Na série “Eliminatórias”, o CARNAVALESCO foi acompanhar a semifinal da Vila Isabel. Das seis parcerias que se apresentaram, duas merecem um destaque: André Diniz e Raoni Ventapane. A escola anunciou que divulgará o resultado pelas redes sociais ao longo do sábado. Durante as três últimas as apresentações notou-se um esvaziamento de espectadores na quadra além das torcidas montadas pelas parcerias. A seguir, as análises das apresentações. * OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Artur das Ferragens: O primeiro samba-enredo da noite foi dos compositores Artur das Ferragens, Daniel Katar, Anderson Benson, Gui Cruz, Willian Tadeu e Minuetto e interpretado por Carlos Junior. Apesar de não cativar tanto o público refrão principal – “Todo mundo treme… com a Vila Isabel” – é empolgante e fácil de cantar. Um dos pontos altos da composição são os versos “Mas encontro um amuleto/Tão belo e perfeito dentro de mim/Ao desembarcar na Avenida/E vestir a fantasia/A alegria não tem fim” com um melodia muito bonita.
Parceria de Prof Carlos Bebeto: Igor Sorriso, Juan Briggs e Hudson Luiz puxaram o samba composto por Prof Carlos Bebeto, Djalma Santos, Daniel Duarte, Dr. Marcelo Medeiros, Chiquinho Gomes e Juninho da Vila. Os refrões têm uma boa construção, não apresentam um grau maior de dificuldade. O bis “Figa, terço, reza braba/Bruxa feia sai de ré/Que o trem parou o baile/Deus me livre, só por fé” que antecede o refrão principal tem uma cadência agil interessante de acompanhar. É possível reparar poucas menções a símbolos relacionados à Vila Isabel. Por fim, não levantou o público.
Parceria de André Diniz: O terceiro samba e é uma composição de André Diniz, Gustavo Clarão, Gustavinho Oliveira, Arlindinho, Orlando Ambrósio e Thales Nunes e foi defendido por Wander Pires. As variações melódicas do refrão principal dão personalidade à música. Também nota-se uma irreverência em versos como: “oh sereia, me perdoa! tua água é garoa/ só o brilho da coroa seduziu meu coração” e “Cuidado! O povo do samba é/teu bicho papão”. A apresentação levantou um pouco mais o público. O samba conta com elementos que representam a Vila como a coroa, o Boulevard, sangue azul podendo gerar identificação com a comunidade.
Parceria de Raoni Ventapane: Evandro Malandro foi o intérprete da 4ª parceria a se apresentar formada por Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva. Os bis após o refrão do meio e a queda de andamento em “Silêncio/Ao som do último suspiro vai chegar” dão um cadência boa de acompanhar. Além disso, o verso “Embarque nesse trem da ilusão” cria uma atmosfera que combina com o enredo. O pico de carisma é parte “Nas redondezas credo cruz ave maria (bis)/Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia (bis)”.
Parceria de Dinny da Vila: A penúltima apresentação da noite foi da parceria Dinny da Vila, Kleber Cassino, Mano 10, Doc Santana, Clauderi Taberna e Gilson Bernini. Os intérpretes Emerson Dias, Ito Melodia e Vitor Cunha defenderam o samba. Para além da torcida havia poucos espectadores. Foi um samba animado com um ritmo bem para frente. Os dois refrões “Solta o bicho, se liberta, bota o bicho pra correr” e “Já pedi, tô pedindo novamente”são bem empolgantes.
Parceria de Julio Alves: O samba que encerrou a disputa foi da parceria de Julio Alves, Marcelo Adnet, Rafael Zimmermann, Didi Tupinambá, Américo Genésio GG e Daniel Paixão e interpretado por Pitty de Menezes. O refrão principal “O tambor da Vila tem feitiço/To por conta do catiço” tem potencial para crescer entre o público. Outro trecho bonito e carismático é o seguinte: “Ôôô… Por temor ou por capricho/ Vou mandar soltar o bicho/Essa avenida é minha/Ôôôô… Deixa o caldeirão ferver/E se a bruxa aparecer/ Acabou, é fim da linha”.
Poucas finais de concurso de samba-enredo eram tão aguardadas no ciclo carnavalesco de 2025 quanto a dos Gaviões da Fiel. Com uma elogiadíssima safra, a agremiação do Bom Retiro realizou a decisão da escolha da canção na sexta-feira (20 de setembro) e contou com boa presença de público – entre torcedores, sócios da escola de samba e da torcida organizada e amantes do carnaval como um todo. A obra escolhida foi a composta por Grandão, Sukata, José Rifai, Ovelha JB, Juliano, Guga Pacheco, Gabriel Lima, Japa Mooca, Wesley, Morganti, Andrezinho, B. Cardoso, Gladzik, Renne Rocha e Dentinho do Morro, que escreveram o Samba 01 para embalar o enredo “Irin Ajó Emi Ojisé”, idealizado pelos carnavalescos Julio Poloni e Rayner Pereira.
Fotos: Gustavo Lima e Will Ferreira/CARNAVALESCO
Horas e horas de samba
Se o evento começou com um DJ, por volta das 23h20 já era possível ouvir o esquenta da Ritimão, bateria comandada por mestre Ciro Castilho. Formou-se, então, um cortejo para saudar o pavilhã – pela ordem: casais, Harmonia, Velha-Guarda, Baianas, Comissão de Frente, destaques de chão, grupos cênicos e passistas. A ala musical, já no palco, executou o hino do Corinthians e mais dois alusivos. Veio, então, uma sequência para pulsar mais forte o coração de quem é dos Gaviões: “Agradeci a Deus” (exaltação), “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente” (1994, reeditado em 2009), “As Cinco Deusas Encantadas Na Corte Do Rei Gavião” (2003), “No Jogo Enigmático Das Cartas, Desvendem Os Mistérios e Façam Suas Apostas, Pois a Sorte Está Lançada!” (2015), “Corinthians… Minha vida, minha história, meu amor” (2010) e “Um não sei que, que nasce não sei onde, vem não sei como e explode não sei porquê…” (2020). Por fim, também foi executada a paródia da torcida para a clássica “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, de Tim Maia – hit na Neo Química Arena.
Aí, começou o show da coirmã Mocidade Alegre, apresentando sambas-enredo e de exaltação da doze vezes campeã do carnaval paulistano – e atual bicampeã da folia em São Paulo. Vale destacar o ótimo número de componentes da escola, alguns deles fantasiados e coreografados. Dentre os presentes, estavam a presidente Solange Cruz e Marcos Rezende dos Santos Nascimento, o mestre Sombra, comandante da Ritmo Puro – bateria da agremiação. Chegou o momento das apresentações finais de cada uma das obras. A primeira a se apresentar foi o Samba 05, composto por Renato do Pandeiro, Lubé LK, Edmilson Silva, Fabinho do Cavaco, Kadu, Juninho da Vila, Guipa e Wilsinho Medieval.
O samba campeão veio logo em seguida, e vale destacar que os presentes, tão logo acabaram as seis execuções da canção (duas sem e quatro com bateria) começaram a gritar “é campeão”.
Por fim, veio a vez da execução do samba 02, composto por Cacá Mascarenhas, Rica Leite, Vini, Luciano Rosa, Gi Martins, Souza, Don Costa, Fernando Souza, Henrique de Ogum, Willian Tadeu e Minuetto. Alguns dos presentes também cantaram “é campeão” após o final da exibição.
Após cerca de meia hora de votação, o resultado foi revelado. Além da alegria dos presentes, vale destacar que alguns soltaram o grito de “Tricampeão”, já que parte dos vencedores também venceram o concurso nos Gaviões em 2014 (“R9 – O Voo Real do Fenômeno”) e em 2022 (“Basta!”).
Comemoração e agradecimentos
Ao falar da sensação pela vitória, Grandão, um dos compositores, relembrou todo o histórico dele na instituição: “Estamos em disputa há mais de 20 anos. O trabalho foi difícil, grandes sambas disputando, quero agradecer toda a nossa parceria, parabenizar a diretoria e todos da escola. É difícil, mas é uma alegria que a gente vive a escola, somos corinthianos, é muito feliz, é uma alegria que ganhei infinito”, disse, falando sobre o enredo anterior da agremiação – intitulado “Vou Te Levar Para o Infinito”, com o qual a agremiação ficou na quarta colocação e retornou ao Desfile das Campeãs após treze anos.
B. Cardoso preferiu relembrar o quanto os Gaviões estão presentes na vida dela: “Eu vim nos Gaviões quando eu tinha cinco anos de idade. A emoção para mim é muito grande. Hoje meu pai e meu irmão que me trouxeram se foram. O meu outro irmão é da bateria. Eu não tenho como descrever esse momento. É maravilhoso. É uma sensação que eu estou curtindo e não sei como explicar. Vou comemorar até segunda-feira!”, desabafou.
Outros compositores foram citados por Grandão: “Eu quero dedicar também este samba aos nossos parceiros ao José Rifai. Quero dedicar ao Thiago Meiners também, nosso parceiro que está no Rio de Janeiro e não pôde estar aqui, mas é um cara que representou a gente e estamos sempre juntos”, relembrou.
Dificuldade?
Ao ser perguntada sobre o quanto a temática afro tornou-se um desafio, Cardoso não negou que as palavras em outro idioma foram um fator a ser levado em conta: “O afro é bem difícil nas palavras, mas a gente tentou fazer da melhor maneira para as pessoas conseguirem pronunciar e apresentar o samba”, afirmou.
Mas, de acordo com ela própria, tudo se resolveuda melhor maneira possível: “Eu acho que foi uma das partes mais bonitas quando eu vi todo mundo cantando e gostando do samba. Até quando eu estava entregando a letra, falavam comigo: ‘Eu gosto do seu samba, eu quero que ele ganhe’. Mas você nunca sabe o que vai acontecer. A gente tem aquela fé que vai dar tudo certo”, pontuou.
Resultado agradável
Como dito anteriormente, a safra dos Gaviões era uma das mais elogiadas do carnaval paulistano. E todos os entrevistados pelo CARNAVALESCO fizeram questão de destacar não apenas o vencedor como também todos os participantes. Erica Jacobucci, uma das integrantes da Harmonia Guerreira (comissão do quesito dos Gaviões) foi uma delas: “Hoje é um dia muito importante para nós. Fizemos um trabalho bem legal ao longo dessa semana e a gente acredita que esse samba é bom – além da safra ser muito boa, qualquer um dos três que viesse seria bom. Temos um bom samba para levar para a avenida”, destacou.
A opinião de Carlos Eduardo Guedes, o Pantinho, diretor de carnaval e com o mesmo apelido do mestre de bateria da Ritimão e presidente da instituição entre 2009 e 2011, seguiu a mesma linha: “Estamos felizes com o samba vencedor, mas é importante ressaltar que os três sambas finalistas estavam dentro do enredo. Qualquer um dos três que ganhasse representaria bem os Gaviões na avenida”, pontuou.
Responsável por comandar a Ritimão, mestre Ciro Castilho aprovou a escolha e elogiou todas as obras finalistas: “Vamos muito bem para a avenida! Esse ano a gente ficou muito feliz porque as obras vieram muito fortes. Foi o comentário geral em toda a comunidade carnavalesca de São Paulo, é o que está todo mundo comentando. Quem ganhasse nos representaria muito bem, e a obra vencedora foi merecedora”, disse.
As obras também foram aprovadas por Julio Poloni e Rayner Pereira, dupla de carnavalescos dos Gaviões. Perguntado se a canção fazia jus à sinopse assinada por eles, Julio pontuou que essa não é uma preocupação: “Perfeitamente! a safra dos Gaviões veio muito forte, muito boa, e com certeza a gente chega na avenida com um samba que tem todas as condições de representar o enredo e trazer a potência do desfile que a gente pretende em 2025”, comentou.
Rayner focou na exibição do samba vencedor ao falar: “A gente teve nove sambas – e, na final, os três que mais se identificaram com o nosso enredo vieram para o palco. O vencedor tocou o nosso coração de uma maneira especial”, disse.
Ernesto Teixeira, intérprete da agremiação e conhecido como “A Voz da Fiel”, aprovou a escolha: “Acredito que esse é um grande samba. Do que a gente está ouvindo e já vimos na semifinal do samba, o desempenho dos finalistas foi muito bom. Uma coisa é a gravação, outra coisa é o desempenho do samba na quadra. Todo mundo se apresentou muito bem e o nosso escolhido, certamente, vai representar muito bem os Gaviões”, confiou.
Por fim, o casal de mestre-sala e porta-bandeira preferiu focar na canção vencedora do concurso: “É o samba que os Gaviões escolheram, então pra gente foi o melhor. E é esse hino que a gente vai levar pra avenida e vamos dar o nosso melhor. É um samba bonito, lindo, está inteiro na sinopse e é isso que importa. É um samba que contagiou todo mundo que estava aqui hoje. É o samba que vai, é o nosso hino, é o escolhido e vamos lá”, pontuou Wagner Lima. Carolline Barbosa, porta-bandeira alvinegra, concordou: “O samba está contando a história do nosso enredo e ambos são bem bonitos. A nossa expectativa é chegar no Anhembi e trazer o melhor para a nossa escola”, destacou.
Trabalho apenas começando
Os segmentos entrevistados também destacaram o quanto a rotina pensando no desfile está se iniciando. Erica, por exemplo, aproveitou para falar um pouco sobre o trabalho da Harmonia Guerreira: “A gente faz um trabalho que sempre envolve toda a comunidade dos Gaviões, todas as alas. Independentemente de que cada uma tenha o seu Harmonia designado, a gente também faz um trabalho geral. Eu acredito que nesse ano, o samba escolhido vai dar uma motivação extra, já é um samba diferente do que oS Gaviões estão acostumados. A gente tem algumas estratégias diferentes para esse ano para que o samba vá para a avenida explosivo como a gente está acostumado – e como a arquibancada gosta de ver os Gaviões”, comentou, prometendo surpresas.
Pantinho tratou de tranquilizar todos os torcedores falando sobre o andamento do cronograma alvinegro: “Está tudo dentro do cronograma que foi traçado no começo do ciclo. Está tudo dentro da logística. Já estamos em execução de fantasias e dos carros legóricos. Já está tudo andando conforme a nossa programação. Ele aproveitou para falar, em primeira mão para o CARNAVALESCO, a próxima data importante ligada à escola: “Semana que vem, dia 27 de setembro (sexta-feira), vai ser a nossa Festa dos Pilotos, com apresentação das fantasias para a comunidade e para todos os interessados”, revelou – destacando, também, que será realizada, pelo menos, a Festa das Passistas, além dos tradicionais ensaios.
Ciro destacou que a cabeça do mestre de bateria já está borbulhando pensando em como será a apresentação no Anhembi: “Esse samba mexe com a cabeça não só do mestre, mas dos diretores – que me ligam todo dia para falar do tema. Eles me mandam vídeos, também. A gente já tem algumas bossas pensadas. Sobre as ideias… não tem como um enredo e um samba desse não não ser inspirador. A gente já está vendo muita coisa, já estamos trabalhando. Vai ser fantástico!”, prometeu.
Precavidos
Intérprete dos Gaviões de 1985, Ernesto Teixeira revelou-se um grande estudioso sobre as obras que foram finalistas – e, claro, sobre a canção vencedora: “A gente está sempre ouvindo, as canções. Estamos fazendo só uma semifinal e uma final. Quanto mais você ouve o samba ao vivo, mais você vai pegando a mensagem de cada um deles, pegando a melodia de cada um deles… e, aí, vai vendo o que fica bacana, colocando o seu jeito de fazer. Agora, com a nossa escolha, a gente vai ouvir mais uns dias para colocar a nossa cara de vez no samba”, detalhou.
Por fim, mostrando que os Gaviões estão prontos para tudo, o casal de mestre-sala e porta-bandeira surpreendeu. Ao serem perguntados sobre os movimentos que pensam em fazer de acordo com a obra escolhida, a reportagem foi interrompida por Wagner: “Nós já tínhamos a nossa rotina de movimentos para os três sambas finalistas. Não ficaríamos na mão de maneira alguma”, afirmou. Carol completou: “Desde a semifinal do samba-enredo a gente já estava pensando em quais movimentos poderíamos fazer pensando no encaixe com a história que será contada na avenida”, finalizou.
Compositores: Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrosio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça do Ajax, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo
EIÊÔ! KAÔ KABESILÊ BABÁ OBÁ!
COURAÇA DE FOGO NO ORÔ DO VELHO AJAPÁ
A RAÇA DO POVO DO ALAFIN, E ARDE EM MIM..
RUBRO VENTRE DE OYÓ
NA ESCURIDÃO, NUNCA ANDAREI SÓ
VOVÓ DIZIA: SANGUE DE PRETO É MAIS FORTE QUE A TRAVESSIA!
SAUDADE, QUE INVADE! FOI MARÉ EM TEMPESTADE
SOPRA A ANCESTRALIDADE NO MAR (Ê RAINHA)
PRECEITO É HERANÇA SEM MARTÍRIO
AIRÁ GUARDA SEUS FILHOS NO ILÊ DA BARROQUINHA
É A SEMENTE QUE A FÉ GERMINOU, IYÁ ADETÁ
O FRUTO QUE O AXÉ CULTIVOU, IYÁ AKALÁ
YIÁ NASSÔ, Ê BABÁ ASSIKA
YIÁ NASSÔ, Ê BABÁ ASSIKA
VOU VOLTAR MAINHA, EU VOU
VOU VOLTAR MAINHA, CHORE NÃO
QUE LÁ NA BAHIA
XANGÔ FEZ REVOLUÇÃO
OXÊ… A DEFESA DA ALMA NA PALMA DA MÃO
NO CLÃ DE OBATOSSI, HÁ BRAVURA DE OXOSSI NO MEU PANTEÃO
É D’OXUM O ACALANTO QUE GUARDA O OTÁ
DO VELHO ENGENHO, XIRÊ QUE MANTENHO NO MEU CAMINHAR
TOCA O ADARRUM QUE MEU ORIXÁ RESPONDE
OLORUM, GUIA O BOI VERMELHO SEJA ONDE FOR
GIRA SAIA AIABÁ, TRAZ AS ÁGUAS DE OXALÁ
JUSTIÇA DE AGODÔ, TAMBOR GUERREIRO FIRMA O ALUJÁ
Awurê Obá Kaô! Awurê Obá Kaô!
VILA VINTÉM É TERRA DE MACUMBEIRO!
No meu Egbé, governado por mulher…
Iyá Nassô é Rainha do Candomblé!
Por Matheus Morais e Rhyan de Meira. Fotos: Allan Duffes
Foi com quadra lotada que a Unidos de Padre Miguel definiu seu samba para 2025. A direção da escola anunciou uma ação inédita: a união dos sambas dos compositores Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Miguel Dibo e Cabeça Do Ajax com o samba da parceria de Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo para formar uma única obra para 2025. * OUÇA AQUI O SAMBA DA UPM PARA 2025
A diretora de carnaval, Lara Mara, comentou sobre a decisão. “Essa junção é uma forma de celebrar a diversidade e a união do nosso samba. Queremos que a força dos dois sambas se transforme em algo ainda mais poderoso”, afirmou Lara Mara, diretora de carnaval da UPM.
Os compositores Chacal do Sax e Diego Nicolau festejaram a conquista das parcerias com a junção dos sambas-enredo pela direção da Unidos de Padre Miguel. “O sentimento é de alegria, gratidão, uma escola que eu amo de paixão, e estou muito feliz dessa junção. O samba 13 também é maravilhoso, a junção ficou perfeita. Aqui na UPM eu participei quatro vezes, e estou ganhando a terceira vez”, disse o compositor Chacal do Sax.
Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO
“Emoção imensa ganhar. Fui cantor aqui, nunca tinha feito samba para UPM, voltei como compositor e venci. A escola optou por uma junção e está lindo. A Vila Vintém merece um grande samba. A comunidade merece muito essa volta ao Grupo Especial. É muito forte. Estou muito feliz de fazer parte disso tudo”, comentou o compositor Diego Nicolau.
A escola, que retornará à elite do carnaval carioca após 52 anos, levará para a Marquês de Sapucaí o enredo Egbé Iyá Nassô, de autoria dos carnavalescos Alexandre Lousada e Lucas Milato. O enredo promete uma viagem pela história e tradição afro-brasileira, ao destacar o legado de Iyá Nassô e o papel fundamental do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, considerado o mais antigo templo afro-brasileiro ainda em funcionamento.
Bruno Ribas enaltece volta da cantora Lissandra
Experiente no carnaval, o intérprete Bruno Ribas respondeu sobre o sentimento de estar com a Unidos de Padre Miguel no Grupo Especial. Ele também falou da volta da cantora Lissandra, que estava no Salgueiro, e volta para equipe do carro de som do Boi Vermelho da Vintém.
“A experiência é das melhores. Não consigo nem descrever a satisfação que é crescer junto com essa escola ao longo de tanto tempo, desde os anos no Grupo de Acesso. Festejo também a volta da Lissandra. Ela é o nosso pilar. É quem comanda o nosso carro de som com muita dedicação e competência. Cito também o Júlio Assis, que é o nosso diretor musical, o trabalho dele é essencial, impecável, é um cara fantástico”, afirmou Bruno Ribas.
Lara Mara: ‘Nós merecemos muito o que estamos vivendo’
Cria da Vila Vintém, Lara Mara, diretora de carnaval, citou a emoção de pisar na quadra na final de samba para o desfile no Grupo Especial, citou o andamento da produção no barracão e prometeu uma performance cheia de energia na Sapucaí.
“Eu sou cria dessa escola, desse chão. Tenho uma paixão enorme pela UPM, e ver a escola alcançar esse nível é a realização de um sonho. Hoje, quando entrei na quadra, passou um filme na minha cabeça. Eu acredito que Deus não atrasa e nem falha, tudo acontece na hora certa. Nós merecemos muito o que estamos vivendo. Eu acho que estamos empreendendo e fazendo um belo trabalho. Estou muito feliz com tudo o que está sendo feito, e acredito que não vamos nos decepcionar. Estamos com muita garra. Abrir um desfile é um grande espetáculo. Quando você faz a abertura de um show, especialmente do carnaval, está trazendo a energia que vai definir o tom do evento. Eu acredito que 2025 vai ser grandioso. As fantasias estão deslumbrantes, verdadeiros escândalos! E quanto às alegorias, vocês sabem que o Alexandre Louzada sempre traz coisas exuberantes e grandiosas e tem a parceria com o Lucas Milato. Temos que manter a energia em alta, com fogo no coração. Nosso samba é aguerrido, alegre, conta a história de Iyá Nassô, e, principalmente, celebra a comunidade da Vila Vintém”, afirmou a dirigente.
Ao lado da filha Lara Mara, Cícero Costa comanda a direção de carnaval da Unidos de Padre Miguel. Ao CARNAVALESCO, ele falou do trabalho para o desfile do ano que vem.
“Podem esperar uma escola aguerrida, valente, sem medo de ser feliz. A gente está trabalhando para que possamos abrir os desfiles jogando sarrafo lá no alto, como vem dizendo por aí no mundo do samba. Temos um samba valente. Sobre o desfile o que vamos mudar em relação aos anos anteriores é que teremos a vontade será ao cubo. Quem já conhece o trabalho da UPM, somado mais o trabalho do Louzada com o Lucas Milato pode esperar alegorias imponentes e alegorias bem acabadas. O trunfo é a comunidade, que é o forte, o pilar da Unidos de Padre Miguel, é a sua comunidade”, disse o diretor.
Ensaios de rua no início de novembro
O diretor de harmonia, Marcelo Marques, projetou o início dos ensaios, após o samba-enredo escolhido e também falou sobre o número de alegorias que a vermelho e branco levará para Sapucaí no ano que vem.
“A diferença para o Grupo Especial é grande. A gente estava acostumado a desfilar, como uma gigante no Acesso. Hoje, eu digo que a gente está engatinhando no Especial, é uma luta bem maior, mas a Unidos já é uma escola que faz carnaval gigante. A luta é grande, mas a gente está se preparando bem. Teremos seis alegorias e três tripés. Provavelmente, no início de novembro, vamos iniciar nossos enredos de rua. Estamos felizes com o nosso samba. Ele tem garra, boa melodia, o refrão é forte, a obra possui todas as características para impulsionar a escola na avenida”.
Casal não vai perder a essência
Com a responsabilidade de dançar no Grupo Especial, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da UPM, Vinícius e Jéssica (já dançou no grupo pela Renascer de Jacarepaguá), está trabalhando a todo vapor, com muito foco em apresentar a dança tradicional do quesito, que é tão pedida pelos julgadores.
“A essência a gente não pode perder. Ela é a mesma. Mas, é um sonho realizado. Poder estar no grupo especial com a nossa escola. É algo que a gente se emociona. Sempre que a gente sai de qualquer evento, lembra que está no Grupo Especial com a nossa escola. Esse sentimento é muito bom ter. É um sentimento novo. Agora, com o samba escolhido, a gente vai começar a preparar a coreografia. A gente sempre estuda todo ano os casais. Temos essa preocupação. Mas, estamos com uma coreógrafa (Vânia Reis) maravilhosa. Confiamos muito no trabalho dela”, comentou a porta-bandeira.
“O coração está mil por hora. Eu vim falando com a minha porta-bandeira: ‘Jéssica, é minha primeira final no Grupo Especial’. Todo evento que tem aqui, eu não sei decifrar. Eu não sei explicar porque eu vivi aqui. Aqui é minha escola, é minha casa. A gente batalhou muito por esse momento. Qualquer coisa que eu vá dizer não é o suficiente perante a tudo que eu estou vivendo. É a minha escola. O que a gente pode mudar para o Grupo Especial é dançar mais, treinar mais. Eu costumo brincar com a minha porta-bandeira que não mudou, é o mesmo lugar de desfile. Claro, com mais rigorosidade. Mas a gente está se preparando bem para isso, e o nosso caminho é a tradição. Vamos seguir a tradição”, garantiu o mestre-sala.
Comandante da bateria “Guerreiros”, mestre Dinho falou ao CARNAVALESCO do trabalho na UPM para o desfile de 2025.
“A gente vai fazer um grande carnaval. Na verdade, a UPM já faz grandes carnavais, desde o Acesso. Isso gera o espelho para o Especial. Pode ter certeza que nós vamos chegar lá grandiosos, bonitos e organizados. Não vou mudar nada bateria. Eu já desfilo com 250 ritmistas desde 2012”.
Novidade na UPM para o desfile de 2025, o coreógrafo Sérgio Lobato comandará a comissão de frente no ano que vem. O artista falou do trabalho na escola.
“Com a experiência também de um tempo trabalhando, primeiro precisamos buscar algo que seja impactante e com sentido, junto com o enredo, com a escola, mas também com a beleza e poesia; com uma dança muito envolvente, com atrações a cada minuto. Eu normalmente já começo a pensar em testes da coreografia antes de escolher o samba. Depois eu vou encaixando melhor quando o samba for escolhido. A gente vai fazer o melhor possível no sentido de ir para o público, para o espectador, mas ainda estou estudando algumas coisas. A ideia é sempre trazer algo mais compactado, que possa ser 360 graus de visão, a nível de altura de prismas”.
Veja apresentações das parcerias na final
Parceria de Thiago Vaz: Fez uma apresentação arrebatadora na final. Igor Sorriso, maestro da obra, conduziu muito bem o samba na parceria com Tem-Tem Jr. O apoio de cantores foi impecável. Todos muito sincronizados e “cantando com a alma”. A obra possui versos impactantes e muito bem trabalhados na melodia. Além disso, uma das maiores virtudes é contar o enredo com excelência. A segunda parte é uma obra-prima. Muito merecido ter a maior parte do samba campeão na obra de Thiago Vaz e parceiros.
Parceria de Chacal do Sax: A cantora Lissandra deu um espetáculo de interpretação no início da apresentação. Tinga, como sempre, um monstro nas disputas de samba. Aula máxima. O refrão principal, que tem o verso “Vila Vintém é terra de macumbeiro” não poderia ficar fora do samba vencedor. Sem dúvida, acrescentará grande potência para o desfile do Boi Vermelho da Vintém.
Parceria de Jefinho Rodrigues: Wander “A Voz” Pires conduziu muito bem o samba. A obra é forte, valente e mostrou na final que tinha totais condições de também vencer o concurso. A torcida cantou o tempo inteiro. Uma apresentação cheia de vigor e que deixou no ar uma grande dúvida no público que estava na quadra sobre o resultado. Comprova a grande final de samba feita pela UPM.
O candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, Alexandre Ramagem, concedeu entrevista ao CARNAVALESCO onde apresentou suas respostas aos questionamentos da nossa reportagem sobre suas ideias e propostas para o carnaval. O candidato reconheceu a festa como um importante motor econômico e cultural da cidade. Ramagem afirmou que o evento deve ser tratado como um movimento contínuo e não apenas uma festa sazonal. Ele defendeu a ampliação do empreendedorismo no setor para fomentar a economia, destacando que o carnaval movimenta bilhões de reais e gera milhares de empregos.
Ramagem também apresentou propostas para fortalecer a infraestrutura do carnaval, como a expansão da Cidade do Samba e a melhoria das condições ao redor do Sambódromo. Ele prometeu aumentar a subvenção das escolas de samba e integrar a Região Metropolitana no planejamento cultural, trazendo mais investimentos para o carnaval. Além disso, propôs medidas para equilibrar o impacto dos megablocos de rua na cidade, com rotas estratégicas e maior organização, visando criar um ambiente temático que envolva o Rio de Janeiro durante todo o período carnavalesco. Confira a íntegra da entrevista com Alexandre Ramagem.
O carnaval é o principal evento da cidade do Rio de Janeiro e traz um retorno em impostos que ajuda o município o ano todo. Eleito prefeito, como você pretende fomentar o maior evento cultural da cidade?
“Eu sou um admirador do carnaval do Rio. O meu pai torcia pela Imperatriz Leopoldinense, eu frequentei muito a quadra do Salgueiro e a minha esposa Rebeca também gosta muito do carnaval. Então tentamos sempre aproveitar um pouco a Marquês de Sapucaí, assistir os desfiles das escolas de samba.
Para mim, carnaval é prioridade de gestão e um importante agente cultural. Não podemos tratá-lo como algo esporádico, realizado em poucas semanas. Ele é um movimento cultural e tradicional, um produto muito importante para a economia. Defendo o empreendedorismo como forma de fomento à economia.
Cada vez mais o carnaval tem sido um grande mobilizador da economia, gerando empregos e promovendo a circulação de dinheiro na cidade. Foram movimentados R$ 5 bilhões no carnaval deste ano. Ao todo, R$ 500 milhões de impostos no setor de turismo arrecadados, geração de 50 mil empregos diretos.
No meu governo, o programa Cultura Carioca vai proporcionar a capacitação de profissionais de comunidades do Rio para atuação em escolas de samba, além de formar artistas, técnicos e gestores culturais, que serão empregados não só no carnaval, mas também em outros grandes eventos. Desde já o nosso governo vem se debruçando sobre o carnaval, entendendo todos os detalhes para melhorar a gestão dessa festa e tratá-la com o destaque que merece”.
As obras da Cidade do Samba 2 já começaram. Mas são muitas agremiações em outros grupos que não tem um teto digno para construir seu carnaval. Sua candidatura tem proposta para essas comunidades?
Nós temos que oferecer condições para as agremiações produzirem os melhores desfiles, seja no Grupo Especial, seja na Série Ouro, com a Cidade do Samba 2, seja nos grupos da Intendente Magalhães. Mais do que as escolas do Grupo Especial, que conseguem construir os seus desfiles e têm uma estrutura para isso, as pequenas escolas precisam de incentivos e apoio.
Precisamos criar ambientes e cuidar dos que já existem. A Cidade do Samba, na Zona Portuária, é maravilhosa, mas está subaproveitada. O potencial da área é enorme, mas os investimentos não foram bem feitos. Precisamos dar um pontapé inicial para que a região se desenvolva mais, dar incentivos fiscais e fazer com que as empresas cheguem, que o comércio se fortaleça, ocupar a região. Vamos trazer bares e restaurantes, e assim a Cidade do Samba pode ser uma Lapa diferente. Há projetos para isso. Vamos trabalhar e fazer”.
O Sambódromo completou 40 anos em 2024. Obras de infraestrutura no local são pedidas há anos. Há previsão de alguma intervenção?
O entorno do Sambódromo está muito aquém do espetáculo que ele recebe. O lado ímpar, por exemplo, tem muitos problemas de mobilidade, iluminação e segurança. Já o lado par também tem questões complexas, como o acesso dificultado. Acreditamos que, trabalhando em conjunto com a Liesa, com o Governo do Estado e com as escolas de samba e entendendo as demandas, podemos tornar muito mais agradável a chegada ao Sambódromo.
O asfalto precisa ser melhorado para que as alegorias circulem melhor. Na dispersão, são comuns os relatos de assalto. Então precisamos atuar para melhorar a segurança. São detalhes que não estão recebendo a atenção necessária e que podem fazer diferença na experiência de quem vai até a Marquês de Sapucaí e merece esse cuidado por parte da prefeitura do Rio”.
A subvenção para as escolas de samba será mantida na sua gestão? Há previsão de aumento? Você pensa em usar as quadras das agremiações para atividades e projetos sociais da prefeitura?
“Não apenas mantida, mas aumentada. O Rio de Janeiro é uma cidade com um orçamento em torno dos R$ 40 bilhões, aumentando cerca de 10% a cada ano. Há espaços para mais investimentos em entretenimento, cultura e eventos. Vamos conversar, estabelecer diálogos e entender a melhor maneira de fazer.
Hoje, a prefeitura do Rio precisa trazer toda a Região Metropolitana para o debate. Quantas escolas de samba hoje são de fora da cidade? Temos três, de Nilópolis, Duque de Caxias e Niterói. Então precisamos trazer os municípios juntos e aumentar ainda mais esses investimentos. Lógico que o Rio vai ficar responsável pela maior parte, por ter um orçamento maior. Mas vamos ouvir, dialogar e interagir. Não se pode pensar na cidade do Rio de maneira isolada.
Nós vamos trabalhar para que os ganhos das vendas de ingressos venham como retorno para investimentos futuros no ano seguinte. Hoje, sabemos que um desfile de escola de samba, para ser competitivo, não custa menos do que R$ 15 milhões. Dos quase R$ 10 milhões repassados às escolas no último carnaval, pouco mais de R$ 2 milhões vêm da prefeitura. Podemos mais”.
Quais as suas ideias para o fomento do carnaval de rua e como equilibrar os megablocos durante o carnaval com a vida da cidade?
“Equilibrar grandes blocos de carnaval com o cotidiano da cidade é um desafio que exige planejamento e alinhamento entre organizadores, autoridades e moradores. Vamos pensar em rotas de menor impacto no trânsito e em horários e locais adequados, evitar a concentração de blocos em uma mesma área, aumentar as equipes de segurança e limpeza e dialogar com a comunidade.
O carnaval de rua é uma expressão popular, democrática, um direito de todos os cariocas que tomam esses espaços para celebrar. Assim, a prefeitura precisa preparar e adaptar toda a infraestrutura urbana para acomodar esses eventos de forma integrada e funcional. Muito além de segurança, mobilidade e sinalização, precisamos envelopar o Rio de Janeiro, assim como acontece em outras cidades do mundo durante grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíada. Aeroportos, ruas, ônibus, outdoors… tudo criando um ambiente temático que faz com que as pessoas vivam o carnaval a todo momento.
Turismo é a cara do Rio. É a força motriz da cidade, a qual fortalece toda a indústria de serviços. Somando todo esse trabalho à zeladoria, organização, segurança e ordem pública, o carnaval só tende a brilhar ainda mais”.
A temporada de ensaios técnicos para o Carnaval SP 2025 já tem data para começar. A partir do dia 18 de janeiro, as 32 escolas de samba filiadas à Liga-SP passam pelo sambódromo do Anhembi. Ao todo, são mais de 50 ensaios técnicos abertos ao público, com entrada gratuita, de quinta a domingo. A grade de ensaios está sujeita à alteração.
17h50 – RAÍZES DO SAMBA
18h40 – UNIDOS DE SÃO LUCAS
19h40 – VAI-VAI
20h45 – COLORADO DO BRÁS
21h50 – IMPÉRIO DE CASA VERDE
22h55 – BARROCA ZONA SUL
19/01 – Domingo
17h50 – X-9 PAULISTANA
18h50 – ROSAS DE OURO
19h55 – ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO
21h00 – CAMISA VERDE E BRANCO
25/01 – Sábado
17h00 – IMPERATRIZ DA PAULICÉIA
17h50 – UNIDOS DE VILA MARIA
18h40 – TOM MAIOR
19h40 – ÁGUIA DE OURO
20h45 – CAMISA VERDE E BRANCO
21h50 – BARROCA ZONA SUL
22h55 – VAI-VAI
26/01 – Domingo
17h00 – CAMISA 12
17h50 – MOCIDADE UNIDA DA MOOCA
18h50 – IMPÉRIO DE CASA VERDE
19h55 – MOCIDADE ALEGRE
21h00 – MANCHA VERDE
31/01 – Sexta-feira
21h35 – NENÊ DE VILA MATILDE
22h40 – COLORADO DO BRÁS
01/02 – Sábado
17h00 – TORCIDA JOVEM
17h50 – DOM BOSCO DE ITAQUERA
18h40 – UNIDOS DE SÃO LUCAS
19h40 – ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO
20h45 – ACADÊMICOS DO TUCURUVI
21h50 – GAVIÕES DA FIEL
22h55 – ROSAS DE OURO
02/02 – Domingo
17h00 – PRIMEIRA DA CIDADE LÍDER
17h50 – INDEPENDENTE TRICOLOR
18h50 – ACADÊMICOS DO TATUAPÉ
19h55 – DRAGÕES DA REAL
21h00 – MANCHA VERDE
08/02 – Sábado
17h00 – UNIDOS DO PERUCHE
17h50 – X-9 PAULISTANA
18h40 – UNIDOS DE VILA MARIA
19h40 – ÁGUIA DE OURO
20h45 – MANCHA VERDE
21h50 – BARROCA ZONA SUL
22h55 – CAMISA VERDE E BRANCO
09/02 – Domingo
17h00 – PÉROLA NEGRA
17h50 – MOCIDADE UNIDA DA MOOCA
18h50 – ACADÊMICOS DO TATUAPÉ
19h55 – COLORADO DO BRÁS
21h00 – GAVIÕES DA FIEL
14/02 – Sexta-feira
21h35 – NENÊ DE VILA MATILDE
22h40 – VAI-VAI
15/02 – Sábado
17h00 – IMPERADOR DO IPIRANGA
17h50 – DOM BOSCO DE ITAQUERA
18h40 – TOM MAIOR
19h40 – ACADÊMICOS DO TUCURUVI
20h45 – MOCIDADE ALEGRE
21h50 – GAVIÕES DA FIEL
22h55 – IMPÉRIO DE CASA VERDE
16/02 – Domingo
17h00 – MORRO DA CASA VERDE
17h50 – INDEPENDENTE TRICOLOR
18h50 – ROSAS DE OURO
19h55 – DRAGÕES DA REAL
21h00 – ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO
Os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo retornam ao sambódromo do Anhembi nos dias 22 e 28 de fevereiro, 1, 2 e 8 de março. A entrada para assistir às agremiações do grupo de Acesso 2, no sábado, 22 de fevereiro, é gratuita. Garanta um lugar em www.clubedoingresso.com/carnavalsp/
Na última quinta-feira, estreou em São Paulo, o espetáculo “Martinho, Coroação de Rei – o Musical”, com direção de Miguel Falabella, Jô Santana e dramaturgia de Helena Theodoro. A apresentação da obra, que ocorreu no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, foi realizada para convidados. O público poderá acompanhar o musical a partir desta sexta-feira. Fato é que é um lindo espetáculo. As encenações retratam a vida de Martinho corretamente. Quem é fã do sambista, sairá do local ainda mais apaixonado. Quem é apenas um admirador, com certeza irá virar fã de carteirinha. O espetáculo retrata bastante a negritude de Martinho, a ancestralidade e a África com a cultura nacional. Danças afros, músicas com instrumentos do continente e orixás dão o tom do show.
O espetáculo é feito em vários momentos. Começa com um griô exaltando a África e, após, os atores que interpretam Martinho da Vila entram em cena o tempo todo. Todos atuam de forma brilhante, mas vale destacar o ator Alan Rocha, que reproduz uma voz idêntica a do homenageado, além da aparência lembrar o músico nos anos 1970 e 1980.
Todos sabem da forte ligação que Martinho da Vila tem com a escola de samba Unidos de Vila Isabel. Por isso, um ator representando Noel Rosa, icônico personagem do bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, também aparece para contar em forma de ‘setores de desfile’. Ele se manifesta na figura de um anjo, mas com uma personalidade caricata. A atriz, que simboliza a mãe do homenageado, Teresa de Jesus, diversas vezes entra em cena.
Há muitas outras coisas, vários sucessos do artista são cantados e outras encenações importantes da vida de Martinho são mostradas. Encerrando o musical teve uma roda de samba com presença das filhas Mart’nália, Analimar Ventapane e Maíra Freitas, além da neta Dandara Ventapane fazendo parte do elenco do musical. Vale destacar que a obra estará disponível para o público em geral a partir desta sexta-feira e terá o seu encerramento na próxima segunda-feira.
“É lindo. Fazer esse espetáculo é muito bonito, trazer Martinho para luz é muito importante. Essa africanidade que ele traz eu tentei recriar no palco. É um ícone do Brasil, está tudo no espetáculo e com certeza as pessoas devem assistir”, disse o diretor Miguel Falabella.
Exaltando a negritude
O ator Jô Santana é especialista em produzir musicais em tributo a artistas, trabalhando pela empresa Fato Produções Artísticas. De acordo com um dos responsáveis pela obra, foi um trabalho grandioso e é uma honra falar sobre a história do Brasil junto com Martinho. “É uma honra contar a história do Martinho. Fazer isso é contar a história do Brasil. Fazer esse recorte. É contar a nossa ancestralidade, como está no espetáculo. Não dá para contar a história do Martinho, a história do Brasil, sem falar do negro. É um trabalho muito grandioso que foi feito no coletivo, com a direção do Miguel Falabella e da nossa querida assistente, Iléa Ferraz”, declarou.
Outra profissional que atuou na linha de frente do projeto, Iléa Ferraz, falou sobre a importância de tudo que envolve Martinho da Vila, sobretudo a África com o Brasil. “Falando da dramaturgia, da construção deste musical, é beber das raízes da África para trazer a história do Martinho, trazendo também a história do Brasil, ressignificando a partir da ótica de um homem negro que trouxe a realeza. É contar a história negra de uma maneira muito positiva, trazer as raízes, todas as grandes influências da cultura popular, trazer a folia de reis, trazer os itans, as lendas africanas para contar a história desse grande brasileiro que fez a obra dele um caminho para se falar sobre África e sobre o Brasil. A dramaturgia se centra exatamente nisso, onde a África é o berço do mundo e da cultura brasileira”, explicou.
A diretora explicou os ensaios e a exigência que um artista deve ter para trabalhar em uma peça deste tamanho. “Normalmente, o ensaio musical dura dois meses. Foram aproximadamente 70 dias de muita dança, muita atuação, muita música, muita pesquisa, muita conversa e muitos ensaios. Um artista de musical tem que cantar, dançar e atuar com excelência. A exigência é muito grande. Você tem que ser forte em todos os sentidos”, contou.
Iléa exaltou o talentoso elenco estrelado quase que inteiramente por pessoas negras e, de acordo com ela, é de honraria ver pessoas dessa importância crescendo cada vez mais no ramo. “É um elenco extraordinário. É lindo ver uma geração nova de atores negros galgando nesse caminho do musical. O Brasil é o quinto país que mais produz musicais no mundo. A presença do artista negro está realmente chegando agora, e a Fato Produções é muito responsável por isso, porque ela tem contado as nossas histórias. Tem inserido as histórias dos grandes personagens negros nos musicais. É uma grande honra e eu fico muito feliz. Eu como uma artista mais velha, ver essa geração de artistas negros e potentes, tem sido muito gratificante”, comentou.
Ótimo elenco e emoção de assinar primeira obra
O coreógrafo da peça, Rafael Machado, relatou emocionado que o musical do Martinho é a primeira obra que ele assina oficialmente, apesar de ter feito vários outros trabalhos. O dançarino contou suas experiências para se inspirar na feitura do tributo. “A emoção é imensa, porque é a primeira vez que eu assino a coreografia de um musical, depois de 18 musicais na minha carreira. É fantástico falar de Martinho, sobre essa cultura preta maravilhosa que é a minha. Outro dia me perguntaram como foi a inspiração. Digo que foi a minha vida toda. Eu fiz dança de salão, estudei ballet, dança afro, jazz e está tudo aí embasado na obra genial do Miguel Falabella e Jô Santana, alicerçado pela mestra Helena Teodoro… Mas é muita emoção. Eu fui pai agora também. Tem sido fantástico na minha vida”, destacou.
Rafael diz que os ensaios foram fortes, visto que há muita dança na apresentação. Houve participações de outras pessoas, segundo o coreógrafo. “Foi pesado, porque é um espetáculo bem dançante. A gente teve duas semanas só de dança. Tivemos aula com a Tainara, tivemos aula com a Geisa Ruiz de ballet… E aí é muita dança. Ensaiamos dois meses e duas semanas, mais ou menos. Mas é um elenco muito maravilhoso. Foi delicioso”, contou.
O profissional agradeceu profundamente o seu elenco, exaltando a qualidade de todos os envolvidos. “O bom é a gente ter o privilégio de trabalhar com gigantes. Nós temos no elenco pessoas gigantes. Eles são generosos, talentosos, valentes, disponíveis. Aí fica fácil trabalhar. Agradeço muito a eles”, afirmou.
Revolução do samba e grandes elogios à obra
O evento contou com uma presença ilustre do mundo do carnaval. O ex-intérprete e ex-presidente do Vai-Vai, Thobias da Vai-Vai, compareceu para assistir ao espetáculo. Um dos maiores cantores de samba-enredo que já passou pela Tiradentes e Anhembi elogiou o teatro. “Eu quero fazer aqui o meu elogio pela iniciativa do Jô. Eu pude vir em todos os musicais que ele fez, desde o primeiro, que foi sobre o Cartola. Eu fiquei sabendo antes, quando ainda era um projeto na cabeça dele e torci muito para dar certo. Ele fez o primeiro, o segundo e aí chegamos aqui no Martinho da Vila. Para mim o samba é dividido em duas partes: Antes e depois do Martinho da Vila. É um sambista diferenciado, é um homem que colocou o nosso samba em outro patamar de A a Z. Todo mundo gosta e conhece o Martinho. É sucesso nacional e internacional. O arranjo dessa produção está muito bonito. O Miguel Falabella e o Jô fizeram uma dobradinha muito legal”, disse.
Thobias é um grande admirador de Jamelão. O saudoso intérprete carioca foi retratado em determinado momento da peça junto com o ator de Martinho. O vai-vaiense aprovou a atuação e disse que voltou no tempo. “Eu estou fazendo um tributo ao Jamelão, que eu convivi com ele há alguns anos. Foi o meu incentivador, sempre me respeitou e eu sempre respeitei. A gente teve algumas histórias muito engraçadas juntas. Foi muito legal a interpretação do ator fazendo o Jamelão. Passou um filme na minha cabeça”, contou.
Apesar de todos os elogios, o cantor lamentou a falta de reconhecimento que o samba tem sofrido. Segundo Thobias são muitas promessas que não saem do papel, além da falta de apoio para fazer mais espetáculos como o tributo ao Martinho da Vila. “Infelizmente a gente não tem esse reconhecimento todo. Eu fico vendo esse elenco maravilhoso e falo como o nosso povo é talentoso. Eu vejo muito discurso, mas poucas ações. Tem essa história de ‘não basta não ser racista, tem que ser antirracista’, mas na hora de procurar apoio para poder desenvolver a sua arte, é complicado. A nossa cultura é muito rica, mas o que falta é investimento”, finalizou.
SERVIÇO
Teatro Sergio Cardoso – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Bilheteria física do teatro sem taxa de conveniência
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 14h às 19h. Em dia de espetáculo, das 14h até o horário de início da sessão.
Contato: (11) 3288-0136
Bilheteria on-line: www.sympla.com.br
Reservas para grupos: [email protected]
Classificação: 16 anos
Sessões
Sexta-feira e segunda-feira, às 20h00
Sábado, às 15h e às 20h
Domingo, às 16h
VALOR DE INGRESSO
Setor Canta, Canta, Minha Gente
R$ 15,00 e R$ 60,00
Setor Casa de Bamba
R$ 100,00 e R$ 200,00
Setor Tom Maior
R$150,00 e R$75,00
Reconhecer o comprometimento com a promoção da cultura e dos direitos fundamentais das crianças é o objetivo da entrega de moções para as escolas de samba mirins do Rio de Janeiro na solenidade “Tem Criança no Samba”, que vai acontecer na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na próxima segunda-feira, dia 23 de setembro, às 18h. Promovido pela vereadora Thais Ferreira (PSOL/RJ), o evento vai homenagear os diretores das seguintes agremiações: Mangueira do Amanhã, Herdeiros da Vila, Tijuquinha do Borel, Aprendizes do Salgueiro e Virando Esperança.
Foto: Hanna Beyla/Divulgação Riotur
É importante destacar que a solenidade tem também como proposta ressaltar o papel fundamental na organização e no desenvolvimento de atividades das escolas de samba mirins. Tal iniciativa se deve ao fato das atividades realizadas ao longo dos anos que enriquecem a vida cultural das crianças, proporcionando momentos de aprendizado, expressão e alegria. Compondo a mesa de homenagens do evento como convidado de honra estará Manoel Dionísio, presidente e fundador da 1ª Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte do Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que assim como no futebol, as escolas de samba mirins do Rio de Janeiro são reconhecidas como celeiro de talentos. Elas são um tipo de agremiação recreativa e cultural, semelhante a uma escola de samba tradicional, mas voltada para crianças. Além disso, geralmente são ligadas a uma escola mãe e costumam ter cunho social, a fim de ocupar as crianças com atividades sócios-culturais.
Serviço: Solenidade “Tem Criança no Samba”
Data e horário: 23/09 às 18h
Local: Câmara Municipal do Rio de Janeiro- Praça Floriano, S/N- Centro