TOCA A SIRENE, O TREM FANTASMA INVADE A PISTA
NEM IMAGINO O QUE ESTÁ VINDO POR AÍ
HOJE O DESTINO TÁ NAS MÃOS DO MAQUINISTA
QUEM EMBARCOU NÃO TEM MAIS TEMPO DE FUGIR
MÃE BAIANA REZADEIRA JÁ BENZEU MEU PATUÁ
FIZ TRABALHO NA CURIMBA E PROMESSA NO ALTAR
TOMEI BANHO DE SAL GROSSO, COM ARRUDA E GUINÉ
VELAS PRO SANTO, AXÉ PRA QUEM TEM FÉ
SEGUE A VIAGEM ENTRE MATAS E FLORESTAS
LOBISOMEM EM LUA CHEIA… CURUPIRA NA ESCURIDÃO
NA ALDEIA O TEMIDO BOITATÁ
E O SACI TRAVESSO ARRUMANDO CONFUSÃO
JÁ PEDI, TÔ PEDINDO NOVAMENTE
SAI DE MIM, SAI PRA LÁ, NINGUÉM MERECE
FAÇO FIGA E VOU REZANDO
SÓ QUE QUANTO MAIS EU REZO,
MAIS ASSOMBRAÇÃO ME APARECE!
AS ÁGUAS PROVOCANDO UM CALAFRIO
O CANTO DA SEREIA QUASE ME HIPNOTIZOU
SERES APAVORANTES DO RIO-MAR
MEIA VOLTA AO VELHO CHICO É MELHOR NÃO ARRISCAR
NAS REDONDEZAS BATUCADA NO CASTELO
O VAMPIRO SEDUTOR COMANDANDO A SWINGUEIRA
EU NUNCA VI… ALMA PENADA
FANTASIADA, SAMBANDO DESSA MANEIRA
MEMÓRIAS DA INFÂNCIA…
O BICHO PAPÃO, A VELHA CUCA E O LOBO MAU
NA APOTEOSE, O FIM DA LINHA…
DIA DAS BRUXAS, ILUSÃO DE CARNAVAL!
SOLTA O BICHO, SE LIBERTA, BOTA O BICHO PRA CORRER
VAI À LUTA, VENCE O MEDO QUE ESTÁ DENTRO DE VOCÊ
O AMULETO DESSA VIDA É “ALEGRIA”
VEM PRA VILA, CANTAR E SAMBAR… SORRIA!
Atenção!
Pelos trilhos da Avenida
Segue a locomotiva…
O embarque é na concentração
Já mandei benzer meu corpo
Amuleto pus no bolso
O medo toma conta do vagão
No escuro da floresta
Ouço gritos de pavor
O que vi pela janela: Era monstro ou protetor?
Deixou rastro pela mata
Era homem ou animal?
Cruz credo! Ave Maria! Nos livrai de todo mal!
Ave Maria! Nos livrai de todo mal!
NO TRAJETO PELAS ÁGUAS, UM CANTO QUE INEBRIA
APELEI PRA REZA BRABA AO SANTO QUE ME GUIA
ERAM SERES ENCANTADOS, CADA UM COM SUA CRUZ
TANTAS ALMAS AFOGADAS À PROCURA DE UMA LUZ
O clima é sombrio
Lamúrio, suspiros
Beijos de vampiro… de arrepiar!
Vi mulher de branco na cidade dos pés juntos
Queira Deus que esse defunto vá no céu morar…
A cada curva passa uma lembrança
Bicho papão nenhum me pegou na infância
E nem monstro horripilante me apavora
Fiz do medo o passaporte pra vitória!
Na Apoteose chega ao fim nossa jornada
Tem doce e travessura no romper da madrugada
Assombração caiu na farra a noite inteira
O Povo do Samba deu um susto na tristeza
BATE DE FRENTE COM O TREM DA VILA!
CONTRA TODO O MAU-OLHADO, AGARREI MEU PATUÁ
O FANTASMA AZUL E BRANCO VAI CAÇAR MAIS UMA ESTRELA
CUIDADO QUE A VILA VAI TE PEGAR!
A Vila desponta, o medo confronta
Afronta esse chão sombrio
Quem sabe rezar, melhor começar
Meu povo dá arrepio
O maquinista do trem, um rabugento sem par
Parece alma do além, começa a desembestar
Não sei se ainda tenho coragem
Mas vou ver nessa viagem
Se alguém pode me emprestar
Chega na mata e o condenado freia
A noite de lua cheia me traz calafrio
Ouço um grito alucinante
Que faz tremer sem sentir frio
EU VI, VI LÁ
UM FANTASMA PASSAGEIRO
QUE PENSOU SER MARINHEIRO
MAS NÃO SABIA NADAR
ENFEITIÇADO, QUASE QUE SE AFOGA
SAMBANDO SE JOGA NO RIO OU NO MAR
Gaiola encantada na beira da praia
E a alma penada do nada desmaia
O trem descarrilha em meio a fumaça
Estou uma pilha e o medo não passa
Cruz credo! Mais um susto e um gemido
Malassombro atrevido
Credo em cruz, mas que pavor
Meu Deus, tenho sangue no pescoço
Eu ainda sou tão moço
Acelera condutor
Ôôô… Por temor ou por capricho
Vou mandar soltar o bicho
Essa avenida é minha
Ôôôô… Deixa o caldeirão ferver
E se a bruxa aparecer
Acabou, é fim da linha
O TAMBOR DA VILA TEM FEITIÇO
TÔ POR CONTA DO CATIÇO, QUERO VER SEGURAR
SE ESTA NOITE O APAVORO TOMA A PISTA
QUEM TEM ALMA DE SAMBISTA
NINGUÉM PODE ASSOMBRAR
A Unidos da Tijuca realiza nesta quinta-feira, 29 de agosto, a quarta etapa eliminatória da escolha do samba-enredo do Carnaval 2025, quando levará para a Avenida o enredo sobre o orixá Logun-Edé. O evento inicia às 19 horas com entrada franca para segmentos e componentes inscritos para o próximo carnaval e R$ 20,00 para o público em geral, na quadra da escola situada no Santo Cristo.
As sete composições que permanecem na disputa se apresentam com uma passada sem bateria e quatro com a participação dos ritmistas. A grande final da Unidos da Tijuca será no dia 21 de setembro, com três sambas concorrendo ao direito de cantar na Marquês de Sapucaí, na segunda de carnaval, dia 3 de março, o enredo “Logun-Edé – Santo Menino que Velho Respeita”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.
Serviço
Quarta Eliminatória – Carnaval 2025
Data: 29 de agosto de 2024
Horário: 19h às 00
Entrada: R$ 20,00 (mesa vip para 4 pessoas – R$ 200,00 com 4 ingressos); (R$ 400,00 camarote inferior e R$ 500,00 superior para 10 pessoas)
Reserva de Mesas – 21 96492-0940
Venda On-Line: https://www.sympla.com.br/evento/gres-unidos-da-tijuca-4-eliminatoria-de-samba-enredo/2602015
Local: Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo
Classificação Livre
Buscando democratizar o concurso de samba-enredo para o Carnaval 2025, o Império Serrano resolveu isentar a cobrança de taxa de inscrição para os compositores. A novidade foi divulgada na noite da última segunda-feira, na quadra da escola, em Madureira, durante a apresentação da sinopse do enredo “O que espanta miséria é festa”, que vai homenagear o compositor Beto Sem Braço.
Foto: Pedro Siqueira/Divulgação Império Serrano
Segundo o diretor de carnaval Jeferson Carlos, a medida será importante para dar oportunidade a todos os compositores que sonham em homenagear este ídolo da música popular brasileira e autor de sambas marcantes do Reizinho de Madureira, como “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, “Mãe, baiana mãe”, dentre outros.
“Os compositores terão a tranquilidade para trabalhar o samba na quadra a partir dessa decisão. É um custo a menos, vamos abrir a disputa para todos que queiram colocar samba e tenho certeza que teremos obras de qualidade para exaltar Beto Sem Braço. Acredito que foi uma decisão acertada da diretoria ao realizar essa isenção e confio que teremos um concurso bem bacana e à altura das nossas tradições”, afirmou Jeferson.
A entrega dos sambas será no dia 1º de outubro, das 19h às 21h, na quadra, em Madureira. As obras passarão por uma análise por parte da diretoria, sendo divulgadas no dia 11 do mesmo mês através dos canais oficiais da escola. Além disso, serão quatro etapas no concurso de samba-enredo, com a final acontecendo em 15 de novembro.
1. Os participantes dos sambas concorrentes deverão fornecer as quantidades mínimas de 20 cópias em papel A4 e 01 pen drive por samba gravado, no dia 01/10/2024, das 19h às 21h, na quadra da agremiação.
2. Fica proibido aos compositores a divulgação antecipada ou depois da entrega do samba para o Concurso de Samba-Enredo. O Império Serrano fará uma análise técnica de todas as obras, edição dos clipes e divulgará no dia 11/10/2024 em seu canal oficial no Youtube. Importante: em caso de vazamento do samba, será aplicada a pena de exclusão sem aviso prévio!
3. Cada parceria poderá ter o máximo de 06 (seis) compositores, sendo proibido qualquer tipo de participação especial ou nomes agrupados.
4. Não haverá taxa de inscrição. No ato da inscrição da composição do samba-enredo, é obrigatório entregar o contrato da editora assinado pelos 06 (seis) integrantes da parceria.
5. Nos dias 04/09/2024, 11/09/2024, 18/09/2024 e 25/09/2024, acontecerão os tira-dúvidas com o carnavalesco e o Departamento de Carnaval na sede da agremiação, das 19h às 21h.
6. A disputa é aberta a qualquer compositor, sendo da escola ou não.
7. A semifinal será dia 05/11/2024 e a grande final será no dia 15/11/2024. Sugerimos a distribuição das letras ao público durante as apresentações.
8. Será permitida a presença de torcida e convidados dentro da quadra, nas duas primeiras eliminatórias (22/10/2024 e 29/10/2024). Cada parceria receberá uma cota de 100/150 ingressos de gratuidade, podendo entrar na quadra até 21h.
9. Não será permitida agressão verbal ao Departamento de Carnaval ou aos jurados, sendo sumariamente desclassificado assim que proceder, sem avisos prévios.
A Unidos de Padre Miguel está com nova chamada para a inscrição de novos componentes. Os interessados em se juntar à agremiação devem comparecer à quadra da escola em três dias específicos para garantir sua participação no próximo carnaval.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
As inscrições ocorrerão nas seguintes datas e horários:
02 de setembro (segunda-feira), das 18h às 22h
04 de setembro (quarta-feira), das 18h às 22h
05 de setembro (quinta-feira), das 18h às 22h
Para se inscrever, os candidatos devem levar a documentação necessária, que inclui:
Uma foto 3×4
Xerox do documento de identidade
Xerox do comprovante de residência
Pagamento da taxa de inscrição no valor de R$50,00.
A quadra da Unidos de Padre Miguel está situada na Rua Mesquita, 8, em Padre Miguel.
Em entrevista concedida ao CARNAVALESCO, Gabriel Haddad e Leonardo Bora contaram como chegaram no enredo da Grande Rio para o Carnaval 2025: “Pororocas Parawaras: As águas dos meus encantos nas contas dos Curimbós”, o que não pode faltar no samba, o que mais impactou a dupla nas pesquisas. Eles disseram também como se sentem completando cinco anos na escola e como essa linda trajetória impactou e impacta na vida deles e na agremiação. Leonardo revelou que o enredo surgiu de uma vontade antiga do Gabriel de fazer esse tema e logo após o Carnaval de 2024, eles resolveram desdobrar essa história.
“O Gabriel já tinha esse desejo guardado há um tempo, já era fascinado pela história, pelas narrativas encantadas envolvendo as princesas turcas. Então assim que aceitamos permanecer na escola, depois das negociações que sempre acontecem depois do carnaval, descobrimos que o enredo passaria pelo Pará, e a gente resolveu pesquisar e tentar desdobrar essa história, porque é uma história muito fascinante. E aí o segredo é a pesquisa, e essa pesquisa ela se dá em múltiplas dimensões. Engana -se muito quem acha que pesquisa é livro, os livros são importantes, porém mais importante no caso deste enredo são as narrativas de matriz oral, são as narrativas que a gente escuta, que a gente vivencia, são as rodas de conversas, são as giras, são as visitas, são as navegações. Esse processo de troca, de convivência, de audição, de diálogo foi fundamental para a construção desse enredo, e aí a história foi se desdobrando de maneira muito natural e muito mágica, com muitos sinais encantados, a gente vai dando significado às coisas e vai se deixando encantar, porque nós somos artistas, a gente quer se encantar no processo, e tem sido nesse sentido muito mágico”.
Gabriel compartilhou como esse processo de construção do enredo desde março representou um marco para a equipe de criação, que conseguiu participar na definição e direcionamento da narrativa, já que é um enredo que ainda não foi apresentado e está sendo construído do zero.
“Acho que é o primeiro ano que a gente consegue envolver tanto a equipe de criação no processo também de construção do enredo, porque era um enredo que a gente não tinha pronto, a gente está construindo um enredo. Começamos a construir a partir de março, então foi a primeira vez que a equipe de criação conseguiu estar junto da gente pensando também o direcionamento do enredo”.
Em relação ao que mais impactou durante a pesquisa do enredo, Leonardo revelou que essa simbologia da pororoca foi tão marcante que se transformou no título de maneira muito natural, eles nomearam um grupo de estudo de pororoca e quando se deram conta já era o título, não tinha como ser outro.
“Vários aspectos mexem e impactam, a vivência desse complexo religioso tão plural é impactante por si só, as conexões profundas entre o tambor de mina e o carimbó, foi um achado de algo que nos deslumbrou muito. Essa simbologia da pororoca foi bastante marcante tanto que se transformou no título de maneira natural, a gente nomeou um grupo de estudo de pororoca e quando viu era o título, não tinha como ser outro. E esse fascínio do diálogo que foi algo que a gente tentou apresentar durante a explanação. Quando Dona Onete canta para nós nos bastidores de um show essa música que nunca foi gravada em álbum, que não tem esse registro oficial, mas ela existe, a gente percebeu como o enredo estava ali. E a gente vai tecendo, cabe a nós narradores, ir tecendo essas conexões, e costurando esses retalhos até formar um grande manto”, revelou Leonardo.
Para os carnavalescos, o que não pode faltar no samba-enredo é a força e magia, o desejo é de transmitir não apenas a beleza estética, mas também a profundidade cultural e espiritual do enredo. Gabriel destacou que o samba precisa ser forte e poderoso assim como as princesas demonstraram para eles quando visitaram os terreiros.
“Como a gente escreve na sinopse, o samba precisa ser muito valente, essa força. Quando a gente visitou os terreiros, e as princesas vieram e dançaram, bailaram, cantaram as doutrinas, conversaram muito com a gente, a gente falou ‘elas são muito poderosas’. É uma coisa tão forte que a gente fala todo dia. O samba tem que ter essa força que as princesas têm, e por isso elas são tão, tão queridas no estado do Pará”.
Leonardo complementou que espera um samba que encontre todas essas características da história e que seja uma dor de cabeça gostosa escolher o melhor: “É força, beleza, potência poética, a gente espera muita magia, então assim como elas são múltiplas, adquirem diferentes feições, diferentes personalidades, a gente espera um samba que concentre todas as características, por isso que a gente propõe uma sinopse tão preocupada com cada palavra, com tantos possíveis caminhos, porque a gente está falando de um rio que tem muitas ramificações, que tem muitos afluentes, sempre perguntam qual é o samba ideal e a gente espera que venha uma diversidade de sambas, todos eles belos e poderosos, e dentre os melhores, ter que escolher o melhor, que seja um desafio bom, uma dor de cabeça gostosa para nós enquanto artistas, que estamos vendo um trabalho sendo traduzido por outros artistas. Um samba que emocione, um samba que consiga captar essa energia tão poderosa desse complexo que é fascinante”.
No Carnaval de 2025, Leonardo e Gabriel celebram cinco anos de dedicação à Grande Rio. Leonardo refletiu sobre este marco e as mudanças que esse período trouxe à sua vida: “Tudo muda o tempo todo. Acho que a gente está muito envolvido já com essa simbologia e com essas filosofias do Rio. O Rio é essa mudança, essa água que corre. Nunca é igual, nunca vai ser igual. A gente não gosta de água parada, a gente gosta de água em movimento. E a gente vai mudando, vai amadurecendo, vai analisando. Cada desfile a gente estuda muito. Cada processo criativo, a gente vivencia todas as etapas de cada processo criativo. Então a gente vai mudando, amadurecendo enquanto artistas, porém algumas coisas permanecem. Permanece o compromisso com esse trabalho muito cuidadoso, muito detalhista. A audição, o diálogo, a proposição de enredos que dialoguem profundamente com a comunidade da escola, que se conectem com a memória da escola, com o imaginário que a escola gosta de cantar e esse cuidado com todas as etapas da produção espetacular. É uma produção macro, muito grande, às vezes é muito difícil ter esse controle e cuidar dessas pequenas coisas, mas disso a gente não abre mão”.
Foto: Ewerton Pereira/Grande Rio
Gabriel desabafou sobre essa trajetória de enredos marcantes e como eles se destacam e emocionam ao público trazendo pessoas que vivenciam o enredo fora do mundo carnavalesco para essa construção: “Essa fórmula que a gente vem fazendo desde o Tata Londirá, quando a gente traz para a construção do enredo pessoas que vivenciaram e vivenciam esse enredo em seu desenvolvimento fora do mundo carnavalesco, é como tem guiado também esse nosso trabalho hoje. Foi assim no Exu, no Zeca, na Onça e está sendo agora. A gente fez mais de 27 entrevistas, 27 conversas, onde a gente reúne material tanto visual, material para o desenvolvimento da nossa pesquisa, que vai ser entregue depois só lá em janeiro para os jurados, mas isso tudo vem guiando a nossa construção e vai fazendo com que a cada conversa a gente descubra uma coisa nova sobre o enredo. É assim que a gente vem trabalhando. Acho que é uma forma que a gente encontrou de fazer com que o enredo emocione, de você trazer pessoas que vivem aquela parte daquele enredo na vida fora do carnaval e a gente traz emoção disso para dentro do enredo”.
EMBARQUE NESSE TREM DA ILUSÃO
NÃO TENHA MEDO DE SE ENTREGAR
POIS NOSSO MAQUINISTA É CAPITÃO
E COMANDA A MULTIDÃO QUE VEM LÁ DO BOULEVARD…
O BREU E O SUSTO EM MEIO A FLORESTA
POR ENTRE OS ARBUSTOS, QUEM SE MANIFESTA?…
CARA FEIA PRA MIM É FOME
VÁ DE RETRO LOBISOMEM, CURUPIRA SAI PRA LÁ.
NO CLARÃO DA LUA CHEIA
MARGEANDO RIO ABAIXO
OUÇO UM CANTO DE SEREIA
Ê CABOCLO D’ÁGUA
DA ÁGUA QUE ME ASSOMBRA
A SOMBRA DA MEIA NOITE
FOI-SE A NOITE DE LUAR
NA TEMPESTADE, ENCANTADA É A GAIOLA
CHORA VIOLA, PRA ALMA PENADA SAMBAR (BIS)
NAS REDONDEZAS CREDO EM CRUZ AVE MARIA (BIS)
QUANTO MAIS SAMBA TOCAVA, MAIS DEFUNTO APARECIA (BIS)
SILÊNCIO…
AO SOM DO ÚLTIMO SUSPIRO VAI CHEGAR
A BATUCADA SUINGADA DE VAMPIROS
QUANDO O APITO ANUNCIAR….
EU APRENDI QUE DESDE OS TEMPOS DE CRIANÇA
A MINHA VILA SEMPRE FOI BICHO PAPÃO
POR ISSO, ME ENCANTEI COM ESSE FEITIÇO
QUE HOJE CAUSA REBOLIÇO DENTRO DESSE CALDEIRÃO
SOLTA O BICHO MINHA VILA DÁ UM BAILE DE ALEGRIA
É O POVO DO SAMBA VIRADO NA BRUXARIA
QUANTO MAIS EU REZO, QUANTO MAIS EU FAÇO PRECE
MAIS ASSOMBRAÇÃO QUE APARECE
Compositores: André Diniz, Gustavo Clarão, Gustavinho Oliveira, Arlindinho, Orlando Ambrósio e Thales Nunes
Intérpretes: Wander Pires e Rafael Tinguinha
DEIXA A LUZ DA AVENIDA APAGAR
QUE A VILA FAZ TREMER ASSOMBRAÇÃO
A BAIANA REZADEIRA
JÁ BENZEU MINHA BANDEIRA
E MEU SAMBA TEM FEITIO DE ORAÇÃO
TRÊS APITOS ANUNCIAM A PARTIDA DO TREM
QUEM VEM NA ESTAÇÃO DO BOULEVARD?
SE A NOITE É SOMBRIA, A LUA ALUMIA
O HOMEM VIRA LOBO, DELÍRIO DO ANHAGÁ?!
UM RASTRO DE UMA SERPENTE
INCANDESCENTE, FASCINANTE BOITATÁ!
CURUPIRA É DA MATA O PROTETOR
VENTANIA! O SACI RODOPIOU
QUANDO IARA CANTOU NA BEIRA DO RIBEIRÃO
NEM DEI OUVIDOS, VOU SEGUINDO A MARCAÇÃO
OH SEREIA, ME PERDOA! TUA ÁGUA É GAROA
SÓ O BRILHO DA COROA SEDUZIU MEU CORAÇÃO
YACURUNA NÃO QUER IR EMBORA
DE CABEÇA VIRADA, NEM VÊ
QUE NÃO HÁ CABOCLO OU GAIOLA
NEM ALMA PENADA VAI ME DETER
OUVI O CONDE DRÁCULA REGENDO MEUS TARÓIS
E NO PULSAR DO SANGUE AZUL QUE HABITA EM NÓS
CONTAMOS SEM MEDO, SEGREDOS DA INFANCIA, SE VÃO PESADELOS
O MORRO E O ASFALTO DUAS VEZES NA ESTAÇÃO
VEJO A CUCA REMEXER NO CALDEIRÃO
CUIDADO! O POVO DO SAMBA É TEU BICHO PAPÃO
JÁ PASSOU DA MEIA NOITE, NO TERROR DA MADRUGADA
A BRUXA TÁ SOLTA, SE ENTREGOU À BATUCADA
UM ASSOMBRO DE ALEGRIA NESSE BAILE IMORTAL
MINHA VILA, NOSSO AMOR É SOBRENATURAL
Compositores: Prof. Carlos Bebeto, Djalma Santos, Daniel Duarte, Dr. Marcelo Medeiros, Chiquinho Gomes e Juninho da Vila
Intérpretes: Igor Sorriso, Juan Briggs e Hudson Luiz
CAIU A NOITE, ARREPIA, REZO MUITO
APAVORADO, TREM SURGINDO, ESCUTA O SOM
ASSOMBRAÇÃO, CALAFRIO, MEDO E SUSTO
VAI SER DIFÍCIL NESTE BREU UM SONHO BOM
AMULETO, MANDINGA, ORAÇÃO A ME SALVAR
ATENTA PRA VER, O SHOW VAI COMEÇAR
CUIDADO MINHA VILA TRAZ O SOBRENATURAL
PALHAÇO, BRUXA, CRIATURA SEM IGUAL
AUÊ NA MATA, É O CURUPIRA
NA LUA CHEIA LOBISOMEM A CANTAR
YACURUNA CABEÇA VIRADA
OLHA O SACI LÁ NA FLORESTA ENCANTADA (BIS)
CANTO DE SEREIA, RIO DE LENDAS
MISTÉRIO NA ALDEIA, BICHO ASSUSTADOR
CASTELO, QUE TRAZ AMARGURA, DOCE OU TRAVESSURA
VAMPIRO A TOCAR, DA TUMBA QUERO DISTÂNCIA
SOMBRIA INFÂNCIA, A CUCA VAI TE PEGAR
FIGA, TERÇO, REZA BRABA
BRUXA FEIA SAI DE RÉ
QUE O TREM PAROU O BAILE
DEUS ME LIVRE, SÓ POR FÉ (BIS)
ASSOMBROSA VIAGEM, DESTINO AGONIA
CRUZ CREDO, AVE MARIA
O GRITO DA ALMA MEU POVO É QUEM DIZ:
SEM MEDO DE SER FELIZ
ASSOMBROSA VIAGEM, DESTINO ALEGRIA
CRUZ CREDO, AVE MARIA
O GRITO DA ALMA MEU POVO É QUEM DIZ:
SEM MEDO DE SER FELIZ