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De Iyá Nassô a Clara Camarão! Com Lara Mara no comando, Unidos de Padre Miguel mantém identidade para o Carnaval 2026

Em entrevista ao CARNAVALESCO, a nova presidente da Unidos de Padre Miguel, Lara Mara, falou com firmeza e sensibilidade sobre as escolhas para o próximo carnaval.

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“Já era uma vontade minha trazer a temática indígena para a escola, porque um dos meus carnavais preferidos da UPM é o de 2018, que foi o Eldorado. Nessa minha gestão, eu quero trazer enredos que contem histórias de quem a gente não vê, que não tem notoriedade nas outras escolas. Tem histórias que precisam ser contadas”, revelou.

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Lara Mara é a presidente da Unidos de Padre Miguel. Foto: Carolina Freitas

A escolha da personagem também coincidiu com o novo momento de liderança da escola, agora sob seu comando. “Querendo ou não, é um enredo muito feminino. A gente saiu de um enredo feminino, que exaltava Iyá Nassô, e estamos indo para outro. E casou comigo entrando na presidência este ano. Todo mundo da minha equipe gostou, estamos muito felizes, graças a Deus”.

Sobre a mudança de grupo e a consequente saída da Cidade do Samba, Lara tratou o assunto com pragmatismo e serenidade: “Sair da Cidade do Samba, para mim hoje, é só uma consequência do rebaixamento. Graças a Deus, temos uma estrutura de barracão boa, que a nossa escola nos proporcionou”.

Mesmo assumindo oficialmente a presidência agora, Lara revelou que continua aprendendo com o pai, o diretor de carnaval, o pai Cícero Costa. “Ainda tenho muito o que aprender, mas eu tenho escutado muito o meu pai. Ultimamente, tenho preferido me calar um pouco mais sobre algumas coisas para não causar tanta polêmica, mas agora acho que o principal direcionamento que o meu pai me deu, que tem sido o foco geral de toda a equipe, é esquecer o passado, olhar para 2026 e fazer um belo carnaval”.

A presidente também comentou com emoção o impacto que o samba-enredo de 2025 teve após o desfile. Mesmo sendo retirada do Grupo Especial, “Egbé Iyá Nassô” se tornou um fenômeno. “Não parece, mas eu sou chorona pra caramba, e toda vez me emociono quando as pessoas me marcam em postagens que mostram isso, ou quando comentam. Porque, independentemente do resultado, o importante é o legado que a gente deixa. Acredito que daqui há 10 anos ainda vão estar cantando ‘Vila Vintém é terra de macumbeiro’. Será que o samba de quem ficou no Especial vai ser cantado daqui a 10 anos? Pois é. Fica a pulga atrás da orelha”.

Questionada sobre o que o público pode esperar da Unidos de Padre Miguel na Sapucaí em 2026, mesmo na Série Ouro, Lara foi enfática: “Com certeza, manteremos o alto padrão, com muita força e muita garra. E vamos embora. Eu vou ficar quietinha para morrer velhinha, mas vamos que vamos, porque acho que a Unidos de Padre Miguel não tem como descer o nível”.

Por fim, a presidente lamentou algumas limitações do Grupo de Acesso: “O que me deixa triste hoje é que não vou conseguir colocar todos os meus componentes na avenida, pela redução do número de integrantes imposta pela Série Ouro. Mas faz parte, vamos lutar para, no ano que vem, voltarmos ao nosso lugar de direito”.

Opinião: Tuiuti aponta para Cuba e reafirma sua vocação afrocentrada com o enredo ‘Lonã Ifá Lukumí’

Ao apresentar o enredo “Lonã Ifá Lukumí” para o Carnaval 2026, o Paraíso do Tuiuti confirma sua posição como uma das escolas mais engajadas em narrativas de matriz africana no Grupo Especial. Sob a assinatura do carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola de São Cristóvão direciona seu olhar para Cuba, especificamente para a região de Matanzas, onde a tradição iorubá, levada por africanos escravizados, floresceu na forma do culto Lucumí.

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logo enredo tuiuti 2026

A sinopse do enredo, revelada com riqueza histórica e lirismo característico de Jack Vasconcelos, propõe um desfile que ultrapassa os limites da estética para oferecer uma experiência de fé, resistência e ancestralidade. Ao escolher abordar o sistema oracular de Ifá, o Tuiuti mergulha num campo simbólico denso, onde o destino é traçado pelos búzios, pelos signos de Ifá e pela sabedoria ancestral dos babalaôs.

A escola segue o caminho já trilhado em carnavais recentes, como nos enredos “O Salvador da Pátria” (2018) e “Xica Manicongo” (2025), apostando na construção de uma identidade própria, marcada pelo resgate histórico e pela denúncia das injustiças sociais, raciais e culturais. Em 2026, no entanto, o foco se expande além do Brasil, fazendo da diáspora africana seu grande enredo.

A escolha de figuras como Carlota Lucumí, líder de revoltas contra o regime escravocrata cubano, e Remígio Herrera (Adechina), sacerdote fundamental na estruturação do culto Lucumí em território estrangeiro, confere densidade e protagonismo a personagens muitas vezes esquecidos pela historiografia oficial. A abordagem do Tuiuti repara silêncios e reposiciona essas figuras no centro da narrativa.

Outro ponto de destaque é a relação entre o sagrado e o comunitário. A sinopse propõe o desfile como um grande ritual coletivo, onde o samba ocupa o papel do cântico litúrgico e a avenida se transforma em templo. O oráculo de Ifá, interpretado na tradição cubana, passa a ser símbolo não apenas da religiosidade afroatlântica, mas também de um destino coletivo, forjado na luta e na resistência cultural.

Visualmente, o enredo abre caminho para um universo rico em cores, formas e símbolos. A musicalidade pode flertar com os toques dos tambores batá, tão presentes nos ritos cubanos. Alegorias podem representar os cabildos, as casas-templo, os rituais de iniciação, os objetos sagrados como o obí e os idefás. É um terreno fértil para a criatividade cênica e para o impacto sensorial.

O desafio está lançado. Jack Vasconcelos é um artista experiente no campo e terá a missão de entregar um enredo que una forma e conteúdo, reverência e inovação. Com o samba-enredo já encomendado a Cláudio Russo, Gusttavo Clarão e Luiz Antônio Simas, a escola indica que quer seguir com consistência e coerência de discurso. A expectativa é por uma composição que traduza o espírito do enredo com beleza poética e fidelidade cultural.

O Tuiuti caminha, mais uma vez, na contramão da superficialidade. Aposta no enredo como motor de identidade, como espelho de um Brasil plural e de uma herança africana que transcende fronteiras. “Lonã Ifá Lukumí” não é apenas um título. É uma convocação. Uma chamada à memória, à fé e à afirmação de um povo que, mesmo arrancado de sua terra, nunca perdeu o caminho.

Em 2026, o destino da escola parece traçado: a avenida será palco de um ritual. Que os orixás estejam presentes e que o público esteja pronto para escutar o chamado dos atabaques.

Mayara Lima retoma aulas de samba no pé em projeto social para crianças do Morro do Tuiuti

A dançarina e rainha de bateria do Paraíso do Tuiuti Mayara Lima deu início às atividades do projeto social da escola mirim Netinhos do Tuiuti para o ciclo do Carnaval 2026. A primeira aula marcou o lançamento da nova turma do projeto Educação em Ação, que oferece oficinas gratuitas de samba no pé para crianças e adolescentes de sete a 17 anos no Morro do Tuiuti.

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Foto: Divulgação

Criada na escola mirim e hoje símbolo da comunidade, Mayara destacou o orgulho de retornar ao seu território agora como educadora: “Meu objetivo é trabalhar o samba desde cedo na vida dessas crianças, resgatar a essência do samba no pé da nossa comunidade e trazer isso para dentro da nossa quadra. Estou muito feliz em poder contribuir não só como rainha de bateria, mas também como educadora. É algo que me enche de orgulho. Poder transmitir meu conhecimento através da minha arte e da minha cultura, que é tão rica, é uma missão. Toda criança precisa fazer parte desse mundo, dessa magia que é o Carnaval”, afirmou.

Para a rainha, projetos como esse são essenciais visto que Carnaval vai muito além de uma festividade. “O samba tem o poder de mudar vidas — e eu sou prova disso. Vim da escola mirim e o Carnaval transformou a minha história. Quero que essas crianças entendam, desde cedo, que o samba pode ser um pilar de mudança para elas, assim como foi para mim”, completou.

Carnaval 2026: Vila Isabel inicia disputa de samba com audição interna

Cumprindo mais uma etapa fundamental em sua caminhada rumo ao Carnaval de 2026, a Unidos de Vila Isabel promoveu, no palco do Teatro Liceu de Artes e Ofícios, a audição interna dos sambas concorrentes ao enredo “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”. O momento, reservado à diretoria, segmentos e equipe de carnaval, foi marcado por muita emoção, energia positiva e profunda conexão com a proposta artística da escola para o próximo desfile. O evento reuniu 17 parcerias de compositores.

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Foto: Divulgação/Vila Isabel

A audição prévia foi descrita pelos organizadores como uma “gira de sonhos, vozes, batuques e esperanças”. Em cada samba, pôde-se perceber a entrega dos autores em traduzir a força poética e simbólica da temática idealizada por Gabriel Haddad e Leonardo Bora, carnavalescos da agremiação, que homenageia Heitor dos Prazeres e sua visão de África através da arte, da música e da fé.

A diretoria da escola agradeceu às 17 parcerias inscritas e ressaltou a importância da escuta atenta e coletiva neste momento do processo. A escolha do samba que embalará a Vila Isabel em 2026 será definida ao longo das próximas etapas da disputa, que promete ser acirrada e de alto nível.

O sonho da Vila está só começando. E, como dizem os versos que ecoam no bairro de Noel: “Macumbembê, Samborembá”… vem samba forte por aí.

De volta à presidência da Estrela do Terceiro Milênio, Giba fala de projetos e de Silvão: ‘Coração da escola’

Trocas de comando são sempre momentos delicados para qualquer instituição. No mundo do carnaval, é claro, não seria diferente. Após os desfiles de 2025, tal momento chegou para a Estrela do Terceiro Milênio. Eleito vereador da cidade de São Paulo nas eleições de 2024, Silvio Antonio de Azevedo, popularmente conhecido como Silvão Leite, deixou a carga para Gilberto Rodrigues, o Giba. Para conhecer um pouco mais do novo (ou melhor, do retorno) de Giba ao mais alto cargo da agremiação da Zona Sul, o CARNAVALESCO conversou com o presidente da instituição, que falou um pouco sobre diversos assuntos.

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Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

A volta

Antes de mais nada, a reportagem queria saber, com mais detalhes, como se deu o retorno de Giba à presidência da Estrela do Terceiro Milênio. Ele não se fez de rogado: “Com a eleição do Silvão para vereador da cidade de São Paulo, ele não poderia continuar como presidente de uma escola. Juntamente com o nosso presidente de honra, Milton Leite, me chamaram para uma conversa e, daquele jeito delicado, em uma conversa muito demorada, eles me disseram que só tinham eu e que a comunidade gostava de mim. Eles me pediram ajuda”, lembrou.

A resposta já é conhecida de todo o mundo do samba: “De imediato, não tive como falar não. Já estava afastado há três anos do carnaval e, para ser bem sincero, na minha cabeça não teria essa volta. Mas… um pedido do Silvão e do nosso presidente de honra eu não tive como negar. Vamos embora para mais um carnaval”, disse.

O retorno de Giba foi anunciado em plena festa de aniversário da escola de samba, no qual Silvão destacou que estava saindo do cargo porque “ não teria como estar próximo da escola do jeito que ele ” por conta da vereança.

Estilos e mudanças

Há um motivo pelo qual Giba é querido pela comunidade da Estrela do Terceiro Milênio: ele já foi presidente da agremiação – mais precisamente, no período entre 2016 e 2022. Gilberto trabalhou na agremiação no antigo Grupo 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), que era o terceiro escalonamento do carnaval paulistano na época, e saiu deixando uma agremiação com o então até acesso inédito ao Grupo Especial. Foram, ainda, três títulos no currículo: além dos conquistados nos primeiros e últimos anos do mandato, outra taça em 2019, no segundo ano do terceiro pelotão da folia de São Paulo com o nome do Grupo de Acesso II.

Se, no primeiro mandato, Giba primeiro recolocar a Estrela do Terceiro Milênio nos trilhos, agora o papel é pelo topo. E, apesar de começar falando que não é necessário mudar algo, ele deixou escapar algo que quer aperfeiçoar: “Eu não vejo uma mudança no estilo como necessidade. Eu vejo um pouco mais em relação à valorização da comunidade: são eles que fazem acontecer tudo. Eu costumo sempre dizer que nós podemos ter a melhor fantasia e carros alegóricos de ouro; mas, se não tiver a comunidade, se não tiver o povo, a gente não chega em lugar nenhum”, comentou.

Giba segue: “Eu acredito que, cada vez mais, a gente tem que valorizar a comunidade. O componente é o povo que faz acontecer. Eu acho que eu preciso melhorar um pouco mais, trazer mais esse povo para mais próximo da escola. As escolas de samba estão perdendo um pouco disso. Você vê as dificuldades, hoje em dia, das escolas trazerem para dentro da sua quadra o povo. Eu acho que a gente tem que acolher mais para ser melhor. São os componentes que fazem acontecer – e, se não tiver eles… eu acho que, se eu trabalhar um pouquinho mais nisso aí, consigo melhorar um pouquinho mais esse contato”, ponderou.
Admiração

Se, ao falar da primeira gestão dele próprio, Giba destacou que pode ser melhor na segunda oportunidade que tem, ele acredita que o antecessor fez um trabalho irrepreensível: “Falar do Silvão é difícil… o Silvão é o coração dessa escola. Ele é o fundador da escola, é uma paixão enorme. É um cara que, se para dar a vida, ele dá pela escola. Tem os seus erros, como eu tenho, como nós temos os nossos erros. Mas eu não vejo nada para melhorar tirar nem tirar nem. É seguir o trabalho, apenas. A A escola chegou no Grupo Especial e se consolidou, com acertos em todos os departamentos – e sabemos o que está no caminho certo”, comentou.

Vale destacar que, assim como Giba neste momento, Silvão teve dois mandatos à frente da Estrela do Terceiro Milênio. Como dito pelo atual mandatário, ele foi um dos fundadores da agremiação e foi o escolhido para ser o primeiro presidente da instituição, em um mandato que começou em 1998 e foi até 2001.

Vida dedicada

Ao ser questionado sobre a sensação de retornar nos braços do povo grajauense, Giba fez questão de relembrar a própria história na instituição do Extremo Sul paulistano: “Cheguei perdido na escola, fui para ajudar e queria o que precisei, não sabia o que fazer Saí empurrando carro, como merendeiro, em 2009, e peguei uma paixão imensa. na presidência”, recorda com orgulho.

Ele fez questão de frisar que sentiu muita sinceridade em relação a cada cumprimento que recebeu ao voltar com o mandatário da instituição: “Em relação a essa volta, fiquei muito feliz, principalmente pelo acolhimento do povo, pela recepção a minha volta. Quando eu cheguei na quadra, quando eu fui anunciado, eu sinto aquele carinho – e verdadeiro. Cada abraço que eu ganha, cada beijo… isso me emociona e me dá mais força para batalhar por esse povo, colocar sob o braço. É rumo ao título, Desfile das Campeãs. Vamos brigar para esse povo, colocar sob o braço. isso”, finalizou.

Para voltar bem

Em 2026, a Estrela do Terceiro Milênio conduziu para a avenida o enredo “Hoje a poesia vem ao nosso encontro: Paulo César Pinheiro, uma viagem pela vida e obra do poeta das canções”, em homenagem ao compositor que está no título da apresentação, em desfile idealizado pelo carnavalesco Murilo Lobo.

O presidente destacou que, a priori, foi reticente em relação à proposta do carnavalesco, mas passou a ser um ferrenho defensor da temática: “Essa confusão é do Murilo! O Murilo gosta dessas confusões. Ele apresentou esse enredo e mais alguns para a gente. De imediato, não me chamou a atenção. Quem era ele? Busquei entender. E, no primeiro livro que eu peguei, nas três primeiras páginas que eu li, eu me encantei. Não é possível que esse cara tem mais de mil e duzentas músicas, compôs não sei com quem. A gente escuta tanta música, eu já chorei com tanta música desse cara e não sabia que era ele. Não quero nem ver o enredo em si, mas vai ser esse aqui.

‘Transformo essa responsabilidade em honra’, Renato Esteves fala sobre homenagem do Império Serrano a Conceição Evaristo

Em 2026, o Império Serrano vai transformar a Sapucaí em página viva da literatura de Conceição Evaristo. Com o título “Ponciá Evaristo: flor do Mulungu”, o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves é mais que uma homenagem: é um mergulho coletivo no conceito de escrevivência, criado pela escritora mineira para nomear sua escrita atravessada por raça, gênero e classe, que, agora, atravessa também o carnaval.

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Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

“Foi uma confluência de interesses”, disse Esteves em entrevista ao CARNAVALESCO. “Eu já queria muito falar da Conceição. Dona Conceição é muito especial na minha vida e agora vai ser muito especial para o Império Serrano”, afirmou.

A escolha de homenagear Conceição Evaristo, uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea, nasce, segundo o carnavalesco, de um encontro marcado pela escuta. “No nosso primeiro encontro, ela falou quase seis horas. Ali ela deu o enredo pra gente. Todos os caminhos vieram dessa conversa”, lembrou.

Com delicadeza e reverência, Esteves conduz o desenvolvimento do desfile respeitando um pedido essencial feito pela escritora. “Ela pediu pra gente ler os livros, mas não a biografia. Disse que a biografia dela é de uma mulher preta comum, com todos os sofrimentos que isso carrega — e que a potência dela está nas obras”, revelou.

A escolha evidencia uma das premissas centrais da escrevivência de Conceição Evaristo: é a partir das experiências cotidianas, da oralidade, do corpo e da memória, que se constrói uma escrita que é, ao mesmo tempo, íntima e coletiva. É justamente essa perspectiva que guia o fio narrativo do enredo.

“O Império Serrano é uma escola fundamentada nas mulheres pretas. Já tem a sua própria escrevivência. Então a gente tá se usando desse conceito para desenvolver o desfile e, a partir desse ponto, trazer as vivências da Dona Conceição”, afirmou Esteves.

O desfile será não apenas sobre Conceição, mas com ela, e, também, com o próprio Império, sua história e sua comunidade. Durante o processo de pesquisa, o carnavalesco se viu impactado pela força e atualidade das obras da autora.

“É uma escrita que vai direto ao ponto. São histórias que ou a gente viveu, ou conhece alguém que viveu, ou ouviu alguém contar. Eu me encontrei muito na literatura dela. É literatura, mas também é memória social”, declarou o artista.

Para o Império Serrano, a homenagem vem em forma de afirmação histórica: a cultura negra, as narrativas silenciadas, o corpo feminino e periférico não apenas desfilam, mas escrevem, ou melhor, escrevivem, suas próprias existências no carnaval.

“A gente vai divulgar a cultura, vai divulgar a leitura. É um passo muito importante que o Império está dando, em defesa das bandeiras que ele já levanta desde sempre”, destacou Esteves.

 

Na avenida, a flor do mulungu — símbolo de resistência e ancestralidade na literatura de Conceição — deve florescer em alas, alegorias e versos. “É uma responsabilidade muito grande falar de Dona Conceição Evaristo. Mas também é um prazer imenso. Eu transformo essa responsabilidade em honra. E eu acho que tinha que ser no Império Serrano”, finalizou.

 

No desfile de 2026, cada passo será palavra, cada ala será parágrafo, cada batida de tambor será um grito de vida. Uma escrevivência coletiva que atravessa tempos, corpos e saberes — e que fará da Sapucaí um grande livro aberto à luta e à poesia.

Cordão da Bola Preta é declarado patrimônio imaterial do Estado do Rio

O Cordão da Bola Preta, um dos blocos mais tradicionais do Carnaval carioca, agora é oficialmente patrimônio histórico, cultural e imaterial do Estado do Rio. A lei 10.902, de autoria do deputado estadual Vitor Junior (PDT), que reconhece a importância histórica e cultural do bloco, foi sancionada pelo Governo do Estado e publicada no Diário Oficial.

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Foto: Divulgação Gov RJ

“Declarar o Cordão da Bola Preta como patrimônio imaterial é preservar nossa memória, valorizar nossas tradições e garantir que essa manifestação cultural siga encantando gerações. Por sua importância histórica, cultural e para a memória do Carnaval, nada mais justo que homenagearmos essa manifestação, que é referência em nosso estado, perpetuando seu legado de luta e resistência que atravessou gerações”, afirma o deputado.

O Cordão da Bola Preta, que hoje arrasta milhares de foliões no Carnaval pelas ruas do Centro do Rio e, em 2025 completa 107 anos, é o mais antigo bloco do Rio de Janeiro e último representante remanescente dos antigos cordões carnavalescos que existiam na cidade, no início do século XX.

CAMP Mangueira e Evelyn Bastos promovem roda de conversa em celebração ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, o CAMP Mangueira realiza uma programação especial voltada aos jovens atendidos pela instituição. Em parceria com a gestora cultural Evelyn Bastos, a iniciativa propõe uma roda de conversa para refletir sobre as vivências, os desafios e as conquistas das mulheres negras, fortalecendo o diálogo sobre identidade, cultura e representatividade.

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Foto: Divulgação/Mangueira

A programação será concentrada em um único dia — 25 de julho, sexta-feira — e será dividida em dois turnos. Pela manhã, a convidada é Maru2D, cantora e compositora da produtora Nadamal, de Felipe Ret. Mulher preta na cena do rap feminino, Maru compartilhará sua trajetória artística e pessoal, incluindo as experiências como mãe e recém-formada em odontologia.

No turno da tarde, Evelyn Bastos — rainha de bateria da Estação Primeira de Mangueira, diretora cultural da Liesa, conselheira do CAMP Mangueira e presidente da Mangueira do Amanhã — mediará um bate-papo com três mulheres negras de destaque em suas áreas de atuação. São elas: Carolina Morais, historiadora e cofundadora da The African Pride; Thays Braga, médica ginecologista e obstetra; e Bárbara Rachel, professora, ativista e pesquisadora. Thays e Bárbara, inclusive, são nascidas e criadas na comunidade da Mangueira, fortalecendo ainda mais a conexão entre o território e as histórias compartilhadas.

Durante o encontro, as convidadas vão abordar temas como resistência, protagonismo e empoderamento feminino negro, a partir de suas trajetórias e vivências. Para Alessandra Almeida, coordenadora pedagógica do CAMP Mangueira, o evento tem um papel essencial na formação dos jovens.

“Mais do que uma comemoração, este momento é um espaço de escuta, acolhimento e fortalecimento das nossas juventudes, especialmente das meninas negras que se veem refletidas em histórias como as da Evelyn e da Maru”, ressalta.

A programação ainda contará com uma homenagem à artista Preta Gil, com a leitura de um texto de tributo e um minuto de silêncio em reconhecimento ao seu legado de luta, arte e representatividade.

O evento, exclusivo para os jovens da instituição, será realizado na sede do CAMP Mangueira, reafirmando o compromisso da entidade com a formação cidadã e o combate ao racismo estrutural.

Carnaval 2026: Nota 10 terá que ser justificada pelos julgadores do Grupo Especial do Rio

Em decisão tomada na plenária desta quarta-feira, na Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), os presidentes ds 12 escolas de samba do Grupo Especial aprovaram uma mudança importante no sistema de julgamento para o Carnaval 2026. A partir do próximo ano, todas as notas atribuídas pelos jurados, inclusive, as ‘tradicionais’ 10, que deverão ser justificadas. A medida busca aumentar a transparência e a responsabilidade no processo de avaliação dos desfiles do Grupo Especial.

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Foto: Fábio Costa/Liesa

📋 Justificativas obrigatórias para todas as notas

Antes da mudança, apenas as notas inferiores a 10 exigiam justificativa escrita por parte dos julgadores. Com o novo regulamento, cada conceito atribuído, mesmo o mais alto, terá que vir acompanhado de uma explicação técnica.

SAIBA MAIS
* Liesa informa alteração no posicionamento de cabines e aumenta número de jurados para o Carnaval 2026

👨‍⚖️ Mais jurados por quesito

Outra mudança importante diz respeito à composição do corpo de jurados. Em 2026, serão seis avaliadores por quesito, totalizando 54 jurados no total. Posteriormente, em data que ainda será definida, haverá um sorteio para oficializar aqueles 36 que terão as notas abertas na apuração. Dessa maneira, seguirá havendo o descarte da menor nota, com 27 sendo válidas para o somatório final, como aconteceu em 2025.  O objetivo é tornar o julgamento mais técnico e equilibrado, diminuindo o impacto de avaliações isoladas que destoem do conjunto. Vale ressaltar que as notas seguem sendo fechadas ao final de cada dia de desfile competitivo, conforme decisão das agremiações.

O Rio Carnaval 2026 acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, com as seis melhores colocadas voltando para o Sábado das Campeãs, no dia 21 do mesmo mês.

Liesa informa alteração no posicionamento de cabines e aumenta número de jurados para o Carnaval 2026

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro anunciou nesta quarta-feira um aprimoramento no modelo de julgamento do Rio Carnaval 2026. As principais novidades ficam por conta da alteração no posicionamento de duas cabines, que agora ficarão espelhadas, além da seleção de 54 jurados. A espelhada ficará nos setores 6 e 7 da Sapucaí. As outras cabines vão seguir nos setores 3 e 10. As mudanças foram oficializadas em votação que contou com a presença de presidentes e representantes das 12 escolas de samba.

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Foto: Divulgação/Rio Carnaval

A alteração no posicionamento das cabines de avaliação ocorre para deixar os desfiles ainda mais fluidos, com as agremiações passando a parar três vezes para apresentar os quesitos, em vez das quatro paradas realizadas anteriormente. Dessa forma, duas das cabines ficarão agora uma em frente à outra (uma no setor par e outra no ímpar). Essa decisão foi embasada em consulta realizada com os profissionais das escolas, durante seminário realizado em maio.

Já o aumento no número de julgadores visa trazer ainda mais transparência à competição. Serão selecionados agora 54 jurados, ou seja, seis por quesito. Posteriormente, em data que ainda será definida, haverá um sorteio para oficializar aqueles 36 que terão as notas abertas na apuração. Dessa maneira, seguirá havendo o descarte da menor nota, com 27 sendo válidas para o somatório final, como aconteceu em 2025.

Vale ressaltar que as notas seguem sendo fechadas ao final de cada dia de desfile competitivo, conforme decisão das agremiações.

O Rio Carnaval 2026 acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, com as seis melhores colocadas voltando para o Sábado das Campeãs, no dia 21 do mesmo mês.