Plié, lundum!
É real a fantasia
Das guerreiras, das marias
Nessa “ilha encantada”
A rua em festa num sonho por liberdade
Vestes império, nega ao outro a identidade
Aí viu auê!
Em meio ao caos de uma febre doentia
Nos batuques, nos ganzás
Surgia na ponta dos pés
A estrela popular dessa folia
Extra! Extra! Venham aplaudir!
Umbigada e pas de deux, na sapucaí
Um pé pra lá, outro pra cá, ao som da batucada
Rodopia e requebra de saia rodada
De volta da veneza brasileira
Com amor à nossa bandeira
Vanguarda, arte e resistência
No rio, os poetas se renderam aos seus encantos
Virou verbete no jornal
E hoje… A ilha vem te cortejar, quimera imortal
Faz um arrastão de alegria, já raiou o novo dia
Na apoteose do nosso carnaval!
A sirene tocou! O show vai começar
Dá um nó na garganta, a pele chega a arrepiar
“quando o palco acender”, a cortina revela
Maria do povo baderna!
Os turistas que visitarem o Rio de Janeiro e os apaixonados por carnaval que quizerem curtir uma noite com um show impecável de profissionais da folia, além de saborearem um delicioso jantar, ganharam uma bela opção. O restaurante Toca da Traíra, localizado em Botafogo (Rua General Severiano, 97), fez uma parceria com o projeto “Carnaval Experience”, para fornecer aos clientes um espetáculo inesquecível do carnaval do Rio de Janeiro. * VEJA O SITE DA TOCA // CONHEÇA O CARNAVAL EXPERIENCE
“A nossa ideia é trazer uma grande experiência de qualidade, diferenciada, com a tradicional comida da Toca da Traíra, sabor da Amazônia, o delicioso Pintado, bem brasileiro, com o charme do carnaval carioca, atráves do Carnaval Experience, uma referência no setor. De outubro até março, vamos ter uma agenda fixa toda segunda e quem quiser também pode contratar o nosso produto e agregar com o show do carnaval. O ambiente sempre estará todo decorado. Durante três horas, o cliente terá uma experiência completa”, disse André Castro Ramaldes, sócio da Toca.
“A ideia foi nossa. Buscamos no mercado uma pessoa com a expertise do carnaval e encontramos o Carnaval Experience. Pensamos em uma coisa personalizada. Agregar ao produto o carnaval com a nossa culinária. Recebemos todas agências de turismo. Nossa casa cabe 400 pessoas, vamos começar sempre segunda, mas tomara que possamos atender todos os dias”, comentou o empresário Marcos Aurelio.
Responsável pelo Carnaval Experience, Camila Soares falou da parceria com o Toca da Traíra.
“O convite foi um desafio para gente atender a demanda da Toca e mostrar o ambiente do carnaval. Juntar a culinária brasileira, além da feijoada, com o samba. Estamos trabalhando sob demanda, grupos fechados, mas também fazer tour. O produto está nascendo, não nos fechamos para nada”, afirmou Camila Soares.
A Beija-Flor de Nilópolis, que só está atrás da Portela e Mangueira em número de títulos, não conquista o caneco do Grupo Especial desde 2018. Assim, a escola optou por homenagear quem mudou a sua história: Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, o griô, fundamental nas conquistas nilopolitanas desde os anos 1970. Cabe ao carnavalesco João Vitor Araújo a missão de desenvolver plasticamente esse reconhecimento tão merecido para o maior sambista da história. Essa é a minha opinião. Laíla é inigualável.
Foto: Acervo Liesa
Todos nós conhecemos o tamanho da Beija-Flor, a força da sua comunidade e a pujança quando pisa na Avenida. Os últimos desfiles desde 2019, primeiro ano sem Laíla, não foram aclamamos. Houve cobrança da imprensa e da comunidade. Agora, o clima é outro. A expectativa é gigantesca. A Beija-Flor, de Laíla, é a maior vencedora do Sambódromo. Nada melhor do que ter ele na missão de buscar novamente o topo do carnaval carioca.
A safra de sambas para 2025 é muito forte. Sem dúvida, Neguinho já está sorrindo de orelha a orelha, porque terá um sambão para cantar na Avenida. A escola tem, no mínimo, três grandes obras que pode levar tranquilamente para Sapucaí, buscar os 40 pontos e impulsionar o desfile. Além do enredo e do samba, a azul e branco de Nilópolis possui uma das melhores baterias do carnaval. Mestres Rodney e Plínio dominam o quesito.
O casal Claudinho e Selminha perdeu apenas um décimo em 2024. Para o ano que vem, a dupla deve ser uma das mais reverenciadas, afinal, Laíla tinha um carinho e cuidado enormes com o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Espero fantasias marcantes e uma dança repleta de simbolismo para homenagear o “griô nilopolitano”.
Considero que a chegada de Marquinho Marino para direção de carnaval foi o maior gol da Beija-Flor para o desfile do ano que vem. É o melhor, trabalha com organização, tem conhecimento dos quesitos e sabe aglutinar os segmentos da agremiação. O desfile de 2024 não deu nenhuma nota 10 em Evolução e apenas duas notas 10 em Harmonia para Beija-Flor. Era hora de mudar! Transformar novamente os ensaios de quinta-feira na quadra naquele “ritual tribal” tão bem feitos por Laíla. E levar para Mirandela a raça do rolo compressor nilopolitano.
O quesito Comissão de Frente, tem uma dupla muito talentosa e que já produziu grandes espetáculos, mas que não conseguiu fazer uma boa apresentação neste ano. O trabalho de Jorge e Sulo recebeu apenas uma nota 10 e três 9.9. É óbvio que eles podem fazer muito mais e o enredo sobre Laíla tem totais possibilidades de gerar uma apresentação de fácil leitura e emocionante.
Responsável pela parte plástica, o carnavalesco João Vitor gabaritou o quesito Fantasias em 2024. Realmente, o trabalho foi um primor. Recebeu em Alegorias duas notas 10, uma 9.8 e uma 9.9. Acho que poderia ter sido mais um 10 ou 9.9, mas confesso que o enredo não facilitava tanto essa produção. O que é muito diferente de 2025. O ano que vem trabalhado com a religiosidade e o legado de Laíla podem gerar um belo conjunto alegórico.
Espero que o ano de 2025 seja da redenção de Nilópolis. A volta do “azul e branco que tem o valor que faz brilhar” e da “comunidade que impõe respeito”. Acredito, um “milhão por cento”, que o “Laíla estará presente” em todas etapas do processo de elaboração do desfile. O ápice, ou seja, o desfile oficial na Sapucaí, será a concretização do sambista que mais amou e trabalhou pelo carnaval. A hora chegou! Laíla merece ser eternizado pela Beija-Flor em um dos maiores desfiles da história da Sapucaí. “Veje bem” é o cara!
A Unidos de Padre Miguel abre as portas de sua quadra para mais uma tarde de muito samba e animação. A partir das 13h, a escola realiza uma grande feijoada com a participação especial da Acadêmicos do Grande Rio e a aguardada coroação de Dedê Marinho como nova rainha de bateria.
Entre as atrações confirmadas, o público poderá curtir o som de Lelê Carlos e apresentações dos segmentos da Unidos de Padre Miguel, que prometem fazer um verdadeiro show à parte.
“A coroação da Dedê será um momento muito especial para nossa escola. Ela representa a força e a garra da nossa comunidade. Além disso, estamos preparando um evento que vai emocionar a todos, com muito samba no pé e aquela energia que só a Unidos tem”, afirmou Lara Mara, diretora de carnaval da escola.
A entrada é gratuita até às 16h. Após esse horário, será cobrado um valor simbólico de R$ 5,00. O prato da feijoada custará R$ 25,00, e para quem busca mais conforto, mesas podem ser reservadas antecipadamente pelo WhatsApp (21) 99744-1223. Vale lembrar que os camarotes já estão esgotados.
Serviço:
– Evento: Feijoada da Unidos de Padre Miguel
– Atrações: Lelê Carlos, Acadêmicos do Grande Rio, coroação da rainha de bateria Dedê Marinho.
– Data: 18 de agosto de 2024
– Horário: A partir das 13h
– Local: Rua Mesquita, 8, Padre Miguel
– Entrada: Gratuita até às 16h. Após esse horário, R$ 5,00
– Prato da feijoada: R$ 25,00
– Reservas de mesas: WhatsApp (21) 99744-1223
Mostrando seu comprometimento e dedicação a ala dos passistas da Unidos da Tijuca, a coordenadora Leyla Barros se antecipou e já definiu os figurinos de todo elenco para a final de samba e ensaio técnico da agremiação. E o ateliê responsável para assinar esse trabalho é do Daniel Zarmanno.
Foto: @fotografiagiseleoliveira
Sempre chamando atenção nas apresentações, a ala “Encantos do pavão” já está com seus figurinos prontos. Além das roupas, o ateliê também assinará as fantasias de mulata show que a ala também apresentará.
“Este ano temos um enredo super especial, deu um gás maior em toda a escola e nossa ala está mais do que empenhada para fazer um belo trabalho. Escolhi o ateliê do Zarmanno por acompanhar o trabalho dele e as ideias terem batido instantaneamente. Certamente será um grande sucesso – revela Leyla.
O estilista possui em seu portfólio, além de rainhas de baterias, musas e musos, também a ala de passistas do Salgueiro e comissões de frente. E para o carnaval de 2025 já iniciou os trabalhos com os figurinos.
Após um 2024 mais do que especial, quando a escola comemorou o Jubileu de Ouro, o Barroca Zona Sul retorna a uma linha de enredos que já é mais do que tradicional na agremiação: para 2025, a temática será afro. No ano que vem, a verde e rosa desfilará cantando “Os Nove Oruns de Iansã”, contando a história e um poder bastante especial da guerreira dos ventos e das tempestades. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Pedro Alexandre, popularmente conhecido como Magoo, detalhou o enredo que será apresentado na avenida e falou sobre o andamento do projeto para o carnaval 2025.
Pedro Alexandre, popularmente conhecido como Magoo
Pedido do presidente
Ao ser perguntado sobre qual foi a inspiração para falar de Iansã, Magoo destacou que o mandatário barroquense foi quem pediu para que a temática em questão fosse abordada: “A ideia do enredo surgiu de um pedido do presidente Ewerton Cebolinha. Ele tinha em mente há alguns anos esse enredo, ele já tinha essa ideia de falar sobre Iansã. Ele viu que esse ano era uma oportunidade, que a comunidade queria um enredo nessa linha. Ele juntou o útil ao agradável. Foi aí que ele pediu para eu desenvolver a história em cima desse tema: ele passou o tema e ele pediu para eu fazer o desenvolvimento da história a partir dessa temática”, destacou.
No evento realizado pela verde e rosa para apresentar o enredo, realizado na Arena Neguinha (quadra da agremiação) no dia 09 de junho, o próprio presidente confirmou a situação: “Alguma intuição minha que pediu para ser esse enredo. Nisso, fizemos a definição da temática e acabou acontecendo. O Magoo desenvolveu – está desenvolvendo, na realidade. O processo ainda está acontecendo. Acho que é um belo enredo, que falar de uma entidade no carnaval tem uma energia a mais. E é isso que o Barroca gosta! O Barroca gosta de falar de temáticas assim, é a cara do Barroca”, detalhou o mandatário.
Identificação com a escola
As palavras de Cebolinha vão ao encontro do que Magoo comentou à reportagem sobre o quanto o fato da escola ser reconhecida por contar enredos afro ajudou na escolha da temática: “É uma característica da escola, né? O ano de 2024 foi um ano festivo, cinquenta anos de Barroca… mas a escola sentiu falta dessa pegada afro, que é o DNA do Barroca Zona Sul. Você conversava com todo mundo da comunidade e é o estilo de enredo que o pessoal se sente bem, o componente gosta de desfilar. É o que muita gente fala no carnaval, que tal enredo é a cara de escola tal. Esse tipo de temática é a cara do Brroca Zona Sul e a festa de lançamento do enredo foi a prova. A comunidade gostou bastante, foi bem receptiva ao anúncio do enredo. Era o que eles queriam, mesmo. Estou feliz com o caminho que a gente está tomando”, comentou.
Assinando o carnaval do Barroca pelo segundo ano consecutivo, Magoo já entrou no circuito da verde e rosa: com exceção de 2024, desde 2019, quando o Barroca conquistou o vice-campeonato do Grupo de Acesso I (e o retorno ao Grupo Especial no ano seguinte), todas as temáticas foram afro ou de povos originários.
Detalhamento
Ao falar sobre a história que será contada na avenida em 2025, Magoo foi detalhista: “Começamos a falar sobre Iansã, sobre a vida dela, sobre os poderes dela. Depois a gente vai dar uma pincelada sobre os amores de Iansã, todas as pessoas, todos os outros orixás, com quem ela se envolveu e adquiriu um conhecimento específico de cada um… até o momento do caso de Obaluaiê, que concedeu a ela o poder de passar do mundo material pro espiritual, de ter acesso a esses dois mundos. A partir desse momento, em que nós entraremos especificamente nos Oruns, que são os nove céus de Iansã, os quais ela tem acesso e encaminha cada espírito de acordo com o que eles fizeram em vida, para o respectivo Orun. Da metade do enredo em diante, nós vamos abordar cada um desses nove Oruns, cada um desses nove céus que Iansã tem o poder”, comentou.
Na tradição iorubá, são nove os oruns – citados no enredo barroquense:
Rerê = espaço destinado aos que foram bons durante a vida
Alafiá = lugar tranquilo para pessoas serenas
Funfum = reservado para almas puras e inocentes
Babá Eni = local onde descansam sacerdotes e sacerdotisas
Afefé = espaço para correções com possibilidade de reencarnações
Isolu = espécie de purgatório, onde ocorre o julgamento de Olodumarê
Apadi = lugar onde ficam as almas sem chance de melhorar
Burucu = reservado para pessoas ruins
Marê = local em que ficam as almas supremase divindades
Projeto adiantado
Perguntado sobre como está o progresso verde e rosa de olho em 2024, Magoo mostrou confiança: “A gente faz um lote de fantasias, a diretoria aprova, daí a gente já manda pra reprodução. A medida que a gente vai fazendo os pilotos, a diretoria vai aprovando, a gente já vai mandando pros ateliês. Estamos em um caminho bem animador. Em relação aos carros alegóricos, já iniciamos a produção do nosso carro abre-alas. O carnaval 2025 do Barroca já começou e a gente está animado com esse começo”, empolgou-se.
Intuito
Para encerrar, Magoo destacou a confiança do Barroca e de toda a comunidade: “A mensagem que o Barroca quer passar no Anhembi é justamente mostrar o nosso valor, mostrar que o Barroca Zona Sul sabe fazer carnaval. Nos últimos anos, conseguimos fazer bons carnavais – e, em 2025, a gente quer fazer um carnaval melhor ainda, que encha de orgulho a comunidade da escola, que o pessoal se sinta orgulhoso do que vai ver na avenida. A gente quer mostrar o nosso valor, mostrar que o carnaval de São Paulo tem grandes escolas, escolas muito fortes e o Barroca é uma delas. A gente quer estar nesse bolo aí e fazer um grande espetáculo – e, com certeza, nós vamos fazer”, finalizou.
Em 2024, o Barroca conquistou a melhor colocação no carnaval paulistano desde 1992: com o enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso, que somos a Faculdade do Samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”, a agremiação ficou na nona colocação no Grupo Especial.
Na quinta-feira, a Beija-Flor de Nilópolis inicia a tão aguardada disputa pelo samba-enredo que irá embalar o desfile da escola no Carnaval 2025. O evento acontecerá na quadra da escola, em Nilópolis, com abertura dos portões às 21h. Os 12 sambas classificados se apresentarão ao público, e a votação dos segmentos definirá qual samba será eliminado da competição. A ordem de apresentação, que foi definida por sorteio, é a seguinte:
– Samba 10: Rodrigo Cavanha, Mauro Naval, Gylnei Bueno, Jorge Matias, Alí Gringo e Doguinho
– Samba 2: Junior PQD, Nando Souza, Robinho Donozo, Nathan Walace, Daniel Colete e Andrezinho da -Beija-Flor
– Samba 54: Serginho Sumaré, Marcelo Guimarães, Rogério Damata, Neilson Oliveira, Léo Freire e Ademir
– Samba 15: Raymundo Venâncio, Toninho Z10 e Erasmo Vasconcelos
– Samba 300: Xande de Pilares, Igor Leal, Nurynho AlMawi, Sormany Justen, Cabeça Vinícius e Felipe Mussili
– Samba 1000: Edson Jacaré, Egildo de Nilópolis, Rogério Fabiano, Jr Billy Mandy, Mestre Dudu 7 e Jorge Aila
– Samba 01: Diogo Rosa, Julio Assis, Diego Oliveira, Manolo, Julio Alves e Léo do Piso
– Samba 23: Kirraizinho, Dr. Rogério, Ronaldo Nunes, Clay Ridolfi, Miguel Dibo e Ramon Via 13
– Samba 20: Alceu Maia, Bertolo, Moisés Kadinho, Almyr Moreira, Sérgio Beto Português e Zé Branco
– Samba 5: Rômulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena
– Samba 44: Arnaldo Matheus, Muca, Ted Carvalho, R. Simpatia, Flávio Avellar e Hélio Brito
– Samba 39: Sidney de Pilares, Jorginho Moreira, Marcelo Lepiane, Valtinho Botafogo, João Conga e Dr. André Lima
Os ingressos para a disputa estão disponíveis por R$ 15,00. Para tornar a noite ainda mais especial, um telão transmitirá ao vivo o jogo do Flamengo na Libertadores da América, garantindo emoção também além da disputa dos sambas.
A grande final da disputa acontecerá no dia 17 de outubro, prometendo encerrar com chave de ouro a competição que definirá o hino do desfile da Beija-Flor para o próximo Carnaval. Em 2025, a azul e branco de Nilópolis será a segunda escola a entrar na avenida na segunda-feira de Carnaval, dia 3 de março. O enredo, “Laíla de Todos os Sambas, Laíla de Todos os Santos”, homenageia o grande diretor de Carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, eternamente conhecido como Laíla.
Serviço:
Data: 15 de agosto de 2024
Horário: Abertura dos portões às 21h
Local: Quadra da Beija-Flor de Nilópolis
Endereço: Rua Pracinha Wallace Paes Leme, nº 1025 – Nilópolis/RJ
Ingressos: R$ 15,00
Observação: Telão com transmissão ao vivo do jogo Flamengo na Libertadores da América
O trabalho desenvolvido no barracão da Grande Rio para o carnaval de 2024 é tema de uma mesa-redonda da atual edição da Rio Innovation Week, Semana de Inovação que reúne palestrantes do mundo inteiro. Trata-se de um primeiro desdobramento da exposição “Antropocruzo”, originalmente apresentada pelo curso de Design da PUC-Rio na Saphira & Ventura Gallery, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Tal exposição é produto dos saberes trocados durante as Oficinas de Carnaval da Grande Rio, um projeto interinstitucional e transdisciplinar iniciado no verão de 2020, durante a produção do desfile “Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”.
Além da adaptação de parte da exposição para os espaços da Innovation Week, que ocorre no Píer Mauá, foi elaborada uma mesa-redonda, no dia 13, intitulada “Antropocruzo: Pesquisa, Design e Carnaval”. Formam a mesa o carnavalesco Leonardo Bora (que também é professor do Departamento de Ciência da Literatura da Faculdade de Letras da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da UERJ); os professores Luiza Novaes (PUC-Rio), Nilton Gamba (PUC-Rio), Desirée Bastos (EBA-UFRJ) e Flávio Sabrá (IFRJ – campus Belford Roxo); e a estudante de Mestrado Kallie Dias (PUC-Rio). Segundo os palestrantes, o objetivo da mesa é discutir os passos da exposição, que documenta as repercussões e traduções carnavalescas do Manto Tupinambá, artefato e entidade sagrados para os povos originários brasileiros, como explica Bora:
“A documentação apresentada em ‘Antropocruzo’ se deu a partir da perspectiva de um método de memória e difusão chamado ‘Design de Histórias’. Em 2024, eu e Gabriel Haddad propusemos o enredo ‘Nosso Destino é ser Onça’, guiado pela narrativa mítica do livro ‘Meu Destino é ser Onça’, do escritor Alberto Mussa. O enredo propôs uma reflexão espiralar sobre as presenças e simbologias da onça no nosso imaginário e na cena artístico-cultural brasileira, abordando temas como antropofagia e encantamento. Nesse processo, as Oficinas de Carnaval desenvolveram, no barracão da Grande Rio, uma releitura do Manto Tupinambá, que está profundamente ligado às simbologias da onça. Nesse trabalho, fundamental foi a parceria e o diálogo com a artista Célia Tupinambá, que reverbera os saberes ancestrais de confecção de mantos. É um trabalho em processo, portanto, muito rico, que envolve centenas de pessoas – apenas uma pequena parte da gigantesca produção narrativa e espetacular de um desfile sambista, que é algo muito complexo.” – conclui o carnavalesco.
“Acabamos de voltar de uma temporada em Nova York e agora a exposição foi convidada para estar no Rio Innovation Week, fazendo também uma mesa de abertura, destacando os elementos inovação educacional, social e tecnológica. Para nós é muito importante estarmos de volta ao Rio de Janeiro com esse material para alcançarmos outros públicos, conquistarmos outro tipo de audiência, para que o conteúdo também seja circulado em território nacional”, diz Nilton Gamba Jr, diretor do departamento de Artes e Design da PUC-Rio.
A edição de 2024 da Rio Innovation Week ocorre no Píer Mauá, de 13 a 16 de agosto.
Meu patuá se esquiva de vento virado
Tem feitiço no meu gingado
Cura no meu axé!
Mandinga, vigia de mau-olhado
Terreiro apaziguado,
Rival cai, eu fico em pé!
Ê Bahia! (Ê BAHIA!)
Igreja louvada faz encantamento de prece ecoar (NO MEU CANTAR!)
É magia! (É MAGIA!)
Sob a madrugada, candeia sagrada a me iluminar!
Em terra de sol, cangaceiro,
Encarnado curandeiro, colhe flor-de-lis
EM SOLO FÉRTIL, DÁ OLIVA, DÁ GUINÉ
PITADINHA A MAIS DE FÉ FORTALECE A RAÍZ
REZA FORTE, MILAGRE DE BAMBA!
REZA FORTE NO REINO DO SAMBA!
Pajé, encantado da floresta,
Alumia nossa festa, entoando o maracá
No candomblé, submersa no abô,
Sentinela de Xangô… sempre nos defenderá!
Meu céu acolhe santo disfarçado de estrela
E quando canto aquece a voz de quem me guia
Feito uma vela acesa no meu coração
Repare no ritual que emana da academia
Nosso batuque tem poder e poesia
Em qualquer religião!
TORRÃO, CORPO FECHADO!
PRETO VELHO MANDINGUEIRO
VIBRA EM NOSSA ORAÇÃO!
TORRÃO ABENÇOADO
MEU SALGUEIRO PEDE PROTEÇÃO!
A Lágrima desceu, é energia
A vibração vai me tomar
Eu peço a benção ao meu padroeiro
Na mandinga do vovô , busco força pra lutar
Seu Zé malandro já baixou na gira
Abrindo caminho pro meu jacutá
Do alcorão a velha Bahia
Em pano ou couro trago a oração
Cruzou Moreno o chapéu do “homi”
As 8 pontas brilham no sertão
na mata, eu vi pajé
No ritual, o poder da cura
do Contra-Egum, o meu axé
Água sagrada deixa a alma pura
Eu não ando só, pode acreditar
Lá na porteira, Exu rege meu cazuá
Nunca estou só, tenho minha fé
O inimigo cai, eu fico em pé
E assim, de corpo fechado eu venço quebrantos
Enfim, nenhum mal olhado vai me derrubar
Carrego tudo que me fortalece
Sigo preceito feito pra ajudar
Tem patuá, incenso, erva, talismã
Pimenta, pemba, reza e defumação
Banho de arruda, alfazema e guiné
A cruz riscada para os males afastar
Rosário, terço e o manto de Maria
Contra panema: a Jurema e o maracá
Palha da costa é proteção para o meu povo
Bato cabeça pro ponto firmar
Lá vem Salgueiro ôoo
Meu guardião, vem vigiar
Nesse chão sagrado
Tranço a minha a guia
Pro corpo fechar
