Luciana Picorelli subiu o Morro do Parque Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para realizar um ensaio fotográfico especial. Conhecida por seu trabalho como repórter de Wagner Montes, na Record, e por sua passagem pelo humorístico Zorra Total, da Globo, a apresentadora apostou na sensualidade para marcar sua estreia como rainha de bateria da União do Parque Acari.
Usando shortinho e top, ela posou no alto de uma laje, interagiu com moradores e exibiu a coroa que simboliza seu novo posto. Após os cliques, trocou o salto alto por um momento descontraído: um animado banho de borracha com as crianças da comunidade.
“Esse ensaio tem um significado muito especial. Além de me aproximar da comunidade que representarei no carnaval, ele marca também um reencontro com a minha própria história”, declarou. Recentemente, Picorelli revelou ter descoberto um tumor na hipófise, o que tornou o momento ainda mais marcante.
“Voltar ali foi mais do que um gesto simbólico, foi voltar pra casa. E agora, com o coração ainda mais cheio de propósito. Voltei no tempo e me lembrei de quando saí, ainda de colo, da comunidade Fazenda Botafogo. São memórias que carrego comigo e que me fortalecem. Estar hoje, de volta a um território tão cheio de vida, cultura e resistência, me emocionou profundamente”, completou.
Nascida em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Luciana foi criada na Vila da Penha, subúrbio do Rio, e desde cedo ajudava no sustento da família. Vendeu cachorro-quente nas ruas até ser descoberta pelo fotógrafo Wagner Carvalho, quando estrelou sua primeira capa da Revista Sexy. Ao longo da carreira, foi musa do Paparazzo, dançarina do grupo Molejo e integrou o elenco do Zorra Total, antes de se destacar como repórter de televisão.
O grupo Puxadores do Samba estreia no palco do Teatro Rival Petrobras, nesta terça-feira, a partir das 19h30, com um show que convida o público a conhecer a versatilidade e a potência artística dos intérpretes do carnaval. O espetáculo será comandado por cinco nomes consagrados da folia: Tinga (Vila Isabel), Marquinhos Art’Samba (Unidos da Tijuca), Serginho do Porto (Águia de Ouro e Estácio de Sá), Bruno Ribas (Unidos de Padre Miguel) e Wantuir (Porto da Pedra). Os ingressos custam a partir de R$ 45 e estão à venda pela plataforma Sympla. A casa abre às 18h30.
Com um repertório que passeia pelos pagodes dos anos 1990, atravessa clássicos dos anos 2000 e desembarca na Marquês de Sapucaí, o “Samba dos Puxadores” é uma verdadeira viagem pela história da musicalidade brasileira. O repertório conta com grandes artistas como referência, entre eles Jorge Aragão, Dona Ivone Lara, Xande de Pilares, Neguinho da Beija-Flor, Renato da Rocinha, Elis Regina e Zeca Pagodinho. Destacam-se ainda Dominguinhos do Estácio, Jackson Martins e Preto Joia — integrantes da primeira formação dos Puxadores do Samba — cuja contribuição foi fundamental para a construção da identidade musical do grupo. As influências buscam valorizar a tradição do samba e do pagode, ao mesmo tempo em que dialoga com novas expressões e sonoridades.
“Será um show que mistura nostalgia e atualidade. Ao mesmo tempo que instiga a memória afetiva do público com clássicos atemporais, também faz todo mundo cantar e pular com as músicas do momento”, destaca Bruno Ribas.
Após um hiato de mais de 20 anos, os Puxadores do Samba estão de volta sob nova formação. Criado em 1999 com o propósito de valorizar o ofício do intérprete, o grupo reforça que os cantores do Carnaval têm voz, talento e versatilidade para transitar por diversos gêneros musicais.
“Voltamos com força total para representar a classe dos cantores do Carnaval, apresentando um novo trabalho, mas carregando o legado de todos aqueles que fazem parte dessa história”, afirma Serginho do Porto. “Queremos mostrar que os puxadores de samba são, antes de qualquer coisa, artistas”, completa Tinga.
O projeto é desenvolvido através da ASSINCARJ (Associação dos Intérpretes do Carnaval do Rio de Janeiro), entidade que reúne mais de 120 associados e oferece suporte em áreas como produção de eventos e orientação fiscal.
“Estamos realizando um sonho. Poder tornar o retorno desse projeto realidade é a certeza de que estamos no caminho certo”, celebra Wantuir “É muito gratificante levar a força do nosso Carnaval para tantos lugares”, conclui Marquinhos Art’Samba.
Em julho, o grupo já atraiu milhares de pessoas em apresentações realizadas no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, mostrando que o samba dos puxadores continua vivo, pulsante e atual.
Serviço
Data: 12/08/2025
Hora: 19h30
Endereço: Teatro Rival Petrobras – Teatro Rival Petrobras
Ingressos: bileto.sympla.com.br/event/108698
A Unidos de Lucas já tem samba para o carnaval de 2026. Em uma grande festa, a agremiação definiu a parceria campeã, composta pelos compositores: Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Charles Silva, Kaique Gigante, Lucas Martins, Guilherme Kauã, Jefferson Oliveira e João Vidal. A obra embalará o enredo “O povo escreve sua história em um sublime pergaminho”.
Nona a desfilar no domingo de carnaval, a agremiação tratará das revoltas que refletem a luta do povo contra a opressão e explicitará a desigualdade e a injustiça ao longo da sua história. O enredo é de autoria do carnavalesco Lucas Lopes, que tem Paulo Neto e Fabrício Lemos na sua equipe criativa, no auxílio de desenvolvimento.
Confira o samba
É tempo, real liberdade
Aos originários que o Brasil esqueceu
O falso progresso e a desigualdade
Nasce tua ordem, e morre um filho meu
Sou muito mais que valor de mercado
E está gravado em minha história
Herança de Congo e Palmares
O sangue da luta ficou na memória
Pujança de crioula e de malês
É o grito liberto no peito
Derrubando o preconceito
Rebelando de uma vez
Mais um revel que veio do gueto
Impondo respeito pra se libertar
Teu decreto é ilusão, não foi fundamento
Negro luta, negro canta em movimento
Levanta nação!
Teu verbo vai no “front” contra a farda
Mentiras dessas cartas assinadas
Delírio que pregou o opressor
Pra resistir… Protesto contra o imperador
Meu Brasil… a sua pátria nunca se calou
Quem vive nas margens da sociedade
Enfrenta o chumbo da falsa doutrina
De punho cerrado, Diretas já!
Pra não se entregar a qualquer sina!
É a revolução, reparação da história
Deixar na memória um legado de luta
Meu povo vem mostrar o seu poder
É o Galo de Ouro, é Unidos de Lucas
Em entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO, durante a Noite dos Enredos, na Cidade do Samba, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Gabriel David, revelou a renovação dos direitos de transmissão dos desfiles do Rio Carnaval com a TV Globo por mais três anos.
“Podemos cravar a renovação por mais três anos da transmissão dos desfiles do Rio Carnaval com a TV Globo. Teremos as transmissões no nosso canal no YouTube dos eventos todos que estarão acontecendo durante o ano e nos ensaios técnicos. Os desfiles são exclusivos da Globo”, afirmou Gabriel.
O presidente revelou que a Liesa recebeu propostas de outros interessados em adquirir os direitos de transmissão, mas destacou que a parceria com a emissora segue estratégica.
“Nós tivemos muitas propostas, mas acredito que a evolução não só dos desfiles, essa evolução midiática e comercial do carnaval, obviamente gera interesse da concorrência. Então sim, tivemos outras propostas de potenciais concorrentes à TV Globo. No carnaval, a TV Globo é de longe a maior emissora de TV desse país, e nada melhor e mais importante que o carnaval esteja presente no veículo que tem essa maior amplitude de comunicação”.
Sobre a realização, pelo segundo ano consecutivo da Noite dos Enredos, Gabriel David destacou que um dos objetivos de sua gestão é aproximar ainda mais o público apaixonado pelo carnaval das experiências oferecidas pela Liesa.
“Estou muito feliz em poder utilizar esse espaço e que seu objetivo é trazer cada vez mais as pessoas apaixonadas pelo carnaval para desfrutar desse momento com o samba. O objetivo é sempre trazer as pessoas apaixonadas pelo carnaval, que vivem esse ambiente de escola de samba durante o decorrer do ano. Com isso, mais ganham os turistas, mais ganha o carnaval. E frequentarem mais a Cidade do Samba e gerar esse sentido de unidade”.
Retirada de ingressos para os ensaios técnicos
Ele revelou que, diante do grande público presente nos ensaios técnicos no Sambódromo, a Liesa estuda a adoção de um sistema de retirada prévia de ingressos, de forma gratuita, para melhorar a organização.
“Estamos estudando uma maneira, sempre de forma gratuita, mas com retirada de ingressos previamente para uma melhor organização, conforto e segurança aos ensaios técnicos na Sapucaí, devido à alta demanda e públicos presentes”.
O Mercado Pago, banco digital do Grupo Mercado Livre, fará ação em que o valor do prêmio do Grupo Especial do Rio no Carnaval 2026, montante distribuído de parte da receita obtida com a venda de ingressos dos Desfiles das Campeãs, renderá o equivalente a 120% do CDI*, em uma ação de marca inspirada no rendimento do produto Cofrinho. O anúncio foi feito durante a “Noite dos Enredos”, evento realizado pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), na Cidade do Samba, na última sexta-feira. O prêmio renderá entre os dias úteis de 8 de agosto de 2025 a 18 de fevereiro de 2026.
“Essa é uma ação inédita e que vai transformar o prêmio oficial em uma oportunidade maior de ganho para as escolas de samba. Além de valorizar e apoiar a cultura, por meio de uma das maiores festas populares do Brasil, queremos oferecer mais oportunidades para todos. É a nossa chance de mostrar aos milhões de fãs do Carnaval, às pessoas que se dedicam o ano inteiro para esse momento, que o Mercado Pago é o melhor banco digital para eles, exemplificado na prática como o dinheiro pode render mais quando bem aplicado, assim como oferecemos aos nossos clientes”, diz Felipe Castaño, Diretor de Marketing & Growth do Mercado Pago.
Para usuários dos programas de fidelidade Mercado Pago, é possível alcançar o rendimento
equivalente a 120% do CDI no Cofrinho sendo assinante Meli+ (até R$ 10 mil reais) e 115% para cliente pessoa física que trazer pelo menos R$1 mil no mês para a conta Mercado Pago e criar um Cofrinho (até R$ 5 mil reais), ou seja, o Cofrinho Mercado Pago se consolida como uma alternativa acessível e vantajosa para seus clientes. O rendimento supera não só o da tradicional poupança — que hoje rende significativamente menos (70% do CDI) —, mas também o de outras carteiras digitais, cujo os rendimentos são liberados apenas após 30 dias de aplicação.
“As escolas de samba estão investindo cada vez mais na produção dos desfiles, fazendo com que o público consiga se surpreender com apresentações inovadoras e de vasto conteúdo cultural. O rendimento da premiação será mais um incentivo para o início do trabalho das agremiações no ciclo seguinte”, ressaltou o presidente da Liesa, Gabriel David.
Atenda a Ação Carnaval Rio de Janeiro 2026 Campeãs: Rendimento equivalente a 120% nos Cofrinhos Mercado Pago: trata-se de expectativa de rendimento que será pago pelo Mercado Pago considerando o valor total do prêmio para cada Escola Campeã do Carnaval Rio de Janeiro 2026. Qualquer rendimento que exceda 100% do CDI é uma discricionariedade do Mercado Pago oferecida como cashback aos participantes dos programas de fidelidade do Mercado Pago. Os valores que serão efetivamente pagos às Escolas Campeãs a título de rendimento respeitarão o índice aplicável ao período até o seu efetivo pagamento, sendo uma expectativa de valor, não uma garantia. Os valores partem da simulação do valor mantido nos Cofrinhos Mercado Pago no período. Este rendimento será aplicável apenas para as Escolas Campeãs do Carnaval Rio de Janeiro 2026, através de ação pontual dos Cofrinhos Mercado Pago para este público restritivamente. Para os usuários Meli+ o rendimento de 120% do CDI possui o limite de R$ 10 mil, acima desse valor o rendimento permanece sendo equivalente a 100% do CDI, consulte regras em Termos e Condições de Contratação de Assinatura.
Na noite chuvosa da última sexta-feira, a Cidade do Samba recebeu a “Noite dos Enredos”, evento em que as escolas do Grupo Especial do carnaval do Rio apresentam, em performances especiais, os temas que levarão à Marquês de Sapucaí em 2026. Com entrada solidária (um quilo de alimento não perecível), a festa reuniu componentes das agremiações, inúmeros famosos e apaixonados pelo samba. Apesar do clima de confraternização e dos elogios à organização e aos shows, formou-se um consenso entre os presentes: a falta de telões espalhados pelo espaço dificultou a visibilidade do palco. Além disso, camarotes instalados nas laterais atrapalharam a visão e a passagem das pessoas, especialmente, quando a chuva levou parte do público a se abrigar perto do espaço.
O sambista e gestor cultural, Nuryunho Almawi, 30 anos, de Nova Iguaçu, torcedor da Beija-Flor, elogiou a proposta: “A ideia do evento é fantástica e apoio cada vez mais ter eventos da Cidade do Samba para o público que respira carnaval. Graças a Deus, hoje está bem cheio, mas acabou que nem todo mundo está tendo acesso a conseguir alimentação, bebida, clima… É diferente de futebol, que é um vaiando o outro. Na escola de samba, o clima é harmônico, está todo mundo aqui congregando o carnaval”.
Sambista e gestor cultural, Nuryunho Almawi, 30 anos, de Nova Iguaçu, torcedor da Beija-Flor,
Thalles Monnerat, 39 anos, técnico judiciário, morador da Glória e torcedor do Império da Uva e da Beija-Flor, destacou: “A organização está muito boa, o som está impecável, maravilhoso. A roda de samba do Cacique de Ramos abrindo com homenagem ao Arlindo e ao Bira Presidente, a exposição aqui do Bira… Está tudo com muito cuidado, com uma qualidade muito boa mesmo”.
Thalles Monnerat, 39 anos, técnico judiciário, morador da Glória e torcedor do Império da Uva e da Beija-Flor
Para Carla Lemls, 39 anos, professora, moradora da Glória e torcedora da Mangueira e do Império da Uva, a experiência foi única, mas com ressalvas: “Lindo, incrível, rico, limpo e organizado. Muito gostoso poder estar aqui e conhecer um pedacinho do que cada escola vai trazer no ano que vem. Mas, para as baixinhas, o palco está triste, porque eu quero ver toda essa dança que o pessoal está trazendo”.
Carla Lemls, 39 anos, professora, moradora da Glória e torcedora da Mangueira e do Império da Uva
A fonoaudióloga Helenice Mello, 28 anos, de Nova Iguaçu, também aprovou: “É a segunda vez que venho. A organização está impecável, como no ano passado. É um evento extremamente importante para a divulgação do samba e das escolas, que são instituições fundamentais para a nossa cultura. Aqui está super acessível, todo mundo pode ver o que a sua escola vai apresentar. O clima está super acolhedor, super empolgante, está maravilhoso”.
Fonoaudióloga Helenice Mello, 28 anos, de Nova Iguaçu
Já a aderecista Cátia Cristina Romão, 59 anos, da Viradouro e torcedora da Mangueira, reclamou da falta de recursos visuais: “Este ano deixou um pouco a desejar. A gente que é baixinho ou médio não consegue ver. Teve ano que colocaram telão, e mesmo que não conseguíssemos ver o palco, dava para acompanhar por ele. Agora não tem. Mas o evento é legal, a gente encontra os amigos, eu amo samba, mas podia ter isso de volta. Mas gostei da entrada acessível ao público, que traz o povão para cá, e eu gosto é disso”.
Aderecista Cátia Cristina Romão, 59 anos, da Viradouro e torcedora da Mangueira
A enfermeira Raquel Garcia, 42 anos, de Bangu, também pediu melhorias, mas elogiou: “Poderiam colocar telões nas laterais, porque não conseguimos visualizar lá na frente. Está igual ao ano passado. Talvez o público esteja um pouco menor por causa da chuva, mas a galera do samba está aqui, e isso é que importa. Organização e preços estão ótimos, até a cerveja baixou um pouco. Só falta mesmo o telão para a visibilidade”.
Enfermeira Raquel Garcia, 42 anos, de Bangu
O presidente da torcida da Mangueira, Romário Souza, 46 anos, aprovou a limpeza, mas comentou: “O preço é salgado, mas isso é em todo lugar. Estamos vivendo um momento em que os preços estão muito altos”.
Sua amiga Tayane Nogueira, 24 anos, completou: “Poderia melhorar a questão dos preços acessíveis para o povo, porque o carnaval é feito para a população que está aqui para englobar e juntar a galera”.
Romário Souza e Tayane Nogueira
Para o empresário Roberto Vasconcellos, 60 anos, da Portela, o único ajuste seria: “Ter mais caixas para pagar as bebidas e reduzir as filas. O resto está perfeito, banheiro muito tranquilo e limpo. Deveria ter mais eventos aqui na Cidade do Samba”.
Empresário Roberto Vasconcellos, 60 anos, da Portela
O estreante Ryan Teixeira, 21 anos, que nunca havia participado de um evento de carnaval, saiu convencido: “Gostei bastante. Achei divertido, é um lugar totalmente diferente para mim, por isso, interessante. Voltaria mais vezes e chamaria amigos. Gostei da estrutura, das várias opções de comida. Os shows da Mocidade e do Salgueiro foram os mais animados. Não teve nada que eu não gostei”.
Ryan Teixeira, 21 anos, que nunca havia participado de um evento de carnaval
Mesmo sob chuva e com críticas pontuais, a “Noite dos Enredos” mostrou que o público quer mais encontros como esse durante o ano, desde que possa ver de perto (ou pelo telão) o espetáculo que só o carnaval carioca sabe oferecer.
O CARNAVALESCO conversou, na madrugada de sábado, com os presentes na Noite dos Enredos, na Cidade do Samba, para saber o que acharam das apresentações das escolas. Tradicional evento de introdução dos temas dos desfiles do próximo ano ao público em geral, o encontro contou com performances de 12 minutos de cada agremiação. Após 10 anos de interrupção, a cerimônia retornou em 2024 e, neste ano, completou seu segundo ano consecutivo, consolidando-se no calendário do samba do Rio de Janeiro.
“É minha primeira vez na Noite dos Enredos, apesar de eu amar samba, amar escola de samba e ir a ensaios na Sapucaí e em várias quadras. Foi bem surpreendente, as escolas trouxeram vários cenários, vários elementos gráficos, ficou muito legal. Eu não esperava tanto, mas penso que a cada ano tende a melhorar, assim como os minidesfiles aqui na Cidade do Samba. É uma prévia do que a gente pode esperar na Sapucaí. Não é nada perto, mas a gente já fica imaginando como serão as coisas”, declarou a supervisora de escola de dança Lizandra Duarte, de 30 anos, que torce pela Imperatriz Leopoldinense.
Supervisora de escola de dança Lizandra Duarte, de 30 anos, que torce pela Imperatriz Leopoldinense
A bancária portelense Aline Silva, de 43 anos, também aproveitou a noite. “É ótimo para as pessoas conhecerem as histórias, para já dar o ponto inicial para o carnaval e a gente começar a torcer pela escola, pelos sambas. É uma iniciativa boa”, disse ela.
Para a técnica de enfermagem e dançarina profissional Isis Batista, de 23 anos, “foi uma noite muito organizada. Superou o ano passado. Acredito que eles devam se superar cada vez mais”. Isis é Beija-Flor e participou da apresentação do Paraíso do Tuiuti.
Técnica de enfermagem e dançarina profissional Isis Batista
O historiador Lucas Silva, de 26 anos, também aprovou. “Deve acontecer por muitos anos”, afirmou o jovem, que trabalha no setor de acervo e documentação no Museu do Samba e torce pela Viradouro.
“No geral, foi muito legal. As apresentações que mais dialogam com o público são mais musicais do que teatrais. Se tem alguma lição aqui é que o público não está aberto à dramaturgia. Eu entendo o impulso de ser mais teatral e tentar explicar o enredo, mas quanto mais musical for, mais empolga o público. A coisa muito encenada não chega do jeito que talvez o carnavalesco pense, do jeito que a escola pense. Fica muito didático e frio, digamos”, analisou o jornalista mangueirense André Baibich, de 41 anos.
Questionado sobre a escola que mais se destacou no evento, o jornalista citou a Imperatriz e Vila Isabel, que, disse, vêm fortes para brigar pelo título.
“A Imperatriz foi muito feliz em traduzir Ney Matogrosso em samba na sua apresentação, o que a Mocidade fez muito pouco, no finalzinho da apresentação com a Rita Lee. A Imperatriz, do início ao fim, cantou Ney Matogrosso com a bateria. A Imperatriz tem um enredo feito para o Carnaval, porque é um personagem gigantesco da nossa cultura. Um personagem que tem na sua trajetória musical, mas cujo aspecto visual é protagonista. É incrível ver esse cruzamento de um artista musical, que não é do samba, com o samba”, declarou André Baibich.
Sob o aspecto da escola de Noel, ele citou o premiado trabalho dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que estreiam este ano na agremiação, e o potencial visual do universo de Heitor dos Prazeres.
Bancária portelense Aline Silva, de 43 anos, também aproveitou a noite
Aline Silva concordou que a escola com a melhor performance da noite foi a Imperatriz. “Apesar de eu estar esperando o Ney Matogrosso aparecer, foi bem bacana. O fato deles terem saído com a banda no final, no meio do povo, foi muito legal. A apresentação, o vídeo, as músicas escolhidas… tudo ficou muito lindo”, justificou ela.
Lucas também lembrou da Rainha de Ramos, além da Mocidade e Acadêmicos de Niterói: “A que mais se destacou foi a Niterói, que falou sobre o Lula, uma pessoa que transcende a política, que todo mundo conhece e boa parte adora. Mocidade e Imperatriz também foram muito boas. Rita Lee e Ney Matogrosso dispensam comentários”.
Outra escola mencionada mais de uma vez foi a Unidos da Tijuca, que ganhou o coração de Isis e Lizandra. “Gostei da coreografia, roupa, da visão, trazendo o tema de Carolina de Jesus. Eles conseguiram passar a proposta muito bem”, colocou a dançarina nilopolitana.
“O enredo da Tijuca, Carolina Maria de Jesus, me emocionou. Não conhecia a história dela, escutei aqui e achei muito emocionante”, compartilhou a leopoldinense, que se encantou também com a energia da Grande Rio.
Para André Baibich, “o Tuiuti e a Tijuca têm enredos belíssimos, mas não é o foco explicar didaticamente de um jeito muito formal, como fizeram. Ficou uma coisa muito sala de aula. Eu espero que, na avenida, essas escolas traduzam o enredo de um modo mais carnavalizado, porque tem potencial”.
Já Lucas colocou que “o Tuiuti tem um enredo bom, mas complicado. Poderia desenvolver mais. Não vai ser algo fácil de botar na avenida, mas espero que dê bom. Hoje, ficou devendo”.
Historiador Lucas Silva, de 26 anos
Outras apresentações avaliadas como pouco empolgantes foram as da Vila Isabel e Mocidade. “A Vila Isabel não levantou tanto a galera. Quando a gente vem para o samba, apresentação de enredo, espera que seja bem alegre”, disse Lizandra.
“A gente espera muito da Mocidade de Padre Miguel, (já que) é uma escola antiga no carnaval, mas, ultimamente, não tem surpreendido. Vem trazendo sempre o mesmo. Poderia ser melhor”, afirmou Isis.
Por fim, os entrevistados falaram sobre as apresentações que mais os surpreenderam. Nesse sentido, a Acadêmicos de Niterói saiu na frente.
“A Acadêmicos de Niterói levantou muito a galera. Por ser a primeira, a gente não estava esperando, mas, para aquele início de apresentação, eles entregaram tudo. Foi energia pura”, expressou Lizandra.
“Uma escola que veio da Série Ouro e foi a última a lançar enredo, mas chegou aqui e arrebentou. Foi contagiante”, pontuou Lucas.
Aline destacou o trabalho de Renato Lage, enquanto Isis elogiou a ideia de Haddad e Bora. “A Mocidade conseguiu mesclar em 10 minutos o repertório enorme da Rita Lee. Achei bem legal. Foi lindo”, dividiu a portelense.
“Além da Tijuca, a Vila Isabel me surpreendeu. Ela vem com um enredo bacana, com os novos carnavalescos. É uma abertura para a Vila sair no carnaval e mostrar que vem para ganhar, cada vez mais”, finalizou a nilopolitana.
A União da Ilha anunciou às 5h50 deste domingo que os compositores Wagnão, Rony Sena, João Vidal, Vinícius Moro, Renan Diniz, Paulo Beckham, Jotapé e Gigi da Estiva venceram o concurso de samba-enredo para o Carnaval 2026. A escola levará para Marquês de Sapucaí o “Viva o hoje! O Amanhã? Fica pra depois” é o título do enredo que será desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. A agremiação será a sexta a desfilar, na sexta-feira, dia 13 de fevereiro de 2026, pela Série Ouro. * OUÇA AQUI O SAMBA
Fotos: Juliana Henrik e Matheus Vinícius/CARNAVALESCO
“Mais uma vez, campeão na União da Ilha. Já tive o prazer de ser campeão em 2014. Fomos campeões na minha escola de coração, na escola em que eu nasci, do bairro que eu nasci. É um prazer enorme. Estamos muito felizes. O trunfo é que o samba é a cara da Ilha que a gente conhece e aprendeu com vários baluartes da escola. Minha parte favorita é o refrão principal. O insulano bate no peito, tem orgulho de ser insulano, ter nascido aqui e fazer parte dessa escola que é a União da Ilha do Governador”, comemorou o compositor Wagnão.
“É uma emoção indescritível. Estou no carnaval desde moleque. Vou fazer 20 anos de disputa de samba. Já tive oportunidade de ter outros sambas campeões em agremiações importantes no carnaval, mas ganhar um samba na Ilha é especial. É uma parceria de amigos, família, que a gente se ajudou demais. Foi sofrido. A gente não tem investimento forte. Essa vitória representa a verdadeira essência do que é o compositor, do que é o sambista. Tentamos ir por um caminho diferente. Nós não fomos descritivos, passo a passo na sinopse. Imaginamos a essência do enredo”, comentou Jotapé.
“Essa é minha segunda vitória na Ilha. Tem uma representatividade muito grande, porque eu não ia fazer samba, já que estava sem investidor, vocês sabem que, no samba, a gente precisa de investidor. Acreditei no projeto e chegamos à vitória. Ser bicampeão na União da Ilha, uma escola que tem uma representatividade na minha infância, é importante demais”, citou o compositor Paulo Beckham.
“Essa vitória pra mim foi muito importante. Eu venho de um bicampeonato, já fui campeão no Grupo Especial em 2017. A gente tem uma letra muito forte e uma melodia também muito forte que é característica da Ilha, que empolga”, afirmou o compositor Rony Sena.
Projeto ambicioso
“O nosso projeto, com toda humildade, é ambicioso. O objetivo de todas as 15 escolas do grupo é chegar e conquistar o título. Essa é a nossa expectativa e o nosso objetivo. Eu não tenho nada a reclamar do desfile de 2025. Realmente, erramos. Admito o erro e, com certeza, ele será corrigido. Estamos recebendo apoios. É um prazer para nós. São muito bem-vindos e só espero que continuem nos ajudando, como já estão fazendo, para que possamos chegar onde queremos”, comentou o dirigente.
Marcus Ferreira diz que escola está se estruturando
O carnavalesco Marcus Ferreira vai para o segundo ano consecutivo na escola. Ele fez um balanço inicialmente do desfile de 2025.
“A Ilha fez um grande carnaval dentro das nossas possibilidades, da luta do presidente. Fomos colocados como postulantes ao título, mas sabemos que erramos em alguns aspectos. Para esse próximo carnaval, estamos reavaliando nossos erros, nossos pontos perdidos nos quesitos e faremos um carnaval grandioso à altura da Ilha. Se Papai do Céu abençoar, a gente volta para o Grupo Especial”.
Marcus Ferreira revelou como surgiu a ideia do enredo para 2026. “Eu já tinha como ideia contar a história do Cometa Halley. É um enredo que fala sobre esse espírito humano, que nos faz repensar o quanto humanos somos. Eu acho que nós preocupamos muito com o amanhã e acaba esquecendo o hoje, as nossas ações junto aos outros seres humanos também. A Ilha vem mostrar que, historicamente, a passagem do cometa em 1910, quando a Ciência não era avançada, resignificou o pensamento humano com muita positividade, muita perseverança no porvir, no amanhã em si”.
Em novo espaço, que está sendo construído um barracão, o carnavalesco explicou como funciona o trabalho da Ilha. “Nos mudamos tem quatro meses. Nós mesmos, o presidente e o Marcelo Viana, o nosso patrono, estamos a cada dia fazendo melhorias no espaço. Agora montamos um ateliê. A Ilha tem um ateliê físico junto ao barracão, o que a escola não tinha ano passado. Estamos nos estruturando a cada dia, a cada semana, para que possamos gerir com o conforto necessário para os nossos colaboradores, para os nossos profissionais e para que a Ilha saia campeã de lá. Nós já estamos na metade dos protótipos nessa semana. Nós fizemos o desmonte das alegorias quando mudamos para esse barracão. Agora começa o corte e a levantar a primeira alegoria. Acredito que daqui há um mês finalizamos os protótipos e início de produção.
Barracão construído do zero
Recém-chegado no comando da direção de carnaval da Ilha, Junior Cabeça, contou como está o trabalho. “Até agora é um balanço muito positivo. Fui muito bem recepcionado por toda diretoria da escola, por toda comunidade. O apoio até agora é de 100%. Comunidade insulana a todo momento mandando vibrações positivas, acreditando no projeto, acreditando no trabalho. Nós tivemos no desfile de 2025 alguns probleminhas em relação às fantasias, principalmente, na ala de abertura e também relacionada à roupa do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Isso já está sendo visto, já estamos providenciando, dando um passo anterior ao que costumávamos dar para que os mesmos problemas não ocorram e que possamos elevar cada vez mais o nível do carnaval da União da Ilha”, disse.
Cabeça explicou como está o processo de construção do novo barracão, já que a escola teve que ir para um local, próximo da Cidade do Samba, para produzir seu desfile. “É mais um desafio que a Ilha vem enfrentando nesse carnaval. Mas, graças a Deus, o presidente Ney tem dado apoio e agora, com a chegada do nosso patrono Marcelo Viana, as coisas se abriram para a União da Ilha. A União da Ilha vive outra realidade. A escola está forte, aguerrida e com muita vontade de fazer um grande desfile e brigar pelo título. Tanto o presidente quanto o patrono estão nos dando a condição de fazer um ateliê novo, uma barracão novo e de construir um grande carnaval”.
O diretor de carnaval revelou que pretende desfilar em 2026 com 1300 componentes. “A nossa previsão é para que no começo do mês de novembro a gente começar a levar a escola para a rua para ensaiar. Esse ano nós temos um mês a menos diferente do carnaval do ano passado. Nós queremos começar um pouco mais cedo os ensaios de quadra e de rua também. Por isso, foi feita essa escolha de samba antes da maioria das escolas”.
Indo para o segundo ano consecutivo como intérprete da Ilha. Tem-Tem JR, avalia o trabalho e enaltece relação com a bateria. “Nós ralamos tanto na temporada de ensaios para acertar detalhes. Posso dizer que tenho uma grande parceria com o mestre Marcelo. É essencial para qualquer carro de som ter sintonia com a bateria e nós conseguimos ter. A sintonia é 100%, respeitando um o espaço do outro, ouvindo o outro, que é muito importante. O resultado para mim foi dos melhores. Vieram prêmios, a nota máxima em Harmonia e Bateria. O trabalho foi bem feito, não só por mim, a escola toda está de parabéns. A Ilha é a cara do Grupo Especial, ficamos por detalhe. Vamos tentar acertar agora em 2026”.
Casal traz parceria da Viradouro para Ilha
Contratados para o Carnaval 2026, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, João e Duda, conversou com o CARNAVALESCO e contou como surgiu o convite para a parceria da Viradouro ir para Ilha.
“Começamos no concurso da Viradouro para ser o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. São seis anos de parceria e é mágico dançar com o João. Eu sempre falo isso em todas as entrevistas: ele é um cavalheiro, ele é romântico. E não, a gente não namora. Mas, assim, ele é o meu par da vida inteira. Eu espero dançar com ele durante toda a minha carreira. É mágico. Ele é romântico, se preocupa comigo. É uma pessoa com quem sei que posso contar em todos os momentos, tanto na dança, no profissional, quanto na vida pessoal. Não vimos nossa fantasia ainda para 2026. O querido carnavalesco está fazendo suspense para a gente. Estamos ansiosos para ver”, disse a porta-bandeira.
“Quando fez o concurso da Viradouro, teve um acontecimento engraçado: eu fiquei em segundo lugar e ela ficou em primeiro. Mas, quando o mestre-sala que ganhou o concurso foi assumir o posto, surgiu uma viagem para ele e ele precisou sair. A escola entrou em contato comigo e falou que seria eu. E, desde daí, a gente nunca mais parou de dançar junto e de se perturbar. É, a gente não namora, mas olha… é um casamento. A Duda ajuda sempre, vê a minha roupa, se tem algum problema. E não é só na dança: ela sempre pergunta como estou me sentindo, se aconteceu alguma coisa, se está tudo bem. A preocupação é a melhor qualidade dela”, completou o mestre-sala.
Bateria focada em manter os 40 pontos
Comandante da “Baterilha”, mestre Marcelo Santos fez uma análise do desfile de 2025. “Sempre a melhor possível. A bateria se comportou muito bem. Conseguimos, mais uma vez, dar nota máxima para a escola, com os 40 pontos, o que muito me envaidece. É um resultado de muito trabalho e muita dedicação. Eu só tenho a agradecer a oportunidade que a escola me deu de mostrar o meu trabalho e agradecer aos ritmistas que compraram a ideia, são comprometidos e, a cada ano, se superam mais. Porque tirar nota 40 não é algo fácil, mas é tranquilo; agora, manter é mais complicado. E, graças a Deus, já são três anos que a gente mantém os 40 pontos”.
Perguntado se o enredo de 2026 permite pensar em algo especial o mestre foi claro: “Costumo pesquisar o enredo para tentar tirar alguma coisa de dentro dele. E, graças a Deus, mais um ano conseguimos, dentro do enredo, achar a possibilidade de criar uma batida no formato da ideia que ele propôs. Vamos ter alguma novidade, algum instrumento. Vamos nos dedicar para ver em qual parte podemos encaixar. O Tem-Tem Jr. (intérprete) é um cracaço, um talento dessa nova geração que está vindo aí. O encaixe foi perfeito, porque ele é um cara dedicado também, igual à bateria. Ele escuta nossas ideias, nós também escutamos as ideias dele, e essa parceria, essa intimidade que tenho com ele e que ele tem comigo e com a bateria facilita muito o nosso trabalho. Acredito que ele possa ficar aqui por muitos anos, pois se identificou com a escola. Desejo a ele só as melhores coisas”.
Como foram as apresentações na final
Parceria de André de Souza: A parceria encabeçada por André de Souza abriu as apresentações da noite de final e trouxe Evandro Malandro como intérprete. Começou com bastante animação e energia. Porém, a segunda parte da composição tem uma queda de intensidade que se mostrou evidente quando a apresentação se silenciou para a torcida cantar e o público pouco cantou. Os refrões têm força principalmente por versos como “Sou a Ilha/Eterna explosão de alegria”, “Batucaê! Hoje é festa, amor!” e “Enlouquecer num porre de prazer”.
Parceria de Romeu D´Malandro: A segunda apresentação nessa final foi da parceria de Romeu D’Malandro. Os interprétes Emerson Dias e Wander Pires representaram a composição no palco. O samba-enredo está melodicamente bonito e foi bem conduzido. Infelizmente, não levantou o público, inclusive, poucas pessoas da torcida sabiam cantá-lo. Mesmo assim, um ponto forte é o refrão do meio começando com “Era profusão de fé…”. Além disso, versos que se destacam pela beleza são a cabeça do samba “Sigo e permeio caminhos na imensidão/Lenda me torno e anseio os olhares” e “Veja o despertar da natureza no horizonte/Onde secam fontes, eu serei porto seguro”.
Parceria de Wagnão: Sendo um dos destaques da noite, o samba da parceria de Wagnão foi interpretado por Tinga e Dowglas Diniz. O refrão principal se mostrou muito forte com seu “Coração insulano bate dentro do peito/aprendi a te amar agora não tem jeito”. A apresentação deixou claro que é um samba que não deixa cair a animação. Outro trecho que merece destaque é a preparação para o refrão: “Ilha… te entrego com carinho meu diário/Lições dessajornada que bendiz/Ser presente é o segredo para ser feliz”.
Parceria de Almir da Ilha: A parceira liderada por Almir da Ilha foi a penúltima a pisar no palco desta disputa. Ito Melodia, que reverenciou Arlindo Cruz – cantor e compositor que faleceu na sexta-feira –, foi o intérprete que responsável pela apresentação. A quadra estava animada e este foi o samba o mais cantado integralmente pela torcida. O refrão principal se torna cativante com o trecho “A Ilha vai fazer um lê lê lê”. Já o do meio tem uma construção criativa. Como um todo, o samba tem irreverência e leveza. Além disso, possui referências a sambas históricos da Ilha com “Vem amor… na poesia outra vez rimar” e “É hoje o dia! Amanhã é pra depois!”.
Parceria de Queiroga: Para fechar a noite, a parceria de Queiroga levou os intérpretes Rodrigo Tinoco, Tuninho Junior e Igor Pitta para defender sua composição. O samba não cativou a quadra, embora seja bem coeso com o enredo e descritivo. O refrão principal tem impacto pela sua animação e o do meio apesar de curto tem força no verso “O astro é a Ilha”. Já a segunda estrofe “A manchete anunciou o astro brilhou[…] O Halley é carioca” tem uma construção confusa pela forma como os versos “O Halley é pop star” e “O Halley é carioca” se encaixam sem resultar em rima.
Parafraseando um dos alusivos da Acadêmicos do Tatuapé, ‘na rua Melo Peixoto já tem samba’ para o Carnaval 2026. A obra vencedora da eliminatória, na realidade, é a específica das obras enumeradas 02 e 08 da eliminatória. Dessa maneira, o samba que embalará o desfile de “Plantar para colher e alimentar: tem muita terra sem gente e tem muita gente sem terra” foi composto por Turko, Zé Paulo Sierra, Silas Augusto, Rafa do Cavaco, Claudio Russo, Luis Jorge, Fabio Souza, Dr. Élio, Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Marcos Vinícius, Lucas Donato, Salgado Luz, Daniel Goulart, Fabian Juarez, Fábio Oliveira, Wagner Forte e Chico Maia. A canção foi apresentada à comunidade e ao universo do samba paulistano na quadra da azul e branca, localizada abaixo do viaduto Antônio Abdo, na Zona Leste de São Paulo, no último sábado. O CARNAVALESCO conversou com diversos nomes importantes da Acadêmicos do Tatuapé e traz o panorama não apenas da canção, mas de todo o evento.
Um dos autores da obra, Marcos Vinícius, explicou como foi formado a obra campeã do concurso da agremiação: “É o meu segundo samba dentro da escola. É uma particularidade, em que o nosso samba tem os dois refrões e o final da segunda. É uma honra ganhar no Tatuapé, uma escola que está sempre brigando por títulos. Uma agremiação muito bem montada, organizada e isso é surreal para mim. Eu e meus parceiros estamos muito felizes”, destacou.
Um dos autores da obra, Marcos Vinícius
Turko, também presente na composição, destacou a dinâmica realizada para chegar à obra final: “O processo de criação era mandar a mensagem da colheita. ‘É muita terra sem gente, muita gente sem terra’. Também queríamos fazer um samba alegre e aí está o resultado: um samba com o objetivo de levar alegria para a comunidade e mandar essa mensagem de que a gente tem espaço para poder plantar. Não precisa brigar ou matar. É só fazer a posição correta que a gente consegue viver e se alimentar bem, mantendo o mundo unido através do alimento que é necessário nos dias de hoje”, refletiu.
Compositor Turko
Para caber no projeto
Os dois compositores ouvidos pela reportagem do CARNAVALESCO destacaram que, se o sentimento por ter uma aquecida no final do concurso não é de felicidade plena, há o orgulho de escrever o próprio nome na história da instituição. Marcos Vinícius explica: “Sobre junções, acho que tem que chegar no resultado final que é o melhor para a escola. Como compositor, a gente sempre quer ganhar. É hipocrisia falar que não. Mas nós também temos que pensar no que é melhor para o pavilhão no resultado final do trabalho. A primeira parte é a construção do samba, que é a eliminatória e a disputa. Nós que vivemos o carnaval há muitos anos, quando a gente vê que a escola está em uma linha de chegada para brigar pelo título com um o samba nosso, eu abro mão dessa vaidade”, comentou.
Turko foi pelo mesmo caminho: “Se eu te falar que é uma sensação de vitória igual, eu vou estar mentindo, não é. Mas a gente sempre pensa no melhor para a escola. Se o Tatuapé achou que a fantástica série o melhor resultado, sempre estamos respeitando. A gente sempre pensa no melhor para a escola e eles optaram por isso. A escola tem todo o projeto e a estrutura já planejada e planejada. Eu acredito que seja o melhor realmente. Vamos sempre respeitar a decisão”, afirmou.
Resultado satisfatório
Se os próprios compositores se ofereceram resignados com a concessão de obras e conteúdos por, de alguma maneira, colaborarem com a agremiação, nomes importantes da Acadêmicos do Tatuapé comemoraram o resultado final da eliminatória. Celsinho Mody, intérprete da azul e branca, foi um deles: “Nesta especificamente que a diretoria foi proposta para o departamento musical, nós nos debruçamos muito para chegar em um resultado muito alegre e coeso. Estamos todos felizes. O samba é muito bom, tem uma letra forte sobre a agricultura e o homem do campo. Um samba que tem uma mensagem muito forte de esperança. É tudo que a gente gosta. Estou contente e a escola também”, resumiu.
Celsinho Mody, intérprete da azul e branca
Principal responsável pela idealização do desfile, Wagner Santos também elogiou o samba-enredo – logo depois de destacar a relação dele com a dinâmica dos compositores: “Eu sou um carnavalesco que, geralmente, gosto de escutar a obra finalizada. Eu não interfiro na criação dos compositores, porque a gente passa uma sinopse do trabalho – e eu confio no trabalho dos profissionais envolvidos na criação do samba. Acredito que é muito bonito. Gostei muito e espero que corresponda com aquilo que vamos apresentar na avenida. Que seja um casamento perfeito e bem trabalhado. Eu já tive a oportunidade de ouvir algumas prévias antes e gostei muito”, revelou.
Principal responsável pela idealização do desfile, carnavalesco Wagner Santos
O profissional, aliás, aproveitou para sintetizar o que será apresentado na avenida: “O nosso enredo em 2026 vai fazer uma homenagem ao pequeno agricultor. Retrata a importância dele na sua plantação, na colheita e como ele é importante para o Brasil”, destacou.
Personagem importante do Tatuapé a elogiar a canção de Erivelto Coelho, um dos presidentes da instituição, sem omitir todos os percalços: “Acho que tudo que nós planejamos e idealizamos deu certo. Foi uma escolha difícil. Tito que enfrentar os desafios da descoberta, algo que não é fácil. Não é o primeiro ano que o Tatuapé isso: já é a quarta vez. É importante, principalmente por conta Outro de serem sambas com dois tons diferentes. A gente conseguiu, com a ajuda de toda a nossa ala musical, departamento cultural e principalmente do nosso intérprete Celsinho, ter um resultado muito melhor do que a gente imaginava. Depois que nós ouvimos e separando os sambas finalistas, chegamos à conclusão de que esses dois tinham algo diferente”, revelou.
Erivelto Coelho, um dos presidentes da instituição
O presidente, por sinal, destacou o processo dele próprio em relação à obra finalizada, se adaptando cada vez mais a cada audição: “Quando nós fizemos o primeiro ensaio na Fábrica com a ala musical, vimos que não vimos o caminho certo. Quando levamos para o estúdio na semana passada, tivemos a certeza de que fizemos a escolha certa. Talvez seja um dos melhores sambas que nós já tivemos aqui, porque ele é uma obra com características bem diferentes do que o Tatuapé está acostumado. É uma obra ‘mais povão’, com balanço diferente. É uma linha que o Tatuapé não tem levado ultimamente e a gente está apostando muito nisso, porque é um enredo popular”, comemorou.
Abundância de opções
Antes de revelar a obra finalizada, Celsinho destacou o número bastante amplo de composições escritas no concurso: ao todo, foram 21 sambas-enredo. Na visão de Erivelto, tal característica da eliminatória não aconteceu por acaso: “Acho que é uma forma de concurso que o compositor tem um custo bem menor. A gente tem mais tempo para avaliar, porque você não fica nessa questão só de quadra. Você consegue dar uma liberdade maior para o compositor em um custo muito mais baixo, conseguindo avaliar melhor”, pontual.
O rigor e a deferência com cada obra também foram muito presentes ao longo de todo o concurso, de acordo com o presidente: “A gente demorou quase 30 dias para dar a primeira eliminatória, porque nós ouvimos muito. Depois de 30 dias, eliminamos 13 sambas, depois 4 e, por último, nós decidimos fazer a particularidade.
Sinopse particular
Ao contrário do que acontece em boa parte das agremiações hoje em dia, o texto que norteia os compositores ao escrever um samba fica a carga de um departamento em especial do Tatuapé. Wagner explica: “A criação da sinopse é do departamento cultural da nossa agremiação, como todos os anos. Depois se tem uma prévia ao carnavalesco e eu dou umas pinceladas com o objetivo de chegar a uma proposta visual, para ter um começo, meio e fim. Estou contente com o enredo, com a proposta muito bonita, vamos trazer um belo visual para a avenida, um tema encantador, que com certeza as pessoas vão aprender a respeito um pouco mais e a valorizar a importância da terra na nossa vida e o pequeno agricultor. Uma terra sadia onde a gente pode plantar sem sofrer consequências futuras”, comentou, aproveitando para já informar ao mundo do samba como a agremiação virá ao Anhembi.
Grupo unido
Tida como uma das melhores alas musicais do carnaval paulistano na atualidade, os músicos do segmento foram exaltados pelo comandante do carro de som – que, agora, terá mais um instrumento consigo: “Na minha voz, o samba caiu como uma luva. Não sei se é porque eu estou aqui há muito tempo, mas as características ficaram muito boas para mim. Com o trabalho que foi feito no samba, não é mais uma descoberta. É um samba só. A ala musical é muito feliz porque participou do processo e é muito Integrados Nós temos as mulheres, como a Keila Regina que é um espetáculo, um chamativo As cordas são sensacionais e agora nós ganhamos até um sanfoneiro”, finalizou Celsinho Mody.
Doze horas de festa
Se o grande momento do sábado foi a apresentação do samba-enredo, a comunidade inteira da escola pode aproveitar um evento extenso. Com direito a feijoada, a quadra foi aberta às 13h e teve shows dos DJs, da cantora Helen Cristina, da banda Ducontra e do tradicional Samba da Velha Guarda. A troca dos quatro pavilhões da agremiação veio logo na sequência, tal qual a coroação de Vivian Cristinelle, nova princesa da Qualidade Especial – bateria da agremiação. Diversos setores da Acadêmicos do Tatuapé (como a ala das passistas, a ala das baianas, a ala das crianças e a ala teen) se apresentaram ao som de grandes sambas da história da instituição pouco depois. Após algumas últimas da obra já adaptada à vencedora, ainda houve o show de encerramento, ao som do grupo Pura Raça.
Neste Dia dos Pais, o presidente da Paraíso do Tuiuti, Renato Thor, celebra não apenas o laço de sangue com seus filhos, mas também a paixão que os une pelo samba e pela escola do coração. Entre emoção, hierarquia e respeito mútuo, pai e filhos dividem a responsabilidade de defender o pavilhão nos bastidores e na avenida, mantendo viva uma tradição que atravessa gerações. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente Renato Thor falou sobre a relação com os filhos nos bastidores da escola, a emoção de compartilhar a mesma paixão e o orgulho de trabalhar lado a lado no Tuiuti. Apesar da sintonia, ele admite que nem tudo é um mar de flores.
Renatinho, vice-presidente do Tuiuti, é um dos filhos de Renato Thor. Foto: Arquivo pessoal
“Dentro da escola, nossa relação é pautada por uma hierarquia. Eles sabem que é a nossa escola de coração. Somos todos familiares, mas cada um faz a sua parte para que, no final, tudo dê certo. Todos os meus filhos sempre me pedem a bênção. São maiores de idade, graças a Deus, temos uma relação maravilhosa”, afirmou Thor.
Sobre a convivência nos bastidores, ele revelou que a conexão entre eles é tão forte que basta um olhar para se entenderem: “É muito difícil a gente se desentender. Eles me conhecem bem e já sabem, pelo meu olhar, quando estão agradando ou não ao pai”.
Thor encerrou reforçando a importância da cumplicidade com os filhos, do respeito à hierarquia e da união pelo bem maior: a família, que se confunde com a paixão compartilhada pela escola.
Foto: Ana Júlia Agra/CARNAVALESCO
A equipe do CARNAVALESCO deseja um feliz Dia dos Pais a todos os sambistas que celebram a data e passam o amor pelo samba de geração para geração, mantendo viva nossa cultura e ancestralidade.