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Capital mundial do carnaval! Rei Momo recebe a chave do Rio de Janeiro para comandar a folia

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Por Matheus Morais e Gabriel Radicetti

O Carnaval de 2025 do Rio está oficialmente aberto. Ao entregar, de forma simbólica, a chave da cidade ao Rei Momo Kaio Mackenzie, o prefeito Eduardo Paes inaugurou, na manhã desta sexta-feira, a temporada de folia no Rio e o início do reinado da corte carnavalesca deste ano. A cerimônia realizada no Palácio da Cidade, em Botafogo, na Zona Sul da cidade, foi apresentada pelo carnavalesco e pesquisador Milton Cunha e contou com a presença de toda a Corte Real.

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Foto: Marcelo Piu/Prefeitura do Rio

“Esse é o meu 13º ano transmitindo esse cargo tão honroso e que me dá tanto orgulho. A maneira como o Rio construiu sua identidade, sua força e imagem tem relação direta com a maior manifestação cultural do nosso país e do mundo. O meu muito obrigado a essa gente do samba, das escolas de samba, dos blocos, que celebram a vida todos os anos no nosso Carnaval”, afirmou o prefeito, comemorando o momento de celebração na “capital mundial do Carnaval”.

A cerimônia também contou com apresentações da bateria da Unidos do Viradouro, escola campeã do Carnaval do ano passado, e da banda da Guarda Municipal do Rio.

Agradecendo a presença de todos, o Rei Momo Kaio Mackenzie ressaltou a importância do momento para a cidade.

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Foto: Marcelo Piu/Prefeitura do Rio

“A importância da entrega da chave é gigantesca. A gente abre oficialmente o carnaval aqui nessa simbologia do prefeito entregar a chave da cidade. Digamos que o prefeito entrega a cidade a quem de fato tem o direito, que é a corte do carnaval. Essa simbologia da entrega da chave é uma cultura que jamais tem que morrer. A minha ordem é cair na folia. Só que assim, cair na folia em dose dupla, tripla, quádrupla. É cair muito, é se jogar e ser feliz. A gente vive num mundo, infelizmente, em que a guerra acaba chamando um pouco de atenção. Eu acredito que esse momento do carnaval é um momento em que a gente expressa a nossa alegria, a gente deixa um pouco de lado os nossos problemas. O meu decreto é esse. É se jogar e ser feliz. É óbvio que com responsabilidade, com moderação, mas se jogar muito, desfilar, ir para bloco, Eu quero que o povo se sinta muito feliz. É o que o povo merece”,  disse o Rei Momo.

Além do Rei Momo, também estiveram presentes na cerimônia a Rainha do Carnaval 2025, Thuane Ribeiro; as Princesas Rhuanda Monteiro e Jéssica Almeida; o muso Luis Otávio Antonio dos Santos; a musa Bianca de Oliveira Mourão Ermida; e também do cidadão não-binário Lucas Antonio Valentim da Silva.

A rainha do Carnaval 2025, Thuane Werneck, também falou sobre a celebração e o que espera da folia deste ano. “Estou muito feliz e muito honrada de estar nesse lugar e ter voz, ter espaço de fala. Como o rei disse, nós somos a materialização do espírito carnavalesco e nós somos os comandantes culturais, oficiais, tradicionais da festa. Nada mais justo do que estarmos à frente dessa festa, que é uma tradição que ocorre já há vários anos e a gente espera que não morra nunca. Eu costumo falar que eu já acompanhei o carnaval por diversas óticas e ver o carnaval da forma que eu enxergo hoje em dia, primeiramente, é um sonho. Estar no papel de rainha do carnaval é um sonho. Eu estou muito feliz. Estou tentando não chorar, mas estou muito emocionada, porque hoje eu consigo ver o por detrás dos bastidores. Onde o Carnaval começa, termina – que para nós sambistas, não termina nunca. É o ano inteiro. Ver através dessa outra ótica está sendo novo, uma correria gostosa, um frio na barriga e espero estar fazendo e estar dando o meu melhor”.

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Foto: Marcelo Piu/Prefeitura do Rio

Guardiã da chave da cidade, que é entregue ao Rei Momo a cada Carnaval, a família Candonga participou da solenidade. Também estiveram presentes representantes das Associações das Velhas Guardas das escolas de samba cariocas e o casal Raul Farias Lima e Iza Xavier, que forma a Dupla do Rio de Perna de Pau, mestre-sala e porta-bandeira da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Riotur.

Presente na cerimônia Tia Surica falou ao CARNAVALESCO. “Eu não sabia que ia fazer parte da entrega da chave. Eu fui pega de surpresa. Eu fico muito lisonjeada. O carinho que o Eduardo tem por mim, eu tenho por ele. Participar desse evento maravilhoso, para mim, é uma satisfação muito grande. Eu tenho um carinho muito grande pelo Eduardo Paes. Ele vai chegar, se Deus quiser, à presidência”.

Presidente da Embrater, Marcelo Freixo, falou do sucesso do turismo no Brasil e da importância do Carnaval.

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“A gente está muito contente com os números, de maneira geral, do turismo internacional, que é o que cuida a Embratur. A gente teve um janeiro impressionante. Recebemos no Brasil 1 milhão 480 mil turistas internacionais. Em 2024, que foi o ano que a gente bateu o recorde, foi o melhor ano de todos os tempos, nós tínhamos recebido 900 mil. A gente teve um crescimento de 55% de visitas de estrangeiros no Brasil só no mês de janeiro. Isso é muito significativo de um Brasil que voltou, de um Brasil que se reafirmou como um lugar agradável, lugar de destino, lugar de produção de alegria, de reafirmação de cultura. E o Carnaval é a maior expressão dessa estrutura, maior expressão de alegria, maior expressão cultural. O Rio de Janeiro é a porta de entrada, mas você tem um baita Carnaval em vários lugares do Brasil. E quando eu falo de turistas estrangeiros, eu estou falando de receita. Ano passado a gente teve 7.3 bilhões. Milhões de dólares com turismo internacional. Isso é emprego e renda. Isso é o motorista do Uber, do táxi, é a manicure, é a camareira, é o recepcionista do hotel, é o primeiro emprego de um garçom. É essa cadeia produtiva do turismo que é tão ampla. O turismo não é importante só para quem viaja, é importante para quem trabalha. Para uma cidade inteira, como é o caso do Rio de Janeiro. Esse carnaval a gente já está 12% acima do carnaval do ano passado. Estamos achando que vai ser um ano muito positivo em relação ao Brasil, especialmente o Rio de Janeiro”.

Série Barracões: Maricá homenageia Seu 7 da Lira em enredo que une sagrado e profano na busca pelo Grupo Especial

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Com o enredo “Cavalo do Santíssimo e a Coroa do Seu 7”, a União de Maricá promete levar para a Marquês de Sapucaí uma celebração vibrante da cultura popular carioca, mesclando religiosidade e festividade. A agremiação aposta na figura excêntrica e sagrada de Seu 7 da Lira, um Exu musical e festeiro, para conquistar seu espaço no Grupo Especial no carnaval 2026. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Leandro Vieira, carnavalesco da agremiação, revelou que o enredo escolhido para a Maricá é fruto de uma longa pesquisa e de um interesse que já o move há tempos:

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Escultura Elsson Campos
Foto: Elsson Campos/Maricá

“Era uma personalidade que já estava no meu radar. Eu não comecei a pesquisar esse enredo para fazê-lo, agora. Comecei a pesquisar há muito tempo. Fui guardando coisas, fui despertando desejos, vontade de fazer. Quando eu recebi o convite para fazer a Maricá, achei que a escola era o cavalo certo para fazer esse enredo incorporar”, declarou o artista.

Conhecido por trazer em seus enredos a temática religiosa, Leandro Vieira afirma que seu interesse pela figura de Seu 7 da Lira vem do fato de que a entidade performa algo em que acredita profundamente: a capacidade da cultura popular brasileira e carioca de sacralizar aquilo que é profano. “O que mais me desperta interesse nesse enredo é essa personalidade, o fato dela deixar muito clara uma coisa que eu acredito muito, que é o quanto que a cultura popular brasileira e a cultura popular carioca sacraliza aquilo que é profano. Acho que a maneira como o povo lida com o sagrado é muito doida e, por isso, muito inspiradora. Essa ideia de céu, de inferno, de santos populares, santos que são sincretizados, santos que assumem caráter de desejos super-humanos”, afirmou.

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Foto: Divulgação/Maricá

Como é o caso de Seu 7 da Lira, um Exu das macumbas cariocas que encantou-se trajando capa, roupas aveludadas, botas e cartolas e que aparece como adivinho, festeiro, violeiro, suburbano e cachaceiro para fazer suas mandingas de cura e vencer demandas. “Estou falando de uma entidade de Umbanda, que é sagrada, mas está profundamente ligada à cachaça, à festa, à farra e à música, não apenas a de terreiro, mas também à música popular”, explicou. Ele citou como exemplo as curas que Seu Sete da Lira realizava utilizando desde baladas românticas até marchinhas de Carnaval e sambas de embalo, uma característica excêntrica que, para Leandro Vieira, reflete a essência brasileira e popular.

“É justamente por ser excêntrico que é muito brasileiro. Um enredo de temática afro religiosa e que, ao mesmo tempo, é muito popular. Seu Sete é tão excêntrico que é uma temática afro-religiosa que me possibilita uma estética que não tem absolutamente nada do afro simbólico do carnaval carioca”, concluiu o carnavalesco revelando que a Maricá fará um carnaval afro com telões de led, neon, bordados, plumas, penas e paetês.

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Foto: Divulgação/Maricá

Leandro Vieira destacou que o grande trunfo do enredo é o seu diálogo com o gosto popular. “É um Exú musical, rubro-negro, que se autodeclarou flamenguista, ligado ao Carnaval, à música, à cachaça e que, durante os dias de folia, vestia verde e rosa ou azul e branco para homenagear a Mangueira e a Portela”, explicou o carnavalesco. Ele ressaltou a popularidade da figura, descrevendo-a como um Exú mangueirense, portelense, flamenguista, cachaceiro e musical. “É um Exú carioca, um Exú super popular”, afirmou Vieira, enfatizando a conexão única entre o sagrado e o cotidiano festivo que o enredo retrata.

‘Não faço desfile para ser campeão’

Em meio a polêmicas sobre suposto favorecimento à União de Maricá no Carnaval 2025, o carnavalesco Leandro Vieira se posicionou de forma clara: “Eu não faço desfile para ser campeão. Não fui contratado para dar título a ninguém, mas para fazer carnaval de alto nível”. Ele relembrou sua trajetória em agremiações como Império Serrano, Mangueira e Imperatriz, destacando que sempre buscou adaptar seu trabalho à realidade financeira de cada escola. “Fiz para o Império o carnaval que cabia no bolso dele, assim como fiz para a Mangueira e faço para a Imperatriz “, afirmou.

Leandro Vieira Rafael Arantes
Foto: Rafael Arantes/Divulgação

Vieira ressaltou que não aceitaria ser contratado com a promessa de títulos, pois não pode garantir vitórias, mas sim dedicação total. “Eu não penso muito nessa ideia ‘ah, a Maricá tem muito dinheiro para fazer’. Porque eu conheço aí um montão de escola cheia de grana e que, na hora de somar as notas, perde. Administro ideias, faço carnaval. Não administro dinheiro”, finalizou.

Arte e Espiritualidade

O carnavalesco da União de Maricá reforçou a distinção entre sua atuação artística e o universo religioso ao abordar temas sagrados em seus enredos. “Eu faço Carnaval, não faço religião”, afirmou, relembrando sua experiência ao desenvolver o enredo “Maria Bethânia – a menina dos olhos de Oyá, em 2016, na Estação Primeira de Mangueira. Ele destacou a importância de uma Yalorixá que, na época, o orientou a entender seu papel como intérprete artístico do sagrado, sem operá-lo diretamente.

“Trabalho com arte, com visualidade, e minha abordagem é sempre uma interpretação artística do sagrado”, explicou. Vieira ressaltou o respeito que dedica a essas temáticas e a clareza de que seu trabalho reflete a cultura popular, que, para ele, é plural e festiva. “O Brasil que acredito, entendendo-o como plural e festivo, é um país e um povo que lida bem e distingue pouco o sagrado e o profano”, concluiu, reforçando seu compromisso com a arte e a representação da diversidade cultural em seus desfiles.

Série Barracões: Violão como espelho da alma brasileira no carnaval da União do Parque Acari

Poucos dias para o desfile oficial, a escola de samba União do Parque Acari está a todo vapor em seu barracão, preparando os últimos detalhes do enredo que promete emocionar o público: “Cordas de Prata: o retrato musical do povo”, tema que exalta o papel do violão na música popular brasileira. O carnavalesco Guilherme Estevão e os trabalhadores da agremiação trabalham incansavelmente para transformar a avenida em um verdadeiro espetáculo sonoro e visual.

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Durante a pesquisa sobre o enredo, Guilherme destaca: “O mais relevante foi mostrar como o violão, de alguma maneira, engloba o Brasil inteiro. O povo brasileiro se apropriou dele, transformou-o e adaptou influências externas ao nosso jeito. O violão, por si só, é algo que o brasileiro tomou para si e tornou-se o mais nacional dos instrumentos. A pesquisa revelou como ele se tornou afetivo, presente nas casas, nos bares, nos saraus e nas praias – um símbolo do cotidiano das pessoas”.

O enredo traça uma cronologia do violão, explorando como ele penetrou no íntimo do brasileiro e se tornou síntese da identidade nacional. “O grande trunfo é a relação da comunidade de Acari com o violão. Somos uma escola com histórico de enredos musicais, e o violão está enraizado no dia a dia daqui, o que cria uma conexão emocional forte”, ressalta o carnavalesco.

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Além da carga afetiva, Guilherme enfatiza a pluralidade estética da narrativa: “Conseguimos retratar ‘Brasis’ distintos, o que amplia nosso leque criativo”. Com três alegorias, 20 alas, 3.500 componentes e um elemento alegórico na comissão de frente, ele explica: “Os carros são totalmente diferentes, e as alas ganharam um colorido diverso, refletindo a versatilidade temática do violão”.

Antes de retornar à Série Ouro, Guilherme Estevão foi carnavalesco da Estação Primeira de Mangueira. Brinca que, do verde e rosa, herdou o rosa e agregou um toque de amarelo, simbolizando aprendizados adquiridos no Grupo Especial. “Fazer parte da Mangueira foi fundamental. Todo Carnaval é um aprendizado, e esses dois anos no Especial me trouxeram maturidade. Agora, na Série Ouro, mantenho o mesmo cuidado e carinho que dedicaria a qualquer escola, seja na Intendente ou no Grupo Especial”, afirma.

Arte e superação no barracão

Localizado na Zona Norte do Rio, o barracão da escola transformou-se em um canteiro de arte. Esculturas de violões representando diferentes estilos musicais e alegorias que homenageiam mestres do instrumento ganham vida. Para contornar desafios financeiros, a agremiação investiu em estamparia própria. “Na Série Ouro, o orçamento é mais apertado e o prazo curto. Por isso, otimizamos materiais como acetato, fitas de cetim e elementos reflexivos, além de focar em projetos de luz e estruturas vazadas com movimento”, explica Guilherme.

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Conheça o desfile

Primeiro setor: Cordas do Tempo – “Mostramos a origem não brasileira do violão, fruto da fusão de culturas. Começa como um instrumento divino na Índia, usado com penas de pavão, e migra para a Europa medieval, chegando ao Brasil pelas mãos de portugueses”.

Segundo setor: Das Elites ao Povo – “O violão desembarca aqui como símbolo da nobreza, usado por jesuítas e bandeirantes. Mas o povo o reinventa, tornando-o parte de sua expressão cultural, longe dos salões aristocráticos”.

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Terceiro setor: A Coroação pelo Samba – “É quando o violão se populariza de vez: nos cordéis, nas violadas gaúchas, nas modinhas e no chorinho. Marginalizado pela elite, ganha status de ícone nacional através do samba, unindo morro e asfalto. A tropicália, a bossa nova e a música nordestina reforçam seu legado. O desfecho é uma ode aos mestres que eternizaram o violão na cultura brasileira”, conclui Guilherme.

Série Barracões SP: Devorando Zé Celso, Vai-Vai promete encerrar desfiles do Grupo Especial com a sua essência

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Após 15 anos, o Vai-Vai irá fechar uma noite de carnaval. Em 2010, com o enredo exaltando principalmente os seus 80 anos, fechou a sexta-feira. Porém, desta vez, irá encerrar os desfiles do Grupo Especial no sábado de carnaval. A Saracura, como é carinhosamente conhecida, levará para a avenida uma homenagem ao ator, dramaturgo e escritor, Zé Celso. ‘O Exú das Artes’, como ele se auto intitulava, era uma figura da Bela Vista, fundador do Teatro Oficina e, indiretamente, tem uma ligação com a escola. Ambos são raízes do local. Este é um tema que estava engavetado há anos na agremiação e que, para 2025, a diretoria juntamente ao carnavalesco Sidnei França resolveu abordar.
O CARNAVALESCO visitou o barracão do Vai-Vai e conversou com Sidnei França, conhecendo todo o projeto do próximo desfile.

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O enredo do Bixiga para o próximo carnaval é intitulado como “O xamã devorado e a deglutição bacante de quem ousou sonhar desordem”. A agremiação alvinegra será a sétima escola do sábado.

“Para o carnaval de 2025, o Vai-Vai leva para o Sambódromo do Anhembi o enredo ‘O xamã devorado e a deglutição bacante de quem ousou sonhar esordem’. É uma homenagem justa, necessária, cabida, principalmente pelo Vai-Vai, uma escola de samba da Bela Vista, mesmo local onde o Zé Celso se consagrou com o seu Teatro Oficina. Desde o ponto zero do desenvolvimento desse enredo eu já tinha comigo que não podia ser um enredo linear, um enredo cartesiano, porque o Zé Celso foi uma figura muito ousada e muito transgressora. Ele quebrou paradigmas, ele desafiou a ditadura, por exemplo”, disse Sidnei França.

Surgimento do enredo

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De acordo com o carnavalesco, o tema homenageando o artista, já estava há um tempo no pensamento da agremiação e, o início para isso, foi ao ver uma foto do caixão de Zé coberto pelo pavilhão do Vai-Vai, sendo um ato raiz de Bela Vista. Além disso, há a questão financeira, onde foi buscado parceiro para temas, mas não foi conseguido, segundo o profissional. “É um enredo que há muito tempo já se ouvia no Vai-Vai. Não é uma questão nova, mas nunca aconteceu. O lampejo é realmente na morte do Zé Celso. A diretoria do Vai-Vai foi até o velório no Teatro Oficina e tem fotos lindíssimas emocionantes do elenco do Oficina louvando a chegada do pavilhão e principalmente o pavilhão cobrindo o caixão do Zé Celso. Tem uma imagem lindíssima, iluminada e aquilo mexeu muito comigo a ponto de eu comentar com a diretoria da escola que por mim seria o próximo enredo da escola. O Vai-Vai tem suas raízes totalmente fincadas, os seus fundamentos no Bixiga. Havia algumas possibilidades, mas nada concreto no âmbito financeiro. A escola tentou sim negociar com empresas, até porque não é segredo para ninguém que o Vai-Vai após dois acessos saiu dessa fase da sua história com bastantes problemas estruturais, financeiros e vem se restabelecendo. Eu acho que é muito tranquilo falar sobre isso. A gente tentou até enredos patrocinados, mas não deram certo, essa homenagem ao Zé Celso será um presente”

O insano Zé Celso com o insano Vai-Vai

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O artista é marcado por seu estilo ousado de ser. O Vai-Vai, especialmente com Sidnei França, não tem medo de colocar a alma do que irá falar dentro da pista, vide o tema do hip-hop. O ‘insano ritual Vai-Vai’ irá se fazer presente, de acordo com o carnavalesco. “No início do nosso desfile, da nossa narrativa, a proposta é do Vai-Vai devorar o Zé Celso. Uma vez devorando as suas vísceras, a sua intelectualidade, a sua arte, a sua inteligência, a sua genialidade, o Vai-Vai ganha força e potência para poder a partir dessa deglutição, contar tantas histórias incríveis desse homem. O enredo começa com um grande banquete cultural e profano. Cultural no sentido de devorar a arte e a cultura de Zé Celso, e profano porque o Zé Celso sempre falou: ‘Eu sou o Exú das artes e eu quando morrer eu quero ser comido, devorado’. O que o Vai-Vai está fazendo é atender ao pedido de um artista que ela própria homenageia. A partir daí, essa devoração do Zé nos dá força, condição e estofo intelectual para ter a autoridade de contar suas obras”, abordou.

Teatro Oficina, lar importante de Zé Celso

O Teatro Oficina, fundado pelo homenageado, é um dos grandes palcos de arte espalhadas pelo Brasil, inclusive reconhecido mundialmente por sua bela e diferente arquitetura. Sidnei contou que o Vai-Vai irá realizar uma homenagem forte ao tão importante local, que obviamente fica na Bela Vista. “O que o desfile pretende, para além de homenagear o Zé Celso, é justamente isso: Ampliar, colocar uma lupa sobre o Teatro Oficina para que as pessoas entendam o que aquele local representou e ainda tem muito a representar, porque o legado do Zé não se foi com ele. Foi deixado um legado que está sendo cultivado por quem ficou naquele local. Nós convidamos o Oficina para o desfile. Nesse desfile nós vamos ter num carro alegórico, por exemplo, o Marcelo Drummond que é viúvo do Zé Celso, Renato Borghi e o Amir Haddad. A escola já convidou todo o Teatro, eles já aceitaram e nós estamos definindo figurino para que seja algo grandioso. Desde o primeiro momento eles nos apoiam com pesquisas, informações iconográficas, biográficas, bibliográficas, fonográficas, muito áudio do Zé Celso. A gente chegou através do próprio Teatro Oficina que tem um acervo gigantesco onde eles guardam todo o acervo de guarda-roupas de todas as peças e eles abriram esse espaço a nós para que a gente pudesse pesquisar e entender essa história. O Teatro Oficina está estritamente dentro desse projeto e totalmente integrado com o Vai-Vai”, contou.

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Pesquisa de enredo

Qualquer enredo deve ter uma pesquisa bastante profunda e contar com pessoas de confiança para isso. França contou como foi feito e deu os créditos às pessoas e departamentos que participaram. “Quando veio a definição minha com a diretoria da escola pelo tema do Zé Celso, eu acho que a gente precisa sempre se amparar em pessoas que sabem mais que nós em determinados aspecto, principalmente quando você quer excelência. Eu não sou ator, não sou teatrólogo, ator, diretor… Hoje eu tenho o Kleber di Lazzare, que é um professor de teatro, é um autor e diretor teatral também, faz montagens teatrais, eu tenho a Tati Gregório, que ela é do próprio Vai-Vai e me auxilia com pesquisas desde o hip-hop, e tem o Bessem. Ele é um rapaz também muito ligado com a cena do teatro, principalmente teatro negro. Ele sabe o que é discursar sobre preconceito e opressão na classe teatral. O Vai-Vai também tem o próprio departamento de comunicação, que lá atrás produziu textos para lançar esse enredo, que são flashes de textos que foram parar na sinopse, tem o departamento cultural que é muito atuante, é muito presente. É um grande coletivo interno para poder levar esse enredo para a avenida, como ele deve ser conduzido”, declarou.

Estética do desfile

Sidnei apresentou uma estética totalmente diferente no desfile do hip-hop em 2024. Era um desejo e algo correto, pois naquela oportunidade havia muito grafite e pichação. Agora, o artista promete se adequar ao estilo de Zé Celso: Uma estética teatral em suas fantasias. “As pessoas que assistirem o desfile do Vai-Vai, primeiro que podem esperar uma escola muito teatral, no termo mais amplo da palavra. Muita maquiagem, muita indumentária com características mais de teatro do que de carnaval. Nós não vamos ter, por exemplo, leques de pluma, porque não é um enredo onde você resvala no luxo pelo luxo do carnaval. É um enredo que caminha pela teatralidade. Nós pesquisamos toda a obra do Zé Celso para decodificar na linguagem carnavalesca cada obra em cada período da sua vida. Teve a fase mais politizada, teve a fase mais sensualista, teve a fase mais feminina. Tem alas que vão apresentando, então a visualidade das fantasias atendem à proposta cênica da peça de teatro a qual ela se refere. Por exemplo, nós temos uma ala que se chama As Bacantes, que é uma das peças mais famosas do Teatro Oficina. Bacante vem de bacanal, são mulheres seminuas que estavam no cortejo de Deus Baco, Deus do vinho, da galhofa, da gargalhada, da orgia. É uma ala, no desfile do Vai-Vai que ela traz essa linguagem feminina, o seio. Mostra a ligação com o Baco, com a uva, as parreiras, o vinho. É um desfile que apela para uma cena teatral nos seus mínimos detalhes, pela maquiagem, pela indumentária, pelos adereços de mão. As alegorias idem. Todas elas têm uma recorrência, todos os quatro carros têm a intenção de reproduzir momentos do teatro oficina. É tudo muito teatral. Portanto, a estética do Vai-Vai é essencialmente uma pensada para contemplar uma expectativa teatral”, comentou.

Ponto alto no Anhembi

Perguntado sobre o que, na opinião dele, mais vai impactar no desfile, o carnavalesco falou de alguns momentos. “Acho que vai ter alguns pontos altos. A comissão de frente promete muito, porque ela já vem com uma força cênica muito potente, o que ela representa já traz uma chave que entrega para todo o restante do desfile uma força e uma dramaticidade muito acentuadas. O abre-alas é um momento muito bacana, muito forte. E o último carro também. Tem alguns momentos bacanas de chão também, onde a bateria vai ser um momento interessante. Não tem problema falar porque já foi publicado: Eles vem de ‘Exus das artes’, como o Zé Celso se auto anunciava. E pensar que o Vai-Vai é uma escola da rua, de uma encruzilhada da Bela Vista e de Exú, a sua bateria, o seu contingente rítmico vem para louvar um outro Exú. Também o dia deve estar amanhecendo. Acho que vai uma ser magia no ar muito forte”, contou.

Setores

“Não vai ser um desfile marcado por setorização. A gente vai discorrendo. Cada carro ele vai impulsionando essa história para outro momento do desfile, porque setor parece que assim olha agora vamos como o ano passado que era muito marcado em setor esse é o setor do rap, esse é do grafite, e tudo é hip hop. Dessa vez não, é uma narrativa que ela vai se entrecruzando. Aliás, como estrutura, alguém do Vai Vai estava me falando que parece muito com o Elis, que também era um desfile que era muito marcado por fases. da Elis no decorrer da sua vida artística então mais uma vez o Vai Vai vem com essa verve artística e muito aflorada numa linguagem de desconstrução desse formato que o carnaval foi meio que testando e estabelecendo”, finalizou.

Ficha técnica
Quatro alegorias
Elemento alegórico (comissão de frente)
Dois tripés
26 alas
Diretor de ateliê: Marcão
Diretor de barracão: Renato

Em Cima da Hora 2025: alegorias na área de concentração

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Inocentes de Belford Roxo 2025: alegorias na área de concentração

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Dona Onete lança “Quatro Contas”, inspiração para o enredo da Grande Rio 2025

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No alto dos seus 85 anos, Dona Onete segue cumprindo seu propósito: levar o Pará para o mundo. Em seu novo single, “Quatro Contas”, a compositora e cantora nos guia por um mergulho nas encantarias amazônicas, reverenciando as protetoras espirituais que a acompanham desde menina.

A faixa chega às plataformas no dia 25 de fevereiro e é uma das inspirações do enredo da escola de samba Grande Rio (RJ) em 2025.

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Foto: Renato Reis

Influência na Grande Rio

Sobre a música ser uma das inspirações do enredo da Grande Rio, Dona Onete compartilha, com alegria: “Nunca imaginei que uma composição minha fosse inspirar uma escola de samba desse tamanho! ‘Quatro Contas’ nasceu das minhas crenças, do que carrego desde menina, e ver essas histórias no carnaval do Rio é uma alegria sem tamanho. É o Pará brilhando, nossa encantaria ganhando o mundo!”, diz.

Proteção e conexão com a natureza
Em “Quatro Contas”, Dona Onete canta sobre fé, sobre proteção e sobre resistência. A vermelha é Mariana, a amarela é Jarina, a branca é Jurema e a verde é Herondina – entidades que a acompanham em sua jornada e que ecoam nas vozes e nos tambores da faixa.

“Essa música carrega a essência do nosso povo, do nosso jeito caboclo de acreditar e se proteger. O paraense tem fé em muitas coisas, vive e sobrevive com suas crenças e sua conexão com a natureza. Basta ir ao Ver-o-Peso para sentir essa energia e ver como as crendices fazem parte do nosso dia a dia”, diz Dona Onete.

A construção com vivências e elementos que carregam a ancestralidade

A música foi sendo gestada ao longo dos anos, nas vivências e nas histórias que Dona Onete guarda em sua bagagem. O resultado é uma obra que junta sonoridades do carimbó, percussão forte e coros gravados dentro do terreiro Casa de Mina Eira de Bárbara Soeira, em Outeiro, Belém.

A direção e produção musical são assinadas por Marcos Sarrazin, saxofonista da banda de Dona Onete. Ele teve a sensibilidade de transformar a gravação em um verdadeiro mergulho nas encantarias amazônicas para captar a atmosfera sagrada do processo, trazendo para a canção a força espiritual e a energia única desse universo.

Ficha Técnica

Composição, letra e melodia: Dona Onete.
Direção e produção musical, arranjos e gravação de violão, charango, banjo, baixo elétrico e flauta: Marcos Sarrazin.
Arranjos e gravação de percussão: JP Cavalcante e Douglas Dias.
Coro e percussão: João da Hora, Édson Júnior, Izabelle Silva, Breno Guimarães, Thaís Salbé, Alzileide Ataíde, Drielle Ataíde, Evilla Corrêa, Ewelyne Naynara, Ruy Júnior e Douglas Dias. Gravados na Casa de Mina Eira de Bárbara Soeira – Outeiro, Belém – PA.
Mixagem e Masterização: Assis Figueiredo.
Técnico de gravação – Estúdio MIDAS – Belém-PA: Jacinto Kahwage.

Série Barracões SP: Tom Maior reeditará clássico de 2009 sobre a história de Angola

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Um clássico do carnaval de São Paulo retorna ao Anhembi. Para 2025, a Tom Maior optou por reeditar o enredo “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”, que marcou o carnaval de 2009 com um samba que faz sucesso até hoje. O carnavalesco Flávio Campello concedeu entrevista ao CARNAVALESCO para explicar a escolha e as novidades da nova abordagem feita sobre o tema pela Vermelha e Amarela do Sumaré.

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Desejo antigo da comunidade

O rebaixamento da Tom Maior em 2024 surpreendeu o mundo do samba. A escola causou impressões positivas ao longo de todo o pré-carnaval, com seu elogiado samba e realizando bons ensaios, e no desfile apresentou uma plástica de alto nível que rendeu à escola o Prêmio Estrela do Carnaval, promovido pelo CARNAVALESCO, de melhor conjunto de alegorias. Para retornar ao Grupo Especial, Flávio Campello não tinha dúvidas de que era o momento certo para resgatar um antigo desejo da comunidade de reeditar o aclamado enredo sobre Angola.

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“Essa ideia surgiu logo após a apuração de 2024. Precisávamos nos encontrar com a nossa comunidade nesse dia triste do resultado, então houve uma conversa comigo e o Carlão indo para a quadra. Ele pediu: ‘você vai continuar conosco? Queremos continuar com você’, e no carro eu falei para ele: ‘então vamos continuar, mas vamos fazer o enredo sobre Angola’. Por quê? A nossa comunidade, desde quando eu cheguei na escola, sempre cogitou a possibilidade de fazer a reedição desse enredo. Quando chegamos, que foi naquele ano fatídico da pandemia, chegamos naquela situação de talvez engavetar ‘O Pequeno Príncipe’ e cogitamos a possibilidade de fazer uma reedição ali. Era aquele carnaval meio incerto por causa da pandemia, de quando que iria rolar, e acabou acontecendo em abril, dois anos depois. O enredo de Angola sempre esteve presente no imaginário da nossa comunidade, e com esse lance da apuração do ano passado, eu pensei em presentear a nossa comunidade com esse enredo. É um samba que eu sempre gostei, ele celebra um pouco o ano em que eu cheguei no carnaval de São Paulo, que foi 2009. Eu representava naquele momento a Mocidade Alegre, mas o samba da Tom Maior, na minha opinião, era um dos melhores daquele ano e aquele samba ficou na minha cabeça. Eu falei: ‘vamos fazer essa reedição, que eu acho que é o momento para podermos dar um gás à nossa comunidade, para podermos transformar o carnaval 2025 no ano da nossa redenção, no ano da nossa superação’”, declarou.

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Uma ‘nova’ Nova Angola

O público que assistiu aos ensaios técnicos da Tom Maior pôde perceber de imediato que a abordagem da reedição será diferente do desfile de 2009. A abertura da apresentação original fez referência direta à guerra civil angolana, com comissão de frente e carro Abre-alas completando um ao outro formando uma cenografia comovente. A proposta de 2025, porém, já parte da reconstrução da nação africana, sendo mais alegre e colorida. A necessidade de realizar uma apresentação menor por conta das limitações do Grupo de Acesso 1 fez com que Flávio Campello usasse da poesia do próprio samba para construir uma nova narrativa para o desfile.

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“A ideia, desde o início, era transformar esse enredo com uma nova roupagem. Sempre quisemos enaltecer, principalmente como o título do enredo fala, ‘Uma Nova Angola’. Nós quisemos, desde o início, fazer ‘Uma Nova Angola’. Uma Angola onde pudéssemos mostrar o povo renascendo daquele tempo ruim de guerra civil. A Angola da reconstrução, a Angola do renascimento. Nós quisemos propor, plasticamente, um carnaval diferente do que foi em 2009 até porque eu precisava sintetizar esse enredo em três setores, afinal nós só temos três alegorias. É um enredo riquíssimo, é uma temática riquíssima, a história de Angola é muito rica. Nós tínhamos que transformar essa história riquíssima em três setores, e foi algo que conseguimos através do samba, inclusive. Abrimos o nosso desfile com a cabeça do samba, que é ‘Uma Nova Angola’. Temos na segunda alegoria a proposta de enaltecer o que está no refrão do meio, que é a proteção de Zambi, a religiosidade do povo angolano, do candomblé de Angola. E fechamos o desfile como o samba fala da nova ‘Kizomba’, aquela Kizomba que foi feita no bairro de Noel. Nós dividimos esse enredo nesses três setores para que possamos ilustrar um carnaval novo, com uma nova visão sobre Angola e eu espero que todo mundo goste”, explicou.

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Apesar de ser uma reedição, foi preciso fazer novos estudos para garantir que a abordagem do desfile sobre a história de Angola se mantenha atualizada. O carnavalesco apontou o que mais chamou sua atenção durante as pesquisas para a construção do enredo.

“A força do povo angolano, que eu acho que tem muito a ver com a nossa história. Existe uma relação de irmandade muito grande entre esses dois países. Infelizmente, quando nós também fomos colonizados, nós trouxemos escravizados de Angola para o Brasil. Nós sabemos que o Brasil também tem muitos e muitos braços angolanos na sua construção, principalmente como exaltamos na tradição Bantu. A origem Bantu, que é a origem afro-brasileira, é muito forte. Nós quisemos também, através dessa nova proposta, mostrar um pouco disso. Essa questão da relação de irmandade entre Brasil e Angola, essa relação que firma alianças até hoje entre Brasil e Angola, e enaltecendo Martinho da Vila, que é o embaixador cultural em Angola. Ele praticamente quem foi responsável por unir o semba de Angola com o samba brasileiro através do ‘Canto Livre de Angola’, que foi um projeto idealizado por ele. Martinho conseguiu unificar as culturas dessas duas nações, então fechamos o desfile falando desse grande embaixador cultural que é Martinho da Vila”, afirmou.

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Tom Maior na Avenida: Da reconstrução de Angola à Kizomba de Martinho

O desfile da Tom Maior em 2025 será estruturado em três setores inspirados nos versos do samba de 2009. Flávio Campello destacou os elementos que fazem da reedição uma abordagem renovada sobre Angola.

“’Uma nova Angola reconstruindo a sua história’, que é o nosso primeiro setor, é a reconstrução dessa história. O nosso segundo setor, que é ‘Deixa a Gira Girar sob a proteção de Zambi’. E o nosso terceiro e último setor, que é o ‘Martinho, que fez a Kizomba lá no bairro de Noel’. Como estamos fazendo a reedição de um samba, nós tivemos a preocupação de desenvolver o projeto em cima do samba. Em cima do samba eu fiz as minhas pesquisas, elaborei a nossa sinopse, que é uma nova sinopse de enredo, mais moderna, mais contemporânea, com dados mais atuais sobre a história de Angola. Eu acho que esse é o caminho de nós podermos ter a chance de falar de um enredo riquíssimo, de um enredo onde a escola abraça desde 2009 e não esquece, porque todas as vezes que cantamos esse samba na quadra, nós percebíamos muita emoção. O carnaval de 2009 traz muitas lembranças, muita memória afetiva da nossa comunidade, que eu acho que esse é o nosso intuito de passar aqui no domingo com essa nova Angola”, explicou.

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O carnavalesco detalhou alguns elementos que serão observados dentro dos três setores do desfile da Tom Maior. “Nós temos a história de Angola através dos povos. Temos Rainha Nzinga, a própria ‘Entre Correntes e Lamentos, a Negritude Atravessou o Mar’. Fomos ilustrando as nossas fantasias com trechos que estão inseridos dentro do samba. No nosso outro setor falamos sobre essa relação Brasil-Angola, onde temos ali o ‘Canto Livre de Angola’, o Canto de Martinho. Nós temos Brasil e Angola unidos em um só coração, temos Angola renascendo das cinzas, temos a fantasia dos passistas que representa o samba e o semba, e temos a Kizomba na nossa última ala. Nós tentamos desenvolver esse projeto totalmente dentro do nosso samba e através dele reconstruímos uma nova sinopse, um novo enredo que eu acho que ficou bem bacana”, disse.

Conjunto visual é o trunfo para 2025

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Os últimos carnavais da Tom Maior se destacaram especialmente pelo alto nível do conjunto de alegorias e fantasias apresentados. Flávio Campello garante que, mesmo no Grupo de Acesso 1, a estética seguirá sendo o principal trunfo para impressionar o público e os jurados no desfile da escola.

“Acho que as alegorias (serão o ponto forte). Nós mantivemos o padrão de alegorias, que acho que são grandiosas, estamos vindo no Abre-alas com duas bases grandes também. Acho que as nossas alegorias sempre vão ser um trunfo porque eu sempre gostei muito delas. Eu acho que as alegorias, para mim, sempre vão ser o forte, acho que é o que engrandece os olhares de todo mundo. As pessoas vêm aqui na baia como se estivessem na Disneylândia, elas gostam de alegorias. Eu acho que a grande identidade do carnaval de São Paulo está nas alegorias. Aqui você consegue fazer carros gigantes, comparados aos carnavais do Rio e de outros lugares do Brasil, por causa da estrutura que temos e que nos proporciona essa possibilidade. Eu acho que alegorias e as fantasias, que também mantivemos um padrão de fantasias do ano passado, até porque em 2024, dos três quesitos que nós trouxemos nota 40, fantasia foi um deles. Nós estamos tentando repetir o feito de trazer aí mais uma nota máxima nesse quesito”, afirmou.

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Recado do carnavalesco Flávio Campello para a comunidade da Tom Maior

“Chegou o momento, minha comunidade! É o momento de nós também, assim como Angola, renascermos das nossas próprias cinzas! É aquilo que eu sempre falo, passei o ano todo falando: nós não podemos desanimar e precisamos dar a volta por cima e acho que 2025 vai representar isso. Em respeito, obviamente, às outras sete coirmãs, mas nós estamos batalhando o ano inteiro para poder alcançar o nosso objetivo, que é levar de volta a nossa escola de samba para o Especial”.

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Ficha técnica
Enredo: “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”
Alegorias: 3 carros
Componentes: 1300
Alas: 16
Diretor de barracão: Adelson Davi
Diretor de ateliê: Leonan Ribeiro

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Leonardo Bessa: reencontro com a história no Sambódromo

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Nascido em um verdadeiro berço musical, Leonardo Bessa é filho do cantor, compositor, arranjador e maestro Reginaldo Bessa. Sua trajetória no carnaval começou na década de 1980, em uma escola de samba mirim. Como produtor musical, destacou-se ao liderar a concepção e gravação dos CDs do Grupo B e, desde 1998, do Grupo A da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

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Em entrevista ao CARNAVALESCO, Leonardo compartilhou a emoção de retornar ao Sambódromo, desta vez como intérprete da Unidos da Ponte: “É uma alegria imensa! Este é um palco que carrega uma grande história para mim, e poder voltar a cantar após quatro carnavais é uma satisfação indescritível. Será um reencontro muito feliz!”, afirmou.

Sobre o que o público pode esperar do samba da agremiação, ele revelou entusiasmo: “Teremos muita alegria e um desfile em que os componentes vão se divertir. Traremos uma mensagem crucial sobre a sobrevivência do nosso planeta, algo extremamente atual. Espero que consigamos transmitir isso ao público e que todos cantem conosco!”, enfatizou.

Além de comandar o carro de som da Unidos da Ponte, Leonardo também integra o time da Renascer de Jacarepaguá. Sobre a dupla jornada, brincou: “Estou me virando nos trinta! Para quem trabalha com carnaval, é normal conciliar shows e projetos. A Renascer é uma escola que tenho no coração. Uma coisa não atrapalha a outra!”.

Questionado sobre a avaliação de cantores e equipes de harmonia no quesito musical do Grupo Especial — prática já adotada na Série Ouro —, ele ressaltou: “Esse critério existe há cerca de quatro anos na Série Ouro e é fundamental que o Especial também o adote. Valoriza o trabalho dos intérpretes e a coesão musical da escola, algo essível para o carnaval!”.

Antes de se consagrar como intérprete, Leonardo Bessa trilhou uma carreira como cavaquinista em escolas como Salgueiro e São Clemente, consolidando-se como um nome respeitado no universo do samba.

Cátia Drumond: resgate e a revolução na Imperatriz Leopoldinense

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O CARNAVALESCO abre a série de entrevistas com representantes das escolas de samba do Grupo Especial. A primeira convidada é Cátia Drumond. Confira abaixo a entrevista completa.

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Foto: Reprodução/Instagram

Presidente, faz um balanço da gestão Cátia Drumond até hoje.

“Uma gestão super positiva. Comecei com o décimo lugar, consegui manter a Imperatriz no Grupo Especial. Sempre digo que não era um décimo. Deveria ser um sexto ou sétimo. Mas fui feliz em 2022; em 2023 veio o campeonato; em 2024, o vice-campeonato. Não posso reclamar. O saldo é positivo. Vamos trabalhar para, em 2025, trazer o campeonato de novo”.

Qual é a maior virtude dessa sua gestão?

“Humildade. Acho que primeiro a humildade, depois a maneira que temos de nos organizar. A mulher é muito mais organizada que o homem. Consegui entrar na casa e falar: ‘Mamãe tá aqui, vamos organizar a família, botar o pé no chão que a gente vai conseguir ir longe’. Nós fomos, estamos indo bem longe e vamos mais ainda”.

Você falou da mamãe. Gosta de dizer “mamãe está on”?

“Eu curto tudo. É mamãe, é titia, mas é mais mamãe. É uma forma de o componente ou o torcedor da Imperatriz expressar o carinho que sentem por mim”.

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Foto; Nelson Malfacini/Imperatriz

Muitos dizem que você está transformando a Imperatriz numa escola vibrante, alegre, com o Complexo participando e a quadra cheia de jovens. O que sente com isso?

“Sinto o resgate da comunidade e o interesse dos pequenos. Hoje vemos muitas crianças e adolescentes nos ensaios. Estamos alcançando o objetivo de ter uma Imperatriz mais jovem, solta e feliz”.

Você falou dos pequenos. Vai ter escola mirim da Imperatriz ou não pensa nisso?

“Penso, sim, e com carinho. Mas, no momento, meu foco é a Imperatriz dos adultos. Abrimos espaço para as crianças do Instituto participarem dos ensaios de rua. Quem sabe, em breve, teremos uma escola mirim”.

O que podemos esperar da quadra para 2025/26? Comprou o terreno. O que o público verá no Carnaval de 2026?

“Vamos tentar fazer todas as modificações durante a pausa da quadra: ampliar o palco, deslocá-lo para trás, realocar a bateria atrás do palco, criar um novo lado só de camarotes e aumentar a área inferior para mais conforto”.

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Foto; Nelson Malfacini/Imperatriz

Quando dizem que a presidente Cátia é polêmica na Liesa, que “fala mesmo”, isso é a mãe defendendo o filho ou um perfil herdado do seu pai?

“Tenho um pouco do Seu Luizinho. Dizem que sou o “Luizinho de saia”. Mas não é ser polêmica, é ser justa. Discuto tudo na plenária, defendendo a Imperatriz e o espetáculo. Não podemos pensar só no nosso umbigo”.

Renovou contratos antes do carnaval, mesmo com a equipe sendo cobiçada. Por que garantir tudo tão cedo?

“Em 2023, renovei 30 dias antes do carnaval. Este ano, dei uma viagem à Bahia para a equipe descontrair. Sei que são cobiçados, blindo minha escola. Renovar 40 dias antes não faz diferença”.

Qual o peso de desfilar no segundo dia, junto com a atual campeã Viradouro?

“A página virou. Domingo será equilibrado, com quatro grandes escolas. Respeito a Viradouro, mas quero que meu melhor supere o dela. Fora da avenida, somos amigos”.

Como é a rivalidade com a Viradouro? É só na pista?

“Todo presidente quer ganhar, mas fora da avenida nos damos bem. A rivalidade é dos torcedores. Se uma escola merece o título, batemos palmas. Espero o mesmo quando for minha vez”.

Lara (UPM) diz que você é um exemplo. Como se sente?

“Fico feliz. Ela até me chama de mamãe. Lara é jovem e apaixonada pela escola, como eu. Desejo que ela e a UPM tenham sucesso e permaneçam no Grupo Especial”.

O que espera do João, seu filho, no carnaval? Se ele quiser ser presidente da Liesa ou da Imperatriz, o que deseja?

“João é humilde e dedicado. Desejo que ele se forme na faculdade. Ser presidente da Imperatriz? A hora dele chegará. Da Liesa? Acho que não pensa nisso ainda”.

Cátia Drumond seria presidente da Liesa um dia?

“Nunca. Para estar na Liesa, teria que largar a Imperatriz de verdade. Não tenho essa vontade”.

Qual herança recebeu do seu pai na administração da escola?

“Respeito e amor. Meu pai me ensinou tudo. Hoje, sou presidente completa porque passei por todos os estágios na escola. Sinto falta dele, mas honro seu legado”.

O CARNAVALESCO elogia os ensaios de rua da Imperatriz como os melhores. Como chegaram a esse nível?

“Ver a felicidade da comunidade não tem preço. O morador não lembrava que a Imperatriz era do bairro. Hoje, nos agradecem pelo resgate. Isso conquistamos com trabalho”.

Fale sobre Leandro Vieira. Você pediu um título a ele, e ele entregou. O que ainda espera?

“Não pedi um título, mas sim a equipe dos meus sonhos. Leandro é um fenômeno. Espero que seja minha Rosa Magalhães. Sou fã dele e da equipe que construímos”.

A contratação do Pitty de Menezes foi seu maior gol?

“Pitty foi um gol de placa, assim como a volta do Felipe e o reencontro da Rafa. Tenho um timaço nas mãos. Por isso luto para blindá-los”.

Se Imperatriz e Viradouro desfilarem bem, os jurados darão nota 10 ou segurarão?

“Devem dar o 10. Se segurarem, só nos resta reclamar na Liesa. Mas, se passarmos bem, brigaremos pelo título”.

O orgulho de ser do Complexo do Alemão é marca da escola?

“Tenho orgulho de sermos da favela, do povo, do CPX. Mas a Imperatriz é de toda a Leopoldina”.

Como é o trabalho social do Instituto?

“Queremos oferecer cursos para jovens e crianças. Após o carnaval, focaremos em ocupá-los com atividades como balé e capoeira”.

Já pensa em enredos para 2026?

“Leandro já tem o de 2026. Não sou curiosa. Em 2025, ele revelou o tema durante um almoço, quando todos se vestiram de branco a meu pedido”.

O que esperar do enredo afro em 2025?

“Uma Imperatriz macumbeira, mas da paz. O desfile será emocionante, principalmente para quem conhece a religião. É o melhor trabalho do Leandro na escola”.

Como a Imperatriz consegue começar os preparativos tão cedo?

“É gestão. Com premiação antecipada, começamos em maio/junho. Este ano, o barracão está 98% pronto (há mais de 20 dias que foi a entrevista)”.

A polêmica do tripé na comissão de frente: qual sua posição?

“Defendo padronização para todas. O tripé tirou o protagonismo do casal e do abre-alas. Mantivemos por respeito ao espetáculo, mas preferiria equilíbrio”.

Por que reforçar a comissão de frente com Patrick Carvalho?

“Patrick é nota 10. Queremos uma comissão arrebentadora, pois é um dos momentos mais esperados. Seu trabalho é emocionante, especialmente para quem é da religião”.

O desfile de 2025 será emocionante?

“Sim. O enredo para Oxalá tem uma pegada serena, mas profunda. Quem conhece a história vai se emocionar”.