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‘Menino-Cobra’ da Viradouro é um dos protagonistas de peça ‘Amazônia’ que estreia essa semana no Rio

Wesley Torquato, que interpretou a cobra píton na comissão de frente da campeã Unidos de Viradouro no Carnaval de 2024, está prestes a enfrentar um novo desafio. A partir desta sexta-feira, ele estreia na peça “Amazônia”, dirigida e coreografada por João Wlamir. Wlamir é bailarino solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, fundador do Grupo de Dança DC e foi jurado de mestre-sala e porta-bandeira no último carnaval.

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Foto: Divulgação

“Amazônia” é um projeto inédito de dança contemporânea que homenageia a riqueza e diversidade da Amazônia, destacando sua importância cultural e ecológica. Com uma abordagem moderna e poética, a peça promete ser uma experiência sensorial envolvente.

Nascido em Manaus e autointitulado o artista “mais conhecido desconhecido” devido ao seu sucesso como a cobra mais famosa do Carnaval carioca, Wesley terá momentos emblemáticos na peça. Em um solo emocionante, ele apresentará a solidão dos povos indígenas. “Dentro do espetáculo, há uma cena que é muito solitária para mim. Isso me faz reconectar com aquilo que vi no Carnaval. Então, sou pego novamente nesse lugar de estar sozinho, de criar uma cena comigo mesmo, onde eu penso e faço tudo sozinho. Isso me conecta novamente à experiência do Carnaval, onde fiz tudo sozinho, logicamente com o apoio da Priscilla Mota e do Rodrigo Neri, na Viradouro, e agora sob direção de João Wlamir”, declarou Wesley.

A peça conta ainda com a participação de talentosos bailarinos que se destacaram no último Carnaval, como Fernanda Lima, da comissão da Imperatriz, Clara Alves, da União da Ilha do Governador, Lucas Matheus, da Mangueira, Henry Silva, da Unidos da Tijuca, e Glayson Mendes, que representou Rás Gonguila na Beija-flor de Nilópolis. Os espectadores podem esperar um cenário com iluminação envolvente, figurinos criativos, coreografias habilmente elaboradas e uma trilha sonora cuidadosamente selecionada para evocar sensações únicas. Com músicas de artistas renomados como Maria Bethânia, Chico Science, Sepultura e muitos outros, a atmosfera do espetáculo será cativante e imersiva.

As apresentações de “Amazônia” acontecem de 20 a 30 de junho, de quinta-feira a sábado às 20h e domingos às 19h, no Teatro PRIO, localizado no Jockey Club do Rio de Janeiro. Com patrocínio da Enel Distribuição Rio, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, esta produção promete ser um evento marcante no cenário cultural do Rio de Janeiro, proporcionando momentos de pura magia e inspiração para todos os presentes.

Serviço – Espetáculo Amazônia
• Data: 20 a 30 de junho
• Horário: de quinta-feira a sábado às 20h e domingos às 19h
• Local: Teatro PRIO, localizado no Jockey Club do Rio de Janeiro
• Ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/93970

Carnavalescos dos Gaviões da Fiel comemoram resultado do último carnaval e almejam melhora para disputar o título

A escola Gaviões da Fiel enfim voltou ao desfile das campeãs após 13 anos. Foi uma conquista muito comemorada, tanto internamente quanto pelos componentes. Desde 2011 a escola não ficava entre as cinco primeiras. Foi um desfile onde a agremiação optou por ‘jogar com o regulamento’, como por exemplo levar um número reduzido de componentes, influenciando em uma evolução fácil de ser realizada. As alegorias, que foi o grande problema dos alvinegros em 2023, obteve êxito, gabaritando o quesito. Isso se deve ao trabalho dos carnavalescos Júlio Poloni, Rayner Pereira e Rodrigo Meiners, que assinaram o enredo “Vou te levar pro Infinito”. Esse último saiu da escola e, para 2025, os Gaviões irá trabalhar com a dupla. Os artistas conversaram com o CARNAVALESCO e contaram sobre as experiências do último carnaval e o futuro com a nova diretoria eleita.

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Foto: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Conquista com a comunidade

Júlio Poloni exaltou o trabalho feito e dividiu a conquista da quarta colocação com a comunidade. O artista pretende melhorar, corrigir erros e ir em busca do título do Carnaval 2025. “Foi um trabalho árduo de toda a comunidade e de todas as pessoas envolvidas nesse processo. Foi um sucesso que a gente batalhou muito para conseguir. Agora, a gente sabe que a nossa responsabilidade é se manter no mínimo nesse lugar que conquistamos. Vamos trabalhar para isso, nos organizarmos para corrigir os pontos falhos do último carnaval para poder efetivamente disputar o título”, disse.

Trabalho em cima do regulamento

Rayner Pereira conta que o estudo do regulamento e o cumprimento dele foi crucial para o resultado positivo dos Gaviões da Fiel. Seguindo a linha de raciocínio de seu companheiro, o profissional disse que é vital corrigir os erros para conquistar o objetivo maior. “Eu acho que tudo é uma questão de trabalho. A gente trabalhou, estudou o regulamento e tentou trabalhar de acordo com o que pedia. Então, acho que o resultado foi fruto de todo esse trabalho e, a partir disso, o nosso desafio agora é tentar manter, tentar reorganizar um pouco mais a escola para acertar onde a gente errou e quem sabe subir um pouco mais, que é objetivo de todo mundo”, afirmou.

Confiança da diretoria

A diretoria dos Gaviões da Fiel mudou. Geralmente, quando isso acontece, o carnaval é bastante impactado. Novos diretores entram e, consequentemente, uma linha de pensamento pode entrar e confrontar a antecessora. Entretanto, de acordo com Poloni, a chapa vencedora está comprometida em acatar os pedidos dos carnavalescos. “Estamos recebendo, completamente (o apoio). A gente tem conversado muito para eles entenderem o que deu certo no último carnaval e o que a gente teve mais dificuldade com o objetivo de manter aquilo que foi acertado e corrigir tudo que a gente sabe que podia ser melhor. Então é nesse sentido, é nesses dados que a gente está atualmente fazendo bastante conversa e organizando todo o processo de trabalho para quando começar já ir mais certeiro ao ponto”, contou.

Sucesso de um trio

No Carnaval 2024, os Gaviões trabalhou com um trio de carnavalescos. Além de Júlio e Rayner, estava com eles o artista Rodrigo Meiners. Segundo o profissional, todos se deram bem. Agora, em dupla, devem se organizar para encontrar o melhor caminho. “Acho que o grupo se deu bem, porque a gente conseguiu conversar e entender o que cada um tinha que fazer. Nós seguimos nisso até o final. Agora, em dupla, o trabalho acaba reduzindo um pouco mais. Realmente vai ficar só eu e o Júlio nessa parte de construção e agora é a questão de organizar o povo para trabalhar e caminhar direto”, finalizou.

Com enredo autoral na manga, Império Serrano aguarda resposta de possível tema patrocinado para o Carnaval 2025

O presidente Flávio França concedeu uma entrevista ao CARNAVALESCO no último sábado, durante a feijoada da escola, onde ocorreu a premiação do Estrela do Carnaval da Série Prata. Flávio contou sobre como está a gestão no Império, as possibilidades sobre o enredo da escola, e como a disputa de samba-enredo será desenhada a partir daí. Ele iniciou fazendo um balanço de 2024, citando a gestão da escola no último ano e o planejamento que foi feito para a realização do último carnaval.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“A gente fez um carnaval bastante planejado. Ainda entendendo as dificuldades que era o cenário do Império Serrano e ainda também respeitando o luto do descenso do Grupo Especial. Mas, a gente entendia também que o Império Serrano estava em ascensão, desde 2020, da gestão do nosso grande benemérito, meu amigo e irmão Sandro Avelar. O Império Serrano vem se desenvolvendo bem, em uma gestão mais coercitiva, mais coerente, enxuta, pensando que as dívidas eram muito altas. Nós fizemos pautada no planejamento, pautado no desenvolvimento de umas fantasias robustas. Em um carnaval que fosse mais compacto para poder conseguir, atingir o êxito e o objetivo de gabaritar as notas em cada quesito. O Império Serrano vem desenvolvendo muito bem uma gestão nova, moderna, respeitando a ancestralidade, sem despir da ancestralidade, mas pensando na renovação, na inovação do que é o cenário do carnaval no Rio de Janeiro hoje. Existe planejamento, existe um bom desenvolvimento e com certeza é um impacto de chegar em uma grande boa conclusão. Nós batemos na trave, fomos vice-campeões e a gente pretende pegar os pequenos erros que aconteceram no carnaval de 2024 para poder corrigir e acertar no carnaval de 2025 e conseguir o êxito, que é o acesso do Grupo Especial. A gente entende que o Império Serrano é de fato uma das maiores escolas, das grandes escolas do Rio de Janeiro hoje, mas o que faltava era gestão e de 2020 para cá a gente está nessa crescente”.

O presidente contou sobre a organização da escola, e como está se dando a escolha do enredo que o Império vai levar para a Sapucaí em 2025, com a expectativa de um enredo patrocinado ou um enredo autoral, que segundo ele já está pronto.

“O Império Serrano já está mais organizado. A gente hoje consegue, por exemplo, competir, disputar e pleitear uma Lei Rouanet, uma lei de incentivo para poder desenvolver um carnaval mais coerente, ajudando a comunidade com engajamento bacana para a comunidade. Então, o Império Serrano está pautado de fato no planejamento. A gente tem uma grande expectativa de um enredo patrocinado, mas ainda não está definido. Nós temos um enredo autoral pronto, vou dar esse spoiler. Estou aguardando o melhor cenário. Pensando na questão financeira, já que o Império Serrano esteve muito fragilizado durante esses anos e a gente precisa dessa ajuda financeira para conseguir galgar outros caminhos”.

Ao falar que em breve anunciará o enredo, Flávio contou sobre as possibilidades que o Império possui no momento, e que, somente após a decisão vai ser desenhada a questão da disputa de samba da agremiação.

“Nós não estamos pautando nessa organização ainda, porque a gente tem uma expectativa de um enredo patrocinado. Desse enredo patrocinado a gente vai precisar destrinchar melhor, criar o conteúdo mais assertivo, um bom conteúdo. A gente ainda está um pouquinho na previsão muito do que foi o ano passado, lá para setembro, outubro a gente começa a desenvolver, de repente, a disputa de samba, algo nesse sentido”.

‘Intercâmbio de cultura da Grande Rio com o Pará’, diz Helinho sobre enredo da Grande Rio para 2025

Durante o sorteio do Grupo Especial, o CARNAVALESCO conversou com alguns dirigentes da Grande Rio sobre como está a preparação da escola para o Carnaval de 2025. Na época o enredo “Pororocas parawaras – as águas dos meus encantos nas contas dos carimbós” ainda não havia sido revelado porém, todos já esperavam para ver a forma como a escola iria trazer o Pará dentro da visão dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Milton Perácio, presidente da agremiação falou sobre o que esperar da escola no próximo carnaval: “Esperar, como sempre, um grande carnaval, um grande desfile. A Grande Rio está feliz, a comunidade está feliz e eu creio que vai ser mais um sucesso. Vai ser mais um show que a Grande Rio irá dá na avenida”.

Encantamento de Caxias! Em jornada mística, Bora e Haddad exploram a riqueza e tradição da Amazônia no enredo da Grande Rio

Já o presidente de honra Helinho falou sobre o que esperar da parceria do governo do Pará com a escola para 2025, ressaltando a beleza e riquezas culturais do estado como base para história que será contada na avenida: “O Pará é um estado maravilhoso e a gente quer fazer um intercâmbio de cultura. É o intercâmbio de cultura da Grande Rio com o estado do Pará e o enredo vai ser muito lindo, muito lindo”.

Sinopse do enredo da Grande Rio para o Carnaval 2025

Grande Rio apresenta novos diretores artísticos

Mestre Odilon ‘abençoa’ trabalho de Fafá: ‘bateria da Grande Rio está em boas mãos’

Marino sobre trabalho na Beija-Flor: ‘Tradição imensa, chão muito forte e não precisa de mudança, mas de união’

Marco Antonio Marino foi contratado como novo diretor de carnaval da Beija-Flor após o carnaval deste ano. Após iniciar os trabalhos na Azul e Branca de Nilópolis, ele, em conversa com o CARNAVALESCO, conta como estão sendo os primeiros meses à frente da direção de carnaval, o que vem para a disputa de samba, e como Laíla, homenageado da escola no próximo carnaval com o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”, é uma inspiração para o seu trabalho.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Marino começou contando sobre qual seria o grande desfile de Laíla na Beija-Flor, porém, pontuou que é impossível escolher um só, apesar de ressaltar o campeonato de 2018 da escola: “Se você for analisar com calma, tu não vai conseguir achar um só. Você vai achar um monte, eu posso te citar aqui uns dez. Mas tem um que para mim foi assombroso foi 2018. E eu falo isso em termos de técnica de desfile, a evolução que a escola teve. A escola, na verdade, não desfilou naquele ano, a escola flutuou. E você via a escola toda cantando, a plateia cantando, o arrastão cantando, acabou cantando. Não estou falando de parte plástica, estou falando parte mesmo técnica. Eu acho que 2018 foi um carnaval que me marcou bastante da Beija-Flor”.

Beija-Flor ressalta pontos didáticos da sinopse que homenageia Laíla: Fé, protagonismo preto e profundo conhecimento musical

Ao falar da disputa de samba o diretor ressaltou que espera que os compositores da escola busquem transmitir a emoção prometida pela sinopse e pelo tema do enredo em si, e que a inspiração seja tão emocionante quanto a do último campeonato da escola: “Eu espero que eles façam um samba de novo igual a 2018. Que todas as parcerias façam um samba, não exatamente igual em termos de melodia, nem letra. Eu digo de emoção e de juntar o público”.

Sinopse da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2025

Para Marino a sua principal função desde que chegou na Beija-Flor tem sido ouvir e aprender da escola, de duas tradições e raízes, para poder corresponder a tudo que foi confiado a ele no cargo de diretor de carnaval: “É uma escola que tem uma tradição imensa. É uma escola com um chão muito forte. É uma escola que tem raízes muito profundas e ninguém vai chegar aqui e dizer que vai mudar, porque eu acho que a Beija-Flor não precisa de mudança, a Beija-Flor precisa de união. De alguém que una a galera, demonstre que tem um caminho a se seguir e que se a gente seguir esse caminho pode dar muito bom. Eu acho que o maior trabalho que eu tive até agora foi ouvir bastante. Não só os funcionários, os presidentes. Ouvir componente. O máximo que eu posso tenho respondido as pessoas também que me mandam mensagem. Eu estou na verdade em um ponto, agora não, que começou o trabalho em si, porque a gente começou os protótipos, mas esse tempo até o protótipo começar, eu fiquei totalmente envolvido na questão de sinopse e de ouvir os componentes. Todos, componentes, torcedor, ouvi tudo. Todos que me mandaram mensagem, todos que me falaram alguma coisa, foram ouvidos. Agora chegou o momento da gente poder ter um trabalho mais próximo e poder desenvolver com calma. Eu acho que a Beija-Flor já tem a sua alma vencedora. Diretor de carnaval, eu sempre falo isso, ele não ganha carnaval, perde quando ele atrapalha a escola. Eu acho que a função maior do diretor de carnaval, além de uma gerência de produção, é unir a escola mesmo”.

Por fim, Marino contou o tamanho da responsabilidade em relação ao enredo, colocando que ele é um enredo sobre a alma da Beija-Flor. Além disso, citou como ele enxerga a homenagem a Laíla com sua própria história, que teve a participação do sambista: “Eu vou te falar uma coisa que vai parecer meio clichê, mas não é. Eu tenho a nítida sensação por dentro, bem na minha energia, na minha essência, de que eu não estou aqui a toa, que eu fui escolhido para estar aqui. Escolhido pelo presidente, escolhido pelas pessoas que gostam da escola, escolhido por ele, Laíla. Muita gente não sabe, mas ele me ajudou, inclusive, na Tijuca, porque quando eu fui para a Tijuca no ano passado, alguns anos atrás, ele me contou como é que foi a trajetória dele lá. É evidente que quando eu fui eu já sabia uma forma de conduzir o trabalho de forma a respeitar as pessoas. Eu estar aqui na Beija-Flor, porque para mim é um sonho, e principalmente depois de eu estar aqui a escola anunciar um enredo de Laíla, eu não tenho dúvida de tudo que eu passei na minha vida, as dificuldades que eu tive ao longo de toda a minha vida, tudo que eu batalhei para poder conseguir chegar a algum lugar, que ainda não cheguei a lugar nenhum para falar a verdade, eu acho que não foi em vão. Quando eu recebi o telefonema do presidente Almir para vir para cá, eu sequer sabia que seria Laíla o enredo, eu já tinha certeza que era uma dádiva, um prêmio muito grande para mim estar aqui. E aí quando o enredo foi Laíla eu acho que eu entendi, aí a minha ficha caiu. Meio que ele deve ter orientado o presidente lá do céu, a pensar no meu nome e deu certo, eu estou aqui”.

Segunda noite da festa junina do carnaval de São Paulo confirma sucesso do evento

Por Fábio Martins e Will Ferreira 

A segunda noite da 1ª Festa Junina do Carnaval de São Paulo repetiu o sucesso, realizada no último domingo repetiu o sucesso da primeira apresentação. Com um cronograma semelhante ao da primeira apresentação e muita organização por parte da Liga-SP, vários gêneros musicais foram abraçados – e o público respondeu positivamente a cada um deles. A grande campeã da noite foi a Dragões da Real, que conquistou o título de melhor quadrilha do dia.

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Troca e empolgação

De acordo com o organograma informado pela Liga-SP para o público, as duas primeiras atrações da noite tiveram ordem trocada. A primeira apresentação foi a dupla sertaneja Jorge Ferraz e Cristiano, cantando diversos sucessos de uma série de músicos do gênero que costuma embalar as Festas Juninas no Centro-Sul do Brasil. Cristiano Araújo, Jorge e Mateus e Jads e Jadson foram alguns dos artistas que tiveram canções tocadas, e a dupla aproveitou para cantar “Evidências”, de Chitãozinho e Xororó – apresentada como “Hino Nacional do Sertanejo”. Alguns pedidos também foram atendidos: uma ritmista com camisa da Pegada da Coruja, bateria da Estrela do Terceiro Milênio, pediu a execução de “Um Degrau Na Escada”, clássico de Chico Rey e Paraná.

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Falando na escola de samba do Grajaú, logo após o final do show, foi a Estrela do Terceiro Milênio quem tomou conta do espaço à frente do palco – prontamente ocupado pela ala musical comandada por Darlan Alves, um dos intérpretes oficiais da agremiação, juntamente com Grazzi Brasil. Além de hinos e alusivos, a escola executou os dois sambas-enredo campeões do Grupo de Acesso I (“Ô abre alas que elas vão passar”, de 2022; e “Vovó Cici conta e o Grajaú canta: o mito da criação”, de 2024). Também houve espaço para um canção que une o sertanejo tão tradicional das Festas Juninas com o universo das escolas de samba: “A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo – Água no Feijão que Chegou Mais Um”, clássico instantâneo com que a Unidos de Vila Isabel conquistou o título do concurso carioca em 2013.

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Após as apresentações das quadrilhas das escolas de samba (falaremos detalhadamente a partir do parágrafo seguinte), chegou a vez do Grupo Entre Elas, composto por Gi Guedes, Manoela Pires e Jéssica Antunes. Clássicos do samba e do pagode foram executados, e artistas como Alcione, Só pra Contrariar, Exaltasamba e Fundo de Quintal tiveram espaço na apresentação que empolgou os presentes e manteve a Fábrica do Samba com ótima presença de público até cerca de 23h.

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Personalidade e show

O que mais chamou atenção nas quadrilhas da segunda noite da Festa Junina foi o quanto cada uma delas conseguiu fazer um espetáculo bem distinto um do outro, respeitando as características de cada agremiação – e empolgando todos os presentes.

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A primeira a se apresentar foi o Barroca Zona Sul. Sem deixar de homenagear Geraldo Sampaio Neto, o Borjão (grande baluarte da agremiação falecido em janeiro de 2024), com a frase sempre dita por ele que se tornou marca da verde e rosa (“Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba, é por isso que nós somos a Faculdade do Samba”) entre as músicas executadas e com uma levada especial, a agremiação coreografou as músicas “A Vida Do Viajante”, de Luiz Gonzaga, e “Pagode Russo”, também do Rei do Baião – que ganhou, inclusive, uma versão especial, pendendo para o funk, no final da apresentação – que teve boa aprte das fantasias nas cores barroquenses. A agremiação foi a sexta colocada no concurso.

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Chris Brasil, coreógrafo da comissão de frente barroquense e coordenador da quadrilha da agremiação, relembrou o começo da vida de cada brasileiro para destacar a importância da festividade: “Foi muito legal. Tem uma memória muito emotiva a Festa Junina, quem participou de uma sabe como é. Participar desse projeto junto com o Barroca, junto com a nossa quadrilha, que é cem por cento formada por setores da escola, com alas que fomos pegando aos pouquinhos… é tudo feito com muito coração e amor. A gente realmente voltou à velha infância Foi muito bom, estou feliz. Foi muito legal o resultado, a iniciativa da Liga-SP, de fazer essa festa aqui na Fábrica do Samba, de dar oportunidade às pessoas de terem dois dias pra curtir nesse período, é muito bom. São João e Festa Junina é muito bom”, comentou.

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Musa da Ala Musical da escola, Magali Alves foi a noiva na quadrilha barroquense contou um pouco de como foi a preparação para a apresentação: “Eu faço parte da escola já há bastante tempo, há uns cinco ou seus anos, mais ou menos. Sempre que eu posso estou sendo inserida nas apresentações. Quando me chamaram, em umas duas semanas, mais ou menos, fizemos uns quatro ensaios, mais ou menos. Foi tudo muito rápido, todo mundo trabalha durante o dia, todo mundo faz tudo durante o dia, mas deu tudo certo”, comemorou.

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Segunda escola a se apresentar, o Vai-Vai optou por uma apresentação bem mais tradicional que as co-irmãs – nada mais natural para a instituição que já soma 94 e é a maior campeã do carnaval paulistano. Com direito a uma porta-estandarte, a Saracura optou por não levar músicas de artistas e por colocar diversos integrantes com roupas majoritariamente pretas, marcando apenas a tão tradicional canção de quadrilha – que garantiu uma quinta colocação para a Alvinegra.

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Niltes Lopes, diretora do Departamento de Responsabilidade Social, foi a porta-estandarte da Escola do Povo, contou que a responsabilidade veio de outra figura bastante influente na agremiação: “Fizemos a coreografia, mas quem me passou a bola foi o presidente Clarício Gonçalves. O departamento organiza festas como a de Cosme e Damião e do Branco e Preto, e organizamos a quadrilha com setenta e duas pessoas, trinta e seis casais, fizemos as roupas em uma semana, saímos daqui do barracão às 05h e eu acho que, na minha opinião, foi lindo”, orgulhou-se.

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Jorge Ribeiro, do Departamento Social, exaltou o quanto as escolas de samba conseguiram se reinventar para, novamente, representar a cultura brasileira: “A verdade é que a gente construiu a gente trazer de volta a nossa cultura. Isso está tão perdido por aí que ninguém vê mais uma Festa Junina, nem nas escolas que antigamente tinham. Para a gente, foi um desafio maravilhoso. Montamos essa quadrilha em uma semana, com figurino próprio: não é de ateliê, é próprio da nossa comunidade, do nosso povo. Esse desafio é o maior que nós temos. O desafio do Vai-Vai é ter a comunidade, é ter o nosso povo junto com a gente. O nosso povo participa, põe a mão. Nós somos uma comunidade, realmente”, comentou.

Outra tradicionalíssima escola do carnaval paulistano optou por mesclar a conhecidíssima música de Festa Junina com outras canções contemporâneas. A Unidos do Peruche optou por utilizar um grande conjunto de figurinos, que quase não se repetia entre os integrantes – e contou, também, com a presença de pó de arroz (ou talco). Dentre as canções coreografas, destacam-se “Xaxado No Chiado”, de Lucy Alves; e “Explode Coração”, da banda Mastruz com Leite. A apresentação rendeu a terceira colocação no concurso para a Filial do Samba.

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Foram dois os coordenadores da quadrilha. Um deles foi Alexandre Polini, coreógrafo de ala coreografada da agremiação, que destacou a mescla de estilos: “A gente tentou trazer aqui para a Fábrica do Samba aquela mistura do tradicional com o moderno, com o contemporâneo. Lembrando sempre que foi o pessoal da terceira idade que começou essa tradição de quadrilha, e nós temos que mantê-la viva”, pontuou.

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Auro Raimundo, também coordenador da quadrilha e integrante da “Filial do Samba”, primeira ala da escola e participante desse e de outros eventos, assentiu: “Em todos os cantos do Brasil, lá no Nordeste ou aqui, a quadrilha é tradicional do nosso interior. A gente tentou trazer essa mescla, de mostrar a valorização do pessoal de terceira idade. Mostrar que, assim como no carnaval, a Festa Junina abraça e acolhe qualquer estilo, qualquer gente, qualquer pessoa. O mais legal do carnaval é que é pra todo mundo: é a inclusão total de todas as pessoas, todas as raças, todas as cores, todas as idades. Sempre foi, sempre será”, refletiu.

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Com grande diversidade musical, a Unidos de Vila Maria começou a apresentação com a já citada “Evidências”, mas não parou por aí: também houve espaço para “Olha Pro Céu” (Luiz Gonzaga), “Voando Pro Pará” (Joelma), “Superfantástico” (Balão Mágico) e “Festa de Rodeio” (Leandro e Leonardo). O show teve uma série de movimentos e coreografias impactantes – como uma menina sendo erguida pelos demais participantes, crianças de patins, a participação do pavilhão oficial da instituição e uma pirâmida humana. A instituição abocanhou a quarta posição no concurso.

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Taiana Freitas, coreógrafa da comissão de frente, foi a principal coordenadora da apresentação, e relembrou o filho, Jorginho – cujo falecimento marcou todo o carnaval paulistano e gerou, inclusive, o enredo de uma co-irmã. “Eu estou vivendo um momento de muita arte, muito amor, porque a Vila Maria foi um presente que meu filho deixou pra mim. O meu eterno astronauta queria me ocupar, como se eu não tivesse ocupação suficiente. Mas ele falou ‘mamãe, vou te deixar essa escola’, essa outra missão que ele amava, ele admirava o meu trabalho. Eu não paro, e não paro por ele, não paro pra realmente não parar e viver um luto. Vivo a arte e vivo o amor, porque meu filho era apaixonado (é, ainda), pelo carnaval. Não é a toa que ele nos acompanha e vai nos acompanhar sempre. Essa entrega, independentemente de ser carnaval, independentemente de ser quadrilha, arraía… a entrega é a mesma. Cada trabalho que a gente faz, a gente entrega tudo que a gente tem de melhor. Isso é o mais importante”, afirmou.

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A coreógrafa, gentilmente, trouxe outras pessoas-chave na montagem da quadrilha: Gabriela Barbosa, coordenadora de patinação artística e participante do projeto social da Unidos de Vila Maria; Ju Victor e Victor Hugo, integrantes da comissão de frente, também deram um importante parecer: “Os movimentos podem ser diferentes, mas independe da proposta: a gente estuda, da mesma forma, a cultura por trás da quadrilha. O mais importante é respeitar os movimentos que representam a festa junina e a cultura do arraiá”, destacaram.

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O vasto repertório também chamou atenção na apresentação da Colorado do Brás. A quadrilha começou com “O Xote Das Meninas”, de Luiz Gonzaga e passeou bastante: Taxi Lunar, de Zé Ramalho; Pagode Russo, já citada no texto; e Cometa Mambembe, de Alcymar Monteiro. Vale destacar o uso de um extintor durante a apresentação para criar fumaça e, também, algumas participações especiais: a boneca da marcante comissão de frente da agremiação de 2024; um tripé para locomoção de participantes e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo. Com o espetáculo, que mesclou figurinos tipicamente juninos com fantasias de um desfile de escola de samba, a agremiação do Centro da cidade conquistou o vice-campeonato no concurso.

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Diego Costa, diretor artístico da agremiação, foi um dos responsáveis pela quadrilha e fez questão de exaltar Luan Araújo, coordenador artístico da Colorado do Brás e outro grande nome por trás da exibição: “Ele é paraense e ele já vem da cultura da quadrilha. Ele é dançarino de carimbó, dançou em Parintins, no boi Garantido, ele já tem essa cultura. Quando veio para São Paulo, ele começou a participar de uma quadrilha junina de apresentações e já está há seis anos na Asa Branca – que tem vinte e cinco anos de existência na capital. No último ano, o Luan foi o coreógrafo da Asa Branca. Quando o Jairo Roizen [diretor de carnaval da agremiação] nos deu essa missão, foi fácil porque o Luan já tem base. Nós trouxemos componentes dos meus grupos cênicos da Colorado. Componentes da Comissão de Frente, da Paula Gasparini, também fizeram parte. E, principalmente, amigos e parceiros nossos da quadrilha que o Luan participa – e, aí, dá aquele molho final. Montar as músicas não teve tanta dificuldade por ele já ter um conhecimento vasto. Encaixamos a apresentação da Comissão, que foi na avenida, da boneca, e eu acho que foi um molho. Eu estou muito contente, sem voz. Eu tenho muito a agradecer por ele, porque essa semana nós viramos madrugadas pra fazer figurino atrás de figurino, atrás das pessoas, porque tem que ter um número mínimo. Fomos fazer o tripé ontem, de madrugada, depois das apresentações. Tudo pelo espetáculo, tudo pela escola. A gente tá muito contente, eu tô muito feliz”, comemorou.

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Por sua vez, Luan foi mais enfático – mas se mostrou grato pela oportunidade: “Pra ser sincero, tivemos só uma noite de ensaio. O que foi apresentado a gente fez em uma noite de ensaio. Aqui tem uma galera da Comissão de Frente da Colorado, tem uma galera da minha quadrilha, que é profissional. Tem uma galera do grupo cênico, também. A gente tentou juntar um pedaço de cada setor da escola pra poder fazer esse show que vocês viram”, comentou.

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A grande campeã da segunda noite foi a agremiação que mais ousou e buscou mesclar a quadrilha com o teatro. Trata-se da Dragões da Real, que trouxe a grande maioria dos componentes com fantasias de desfile de escola de samba. A apresentação começou ao som de “Disparada”, composta por Geraldo Vandré e Théo de Barros e imortalizada na voz de Jair Rodrigues. Depois, ao som de “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, a Dragões relembrou o marcante desfile “Dragões canta Asa Branca”, primeiro dos três vice-campeonatos da agremiação no Grupo Especial. Ainda houve tempo para a execução de “Romaria”, de Renato Teixeira, com a saudação a Nossa Senhora Aparecida.

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Com Renê Sobral interpretando todas as canções e narrando atos, tal qual uma peça de teatro, outro segmento marcou presença na apresentação: Rubens Valente estava de roupa caipira, enquanto Janny Moreno era a noiva – ambos são o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição. Para encerrar, os dois tripés utilizados, que ficaram boa parte do tempo cobertos, revelaram o logo do enredo “A vida é um sonho pintado em aquarela!”, que será apresentado pela entidade em 2025 – e, quando isso aconteceu, ganhou espaço uma versão junina de “Aquarela”, clássico de Toquinho que será o fio condutor para a apresentação da instituição no Anhembi em 2025.

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Carnavalesco da agremiação, Jorge Freitas foi um dos responsáveis pela apresentação campeã e exaltou o papel da Liga-SP na difusão da cultura popular brasileira: “Não acho que seja um desafio porque carnaval e Festa Junina são manifestações culturais. Eu acho muito importante a Fábrica do Samba e nós, de escola de samba, termos também outras manifestações no nosso polo. Tenho certeza que já virou, e que isso aqui vai se transformar também no maior polo junino, do estado de São Paulo. O congraçamento do carnaval com a festa junina e com outras manifestações é feito com muita propriedade e com muita essência. Parabéns ao carnaval de São Paulo por nos proporcionar esse momento mágico”.

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Ricardo Negreiros, coreógrafo da comissão de frente, detalhou todo o processo que culminou no título: “Sobre o processo criativo, basicamente: o Jorge trouxe uma ideia, ele já tinha uma concepção, e a gente foi unindo forças para fazer isso acontecer. O Jorge também coreografou, eu fiz alguns envolvimentos, umas sequências, foi tudo participativo. EFoi um projeto inclusivo, nós fizemos com várias pessoas de várias alas: tinha comissão de frente, casal de mestre-sala e porta-bandeira, diretoria… enfim. Tinham pessoas de vários departamentos, e esse foi o propósito: unir pessoas. Queria fazer um negócio bacana, então vamos fazer juntando todo mundo. Quem tem mais habilidade, quem tem menos habilidade… não importava, o importante era juntar todo mundo. E foi isso que deu, e ficou muito bonito”, finalizou.

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Com retorno histórico e emocionante, Quitéria Chagas é coroada rainha de bateria do Império Serrano

Quitéria Chagas foi coroada no último sábado como rainha de bateria do Império Serrano. Ela, que já ocupou o posto de 2006 a 2010 e nos anos de 2019 e 2020, retorna atendendo a pedidos da comunidade. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Quitéria contou o significado deste momento em sua vida, destacando a importância de seu papel e comentando sobre a tendência de rainhas com forte identificação com a escola voltarem a ocupar este posto.

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Foto: Guibsom Romão/CARNAVALESCO

A rainha destacou a importância histórica e pessoal de seu retorno ao posto, além de desabafar sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no mundo do samba. Quitéria comemorou o progresso e a profissionalização no setor, reafirmando seu compromisso com a tradição e a luta por reconhecimento e igualdade.

“Os bastidores de reinado, a minha coroa é bem pesada, tem um peso histórico de toda a ancestralidade do Império. Esta coroa tem um peso histórico, tem um peso das minhas lutas pessoais, de idas e vindas, e eu não saio e volto porque eu quero. Tem toda uma questão, enfim, os bastidores são muito complexos, mas graças a Deus e comunidade, graças ao mundo do samba e do carnaval, as pessoas nos comentários vão fortalecendo e faz nós mulheres do samba existirmos e resistirmos, porque profissionalmente nós temos um peso e uma exigência profissional, mas ainda não somos profissionais no sentido que a gente não tem contrato. É complexo, teve uma questão de erro histórico, porque as primeiras rainhas da história do carnaval ficaram ocultadas e tivemos o registro da primeira rainha da história do Império Serrano em 1950. A rainha é tão antiga quanto a porta-bandeira, mas por motivos históricos de não quererem divulgar na imprensa uma mulher preta com coroa, nos ocultaram e parece que é um posto novo, mas não é e aí ficou esquecido essa questão profissional que agora com o passar do tempo a gente vê dos gestores botando raiz profissionais do samba, passistas e cada dia que passa está aumentando mais a questão profissional nesse setor importante. Fico muito feliz de ver mulheres do samba crescendo”, destacou Quitéria Chagas.

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Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

Sobre a importância de seu papel como rainha, que é não apenas como uma figura de destaque na escola de samba, mas como uma representante de todas as mulheres, especialmente as mulheres negras, que enfrentam muitos desafios. Quitéria contou que sua posição carrega um peso histórico e ancestral, e seu objetivo é manter vivo o legado para as futuras gerações, dando continuidade a tradição e a luta de seus antecessores.

“A rainha representa todas as mulheres do samba e aqui no Império eu tenho que representar esse legado que os antigos me falaram: ‘Você tem que representar todas as mulheres do Império!’ E é um peso muito grande, quando eu atravessei a quadra chorando é porque eu lembro das lutas, dos bastidores, das minhas lutas e não é fácil, principalmente para nós mulheres pretas. É muita responsabilidade, não é só uma coroa, não é só dançar, é representar toda uma história ancestral e continuar esse legado, porque eu não sou eterna, apesar que as pessoas falam, ‘eterna rainha’, os antigos também, mas o que eterniza é o legado e a história, e dá essa continuidade para a nova geração”, contou Quitéria Chagas.

Quitéria revelou a importância dessa tendência de rainhas com identificação com a escola voltarem para esse posto, valorizando a luta contínua das rainhas do passado e do presente para ocupar um espaço de destaque no mundo do samba. Ela destacou o reconhecimento das personalidades que, ao longo dos anos, contribuíram para construir uma trajetória de resistência e representatividade, permitindo que hoje mais rainhas com forte ligação com suas escolas possam ocupar esse papel com orgulho e legitimidade.

“Isso é muito importante, porque na minha época não tinha muito isso, eram pouquíssimas. E eu fico muito feliz, porque é a luta de cada uma, a minha luta de outras rainhas, das antigas, que não puderam ser tanto, são personalidades importantes que elas construíram essa trajetória para chegar até aqui”.

Dedê Marinho: ‘Posso mostrar que no samba há possibilidade de vida, oportunidade e felicidade’

A Unidos de Padre Miguel anunciou que Andressa Marinho, a Dedê, assume o posto de nova rainha de bateria para o Carnaval 2025, quando a escola estreia no Grupo Especial, segundo o modelo criado pela Liesa. Ao site CARNAVALESCO, ela revelou o que é preciso para chegar ao posto de rainha de bateria de uma escola de samba. A sambista enalteceu a representatividade com a comunidade.

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Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

“Para ser rainha primeiro tem que ter parceria com a bateria. Você está ali para conduzir, acompanhar e feminilizar essa energia. A bateria é o coração da escola. A rainha tem que ter muita postura, responsabilidade, poder e sabedoria. Estar sempre pronta para levar o nome da escola. Ser inspiração para crianças. Isso é uma coisa que levo muito forte dentro de mim. Vivo dentro da comunidade, quando saio para comprar pão com meu filho, encontro com crianças que me abraçam e dão carinho. Ser exemplo é importante. Posso mostrar que no samba há possibilidade de vida, oportunidade e felicidade”.

Perguntada sobre a mensagem que pensa em deixar para comunidade, Dedê Marinho desabafou emocionada.

Cria sonha e conquista! Emocionada, Dedê Marinho comemora ser a nova rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel: ‘sempre foi meu refúgio e minha cura’

“A mensagem que passo é de perseverança e resiliência. Já tive paralisia facial, tive filho e depressão pós-parto, tive várias inseguranças e fraquezas, que me fizeram pensar em desistir de tudo. Não só da minha vida pessoal, mas de tudo da vida pessoal da Andressa. A UPM é o meu refúgio, onde consigo me libertar, consigo sonhar lá na frente. Compartilho a realização do meu sonho com crianças e com todas alas de passistas. Confiem no processo de vocês, floresçam, cresçam e brilhem. Não tive tempo ainda de falar com as passistas. Quero abraçar todas. Sabe como você sente apoio? É o sentimento que sinto. A ala de passistas é o lugar que vim, me criei, aprendi tudo e divido com minha família”.

Cria sonha e conquista! Emocionada, Dedê Marinho comemora ser a nova rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel: ‘sempre foi meu refúgio e minha cura’

O domingo foi de surpresa na edição mensal da feijoada da Unidos de Padre Miguel. A escola da Vila Vintém anunciou que Andressa Marinho, a Dedê, assume o posto de nova rainha de bateria para o Carnaval 2025, quando a escola estreia no Grupo Especial, segundo o modelo criado pela Liesa. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Dedê exaltou o carinho da escola e o apoio que sempre recebeu.

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Fotos: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

“Sinceramente, a minha ficha ainda está caindo. É um processo. Realização de sonho. É muito grandioso esse cargo. São vários fatores que vem acontecendo: passei por corte da corte do carnaval, virei musa, a escola retona ao Grupo Especial, passei por insegurança e problemas, a Unidos sempre foi meu refúgio e minha cura. Não deixou de acreditar em mim. Hoje, o carinho é surreal. O mais importante é ser reconhecida e valorizada onde fui criada”, disse Dedê.

Ao CARNAVALESCO, a diretora de carnaval da UPM, Lara Mara, citou como foi a decisão de colocar Dedê como rainha de bateria para o desfile de 2025.

“Conheço a Dedê desde pequena. A gente foi criada na quadra da UPM, dentro da Vila Vintém. Ela está realizando o sonho dela que era ser rainha. O maior requisito para ocupar esse posto é a amar a comunidade e ser cria. Agora, nessa ascensão no Grupo Especial, acho que a gente tem é que honrar as pessoas que estiveram todos esses anos com a gente e sabem da história da UPM. Nada mais que merecido. Tenho certeza que outras meninas estão felizes. Sabem que ela ama escola. É sambista, linda, uma mulher sem palavras, fico muito feliz em ter muitas mulheres assim dentro da minha escola. Ver minha escola coroar mulheres assim é sensacional”, afirmou Lara.

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Dedê Marinho revelou o que é preciso para chegar ao posto de rainha de bateria de uma escola de samba. A sambista enalteceu a representatividade com a comunidade.

“Para ser rainha primeiro tem que ter parceria com a bateria. Você está ali para conduzir, acompanhar e feminilizar essa energia. A bateria é o coração da escola. A rainha tem que ter muita postura, responsabilidade, poder e sabedoria. Estar sempre pronta para levar o nome da escola. Ser inspiração para crianças. Isso é uma coisa que levo muito forte dentro de mim. Vivo dentro da comunidade, quando saio para comprar pão com meu filho, encontro com crianças que me abraçam e dão carinho. Ser exemplo é importante. Posso mostrar que no samba há possibilidade de vida, oportunidade e felicidade”.

Cícero Costa, diretor de carnaval, citou que a escola não teve dificuldade em escolher Dedê Marinho como rainha de bateria. Ele citou a importância de olhar para dentro da comunidade.

“Foi uma decisão muito fácil. A escola valorizou quem sempre valorizou, que é a sua comunidade. Só escutamos eles. Se hoje somos uma escola é porque ouvimos a comunidade. Eles pediram e nos acatamos”, garantiu.

‘Nunca mais rainha fora da comunidade’, diz Lara Mara

Lara Mara assegurou que a UPM não terá nunca mais rainha de bateria de fora da comunidade.

“Não faltou nada. Tudo foi no momento certo. Com certeza, a Unidos não vai errar mais de botar outras pessoas à frente da bateria. Tem que ser cria da comunidade. Esse erro não vamos cometer mais”.

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Sem o concurso de rainha de bateria, a escola fará uma disputa para escolher duas novas musas. Ao CARNAVALESCO, Lara Mara deu detalhes.

“Só vão poder participar meninas que foram passistas da escola e crias de Padre Miguel e adjacências. Para prestigiar vamos colocar duas musas da comunidade”.

Perguntada sobre a mensagem que pensa em deixar para comunidade, Dedê Marinho desabafou emocionada.

“A mensagem que passo é de perseverança e resiliência. Já tive paralisia facial, tive filho e depressão pós-parto, tive várias inseguranças e fraquezas, que me fizeram pensar em desistir de tudo. Não só da minha vida pessoal, mas de tudo da vida pessoal da Andressa. A UPM é o meu refúgio, onde consigo me libertar, consigo sonhar lá na frente. Compartilho a realização do meu sonho com crianças e com todas alas de passistas. Confiem no processo de vocês, floresçam, cresçam e brilhem. Não tive tempo ainda de falar com as passistas. Quero abraçar todas. Sabe como você sente apoio? É o sentimento que sinto. A ala de passistas é o lugar que vim, me criei, aprendi tudo e divido com minha família”.

Em clima de arraiá, Imperatriz Leopoldinense ‘faz a festa’ para sua comunidade e segmentos da escola

A noite do último sábado foi de confraternização na quadra da Imperatriz Leopoldinense. A atual vice-campeã do Carnaval carioca promoveu em sua quadra, em Ramos, um arraiá exclusivo para os seus segmentos e todos aqueles que desfilaram pela escola em 2024.

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Fotos: Wagner Rodrigues/Divulgação Imperatriz

A comemoração, que aconteceu após o primeiro dia de recadastramento de seus componentes, é mais uma maneira de celebrar e também agradecer a comunidade do Complexo do Alemão e toda a Zona da Leopoldina pelas últimas conquistas da escola.

O “Arraiá da Imperatriz” contou com barraquinhas de comidas típicas, além de muita música, com apresentações da cantora de forró Rayane Show e também da “Quadrilha Pode-C”, que tem como coreógrafo o diretor da ala de passistas da Rainha de Ramos, Márcio Dellawegah.

A presidente Catia Drumond destacou a alegria de toda a comunidade da verde, branco e dourado da Leopoldina.

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“É sempre maravilhoso. Todo evento em nossa quadra é uma realização para nós, porque é mais uma forma de aproximar a nossa escola da comunidade, de confraternizar com todos aqueles que fazem da Imperatriz ser o que ela é. Então, é uma honra poder proporcionar essa festa e ver a alegria de cada um”, afirmou a presidente.