinte, difundir sua visão cultural sobre umbanda ao promover encontros com discussões sobre a religiosidade. Nesse contexto, o estádio do Maracanã foi palco de um grande encontro entre umbandistas e demais personagens. E sua participação religiosa em pleno vão central da Ponte Rio-Niterói com a presença de políticos e outras entidades religiosas, na unificação dos estados Rio de Janeiro e da Guanabara, evento denominado “Rosas no Mar Unificam a Umbanda” nos mostra sua influência como religioso de matriz africana na cidade do Rio de Janeiro. E dessa forma o Papa da Umbanda faz uso de estratégias de astúcia se posicionando frente aos grupos sociais, espaços públicos entre outros para afirmar a negritude e hibridização da cultura religiosa negra africana com a cultura umbandista. Dando ênfase a umbanda omolocô, como sendo uma ramificação dessa religião, que em suas normas litúrgicas apresenta elementos e práticas utilizadas no continente africano.

Com tais táticas de penetração no universo político e social da cidade, o Papa da Umbanda tinha o desígnio de decidir questões teológicas relacionadas a um plano de institucionalizar a religião de matriz africana. A todo o momento o líder umbandista buscava, junto com outros líderes da ocasião, exibir seus entrosamentos acerca da religião, de forma a apresentar um enfrentamento pacifico nos espaços públicos e frente aos negacionistas da fé e práticas afro-carioca e umbandistas. Sua luta deixa o legado que são os terreiros de umbanda e suas diversas denominações na cidade do Rio de Janeiro, e mesmo com sua morte em 1979, quando deixa esse plano, a umbanda omolocô e outras ramificações cariocas se mantém firme e resistente, após décadas de luta e obstinação serena do Papa da Umbanda. E sua passagem para o orum por conta de sua dedicação, certamente foi um grande xirê 13 entre orixás, caboclos, o povo das almas, erês e exus em uma celebração a sua chegada no plano espiritual.

Dessa forma, a Primeira Escola de Samba do Brasil, também fundada por ele, reafirma a mensagem de Tancredo da Silva Pinto sobre a diversidade religiosa, a afirmação identitária e a resistência negra, celebrando essas dimensões com o amor, a intelectualidade e a alegria que sempre marcaram a trajetória do homenageado.

SINOPSE

Tata Tancredo. O Papa Negro no Terreiro do Estácio

Ele veio de tão longe para saravá o uendá (Bis) Bendito
louvado seja, ele é o rei do Panaiá! (Bis) Bate o bumbo
lá na aldeia Auê êá!. Salve Oxóssi! Salve Tatá Tancredo!
Meu banzo pra você está/O ifá que decide/Orunmilá ore
mi….Todo lugar Nigéria/Outro lugar Benin. (Orunmilá: Maracutaja).
Chegou o general da banda, he he/Chegou o general da
banda, he a/ General,general/Mourão mourão/Vara
madura que não cai/Mourão muorão/Catuca por baixo
que ele vai.(Compositor: Tatá Tancredo).

Festejo ao Guardião das Raízes Afro-brasileiras

Tancredo da Silva Pinto optou por defender a cultura religiosa afro-brasileira e seus legados por meio das celebrações e festejos, pois essas manifestações representavam uma das mais marcantes lembranças de sua infância, vividas em um ambiente familiar envolto pela musicalidade, pelos batuques sagrados e pelas festividades carnavalescas entre outras. Dessa maneira, participou de criações de importantes celebrações religiosas e carnavalescas, reafirmando a identidade cultural e religiosa, além de promover momentos de comunhão, solidariedade e festejos. Mais do que um pai de santo foi compositor de sambas, pontos de umbanda e escritor, Tata Tancredo foi um defensor da liberdade de um culto sincrético, foi um guerreiro incansável da cultura afro-brasileira, deixando um legado que ainda ressoa nos terreiros, nas rodas de samba e nos cortejos carnavalescos. Seu nome e sua história permanecem vivos na força dos tambores e no esplendor das cores que irão atravessar a Avenida Marquês de Sapucaí.

O Berço da Tradição e Espiritualidade

A história de Tata Tancredo se inicia nas terras de Cantagalo, região de grande tradição cafeeira e marcada pela presença de ex-escravizados. Filho de Belmiro da Silva e Edwirgens Miranda Pinto, Tancredo descende de uma linhagem que valorizava a cultura, resistência e religiosidade, pois seu avô materno, Manoel Miranda, era fundador de blocos carnavalescos como o “Bloco Avança” e o “Treme Terra”. Sua tia Olga da Mata, conhecida como Rainha Ginga, destacava-se no “Cordão Místico”, também constituído pelo avô de Tancredo, que apresentava uma mistura de samba de caboclo com ritual africano, demonstrando a forte presença das tradições afro-brasileiras no carnaval da época, traços marcantes em sua constituição familiar. Desde jovem, Tancredo teve seu primeiro contato com o carnaval, fascinado pelos cortejos dos blocos e cordões que desfilavam em sua cidade. Essa vivência que se deu em um momento que o projeto de estado era exorcizar a cultura negra e indígena, marcou profundamente sua trajetória de militância pacífica, o que não abalou suas defesas frente às culturas religiosas e do samba na cidade carioca.

Aos 13 anos ele tinha forte atração pelos toques para os Exus, nessa idade foi iniciado espiritualmente, por Tia Benedita e Tio Bacayodé, sendo consagrado ao dono do seu ori, Oxóssi. Sua migração para o Rio de Janeiro trouxe consigo não apenas sua fé, mas também sua missão de preservar a herança africana na religião.

Na cidade de Duque de Caxias, sua tia Olga da Mata fundou um terreiro chamado São Manuel da Luz, fortalecendo os laços entre família, religião e cultura afro-brasileira e uma defesa ao sincretismo religioso sendo constituído através dos aprendizados exercidos na umbanda africanizada.

Raízes no Samba Carioca

No Rio de Janeiro, Tancredo se estabeleceu no Morro do Salgueiro e mais tarde no Morro do São Carlos, berço do samba que teve relações estreitas com Baiaco, Brancura, Heitor dos Prazeres e Ismael Silva. Tancredo também teve participação fundamental na fundação da primeira Escola de Samba do Brasil, a Deixa Falar, no bairro do Estácio, ao lado de grandes mestres do samba, bem como frequentador de terreiro de umbanda da comunidade e mais tarde ajudaria a fundar a Liga da União das Escolas de Samba. Ao fazer parte do momento histórico que marcou a transição dos blocos carnavalescos para o modelo das escolas de samba, que foi a base do carnaval moderno, ele se fez presente com intensidade. E assim, o Papa da Umbanda reafirma sua luta na preservação das raízes africanas e penetra na trajetória do mundo do samba. Como profissional trabalhou como estafeta, entregador de telegramas nos correios, e ao mesmo tempo fortalecia sua arte e espiritualidade. Suas músicas gravadas pelos cantores Blecaute e Moreira da Silva ganharam espaço nos anos 1930. General da Banda em homenagem a Ogum lhe rendeu subsídios financeiros para atender ao pedido de Xangô em criar uma instituição em defesa dos umbandistas, e Jogo Proibido considerado o primeiro samba de breque. Ao conviver com icônicos do Morro de São Carlos consolida um elo entre o samba e a umbanda na cidade carioca.

Tancredo foi responsável ao liderar o movimento de reafricanização da umbanda, confrontando a vertente “branqueada” da religião que inicialmente fortificava elementos europeus na religião. Ele defendia que a umbanda trazia em sua constituição elementos africanos, portanto, não era apenas uma umbanda com elementos indígenas e europeus como muitos protegiam e identificavam na época. Suas obras literárias e sua coluna semanal no jornal O Dia espalharam seus conhecimentos por mais de 25 anos, o que foi uma estratégia de penetração social e defesa pacífica, através da mídia e da literatura em amparo a uma umbanda também africanizada.

O Papa da Umbanda Omolocô e Seu Legado: A Consagração da Fé Afro-brasileira

As águas sempre estiveram presentes na trajetória de Tata Tancredo, no simbolismo espiritual, uma vez que sua fé em Iemanjá como rainha do mar marca sua presença em dois grandes eventos em que ele participa e promove (Réveillon e Ponte Rio Niterói). A Festa de Iemanjá, criada por ele, tornou-se um marco de devoção, inspirando a tradição do Réveillon de Copacabana, espaço em que por muitos anos os terreiros se encontravam nos primórdios da festividade. Sua visão de promover a união entre religião, música de preto, pontos de saudações e celebração popular, fez do evento um espaço de contemplação à espiritualidade. Todavia, na atualidade esse mesmo evento, atrai multidões para saudar o novo ano com espetáculos de fogos de artifícios, shows e músicas eletrônicas, não mais com a lógica espiritual fomentada pelo Papa da Umbanda. Ao promover o movimento da festividade Cruzambê, um espaço sagrado para os religiosos, que é celebrada em Betim, Minas Gerais, o Papa da Umbanda, intensifica e reforça com seus pares que o Cruzeiro das Almas (cruzambê), um símbolo em que se cultua as almas e se dá comida, e que tem como finalidade caracterizar uma vinculação com os orixás e espíritos ancestrais. E assim ele fomenta sua visão religiosa nesta região.

A luta de Tata Tancredo pela valorização e respeito às religiões de matriz africana se materializou em grandes eventos que deram visibilidade à umbanda e suas raízes africanas. A Festa da Fusão, realizada na Ponte Rio-Niterói (o ritual “Rosas no Mar Unificam a Umbanda”), e o evento “Você Sabe o Que é Umbanda?”, no Estádio do Maracanã, demonstram seu papel como líder espiritual e defensor da identidade afro-brasileira. Além disso, criou e organizou diversas festas religiosas pelo Brasil, entre elas: Festa de Ialoxá na Pampulha, Belo Horizonte (MG), Festa de Preto Velho em Inhoaíba (RJ) e Festa de Xangô em Pernambuco.

Tancredo em suas atitudes frente a defesa de uma umbanda africanizada trazia conhecimentos, promovia festividades e encontros de forma polida sem agredir a compreensão de outros seguidores da umbanda. Ele simplesmente solicitava através de suas convicções uma concepção sobre a existência dos traços da cultura africana nos diversos segmentos da umbanda, o que para ele era legítimo e legível a presença de certas práticas ritualísticas e elementos litúrgicos utilizados nas religiões de raízes africanas nos terreiros de umbanda.

Xirê para Tata Tancredo No Terreiro do Estácio – O Mensageiro de Orunmilá Ifá

“A religião é o laço entre Deus e os homens. Todas as idéias
religiosas têm, pois, um fundamento comum, que é a existência
do Ser Supremo, a manifestação de sua vontade através das
forças naturais, o destino do homem após sua morte. (…) A
proporção que caminhamos na senda do conhecimento, mais e
mais se nos afigura demonstrar a unidade fundamental do
sentimento religioso que independe das condições de raça e
cultura” (Freitas e Tata Tancredo).

Em sua chegada ao plano espiritual, na encruzilhada entre o Òrun e Àiyé, os tambores ecoam, chamando todos os guardiões da ancestralidade. O grande terreiro celeste se ilumina, e Exus, de gargalhada solta e passos firmes, abrem os caminhos para o batuque. Com seus cocares coloridos, os Caboclos chegam à dança guerreira, trazendo folhas sagradas e ervas de cura. Os Pretos-Velhos, com seus cachimbos perfumados e olhares serenos, unem-se ao redor, contando histórias de resistência e fé em uma roda falangeira.

Eis que os Erês surgem em giros alegres, espalhando risos e flores pelo espaço sagrado. Os Orixás, majestosos, ocupam o terreiro sagrado de pé para consagrar, e à frente deles, Orunmilá Ifá ergue sua mão para abençoar o escolhido. Tata Tancredo se aproxima com humildade, vestindo um manto tecido com fios da memória ancestral. Em suas mãos carrega todo seu conhecimento terrestre, através das palavras leva o axé do tambor, com seu canto, além da força espiritual que liga o ontem, o hoje e o amanhã. És o mensageiro da sabedoria de Ifá que agora é celebrado por nós! Anuncia Xangô, batendo seu oxé contra as pedras flamejantes e diz também. “Que tua voz jamais se cale mesmo nesse plano!” “Tu defenderás, ainda que espírito, as raízes e a memória do povo preto!” Completa Nanã, ao dizer:” com sua água serena, limparás os caminhos da ignorância daqueles que na Terra habitam e que habitarão!”

Iemanjá lança sobre ele, em seu ori, as águas do oceano, Oxum o amor e o brilho das riquezas, e Ogum ergue sua espada, garantindo proteção nesse novo plano. Oxalá, com suas vestes brancas reluzentes, derrama sobre Tata Tancredo suas águas purificadoras, concedendo-lhe clareza, paciência e sabedoria em sua nova morada.

O xirê que reverencia sua missão que não era travada com armas, mas com palavras, cantos e conhecimento, uma luta guiada pelo respeito às tradições, pelo resgate da memória ancestral e pela resistência cultural. Cabe salientar que ele enfrentou as injustiças não com a força bruta, mas com o axé de sua fé, levando adiante a luz da ancestralidade africana para que nunca se apague. Por fim, Oxossi, dono do seu Ori, ergue seu ofá e proclama: “É caçador da verdade, guardião da memória e guia daqueles que buscam as raízes de seu povo!”

E então, coroado com o brilho da história e o peso da missão, Tata Tancredo dança entre os ancestrais, sua alma pulsando com os tambores eternos. No grande terreiro do Orun, a festa não tem fim, pois a luta pela ancestralidade é um canto que nunca se cala e nunca se apaga.

AUTOR: Carnavalesco – Marcus Paulo
AUTORA: Enredista – Cristina Silva

Referências:
BYRON Tôrres De Freitas e TANCREDO Da Silva Pinto. Impressionantes Cerimônias da Umbanda EDITORA SOUZ: Rio de Janeiro.1955
CABRAL, Sérgio. As Escolas de samba do Rio de Janeiro. RJ: Lumiar,1996.
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: Estratégias Para Entrar e Sair da Modernidade. SP Edusp, 2013.
COSTA, Haroldo. 100 Anos de Carnaval no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Record, 2004.
CUNHA, Maria Clementina Pereira. “Não tá sopa”. Samba e sambistas no Rio de Janeiro, de 1890 a 1930. São Paulo: Editora Unicamp, 2015.
BAHIA, Joana. O Rio de Iemanjá: uma cidade e seus rituais. Revista Brasileira de História das Religiões.Maringa Universidade Estadual de Maringá,2017.
BAHIA, Nogueira, Farlen. Tem Angola na umbanda? Os usos da África pela Umbanda Omolocô. Revista Transversos. Dossiê: Histórias e Culturas AfroBrasileiras e Indígenas – 10 anos da Lei 11.645/08. Rio de Janeiro,UERJ,2018.
FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. SP: EBU, 2020.
FERNANDES, FLorestan.A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Ática, 1978.
KILOMBA, Grada. Mmemórias da Plantação. Episódios de racismo cotidiano. Cobogo, Rio de Janeiro, 2019.
LOPES, Nei. Dicionário da Antiguidade Africana. RJ: Civilização Brasileira. 2021.
LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. SP: Selo Negro. 2021
MARTINS, Leda Maria. Performances do Tempo Espiralar. Editora Cobogó. 2011.
NOGUEIRA, Farlen de Jesus. “O papa da umbanda omolocô”: Tancredo da Silva Pinto, clivagens e disputas no campo religioso umbandista do Rio de Janeiro (1950 – 1979). São Gonçalo: UERJ,2020.
ORTIZ, Renato. A morte branca do feiticeiro negro. Umbanda e sociedade brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1991.
RIOS, Ana Maria; MATTOS, Hebe Maria. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas. RJ: Topoi, 2004.
ROCHA, José Geraldo, SILVA, Cristina da Conceição. Traços da religiosidade africana no Carnaval carioca. BH: Horizonte, 2013.
RUFINO, Luiz. CAZUÁ. Onde O Encanto Faz Morada. Paz e Terra: Rio de Janeiro 2024.
SILVA, Sormani da. Escola de Samba Deixa Malhar, batuques e outras sociabilidades no tempo de Mano Elói na chácara do Vintém entre 1934-1947. Rio de Janeiro: Centro Federal de Educação Tecnológica, 2014.
SILVA, Cristina da Conceição, Patricia Luisa Noguueira Rangel, e José Geraldo Rocha. 2014. Do Batuque
Do Samba Ao Batuque Do Funk: Culturas Negras Da Periferia Carioca. RJ: Autografia 2017

Liesa propõe mudanças no formato de julgamento do Carnaval 2026; conheça algumas propostas

Em participação no podcast “Só se for agora”, de Jorge Perlingeiro, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David, revelou novidades que começaram a ser apresentadas aos 12 representantes das agremiações do Grupo Especial do Rio de Janeiro e que podem entrar no novo formato de julgamento, caso sejam aprovadas nas plenárias. A mais significativa, que pode ser válida para o ano que vem, é o fim do descarte da menor nota de cada quesito, ou seja, todas notas dadas valeriam para o resultado final.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

gabriel david podcast
Foto: Reprodução de internet

“Temos duas semanas seguidas de simpósio. A primeira com os dirigentes da Liga e os representantes das escolas. Na segunda semana, vamos receber os julgadores que atuaram no Carnaval 2025. Fizemos um estudo e definimos para o aumento do número de julgadores de cada quesito, não é para aumentar o número de notas válidas ou paradas das escolas. Vão ser seis julgadores por quesito e no domingo de carnaval haverá um sorteio e vão ser definidos os quatro que vão julgar na Avenida. Vamos também mais do que dobrar a remuneração dos julgadores. Além disso, vamos apresentar para os presidentes a proposta do fim do descarte da nota menor de cada quesito, aí a plenária decide o que será feito”, revelou Gabriel David.

Segundo o presidente da Liesa, uma outra proposta é que cada um dos nove quesitos de julgamento, tenha subquesitos, priorizando a criatividade.

“Fizemos um estudo, que partiu de várias pessoas, para um novo modelo do Manual do Julgador. Dentro de cada quesito, a proposta é ter subquesitos (como acontece em Samba, que é dividido em melodia e letra). O julgador vai deixar de ser um mero conferidor de dados. Isso vai tirar o excesso de notas 10 e dar mais competitividade. Vamos dar o privilégio para quem é mais criativo. Deve entrar em todos os quesitos. Ainda estamos no momento de discussão e depois vamos levar para votação”, explicou Gabriel David.

O presidente da Liesa frisou que a proposta de mexer no Manual do Julgador visa também facilitar o entendimento do grande público de como funciona a competição.

“Esse novo modelo que está sendo debatido vai aproximar os leigos e apaixonados do modelo de julgamento. Hoje, muita gente discute, sem entender o modelo que cada julgador adota. É até melhor para ampliar a discussão. A ideia é facilitar o entendimento da competição, como você ganha e como perde nota”.

Gabriel David ressaltou que o formato do fechamento das notas, após cada dia de desfile, foi aprovado para o Carnaval 2026. Dessa vez, houve unanimidade entre todas escolas.

“As próprias escolas entenderam que o formato de fechamento das notas após cada dia de desfiles é o mais justo. Por isso, foi unanimidade entre os presidentes. O entendimento é que o julgamento é com base no Manual do Julgador. Não é comparativo com as outras escolas que desfilam no mesmo dia”.

Tuiuti apresenta equipe multidisciplinar para o casal de mestre-sala e porta-bandeira

O Paraíso do Tuiuti apresentou a equipe que vai cuidar do casal de mestre-sala e prota-bandeira, Rebeca e Vinícius, para o Carnaval 2026. Conheça cada um deles:

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

equipe casaltuiuti
Foto: Divulgação/gipeproducao

Celeste Lima
Professora de dança e ensaiadora graduada pela Faculdade Angel Vianna, coreógrafa e preparadora artística de casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira ao longo de 16 anos consecutivos em diversas escolas do Grupo Especial e da Série Ouro do Carnaval do Rio de Janeiro.

Eraldo Silva
Personal, um profissional da área de educação física especializado em treinamento personalizado, com foco em saúde, performance e bem-estar. Atua com programas adaptados às necessidades individuais.

Victor Cavalcante
Começou no Carnaval em 2018, como Diretor de Harmonia. No mesmo ano, começou a apresentar casais de MS & PB. Está no Tuiuti desde 2019, e, no ano de 2022, começou a apresentar o segundo casal da escola.

Peruche confirma permanência do coreógrafo Carllos Alves

Nesta segunda-feira a Unidos do Peruche anunciou a renovação do coreógrafo da comissão de frente Carllos Alves. O comandante da ala que inicia os desfiles vai para o segundo carnaval com a ‘Filial do Samba’. Em 2025, a comissão de frente da escola teve a felicidade de alcançar os 40 pontos na apuração, levando a abertura dos caminhos em homenagem ao último cardeal do samba, Seu Carlão. A coreografia contou com bailarinos vestidos em diferentes cores, tambores, tripés e crianças, tendo realmente uma criatividade das maiores do grupo. Veja a nota:

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

coreografo peruche
Foto: Divulgação/Peruche

“É com o coração cheio de orgulho que anunciamos: Carllos Alves está renovado como coreógrafo da comissão de frente da Unidos do Peruche! 💙💛💚

Mais do que passos marcados e coreografias impactantes, Carllos entrega alma. Ele traduz em movimento o que a nossa escola sente no peito: amor pelo samba, respeito pela nossa história e coragem para inovar sem perder a raiz.

Sua entrega vai além do palco.. é emoção que arrepia, é arte que transforma, é identidade que se firma a cada desfile. Com ele, a comissão de frente não só abre os caminhos da avenida, mas também os nossos corações.

Seguimos juntos, firmes no compasso da nossa tradição e no brilho do nosso futuro. Que venham mais emoções, mais superações e mais espetáculos inesquecíveis!”

Chapa Portela Verdade, de Fábio Pavão, retira candidatura da eleição presidencial

A chapa Portela Verdade, encabeçada por Fábio Pavão e Luis Carlos Magalhães, anunciou nesta segunda-feira a decisão de não participar da eleição presidencial da Majestade do Samba, que deve acontecer ainda em maio, mas sem data prevista. Veja abaixo o comunicado publicado nas redes sociais.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

portela grava25 1
Presidente Fábio Pavão
“Aos portelenses,
Considerando a conjuntura política do G.R.E.S Portela e os agentes envolvidas diretamente nesta disputa de 2025, comunicamos que estamos retirando nossa candidatura. Como manda a boa tradição democrática, orientamos aos nossos sócios apoiadores consciência e reflexão nesta que será a eleição com o maior número de eleitores da história da Portela, usufruindo de sua liberdade para criticamente escolher um dos lados concorrentes.
Ao longo dos últimos 12 anos, construímos uma escola mais democrática, inclusiva e competitiva, tendo conquistado o título de 2017 e as melhores colocações da Portela desde a década de 1980. Com responsabilidade, reduzimos as dividas e cumprimos a função essencial de uma escola de samba agir como parte da Sociedade civil.
Desejamos sorte aos novos gestores.
Assumimos publicamente uma posição de neutralidade e de garantia de um processo limpo e justo.
Grupo Portela Verdade”

Em Cima da Hora anuncia volta do intérprete Igor Pitta

A Em Cima da Hora anunciou na noite desta segunda-feira o retorno do intérprete Igor Pitta. Ele ocupará a vaga deixada por Charles Silva. Veja abaixo a publicação da escola.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

igor pitta
Foto: Arquivo pessoal

“A Em Cima da Hora tem a honra de anunciar o retorno de Igor Pitta ao nosso microfone principal!

Com passagens marcantes pela escola, Igor brilhou na Sapucaí em 2023, conquistando os prêmios de Revelação e Melhor Intérprete da Série Ouro. Agora, ele retorna à casa onde fez história, pronto para mais um grande Carnaval!

Bem-vindo de volta, Igor”

Feliz por desfilar na terça, Gabriel Haddad diz que Vila Isabel terá grande enredo

A Vila Isabel anuncia no próximo dia 10 de maio o enredo para o Carnaval 2026. A ansiedade é grande. Será o primeiro da dupla de carnavalescos, Leonardo Bora e Gabriel Haddad, na escola do bairro de Noel. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Haddad citou que a agremiação terá um grande enredo. Ele também festejou desfilar na terça-feira de carnaval no ano que vem.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

bora haddad
Foto: Divulgação/Grande Rio

“Terceira de terça-feira é uma ordem maravilhosa. A gente já imaginava que seria na terça, aquela coisa, aquela intuição que a gente tem. A gente está feliz, claro. Na verdade, não importa mais dia, não importa mais horário, a nota está fechando no dia, não tem mais onde correr. Vamos para a luta, com um grande um enredo e consequentemente, um grande samba”, afirmou o artista.

Haddad citou que a saída da Grande Rio foi muito tranquila e de forma transparente com a escola de Duque de Caxias.

“A nossa história dentro do carnaval foi construída na Grande Rio. Tudo foi muito importante. A gente já frequentava a quadra da Vila Isabel e tínhamos amigos. Agora, vamos trabalhar juntos. A gente sempre relaciona com muito diálogo. Gostamos de ser verdadeiros. Tivemos uma conversa franca com a Grande Rio e tudo aconteceu de forma muito respeitosa”.

  • Colaborou Raphael Lacerda

Mestre Sombra comemora Estrela do Carnaval e exalta todo o time da Ritmo Puro: ‘São todos por um’

É incrível a longevidade da bateria “Ritmo Puro”. O mestre Sombra, que chegou à escola no começo dos anos 90, se mantém como um dos melhores mestres de bateria do carnaval. Não só pela batucada, mas também pela liderança exercida perante seus ritmistas e diretores formados. A característica da bateria sempre foi muito elogiada desde que ele assumiu, há mais de 30 anos, e vem sendo assim até os dias de hoje. Em 2025, a “Ritmo Puro” executou grande criatividade dentro do seu som, além de empolgar a comunidade com o samba-enredo, vencendo o prêmio Estrela do Carnaval de melhor bateria do Grupo Especial. O mestre Sombra conversou com o CARNAVALESCO e explicou o trabalho feito e as superações enfrentadas neste ciclo.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

estrelasp25 36
Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Prêmio 

Sombra falou sobre a sensação de ganhar o Estrela. De acordo com o mestre, mostra que todo o trabalho foi executado da maneira que realmente queriam. “Ganhar o Estrela do Carnaval é prazeroso, massageia o ego, sim. É muito bom, pois sentimos que o trabalho surtiu efeito e chamou a atenção nas mudanças executadas, e mostra que a proposta de trabalho atingiu as metas”, afirmou.

Time forte

Como é sabido, o mestre teve que se afastar por um tempo em razão da sua saúde. Foi mais de um mês sem atividade com a “Ritmo Puro”, e só conseguiu voltar aos treinos beirando os ensaios técnicos. Segundo o mestre, essa superação serviu para mostrar que a equipe é forte e unida. “O meu problema de saúde este ano mostrou que o trabalho da minha equipe funciona. Na minha ausência de 40 dias, sem contato com a bateria, escola e ensaios, pude ter um feedback de que são todos por um e um por todos, e o pavilhão vem em primeiro lugar. Eles tiveram essa responsabilidade de cumprir uma missão mesmo sem o líder principal presente. Isso não tem preço. Me mostra que ser líder é fazer com que sua equipe funcione mesmo você não estando. O trabalho não descarrilhou”, declarou.

Desfile com o filho

Seu filho, Sombrinha, se tornou verdadeiramente mestre após ser contratado pela Pérola Negra em 2025. Sombra, como pai, pôde desfilar ao lado dele e contou que foi uma emoção a mais no carnaval, além do fato de ter sido criado na Vila Madalena. “Se tornou muito importante isso. Ele vai ganhar mais experiência e maturidade. Não é só a questão de vir ao lado dele, mas tem uma história. Eu fui criado na Vila Madalena, estudei e cresci lá, toquei na bateria mirim da Pérola, e passa um filme na cabeça ver pessoas que te conheceram criança. Foi uma emoção ímpar por toda a atmosfera criada”, concluiu.

Morro da Casa Verde anuncia enredo para o Carnaval 2026

A escola Morro da Casa Verde divulgou seu tema para o próximo desfile. O Morro, que ficou na quinta colocação do Acesso 2 em 2025, novamente vai em busca da volta para o Acesso 1. Para isso, mais uma vez aposta em uma temática religiosa, abordando a história de Santo Antônio da igreja católica, onde na matriz africana é representada por Exu da Lira. Veja a nota:

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

“ENREDO DO MORRO 2026! 🔥

morrocasaverde enredo2026

Uma história de fé e devoção que atravessa positivamente, o Morro da Casa Verde para o carnaval 2026 vem contar a história de Santo Antônio, o santo mais popular da Igreja Católica, e festejado entre as que entidades de esquerda, que através da fé do Exu da Lira ganhou um lugar no conga umbandista”.