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Confira a sinopse do enredo da Botafogo Samba Clube para o Carnaval 2025

“Uma Gloriosa História em Preto e Branco”

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Sinopse

Falar do teu passado é como ouvir um disparo que há séculos ecoa:

FOGO!

Artilharia a postos. No ataque, o maior navio de guerra de seu tempo. Com canhões “boca de fogo”, o São João Baptista, apelidado… “Botafogo”! Sim…

Botafogo, Botafogo, galeão desde 1534.

Na tripulação, o heroico oficial, que, pela Conquista de Túnis, ascende ao posto de Capitão: João Pereira de Sousa, o Artilheiro. Herdeiro do apelido da embarcação, passou a ser Botafogo também, registrado, inclusive, como nome de família. Já em terras cariocas, com bravura enfrentou outros adversários, os invasores franceses. Por fim, se estabeleceu em uma sesmaria, que ficou conhecida por sua alcunha e deu origem ao nome do teu bairro.

Teu lugar… Banhado pelas águas calmas da enseada, era perfeito para a prática de esportes aquáticos, como o remo. Ali, em 1894, é fundado o Club de Regatas Botafogo, abrindo caminho para tua gloriosa história. Fostes o primeiro a vencer o campeonato nacional do esporte, sucesso também creditado à “Diva”, nome dado à embarcação que te presenteou com tantas vitórias. Sobre as águas e o firmamento como testemunha, os remadores treinavam antes do raiar do dia, e aEstrela D’Alva por companhia. Brilhante e solitária, na verdade, um planeta: Vênus. Não por acaso, deusa do amor. Amor que marcará gerações.

À Beira-Mar, o Pavilhão de Regatas reunia centenas, atraídos pelos torneios. Outros, a certa distância, também observavam. Eram banhistas que, à moda da época, assistiam e desfrutavam de um dia de sol na saudosa – sem trocadilhos – Praia da Saudade.

Bela época, em que a maravilhosa cidade era capital do país… Em que teu nobre bairro era cenário elegante de palacetes e de outro importante pavilhão, O Mourisco, a imponente construção que funcionou como restaurante, um dos endereços mais chiques da região. Décadas depois, demolido, abrigaria, em seu lugar, outros “mouriscos”, que no futuro seriam tuas sedes.

Da água pro campo gramado, outro esporte começava a encantar a população. Em 1904, um grupo de estudantes fundou um clube de futebol, batizado Electro Club. Mas logo entra em cena a figura de D. Chiquitota, avó de um dos rapazes. Foi ela que sugeriu um novo batismo. E assim nasceu, no mesmo bairro, a outra parte de ti: o Botafogo Football Club. Três anos depois, já dividias a conquista de um campeonato, mas é pelo Carioca de 1910 que serás sempre saudado:

“Tu és o Glorioso!”

Quis o destino que, de forma trágica, tuas duas metades se unissem. Foi em 1942, durante uma partida de basquete, modalidade comum aos quadros dos dois clubes, que o coração de Albano, atleta do Football Club, sucumbisse. O que partiu o coração de todos os presentes foi, por ironia, o que te uniu no que hoje és: Botafogo Futebol e Regatas, “O Mais Tradicional”.

Teus hinos registram a história e as glórias, mas o mais popular deles, composto pelo Rei das marchinhas carnavalescas, Lamartine Babo, é o mais polêmico. Mas, certamente o que te imortalizou.

Na tua lista de curiosidades, um pato de desenho animado estrangeiro, num breve tempo, te representou. Em tua trajetória recheada de superstições e símbolos, vale citar também o teu amuleto de quatro patas:Biriba, o cãozinho que, segundo Carlito Rocha, o presidente, garantiu grandes resultados, tornando-se, posteriormente, mascote. E o famoso Manequinho, que já afrontou os bons costumes e foi devidamente vestido com o manto alvinegro, certamente com a emblemática camisa sete, convertendo-se em patrimônio cultural da cidade. Hoje, é um dos teus símbolos, guardado em General Severiano, tua célebre e antiga casa.

Teu fogo também é chama olímpica a iluminar os atletas das demais modalidades que participam dos Jogos. Dentre tantas figuras de destaque, uma personagem épica, como sua homônima heroína de ópera, Aída. Pioneira, orgulho botafoguense.

Olímpico também é teu estádio, chamado pelas massas de “Niltão”. Construído para o PanAmericano de 2007 e utilizado para a Rio 2016, é o atual equipamento onde teus adversários caem no tapetinho do Engenhão.

O brilho metálico da tua galeria só confirma como és grandioso. Por muitas vezes, base da seleção principal, poderia te orgulhar a cantar:

“A taça do mundo é nossa, com o Botafogo, não há quem possa!”

Falar de ti é prestar tributo a ídolos de todos os tempos, eternizados em tinta e cal, que formaste como um escrete. Tens o Anjo das Pernas Tortas, a Enciclopédia do Futebol, o Príncipe Etíope, O Possesso e o belo Gilda. Tens o Velho Lobo, Quarentinha, o Capitão, o Furacão e o Canhotinha. João Sem Medo no comando. Uma fábrica de craques que é uma Maravilha em campo. É Loco, pensar que outros virão? Muitos! Sempre caberá um ídolo a mais…

Dentre tantas, tua maior glória é a tua torcida. Torcida, substantivo feminino, inspirado nas primeiras frequentadoras que assistiam às partidas com ardor, gritando, xingando, torcendo – literalmente – lenços e luvas, criando a expressão que existe até hoje. A tua, em especial, formada por famosos e anônimos de todas as classes, gêneros, cores e credos. No jubilo ou nas adversidades. Segundo um botafoguense fervoroso, Armando Nogueira:

“Ser Botafogo, é escolher um destino…”.

Sentimento que não tem explicação, é mais que paixão. É amor. E cabe citar o poeta, que um dia escreveu:

“O amor é fogo que arde sem se ver”.

Na hora do gol, a voz do estádio grita o bordão: “incendeia a torcida do fogão”, o povo delira o sangue ferve e a galera vai fes-te-jar.

Preto no branco tua história até aqui está contada. E como recado aos rivais:
Perder?
Pra ninguém!

Texto Alex de Souza
Edição Paulo Cesar Barros

Amanda Palhares reforça direção de carnaval da Acadêmicos de Niterói

A Acadêmicos de Niterói anunciou um reforço em sua direção de carnaval, que contará com Amanda Palhares no time da caçulinha azul e branca da cidade sorriso. A diretora chega para somar a equipe do carnaval 2025, onde a escola irá em busca do título da série ouro, na Marquês de Sapucaí.

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Foto: Alex Gardel/Divulgação Niterói

Amanda Palhares é apaixonada pelo carnaval e tem uma carreira de 18 anos como porta-bandeira. Vivida no mundo do samba, no último ano já ocupou cargo administrativo na Liga RJ e chega com toda a sua experiência para reforçar o time da Acadêmicos de Niterói.

“Mais um desafio aceito em minha trajetória no carnaval. Só posso agradecer a confiança em mim depositada e vamos fazer de tudo para a Acadêmicos de Niterói levar mais um carnaval grandioso para a Sapucaí. Nosso trabalho só está começando e faremos de tudo em busca do título”, revela Amanda.

A azul e branca de Niterói está com o time quase completo para o carnaval de 2025. Em breve anunciará o seu enredo, que será desenvolvido por mais um ano pelo carnavalesco Tiago Martins.

Ao lançar enredo no próprio barracão, Dragões confirma DNA inovador

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

A Fábrica do Samba é um marco histórico no carnaval de São Paulo. Desde 2016 com dois dos três blocos inaugurados e com obras concluídas em 2022, o espaço que abriga os catorze barracões das escolas de samba que ocupam o Grupo Especial da folia paulistana também é utilizado em outros momentos – desde 2017, por exemplo, o local sedia o minidesfile para o lançamento do CD dos sambas-enredo das agremiações da Liga-SP, evento que começou na maior cidade da América do Sul e foi “exportado” Brasil afora.

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Se os amplos, largos e grandes barracões, por motivos óbvios, ajudam e tornaram-se fundamentais para absolutamente todas as escolas de samba de São Paulo, uma dessas agremiações aproveita a Fábrica do Samba das mais diversas maneiras. Trata-se da Dragões da Real, que tornou-se pioneira na utilização do local das mais diferentes maneiras, indo muito além da confecção de alegorias e fantasias. Em entrevistas exclusivas para o CARNAVALESCO realizadas no evento para o lançamento do enredo da instituição da Vila Anastácio em 2025 (intitulado “A vida é um sonho pintado em aquarela”), Renato Remondini (popularmente conhecido como Tomate), presidente, e Jorge Freitas, carnavalesco da agremiação, falaram um pouco sobre a vanguarda da instituição da Zona Oeste.

Não é de hoje

O evento em questão foi histórico por si só: foi a primeira vez que uma escola de samba fez um evento dentro do próprio barracão. E, aqui, é importante ressaltar algumas características da Fábrica do Samba que, embora sejam conhecidas pelo universo carnavalesco paulistano, exigem explicação de quem não tem tanta intimidade assim com tal “bolha”.

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Dos 14 barracões, treze deles são utilizados por escolas do Grupo Especial. A exceção é a Império de Casa Verde, por um motivo bastante especial: sediada na rua Brazelisa Alves de Carvalho, a agremiação fica, literalmente, na primeira rua à direita saindo da Dispersão do Anhembi. Por conta de tal situação, o Tigre prefere alugar um terreno nas proximidades do Sambódromo (e, obviamente, também da quadra) e, lá, realizar o trabalho de barracão.

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Dessa maneira, um espaço na Fábrica do Samba fica vago. E, em tal conjunto, costumam acontecer shows e eventos diversos organizados por uma (ou mais) agremiações ou pela própria Liga-SP. Fazer algo no próprio barracão, porém, era algo que, até então, nunca tinha sido feito. A Dragões, entretanto, foi pioneira também na utilização do barracão que fica vago, mostrando para o mundo do carnaval que é possível otimizar ainda mais a Fábrica do Samba. O pioneirismo em tal aspecto, portanto, vem de longe.

Ideia

Os dois entrevistados pela reportagem comentaram um pouco sobre como foi realizar tal evento. Primeiro, é importante destacar que o conceito veio de Jorge Freitas. Na visão do carnavalesco, tudo foi pensado para que o componente da Dragões e os integrantes da comunidade se sentissem ainda mais próximos da escola de samba, com mais contato com a produção de tudo que é visto no Anhembi: “Promover o lançamento de um enredo no barracão de uma escola de samba… por que a ideia? Nada é por acaso. Você já imaginou que os componentes de uma agremiação só veem as alegorias na Concentração? Quando você está lá, você passa pelas alegorias (ao menos para quem não consegue visitar durante o ano), desfila na frente de uma e atrás de outra… e acabou. Isso tudo pertence a eles, a cada componente: para eles verem que as nossas alegorias e fantasias são feitas aqui durante todo o ano e empregam, diretamente, diversas famílias. Fazer o evento aqui é para que eles se sintam orgulhosos e pensem que aquilo lá é deles, pertence a minha escola e é muito bem feita. Esse orgulho tem que ser trazido para a nossa comunidade, que é muito próxima da gente e que está aqui”, pontuou.

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Como o lançamento do enredo é, no ciclo carnavalesco, o pontapé inicial para uma agremiação, não eram todos os materiais que estavam disponíveis para apreciação. O grande destaque quanto à estrutura foi o palco do evento, que era o tripé utilizado pela comissão de frente da agremiação reestilizado. Durante a festividade, nele foram realizadas uma série de apresentações, com falas de diversos integrantes importantes da agremiação. Também foi coroada Beatriz Roberta, a nova Musa da Ritmo Que Incendeia, bateria da instituição.

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O carnavalesco recebeu elogios de Tomate: “O Jorge Freitas é um menino, é um multicampeão do carnaval, mas ele trocaria todos os títulos da vida dele pelo de 2025”, afirmou, aproveitando para falar do enredo da agremiação, criado, entre outros motivos, em homenagem a Jorginho Freitas, neto do profissional que faleceu no dia 16 de abril.

Logística

Nos últimos anos, o regulamento do carnaval de São Paulo prevê quatro carros alegóricos para cada agremiação. Como já dito, eles são montados nos barracões de cada escola de samba. Como, então, fazer uma festa em um espaço que tem quatro grandes chassis de ferro, metal, aço e uma série de itens decorativos?

Confira a ordem dos desfiles do Grupo Especial de São Paulo para o Carnaval 2025

Perguntado, Tomate destacou que nada disso seria possível sem a ajuda de outras pessoas próximas e ligadas a coirmãs: “Primeiramente, tenho que agradecer os meus amigos presidentes. Tem carro nosso no Barroca, na Milênio, na Colorado… peguei autorização com o presidente da Liga-SP e do Águia de Ouro, Sidnei Carrioulo, locamos o estacionamento… fizemos tudo certinho. Mas, mesmo assim, foi um grande desafio”, destacou, aproveitando para demonstrar a gratidão em relação aos presidentes Ewerton Cebolinha, Silvão Leite e Antônio Carlos Borges (popularmente conhecido como Ká), respectivamente. Vale destacar, também, que o mandatário da Dragões também é vice-presidente da Liga-SP – e, mesmo assim, precisou correr atrás de uma série de itens para realizar o evento.

Dificuldades estruturais

Um barracão de escola de samba, como é imaginado, não é um espaço projetado para a realização de eventos. Para viabilizar a festividade em grande estilo, a presidência da Dragões da Real pensou em como minimizar algumas situações que poderiam prejudicar a experiência de quem estava no local: “A acústica não é a mesma, por exemplo. Quando a gente faz as nossas Super Feijoadas, com grandes shows, para milhares de pessoas, nós colocamos o palco já muito próximo da saída. E, aqui, não dava: o palco era o carro – e isso faria com que as pessoas tampassem a visão de quem estava atrás. Foi um desafio imenso”, pontuou, citando outro evento bastante tradicional organizado pela agremiação da Vila Anastácio.

Balanço: ordem dos desfiles do Carnaval 2025 em São Paulo

Inovação no DNA

Como dito nos primeiros parágrafos do texto, a Dragões está acostumada a ser a pioneira em diversos aspectos. E tal característica também foi destacada por Tomate: “A Dragões gosta tanto de fazer algo diferente e superar desafios, tem tanta coisa nova que a gente está preparando e vamos promover daqui a pouco… a Dragões é movida pela novidade, pela ousadia e pela inovação”, comentou, prometendo ainda mais novidades em breve.

Gratidão como mantra

Hexacampeão do carnaval paulistano, Jorge Freitas gostou do que viu no dia 25 de maio – em especial, pelo senso de pertencimento que a festividade conseguiu trazer: “Olha quantas pessoas da nossa comunidade estavam aqui hoje! A Dragões está de parabéns. Que sirva de exemplo para que todos possam ver esse espetáculo que hoje foi apresentado. Todas as escolas tem condições de fazer isso. Eu sou um apaixonado pelo carnaval de São Paulo, e o que eu puder fazer para melhorar cada ano a folia daqui e a escola eu vou fazer. Pretendo ficar por muito tempo aqui na Dragões. Que papai do céu nos abençoe para que a gente continue fazendo esse trabalho maravilhoso”, arrebatou o natural de Nova Friburgo, declarando-se como um folião paulistano de primeira categoria.

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Já Tomate, para concluir a entrevista, surpreendeu ao perguntar sobre o principal desafio que teve para a realização do evento: “Se você perguntar para mim qual foi a maior dificuldade, vou te responder que não foi nem uma. Nós temos muita gente que ajuda e todo mundo compra a ideia. Estávamos com medo que não coubesse todo mundo aqui dentro do nosso barracão. Nós não convidamos as coirmãs porque não tínhamos espaço para colocar as pessoas. E estava lotado: tudo que a gente faz, lota. Eu só posso agradecer a Deus todos os dias da minha vida”, finalizou.

‘Dia não muda nada!’ Marcelinho Calil seguro do trabalho e retrospecto da sua gestão na Viradouro para o desfile no Carnaval 2025

A Viradouro, atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, vai desfilar no domingo de carnaval. A escola de Niterói caiu no mesmo dia da vice-campeã, a Imperatriz, além da Unidos de Padre Miguel, campeã da Série Ouro, e da Estação Primeira de Mangueira, a segunda escola mais vencedora da história do carnaval. A Vermelho e Branco de Niterói, na gestão Calil, desde 2019, desfilou duas vezes no domingo (2019 foi vice e 2020 campeã) e três vezes na segunda (2022 foi terceira, 2023 vice e 2024 campeã). Ao site CARNAVALESCO, o diretor-executivo, Marcelinho Calil, falou sobre a ordem do desfile da escola no ano que vem.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

“Vou falar o que eu falei ano passado para não achar que é porque caiu o domingo. Antes do sorteio ano passado eu falei a mesma coisa e depois também. Eu realmente não tenho muito esse lance do dia, a gente fica numa ansiedade, porque é a única coisa no ano que você não controla, mas o resultado ele é feito nos outros 364 dias do ano, não é no sorteio. O dia não muda nada. Mas vai ser um dia forte com macumba o dia todo e isso é bom demais. E acho que com fechamento das notas, fica claro hoje que o domingo pode ter 10 com muita tranquilidade, porque tem grandes escolas, com certeza vão ter grandes carnavais. Confio bastante que teremos um grande carnaval. Três grandes dias. E a Viradouro está feliz, sabendo que tem uma missão importante, que é levar a vida de Malunguinho e nosso histórico domingo tem um vice e um campeonato. Não tem nada a reclamar do domingo não”.

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Inspirado em clássico de Toquinho e em neto de Jorge Freitas, Dragões lança enredo e emociona comunidade

Por Will Ferreira e Fábio Martins

A noite de sábado teve um evento inovador na Fábrica do Samba. Pela primeira vez, uma escola utilizou o próprio barracão para lançar o próprio enredo. E não foi apenas isso: a Dragões da Real caprichou na produção e emocionou todos os presentes ao revelar a própria temática para o carnaval 2025. Contando o ciclo da vida por meio da música “Aquarela”, escrita em italiano por Guido Moura e imortalizada com versão e voz de Toquinho, o desfile será intitulado como “A vida é um sonho pintado em aquarela”, idealizado pelo carnavalesco Jorge Freitas.

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Fotos de Fábio Martins/CARNAVALESCO

Com uma apresentação extensa e emocionante, a agremiação fez representações de outros clássicos de diversos gêneros – como “Epitáfio”, do Titãs; “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento; e “Astronauta de Mármore”, do Nenhum de Nós.

Dor transformada

A inspiração para o enredo é tocante. No dia 16 de abril, Jorginho Freitas, neto do carnavalesco, faleceu. A consternação por conta da perda do rebento, entretanto, tornou-se a força propulsora para que o trabalho do profissional mudasse completamente. Em entrevista, Jorge Freitas, é claro, não negou o baque, mas refletiu sobre o quanto Jorginho o acompanhará – a começar pelo enredo desenvolvido:

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“O trabalho em tal temática me deixa forte: tem o lado do meu neto Jorginho – que, nesse plano, era chamado de ‘grande astronauta’. Ele está me dando força para que eu faça o maior carnaval da minha vida. A vida nos prega algumas surpresas, e algumas coisas aparecem de repente, sem pedir licença, e a gente parte. O descolorir é como o carnaval: quando terminamos nosso desfile, cada um tira a sua fantasia e guarda para que, no próximo carnaval, a gente vista uma nova. Na vida também é assim: quando a gente parte desse plano para o espiritual, a gente veste uma nova fantasia para vir aqui novamente e pintar uma nova aquarela”, explicou, traçando um paralelo com os desfiles das escolas de samba.

A reação de Renato Remondini, popularmente conhecido como Tomate, presidente da agremiação, foi a mais sincera e emotiva possível: “Nós já tínhamos um enredo definido, com tudo certo. Mas… eu costumo dizer que enredo é igual samba: você tem que ouvir a ideia logo na primeira vez, e a ideia bate ou não bate. Quando trouxeram a ideia para o Jorge desenvolver e ele nos contou, a minha reação foi chorar. Fizemos um paralelo com tudo que aconteceu na vida dele e ficou emocionante”, desabafou o mandatário.

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Localizada na beira do palco montado pela agremiação para a apresentação (o tripé da comissão de frente reestilizado), cabe destacar que Tomate não foi o único a chorar: muitos dos presentes no evento debulharam lágrimas em muitas das apresentações – não apenas do enredo, já que a ocasião teve uma série de momentos coreográficos.

Quem também relembrou a primeira impressão que teve do enredo foi Márcio Santana, diretor de carnaval da agremiação: “A Dragões é uma escola muito aberta às inovações. Dito e feito, por exemplo, trazer o lançamento do enredo para dentro do próprio barracão na Fábrica do Samba. Quando chegou a proposta do enredo carregada de tanta emoção e simbolismo, não tinha como dizer não. Tudo caminhava para esse enredo”, contando, também o local escolhido para apresentar a temática à comunidade.

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Sol amarelo desenhado

Para começar a falar sobre a temática escolhida, Jorge, novamente, fez um paralelo dos versos do clássico de Toquinho com a existência e, também, com a partida do neto: “Acho que esse foi o momento mais difícil pelo qual eu passei na minha vida, e o nosso enredo deixa isso claro: quando a gente nasce, todo mundo sorri e a gente chora; quando nós partimos do plano material para o espiritual, a gente sorri e todos choram. A música ‘Aquarela’ tem tudo a ver com o ciclo da vida: tem o lado infantil, da imaginação; tem a juventude, desbravar para encontrar muros e desobstruí-los. E, aí, entramos em uma astronave rumo ao futuro. Através desses versos nós vamos fazer o nosso carnaval – mas o nosso carnaval, acima de tudo, será de sentimento”, afirmou.

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A analogia de Jorge Freitas retornou à baila quando Tomate citou-a durante a entrevista dele próprio: “Acho que o Jorge Freitas nunca foi tão feliz no sentido de realizar algo diante de tanta tristeza. Eu acho muito louco a percepção do Jorge de captar que, quando você nasce, você está chorando e está todo mundo sorrindo; mas, quando você morre, você está sorrindo e os demais estão chorando. Sentar e se debruçar sobre os desenhos que o Jorge fez… acho que o carnaval é a questão da identidade visual: você tem que olhar e tem que trazer algo da nossa memória afetiva. Estamos muito felizes, trabalhando muito e tenho certeza que virá um sambão”, comentou o presidente.

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A canção também foi tema de palavras de Márcio, que comentou sobre a experiência da escola em abordar músicas como um fio condutor: “Essa receita é muito rica musicalmente falando. E traz muita filosofia, também. Traz a história de um povo, traz cultura… são condições que abrem um imenso leque de possibilidade quando se pensa em enredo. E que, de verdade, é algo pouco explorado: temos muito para aproveitar em relação às músicas”, abordou.

Experiência no tema

Tanto a escola quanto o carnavalesco já produziram desfiles inteiros tendo como ponto de partida uma música. Em 2017, com “Dragões canta Asa Branca”, relembrando o clássico de Luiz Gonzaga, a agremiação foi a vice-campeã – com a mesma pontuação da Acadêmicos do Tatuapé, que abocanhou o título daquele ano. Já Jorge Freitas, em 2022, se inspirou na canção de Guilherme Arantes para conquistar o título na Mancha Verde com a temática “Planeta Água”.

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Ao ser perguntado sobre escola e carnavalesco revisitarem uma canção, Tomate destacou que a música foi apenas mais uma ponta para o enredo conquistá-lo: “Essa música marcou a infância de todo mundo. Não tem ninguém que não conheça essa música. Quando se pensa na memória da Dragões, em 2017, de uma forma exuberante e magistral, colocamos Asa Branca na avenida. Logo, quando me falaram da ideia do enredo, veio tudo na cabeça: Asa Branca, força da música ‘Aquarela’, emoção do Jorge… quando temos um carnavalesco motivado a fazer um enredo que é o sonho da vida dele, nada é maior que isso. Estamos felizes e emocionados demais. Para mim, é um enredaço aço aço. Independentemente do resultado do carnaval, vai ser um desfile maravilhoso”, comemorou.

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Além dos elogios à temática escolhida, Márcio trouxe outra visão, pouco mais cartesiana, sobre o que foi apresentado pela escola e, também, acerca da preparação para o desfile: “O enredo é muito amplo. Ele tem um fio condutor que é baseado em uma longa história – a nossa própria vida: do nascer até o descolorir, ao partir. Mas o partir em sinônimo de revivência. Acredito que é um enredo amplo demais, com muita coisa para ser explorada, muito rico. Com certeza vai trazer um samba maravilhoso, não tenho dúvida disso. Acho que a Dragões caminha para ter um dos três melhores sambas da história da escola com o que virá para esse enredo”, prometeu.

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Competitividade em alta

Ao falar sobre resultados e trabalho, entretanto, Jorge Freitas não nega a verve e a vontade de, mais uma ver, erguer o título do carnaval paulistano. Hexacampeão na folia da cidade, o carnavalesco, agora, deseja levar a Dragões da Real ao primeiro título do Grupo Especial da instituição – que, além do vice-campeonato em 2024, tem mais duas segundas colocações na história. Aproveitando para adiantar um pouco sobre os próximos passos da agremiação, o profissional pontuou que a emoção será o grande norte ao longo do desfile:

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“Nossa explanação do enredo, na terça-feira, é válida; mas só quem viesse hoje saberia o espírito. Quando fazemos qualquer coisa com o sentimento, a tendência é que façamos o melhor – as energias chegam e você consegue programar um conteúdo maravilhoso. Esperem da Dragões um grande carnaval e um grande espetáculo. Com certeza estaremos proporcionando, como a terceira agremiação da sexta-feira de carnaval, um grande espetáculo”, arrebatou.

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Falando sobre algo mais prático e palpável, a disputa do samba-enredo, Márcio também destacou que, embora, tenha um norte, não fecha portas para nada: “Inicialmente, prevemos a disputa como é tradição da casa. Mas, é claro, dependemos do mercado de compositores. Precisamos de um samba que carregue emoção e tenha a identidade do enredo. Nesse momento, defendemos a disputa; mas estamos aberto ao novo”, comentou. É importante relembrar que em 2024, por exemplo, o enredo “África – Uma constelação de reis e rainhas” teve a junção de duas composições.

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O contato com os compositores, por sinal, já foi feito na própria apresentação do enredo, de acordo com o diretor de carnaval: “Teremos, na próxima terça-feira, a explanação do nosso enredo. Temos, então, um segundo contato com o enredo, já que abrimos o contato a todos os compositores para que eles pudessem sentir o lançamento do nosso enredo. Não queremos apenas uma composição, queremos a participação e a presença dos nossos compositores – e eu vi muitos deles aqui. Queríamos o sentimento deles, de antemão, sentir o enredo; para, depois, ir para caneta e partitura”, finalizou.

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É nova Angola! Tom Maior aposta em reedição para retornar à elite do carnaval paulistano

Apostar em uma reedição com um grande samba é a tônica da Tom Maior para o Carnaval 2025. A promessa da escola é fazer um desfile de Grupo Especial mesmo estando na divisão inferior. Em 2009, foi um desfile que chocou muito. O país angolano vivia extremos conflitos, sua população vivia sobre guerras e, devido a isso, uma comissão de frente com fortes cenas foi implementada. Sem dúvida é a grande marca daquela apresentação no Anhembi. Na ocasião foi um desfile onde a Tom Maior teve bastante problemas, o que deixou a escola na parte de baixo da tabela. Entretanto, o samba-enredo ficou para sempre. É um ‘xodó’ da escola e sempre lembrado por todos os sambistas do carnaval paulistano. Por unanimidade, os entrevistados revelaram que já era um desejo antigo realizar essa reedição, que agora será remodelada. Vale destacar que, como a Unidos de Vila Isabel desfila na segunda-feira de carnaval, a Tom Maior tem expectativa de contar com Martinho da Vila em seu desfile. Embaixador de Angola no Brasil, o sambista teve grande participação no enredo no ano de 2009.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

O tema tem como título “Uma nova Angola se abre para o mundo em nome da paz, Martinho canta a liberdade!” será desenvolvido pelo carnavalesco Flávio Campello. A Tom Maior será a quinta a desfilar no domingo de carnaval.

Esquecendo 2024 e mirando um espetáculo em 2025

O gestor da escola, Carlão, revelou que já era um desejo antigo da Tom Maior em realizar essa reedição. “Já era a nossa intenção fazer a reedição de Angola porque o samba é muito forte. Mas, com o ocorrido, a diretoria toda apoiou e tomamos essa decisão no dia da apuração aqui na quarta. Agora, estamos trabalhando para fazer um grande projeto a altura da nossa homenageada que é Angola e a história dela”, disse

O nível do Acesso I realmente está aumentando cada vez. Para conseguir a vaga na elite, as escolas devem levar grandes desfiles para o Anhembi. Pavilhões de peso estão disputando e qualquer brecha pode ficar de fora das pretensões. O pensamento da Tom Maior regido por Carlão, é de realizar um carnaval de Grupo Especial mesmo estando no Acesso. “Não é nenhuma prepotência minha, porque se você olhar as escolas que subiram nos últimos três anos no acesso, todas elas fizeram grandes desfiles. Então se você não tiver essa mentalidade, você não vai disputar. Na realidade, só estamos jogando jogo. A história mostra isso. Nos últimos três anos, as escolas fizeram grandes desfiles para poderem adquirir o direito, o grande objetivo. O que eu passei para a comunidade é o jogo e é o que nós vamos buscar”, afirmou.

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O presidente e mestre de bateria vai esquecer 2024 e não quer mais falar sobre o assunto. O rebaixamento foi contestado por várias pessoas, Carlão assumiu os erros, falou sobre a estética da escola e agora só quer pensar no próximo ano. “Eu falei que eu não falaria mais sobre 2024 junto com a minha comunidade, mas vou responder. Nós tivemos erros, muitas pessoas julgaram que não era o suficiente para nós sermos rebaixados, porque os nossos quesitos estavam perfeitos, a nossa plástica estava perfeita, mas o jogo é jogado e lambari é pescado. Agora vamos pensar em 2025, fazer um grande espetáculo, e essa é a nossa mentalidade”, completou.

Desfile remodelado, anseio da comunidade e felicidade redobrada

Em seu terceiro ano seguido na agremiação, o carnavalesco Flávio Campello agora tem a maior missão de todas. Uma das favoritas ao título em 2024, a escola do Sumaré se vê na necessidade de subir para o Grupo Especial. De acordo com o artista, a reedição será feita também pela reconexão da Tom Maior consigo mesma. “Eu acho que a voz do povo é a voz de Deus. Desde quando a gente saiu da apuração, com fatídico resultado, a comunidade sempre pediu por uma reedição. Nós achamos que esse é o momento, porque é hora de nos conectarmos com a história da Tom Maior. É um momento onde a comunidade precisa estar mais aguerrida, mais valente, mais forte. A gente sabe que através desse clamor, que foi a questão do pedido que a comunidade fez para reeditar esse samba-enredo e esse enredo. A gente sabe que, através disso, dentro dele existe o antídoto que nos cura e que vai fazer com que a gente passe em 2025 mais fortes e mais valentes do que nós fomos para que a gente possa realizar o sonho de trazer de volta a Tom Maior ao Grupo Especial”, explicou.

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O desfile de 2009 tem uma comissão de frente emblemática, onde retratava a guerra em Angola e a situação que os habitantes viviam. Era algo muito forte. Entretanto, de acordo com Campello, será uma nova Angola vista na passarela. “Na verdade, o desfile sofrerá uma total remodelagem. A gente está com uma plástica totalmente diferenciada. Desde quando decidimos fazer a reedição, eu não peguei referência nenhuma do que foi o Carnaval 2009 para que não me influenciasse em nenhuma criatividade ou em nenhum momento do processo de criação. E eu acho que, como o enredo diz, é uma nova Angola. É o que a gente pretende levar em 2025. Essa semana teve o sorteio do Rio, então a gente sabe que a possibilidade do Martinho da Vila desfilar com a gente existe, porque a Vila Isabel está na segunda-feira. Parece que todos os ancestrais, todos os orixás riquíssimos nos abençoaram para que a gente possa, em 2025, apresentar esse enredo. Eu estou muito feliz, porque como eu falei, é um samba que a comunidade ama, é um carnaval que a comunidade tem desse desfile como algo inesquecível. Então eu acho que a gente conseguiu encontrar essa essência, para que a gente pudesse apresentar em 2025 essa reedição”, comentou.

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Mesmo com o rebaixamento, o profissional não se deixou abalar e está fechado no projeto. Isso foi confirmado já no dia da apuração feita pelo presidente Carlão. Flávio se diz bastante feliz e vê como longa a sua passagem na escola. “A Tom Maior é uma escola acolhedora, e desde quando eu cheguei na escola, ela sempre esteve do meu lado. A gente caiu junto e a gente vai subir junto. Eu acho que esse é o nosso objetivo geral. É o meu, é o do Carlão, é o da diretoria da escola, e a gente está aí trabalhando, empenhado, na conquista desse título ou do vice-campeonato, mas o que a gente quer, o nosso objetivo principal, o nosso sonho, é chegar no Grupo Especial em 2026”, finalizou.

Já tem samba? Partir para o ensaio

A nova diretora de carnaval e harmonia, Érica Ferreira, seguiu na linha do Carlão e Flávio Campello em relação ao enredo. A profissional citou o samba, que é um dos mais aclamados pela comunidade e que já vai ensaiar o quesito harmonia. “É até clichê. A voz do povo é a voz de Deus. Então, é um enredo que a comunidade sempre amou o samba, sempre cantou e sempre foi naquela energia. Nós demos um pontapé inicial, um tiro certeiro. Porque, tecnicamente, a gente já tem um samba. Então, vamos ensaiar para o quesito harmonia. Referente à plástica e toda a produção artística de avenida, é uma surpresa”, declarou.

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Érica exaltou a comunidade da Tom Maior, o jeito que a escola acolheu as pessoas. A líder disse que logo mais terá um evento grande aberto ao público para mostrar a força da Tom Maior. “Na realidade, nós fizemos esse carnaval em 2009, então 16 anos depois esses dois irmãos se encontram, que é Brasil e Angola. Apesar de ser uma reedição, mas é uma reedição que ela é diferenciada. Só o samba é igual. É uma comunidade que canta bastante, é uma comunidade que é acolhedora não só com as pessoas, mas também por todo o trabalho que é apresentado pela diretoria. Fizemos uma coisa, um jantar, é fechado sim, porque vieram só as lideranças, queríamos estender para toda a nossa comunidade vermelha e amarela, assim como para toda a comunidade do samba do carnaval de São Paulo. Mas nós vamos fazer em breve. Vai ser uma festa aberta para a gente estar mostrando essa energia e esse leão chamado Tom maior, que não está dormindo, está bem vivo”, afirmou.

Privilégio de cantar um samba histórico e o alívio da permanência

Tendo a honra de interpretar esse samba-enredo, o intérprete Gilsinho contou que está muito à vontade com o samba-enredo e pretende fazer uma grande festa com a escola no domingo de carnaval. “Um enredo maravilhoso que abrange muita coisa bonita que a escola já fez. A gente já vinha cantando o samba em ensaios e apresentações da escola. Estamos muito à vontade para cantar, a comunidade conhece, o carnaval de São Paulo conhece e vai ser bem fácil de levar ele para a avenida e fazer um grande espetáculo com a Tom Maior”, contou.

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O cantor estava apalavrado com a agremiação para desfilar no Acesso I. Porém, havia um empecilho, que era os desfiles do Rio de Janeiro, cujo o cantor ostenta os microfones da Portela. Assim que foi anunciado que a ‘Majestade do Samba’ desfilará na terça-feira, a Tom Maior correu em suas redes para postar a renovação oficial com o seu intérprete. “A adrenalina do sorteio no Rio foi demais. Mas a Tom Maior é uma escola que eu me identifiquei muito, tem um carinho muito grande por mim e a recíproca é verdadeira. Tenho grande carinho pela agremiação e pelos componentes. Então eu resolvi realmente apostar nessa minha permanência na escola, que era uma coisa que não poderia acontecer e eu ficaria de fora do carnaval de São Paulo. Graças a Deus deu tudo certo, a Portela vai ser a última de terça-feira e eu vou ter um dia ainda para descansar e trabalhar bem a voz. Estou bem feliz e vamos trabalhar para que a Tom Maior faça um grande desfile e volte para o Grupo Especial”, completou.

Sinopse do enredo da Viradouro para o Carnaval 2025

Unidos do Viradouro – CARNAVAL 2025

MALUNGUINHO – O MENSAGEIRO DOS TRÊS MUNDOS

 

EVOCAÇÃO À FALANGE DE MALUNGOS

Sobô Nirê Mafá!

De longe ouvi me chamar… A fumaça me trouxe até aqui!

Arreia em terreiro encantado a falange de malungos, meus companheiros de caminho a galopar no vento e se espalhar no chão profundo feito raiz da Jurema.

Mas quem sou eu que desperta ao chamado da nação coroada de Xangô?

Sou o herói do avesso que veio do povo Bantu, o malassombro dos que me queriam sem história.

Sou o libertário que ronda os campos para queimar engenho, fogo de levante alastrado no canavial!

Me deram nome de João Batista, o derradeiro dos Malungos, o pavor dos tiranos, líder dos motins.

Vivo na revolta que transborda em peito rebelado.

Minha chave mágica abriu tranca de senzala.

Na fuga do cativeiro, os Encantados se acostaram em meu auxílio.

Cada árvore ancestral despistava o algoz, causando perturbação no inimigo. Eram gritos aterradores ecoando no corredor da vegetação: “EU SOU MALUNGUINHO, EU SOU MALUNGUINHO”!

Foi desse jeito que sobrevivi às emboscadas.

Com a minha cabeça a prêmio, desenhei estratégias de defesa da minha gente que se espalhava pelos mocambos do manguezal na beira do rio Beberibe e em toda mata ao norte de Pernambuco.

De tanta provação, ressurgi virado em mensageiro de três mundos.

Mata, Jurema e Encruzilhada. A trinca onde sou Caboclo, Mestre e Exu-trunqueiro.

Semente, folha…

Raiz!

Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de Caboclo da Mata do Catucá.

LÁ NA MATA, EU SOU CABOCLO…

Abri as trilhas para me entocar dos medonhos.

Tentaram me derrubar botando estrepes no caminho. Mas também aprendi a remover tocaia para libertar meus companheiros.

Ferido de morte, fui curado pelos Encantados e donos das folhas.

Reverti em meu favor as artimanhas dos incautos.

Amolei foice e facão, abri a boca da mata para ajudar os que merecem.

E foi assim que me deram a coroa de palha e pena nas brenhas do Catucá.

Foi lá que acoitei meus irmãos, subi ao altar de Caboclo com a minha preaca na mão, na brecha rasgada no matagal.

Herdei a ciência dos Pajés, a sabedoria dos cocares.

No labor das matas, cada um existia pelo outro, união tramada em cipó de Japecanga.

Hoje eu vivo em cada semente que estala maracá, alumio a tocha que encandeia o breu noturno.

Trabalho na força das ervas, desvendando o mistério das macerações e o segredo das infusões.

Passa rio, passa riacho, mas meu nome permanece.

Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de Mestre!

 

TRIUNFA, MESTRE!

Triunfei, triunfá! É Catimbó praticado na raiz.

Do meu cachimbo, sai a força da rama soprada no vento, fumaça de limpeza e descarrego.

Trago o triunfo dos que alcançam a visão que vem de dentro; o guia que conduz pelo reino dos invisíveis, universo fumegante que revela a ciência dos Encantados.

Moro na magia da cuia de Sapucaia que oferta o vinho da Jurema Sagrada.

Sou o zeloso protetor dos que viajam ao interior de si, a miração que transcende a consciência.

A chave que um dia abriu a tranca dos portões do cativeiro, agora fecha o corpo dos enfermos.

Mestre que trabalha pela cura, faço vigília pela restauração dos aflitos.

Nas taças transparentes dos rituais de mesa, meus príncipes e princesas indicam as veredas da luz.

Das sete cidades encantadas da Jurema, eu arreio na Junçá, Vajucá, Manacá, Catucá, Angico e Aroeira, abrindo os portais dos outros mundos.

Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de guardião dos Encantos Cruzados.

 

NA ENCRUZA, SOU GUARDIÃO…

Nos pontos onde se cruzam os mistérios e festanças, eu sou Exu-trunqueiro

Meus caminhos se encontram com os daqueles que me esculpem na fé dos benfeitores.

Cruzo as sete pontas com as linhas traçadas da estrela que alumia minha gente, nos símbolos magísticos que misturam todo crer.

Tranço arco e flecha com Oxê!

Moro no tronco firme a sustentar o Quilombo que vive em nós.

Ostento a coroa de Reis em procissão. Festa, arte, reparação!

Em meu nome toca o alujá ligeiro, se enfeita a Calunga do Maracatu, dançam as penas do Caboclinho de Sete Flechas, quebra a anca no Coco de Roda e no Coco de Gira.

Empunho o Estandarte imponente que segue à frente dos cortejos em que o povo me anuncia nos cruzeiros.

Meu nome é João Batista!

Mas me chame de Malunguinho, o mensageiro de três mundos!

Coroado no tambor pela nação de Xangô que me convoca,

EU VIM PRA TACAR FOGO NO BRASIL!!

Sobô Nirê Mafá!

Carnavalesco: Tarcísio Zanon

Consultoria: João Monteiro, pesquisador, historiador, Omo Sango e devoto da jurema

Texto: João Gustavo Melo

Agradecimentos a toda a nação da Jurema no Brasil, especialmente em Pernambuco, que tem abraçado esta proposta de enredo de forma generosa e grandiosamente participativa.

GLOSSÁRIO:

Alujá ligeiro

Toque característico de Xangô, para Malunguinho, mais rápido, não cadenciado.

Arreia

Do verbo arriar, significa baixar, descer.

Caboclo

Entidade das matas.

Catimbó

Conjunto de atividades e crenças religiosas que utiliza a fumaça dos cachimbos como poder de conexão espiritual.

Catucá

Rede articulada de aldeamentos quilombolas erguidos em regiões da mata pernambucana. Seus líderes eram conhecidos como malungos.

Calunga

Boneca que representa um antepassado da comunidade de criação do Maracatu (mulher em sua maioria) que teve grande liderança, ou, em poucos casos, homens.

Estrepe

Técnica de guerrilha utilizada pelos povos bantu, em que várias estacas pontiagudas de madeira são posicionadas em um buraco no solo e coberto por vegetação, onde o inimigo, sem saber, cai.

Japecanga

Planta bastante encontrada na Mata Atlântica, utilizada na medicina popular indígena. Dela, são feitos ornatos em formato de argola trançada e infusões em cerimônias e trabalhos espirituais.

Jurema

Planta sagrada para diversas linhas religiosas, nativa especialmente do Nordeste brasileiro, da qual se fabricam bebidas, banhos e cheiros com poderes curativos e depurativos.

Malungos

Na língua kikongo, significa companheiro, amigo, camarada. Também designa uma dinastia de líderes do Catucá.

Miração

Do verbo mirar, refere-se às visões provocadas pela ingestão de ervas ou plantas, como a Jurema.

Mestre

Orientadores espirituais, curandeiros das matas.

Preaca

Arco e flexa fixos, geralmente produzido de à base de mulungu.

Sobô Nirê Mafá

Saudação ao Reis Malunguinho. Por oralidade, o título é dado como “Reis”, no plural.

Trunqueiro

Entidade que trabalha em diversas funções, dentre elas a guarda e defesa das casas, aproximando-se também ao conceito de Exu por ser mensageiro e rapidamente dar os recados.

Vajucá

Uma das sete cidades encantadas da Jurema. São elas: Vajucá, Junçá, Manacá, Catucá, Angico, Aroeira e a própria Jurema.

Sinope do enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval 2025

“Egbé Iyá Nassô”

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Foto: Divulgação/UPM

I

Agô!

É no sangue que corre a vida.

É o Axé que nos faz viver.

Orixá é cabeça da nossa força!

E do ventre da Iyá de todos nós, o Axé chegou de mãe para filha, de mãe para uma nação.
A Iyá que legou ao mundo o vermelho-sangue da fé de pretas e pretos que matiza nossa terra, nossa Vila Vintém, nosso pavilhão.

Hoje, os tambores do samba ecoam a tradição oral e um chamado ancestral, conectando o Orun dos Orixás às raízes profundas da vida Iorubá.

E, pela força do Axé, se levanta o Boi Vermelho em um cortejo mágico para buscar a exuberância de reinos encantados, filhos do ventre sagrado de Ialorixás que pairam entre divindade e humanidade e que se fundem na gênese da criação Nagô.

O vento, em seus sussurros, revela o resplandecer do vermelho ardente, enquanto grãos de areia acariciam o solo, testemunhando passos que acalentam as almas. No céu, o orvalho se ergue como lágrimas de gratidão em honra ao Alafin. Na corte do palácio, rainhas e princesas adornam o Adê do Rei com sua preciosa beleza.

Kaô Kabecilê Xangô!

Em Oyó-Ilé, a majestade resplandecia, refletindo a força dos segredos guardados pelas Iyás.

Suas vidas eram devotadas ao bem, como uma poesia eterna entoada aos deuses. Os tesouros que teceram o Adê de Xangô se espalhariam pelo Brasil, entrelaçando mistérios e ancestralidade.

II

Os raios de Oòrún e a luminosidade de Òsùpá testemunhavam os dias de esplendor e as noites de glória que banhavam Oyó. Mas o horror dos ventos de imposta mudança soprou impiedosamente com a fúria covarde de usurpadores, rasgando o tecido da existência do império.

No horizonte, uma travessia de dor, procissão ao desconhecido dos filhos e filhas que carregariam o lume de outrora em seus corações.

Nas espumas do Atlântico, onde lágrimas se confundiram com ondas, a fé se ergueu como velas a singrar os destinos através das águas turbulentas. O grivar daquelas velas destronadas de Oyó apontava na direção de outros rumos. O legado de uma África ancestral, entrelaçado com a coragem e determinação de uma princesa destemida, desembarcou nas terras sagradas de Salvador. Seus passos trouxeram consigo lembranças, afetos, saberes. Pulsava em seu peito a justiça e o Axé como um coração vibrante: Iyá Nassô, a filha de Oyó sob o Oxê de Xangô.

O tecido vermelho que outrora adornava o trono do Alafin não se esvaneceu. Iyá Nassô, guardiã e herdeira do sagrado segredo do Axé, o trouxe consigo, erguendo das cinzas uma chama ardente de esperança alimentada pela fé inabalável em seus Orixás, tornando-se um farol de resistência e resiliência para todos os seus descendentes.

III

Pela Ladeira do Berquó, Iyá Nassô, ao lado de outras princesas, protegidas pela força invencível de Ayrá Intilé, consagraram a luz da tradição nas imediações da Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha. A fé se enraizou. Xangô, com seu trovão e tempestade de justiça, abençoou e guardou Iyá Nassô, tecendo um manto de proteção invisível, mas impenetrável.

E a resistência negra, nas vizinhanças católicas, se encontrou em irmandades, confrarias e sociedades secretas de pretas e pretos que nunca esmoreceram. Firmado um elo com suas irmãs de Ketu, Iyá Adetá e Iyá Akalá, e com a ajuda de outro venerável que permaneceu ao seu lado, Babá Assiká, Iyá Nassô teria plantado o Axé, semeando a fé primordial e dando o sopro da vida ao Candomblé no Brasil. Cada lágrima derramada foi uma prece silenciosa que ecoou pelos corredores do tempo. Entre os sussurros das noites escuras e os murmúrios dos dias sufocantes, as sementes dos Orixás foram abençoadas no solo brasileiro, carregadas de esperança e coragem.

Sementes que, nutridas pela determinação e regadas pelo suor da devoção, começaram a germinar. Cada cântico entoado, cada tambor ressoado e cada ritual celebrado foi um ato de fé que fortaleceu as raízes dessa árvore sagrada. Nos arredores da Barroquinha, o Ilê Iyá Omi Axé Ayrá Intilé se enraizou como um bastião de esperança, uma fortaleza espiritual construída com os tijolos da ancestralidade e o cimento da união de todas as nações.

Ayrá Ponon Opukodê!

No solo abençoado, onde a dor se transformou em força e a opressão se converteu em resistência, a semente dos Orixás começou a florescer. As folhas de seus ramos abrigaram os filhos e filhas da diáspora, oferecendo sombra e consolo.

IV

Todavia, o preconceito, como uma doença, sempre estava à espreita, impregnando os ares com intolerância. As religiões ancestrais, vivas nas almas dos negros e negras, eram vistas com desdém pelos olhos cegos de brancos indoutos e desprezíveis. Diante da injustiça e pela luta, o brado dos revoltosos! O grito dos Imalês ecoou pela noite, marcando profundamente o coração maternal de Iyá Nassô.

Tendo os filhos perseguidos após a Revolta dos Malês, por professarem sua fé à Xangô, Iyá Nassô, com a bravura destemida do machado de seu Orixá, interveio bravamente por seus filhos e converteu a prisão deles em um retorno à África.

Assim, para sua terra ela voltou, levando consigo sua família, de sangue e de santo, sacramentando a liberdade dos filhos e buscando mais aprendizados sobre a tradição dos rituais dos Orixás, sua força vital.

Aqui, a semente plantada com tanto sacrifício permaneceu. Essa semente, enterrada no solo fértil da Bahia de Todos os Santos, guardou a promessa de renascimento e resistência, mistério de vida eterno que continuou a penetrar cada vez mais fundo no solo, mantendo viva a chama da ancestralidade.

V

Anos depois, o mar, testemunha viva de idas e vindas, trouxe então de volta de Uidá a sucessora filha-de-santo daquela que plantou a semente no solo baiano. Marcelina Obatossi sentou-se no trono de Xangô, dando continuidade ao legado matriarcal de Iyá Nassô, que ancestralizou em África. Obatossi, em seu caminhar, soprou a liberdade para o babalaô Bamboxê Obitikô, guardião dos segredos de Ifá e do Xirê, ancestrais que regaram o Axé plantado pela Mãe de Todos.

O terreiro foi consagrado com seu nome, agora em outra encosta, em outro morro de fé.
Reergueu-se como Ilê Axé Iyá Nassô Oká, considerado o mais antigo terreiro de Candomblé do Brasil, com a Casa para Xangô, o terreno para Oxóssi e o Axé de Oxum, a tríade que compõe seus alicerces. Foi na Casa Branca do Engenho Velho, com os assentamentos de Ayrá e de Oxóssi vindos da Barroquinha, que o Axé encontrou refúgio definitivo sob a Coroa assentada de Xangô, um santuário construído com as mãos calejadas da fé, à sombra do Bambuzal sagrado de Dankô e no acalanto das águas de Oxum. Uma Casa onde Oríkì’s sagrados ecoam pelos corredores.

De lá, as sementes continuaram a se espalhar pelo Brasil, pelo Rio de Janeiro e pela Vila Vintém, e as festas do calendário espiritual da Casa são a presença viva do matriarcado de Iyá Nassô.

VI

No próximo carnaval, essa semente dará muitos frutos em forma de homenagem àquela que é considerada a Iyá de todos os Ilês, a Mãe de todos os terreiros. Que sua história seja contada e celebrada com alegria, pois seu legado vive em cada toque dos atabaques, em cada dança sagrada, em cada gesto de devoção aos Orixás. Que sua luz continue a guiar os passos daqueles que buscam a verdadeira essência da fé e da ancestralidade.

A comunidade vai cantar o pertencimento ao Egbé Iyá Nassô. Unidos, celebraremos a força que nos guia, mantendo viva a chama do Axé e honrando o legado eterno de nossas raízes. O espírito de Iyá Nassô até hoje floresce em cada canto, fazendo ecoar a união que reverbera através dos tempos.

Assim, hoje o Egbé Vila Vintém bate seus tambores.
Somos mais uma Pequena África.
Somos mais um terreiro sagrado de Samba.
Somos o cortejo de um povo feliz.
Somos mais uma nação orgulhosa nascida do ventre do Axé.
Somos filhos e filhas das Mães Baianas.
Somos descendentes de Iyá Nassô e do machado da justiça de Xangô.
Somos Unidos nas cores das Áfricas e do nosso Orixá.
Somos o Branco de Ayrá Intilé e o Vermelho de Xangô.
Somos o Boi Vermelho que humildemente bate cabeça em reverência ao Ilê Axé Iyá Nassô Oká.
Somos parte de uma comunidade de fé.
Aguerridos, somos Egbé Iyá Nassô.

Carnavalescos: Alexandre Louzada e Lucas Milato
Enredistas: Clark Mangabeira e Victor Marques
Texto da Sinopse: Clark Mangabeira e Victor Marques
Gratidão e devoção sempre à presença viva do Axé da tradição da Casa Branca do Engenho Velho, que tanto nos ensinou e ensina, e agradecimento pelo auxílio e colaboração mais do que especiais da pesquisadora pós-doutora e Ekedy Lisa Earl Castillo.

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Glossário:
Egbé – comunidade
Agô – pedido de licença
Iyá – mãe
Orun – céu
Adê – coroa
Oòrún – sol
Òsùpá – lua
Oxê – machado de duas pontas, símbolo de Xangô
Oríkì’s – saudações aos Orixás e frases portadoras do Axé
Dankô- Orixá Senhor dos Grandes Bambuzais
Ayrá Ponon Opukodê – saudação: “Assim Ayrá ficará muito feliz”.
Kaô Kabecilê Xangô – saudação: “Venham saudar o Rei Xangô!”
Oyó-Ilé – capital do Império de Oyó.
Alafin – título do rei do Império de Oyó

Referências:
CASTILLO, Lisa Earl. The Exodus of 1835: Agudá Life Stories and Social Networks. In: T. Babawale, A. Alao and T. Onwumah (orgs.). Pan-Africanism and the Integration of Continental Africa and
Diaspora Africa. Vol. 2. Lagos: Centre for Black and African Arts and Civilization, 2011.
CASTILLO, Lisa Earl. Entre memória, mito e história: viajantes transatlânticos da Casa Branca.
In: J. J. Reis e E. Azevedo (orgs.). Escravidão e suas sombras. Salvador: Edufba, 2012.
CASTILLO, Lisa Earl e PARÉS, Luis Nicolau. Marcelina da Silva e seu mundo: novos dados para historiografia do candomblé ketu. Afro-Ásia, no 36, 2007.
CASTILLO, Lisa Earl e PARÉS, Luis Nicolau. José Pedro Autran e o retorno de Xangô. Religião e Sociedade, n. 35(1), 2015
CASTILLO, Lisa Earl. A “Nação Ketu” do Candomblé em contexto histórico: subgrupos iorubás na Bahia oitocentista. In: Reginaldo, Lucilene e Ferreira, Roquinaldo (orgs.). Áfricas, margens e oceanos – perspectivas históricas. Campinas: Editora Unicamp, 2021.
CASTILLO, Lisa Earl. O Terreiro do Gantois: redes sociais e etnografia no século XIX. rev. hist., São Paulo, n.176, 2017.
CASTILLO, Lisa Earl. Bamboxê Obitikô e a expansão do culto aos orixás (século XIX): uma rede religiosa afroatlântica. Tempo,| Vol. 22, n. 39, 2016.
CRUZ DE SOUZA, Gonçalo Santa. A Casa de Airá: criação de transformação das casas de culto nagô: Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Campo Grande-MS. Tese de doutoramento apresentada ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2008.
DOURADO, Odete. Antigas falas, novas aparências: o tombamento do Ilê Axé Iyá Nassô Oká e a preservação dos bens patrimoniais no Brasil. Risco, n. 14[2], 2011.
JOHNSON, Samuel. The History of the Yoruba from the Earliest Times to the British Protectorate. Lagos: CMS Bookshops, 1967.
LAW, Robin. The Ọyọ Empire, c.1600-c.1836: a West African imperialism in the era of the Atlantic slave trade. Gregg Revivals, 1991.
LIMA, Vivaldo da Costa. Ainda sobre a nação de queto. In: C. Martins e R. Lody (orgs.). Faraimará: o caçador traz alegria. Rio de Janeiro: Pallas, 1999.
LIMA, Vivaldo da Costa. A família de santo nos candomblés jeje-nagôs da Bahia. Salvador:
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OLIVEIRA, Ana Luiza da Silva. As iyabás no Candomblé: as mulheres de terreiro e uma descrição dos itans das orixás. Dissertação submetida à avaliação no Exame de Defesa de Mestrado, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Psicologia. Alagoas: UFAL, 2023.
OLIVEIRA, Rafael Soares de. Feitiço de Oxum Um estudo sobre o Ilê Axé Iyá Nassô Oká e suas relações em rede com outros terreiros. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia como requisito para obtenção do título de Doutor. Bahia: UFBA, 2005
PARÉS, Luis Nicolau. Libertos africanos, comércio atlântico e Candomblé: a história de uma
carta que não chegou ao destino. rev. hist. (São Paulo), n.178, 2019.
PRANDI, Reginaldo; VALLADO, Armando. Xangô, rei de Oió. Barreti Filho, Aulo (org.). Dos yorùbá ao candomblé kétu. São Paulo: Edusp, 2010.
SCHILTZ, Marc. Divindades iorubás do trovão e soberania: Àrá e Sàngó. Afro-Ásia, n. 64, 2021.
SILVEIRA, Renato da. O candomblé da Barroquinha: processo de constituição do primeiro
terreiro baiano de keto. Salvador: Maianga, 2006.
SILVEIRA, Renato da. Sobre a fundação do terreiro do Alaketo. Afro-Ásia, n. 29/30, 2003.
TAVARES, Ildásio. Xangô. Coleção Orixás. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.
TRINDADE SERRA, José Ordep. Ilê Axé Iyá Nassô Oká – Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho.
Laudo Antropológico. In: https://ordepserra.wordpress.com/wp-content/uploads/2008/09/laudo-casa-branca.pdf .
VERGER, Pierre. Orixás. Salvador: Corrupio, 1981.

Conheça o enredo do Vai-Vai para o Carnaval 2025

Em 2025, o Vai-Vai traz pra avenida o enredo “O xamã devorado e a deglutição bacante de quem ousou sonhar desordem”, homenageando o grande José Celso Martinez Correa, o Zé Celso, ícone do teatro e da cultura brasileira.

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A Saracura do Bixiga tem como idealizador do desfile de 2025 o carnavalesco Sidnei França, acompanhado de uma Comissão de Carnaval, composta por Ezequiel Nascimento, Fernando Romano, Luiz Robles e Paulo Rogério.

A disputa, para o próximo ano, tem novas regras, visando ampliar a participação, simplificar as etapas e reduzir os custos dos compositores. Ou seja, um modelo mais acessível e que valoriza tanto os compositores quanto suas obras.

Confira as principais mudanças:
• A primeira entrega dos sambas será uma audição interna, na Fábrica do Samba, com a
presença somente das parcerias e da comissão julgadora
• Nas audições internas serão permitidos: até 4 cantores, 2 cavacos e 1 violão
• Não será permitida, na audição interna, a participação de intérpretes oficiais de SP e RJ
• Os sambas classificados serão comunicados à parcerias individualmente
• A segunda entrega do samba será, agora sim, gravada, podendo ser em estúdio ou não.

Confira o calendário:
• 6, 13, 20 e 27 de junho – sessões de tira-dúvidas na Fábrica do Samba
• 13 e 14/7 – audições internas
• 30/7 – divulgação dos aprovados
• 8/8 – entrega das gravações dos sambas aprovados
• 18/8 – apresentação dos sambas aprovados na quadra
• 25/8 – Semi-final da Disputa de Samba
• 1/9 – Final da Disputa de Samba

Conheça o enredo da Grande Rio para o Carnaval 2025

Fim do mistério e das especulações. De autoria dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, em parceria com a pesquisadora convidada Rafa Bqueer, o enredo de 2025 da Acadêmicos do Grande Rio propõe um mergulho nas águas amazônicas e uma jornada mística que mistura palácios, pajelanças, incensos, igarapés, Encantarias e terreiros de Tambor de Mina. Tudo isso perfumado com ervas e conduzido pelo som inconfundível de maracas e tambores.

grio2025
Foto: Vitor Souza Lima/Divulgação Grande Rio

“O Carimbó está em tudo. É uma síntese cultural muito poderosa, assim como o Tambor de Mina e a Pajelança Cabocla. É uma mistura fascinante. As Belas Turcas são as mais queridas entidades da Mina paraense, influenciando o cotidiano das pessoas (tanto que a gente vê os nomes delas nas bancas de ervas e banhos de cheiro) e sendo traduzidas em letras de Carimbós. Os tambores do Carimbó são os Curimbós, que possuem nomes próprios e expressam a voz dos Encantados. Os tambores têm alma. O enredo costura isso e viaja pelo mundo do Encante, que não está ligado à morte. Quem se encanta não morreu, mas entrou em um portal e acessou um plano que coexiste com o nosso, um espelho invertido. O encantamento norteia a vida, em busca da cura. Já fomos ao espaço sideral e agora vamos ao fundo das águas!”, explica o artista Gabriel Haddad.

Para Leonardo Bora, o enredo dá sequência às propostas criativas anteriores, destacando uma letra em específico: “As Princesas são madrinhas e protetoras de Mestres e Mestras. Falamos de realezas. Quando nos deparamos com uma composição inédita de Dona Onete, “Quatro Contas”, entendemos que o fio do enredo estava ali. Era um fio de contas. Saudando as águas da Encantaria, as “Águas de Nazaré”, ela homenageia as suas protetoras: Mariana, Jarina e Herondina, as Belas Turcas; e a Cabocla Jurema, que personifica a própria floresta. Durante a primeira conversa com Dona Onete, nos bastidores de um show, tudo se desenhou com mais clareza. Foi um momento encantado, traduzido no subtítulo. O título, por sua vez, evoca a ancestralidade indígena. A pororoca é um motivo recorrente. As Princesas se confundem com a pororoca e são saudadas dessa forma, nas doutrinas (modo como são chamados os “pontos” do Tambor de Mina). Tudo está amarrado numa mesma trama. A percepção das conexões entre o vodum Averequete e o Mestre de Carimbó Verequete é prova disso. Visitar terreiros e dialogar com Dona Onete foram movimentos essenciais para a construção dessa narrativa”.

Haddad complementa, traçando novas conexões: “A palavra “Parawara”, numa tradução livre, quer dizer “habitante do rio” ou “oriundo do rio”. Se “pororoca” é “estrondo”, algo que arrebenta, falamos da voz de quem mora nos rios, dessa voz que vem do fundo. Falamos dos Encantados. Entendemos que os rios são ruas, vidas, memórias, os rios são as próprias pessoas com quem conversamos e as Encantarias que elas saúdam. “Grão-Pará” quer dizer “Grande Rio”. Continuamos, nesse sentido, acionando a memória e a identidade da escola de Caxias, cujos tambores do Samba vão se misturar aos Curimbós”.

Todo o processo de pesquisa do enredo foi documentado em áudio e vídeo pelo cineasta paraense Vitor Souza Lima. Para o desenvolvimento da pesquisa, Bora e Haddad convidaram a multiartista Rafa Bqueer, também paraense, que trabalha imaginários amazônicos nas suas criações. Os carnavalescos reforçam, com isso, a tendência de trabalho com parceiros e colaboradores, algo destacado por Haddad.

“Estamos reunindo muito material. Queremos que esse processo seja o mais plural possível, vivo e festivo. A comunidade caxiense precisa vestir, viver e incorporar esse enredo tão vibrante, poético e mágico. Navegar por ele e mergulhar nele. As festas dedicadas às Princesas são muito aguardadas. Nosso desejo é que o Encantamento se faça presente nos menores detalhes. Com essa energia, vamos brigar pelo campeonato”.

A sinopse do enredo da Grande Rio será divulgada em breve. Em 2025, a tricolor de Caxias será a terceira escola a desfilar na terça-feira de carnaval.