A temporada de ensaios técnicos das escolas de samba do Grupo Especial começou no sábado passado, na Marquês de Sapucaí. Unidos de Padre Miguel, Tijuca e Mocidade abriram o primeiro dia de treinos com um público de 40 mil pessoas no Sambódromo, segundo a Liesa.
O Boi Vermelho chamou a atenção do público presente no Sambódromo. Para o torcedor da Mangueira, Cleiton Sobreira, de 36 anos, a escola da Vila Vintém foi o melhor ensaio da noite. “Padre Miguel é uma escola que eu já gosto muito desse samba, um dos melhores sambas do ano. É um samba que pega muito, a escola estava cantando muito, veio com muita garra, mostrando que não vai voltar fácil para a Série Ouro. Ela veio para permanecer no Grupo Especial. Várias vezes eu chorava, cantava junto com a escola, vibrava com a escola, o melhor ensaio da noite foi o da Padre Miguel”, avaliou o bailarino e professor de dança afro.
Promotor de justiça Mário Eduardo Nascimento, de 66 anos, considera que a UPM sustentou o samba durante toda a avenida
O promotor de justiça Mário Eduardo Nascimento, de 66 anos, considera que a UPM sustentou o samba durante toda a avenida. “[A escola] não deixou cadência nenhuma cair e não deixou buracos, como outras escolas que passaram depois dela. O único ponto ruim foi a entrada na avenida, porque todo mundo queria ver a UPM e lá atrás começaram invadir dentro da escola”, disse ele, que desfilará pela escola este ano.
Advogado André Luiz Gomes de Freitas, de 48 anos
O advogado André Luiz Gomes de Freitas, de 48 anos, no entanto, teve uma visão diferente. “No começo eu achei ela fria, depois começou a evoluir. Os componentes não estavam cantando. Eu achei que por ter um samba bom, empolgante, que deveria vir muito melhor, mas as primeiras alas estavam sem empolgação nenhuma”, pontuou o torcedor da Mocidade.
Em relação à Tijuca, segunda escola da noite, Mário elogiou a cadência do samba, enquanto o estudante de educação física Peterson Oliveira da Silva, de 20 anos, destacou a bateria do mestre Casagrande. Os entrevistados, no entanto, pontuaram questões no quesito de Harmonia.
“Os componentes não cantaram o samba direito”, disse Mário. “Eu senti que faltou a empolgação da UPM”, concordou Peterson. “Achei que foi uma escola que não canta, não acho que é um samba que empolga a Sapucaí. Uma quantidade exagerada de musas que não tem samba no pé”, destacou Cleiton.
Para a pequena Evelyn dos Santos Francisco, de 11 anos, que desfila pela UPM, a comissão de frente e a ala das passistas da Tijuca foram pontos altos do treino da escola do Morro do Borel.
Para a pequena Evelyn dos Santos Francisco, de 11 anos, que desfila pela UPM, a comissão de frente e a ala das passistas da Tijuca foram pontos altos
Fechando a primeira noite de ensaios, a Mocidade prestou homenagem à carnavalesca Mária Lage, que faleceu recentemente, e emocionou os torcedores da verde e branco e das co-irmãs. “O ponto alto da escola é que ela tinha dois carnavalescos maravilhosos. O Rio de Janeiro perdeu muita coisa com as partidas de Márcia Lage, Rosa Magalhães e Laíla”, reverenciou Mário. O servidor público, no entanto, notou uma queda na cadência da escola após o refrão. “E ela também não fez as paradinhas que ela faz. Todo mundo espera a paradinha na Mocidade”.
Peterson elogiou a bateria do mestre Dudu e a presença da comunidade
Já Peterson elogiou a bateria do mestre Dudu e a presença da comunidade. “A Mocidade empolgou, a bateria do mestre do Dudu deu um show à parte. Foi um desfile alegre, todo mundo conseguiu se divertir. A gente não sabe como está a plástica da escola, porque hoje foi muito comunidade, bateria, mas, sendo sincero, eu gostei”, comentou. Para ele, no entanto, há o que aperfeiçoar na escola da Zona Oeste: “Pode melhorar a harmonia, porque é difícil escutar de lá de cima. Só que gente tem que pensar também que o som do desfile é um pouco diferente”.
O público elogiou a organização dos ensaios técnicos de 2025. “Eu achei a organização do ensaio muito boa. Foi sem perrengue, inclusive, os horários de início e de término. Claro que a gente sabe que atrasa um pouquinho, não tem jeito, mas eu achei o cronograma foi comprido. É claro que não é dia de desfile oficial que sempre tem um monte de galera passeando no meio da pista da Sapucaí, mas eu fiquei com a sensação de que isso também tá sendo cuidado. A gente estava num lugar muito confortável e conseguimos ver tudo”, avaliou Cleiton.
Neste sábado, dia 01 de fevereiro, acontece o segundo dia de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. Passarão pela avenida o Tuiutí, Beija-Flor e Mangueira. A previsão do início é às 19h.
O carnaval do Rio de Janeiro ganhou um reforço tecnológico muito esperado por todos os sambistas. Um carro de som equipado com painéis de LED vazados, inspirados nos trios elétricos de Salvador, está na temporada de ensaios técnicos das escolas de samba do Grupo Especial, no Sambódromo. A novidade combina potência, clareza e direcionalidade do som, garantindo qualidade e uniformidade para todas as agremiações.
Wellington Martins, técnico de som responsável pelo projeto, explicou ao CARNAVALESCO que o carro foi montado especialmente para o evento deste ano, mas o planejamento começou há meses. “Ao longo do ano, fomos formulando e entendendo as necessidades do carnaval. Trouxemos uma tecnologia baiana e adaptamos para o Rio de Janeiro. Hoje, temos 150 mil watts de potência disponíveis, mas estamos utilizando apenas 45 a 50%”, detalha.
A preocupação com a qualidade do áudio foi um dos pilares do projeto. Mário Jorge Bruno, produtor e um dos responsáveis pelo som da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), reforça que o carro foi projetado para oferecer clareza e potência, beneficiando principalmente a ala musical e a bateria das agremiações. “O som é bem direcional, sem espalhar muito. Conseguimos atingir um padrão que atende a todo o contingente da escola”, comemora.
O carro de som, que já atende 12 escolas de samba – oito do Grupo Especial e quatro do Grupo de Acesso –, foi projetado para manter um padrão de qualidade uniforme. “A responsabilidade é garantir que todas as escolas tenham o mesmo nível de atendimento, com potência e clareza no som”, afirma Wellington.
Para Mário Jorge, a evolução tecnológica é um desafio constante. “A tecnologia avança, e nós precisamos acompanhar para manter a excelência no trabalho. Esse carro foi pensado para oferecer conforto e qualidade a todas as escolas”, diz.
A entrada do novo carro no Grupo Especial do Rio de Janeiro marca um novo capítulo na história do carnaval carioca, com a adaptação de uma tecnologia consagrada nos mega trios elétricos da Bahia. Wellington adianta que, para o próximo ano, já estão sendo avaliadas melhorias. “Sempre há algo para aprimorar. Estamos vendo a demanda e, no próximo ano, estaremos ainda melhores”, promete.
A Estação Primeira de Mangueira divulgou as primeiras imagens do trabalho que vem sendo desenvolvido em seu Barracão para o Carnaval 2025. São detalhes de alegorias e de fantasias que prometem aguçar a curiosidade dos torcedores da Verde e Rosa em especial e dos amantes do Carnaval em geral.
Neste sábado, a escola realiza o primeiro Ensaio Técnico na Marquês de Sapucaí. A Mangueira será a terceira e última agremiação da noite, vindo após a Paraíso do Tuiuti e a Beija-Flor de Nilópolis. A entrada é gratuita.
Em 2025 a Verde e Rosa apresenta na Marquês de Sapucaí o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, uma narrativa baseada na historicidade preta de forte cunho social”. Desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França, o enredo vai levar para a avenida um olhar sobre a presença dos povos bantu na cidade do Rio de Janeiro. Eles representaram a maioria dos negros escravizados e trazidos ao Cais do Valongo, na Pequena África. A Mangueira retratará a vivência dessa população em toda a cidade, mostrando como sua história floresceu em solo carioca e floresce até os dias atuais.
O Carnaval 2025 ainda nem chegou, mas a Imperatriz Leopoldinense já tem motivos de sobra para comemorar ao lado de sua comunidade. Antes mesmo do desfile deste ano, a escola, atual vice-campeã do Carnaval carioca, que fez mistério nas redes sociais e deixou os seguidores curiosos com as novidades, já renovou, de maneira antecipada, com todos os seus principais segmentos para o Carnaval de 2026.
Portanto, ficam confirmadas na Rainha de Ramos as renovações do carnavalesco Leandro Vieira, do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, de Mestre Lolo, do intérprete Pitty de Menezes e do coreógrafo Patrick Carvalho.
A dupla da direção de Carnaval, André Bonatte e Pedro Henrique Leite, o coordenador Gustavo Macedo e o diretor de Harmonia Thiago Santos também foram confirmados pela agremiação para o ano que vem.
A presidente Catia Drumond celebrou as renovações e afirmou que “em time que está ganhando, não se mexe”.
“Somos uma família, e me orgulha muito poder contar com cada um deles no elenco da nossa escola. A sintonia de todos reflete completamente no trabalho e na Imperatriz a gente valoriza demais essa união e energia. Estamos prontos, muito felizes, e com a certeza de que vamos apresentar um grande desfile em 2025, junto desse nosso timaço que segue para 2026”.
Quem também celebrou a renovação antecipada foi o carnavalesco Leandro Vieira, que em 2026 irá para o seu 4º desfile consecutivo na verde, branco e dourado.
“Acredito que grandes carnavais só são possíveis com as somas dos potenciais de uma grande equipe. Fico feliz por poder seguir fazendo parte de um time que, por se apoiar, e incentivar o sucesso do outro, opta por seguir junto de forma unânime. Além disso, pra mim, é bonito olhar pra essa Imperatriz e enxergar que a minha história pode ganhar mais um capítulo junto da história dela”, afirmou Leandro.
Para o Carnaval de 2025, a Imperatriz Leopoldinense tem como enredo _“ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON- Água fresca para o Senhor de Ifón”_, e a escola da Zona da Leopoldina será a segunda a desfilar no domingo de Carnaval, 02 de março, contando a história da saga de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô.
Nem a chuva que caiu sobre o Andaraí, na noite da última quinta-feira, foi capaz de silenciar o canto vibrante da comunidade salgueirense. Durante mais um ensaio de rua, a a escola mostrou porque é considerada uma das agremiações mais apaixonadas do carnaval do Rio de Janeiro. Com o enredo ‘’Salgueiro de corpo fechado’’, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira, o ensaio reuniu dezenas de integrantes e admiradores ao longo da Rua Maxwell.
“O Salgueiro está pronto há algum tempo, mesmo enfrentando a chuva. Acredito que a chuva traz uma nova perspectiva das condições climáticas que poderemos encontrar no desfile. Já realizamos outros ensaios sob a chuva, e o desempenho sempre foi satisfatório. Estamos em uma trajetória crescente; fizemos um excelente ensaio na Conde do Bonfim no domingo passado e hoje foi mais um grande ensaio, no qual conseguimos testar algumas novidades. Algumas dessas inovações pretendo levar para o ensaio técnico na Sapucaí. Tivemos a oportunidade de simular diferentes situações’’, disse Wilsinho Alves, diretor de carnaval.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Um dos momentos mais aplaudidos da noite foi a apresentação impecável do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei Santos e Marcella Alves. Vestidos com trajes vermelhos, com passos sincronizados e muita elegância, a dupla encantou ao se apresentar diante do ponto onde acontece a simulação da cabine de jurados. Mesmo com a pista molhada, o casal não cometeu erros, mantendo firme o bailado e exibindo o pavilhão vermelho e branco com orgulho. A leveza dos giros de Marcella e a firmeza protetora de Sidclei demonstraram uma preparação exemplar que promete brilhar na Sapucaí.
Harmonia
O ensaio trouxe um gostinho do que a agremiação prepara para o desfile oficial na Marquês de Sapucaí. O samba-enredo foi cantado com força e emoção pelos componentes e pelo público presente, colocando em evidência a conexão entre a escola e sua comunidade. A harmonia do Salgueiro impressionou do início ao fim do percurso, o canto firme dos componentes garantiu uma apresentação coerente, com todos os setores cantando em muita sintonia. Uma única voz ecoava pela rua em boa parte do ensaio, fortalecendo a identidade coletiva do Salgueiro. O diretor de carnaval reitera que a escola está preparada para garantir nota máxima no quesito: “Se mantivermos o que temos feito aqui, certamente repetiremos a nota 40 da harmonia do ano passado”.
Uma pequena falha técnica, no entanto, chamou a atenção durante o ensaio. O sistema de som apresentou um atraso de cerca de quatro segundos para quem estava mais à frente no desfile, dificultando o retorno. Apesar do contratempo, a comunidade e a equipe de carro de som manteve o ritmo com garra, demonstrando a força do conjunto salgueirense.
“O Salgueiro está na preparação total, agora são os últimos ajustes, estamos no caminho, é o samba mais ouvido do carnaval, e uma escola que dispensa comentários, é muito forte, com quesitos fortes e vamos em busca desse título que a gente sabe que é difícil, mas a gente está trabalhando demais para isso. A gente vai fazer de tudo para aprimorar os detalhes e chegar no grande dia e fazer um grande desfile”, declara o intérprete, Igor Sorriso.
Com um time de carro de som que demonstra competência, Igor Sorriso fala sobre os preparativos para o desfile oficial no Sambódromo. “A gente ensaiado bastante tanto aqui na rua, quanto na quadra, no estúdio a gente faz ensaios específicos, eu tenho um time extremamente competente pode ter certeza que o nosso trabalho está sendo bem feito com grande valia, o meu diretor musical maravilhoso, Alemão do Cavaco, dispenso comentários, a gente vai fazer um grande trabalho na Sapucaí, pode ter certeza”, garantiu o cantor salgueirense.
Evolução
Todas as alas desfilaram de forma correta, mantendo a organização, sem embolar durante o percurso. Contudo, o início do ensaio foi um pouco apressado, o que gerou uma impressão de correria nos primeiros momentos. Com o andamento do desfile, o ritmo ganhou estabilidade, garantindo uma evolução fluida e harmoniosa. Os diretores de harmonia mostraram eficiência ao garantir o alinhamento dos setores, mantendo a cadência necessária para que cada ala se apresentasse de forma correta.
Samba
O salgueirense está contente com o samba. Dos compositores Xande de Pilares, Pedrinho Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa e W. Corrêa, o samba-enredo ‘’Salgueiro de Corpo Fechado’’ está na ponta da língua dos componentes da agremiação. Com boa repercussão dentro e fora da escola, já é considerado um samba de sucesso.
“Hoje, nosso samba se tornou viral no Brasil. Estamos próximos de atingir um milhão de reproduções no streaming, especialmente no Spotify. Conseguimos viralizar e estamos em um bom caminho para o carnaval, com a promessa de um grande desfile’’, declara Wilsinho Alves.
Marcado pela energia contagiante do público e pela precisão ritmada da bateria “Furiosa”, comandada pelos mestres Guilherme e Gustavo, mesmo com a chuva persistente, componentes, passistas e ritmistas não perderam o compasso, mantendo a alegria e a devoção ao samba.
Outros destaques
A escola não teve a apresentação da Comissão de frente no ensaio da última quinta, porém outro ponto alto da noite foi a participação da tradicional ala do Maculelê. Conhecida por suas coreografias simbólicas que remete às raízes afro-brasileiras, a ala trouxe um espetáculo à parte durante o ensaio. Com seus integrantes sincronizados em movimentos precisos, eles arrancaram aplausos ao longo de todo o trajeto. A entrega e a disciplina dos componentes reforçaram o papel dessa ala icônica no desfile da escola, garantindo mais um momento memorável na preparação salgueirense. Mesmo mantendo as tradições e vanguardas, a escola promete inovar para o carnaval 2025.
“O salgueirense tem a proposta de ser vanguardista, de ser uma escola de inovações. Este ano, trazemos uma grande inovação, que foi mantida em sigilo, com um investimento significativo. Mas, se Deus quiser, tudo dará certo. No ensaio técnico do ano passado, fomos a primeira escola a utilizar iluminação cênica; este ano, no ensaio técnico, faremos novas experimentações com a iluminação também!”, finaliza Wilsinho Alves, diretor de carnaval.
Em um ensaio de rua marcado por chuva e muita energia, a Unidos da Tijuca mostrou que está com o canto em dia para o Carnaval 2025. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus André e Lucinha Nobre, abriu a noite com uma coreografia inspirada nos Orixás, enquanto a ala dos Folcloristas e a bateria “Pura Cadência” garantiram um samba forte e envolvente. A evolução compacta e a performance da ala da Juventude do Borel, com danças periféricas como o passinho e o charme, foram destaques, além da expectativa em torno da escolha da nova rainha de bateria.
O diretor de carnaval, Fernando Costa, falou ao CARNAVALESCO sobre sua avaliação do ensaio da última quinta-feira.
“O ensaio foi muito bom, apesar da chuva e dos componentes não terem vindo todos. Acabou que enganou, enganou e choveu um pouquinho. Gostei muito de hoje, a bateria, o casal está maravilhoso, estou gostando muito do casal. O canto maravilhoso da comunidade. A gente está no caminho. Ainda temos mais alguns ensaios e vamos tentar evoluir um pouquinho em cada ensaio. A gente tem sempre que estar buscando o melhor. É a gente ter mais canto, mais evolução, carro de som ter mais pegada e estar todo mundo ligado, olhando um para o outro. Hoje eu gostei do vi”, avaliou.
Fotos: Marcos Marinho e Gabriel Radicetti/CARNAVALESCO
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus André e Lucinha Nobre, abriu o ensaio de rua na ausência da comissão de frente, que estava ensaiando no barracão da escola, na Cidade do Samba. O bailado da dupla foi marcado por uma coreografia que incorpora elementos da dança dos Orixás, com movimentos de Oxum e Odé, pais do homenageado Logun-Edé, e da dança do cavalo-marinho. Embora a chuva tenha apertado em alguns momentos do ensaio e a pista tenha permanecido molhada durante todo o trajeto, o casal defendeu com vigor o pavilhão da amarelo ouro e azul pavão. Destaque para Matheus André, cujos giros precisos e marotos conduziram a escola do Morro do Borel a se conectar com diferentes forças ancestrais, assim como Logun-Edé, o Orixá-menino que traz consigo a tradição e a renovação.
Harmonia e Samba
O canto foi forte e muito motivado pelos harmonias da escola de ponta a ponta, até mesmo nas alas mais próximas da bateria e do carro de som, o samba foi entoado com muito vigor. Destaque para os componentes da ala dos Folcloristas, a ala número 1, que desde os momentos iniciais do ensaio ajudou com muito canto o casal de mestre-sala e porta-bandeira a apresentar a escola. O refrão “Lógun Edé, Lógun arô / Lógun Edé, loci loci Lógun arô / A juventude do Borel / Desce o morro pra cantar em seu louvor” é o momento que o canto foi mais forte. O carro de som, liderado por Ito Melodia, e a bateria “Pura Cadência” deram sustentação para que os componentes soltassem a voz.
“A gente tem um grande samba, já provamos que temos um grande samba eleito pela crítica especializada, pelas grandes pessoas que julgam samba-enredo. A gente tem um grande enredo. A gente tá com um grande barracão, com todas as fantasias ensacadas. A gente só depende da gente. Agora é muito foco, pé no chão e cantar o samba. A gente precisa melhorar o canto até o último dia. Estamos com 80%. O objetivo é bater 100% na avenida. A escola esse ano tem que fazer um esforço muito grande. O nosso presidente, Fernando Horta, está fazendo um esforço muito grande. Eu sei, eu estou no barracão, estou no dia a dia. A Tijuca está fazendo um carnaval grandiosíssimo. As pessoas têm que colaborar, tem que chegar. Porque o esforço que ele está fazendo é gigante para botar a Unidos da Tijuca no lugar dela, que é no desfile das campeãs”, revelou o mestre Casagrande.
Evolução
A evolução da Tijuca foi bastante compacta ao longo do ensaio, mantendo-se unida e coesa. No entanto, essa compactação limitou o espaço dos componentes, que não puderam aproveitar plenamente o samba, tão bem cantado, para curtir e se expressar com mais liberdade. Apesar do canto forte, a falta de espaço pode ter restringido a energia e a entrega dos participantes. Para os próximos ensaios, um equilíbrio entre a compactação e a distribuição dos componentes pode garantir que o samba seja não apenas bem cantado, mas também vivido com toda a intensidade que ele merece.
Outros Destaques
A ala da Juventude do Borel apresentou uma performance vibrante, mesclando danças periféricas e faveladas como o passinho do funk e o charme. A sincronia e a energia do grupo chamaram a atenção, reforçando a identidade cultural do Morro do Borel no desfile oficial da amarelo e azul no carnaval 2025.
No final do ensaio, uma cena curiosa ocorreu quando musas e passistas se adiantaram à bateria para exibir seus passos, em um momento de exibição de samba no pé. Sem Rainha de bateria, cargo que ficou vago após a saída da cantora Lexa por motivos de saúde, a comunidade está com uma expectativa alta para saber quem assumirá o posto.
A Portela realizou na noite da última quinta-feira seu ensaio de bateria no Setor 11 da Sapucaí. Com a “Tabajara do Samba” alinhada, mestre Nilo Sérgio comandou os ritmistas durante o tempo do ensaio na Avenida, que contou com o intérprete Gilsinho e o carro de som, além de participações da comissão de frente, do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Marlon Lamar e Squel Jorgea, da ala de passistas comandada por Nilce Fran, além de algumas alas, com duas coreografadas participando também do treino da agremiação. A Portela vai levar à Passarela o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol”, dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga, uma homenagem ao cantor Milton Nascimento.
O mestre Nilo Sérgio, em entrevista ao CARNAVALESCO, comentou sobre como é importante levar a bateria a Sapucaí, e o quê esperar da bateria da Azul e Branca para o próximo carnaval.
“Aqui é quando a gente vai ver e ensaiar onde vai ser o jogo. Vamos poder ver como vai se comportar a bateria no espaço aberto. A gente tem o nosso site de rua, mas nada como aqui na Sapucaí. A bateria vai com as três bossas, todas que a gente já ensaiou, e está ensaiando. E vamos ver como a bateria se comporta no volume de toda a bateria, no campo onde a gente vai jogar. Eu acredito que vai dar tudo certo, mas é bom a gente vir para cá para poder ter esse momento de espaço, para poder saber o que pode dar errado e a gente poder acertar ainda dentro de casa”, pontuou o mestre da “Tabajara do Samba”.
Gilsinho, intérprete da escola, conversou com o CARNAVALESCO ressaltando que poder acertar os detalhes na pista é muito importante para uma agremiação.
“Aqui a gente tem a verdadeira dimensão do espaço da avenida, de como a bateria vai se comportar, como a bateria vai dividir todos os naipes. E é um teste bom para a gente do Carro de Som. Porque a gente ouviu o som que realmente a gente vai ouvir no dia. Para a gente é super importante, eu acho que deveria até ter mais umas duas datas para a gente poder ensaiar assim”, comentou o intérprete da escola.
Júnior Escafura, vice-presidente da agremiação, também conversou com o site, sobre levar a bateria ao Sambódromo para o ensaio dela.
“Eu acho que a bateria treinar no campo de jogo junto com um carro de som é muito bom. Porque uma coisa é você botar na rua, aqui é o campo de jogo, é onde a gente vai jogar. E aí, o som propaga melhor, sente essa energia da Sapucaí, que é muito importante, antes de pisar no ensaio técnico aqui”, conversou Escafura.
Júnior Schall pontuou a importância deste momento para a própria bateria, o carro de som e para as outras alas presentes no ensaio, em quesitos como evolução e harmonia.
“O importante é que a gente trouxe um contingente numeroso, várias alas, a gente entende que aqui, com todo o contingente que veio, mesmo com a questão da chuva hoje, que prejudica um pouco ao final em que ela caiu de forma intensa, porém, entendemos que foi bastante proveitoso pelo contingente e pela possibilidade de estar aqui evoluindo no palco maior. Fizemos cerca de 55 minutos de ensaio, que visa a bateria, porém, conta com os contingentes também. Nós fizemos evolução, fizemos trabalho de canto e o trabalho da escola poder balançar na venda, o que é muito importante, porque além do canto você precisa ter uma evolução individual de cada componente. É muito bom fazer isso na Sapucaí”, explicou o diretor de carnaval da Águia Altaneira.
Gilsinho e mestre Nilo conversaram também sobre a relação com a Portela e os portelenses, destacando a recepção do trabalho de ambos na agremiação de Madureira, e o carinho que o torcedor tem para com eles.
“Só tenho que agradecer ao portelense, agradecer a minha escola, a direção, de confiar no trabalho, não só meu, mas da Tabajara, no meu comando. Só tenho que agradecer, porque se não fosse eles, eu não passaria esse tempo todo na frente da bateria, e de vez em quando as notas não vêm, e assim mesmo o Portelense sabe que é feito com carinho, feito pra eles”, agradeceu o mestre Nilo Sérgio pela confiança dos componentes e torcedores com seu comando na “Tabajara do Samba”.
“É super gratificante. Eu estou na escola desde que eu nasci, meu pai era da velha-guarda da Portela. Conheço a Portela de cabo a rabo. Vi muita gente casar, nascer, envelhecer, morrer aqui na escola. Então acho super legal, e fico muito feliz. Da mesma forma eu retribuo esse carinho também, trabalhando firme e atendendo todos, todo mundo que chega em mim, consegue falar comigo numa boa, normalmente. A gente é uma família, a Portela, somos vistos como uma família”, comentou Gilsinho ao pontuar sua história e relação com a escola.
Júnior Escafura também comentou sobre a parceria da dupla para a Águia de Madureira. “Acho que a ‘Tabajara do Samba’ dispensa comentários, é uma das baterias mais tradicionais. O Nilo é um dos mestres que está há mais tempo no comando da Portela É um casamento perfeito, ele e o Gilsinho, que também já está há bastante tempo na escola.É uma coisa que a Portela aposta muito, é sempre um grande triunfo. Carro de som e bateria da Portela, e eu tenho certeza que em 2025 eles vão arrebentar de novo na avenida”, pontuou Escafura ao falar sobre o trabalho de ambos à frente das partes musicais da Azul e Branca.
Por fim, cada um dos entrevistados falou sobre o que esperam do rendimento do samba portelense para o próximo carnaval.
“É o melhor possível, o samba é muito bom, bem construído, que foi muito bem feito, que tem um teor de emoção muito grande. O próprio Milton Nascimento gostou demais do samba. A gente está trabalhando cada vez mais para que o samba cresça cada vez mais. É um trabalho de formiguinha. Toda semana fazendo ensaio, trabalhando até chegar aqui, até chegar na próxima semana no nosso primeiro ensaio técnico. A gente espera que o samba cresça bastante, que a escola se desenvolva bem, cante e evolua bastante e ele vai ficar cada vez melhor”, explicou Gilsinho.
“Eu espero o rendimento ótimo, assim como já está sendo no ensaio na quadra e também na rua Eu acho que aqui vai só consolidar todo o trabalho que está sendo realizado”, comentou Júnior Escafura.
“Muitas pessoas falaram que não ia render, o samba está na boca do povo, boca do portelense. A Portela está cantando, igual a cigarra e a bateria encaixou as bossas. Acredito que a Portela vai chegar toda na avenida e com esse canto e chão vai dar coisa boa”, pontuou Nilo Sérgio.
“A obra, ela já é do componente da Portela, respeitosamente aos nossos criadores, autores do samba, mas a Portela abraçou. Quando a Portela abraça um samba como ela abraçou esse, a Portela vem como ela veio hoje. Independente da chuva, ou com a chuva como uma bênção, ela vem poderosa, ela vem cantando firme e a evolução acontece com mais felicidade ainda”, encerrou Júnior Schall.
O CARNAVALESCO visitou o barracão da Unidos do Peruche para conhecer o sonho realizado do último cardeal do samba paulistano vivo, que passará pelo Sambódromo do Anhembi na homenagem da “peruchada” a Seo Carlão do Peruche, em desfile válido pelo Grupo de Acesso 2. Da Rua Zilda ao infinito, a Filial do Samba contará a história do seu fundador e maior baluarte através do enredo “Axé Griô! Carlão do Peruche, o cardeal preto do samba”, assinado pelo carnavalesco Chico Ângelo.
Vindo de um sexto lugar em 2024, repetindo o pior resultado de sua história, a Peruche apostou na renovação de diferentes segmentos para buscar o retorno ao segundo grupo da folia paulistana. Além do carnavalesco, comissão de frente, direção de harmonia e casal de mestre-sala e porta-bandeira trazem um novo ar para a agremiação.
Resgatar a história para atrair a comunidade
Desfilando pelo Acesso 2 pelo quinto ano consecutivo, a Peruche se inspira no legado de Seo Carlão para estimular a comunidade a se manter firme no sonho de retornar aos tempos áureos. Com longa história no carnaval em outros segmentos, Chico Ângelo estreará como carnavalesco e falou sobre a inspiração que deu origem ao enredo.
“A Peruche está no Acesso 2 há um certo tempo, e esse grupo acaba machucando um pouco as escolas seja financeiramente, seja da reunião da comunidade. Assim que entrei, eu precisava achar um ponto em que a gente conseguisse unir os corações aqui dentro, e o Seo Carlão é a pessoa que conseguiria fazer isso. É resgatar a história da escola através de um personagem, através de um dos pilares do carnaval. A escolha do Seo Carlão foi fundamental para reunir as pessoas, e a gente tem mais do que a obrigação de homenagear a nossa ancestralidade, aquela pessoa que construiu tudo isso aqui. Eu, como sambista, preciso honrar muito as pessoas que construíram essa história, as pessoas pretas que construíram essa história. Para mim é um grande presente, em meu primeiro carnaval, ter essa responsabilidade de homenagear um dos baluartes do samba”, declarou.
Quem é Carlão do Peruche?
A história de Carlos Alberto Caetano começa em 1930, com seu nascimento. Há quem diga que Seo Carlão nasceu em tantos lugares diferentes que é mais certo considerá-lo um cidadão nascido do samba, pois nele nasceu e dele nunca saiu. Na juventude, brincou o carnaval em cordões na região da Barra Funda até chegar na Lavapés, localizada na região central da cidade, que foi sua inspiração para fundar no Parque Peruche, na Zona Norte, a escola que possui em seu pavilhão as cores da bandeira brasileira. Assim se deu o início de uma das mais belas histórias da cultura paulistana.
“Carlão do Peruche é o Cardeal. É o cara que construiu tudo isso, é o que compôs belas músicas. É o que se uniu a tantas pessoas importantes e se entregou o samba como o que nós temos hoje aqui em São Paulo, é um rapaz respeitadíssimo no Rio de Janeiro. Faltam palavras, Seo Carlão é muito importante para o carnaval, assim como era o Seo Nenê, assim como era o Seo Juarez. Nós temos a honra de tê-lo vivo e fazer essa homenagem em 2025. Carlão do Peruche é o Peruche e muito mais. Existem tantas histórias sobre Seo Carlão, até a do próprio nascimento. Existem registros em cidades distintas. Ele viveu na Barra Funda por muito tempo, fazia parte de alguns blocos como a Flor do Bosque, que é uma das citações que mostramos como um dos primeiros contatos que ele teve. Ele tem o contato na Lavapés também, e lá ele decide fundar sua própria escola. Reunir os laços de amizade que trazemos e fundar o Peruche. É aquela coisa do sambista ser tão íntimo ao samba que ele quer construir alguma coisa, deixar o nome gravado na história. Acho que no fundo todo sambista quer ser um embaixador do samba no final da vida e deixar alguma história bonita a ser contada e ser relembrada, transformar a vida um pouco em poesia. Todo homenageado é muito legal de se falar. Ele é uma pessoa como todo mundo, que tem sentimentos distintos, tem momentos que são felizes e momentos que não são tão bacanas. Todo mundo tem às vezes uma desavença com um ou com outro, gosta mais de um, gosta mais de outro. Eu não estou consagrando um santo, mas estou consagrando uma pessoa que construiu muito pelo samba assim como todo homenageado. A gente quer contar a melhor história dessa pessoa, a melhor versão dessa pessoa. Seo Carlão tem muitas boas versões, por isso que está virando o nosso enredo”, contou Chico Ângelo.
A expressão “cardeal do samba”, usada para se referir a alguns dos nomes fundamentais para a existência das escolas de samba de São Paulo, não é à toa. Ao lado de nomes como Seo Nenê e Seo Juarez da Cruz, Seo Carlão conseguiu fazer com que a Unidos do Peruche e demais escolas sobrevivessem ao período de repressão da época, em especial a ditadura militar, quando os sambistas eram vistos como marginais e seus instrumentos eram destruídos por pura intolerância política e ideológica.
“Existia um grupo de baluartes no passado que fundamentaram várias escolas. Hoje, Seo Carlão é o último vivo entre eles, por isso o consideramos o último Cardeal do samba. É muito interessante que junto ao carnaval, junto ao desfile, 2024 é um ano em que Seo Carlão recebeu muitas homenagens. Teve um projeto no Sesc, tem uma exposição na Casa Une e ele faz parte de uma exposição no Parque do Ibirapuera. Seo Carlão está sendo exaltado de todas as formas junto com os outros grandes baluartes que fizeram parte desses pilares do carnaval paulistano. O Cardeal é aquele que tem o poder, que manda, que constrói, que rege. Os cardeais do samba foram as pessoas que conseguiram construir o carnaval, fazer a quebra de preconceitos, lutar lá atrás. Isso também faz parte do nosso enredo, falar um pouco sobre opressão, sobre todos os desafios que essas pessoas tiveram para construir as escolas de samba”, explicou o carnavalesco.
Da Rua Zilda ao infinito, a história de Seo Carlão na Avenida
A história de Seo Carlão será contada através de uma narrativa lúdica, inspirada nas origens religiosa e sambística do baluarte. O enredo abordará o passado artístico de Carlão do Peruche, além de fazer referência aos períodos de repressão ao qual a Peruche, sob sua liderança, foi capaz de sobreviver. Chico Ângelo contou detalhes do enredo a ser apresentado na Avenida.
“Essa história é toda narrada em primeira pessoa. Seo Carlão contando uma história que tem uma licença poética. Ele se denomina uma alma que veio da África, que despontou e nasceu como corpo sambístico em Pirapora do Bom Jesus, onde ele começou a construir a sua trajetória dentro do samba. Em nenhum momento a gente fala das origens de Seo Carlão, como onde ele nasceu. É uma história fabulística. Trabalhamos com essa alma que é libertada no universo de Olorum, é trazida com o vento e se torna raiz aqui no Brasil. Entendemos que ele começou a ter a sua origem do samba em Pirapora, que o nascimento enquanto sambista se dá em Pirapora do Bom Jesus onde sua mãe, que era muito religiosa, o levava para as grandes festividades. Ali se mistura toda a fé do brasileiro, esse sincretismo em que todo mundo tem o santo do coração, tem o orixá que leva como defensor. Nós falamos muito de Pirapora do Bom Jesus. Falamos do Bom Jesus e também do amor de Seo Carlão por Nossa Senhora Aparecida, a qual a mãe era devota. É o começo da religiosidade. Ele se entrega nos barracões, se entrega à música, ao batuque. Aí começa toda a história em relação ao ‘destino compositor’ que chamamos, quando ele começa a compor as suas primeiras músicas. Ele grava as músicas somente agora, já na terceira idade. Falamos sobre a opressão que foi vivida aqui dentro do Peruche, sobre o quão o povo perucheano é guerreiro e o quanto despontou grandes carnavais durante a história do Seo Carlão. Trazemos algumas situações de carnaval e terminamos a história com o ‘carnaval da minha vida’, que é o carnaval da vida do Seo Carlão, onde a gente o consagra como grande Cardeal da Rua Zilda dentro de um palacete de grandes sambistas. É o Cardeal do samba ao infinito, é uma história infinita. Uma história infinita que Seo Carlão deixa como legado e vai passar por gerações. Por gerações sempre vamos ouvir falar de Seo Carlão, sempre vamos ouvir falar de Seo Nenê, de Seo Juarez. Nós devolvemos Seo Carlão a esse infinito, a esse amor eterno que o sambista tem pelos seus ancestrais”, contou.
O carnavalesco optou por dividir o desfile da Peruche no carnaval de 2025 não através de setores, mas por atos cujas histórias se interligam.
“Estou dividindo em três atos. Não gosto muito de colocar como três setores porque acaba parecendo que são histórias distintas. Começo com o primeiro ato nessa África ancestral, nesse surgimento da alma. No segundo ato eu falo sobre o desenvolvimento enquanto sambista. O terceiro ato é o ato de vitória, o ato de resistência, onde falo dos grandes carnavais, de momentos históricos, o legado deixado por Seo Carlão. É a consagração do Cardeal”, descreveu.
Gratidão em vida
Para Chico Ângelo, poder prestar a homenagem a Seo Carlão em vida é sinônimo de gratidão. “Significa muita coisa, um ‘muito obrigado’. Até no começo do nosso samba, no nosso esquenta, o (intérprete) Renan Bier puxa um ‘Alô, Seo Carlão’, e toda a comunidade responde com um ‘muito obrigado’. É muito legal ver que no dia da festa de lançamento dos sambas de enredo isso se reverberou para a plateia. Acho que é um agradecimento não só dos perucheanos, ou da ‘peruchada’ como ele chama o povo do Peruche, como também da comunidade do samba. Um agradecimento a tudo que ele construiu”, disse.
Contar com a presença do homenageado também é visto pelo carnavalesco como o grande trunfo da Peruche no desfile de 2025. A reestruturação da escola, que contou com grande renovação entre os nomes dos principais segmentos, é outro ponto que pode pesar a favor da Filial do Samba em seus objetivos.
“Ter o Seo Carlão na Avenida é o maior trunfo de todos. Em relação à preparação, é um ano de estreias. Eu como carnavalesco, o Carlos Alves como coreógrafo, nosso primeiro casal também. A Peruche está apostando muito na renovação, em trazer pessoas com ideias diferentes para dentro da casa. Isso tem sido muito bacana, o novo se misturando ao antigo sempre traz uma mistura muito valiosa. Eu acredito muito na nossa comissão de frente e acredito muito no nosso casal, a bateria já é um grande trunfo da escola. Se for para citar uma particularidade, acho que para 2025, eu traria esses pontos de atenção para quem chegar lá no Sambódromo. Tem uma comissão de frente muito feliz, muito empolgada, querendo construir uma grande história e o casal também foi um casamento muito feliz que a gente conseguiu realizar aqui dentro da casa e vai levar para o Anhembi”, afirmou.
Ficha Técnica
Enredo: “Axé Griô! Carlão do Peruche, o cardeal preto do samba”
Componentes: 996
Alegorias: 2 carros + 1 tripé
Alas: 12
Diretor de barracão: Julião
Diretor de ateliê: Comissão de Ateliê
Ordem de desfile: Terceira escola a desfilar no dia 22 de fevereiro de 2025 pelo Grupo de Acesso 2
Uma enorme fila de vendedores autônomos se formou no Pier Mauá, Zona Portuária da cidade, nesta quinta-feira. Os trabalhadores fazem parte dos 15 mil selecionados para receberem o kit de trabalho para atuarem como ambulantes no carnaval. O material é oferecido pela prefeitura carioca, em parceria com a plataforma Dream Factory, responsável pela estrutura do Carnaval de Rua do Rio. A distribuição inclui isopor, crachá, colete, cardápio de bebidas e corda vai até o dia 8 de fevereiro. É estimado que cerca de 1.500 pessoas passem lá por dia durante esse período. Em conversa com o site CARNAVALESCO, Bruno Guerra, Diretor de Produtos da Dream Factory, contou como é feito o processo de seleção.
“A dinâmica funciona da seguinte maneira: as pessoas puderam se inscrever para a oportunidade. Esse ano batemos o recorde de inscritos. Tivemos quase 60 mil pessoas interessadas, enquanto no ano passado tivemos um pouco mais de 35 mil. A partir daí, fazemos um sorteio e selecionamos os vencedores para as 15 mil vagas. Essas pessoas fazem o agendamento e passamos para os 10 dias seguidos de credenciamento e treinamento”.
Com treinamento, ele se refere às aulas de capacitação que estão sendo dadas no local. É obrigatório assisti-las antes de retirar os kits. Elas duram cerca de 15 minutos e incluem informações necessárias para a atuação nas ruas, como legislação, normas municipais e ética.
Bruno Guerra, head de produtos da Dream Factory, contou como é feito o processo de seleção
“É importante que as pessoas venham retirar e receber as aulas pois esse trabalho é feito para organizar a festa e dar segurança tanto para o folião quanto para o próprio vendedor, pois a partir do momento que ele tem a credencial e o kit, ele está legalizado, e não vai ser importunado pela fiscalização. E quem está comprando sabe que é de uma fonte segura. O
treinamento tem duas preocupações: a primeira é mostrar o que se pode e não pode fazer nessa troca, por exemplo, a venda dos produtos não pode ter vidro e crianças não podem estar junto do vendedor; a segunda é o treinamento do patrocinador dando informações sobre os produtos, como onde eles podem ser vendidos, onde podem ser adquiridos, e esclarecendo todas as demais dúvidas”, comentou Bruno Guerra.
Para a segurança completa da atividade, o Diretor de Produtos da Dream Factory garante que os principais órgãos públicos do Rio de Janeiro estarão cuidando dessa parte. “A Secretaria de Ordem Pública tem sua equipe e seus procedimentos, a Guarda Municipal e a Riotur também cumprem seus papéis na fiscalização, cada um dentro da sua competência”.
A principal motivação para tanta procura é a chance de fazer uma renda extra nos dias da festividade. É consenso geral entre os abordados na fila que não há nenhum evento que gere mais lucro para o trabalho informal no Brasil do que o Carnaval, por conta da quantidade de turistas que circulam na cidade nesse período, superando até mesmo o Reveillon.
Tainá Paula, de 35 anos, moradora de Campo Grande, que está em seu quarto ano como vendedora ambulante
“É uma renda extra, cerca de R$ 2.500, que ajuda muito, ainda mais em fevereiro, que é um mês complicado, então tudo o que entra ajuda”, afirma Tainá Paula, de 35 anos, moradora de Campo Grande, que está em seu quarto ano como vendedora ambulante. A moça ainda não esconde a gratidão por estar mais um ano na função: “Muita gente tenta e não consegue ter a sorte de ser sorteada. Acho que é um privilégio que temos que honrar, porque muitos precisam mais que a gente e não conseguiram estar aqui, enquanto outros nem precisam e conseguiram. Privilégios, não descartamos”.
Outro dado importante, é que 56% dos 15 mil selecionados foram mulheres. Para muitas delas, a venda informal no Carnaval serve como uma oportunidade para ganhar independência e mudar a vida, como é o caso da vendedora Odirlea Farias, de 44 anos, moradora da Comunidade do Salgueiro, na Tijuca, que está no terceiro ano como ambulante: “É uma oportunidade que a prefeitura nos dá. Eu sou mãe solo, então preciso gerir toda a renda da família. E esse dinheiro agrega muito. Ano passado foi com o dinheiro do carnaval que consegui comprar um pedaço do terreno do vizinho para construir minha
cozinha. Foi uma conquista boa. Agora, meu filho vai entrar na faculdade, preciso ajuda-lo a comprar as coisas, e esse dinheiro já vai para o material”.
Vendedora Odirlea Farias, de 44 anos, moradora da Comunidade do Salgueiro, na Tijuca, que está no terceiro ano como ambulante
Mas nem tudo são flores. A freelancer Eliandra Aparecida da Silva, de 41 anos, moradora de Triagem, é veterana na venda ambulante, e diz que só tem uma reclamação a fazer: “O Kit é bom, só o que enfraqueceu foi o guarda-sol. É um absurdo termos que comprar o item por R$ 102, que se a pessoa não tiver, vai ter que vender embaixo de sol quente. Eu mesma não tinha e tive que tirar de outra coisa para comprar, pois com o calor que está por vir aí, é impossível ficar sem”.
Eliandra Aparecida da Silva, de 41 anos, moradora de Triagem, é veterana na venda ambulante
Durante toda a entrega dos kits, que começou às 8h e foi até as 18h, houve distribuição de água gratuitamente para todos os que estivessem aguardando na fila.
A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) está estudando uma forma de anunciar o resultado do Oscar 2025, que acontece no domingo de carnaval, durante o horário do primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. O presidente Gabriel David revelou a possibilidade em entrevista para o Gshow.
“A nossa equipe de comunicação está estudando, tem algumas opções que já estão sendo faladas. A nossa ideia, a grosso modo é poder falar um pouquinho do que está acontecendo no Oscar para todo mundo que está ali entendendo que somos o maior movimento cultural desse país e lá a gente também está falando da cultura e da importância do nosso país para o mundo. É isso que está sendo estudado. Tem algumas possibilidades, a gente ainda não bateu o martelo sobre o que vai ser. A sociedade brasileira precisa reverenciar isso. E se tem um ambiente que sabe reverenciar aquilo que é importante para o Brasil acho que esse ambiente é o Carnaval. Então eu acho que a gente tem esse dever. Nós, enquanto Carnaval, temos esse dever de homenagear esse marco independente de se vai ganhar o Oscar ou não”, disse Gabriel David para o Gshow.
O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” foi indicado a três categorias do Oscar 2025. A atriz Fernanda Torres foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz. A produção brasileira, por sua vez, foi indicada em duas categorias: Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro. O anúncio foi feito no final da manhã desta quinta-feira, em Los Angeles (EUA).