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Em Cima da Hora 2025: Parceria de Ricardo Bernardes

Compositores: Ricardo Bernardes, Edinho, Luiz Thiago, Alex Santos, Téo Demeriti, Marcelo Vieira, Reginaldo Soares, Daniel Barbosa e Maurício Amorim
Intérprete: Charles Silva

ÁFRICA SAGRADA CINTILANTE
HERANÇA QUE CRUZOU O MAR (Ô O MAR)
BERÇO DA ANCESTRALIDADE
É A ETERNA MÃE DAS GRANDES DIVINDADES
FEZ LOUVOR A NOSSA FÉ, AFASTANDO O LAMENTO
EM NOVO SOLO, OUTRO ASSENTAMENTO
DA CASA BRANCA AO TERREIRO DE BOGUN
ONDE ECOA O ADARRUM, ETERNIZA MEU AXÉ
SALVE A BAHIA ACARAJÉ E CARURU
ONDE ECOA O ADARRUM É RAIZ DO CANDOMBLÉ

BATE NO COURO O ALABÊ… ABRE O XIRÊ
O CORPO VAI BALANÇAR PRA SAUDAR O ORIXÁ
BANHO DE ABÔ, ERVAS PARA PROTEGER
A ENERGIA QUE EMANA DO ILÊ

Ê FARAÓ ESCUTE O TOQUE DO AGOGÔ
TEM BATUQUE NO PELÔ E TAMBÉM NA CURUZU
O TOQUE DO AFOXÉ, NA PAZ DE OXALÁ
A PLATÉIA ACLAMA A SINFONIA POPULAR
NO PALCO ERUDITO RESSOA O ATABAQUE
O MUNDO APLAUDE A VOZ DE UM TENOR
O AMOR VENCEU
TODOS OS POVOS UMA SÓ NAÇÃO
ÚLTIMO ATO, DEIXA A LÁGRIMA ROLAR
A ÓPERA PRETA É DE EMOCIONAR

SOU EM CIMA DA HORA
O MEU CANTO HOJE CLAMA
ESSA FÉ QUE ME CHAMA, INVADE O PEITO
É ARTE NEGRA, FILHA DO TERREIRO
KOLOFÉ AO POVO BATUQUEIRO

Marcus Ferreira abraça alegria da Ilha na preparação para o próximo carnaval

Novo carnavalesco da União da Ilha, Marcus Ferreira chega muito feliz na escola da Ilha do Governador, onde é o responsável pelo enredo “BA-DER-NA! Maria do Povo”, que contará a história de Marietta Baderna. O CARNAVALESCO conversou com o artista na apresentação dos segmentos da escola para o próximo carnaval, onde ele falou sobre a recepção na escola, ideia e desenvolvimento do enredo e o que esperar da Ilha para o próximo carnaval.

marcus ferreira ilha
Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Marcus começou falando sobre como se sente e o que representa para ele estar como carnavalesco da Tricolor Insulana para o Carnaval de 2025, com toda a história e tradição da agremiação:

“Eu agradeço a Deus por estar nessa grande escola. Eu acho que a Ilha está numa luta para voltar ao grupo especial, que é um lugar que ela já fez sambas e carnavais memoráveis. Acho que a maior trilha sonora do carnaval é a da Ilha: “É hoje”, “O Amanhã”, “Domingo” e “Didi de Bar em Bar, um Poeta”. É a Escola da Alegria. É um momento de reconquista minha no sentido de mudar de escola, mas estou feliz. Estou feliz pela recepção, feliz por estarmos fazendo, projetando um carnaval à altura da escola e que eu tenho certeza que tem tudo para conquistar o público”.

O carnavalesco então comentou sobre os desafios trazidos pela estrutura dos barracões da Série Ouro, em comparação ao Especial:

“Aí eu acho que é a fase mais dura. Isso realmente pesa, não ter um lugar limpo. A Ilha está indo para o barracão da UPM nos próximos dias. Eu também estou acostumado, foram nove anos de Série Ouro. É claro que esses anos do Grupo Especial dá um gostinho de não ter uma goteira, de ter um ambiente mais limpo, não só para mim, mas para os profissionais que trabalham. É um time. Mas, eu estou preparado para enfrentar esse novo desafio e eu tenho certeza que a diretoria da Ilha não vai medir esforços para a gente fazer um carnaval lindo”.

Confira a sinopse do enredo da União da Ilha para o Carnaval 2025

Em seguida, o artista comentou sobre seu retorno à Série Ouro do carnaval carioca, após alguns anos como carnavalesco apenas em escolas do Grupo Especial, e como foi seu último carnaval:

“Eu acho que o artista quer fazer arte. Eu passei pela Viradouro, fui campeão, foram dois anos muito difíceis na Mocidade, e eu acho que as colocações contaram um pouco para que eu voltasse para a Série Ouro. A gente sabe hoje que a disputa do Especial é muito acirrada. É improvável o resultado. Não achei justa a colocação da Mocidade, isso eu acho que os sambistas também, em maior parte, vê que a Mocidade fez um carnaval muito bacana. Foi um enredo que dialogou diretamente com a alma do carnaval. E eu acho que esse é o meu intuito, vou guardar o Caju com muito carinho, essa passagem dessa última temporada e eu acho que é isso. Meu pensamento em fazer carnaval é dialogar sempre com a cultura popular direta, não é tornar o carnaval acadêmico, é ao contrário, é da academia trazer um novo entendimento para cada escola, para cada trabalho que a gente realiza”.

Marcus continuou falando sobre o enredo escolhido para a escola em 2025, que trará a vida e os feitos de Maria Baderna, também chamada de Marietta, uma importante figura para a cultura do Rio de Janeiro entre os séculos XIX e XX, e como seus carnavais sempre buscaram esse diálogo com figuras populares:

“Eu acho que a Baderna já tem feito uma baderna aí no coração das pessoas e eu acho que é a cara da ilha e era um enredo que desde 2021, durante a pandemia, eu vi um videozinho que passou numa emissora, eu falei: ‘bom, eu acho que isso daria uma grande história’. É uma história do povo, como meus carnavais sempre dialogaram com a cultura popular, eu estou dando esse viés do povo, que foi muito defendido por ela. É uma artista que defendeu muitos artistas da época. É um enredo feminista, abolicionista, de reivindicação a tudo aquilo que a gente vive até hoje. Eu estou muito feliz com esse novo momento. É claro que ciente das dificuldades de fazer a Série Ouro, mas o importante é fazer um grande trabalho, um grande espetáculo”.

Tem-Tem Jr é o novo intérprete da União da Ilha para o Carnaval 2025

Além do vídeo que viu anos atrás, durante a pandemia, Marcus também consultou a família da homenageada diretamente para construir o enredo, ressaltando outras figuras que levou em forma de narrativa para a Sapucaí:

“Eles tinham esse sonho de transformar a história de um ícone nosso, do povo e que é desconhecido pela maioria. A Família deu total apoio, eu fiz prontamente o convite para que a tetra-neta dela, a Paula, que é uma pessoa ligada à cultura carioca, não mora no Rio, mora em Santa Catarina, mas escreveu comigo a sinopse, fez toda a parte de desenvolvimento, de pesquisa histórica. Porque é uma história que tem várias versões, então eu preferi seguir o caminho da família para que a gente pudesse contar com legitimidade tudo que a Marietta viveu no Rio de Janeiro do início do século passado. Foi uma coisa bem natural, um encontro bem feliz e eu acho que a missão é essa. Eu já tive a felicidade de conhecer muita gente do nosso Brasil: As ganhadeiras; Lan, o cartunista; J. Borges, o xilogravurista, o Alto do Moura que eu fiz, os discípulos de Vitalino. Então, esse encontro com a nossa gente é algo que todo ano me dá um combustível para fazer o melhor pelo carnaval”.

Por fim, Marcus Ferreira contou o que esperar da União da Ilha para o Carnaval de 2025:

“Eu acho que a alegria da Ilha é o perfil da escola. É um enredo com a seriedade de contar essa personagem, mas com a leveza da Ilha. Com o onirismo… A Ilha é uma escola viajante também, ela embarca em vários enredos que foram viagens extraordinárias. Eu acho que é esperar isso, alegria, leveza nas fantasias, colorido ao extremo e muita criatividade. Eu acho que o carnaval da Série Ouro ele promove isso, ele promove essa questão da gente abusar da criatividade, romper barreiras naquilo que o dinheiro não nos dá. Então, acho que a leveza, a originalidade, a criatividade e um enredo bem aprofundado com a emoção que a Marietta Baderna carregou em sua vida”.

Raphaela Nascimento revela como superou desafios e promessa cumprida pelo retorno da Tradição para Sapucaí

Raphaela Nascimento, presidente da Tradição, em entrevista ao site CARNAVALESCO, compartilhou sua experiência durante o período da agremiação na Livres e na Intendente. Destacou como conseguiu manter a força após a perda de seu pai e abordou a situação do espaço da escola e seus planos para os ensaios, além de expressar seu sentimento em relação ao retorno à Sapucaí.

tradicao vence24

A Tradição passou por momentos significativos desde 2022. Após a morte de Nésio Nascimento, seu fundador e presidente de honra, a escola anunciou sua volta aos desfiles para 2023, competindo na divisão alternativa organizada pela Livres. O enredo homenageava Nésio, e a escola conquistou o vice-campeonato. Após a dissolução da Livres, a Tradição se filiou à Superliga Carnavalesca do Brasil e passou a desfilar na Série Prata a partir de 2024. Com o enredo “Trono Negro”, a escola conquistou o título da Série Prata e o acesso à Série Ouro no carnaval de 2025, marcando seu retorno à Sapucaí após 11 anos.

O relato de Raphaela Nascimento sobre como encontrou forças para seguir em frente sem seu pai é muito comovente. Ela citou que, em um período difícil, chegou a considerar desistir, pois seu pai era o pilar tanto de sua família quanto da escola Tradição, e toda a responsabilidade acabou recaindo sobre ela. Seu pai havia sido presidente da Tradição por 30 anos, o que tornava a tarefa ainda mais desafiadora. No entanto, ao olhar para o seu filho de três anos, ela sentiu a responsabilidade de dar continuidade ao legado deixado por seu pai. Ela viu que ele tinha dedicado sua vida à escola e não poderia deixar que tudo acabasse. Assim, decidiu que era sua vez de fazer a diferença e honrar a memória dele. Raphaela reuniu todas as forças que tinha, e até aquelas que achava que não tinha, e seguiu em frente, determinada a continuar o trabalho e preservar o legado de seu pai na Tradição.

Conheça o enredo da Tradição para o Carnaval 2025

“Por um período eu pensei em desistir, porque o meu pai era o pilar da minha família e da nossa escola. E essa responsabilidade passou para mim em todos os sentidos. Ele foi presidente da Tradição por 30 anos. E eu olhava para o meu filho que hoje tem 3 anos e pensava: seu avô deu a vida por essa escola, não vou deixar ela acabar assim. Agora é a minha vez de fazer a diferença e honrá-lo. E assim eu fiz, juntei todas as forças que eu tinha e as que eu não tinha e segui em frente”, desabafou Raphaela.

O período da Tradição na Intendente foi marcado por desafios e dificuldades para Raphaela e toda a equipe da escola. Ela descreveu como um período muito difícil e doloroso, onde tomaram decisões que tiveram consequências. A Tradição sempre foi uma escola que buscava disputar títulos na Intendente, mas com a situação em que ninguém subia de divisão, a existência da Liga Livres perdeu sentido para eles. O objetivo principal não era apenas desfilar, mas sim conquistar o campeonato. Com a volta da Superliga, a Tradição foi aclamada, o que representa um momento de reconhecimento e retorno ao caminho que a escola sempre buscou.

Tuninho Jr é o novo intérprete da Tradição para o Carnaval 2025

“Foi um período muito difícil e doloroso. Nós tomamos decisões e as consequências chegam. A Tradição sempre foi uma escola de disputar títulos na Intendente. E como não subia ninguém, ficou sem sentido a Livres existir, pois nosso intuito não era só desfilar e oba oba. O objetivo era o campeonato. E esse ano com a volta da Superliga fomos aclamados!” compartilhou Raphaela.

Para Raphaela, a volta da Tradição à Sapucaí representa a promessa cumprida que fez para seu pai. Ela prometeu que iria conseguir colocar a Tradição de volta à Marquês de Sapucaí, e conseguiu cumprir essa promessa em sua memória. O campeonato conquistado foi em homenagem a ele, e o próximo desfile será dedicado a ele, especialmente no ano dos 40 anos da escola: “Para mim pessoalmente representa a promessa cumprida que fiz para o meu pai. Eu prometi que eu iria conseguir colocar a Tradição de volta na Sapucaí e eu conseguir por ele. O campeonato foi por ele e o nosso próximo desfile será para ele e no ano dos 40 anos da nossa escola”.

A presidente revelou que estão avaliando a situação da antiga quadra e buscando a melhor solução para a escola. Por enquanto, os ensaios serão realizados no Clube dos Sargentos. Para o enredo de 2025, podemos esperar que a Tradição traga uma temática centrada na emoção. A presidente afirmou que o fio condutor será justamente esse aspecto emocional.

Jack Vasconcelos fala sobre enredo do Tuiuti: ‘o que mais gritou é a necessidade de se falar hoje do tema’

Jack Vasconcelos é um dos grandes artistas do carnaval. Por mais um ano, o carnavalesco assinará o enredo do Tuiuti, que para 2025, vai levar a Sapucaí a história de Xica Manicongo, a primeira travesti não-indígena da história do Brasil, com o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?”. O CARNAVALESCO conversou com Jack para saber mais sobre alguns assuntos, como a pesquisa do enredo, e a repercussão com as pessoas.

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Foto: Eduardo Hollanda/Arquivo

Jack começou falando o que mais o emocionou durante a pesquisa do enredo sobre Xica, destacando a importância de trazer este tema muito atual para a Sapucaí, através da história dela: “Muitas coisas me emocionaram. Eu acho que o que mais gritou para mim é a necessidade de se falar hoje do tema, como esse tema não foi superado. É uma pesquisa, que na verdade se inicia antes de 1590. É o ano que se tem o registro como Francisco Manicongo, mas é uma pesquisa que começa antes, mas são questões que não são superadas e o nosso período colonial, essa nossa cabeça escravocrata, só piorou a situação. O que me chamou muito a atenção foi que é um tema que é super atual. Tanto é que eu trago ele para uma discussão contemporânea, porque ela se faz muito necessária. E outras coisas, tipo algumas questões culturais, alguns diálogos religiosos, culturais, que foram feitos durante o caminhar da Xica aqui, que eu não sabia, que eu não fazia ideia que tivesse acontecido”.

Confira a sinopse do enredo do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2025

O carnavalesco continuou pontuando, principalmente, o lado espiritual do enredo sobre Xica, através da Jurema: “E, outra coisa, foi um enredo que exigiu de mim uma entrega e um desprendimento muito grande, porque ele tem uma base de pesquisa bibliográfica, mas ele é conduzido, basicamente, pela questão espiritual. Eu tive guias que me levaram a um conhecimento mais profundo e eu consegui falar com algumas dessas entidades e foi um enredo meio que montado por vidas que viveram aquela época. Eu tive acesso aos livros que estavam abertos ali pela vivência na minha frente, e isso nunca tinha me acontecido antes. Então foi uma oportunidade que eu agarrei como eu pude, porque eu sei que isso não é aberto para todo mundo. Eu me senti muito honrado com isso”.

Em seguida, Jack comentou sobre a repercussão que o enredo teve nas redes, principalmente com a divulgação e comentários de várias pessoas de destaque, como a deputada Érika Hilton, e como a discussão sobre o enredo já existe nas ruas: “Despertar o interesse das pessoas sobre o tema que você está trazendo, isso é um máximo para qualquer proposta de enredo. Eu acho que todo artista quando propõe um enredo na verdade ele quer fomentar isso também. Ele quer que as pessoas corram atrás que elas: ‘conheço, já ouvi falar e vou me aprofundar’, ‘nunca ouvi falar, vou atrás do que é’. Quando esse movimento acontece é uma felicidade. O enredo já tomou a rua”.

Tuiuti celebra sinopse de 2025 e presidente fala: ‘estão dizendo que é top três, um dos melhores enredos do carnaval’

O artista continuou falando sobre os elogios recebidos pelo enredo, e pontuou um pouco sobre como o tema pode ser carnavalizado: “Eu sei que muita gente gostou. Os que não gostaram são de praxe, já estou acostumado. Mas assim, eu gostei da boa receptividade do tema. Eu sei que é um tema importante, é um tema delicado, mas é um tema extremamente carnavalesco, no sentido das imagens, das figuras que ele pode propor e de como a narrativa pode usar esses elementos para se comunicar com o público. Eu acho que ele é um enredo de comunicação desde a concepção, desde que ele existe. Ver que as pessoas já pescaram a vibração que o enredo vai ter, isso é muito bom”.

Por fim, Jack falou sobre o samba-enredo da escola, que será mais uma vez encomendado, e sobre como tem conversado com os compositores que irão realizar a obra: “O samba-enredo vai ser encomendado, acho que com a mesma parceria desse ano que passou. Não tenho certeza se todos, mas acho que sim. Na verdade, eu já estou tendo algumas conversas desde que eu comecei a levantar algumas lebres e que eu sabia que eu tinha que dividir esse meu conhecimento com as pessoas que iriam me ajudar a montar o projeto da escola. Que é um conhecimento que estava me sendo passado e que não era para eu guardar comigo. Se eu estava ouvindo era justamente para eu passar adiante. As conversas já estão acontecendo”.

Sinopse do enredo do Arranco para o Carnaval 2025

“Mães que Alimentam o Sagrado”
(Arranco do Engenho de Dentro 2025)

“Òrìsa bi ìyá kòsí
Òrìsa bi ìyá s’òwón”

“Orixá igual mãe não existe
Orixá igual mãe é raro”

(Dito Yorubá)

“Èṣù ṣí ọ̀nà fún ìyá”
Exú abre os caminhos para a mãe.

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Ancestralidade

No princípio, Obìnrin, te perguntaram o que tu sabias ser, respondeste: ìfẹ̀. E seguiste no mundo sendo mulher, guardando o mistério da vida, cabaça capaz de gerar. De ti, cheia de afeto, também vem o primeiro alimento, sagrado dom: mu ọmú. No continente ancestral, mãe África, o festival Gẹ̀

lẹ̀dẹ̀ é uma celebração aos teus dons. Ọkúnrin mascara seu rosto e despe seu corpo da masculinidade para fazer festa em louvor as grandes senhoras mães.

Yèyé é senhora dos oceanos, mãe dos filhos gerados e contidos em suas águas. Dona de Orí, ventre dos Òriṣà, foi a senhora Ìyá que guiou seus filhos pela grande encruzilhada: dos mares até esta terra.

Mas não só Yemanjá é Ìya. Aqui nesse chão, seus filhos fazem ṣiré para louvar as òriṣà mães: Ọ̀ṣùn, Ọya, Ọbà, Yewá, Nàná e Yemọja. Para elas são oferecidas comidas feitas pelas mãos da Ìyágbásé, cargo de prestígio no terreiro, exercido na cozinha, lugar de Mímọ̀sínú. Cozinhar é domínio santo feminino, sem comida não há òriṣà. Alimentar o terreiro é também cultuar os deuses e os antepassados.

Pluralidade

Fora do terreiro, a fé de Obìnrin move o mundo. A Mãe Baiana faz feijoada no dia de Jorge guerreiro, ao som de agogô, repique, tamborim, surdo e pandeiro, pedindo força para enfrentar os dragões de todo dia.

Mãe sempre roga a mãe, confia na Senhora Advogada. Ìyá com fé faz Angu para a Senhora do Rosário, pede por seus filhos, na prece ao som da congada para a mãe que olha pelos pretos. Com fé vai à beira-mar em procissão, pedir à Senhora dos Navegantes para cuidar dos seus, na ida e na volta. Segurança e boa pesca, alimento e fartura.

Mulher do Tacacá ocupa a rua todo dia para vender a iguaria. Na festa da Mãe Nazaré olha com fé as romeiras e os romeiros que passam segurando a corda da Senhora. Mãe no Brasil acredita nas origens dessa terra. Confia na fé de Iaçã, a indígena que abraçou o sofrimento de perder a filha para descobrir a palmeira do Açaí, fruto que alimentou sua aldeia.

Terra de Fé esse Brasil… A raiz indígena do nosso solo, chamada “Pão da Nossa Terra”, conhecida por diversos outros nomes, alimenta tanta gente. Conta a lenda originária que a mandioca nasceu da tristeza da mãe de Mani em meio a perda de sua filha, do seu choro velado na oca, nasce a Mani-oca – Mandioca.

É lá na Bahia de São Salvador onde os filhos e filhas dessas mães saem em dia de Carnaval, ao toque do Ìjẹ̀ṣà, oferecendo pàdé para Bara, em celebração à vida que vem dessas Ìyá.

Por todo o Brasil se faz festa e quando chega o mês de junho não há como esquecer os meninos do sertão: Antônio, João e Pedro. Aos três santos as mães cozinham diversas iguarias com o milho, herança indígena, alimento que fortalece o corpo e cura o espírito. Brasil das mães guerreiras, benzedeiras, mandingueiras que saúdam a vida aos pés do umbuzeiro, a árvore da esperança. A crença delas em dias melhores guia sua busca por uma vida mais próspera. Mulheres que pedem com fé são atendidas. Súplica de mãe é sempre concedida.

Resistência

Mãe que ara a terra, planta sementes e colhe não só os frutos e verduras, colhe esperança. Ganha a vida vendendo na feira, trocando no mercado e sorrindo em casa. Não desiste de manter seus filhos saudáveis, mesmo quando a esperança do alimento vem daquilo em que ninguém vê beleza.

Mulher que luta para não sucumbir ao enlatado, não comer o processado, não deixar de ser rainha, não perder o poder da cozinha. Comida de mãe é sagrada, saudável, temperada com amor. Cozinha é lugar de mistério e poder, onde toda mulher pode ser.

Mãe que é chefe de família, é empreendedora, doméstica, batalhadora, que garante o sustento sem perder a alegria. Abdica de si para cuidar dos filhos, dos pais e da casa. Não perde a esperança de um mundo mais justo. Está sempre disposta a ajudar. Caridade na língua é palavra feminina.

Mulher que chora pela terra, que preserva para ela seguir saudável para o plantio. Sempre preocupada com o futuro, se pergunta diariamente: A terra seguirá alimentando? Ela precisa mesmo de um cuidado materno.

Mãe é a fonte do primeiro alimento: amamenta e acalenta. Mas a mulher só precisa ser mãe se quiser. Escolha que merece respeito. Muitas não podem gerar uma vida, mas também são mães. Outras não têm útero para gerar, mas também são mães. O amor delas é herdado da ancestralidade. Elas zelam pelos seus com sensibilidade, carinho e afeto.

Amor de mãe é dedicação, é fé e é força!

Mulheres que elegeram a Missão da maternidade, outras foram mães pelo acaso, pelo destino, ou pela simples falta do direito de escolha. Mas a maternidade precisa ser pensada com as suas glórias e complexidades: ser mãe é difícil.

Mães, abraçadas pelo Falcão que as cobre com um manto de amor que as faz Senhoras. Todas podem ser Ìyá. Na Obìnrin habita também o segredo de cuidar, alimentar e proteger. Mesmo diante das adversidades, parte delas adquirem com o tempo a sabedoria e o discernimento para seguir nessa jornada.

Mulheres do Arranco, unidas nas alegrias e nas angústias, seguem de mãos dadas fazendo circular uma poderosa energia que sustenta o “Chão do Nosso Terreiro”, o Engenho de Dentro, alimentando com esperança o seu sagrado: a fé e a família.

Presidente: Diná Santos
Vice-presidente: Tatiana Santos
Carnavalesca: Annik Salmon
Texto: Annik Salmon e Artur Vinícius Amaro
Pesquisa: Annik Salmon e Artur Vinícius Amaro

Agradecimentos

Agradecemos a Iyalorixá Marcia Marçal do Nascimento, Matriarca do Ilê Asé D’Oluaiyè Ni Oyá, por abrir as portas da sua casa e dividir conosco seu amor por esse sagrado ancestral que nos guia. A nossa Presidente Dona Diná, matriarca do chão do nosso terreiro, por partilhar sua fé em Nossa Senhora Aparecia e seu amor por todos os que passam pelo Arranco, que ganham em seus braços um colo de mãe sempre disposta a acolher. Agradecemos também a Dandara Suburbana pela receptividade, a troca proveitosa e o aceite para embarcar nessa jornada cheia de afeto. Ao Obá Abiodun Adriano de Azevedo Santos Filho, do Ilê Axé Opô Afonjá – São Gonçalo do Retiro – Salvador (BA), pelos conselhos sobre a ancestralidade que tanto guiaram este texto. A Ariel Portes por somar nas encruzilhadas. E a todas as mulheres que contribuíram e que vão contribuir com suas histórias e afetos para que esse seja um grande carnaval do Arranco do Engenho de Dentro.

Glossário do Enredo

Obìnrin (substantivo) – Mulher
ìfẹ̀(substantivo) – Amor
mu ọmú. (Verbo) – Mu – Dar/ ọmú – Seio > Dar o Seio – Amamentar
Gẹ̀lẹ̀dẹ̀(Substantivo) – máscara pertencente ao culto dessa sociedade.
Ọkúnrin (Substantivo) – Homem
Yèyé (Substantivo) – 1 – Mãe; 2 – Mãezinha, uma forma carinhosa de definir as mães.
Ìyá (Substantivo)– Mãe
Orí (Substantivo) – Cabeça
Òriṣà (Substantivo) – Oxirá; 1 – Divindades representadas pelas energias da natureza,
forças que alimentam a vida na terra, agindo de forma intermediária entre Deus e as
pessoas, de quem recebem uma forma de culto e oferendas. Possuem diversos nomes de
acordo com a sua natureza; 2 – deuses africanos da etnia yorùbá cujo culto objetiva
equilibrar as energias do Ser Humano e em seu entorno. Eles atuam como intermediários
entre a humanidade e o criador.
Ṣiré (Substantivo) – 1 – Cerimônia pública de Candomblé quando toda a comunidade se
reúne para louvar as divindades através de cânticos e danças. No Ṣiré os Òriṣà se
manifestam através de transe e dançam paramentados com suas roupas festivas e
apetrechos rituais.
Ìyágbásé (Substantivo) – 1 – Cargo de confiança dado pelo Orixá no candomblé de Ketu
para que uma ekedi mais velha da casa para atribuí-la a responsabilidade pelas comidas
litúrgicas; 2 – Cozinheira chefe do terreiro.
Mímọ̀sínú (Substantivo) – Conhecimento Secreto
Ìjẹ̀ṣà (Substantivo) – Ritmo sacro do Candomblé produzido por instrumentos de
percussão litúrgicos para louvar Ọ̀ṣùn e a outras divindades.
Pàdé (Substantivo) – Comida Litúrgica do Candomblé oferecida ao Orixá Exu, feita a
base de farinha de mandioca crua com azeite de dendê, mel, água ou cachaça.

Referências:

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yorùbá. Revista África e Africanidades – Ano III – n. 12 – Fev. 2011 – ISSN 1983-2354. P.
ALVES, Míriam Cristiane (org.) et al. Matripotência e Mulheres Olùṣọ́: Memória
Ancestral e a Enunciação de Novos Imaginários. – 1° ed. – Porto Alegre: Editora
Rede Unida, 2021.
ANDRADE, Maria Elizabeth Ribeiro. Festa do rosário dos homens pretos de Minas
Novas. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
ARAÚJO, Antoracy Tortolero. Lendas Indígenas – Ilustrações de Bruno Gomes – Rio
de Janeiro: Editora do Brasil, 2014.
BENISTES, José. Dicionário yorubá português. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2011. ______________. Mitos Yorubás: o outro lado do conhecimento. – 9° ed. – Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2021.
______________. Dicionário português yorubá. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Bertrand
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Giácomo, Maria Teresa Cunha de. A Lenda Da Mandioca (Lenda dos índios Tu
IGBOIN, Benson O. Is Olodumare, God in Yoruba Belief, God? Kanz Philosophia, v.
4, n. 2, p. 189-208, dec. 2014. Tradução para uso didático por Wanderson Flor do
Nascimento.
JAGUN, Márcio de. Yorùbá: vocabulário temático do candomblé. – 1. ed. – Rio de
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LIGHT, Henrique. Nossa Senhora dos Navegantes – Porto Alegre, 1871 – 1995. Porto
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LODY, Raul. A senhora que cozinha – A “Iyá agbá sé” ou “iabassé”. Brasil Bom de Boca, 2017. Disponível em: <https://brasilbomdeboca.com.br/a-senhora-que-cozinha-a-iya-agba-se-ou-iabasse/> . Acesso em: 25/03/2024.
PORTUGAL FILHO Ferandez. Iyami Oxorongá: O culto às Mães Ancestrais. São Paulo: Arole Cultural, 2022.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. – Ilustrações de Pedro Rafael. São Paulo:
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SILVA, Vagner Gonçalves da. Exu: Um Deus Afro-atlântico no Brasil. – 1° ed. 1°
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SIMAS, Luiz Antonio. Almanaque brasilidades: um inventário do Brasil popular. – Ilustrações de Mateu Velasco. – Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018.
______________. Santos de casa: Fé, crenças e festas de cada dia. – Ilustrações Aline
Bispo. – 1° ed. – Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.
SUBURBANA, Dandara (org.) et al. Laboratório de Narrativas Femininas. – 1° ed. –
Rio de Janeiro: SESC RJ, 2022.

LigaRJ tem novas integrantes em sua diretoria

Responsável pelos desfiles da Série Ouro, a LigaRJ tem duas novidades em sua diretoria visando o Carnaval 2025. Sob a gestão do presidente Hugo Junior, a entidade contará com Paula Maria como diretora cultural e Marcia Abdalla como diretora social. Elas foram anunciadas nesta quinta-feira e já estão integradas aos trabalhos no novo ciclo carnavalesco.

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Fotos: Divulgação/LigaRJ

Paula Maria assume a diretoria cultural da LigaRJ com foco na valorização da história das agremiações filiadas, com atividades que as exaltem ao longo de todo o período pré-carnaval. Oriunda de uma família de sambistas, ela também é vice-presidente cultural do Império Serrano e demonstrou muita alegria com a oportunidade.

“Sem dúvida alguma é o maior desafio profissional da minha vida, mas ao mesmo tempo é muito gratificante por se tratar de algo que eu amo e conheço. Pretendo manter viva e dar publicidade às particularidades de cada uma das agremiações que compõem a Série Ouro, mantendo vivas suas histórias, lutas e exemplos”, afirmou Paula.

A outra novidade é a chegada de Marcia Abdalla como diretora social, cargo que desempenhou no Sereno de Campo Grande. Agente de projetos sociais, ela é idealizadora do programa “Missão Medula”, que atua na realização de palestras e ações propagando o impacto social e a importância da doação de medula óssea no Brasil inteiro. Em seu trabalho, a diretora garantiu que estará próxima das agremiações.

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“Estou radiante de emoção com o convite do presidente Hugo Junior. Fiquei apaixonada pelo amor e dedicação das pessoas que se entregam o ano inteiro, dando o melhor de si para tudo acontecer. E na minha caminhada não é diferente: muito amor e dedicação a quem precisa. Antes de uma festa, o carnaval é serviço social. Vamos juntos buscar contribuir um pouquinho para que nossas comunidades se sintam abraçadas e acolhidas”, destacou Marcia.

Diretora de carnaval segue para 2025

Outra novidade da LigaRJ foi a renovação de Carla Brito como diretora de carnaval. Ela chegou à entidade nos preparativos dos desfiles de 2023, esteve no último e foi garantida para o próximo.

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No planejamento para o Carnaval 2025, a LigaRJ vai realizar o sorteio para definir as ordens dos desfiles da Série Ouro no dia 18 de junho, na Barra da Tijuca. No próximo ano, a festa na Marquês de Sapucaí acontecerá nos dias 28 de fevereiro e 1º de março, com 16 agremiações na busca de uma vaga para o Grupo Especial.

Conheça o enredo da Rosas de Ouro para o Carnaval 2025

A Sociedade Rosas de Ouro, que no próximo ano buscará seu oitavo título do grupo Especial do carnaval paulistano, apresentou na noite da última quarta-feira, o enredo que levará para seu desfile em 2025.

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Com o título “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, o enredo que será desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo, que fará sua estreia na entidade, contará a história da arte de jogar e sua importância na sociedade. “Desde os tempos mais antigos da humanidade, os jogos refletem valores, habilidades, traços marcantes e costumes de culturas e épocas. Com o passar dos séculos, evoluíram, se diversificaram, refletindo avanços tecnológicos, sociais e culturais, sem perder a sua essência. Sorte, mistério, adrenalina, estratégia e muita diversão, e é isso que levaremos para nosso desfile de 2025”, detalha o carnavalesco.

O enredista Roberto Vilaronga, responsável pela ideia e desenvolvimento, ressalta a importância do tom lúdico na narrativa. “A história dos jogos será tratada de forma leve, lúdica e carnavalizada, deixando o enredo envolvente e empolgante do início até o final.”

Para lançar seu enredo, a Rosas de Ouro optou por fazer uma surpresa para seus diretores, coordenadores e chefes alas, com uma apresentação especial realizada em seu barracão, na Fábrica do Samba. “A nossa ideia foi pegar todos os nossos segmentos de surpresa, por isso, optamos por esse formato sem uma grande festa. Porém estamos preparando uma celebração especial para a nossa comunidade, assim iniciaremos juntos esse incrível projeto, contamos com todos vocês”, explica Angelina Basilio, presidente da escola.

A Roseira será a sexta escola a desfilar na primeira noite das apresentações do grupo Especial do carnaval de São Paulo, em 28 de fevereiro, no sambódromo do Anhembi.

Carnavalesco – Fábio Ricardo
Enredista – Roberto Vilaronga

Beija-Flor ressalta pontos didáticos da sinopse que homenageia Laíla: Fé, protagonismo preto e profundo conhecimento musical

A Beija-Flor reuniu na última quarta-feira diversos veículos de imprensa em seu barracão na Cidade do Samba para apresentar a sinopse do enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”, lançada na última segunda-feira. Com o carnavalesco João Vitor Araújo, o diretor de carnaval Marquinho Marino, e os pesquisadores Bianca Behrends, Vivian Pereira e Guilherme Niegro, a tarde se dedicou a explorar detalhes da sinopse e da construção do enredo da Deusa da Passarela para o Carnaval de 2025.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Após a leitura da sinopse, o quinteto fez algumas explanações e respondeu as perguntas sobre alguns pontos do texto. Bianca comentou que alguns pontos que não podiam faltar no enredo eram a fé sincrética de Laíla, bradando por respeito e tolerância religiosa, as bandeiras que ele defendeu durante muitos anos através dos enredos, como o protagonismo do povo preto em sua festa, e a exposição de diversas mazelas sociais, em enredos como “Ratos e Urubus”, “Saco Vazio não para em pé”, “Monstro é aquele que não sabe amar”, e que são abordados em outros desfiles apresentados, assim como seu último carnaval na União da Ilha, “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salve-se quem puder”.

Guilherme falou sobre a necessidade que Laíla teve de se impor no meio do carnaval, justamente em meio a chegada dos acadêmicos para a folia na década de 1960, em contrapartida dele preto, pobre e favelado, mas muito entendido do próprio carnaval. Além disso, ressaltou como a música clássica era fundamental para o homenageado, relembrado também pelo seu ouvido absoluto, capaz de distinguir plenamente os sons, mesmo em meio a uma bateria, pois Laíla saberia onde estaria exatamente um instrumento desafinado ou um ritmista descompassado. Ele falou também sobre como a construção partiu não só de entrevistas feitas com nomes como Rosa Magalhães, Milton Cunha, Maria Augusta, Mário Jorge Bruno, Plínio e Rodney, entre outros, mas também de como eles reagiam aos textos que era construidos da sinopse, com a pergunta: “Você está vendo o Laíla aqui?” ou dando informações como “O que não pode faltar do Laíla?”.

Sinopse da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2025

Ressaltando a fé do homenageado, Marino aprofundou um pouco sobre a questão religiosa de Laila, sendo ela um marco de um sincretismo que só poderia ocorrer no Brasil. E como para ele cada guia, cada colar, tinha um sentido e significado para ele: “Ele tinha de tudo naquele peito, santinhos católicos, Cosme e Damião, São Jorge, terço, colares indígenas, patuás, ele conheceu uma cigana, ela leu o destino dele, gostou, e colocou mais um cordão no peito. Acaba que, mesmo com o estigma macumbeiro, é evidente que ele era isso mesmo, é evidente que ele era um católico apostólico baiano, pois ele acreditava em tudo, confiava em tudo, desde que ele gostasse de você”, ressaltando que Laíla conhecia muitos locais sagrados por intermédios de pessoas que ele gostava e tinha confiança.

Em seguida, Marino contou que foi João Vitor quem decidiu o título do enredo por conta dessa pluralidade religiosa que ele trazia e acreditava fielmente, além de ter desenhado a logo do enredo. E que o título casou com a proposta imaginada de começar com parte mais espiritual para depois chegar no trabalho musical e relacionado com o carnaval.

Marino e Vivian também comentaram sobre a importância de tentar construir um texto e enredo concisos, principalmente, para que a maioria das pessoas compreendam aquilo que a Beija-Flor deseja mostrar de Laíla. Vivian falou como a história dele é uma história recente, por ele ter falecido há pouco tempo, em contraste aos seus 70 anos dedicados à folia, e existirem poucos registros mais distantes de forma física, porém muito tendo se preservado de forma oral:

“O carnaval das escolas de samba preserva a oralidade. A gente está começando agora essa questão de gravar, registrar em imagem, vídeo e áudio. Mas isso foi gostoso porque estamos indo para um caminho onde ele gostava, das histórias orais, da oralidade, e isso é uma característica que tinha nos enredos dele, que ele desenvolvia”.

A comissão teve uma preocupação, em seu trabalho conjunto, de fazer uma sinopse didática em relação a Laíla, em busca de ajudar desde aquele que não conhece a história, até os compositores que irão se debruçar nela para construir os sambas que disputarão nas eliminatórias. Marino também adiantou que fará uma prévia inicial antes dos sambas disputarem na quadra, chamando as parcerias no barracão para ouvir os sambas, num local mais tranquilo, um ambiente controlado musicalmente falando, para entendê-lo, sendo esta uma das formas que o próprio Laíla conduzia a disputa.

Salgueiro participa da confecção de tapetes de Corpus Christi na Catedral do Rio

Na manhã desta quinta-feira, dia de Corpus Christi, o Acadêmicos do Salgueiro marcou presença na confecção de tapetes festivos na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. O evento contou com a participação especial da agremiação a convite do Padre Wagner Toledo, pároco da Igreja de São Jorge no Centro e diretor espiritual do Salgueiro. O tapete, elaborado pelo diretor de comunicação Victor Britto, homenageia São Sebastião, padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro e do Morro do Salgueiro.

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Foto: Victor Brito/Divulgação Salgueiro

A iniciativa surgiu durante uma conversa entre Padre Wagner e a diretoria do Salgueiro sobre o enredo que a escola levará para a Marquês de Sapucaí em 2025: “Salgueiro de Corpo Fechado”, uma narrativa que explorará a relação humana com a busca pela proteção espiritual.

Entre os presentes no encontro, estavam a presidente do Aprendizes do Acadêmicos do Salgueiro, Mara Rosa, e a porta-bandeira da escola, Marcella Alves.

Mara Rosa destacou a união entre fé e a paixão pelo Salgueiro: “Já dizia nosso samba: ‘O Salgueiro é para quem tem fé’. Unidos pela fé, estamos aqui para celebrar o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo.”

Marcella enfatizou a importância do momento para a agremiação: “Hoje é um dia muito especial para nós, salgueirenses. Poder dar esse pontapé inicial e estar dentro do nosso enredo, fechando o nosso corpo aqui, montando o nosso tapete de Corpus Christi, é algo muito simbólico. Participar desta festa nos dá a crença de que entraremos diferentes em 2025”.

Além da diretoria e segmentos da escola, paroquianos da Igreja de São Jorge também contribuíram para a confecção do tapete salgueirense, que servirá de passagem para o Santíssimo Sacramento ao final da procissão, conduzida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani João Tempesta, no final da tarde desta quinta-feira.

Vila Isabel volta a fazer disputa de samba e marca data da final

A Unidos de Vila Isabel divulgou nesta quinta-feira o calendário da disputa de samba-enredo para o Carnaval 2025. A festa para escolher o novo hino da azul e branca de Noel começa em 27 de setembro, e o anúncio será feito na madrugada do simbólico dia 28, aniversário do bairro.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Os compositores terão pouco mais de dois meses para entregar as letras e passarão por duas eliminatórias antes da final. A entrega e explanação da sinopse acontecerão em 26 de junho. No mês seguinte, a Comissão de Carnaval da agremiação disponibilizará datas entre 15 e 26 de julho para tirar dúvidas e orientar os compositores.

Última escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, a Vila Isabel levará para a Sapucaí o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece” desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. A escola focará nas assombrações que atazanam o imaginário popular, demonstrando como elas fazem parte do nosso dia a dia de várias formas, em diversas etapas da vida – desde a infância até a fase adulta.

Conheça o enredo da Vila Isabel para o Carnaval 2025

Calendário:
26/06 – Entrega e explanação da sinopse
15 à 26/07 – Dúvidas e orientações
16/08 – Audição interna
28/08 – Entrega dos sambas
06/09 – Apresentação
13/09 – Eliminatória
20/09 – Semifinal
27/09 – Final