É COISA DE PRETO!
MISTÉRIO E MAGIA
HERANÇA DO LEGADO ANCESTRAL
ABRIGO DE CADA ORAÇÃO
SINÔNIMO DE PROTEÇÃO
MACUMBA TRAZIDA NO PEITO
FEITIÇO NAS MÃOS
EM MALI O POVO ETERNIZOU
ROSÁRIO TROUXE OPELÊ -IFÁ
A CHAMA NÃO SE APAGOU
E RE-EXISTIRÁ!
NA VIDA, É PRECISO ACREDITAR
O GINGADO ATREVIDO EXALA DA COR
TEM MANDINGA NAS RUAS DE SÃO SALVADOR
OS BALANGANDÃS, PRA ENFEITAR… ABENÇOAR
CHEGA DE SOFRER!
NÃO VAMOS ACEITAR
A FACE DA CRUEL IGNORÂNCIA
GIRA BAIANA, EVOCA OS ANCESTRAIS
DERROTA A INTOLERÂNCIA!
NOSSA FAMÍLIA EM UNIÃO
ENFIM, CHEGOU A HORA
DEZ! NA TERÇA, O TERÇO NA MÃO
DEZ! É O DIA DA CONSAGRAÇÃO
DEZ! MAIS UMA ESTRELA NO PAVILHÃO
FIRMA O BATUQUE, ECOA UM CANTO DE FÉ!
MOCIDADE É NEGRITUDE… AXÉ!
É CORPO QUE ARREPIA, A FORÇA A NOS GUIAR
QUEM NÃO PODE COM A MORADA, NÃO CARREGA PATUÁ
No último sábado, Andrea de Andrade foi coroada rainha da bateria “Ritmo Feroz”, da Porto da Pedra, usando um look vermelho assinado pelo estilista Guilherme Alves. Anunciada como nova rainha em junho, Andrea já havia desempenhado o mesmo papel na Mocidade Independente de Padre Miguel e no Império de Casa Verde, além de ter sido musa da Vila Isabel durante 12 anos. O convite, feito após o Carnaval de 2024, pegou Andrea de surpresa, mas ela descreveu a oportunidade como um momento especial.
A festa de coroação contou com uma apresentação especial de Andrea e um show do cantor Jorge Aragão, tornando a noite ainda mais inesquecível.
“Foi uma festa única e emocionante”, declarou Andrea, que planejou cada detalhe da celebração ao lado de sua equipe e de mestre Pablo, comandante da bateria.
A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, acompanhou mais uma etapa da disputa de samba-enredo para o Carnaval 2025. Foi o primeiro dia após a junção das chaves das obras concorrentes. No início da semana será divulgado quem segue no concurso da Academia. * OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Luiz Pião: A parceria de Luiz Pião, Lis Salgueiro, Nego Viny, Vinicius Xavier, Licio Pádua, Vitor França, Gegê Fernandes, Alace Machado, Dário Lima e Andressa Castro foi a primeira da noite a se apresentar. Ciganerey, Wantuir e Nil Souza cantaram bravamente o samba, começando bem a noite. O refrão final “carregado de axé…” foi um dos pontos altos da apresentação, cujos primeiros versos da primeira parte também foram bem cantados pela torcida, que estava bem animada ao longo da apresentação.
Parceria de Fred Camacho: Segunda da noite, a parceria de Fred Camacho, Luiz Antonio Simas, Eri Johnson, Diego Nicolau, João Diniz, Guinga do Salgueiro, Fabrício Fontes, Wilson Tatá, Gustavo Clarão e Francisco Aquino, foi bem defendida por Evandro Malandro com o auxílio de Diego Nicolau e Juan Briggs. Com uma pegada para cima, teve o refrão do meio como destaque nessa apresentação, assim como os versos que se encaminham para o refrão final, cumprindo seu papel de empolgar os componentes da torcida, bem animada durante o tempo de apresentação do samba.
Parceria de Xande de Pilares: A obra de Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa e W. Correa foi a terceira no palco, e teve uma apresentação muito bem feita. Pitty de Menezes e Charles Silva levantaram a torcida, que levou elementos com velas elétricas nas mãos. Bom ritmo a obra na quadra. Segunda parte do samba foi o destaque, principalmente, nos versos finais que levam ao refrão, a partir de “salve seu Zé…”.
Parceria de Tico do Gato: A parceria de Tico do Gato, Samir Trindade, Tião Casemiro, Romeu d’ Malandro, Gladiador, Geraldo M. Felicio, William Ramos, Josy Pereira, Telmo Augusto e Igor Leal foi a quarta da noite, e teve como intérpretes Ito Melodia e Pixulé. A obra foi bem defendida pela dupla, e teve seus refrões como ponto alto do samba na noite, com destaque também para a primeira parte que possui versos muito interessantes. Um destaque para a torcida que cantou muito a obra durante o tempo.
Parceria de Moisés Santiago: Moisés Santiago, Gilmar L. Silva, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Richard Valença, Wilson Mineiro, Gigi da Estiva, Alexandre Cabeça, Marcelo Fernandes e Leandro Thomaz formam a parceria do quinto samba que subiu ao palco. Defendido por Zé Paulo Sierra, Tem-Tem Jr., e Tuninho Jr., a obra possui melodia muito animada, contagiante e com refrões forte. Os versos da obra também chamam atenção, contagiando outras pessoas presentes na quadra, além da torcida, que cantou a plenos pulmões. Está bem forte nas eliminatórias.
Parceria de Maralhas: Sexta a se apresentar, a parceria de Maralhas, Filipe Zizou, Luciano Gomes, Felipe Petrini, Queiroga, Ailtinho, Luiz Annunciação e Rogerinho do Salgueiro fez uma apresentação animada e bem defendida por Tiganá, Igor Pitta e pelos auxiliares, que deram muita firmeza ao samba, que é mais cadenciado, com destaque para o refrão do meio. Não empolgou junto a torcida presente na quadra, que apesar da animação, poucos cantavam o samba, mesmo quando estava em algum refrão.
Parceria de Marcelo Motta: O samba de Marcelo Motta, Rafa Hecht, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Júlio Alves, Kadu Gomes, Alex Oliveira, Daniel Paixão e Fadico foi o sétimo na ordem, e um dos destaques da noite, teve uma boa apresentação sob o comando de Tinga, e com muito destaque aos apoios, que deram muito vigor a este samba. Possui uma melodia muito boa. Além da torcida animada, a obra levantou alguns dos outros presentes na quadra também.
Parceria de Marcelo Adnet: A oitava parceria a se apresentar foi de Marcelo Adnet, Fabiano Paiva, Gustavo Albuquerque, Baby do Cavaco, Andre Capá, Bruno Zullo, Rafael Castilho, Marcelinho Simon, Luizinho do Méier e Raphael Donato. Wander Pires foi o cantor do samba, e conduziu bem a obra durante a apresentação, sendo outro destaque da noite, por conta da performance dele durante o tempo no palco. A torcida ficou bem animada, fazendo diferentes coreografias.
Parceria de Ian Ruas: Ian Ruas, Caio Miranda, Zé Carlos, David Carvalho, Luiz Fernando, Luana Rosa, Fabiano Mattos e Claudia Balthazar formam a parceria que contou com Bruno Ribas e Nino do Milênio comandando os microfones. O nono samba da noite passou bem, com destaque para o refrão “Reza forte, milagre de bamba/Reza forte, no reino do samba”. A torcida também ficou bem empolgada, com espadas de São Jorge na mão.
Parceria de Edu Chagas: Décimo samba a se apresentar, a parceria de Edu Chagas, Professor Avenas, Baez, Vânia Moraes, Walter Lopes, Beto Bombeiro, Luiz Vieira, PC Lopes, Silvia Santana e Pedro Bastos trouxe um samba bem animado. Teve muitos momentos interessantes principalmente na segunda parte do samba. A torcida trouxe um adereço com o símbolo da escola e sendo benzido por uma benzedeira, e estava bem empolgada e cantando durante a apresentação.
Parceria de Paulo César Feital: A parceria de Paulo Cesar Feital, Benjamin Figueiredo, Tiãozinho do Salgueiro, Rodrigo Gauz, Tomaz Miranda, Patrick Soares, Gilberth Castro, Osvaldo Cruz, Bruno Papão e Vagner Silva foi a penúltima da noite, com as vozes de Leonardo Bessa e Wic Tavares, além dos auxiliares, que defenderam bem o samba, que é bem construído, principalmente o refrão, que é bem envolvente, com o “zum zum zum zum…”. Construção melódica muito boa, sendo mais um dos destaques da noite.
Parceria de Neth Oliveira: Encerrando a noite, o samba de Neth Oliveira, Guará Poeta, André Damazio, Claudinho do Pagode, Luiz Carpinteiro, Waltinho Raiz, T.Ferreira, Bruno Dias e Gabriel Rodrigues foi a décima segunda parceria, tendo uma apresentação bem leve e cadenciada, comandada por Bico Doce. Teve na torcida alguns dos elementos referenciados no enredo, como cangaceiros, uma benzedeira e uma mãe de santo, porém poucos eram os que estavam cantando o samba.
O Tatuapé apresentou para a comunidade na madrugada de sábado para domingo o samba-enredo que cantarão no Sambódromo do Anhembi em 2025. A festa de lançamento também foi marcada pela reinauguração da quadra da escola após uma reforma e pela definição daquele que será o décimo samba cantado pelo intérprete Celsinho Mody defendendo a Azul e Branco da Zona Leste. A obra, escolhida em concurso realizado internamente, é assinada pelos compositores Turko, Zé Paulo Sierra, Silas Augusto, Rafa do Cavaco, Fábio Sousa e Luis Jorge. A Tatuapé será a quinta escola a se apresentar na sexta-feira de carnaval pelo Grupo Especial com o enredo “Justiça – A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”.
Fotos: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO
Construção do samba
Falar de justiça é tratar de um assunto que está sempre em destaque no debate público, e a Tatuapé optou por confiar nos versos desenvolvidos por artistas consagrados no carnaval paulistano para transmitir o recado do enredo. Turko, um dos compositores do samba escolhido, falou sobre a estratégia adotada pela parceria para chegar no resultado almejado.
“A gente adotou uma linha que a gente costuma fazer muito. É um samba alegre, para cima e é uma mensagem que o Tatuapé está passando, que é a justiça. A gente vive a injustiça diariamente, nós brasileiros, pretos, a gente sofre muita injustiça no dia a dia, então foi muito fácil, foi tranquilo de fazer o samba. E a gente foi muito feliz por quê? Porque o samba para cima é alegre e tem vários recados que a gente dá na letra do samba, várias deixas como os seus olhos enxergam, mas fingem que não vê. É o lance da injustiça, é o próprio lance do Tatuapé. Olhe e fale o que quiser, mas respeite o meu Tatuapé, é uma escola bicampeã. A gente ficou muito contente, muito satisfeito. Foi um bom resultado quando a gente terminou de fazer o samba, e agora a gente foi agraciado em ser o vencedor no carnaval 2025 representando o Tatuapé mais uma vez. Um grande abraço pra comunidade da Zona Leste, comunidade do Tatuapé, comunidade Azul e Branco. Vambora, Tatu! Que a justiça seja feita. Não calem a nossa voz”, disse o artista.
Dez vezes Celsinho
Um dos momentos mais marcantes da festa de lançamento do samba de 2025 foi o momento em que Celsinho Mody cantou seu décimo samba defendendo o pavilhão da Tatuapé. O intérprete misturou a emoção no discurso com seu tradicional estilo irreverente e forte de cantar para apresentar à comunidade mais uma obra que irão defender na Avenida. O artista aproveitou a oportunidade para fazer agradecimentos especiais a quem contribuiu para sua trajetória na escola.
“Para mim é uma honra muito grande falar com vocês mais um ano pela Acadêmicos de Tatuapé. O décimo ano defendendo, dez sambas cantando nessa escola. Eu estou muito emocionado, muito honrado, feliz, primeiro com o presente que Deus me deu e com a honra que essa diretoria da escola, com a presidência e toda a comunidade me deram de viver dez anos tão felizes, com a aceitação altíssima da comunidade, com respeito da minha parte para a diretoria, da diretoria para a minha parte e cumprindo com o meu trabalho. Aqui é uma empresa, e eu estou prestando um serviço, mas eu presto um serviço com emoção, com amor, com a veia de samba e coloco meu coração aqui, e eu coloquei meu coração com a voz dez vezes. É muito emocionante, muito mesmo, ver uma festa como hoje, tão linda, com as pessoas felizes, esperando o resultado do samba, e eu senti as pessoas emocionadas também. Eu estou muito feliz, e quero agradecer, deixar meu agradecimento para Deus, em especial para Deus. Agradecer aos presidentes do Acadêmicos do Tatuapé, os que já passaram e os que estão por esses dez anos, e dizer que podem contar comigo para esse carnaval de 2025 com toda a minha energia, com algo a mais do que o meu coração, porque está pedindo isso, muito emocionado e vou cantar esse samba como o maior samba da minha vida”, declarou.
Celsinho falou sobre a importância que a escola de samba tem para passar as mensagens as quais se propõe, além de detalhar o processo de preparação do samba para o próximo carnaval desde antes da apresentação até os próximos passos.
“A escola de samba é, como todo mundo fala e não é um clichê, um teatro a céu aberto, e cada um tem a sua parte para executar, e a nossa parte é música. É levar emoção para as pessoas e transportar as decisões da diretoria da melhor forma possível para conquistar o coração das pessoas. Nós estamos com uma ala musical muito forte, com grandes artistas, com grandes cantores, grandes músicos, com um trabalho, posso dizer, impecável. a gente pegou esse samba a partir do momento que a diretoria deu para a gente, ensaiamos cinco opções de arranjos de corda, cinco opções de arranjos de voz, de visões, gravamos com todo o amor do mundo, e o nosso papel é fazer música e levar todo esse projeto que a diretoria escolheu para o coração das pessoas. E pode ter certeza de que nós estamos muito unidos. Acabou a apresentação do enredo, nós estávamos em reunião até agora discutindo e falando coisas positivas para melhorar cada vez mais esse projeto. Podem esperar da ala musical do Acadêmicos de Tatuapé o maior espetáculo que a gente já fez na questão técnica e na questão da emoção também. O Acadêmicos do Tatuapé é uma escola muito sólida, de uma diretoria que está junta há muitos anos, que sabem o que fazem, sabem como escolhem os sambas. Rodos os anos o samba da Tatuapé é muito cantado pela comunidade. A gente faz uma matemática, um estudo musical, que possibilita que a escola cante muito. Aqui é um trabalho feito com união, com muito esmero. A gente ensaia e passa frase por frase, desde a ala musical até o mais novo e o mais experiente componente. Vocês podem esperar um trabalho muito digno, com muito afinco e com muita musicalidade para o próximo carnaval”, explicou.
Assertividade dos compositores
O carnavalesco Wagner Santos se sentiu satisfeito com a safra de sambas que a Tatuapé recebeu. O artista acredita que os compositores entenderam a proposta do enredo, e antecipou o que o público poderá esperar do desfile da Tatuapé em 2025.
“Eu gostei muito do samba. Nós tivemos vários sambas que estavam concorrendo nessa final, e foi muito difícil porque eu acredito que todos os compositores conseguiram absorver muito bem a sinopse, a ideia, a proposta, e todos fizeram muito bem o trabalho, foi um difícil resultado. Eu escolhi para chegar a dois, e para a gente foi muito difícil porque a qualidade dos sambas estava muito boa, mas eu estou contente com o samba. Nós não tivemos ainda o tempo para preparar a comunidade para cantar o samba, mas com certeza será um grande samba. Com a proposta que vamos apresentar na avenida, com o visual, o trabalho que está sendo feito para esse samba, com certeza faremos um grande desfile, uma grande noite, e as pessoas, com certeza, vão se sentir presentes no desfile da Tatuapé. Nós vamos abranger diversas críticas que envolvem a vida social das pessoas, o dia a dia dos brasileiros. Situações que hoje são muito presentes e que exigem atenção e falta justiça. Será um grande enredo, com certeza. Eu acredito que, com certeza, as pessoas vão se sentir muito presentes, as pessoas que se sentem injustiçadas no nosso país”, declarou.
Wagner exaltou o fato de o samba escolhido ter passado por ajustes mínimos antes dos compositores apresentarem a versão final da letra, o que na opinião do carnavalesco contribuirá positivamente para o andamento da construção do desfile da Tatuapé.
“Os compositores foram muito fiéis na colocação das palavras, na montagem da letra, está muito legal com tudo o que a gente vai apresentar na Avenida. Claro, as pessoas vão entender isso conforme o desfile vai acontecendo, mas o samba está perfeito, está atento. Tanto é que foi um samba que não teve alteração nenhuma. Foi alguma palavrinha, alguns detalhes, muito pouco, talvez, por interpretação, a necessidade de uma interpretação, mas foi perfeito. Foi muito perfeito, foi muito feliz, e todos absorveram a mesma ideia, foi tudo muito bacana. Estou muito feliz, cansado, porque é uma semana muito exaustiva de um momento em que a gente estará retratando no hino o que vai nos conduzir todo esse momento na Avenida, e eu acredito que as pessoas vão gostar muito do trabalho da Tatuapé. Nós vamos trazer muitas novidades em termos de visual e de proposta teatral. Nós vamos trazer um verdadeiro teatro, uma interpretação, mas também há magia da alegria porque, apesar de muitas tragédias, muitas situações negativas, vamos retratar a alegria e a esperança de um povo brasileiro que sempre tem esperança de dias melhores. O mundo sem justiça não é nada, mas o mundo com justiça pode resolver muitos problemas e pode, com certeza, solucionar problemas”, concluiu.
Desafio de transmitir a mensagem do enredo
A Tatuapé se caracterizou por definir a escolha de seus sambas internamente, seja com concurso fechado ou encomenda. Edu Sambista, um dos presidentes e diretor de harmonia da Tatuapé, explicou como foi o processo de escolha do samba para 2025.
“Como de costume da nossa escola, nós não temos eliminatórias na quadra. Quem escolhe é um processo interno de escolha do samba onde na primeira fase a diretoria da escola seleciona alguns sambas. Entre esses sambas escolhidos pela diretoria da escola, entra na segunda fase em que todos os departamentos da escola se reúnem e fazem a votação. Nós marcamos um dia em que cada responsável vai dar o voto do sambista e o respectivo departamento. Ali a gente já tem a decisão do samba escolhido, mas a gente só anuncia o dia marcado para a festa de apresentação do Samba”, explicou.
O enredo para o carnaval de 2025 marca uma mudança na característica dos enredos que a Tatuapé trouxe nos últimos anos. Ao propor um tema cultural que gera reflexão, fará com que a escola encare um desafio especial para o próximo ano.
“Realmente esse vai ser um grande desafio para a gente. Nós, quando finalizou o carnaval de 2024, a gente estava decidindo que a gente queria uma proposta diferente para enredo. Aí surgiu o tema de justiça, primeiramente entre os diretores. Nós começamos a debater e aí nós fomos tomando noção, emoção, da amplitude do enredo, de como era um enredo complexo e aí um olhou para a cara do outro e falou: ‘vamos aceitar esse desafio, vambora’, foi dessa maneira. A gente sabe que vai ser um grande desafio, mas graças a Deus conseguimos depois de muito trabalho construir uma sinopse com a cara que nós queríamos, como nós planejamos, e em cima disso, quando nós selecionamos o samba, foi justamente para a gente transformar aquela sinopse para o público no dia do desfile em 2025”, disse Edu.
Justiça para a Tatuapé e para o Brasil
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Tatuapé, formado por Diego do Nascimento e Jussara de Sousa, exaltou a importância do enredo e a forma que as características do samba refletirão no seu desempenho na Avenida.
“Para nós, a comunidade sempre abraça. A gente tem uma comunidade que é muito unida, uma comunidade que entende o projeto, sabe da dificuldade que a escola tem de colocar o desfile na pista e que faz de tudo para a gente desenvolver o melhor desfile, e em 2025 não vai ser diferente. A gente tem aí um samba que é a cara da nossa comunidade. De certa forma, a gente vem aí sendo injustiçado, sempre perdendo décimos, carro que quebra e a gente bate lá e não consegue pegar essa taça para a Tatuapé. Mas acredito que tudo tem a hora certa e, com certeza, com esse enredo da justiça, nós vamos trazer o tricampeonato para a nossa escola”, declarou Jussara.
“Para mim é um samba que vai ficar na cabeça de muita gente porque hoje o mundo clama por justiça. Todo mundo está clamando por justiça, e o nosso samba fala detalhadamente de todas as injustiças que nós vivemos. Tem uma parte do nosso samba que fala ‘qual será a receita da paz’, porque até hoje ninguém descobriu, até hoje todo mundo está clamando por justiça. É um samba que tem muito a ver não só com o povo brasileiro, mas com o mundo, então eu creio que vai ficar na cabeça de muita gente. É um samba forte, vai vir para quebrar na Avenida, vai ficar aquele famoso samba-chiclete, que fica na ponta da língua de todo mundo e vamos lá, vamos pôr a justiça na Avenida. Como a nossa diretoria, os nossos presidentes sempre falam, com esse samba a gente vai para a Avenida para fazer o melhor desfile das nossas vidas”, afirmou Diego.
O processo de preparação do casal para o próximo desfile já está em andamento. Jussara acredita que a essência da dança se manterá, com incrementos possíveis em estudo.
“Nós já estamos trabalhando. Nós já estamos fazendo as nossas pesquisas porque é um enredo que envolve muita coisa. A gente está buscando na parte de coreografia os pontos mais fortes do samba para gente estar podendo fazer a coreografia para o jurado, pista, e tudo mais. Acredito que não vamos precisar mexer no nosso estilo de dança, porque seria a nossa identidade, essa é a nossa identidade como vocês vêm assistindo nos últimos anos. A nossa identidade é uma dança mais para frente, é uma dança mais explosiva, então não tem porque agora, nesse enredo, a gente fazer alguma alteração no estilo de dança. Obviamente a gente vai ter que fazer alguma caracterização que a gente gosta, referente a fantasia e tudo mais, mas a gente ainda está elaborando”, explicou a porta-bandeira.
“Jussara já falou tudo, mas é isso. Não tem por que mudar. Na verdade, a gente só tem a acrescentar, então a gente já vem com o que a gente já tem, nós vamos acrescentar algo mais, porque todo ano a gente acrescenta mais e mais. A gente vai tendo a nossa bagagem aí de anos juntos e está dando certo, então vamos na mesma linhagem”, concluiu o mestre-sala.
A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, esteve na quadra da Imperatriz Leopoldinense, no último sábado. Das oito parcerias concorrentes, duas foram cortadas: Ricardo Ferreira e Luiz Antônio Simas. A disputa segue na próxima sexta-feira, dia 6 de setembro. *OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Helio Porto: O primeiro samba na noite de eliminatória da Imperatriz teve a assinatura dos compositores Hélio Porto, Marcelo Viana, Dr Clay Ridolfi, Leandro Rosa, Rogério Oliveira e Luizinho das Camisas. Gilsinho e Charles Silva tiveram uma condução excelente. O palco estava firme e cantou forte, não deixando cair em nenhum momento. Um dos grandes destaques foi o refrão na meiuca da obra “Xangôôô Xangôôô/Quando o justo de Óyo/Libertou o pai maior/Foi o fim de tanta dor”, em todas as passadas esse refrão passou forte. O refrão principal também passou muito bem “Meu pai Oxalá é o Rei vem nos valer/Vem nos valer meu pai Oxalá/A fé que me transborda a retina/Deságua na Leopoldina/Xeu epa babá”. Dois versos são fundamentais para a bela melodia funcionar na segunda parte do samba “Gira yabasse, traz o Acaça bem temperado de amor” e “O brilho do Adê, renova a minha alma e ilumina o nosso otá”. Foi uma apresentação excelente da parceria, mostrando que estão crescendo bastante na disputa.
Parceria de Me Leva: O segundo samba da noite de eliminatória teve a assinatura dos compositores Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão e Wilson Mineiro. Tinga e Igor Vianna conduziram bem demais o samba mais uma vez. Esta parceria vem colecionando excelentes apresentações desde o início da disputa. A cabeça que começa com um refrão é fantástica e possibilita que a obra comece forte “Vai começar o itan de Oxalá/Segue o cortejo funfun pro senhor de Ifón, babá”. Conta com vários momentos de destaques, mas é difícil não falar dessa parte “Justiça maior é de meu pai Xangô/No dendezeiro, a justiça verdadeira/Justiça maior é de meu pai Xangô/Meu pai Xangô mora no alto da pedreira”. O refrão de cabeça passou forte também na quadra. Durante toda a apresentação era possível apreciar a letra forte com a bela melodia. Foi possível observar que muitos componentes cantavam o samba da parceria. Mais uma apresentação de muita qualidade.
Parceria de Renan Gêmeo: A terceira parceria da noite foi composta pelos compositores Renan Gêmeo, Raphael Richaid, Rodrigo Gêmeo, Silvio Mesquita, Sandro Compositor e Marcelo Adnet. Tem-Tem Jr e Guto tiveram êxito em conduzir o palco e foram firmes do início ao fim. O refrão de meio foi mais uma vez um dos grandes destaques da apresentação “Arerá, Arerê!/Vinho de palma e carvão, quizila de sal e dendê/Arerê, Arerá!/A dor que Bará derramou é o fardo do meu Orixá”. A segunda do samba esbanja musicalidade com algumas variações melódicas. O refrão principal também passou bem na quadra. A cabeça do samba, mais uma vez, passou bem em todas as passadas na quadra. Foi uma boa apresentação da parceria e tem potencial para crescer ainda mais.
Parceria de Gabriel Coelho: O quarto samba da noite teve a assinatura dos compositores Gabriel Coelho, Moisés Santiago, Luiz Brinquinho, Chicão, Miguel Dibo e Orlando Ambrósio. Igor Sorriso, Wantuir e Chicão lideraram um palco que foi perfeito em toda a apresentação. O refrão principal teve um rendimento excelente “O ilê Imperatriz traz um banho de abô/Emoriô! Emoriô!/Afoxé tem axé pra purificar/E quem deve que se entenda com o cajado de Oxalá”. Excelente rendimento também teve a chamada para o refrão de cabeça “Egbe! trás o acaça/Chama Iabassê, giram Iabás/Xirê! Xirê!/Xirê guarda meu Ibá/Nossa coroa tem que respeitar”. A melodia da obra é um fantástica, pois foi perceptível ver todos os desenhos melódicos que a obra possui, como por exemplo, em “O couro marcado, a veste tingida. Assim como na parceria do samba 7 era visível a animação de alguns componentes da escola cantando o samba. Mais uma apresentação de gala do samba 13.
Parceria de Ian Ruas: O quinto samba da noite foi assinado pelos compositotes Ian Ruas, Caio Miranda, José Carlos, Sônia Ruas- Raxlen, David Carvalho e Tamara Miranda. Vitor Cunha e Bruno Ribas foram muito bem na condução do palco. Roberta Barreto brilhou mais uma vez dando o pontapé inicial cantando um trecho lindo da obra “Awó! Um brilho enfeita seu adê/Derrama água pra benzer/A minha Escola em procissão/Rainha, és minha devoção!”. Essa chamada para o refrão de cabeça é uma das partes mais belas do samba. O refrão principal teve um desempenho muito bom “Tem festança no Ilê/O tambor vai balançar/Iabassê serve o tom/Que o povo quer sambar/Omi tutu ao olufón, minha raiz/É nascente da Imperatriz!”. A obra teve um desempenho muito bom na quadra e mereceu avançar para as quartas de final.
Parceria de Guga: O sexto samba da noite teve a assinatura dos poetas Guga, Josimar, Márcio André Filho, Inácio Rios, Zé Inácio e Igor Federal. Wander Pires cantou bem a obra e o palco se manteve firme do início ao fim. O refrão principal foi bem demais na quadra “Toca o alabê, dança iabá/Nas mãos da Iabassê, Ebô e acaça Oni se/Awure trago seu adê pra Imperatriz/ Incorporar no ilê”. O refrão de meio vem crescendo de rendimento com as apresentações e também foi outro destaque da parceria. A melodia foge do habitual e isso era visível na parte que antecede ao refrão do meio. O samba que tem uma das mais belas letras da disputa, passou bem pelas oitavas da Rainha de Ramos.
A Unidos do Viradouro realizou no último sábado, em sua quadra, mais uma etapa da eliminatória de samba-enredo para o Carnaval 2025. O CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, esteve presente. Abaixo, você pode conferir a análise de cada apresentação. Nesta noite se apresentaram seis sambas da chave “Menino Rei”, o anúncio das obras que seguem na disputa será feito após a apresentação da chave “Debret”, no próximo sábado, dia 7 de setembro. * OUÇA OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Franco Cava: A primeira obra a se apresentar nesta noite foi composta por Franco Cava, André Freitas, Rute Labre, Eloi Ferreira, Breno Melo, Luiz Felipe Soares e Ricardo Simpatia. A quadra ainda estava fria e o samba passou de forma protocolar, foi uma apresentação correta, mas que não causou comoção no público presente. O cantor Marcelo Rodrigues e seus auxiliares foram competentes, porém, a primeira parte do samba não emplacou e nem mesmo o refrão interessante foi capaz de elevar a apresentação. A parceria contou com uma boa torcida, que apesar de não estar numerosa esteve animada durante toda a passagem. Como mencionado, vale destacar o refrão principal, por ser curto ele foi bem executado e cantado, principalmente o verso “sobo nire mafá! Teu destino é triunfar… Viradouro”.
Parceria de Felipe Filósofo: o segundo samba a se apresentar foi composto por Felipe Filósofo, Fabio Borges, Russo da Festa, Elenice Baptista, Cacá Nascimento, Marcio Nascimento, André Braga, Evaldo Silva, Guilherme Kauã e Felipe Trotta. O responsável por conduzir o samba foi o cantor Pixulé, que contou com o auxílio de Thiago Acácio e Cacá Nascimento, ela inclusive deu um tom diferente ao samba e casou perfeitamente com a obra. Por ser um samba de fácil entendimento e com passagens extremamente alegres, ele passou com muita energia. A obra apresentou crescimento em relação a primeira eliminatória, além dos intérpretes estarem mais entrosados, foi observado que a torcida cantou com mais empolgação, numerosa e com vários elementos de adereços, como balões e bandeiras, eles embarcaram na proposta do samba e cantaram com bastante alegria e empolgação. Várias partes merecem destaque, mas fica como menção o verso “Bebo cachaça, bato com pé, sopro a fumaça nos filhos de fé”.
Parceria de Argentina Caetano: A terceira parceria da noite foi composta por Argentina Caetano, Dandara Alves, Karla Basket, Silvia Pereira, Vânia Moraes, Fernando Viradouro, Alisson Oliveira, Beto Machado, Elias Andrade e Rafael Lima. O intérprete Wantuir foi o responsável por comandar o microfone principal, porém, o destaque da apresentação ficou por conta da presença feminina como apoio, além de realizar a introdução do samba com maestria, ela foi responsável por realizar alguns contra cantos que fizeram uma diferença enorme na condução do samba, principalmente no refrão do meio. Em uma comparação com a primeira apresentação, a obra cresceu de forma acentuada, sendo a passagem dessa noite extremamente positiva, a torcida, apesar de menos numerosa, cantou com empolgação. O refrão “Já fui findado, renasci nos encantados/ Vim ao som dos maracás trazer luz pra sua fé” foi o principal momento do samba.
Parceria de Renan Gêmeo: A parceria de Renan Gêmeo, Lucas Macedo, Diego Nicolau, Carlinhos Viradouro, Jeferson Oliveira, Silvio Mesquita, Orlando Ambrosio, Marcelo Adnet, Neném Perigo e Rodrigo Gêmeo deu sequência a noite de apresentações e conseguiu elevar o nível que já era bom, com um carro de som de impressionar, composto pelos intérpretes Igor Sorriso e Gilsinho, o samba mostrou toda sua competência e passou de forma extremamente satisfatória nesta noite, os cantores demonstraram entrosamento, conhecimento do samba e muito vigor, a presença deles contagiou a enorme torcida, que apesar de não estarem com adereços, mostraram sua força no canto, antes mesmo do início da apresentação entoaram o refrão para aquecer. Foi observado que alguns segmentos da escola também estavam com o samba na ponta da língua.
Parceria de Paulo César Feital: O penúltimo samba da noite teve autoria de Paulo César Feital, Inácio Rios, Márcio André Filho, Vaguinho, Chanel, Igor Federal e Vitor Lajas. A obra foi defendida pelo intérprete Nêgo, com auxílio de Bico Doce, o samba teve uma crescente em relação a sua primeira apresentação e se destacou nesta noite com uma passagem exatamente aguerrida, do jeito que essa obra “pede”. A apresentação mexeu com inúmeros presentes na quadra, seja segmentos, ou quem foi apenas para acompanhar a disputa. O jogo de palavras utilizado no refrão principal é um achado e fez com que todos fossem “obrigados” a cantar, principalmente na parte “Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo”. Outros momentos da letra merecem destaque, como o verso que abre a primeira parte do samba “Acenda tudo que for de acender”, assim como a melodia que se difere dos demais e por isso acaba se destacando. Vale mencionar ainda a torcida que cantou durante toda a passagem da obra. O único senão ficou por conta do desempenho irregular do intérprete Nego, apesar de muito vigor no início, ao longo da apresentação foi possível perceber um pequeno desconforto dele com algumas partes do samba.
Parceria de Deco: O sarrafo estava alto por conta do nível dos sambas concorrentes e assim se manteve com a última obra a se apresentar, de autoria de Deco, Samir Trindade, Fabrício Sena, Victor Rangel, Deniy Leite, Robson Moratelli, Felipe Sena, Jeiffer e Ricardo Castanheira. Os intérpretes Freddy Vianna e Guto defenderam a obra com maestria e muito vigor, assim como a torcida que comprou a briga e não desanimou em nenhum momento. Houve uma crescente em relação a primeira noite de eliminatórias (que já havia sido boa) e desde o início a parceria mostrou que estava disposta e encerrar a noite com chave de ouro, foram usados fogos de artifício durante a apresentação, outro destaque foi a torcida, uma das mais numerosas da noite. O refrão principal, que diz em uma parte “Esse carnaval é meu, hoje sou a Viradouro e a Viradouro sou eu” foi um dos momentos de maior impacto, assim como todo o refrão do meio.
A madrugada de sexta para sábado marcou a definição do samba que a Rosas de Ouro levará para a Avenida no carnaval de 2025. A comunidade da Brasilândia compareceu em peso para a grande final do concurso de sambas-enredo realizada na quadra da escola Azul e Rosa, que contou com a participação de três parcerias finalistas. Ao fim das apresentações, a obra declarada vencedora foi a de número 40, assinada pelos compositores Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Salgado Luz, Leandro Flecha, Fábio Gonçalves, Fabian Juarez, Marcos Vinicius, Daniel, Wagner Forte e Biel. A Roseira será a sexta agremiação a se apresentar na sexta-feira dos desfiles do Grupo Especial com o enredo “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, assinado pelo carnavalesco Fábio Ricardo.
Fotos: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO
Como foi a final
A final do concurso da Rosas de Ouro contou com três sambas assinados por compositores veteranos, acostumados a erguer troféus nas mais variadas escolas do carnaval de São Paulo. A parceria vencedora se destacou na apresentação ao levar uma numerosa torcida e contar no palco com um conjunto de instrumentos próprios que permitiram ditar o ritmo especialmente do refrão de cabeça, que se destacou em todas as passagens da obra. Um dos compositores do samba campeão, Aquiles da Vila, conversou com o CARNAVALESCO sobre a inspiração que tornou possível para chegar nas características marcantes da obra. O artista fez questão de exaltar seus companheiros de equipe.
“Honestamente, vou abrir meu coração aqui. Acho que a grande inspiração, mais do que o enredo, foi encontrar a parceria. Não é nem encontrar, é reencontrar a parceria e voltar a fazer samba na Rosas de Ouro. É sempre uma tentativa de a gente voltar, mas com uma série de dificuldades. Apesar de as pessoas acharem que, por gente ter uma carreira bonita na escola, não é simples não. A gente trouxe uma série de questões e voltamos abraçados, unidos, para defender esse grande enredo. Uma parceria sólida, convicta de que dá certo. Acho que o primeiro ponto é reunir pessoas que a gente confia”, declarou.
A recepção positiva ao samba da parceria de Aquiles foi evidente ao longo da apresentação, e o compositor credita a conquista do público no concurso à experiência de longa data com a qual o time tem em criar para a Rosas de Ouro.
“Eu acho que a gente realmente tem uma característica que a gente encontrou na escola, de fato. Isso vem desde o Fabiano Sorriso, desde 2005, o ‘Mar de Rosas’. Depois a gente, do ‘Meu Sonho Vale Ouro’. O título na escola, o último, o grande título na escola de 2010. Trinta anos na escola, tem um título, encontramos um caminho. É uma mistura de um samba raiz, como o ‘Mar de Rosas’, e uma mistura de uma coisa mais moderna, como a gente acabou trazendo nos últimos anos. É isso, acho que vem contagiando toda a comunidade do Rosas de Ouro. A gente está muito feliz com tudo e agradece por conquistar esses corações maravilhosos Azul e Rosa”, afirmou.
Essência do enredo com a característica da escola
O diretor de carnaval Evandro Rosas acredita que o samba escolhido pela Rosas de Ouro se enquadra tanto no que o enredo pede quanto nas características das obras que a escola costuma levar para a Avenida. “Eu acho que esse samba conseguiu juntar a essência do enredo com a característica da escola. Acho que ele conseguiu juntar a essência do que a escola tem levado para a Avenida nos últimos anos, então eu acho que foi o grande sucesso desse samba foi isso, conquistar a escola, levar esse grande projeto para a Avenida em 2025”, avaliou.
Evandro disse que o samba passará por ajustes para uma melhor adequação à proposta da escola, mas apontou que a obra possui elementos que poderão fazer a diferença no desfile da Roseira.
“Eu acho que a gente tem uma comunidade muito aguerrida, muito forte. A gente vai sentar nos próximos dias com os compositores para fazer alguns ajustes com relação ao enredo, para ficar tudo cem porcento, e eu tenho certeza de que a nossa comunidade vai levar isso com a maior garra possível para a Avenida. Além do samba conseguir ter o enredo, eu acho que ele consegue pegar. Ele é um samba fácil de as pessoas assimilarem ele. Eu acho que a gente vai chegar na Avenida fortes. Nossa comunidade costuma comprar a briga na escola. A gente tem tudo para chegar lá e dar um recado maravilhoso”, disse.
Favorito dos ritmistas
Comandante da “Bateria com Identidade”, mestre Rafa exaltou o fato de o samba ser o favorito dos ritmistas ao falar da escolha da obra para representar a Rosas de Ouro em 2025, além de apontar características que permitirão a bateria trabalhar suas características próprias.
“Ganhou o samba que a comissão julgadora escolheu. Eu, mestre Rafa, tinha um samba como preferido e que não veio para a final. Quando o samba que era o meu preferido não vai pra final, eu adoto outro samba como samba favorito, e deu o meu samba favorito. Tem gente que: ‘ah, mas é o samba do Fulano de Tal, do Ciclano, é o samba que era número tal, mudou pra número tal’, não tem nada disso aqui. Rosas de Ouro é uma escola séria que luta e trabalha para sair lá da zona de rebaixamento que tá lá, todo mundo sabe. Muitas pessoas, acho que 90% de pessoas do carnaval que entendem, acha igual eu acho que a Rosas de Ouro não merece aquela colocação que tá vindo amargando faz algum tempo. É o resultado que tivemos e a gente entende e estamos trabalhando para mudar. A gente não fala de jurado A, jurado B, jurado C, não fala da Liga, não fala de nada. A gente vai querer melhorar para alcançar, alçar grandes voos. Na Rosas de Ouro, deu o samba que a comissão escolheu. Eu, mestre Rafa, durante a semana, abri enquetes na minha página do Instagram e dentro dos grupos da bateria, e deu esse samba como favorito. Então é isso, agora é trabalhar, é o samba que ganhou. Volto a dizer, não foi o meu samba favorito desde os primórdios. Depois adotei o samba como meu favorito e graças a Deus ganhou. É um samba que a bateria gosta, que nos oportuniza de fazer várias coisas naquele nosso estilo que a gente já faz. Estilo maluco mesmo, da rua de terra, do Trem-Bala, da Tropa dos Bruxos e é isso. Ganhou o samba que eu acho que a maioria queria que ganhasse, graças a Deus”, declarou.
A introdução que a parceria vencedora fez antes de apresentar o samba é inspirada em uma música da cantora Elis Regina, e mestre Rafa adiantou que pretende convencer a escola a mantê-la na versão final que será apresentada ao público no dia do desfile oficial.
“A introdução, que é uma música de Elis Regina, ‘Aprendendo a jogar’. ‘Vivendo e aprendendo a jogar’ é a frase mais forte da música, e eu quero pôr isso aí como introdução. Se a escola correr atrás de direitos, que a gente tem que pagar direito e correr atrás, eu gostaria muito. Nós da bateria gostaríamos muito que essa parte fosse como introdução, como esquenta, então essa é a primeira coisa que a gente já tem como trunfo, que é pra gente dar um ‘boom’, sacudir a nossa galera. Aquela coisa de a gente estar num esquenta lá que vocês conhecem muito bem, para sacudir, para ter algo bem diferente, como a Rosas de Ouro nunca fez. Mais ou menos parecido com o Vai-Vai em 2015. A gente não vai colocar isso no samba, mas eu gostaria muito de colocar isso como introdução, como esquenta da nossa bateria, da nossa escola e tudo mais. Vamos ver o que a escola decide, o que fala. Essa é uma ideia em primeira mão, que é uma coisa que eu já vinha pensando e conversei com alguns diretores, que se esse samba se consagrasse campeão e fosse o nosso hino para 2025, que eu daria essa ideia pra direção. Eu acho que o samba é bacana para bateria tocar. É um samba que dá para tocar para frente. É um samba que dá para tocar com garra, pulsação, firme e a gente vai tentar fazer o melhor, com certeza, não só para a Rosas de Ouro, mas para o carnaval. O carnaval todo aí que a gente gosta de fazer coisas loucas mesmo, que é abrilhantar o carnaval e apresentar um espetáculo”, concluiu.
Enredo que chama atenção para o samba
A presidente Angelina Basílio destacou o interesse das pessoas pelas características do enredo ao falar sobre a escolha do samba vencedor. “Foram três obras. A comissão de carnaval, que escolheu o samba-enredo, optou por fazer só a final. Mas não foi fácil, porque foram três grandes obras e tinha que escolher uma. Foi muito bacana quando a gente escolheu esse enredo desde o começo, foi muito simpático. A comunidade abraçou. Todo mundo gosta de falar de jogos, já desperta um ‘frisson’, e tinha que escolher um. Eu só sou o voto minerva, então não me chamaram. Eles entraram em consenso e foi escolhido o melhor, com certeza. A melodia é muito gostosa de assimilar. Os três eram boas obras, mas eu acho que venceu o melhor”, declarou.
Angelina falou a respeito das próximas etapas relacionadas ao samba, e comentou sobre o andamento dos preparativos da Rosas de Ouro para o carnaval de 2025.
“Sempre há ajustes a serem feitos, tanto que a gente vai ter o nosso ensaio só no dia 20 de setembro. (O samba) ele vai crescer muito ainda, mais e mais. Agora a gente tem um enredista também, que é o Beto, e posso te afirmar que esse samba vai crescer mais com os ajustes. Nós estamos a tanto vapor. Estamos trabalhando diariamente, já nas fantasias. Dia 7 de setembro vai ser a apresentação dos pilotos, as fantasias das alas que compõem o enredo. Estamos trabalhando direto. É lindo esse enredo por quê? Porque dá pra falar da antiguidade e vai evoluindo até chegar nos jogos de agora, então dá pra dividir bem. Nós estamos dividindo em quatro setores e você vê nitidamente a história dos jogos, é muito legal”, disse.
Samba que permite maior expressão
O primeiro mestre-sala da Rosas de Ouro, Uilian Cesário, exaltou a presença em bom número da comunidade na final ao falar sobre o samba escolhido para o carnaval de 2025.
“Eu acho que esse momento é muito especial de a gente reencontrar a comunidade, voltar até aquele laço forte que a gente tinha ali próximo do período do carnaval. Vieram três sambas muito fortes para a final, e confesso que entre os grupinhos eu não consegui identificar de fato o samba campeão. Eu acho que ficou mesmo para o final, onde o samba 40 acabou tirando e acabou se destacando entre os outros. Estamos muito felizes é um samba muito bonito, muito expressivo, então a nossa expectativa é que cabe muito em coreografia e em passos para gente conseguir apresentar na pista. Eu acho que é essa a energia de expectativas positivas de alegria e de muita emoção. Com certeza foi uma festa muito bonita, a casa estava cheia, então a expectativa é que também os ensaios sejam da mesma maneira”, declarou.
O samba vencedor possui uma personalidade marcante, a qual Uilian afirma que será explorada na dança junto com sua parceira, a porta-bandeira Isabel Casagrande.
“Confesso que é muito mais fácil. Às vezes temos alguns sambas um pouco mais subjetivos, onde dá corpo, onde dá alma, fica um pouco mais complicado, mas com os sambas mais alegres, mais divertidos, o corpo ele age sozinho. Basicamente a gente vai ter que trabalhar para conseguir pontuar dentro dos momentos que pedem coreografia expressões físicas muito marcadas, mas e se divertir. Eu acho que a ideia aqui, o objetivo com esse samba gostoso, é a gente conseguir entrar na pista de uma forma leve e só, de fato, curtindo com responsabilidade, com muita responsabilidade”, afirmou.
Um enredo indígena irá dar o tom do carnaval da Mocidade Unida da Mooca para o Carnaval 2025. Isso será feito na figura de Ailton Krenak, um importante ambientalista, escritor e filósofo que defende o seu povo e suas terras nas obras desenvolvidas. Sendo assim a escola da Zona Leste paulistana deu mais um passo importante rumo ao próximo desfile, apresentando nesta sexta-feira, o samba-enredo que irá embalar a comunidade da ‘MUM’ no próximo ano. Com a quadra no bairro da Mooca recebendo um público agradável, a comunidade conheceu o hino e participou da gravação do clipe oficial realizado pela própria escola. O samba é fruto de uma encomenda escrita pelos compositores: Arlindinho, Lucas Donato, Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Marcos Vinicius, Biel e Salgado. A obra tem como característica questionar e ao mesmo tempo exaltar o povo indígena perante à sociedade que se acha superior. O enredo da agremiação é intitulado como “Krenak – O Presente Ancestral” ,desenvolvido pelo estreante carnavalesco Renan Ribeiro.
Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
Reuniões naturais e enredos questionadores
Um dos compositores, Marcos Vinícius, popularmente conhecido como Marquinhos, relatou como foi o processo do samba. De acordo com o escritor, reuniões leves, divertidas e aleatórias fizeram o samba nascer, tudo com convite do presidente Rafael Falanga. “Eu tive uma relação com a MUM como músico da escola, já desfilei há uns três anos aqui, mas nunca tinha feito samba. Eram os meus amigos que faziam samba antes. Eu encontrei o Falanga em uma reunião e ele para começarmos o samba. Aí fizemos. Foi uma coisa muito natural. Uma reunião nada a ver e o samba começou a sair. Depois fui convidado para ser diretor musical da escola e trabalhar com o Emerson, que é meu amigo de carnaval de Uruguaiana e Rio de Janeiro. É uma coisa mágica. O samba está aí e agora a gente tem que lapidar alguns pontos para a comunidade. Eu espero que o samba leve a escola ao tão sonhado e Grupo Especial”, contou.
Marquinhos exaltou a importância dos enredos que a agremiação propõe ao carnaval. Segundo o diretor musical, é uma escola que foge do comum e educa, que é uma das funções do samba. “A Mooca já tem essa cultura de usar enredos emblemáticos. Nossa escola sempre vem fora da curva do que as demais geralmente fazem. O Rafael tem essa veia de resgatar ícones da nossa história, do nosso Brasil. Eu acho isso muito importante. Uma história tão rica do nosso país que temos tantas pessoas escondidas. Eu acho que essas pessoas têm que aparecer realmente para ser um tema. É porque o samba, na verdade, é a educação do nosso futuro. Eu acho que é muito importante a gente resgatar isso e no momento certo tudo vai acontecer da melhor maneira possível”, disse.
Compositor Marcos Vinícius
Surpreso com a força da comunidade
O estreante intérprete Emerson Dias se disse surpreso com a comunidade da Mocidade Unida da Mooca, pois com pouco tempo de contato com a obra, os componentes já pegaram a letra. “Para mim é muita surpresa, porque nas primeiras horas de contato com a música, com o samba novo, o povo já está cantando, pulando, se emocionando com o samba quase que 100% na ponta da língua. Então isso é para ser respeitado e muito enaltecido, porque não é qualquer escola que faz isso”, opinou.
Novamente enaltecendo o desempenho da comunidade da MUM, o renomado cantor carioca utilizou deste argumento para falar da qualidade do samba-enredo. O músico aproveitou para agradecer os compositores pelo presente dado no primeiro ano de carnaval paulistano. “Quando o povo tem esse desempenho, que a escola canta da forma que cantou, a qualidade já tá mais do que comprovada. Então, acho que os compositores foram muito felizes, deram um presente para mim. Eu estou chegando aqui agora na MUM. Um grande samba seria um grande privilégio, um grande presente. Eu acho que eles foram muito felizes. Eu estou feliz também”, afirmou.
Mostrando confiança, o intérprete disse que está em um ótimo momento da carreira e citou o carinho recíproco com a comunidade da Zona Leste, cujo é recíproco. “Eu acho que estava escrito isso, que tinha acontecido isso nesse momento especial. Estou em um momento legal da minha carreira. Mais maduro e experiente. Vim para uma escola que tem uma projeção muito grande, uma ambição de chegar ao Grupo Especial. Está mais do que na hora. Estou extremamente feliz de estar aqui. Eu estava aqui ontem, gravei o samba, fui embora para o Rio às 22h, cantei na Beija-Flor, acordei, trabalhei, peguei o carro, vim para cá, cheguei aqui agora 21h sem ensaiar. Foi na correria, mas de coração, porque são as pessoas. É uma troca, é energia e para mim tem muito valor”, completou.
Andamento será fundamental
O mestre de bateria Dennys Silva falou da ‘correria’ que foi para colocar o samba na rua antes do evento. O percussionista comentou sobre bossas que já estão sendo desenvolvidas pela ‘Chapa Quente’. “A MUM faz fechado o samba. O Rafael escolheu esse ano outra equipe de compositores e ali eles foram montando as melodias, foram entendendo a letra e eu já fui montando algumas passagens de tamborim, algumas coisas de surdo de terceira pensando em um projeto de bossa. Claro que agora temos alguns meses para lapidar. A bateria já vem ensaiando muito ritmo, muitos fundamentos, só que a gente já tinha mais ou menos a noção do samba. Aí nós gravamos ontem com uma grande equipe de grandes mestres do carnaval. Hoje foi a mixagem, eu saí de lá direto para cá. Aí tinha um projeto de soltar na internet às 17h. Eu consegui terminar 16h45 de mixar. O presidente ouviu uma vez e, antes dele aprovar, já soltou. Ele tem essa fama de vazar tudo. A galera em poucas horas já curtiu o samba e saiu cantando”, comentou.
Um andamento crucial e ensaios com a ala musical são os próximos passos que a batucada da MUM irá realizar. Desenhos de levadas de outros instrumentos serão feitos em cima da obra. “Primeiro a gente vai definir o andamento, porque gravamos em um andamento mais para trás para mostrar melhor a melodia. Primeiro eu quero entender o andamento junto com a ala musical. Agora a gente tem um diretor novo que é o. Marquinhos, meu grande amigo. Vamos fazer para a comunidade, não para a bateria. Eu já tenho uma ‘bossinha’ que eu até coloquei nessa prévia de gravação e que vai para a avenida. O diretor de tamborim vai terminar essa semana os desenhos de tamborim, chocalho, e surdo de terceira e, depois, a gente vai começar a fazer as outras coisas”, concluiu.
Resgate do DNA
O presidente Rafael Falanga enalteceu o evento e se diz contente com o trabalho desenvolvido peça comunidade na hora de pegar o samba, comprando o que o enredo propõe. “O lançamento de samba sempre é uma oportunidade de celebrar a união, de celebrar a essência da raiz do samba, canto e evolução. Eu estou muito feliz porque a comunidade compareceu em peso, porque é um samba de fácil assimilação. Entre meia hora e 40 minutos de ensaio a gente já tem uma amostra do que vai ser isso na avenida. A escola cantando e comprando a ideia do enredo, da causa, da luta e dos princípios desse enredo”, disse.
Sobre novamente a agremiação propor um tema questionador e temática forte, Falanga contou que essa é a essência da entidade desde a sua fundação, e assim vai continuar. “Vamos falar da Mooca de 1987: Ela é fundada com um enredo político. Essa retomada de temas políticos relevantes, não só afros ou com temática negra, indígena e que contempla a sociedade. Eles são uma construção de DNA da escola. Isso tem dado muito certo. A gente vai seguir nesse caminho. Por enredos afros, por enredos negros, por enredos com diversidade, por enredos que tragam proposta que dialoguem com a sociedade, que tragam reflexão e que ensinem. Eu acho que é, acima de tudo, isso que a gente vai fazendo, baseado nesse resgate do que é uma época de verdade”, finalizou.