A Estação Primeira de Mangueira promoveu um verdadeiro espaço de imersão durante a “Noite dos Enredos”, na última sexta-feira, na Cidade do Samba. A agremiação realizou oficinas de tranças e turbantes, ofereceu quitutes ao público presente e ainda disponibilizou três protótipos de fantasias do próximo carnaval. Além de exaltar a negritude carioca, a proposta foi revelar para a comunidade uma amostra de como será o trabalho artístico da escola, segundo o carnavalesco Sidnei França. Em 2025, a Verde e Rosa levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
“Para esse momento, a ideia foi trazer uma surpresa principalmente para a comunidade da Mangueira presente, que tem uma ansiedade de saber como o novo carnavalesco trabalha e pensa”, explicou o artista.
Os três protótipos de fantasia – nas cores verde, rosa e branco – ficaram expostos em uma tenda, em frente ao barracão da escola. Qualquer pessoa podia entrar, no entanto, filmagens e fotos não eram permitidas. Sidnei explicou que os figurinos retratam momentos diversos do desfile e contam, com a cara e essência de Mangueira, a narrativa do enredo.
Foto: JM Arruda/Divulgação Mangueira
“Propositalmente, escolhi três fantasias pela cromática e narrativa. A verde fala sobre o quiabo: quem come quiabo não pega feitiço, que tem tudo a ver com a tradição bantu de enxergar no alimento o seu fortalecimento e sua proteção. Também temos uma fantasia que fala sobre o porquê das pessoas se vestirem de branco no Réveillon – isso também vai estar no enredo da Mangueira nesta fantasia. Por último, a fantasia do sopro da vida: ela vem no setor das inquices e da africanidade espiritual”, detalhou o carnavalesco.
Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO
E o angú e caruru, tradicionais quitutes da culinária afro-brasileira, levaram ao público um gostinho do que a Verde e Rosa vai contar na Passarela do Samba.
“As casas de zungus eram tradicionalmente, na Pequena África, espaços de sociabilização preta do Rio antigo. Estamos procurando exaltar a veia preta do Rio contemporâneo através das heranças Bantu”, contou.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA) iniciou nessa segunda-feira (2), na sede da entidade, uma série de encontros para debater o julgamento do Carnaval. O primeiro dia de simpósio reuniu jurados do último desfile do Grupo Especial e representantes das agremiações para realizar reflexões sobre os quesitos Enredo e Alegorias e Adereços.
“Essa é uma ótima oportunidade para que os profissionais envolvidos possam debater a possibilidade de melhorias no julgamento dos próximos anos”, ressaltou o presidente da Liesa, Gabriel David.
“O intuito é permitir um julgamento que se aproxime da realidade, visando o resultado mais justo possível”, completou o coordenador de jurados da Liesa, Thiago Farias.
Vale ressaltar que o corpo julgador para 2025 ainda não está definido. A coordenação recebeu, durante o mês de julho, currículos de novos profissionais interessados em participar e está em fase de análises.
Ao longo deste mês, todos os quesitos passarão pelo simpósio.
Nesta terça-feira, a Grande Rio dará início a seu concurso de samba-enredo para o Carnaval 2025. Dezoito obras foram inscritas na última segunda-feira, 26 de agosto, sendo nove do Rio de Janeiro e nove do Pará, em parceria com as agremiações do Grupo Especial, sob a liderança da ESA. A apresentação dos sambas cariocas será na quadra da escola (Rua Almirante Barroso, nº 5 – Centro de Caxias), a partir das 20h. Entrada franca.
Thiago Monteiro, diretor de Carnaval da Grande Rio, celebrou a excelente safra de sambas-enredos. A escola terá um grande desafio para o próximo carnaval.
“Estou muito feliz e satisfeito com a safra de sambas deste ano. Os compositores entenderam o a sinopse, mergulharam nas encantarias e apresentaram excelente obras. Essa disputa vai dar trabalho, mas como falamos aqui, ‘um trabalho bom’. Aproveito para agradecer a todos que se inscreveram. A escola está muito orgulhosa de ter recebido tanto samba bom”, comemorou Monteiro, que foi quem teve a ideia de fazer uma seletiva de sambas no Pará.
No Rio, a disputa de samba será sempre às terças-feiras, às 20h. No dia 7 de setembro, haverá uma seletiva no Pará, nesta etapa os dois sambas campeões seguirão direto para a semifinal, no Rio de Janeiro, no dia 24 de setembro.
No ano que vem, a Grande Rio levará para a Avenida o enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.
O Museu do Samba e a empresa de turismo Rio Samba Bus lançam no dia 7 de setembro (próximo sábado) um passeio turístico e cultural inédito para cariocas e turistas. Batizado de Tour do Samba, a atração combina um passeio em ônibus panorâmico (aberto, sem teto e sem janelas) que sai de Copacabana com destino ao Museu do Samba, na Mangueira, tendo pelo caminho duas paradas obrigatórias para entender a cultura afro-brasileira e a história do samba: o Cais do Valongo, na Zona Portuária, e o Sambódromo, palco dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Foto: Leandro Mendes/Divulgação
No Museu do Samba, os turistas participam de uma grande vivência, com visita às exposições interativas sobre a história do gênero e suas grandes personalidades, assistem a uma apresentação de ritmistas e passistas e, no final, degustam uma feijoada, prato típico da gastronomia das agremiações carnavalescas e rodas de partido alto. O ônibus panorâmico conta com guia, passistas e trilha sonora temática. O Tour do Samba tem duração aproximada de 4h30min, com saída às 10h30 do Shopping Cassino Atlântico, na rua Francisco Otaviano s/n, em Copacabana. O ingresso individual custa R$ 190 e está á venda no site www.riosambabus.com.br .
“Eu já acalentava há muito tempo o sonho de ter um tour pelos pontos de grande referência de nascimento do samba carioca e que levasse o turista a conhecer o samba na essência de suas formas de expressão, incluindo música, dança e gastronomia. Mas faltava o parceiro ideal, que tivesse a estrutura para essa logística e, ainda, uma visão cultural do turismo. Por meio de nossa conselheira Cátia Medeiros, que é do departamento feminino da Estácio de Sá e empresária, conseguimos chegar ao Rio Samba Bus, uma empresa jovem, inovadora e com DNA carioca”, afirma Nilcemar Nogueira, fundadora e diretora do Museu do Samba.
“Este produto é inédito e tem como foco compartilhar experiências através da cultura, da música e da história da nossa cidade. O Museu do Samba é uma instituição de referência, por isso acreditamos no sucesso dessa parceria. Trabalhamos para que o turista possa tirar o melhor proveito do seu passeio, aliando diversão com uma vivência autêntica e única, bebendo nas fontes em que o samba nasceu e se desenvolveu”, aposta Jorge Oliveira, sócio da empresa Rio Samba Bus.
Serviço
Tour do Samba – Rio Samba Bus
Data: 07/09/2024
Horário: 10h30min (saída) às 15h (retorno)
Ponto de embarque: Shopping Cassino Atlântico – Rua Francisco Otaviano s/n, Copacabana
Roteiro: Orla de Copacabana – Cais do Valongo (Zona Portuária) – Sambódromo (Marquês de Sapucaí) – Museu do Samba (Rua Visconde de Niterói, 1296, Mangueira)
Itens inclusos: ônibus panorâmico com guia, passista e serviço de bar (1 cerveja ou 1 drink); visita às exposições do Museu do Samba (“Samba Patrimônio”, “Aos Heróis da Liberdade”, “A força feminina do samba”, “Simplesmente Cartola”, “Dona Zica da Mangueira. Do Rio e do Brasil”); apresentação de ritmistas de escolas de samba; almoço com feijoada.
Ingresso: R$ 190,00
Onde comprar: www.riosambabus.com.br
A Acadêmicos de Niterói divulgou o seu enredo para o Carnaval 2025. A azul e branca da cidade sorriso levará a festa junina para a Marquês de Sapucaí em seu próximo desfile. Com o título “Vixe Maria”, o enredo será desenvolvido pelo carnavalesco Tiago Martins, renovado pela agremiação. A escola promete fazer dos seus componentes os verdadeiros quadrilheiros, que desembarcarão em Maracanaú, no Ceará, onde é realizado um dos maiores São João do mundo. O enredo trará as origens deste folguedo popular e a história de uma das festas mais populares do Brasil.
“Das festanças nos salões nobres da Europa até a chegada ao Brasil e a transformação em cortejo religioso. “Vixe Maria” é o título do nosso enredo, exaltando essa expressão nordestina. Podem esperar um desfile muito alegre, de bom gosto e falando da nossa gente. Será um Carnaval com todos os ingredientes brasileiros: festa, fé, cultura e diversão”, afirma Tiago Martins.
No carnaval de 2025, a Acadêmicos de Niterói será a 7ª escola a desfilar no sábado de carnaval, 1º de março, na Marquês de Sapucaí. A escola integra a Série Ouro da folia carioca, comandada pela Liga RJ.
Veja sinopse
Vixi Maria!
Olha quem vem chegando para a maior festa da cidade: a Acadêmicos de Niterói!
Cheia de balancê, an avant (ê), returnê. Chegou a hora do anarriê!
Essas palavras dão pistas das origens europeias de uma dança que move os brasileiros na
solenidade de São João. Ao contemplarmos a sua fogueira festiva, alguns afirmam recordar
que foi Santa Isabel quem a acendeu para anunciar o nascimento do filho. Aquele que traria a “boa-nova”, a vinda de Cristo.
O “luzeiro do anúncio”, símbolo representativo desse chamado, brilha na escuridão, abrindo a presença divina para o nosso festão.
Mas nem sempre foi assim.
Das festas pagãs das antigas civilizações, ligadas aos ciclos da natureza, diversos rituais foram apropriados pelo catolicismo e incorporados em celebrações nas cortes monárquicas do Velho Mundo. Nos séculos 18 e 19, o hábito de dançar quadrille fazia parte das animações na Europa. Era um costume entre os nobres franceses de se reunir em pares de homens e mulheres para uma dança com passos marcados.
Já a quadrilha, como dança e também como música, vai entrar para o repertório brasileiro após a chegada da família real portuguesa. Os instrumentos de orquestra passam a ser substituídos pela sanfona, triângulo e zabumba. Aqui, as festas juninas foram reinventadas e se tornaram uma exaltação das raízes caipiras.
Bolo de fubá, canjica, milho, paçoca, pamonha, pé de moleque, maçã do amor. Vinho quente e quentão. Chapéu de palha, camisa xadrez, calça com remendos. Bombinhas e rojões, fogos de artifício. Bandeirinhas coloridas penduradas em varais de barbante.
Tudo virou folclore, tradição.
Mesmo nascida em outro continente, as festas juninas assumiram uma identidade própria em território nacional. Virou um evento imperdível. Internacional. Como o meu, em Maracanaú (Ceará), o maior São João do planeta.
A festa popular também virou festa católica, a quermesse das igrejas acompanha alguns ritos e rituais.
Santo Antônio, por exemplo, é o casamenteiro.
São Pedro é quem controla o tempo.
São João traz a característica da fartura [que remete aos períodos de plantio e de colheita].
Para São José, levo meu arrasta-pé.
A “Padim Ciço”, garanto minha proteção.
A fé permeia a cultura. A religiosidade se mistura ao populário. Essa crença que se manifesta de forma tão singular e bela, tão simples e rica nas festas juninas, é a expressão de um desejo latente na alma de nossa gente que busca um mundo melhor, que nunca perde a fé e a capacidade de se divertir.
A devoção junina é a síntese da alegria do brasileiro de poder festejar e rezar.
“A fogueira tá queimando Em homenagem a São João O forró já começou Vamos, gente, rapa pé nesse salão”
Luiz Gonzaga – São João na Roça
Para a minha querida e eterna professora Rosa. Seus ensinamentos e histórias estarão comigo para sempre. Obrigado por tudo!
Carnavalesco Tiago Martins
A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, acompanhou mais uma etapa da disputa de samba-enredo da Portela para o Carnaval 2025. No próximo domingo acontece mais uma fase. *OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Cecília Cruz: A terceira obra da noite teve a assinatura dos compositores Cecília Cruz, Cláudio Cruz, Luciano Fogaça, Binho Gomes, Osmar Fernandes e Julio Pagé. A torcida marcou presença e mostrou o samba na ponta da língua. O intérprete Digão foi ótimo na condução do samba e foi um dos destaques da apresentação. Foi uma das melhores apresentações da parceria que contou com bastante garra do palco. O falso refrão do meio foi mais uma vez um grande destaque “Roda, gira, gira sol, onde mora outra manhã/Lá detrás do arrebol, raia a luz de oxalufã/Roda, gira, gira sol, onde o canto foi saudar/Nas Gerais, a voz de Deus, Epa Babá”. A entrada da segunda parte foi corrigida e fluiu muito bem, sendo perceptível essa fluidez nas quatro passadas. O refrão de cabeça mais uma vez foi ótimo “Em busca de um sonho a Águia voou/E um anjo negro nos abençoou/A nossa mania é ter fé no samba/Bituca, a Portela te ama”. A primeira parte do samba, mais uma vez, ficou nítida a bela melodia que a obra possui. Foi uma apresentação ótima do início ao fim, sendo um grande momento da noite.
Parceria de Vinicius Ferreira: O quarto samba da noite teve a assinatura dos poetas Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Wanderley Monteiro, Jefferson Oliveira, Bira, Hélio Porto & André do Posto7. A torcida marcou grande presença na quadra e foi bastante vibrante na passagem da obra. Wander Pires e todo o palco conduziram bem o samba. A virada melódica “Vem Marias, ogãs… liberdade tem” foi mais uma vez um dos destaques. A primeira parte do samba funcionou muito bem, sendo bem cantado pelo palco. Já na segunda, tem uma parte de impacto, na virada melódica “O sol no altar da manhã” verso que o portelense coloca as mãos para o alto. O refrão principal teve um rendimento muito bom “Qualquer maneira de amor vale a pena/você é um poema que a vida escreveu/O amor é por nós, tem timbre, tem voz/ E nasceu Milton pelas mãos de Deus”. Apresentação de qualidade da parceria e foi possível notar alguns segmentos cantando o samba.
Parceria de Jorge do Batuke: Jorge do Batuke, Neizinho do Cavaco, Feijão, Marcio Carvalho, Araguaci e Claudio Russo foram a quarta apresentação da noite. A torcida foi mais uma uma que marcou grande presença. Um dos melhores intérpretes da atualidade do Carnaval, Pitty de Menezes, fez falta na apresentação e coube ao talentoso cantor da Ilha, Tem-Tem Jr, comandar o palco, contando ainda com vozes potentes, Thiago Acácio, Tuninho Junior, Daniel Silva e Roberta Barreto. Os intérpretes arrancaram com tudo lá no 220 voltz e depois acalmaram quando entrou a bateria. Destaque principal vai para o falso refrão do meio, que provocou grande interação com a galera na quadra. A melodia do samba vai mudando a todo momento e isso fica perceptível durante toda a segunda parte da obra. O refrão principal mais uma vez funcionou e foi um dos destaques “No azul da romaria, na canjica da gamela/Sob a luz de oxalufã… Portela/E no andor do nosso povo a voz de Deus/ Se alguém tem um lugar ao sol… Sou eu”. Apresentação de qualidade da parceria que vem ganhando diversos adeptos na quadra. Foi possível notar segmentos cantando o samba de forma efusiva durante toda as quatro passadas.
Parceria de Mauro Diniz: O penúltimo samba da noite teve a autoria dos compositores Mauro Diniz, Pirique Neto, Antônio Pontes, Fabrício Fontes, Diego Nicolau, Fred Camacho e Francisco Aquino. A torcida marcou presença de forma mais tímida, comparando com as duas parcerias anteriores, mas que não comprometeu em nada a apresentação. Evandro Malandro cantou demais e conduziu o palco que estava entrosado e firme. A segunda do samba foi um destaque pois a melodia foi bem valorizada pelo palco e era perceptível os desenhos melódicos. O refrão principal foi mais cantado pela torcida e foi a parte de maior impacto da apresentação “Milton Nascimento/Brasileiro vencedor/Voa nas asas da águia/Que a Portela te veste de amor”. Foi uma apresentação valente da parceria.
Parceria de Valtinho Botafogo: O último samba da noite teve a assinatura dos compositores Valtinho Botafogo, Os Gêmeos, Madalena, Rodrigo Guerra, Lico Monteiro, Orlando Ambrosio e Marcelo Lepiane. A torcida marcou presença e foi uma das mais animadas da noite. O palco foi um dos destaques, pois contou com um Zé Paulo inspirado e cantores firmes no apoio. O samba teve um rendimento muito bom com destaque principal para o refrão principal “Solto a voz/Que o dia vai clarear/Meu povo em prece a cantar na procissão/ Quero chorar, sorrir, viver cada momento/Feito menino Milton Nascimento”. A cabeça do samba passou bem também como já de costume “Lá vou eu, cantar a liberdade/No trem da eternidade/A gente se encontra na estacao”. A segunda parte do samba tem versos importantes que chamam a torcida pra cantar “Ah meu coração de estudante a palpitar” e “Vai minha águia altaneira”. A parceria mais uma vez fez uma apresentação segura e com qualidade.
A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, acompanhou a primeira etapa da disputa de samba-enredo da Mocidade para o Carnaval 2025. No próximo sábado acontece mais uma fase. * OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Jojo Toddynho: A obra de Jojo Toddynho, Betô Corrêa, Rodrigo Medeiros, Cristiano Plácido, Guto Listo, Gilberto Monteiro, Wilson Paulino, Márcia Carvalho, Giácomo e Samir Trindade abriu a noite de eliminatórias com a participação da cantora cantando o refrão. Rafael Tinguinha foi o cantor do samba. Bem defendida, a obra traz alguns momentos bem interessantes, como o próprio refrão final e o início da segunda parte “Nasce um novo dia/o meu ziriguidum não foi ilusão”, sendo um dos destaques desta primeira noite.
Parceria de Jefinho Rodrigues: A obra de Jefinho Rodrigues, Arlindinho Cruz, Marquinho índio, Lauro Silva, Prof. Renato Cunha, Cleiton Roberto, Felipe Mussili e Igor Leal. Wander Pires apresentou bem a obra, levando a ser um dos destaques desta primeira noite. Bem fluída, com destaque para momentos muito inspirados na primeira parte do samba, entre os versos e a melodia, como os que iniciam com “Quem dera amor…” e “Te anoitecer…”.
Parceria de Paulinho Mocidade: Terceira a subir ao palco, a parceria de Paulinho Mocidade, Rafael Drumond, Rafael Esteves, André Pimentel, Léo Galin, Luiz Antônio, Hermes Jr., Gilberto Paizão, Gil do Viegas e Giovane teve a voz de Thiago Brito comandando o microfone. A obra conta um com um falso refrão interessante, além de ter destaque os versos “E hoje estou aqui…/a pioneira nave mãe a desbravar”, que empolgava, além da torcida, outras pessoas na quadra. A levada do samba foi bem envolvente durante a apresentação.
Parceria de Ricardo Simpatia: O samba de Ricardo Simpatia, Franco Cava, J Giovani, Valtinho Botafogo, Juca, Jorginho Mocidade, Flavinho Avellar, Victor do Chapéu, Marcelo Vai Vai e Almir Chega Junto foi o quarto no palco da quadra, e foi bem defendida por Thiago Acácio. Com três refrões, o samba tem neles pontos muito bons, em especial o que se inicia com ‘Na tela do cinema…”, podendo crescer mais durante a disputa. A estrofe iniciada com “Carros voadores, famílias modernas” também se destaca dentro da obra.
Parceria de Jaci Campo Grande: Sexta da noite, a parceria de Jaci Campo Grande, Paulo Ferraz, Alex Cruz, Dr. Marcelo, Duda Coelho, Marcinha Souza, Lúcio Flávio, Elian Dias, Paulo Bachini, Bimbim Portella Passou bem durante a apresentação no quadra, tem versos que se destacam durante o samba, especialmente, na segunda parte, como “meu perfil de avatar é o castorzinho apaixonado”, e o encaminhamento para o refrão final, a partir de “no samba ser independente…”, que há um bom crescimento, cumprindo bem seu papel.
Parceria de Jurandir: A parceria de Jurandir (Didi), Jorge Carvalho, Jorge Alves, Dunga, Raimundo, Tim Maia Daflon, Renilson, Leo Lopes, Altair, e Ribeirinho foi a sétima a se apresentar, e teve uma cadência mais suave em relação aos outros, o que o diferenciou dos demais durante a apresentação, lembrando um pouco sambas mais antigos, com destaque para os refrões da obra, e para a segunda parte do mesmo. Igor Pitta foi bem durante o tempo de apresentação.
Parceria de Zé Glória: Formada por Zé Glória, Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Trivella, Mynagal, Miguel Dibo, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax, a parceria foi a oitava da noite. Charles Silva comandou muito bem a apresentação da obra, que foi um dos destaques da noite. Com uma torcida animada e cantando bem o samba, que tem como um dos pontos altos o falso refrão no meio da obra, onde as duas estrofes começam com “Voar, voar!…”, sendo um momento que contagiou algumas das outras pessoas presentes na quadra.
Parceria de Paulo César Feital: A parceria de Paulo César Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson do Rosário, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr. Castilho e Léo Peres encerrou muito bem a noite, sendo um dos destaques. Comandada por Tinga, o samba apresenta bons momentos, como o fim da primeira parte, com versos questionando sobre o futuro. Os refrões da obra também chamaram muita atenção, em especial os dois últimos versos de cada “A juventude vai crer/que toda estrela pode renascer”, no refrão do meio e “E Deus vai desfilar/pra ver o mago recriar a Mocidade”, fazendo alusão a volta do carnavalesco Renato Lage.
A agradabilíssima tarde do último domingo em São Paulo teve um mundaréu de camisas vermelhas e amarelas na Zona Oeste da cidade. Na data, foi celebrada a Festa da Retomada, evento que marcou o início dos trabalhos de chão da Tom Maior, que disputará o Grupo de Acesso I da folia paulistana. A agremiação, que reeditará o enredo de 2009, intitulado “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!” em 2025, trouxe uma série de atrações para a celebração. E o CARNAVALESCO, é claro, marcou presença.
A tarde começou com show de Marquinhos Jaca, em um palco montado em frente à quadra da instituição, na rua Luigi Greco – que, inclusive teve seus arredores fechados já nos cruzamentos da rua do Bosque e Cruzeiro, dois quarteirões para cima do terreiro vermelho e amarelo. Após uma breve passagem do Pagotom (tradicional roda de pagode que sempre se apresenta na quadra), foi a hora de Carlos Alves, o Carlão, mestre de bateria e presidente da escola, fazer homenagens e apresentar alguns novos quadros da agremiação: Yaskara Manzini, nova coreógrafa da comissão de frente; e Erica Ferreira, apresentada como diretora-geral – responsável pela direção de Carnaval e de Harmonia.
Em entrevista à reportagem, ao falar sobre o andamento dos trabalhos, Carlão destacou as duas novas integrantes da Tom Maior: “Está tudo correndo muito bem! Nós temos quarenta pessoas nas equipes, já trabalhando, sendo que trinta e duas são de Parintins. A estrutura continua a mesma, de Grupo Especial: desde intérprete, mestre de bateria, casal… tudo. Só tivemos duas mudanças nos nossos quadros, já estamos com fantasias em andamento, graças a Deus. O barracão também está com tudo dentro do cronograma. Estamos aí, confiantes que conseguiremos um grande resultado”, destacou.
Após as palavras do mandatário vermelho e amarelo, o conhecidíssimo samba ganhou uma introdução nova – executada cinco vezes, para mentalização de todos os presentes. Com tudo ensaiando, chegou a hora de, como diz o samba, o batuqueiro bater o tambor. Foi a senha para todos os presentes cantarem, dançarem e relembrarem o sucesso.
Após quase duas horas com o samba-enredo executado, ainda houve espaço para uma nova participação da Pagotom na quadra e, pouco depois, um show do lendário Fundo de Quintal no palco. Já com a noite bastante agradável no céu, todos puderam acompanhar um dos maiores grupos de samba da história do Brasil de maneira gratuita, com rua fechada (e bastante cheia) e comendo um dos tantos quitutes que poderiam ser degustados na quadra – acarajé, pastel, X-Churrasco e até mesmo maçã do amor.
Retomada?
Apesar do nome da festa, muitos entrevistados destacaram que o projeto já está a mil por hora. Um deles foi Flávio Campello, carnavalesco da agremiação: “O nosso cronograma está bem legal, bem bacana. Temos o planejamento para terminar todo o nosso trabalho de ateliês, de fantasias, até o dia trinta e um de dezembro para entrarmos em 2025 de uma forma mais tranquila. Nosso barracão já está a todo vapor, já estamos na segunda alegoria – estamos deixando o abre-alas para o final. Estamos com um cronograma bacana graças à gestão do Carlão, que nos proporciona isso. Se não fosse essa gestão, talvez a gente estivesse dependendo da entrada de alguma verba ainda hoje para começar o carnaval. Já começamos e estamos com o cronograma maravilhoso. Hoje damos o pontapé inicial para que a gente sinta a energia que o samba tem. Querendo ou não, o carnaval de 2009 da Tom Maior, sobre Angola, traduz muitas coisas boas sobre e para a história da escola. Talvez, em cinquenta e um anos de história, seja o samba mais emblemático. Utilizar desse samba, desse artifício, para o carnaval 2025 através de uma reedição… hoje vamos sentir a emoção e a energia – que é o que buscamos desde o primeiro momento quanto pensamos nessa reedição”, afirmou, aproveitando para trazer prazos da vencedora do Estrela do Carnaval 2024, organizado pelo CARNAVALESCO, na categoria Conjunto de Alegorias.
Carlão também falou a respeito: “Nós já estamos trabalhando bastante pensando em 2025. Nós começamos o trabalho em abril, com a nova direção de Carnaval, com a nova diretora de Harmonia, e hoje é o recomeço dos ensaios no terreiro, na quadra. Estamos convictos que vamos realizar um grande trabalho. Logicamente com os pés no chão e nos apresentando. É um grande desfile, um enredo maravilhoso, uma reedição sobre Angola e estamos muito confiantes”, suspirou.
Novidades em vermelho e amarelo
Ao falar sobre os trabalhos que já acontecem na instituição, Erica Ferreira, estreando nas diretorias da instituição, deixou escapar algo novo que acontecerá na Tom Maior: “Está tudo dentro do nosso cronograma e do projeto, graças a Deus e aos orixás está tudo sob controle. Nossa próxima data importante será o dia quinze de setembro, que será o nosso primeiro ensaio de rua. Treinaremos mais uma vez o canto (mas na rua, que é totalmente diferente da quadra), treinaremos a Evolução, o condicionamento físico do nosso público, componentes, casais, comissão de frente, de todo mundo”, disse.
Quando indagada sobre mais informações acerca do novo trajeto em que a Tom Maior ensaiará, ela afirmou que tal localidade está próxima da quadra da agremiação: “Faremos ensaios de rua aqui pertinho, não mais no Bom Retiro. Fazemos um trabalho de imersão, já que eu também sou equilibradora emocional, trabalho com programação neurolinguistica, e uso essa bagagem juntamente com técnicas de carnaval. Nas duas últimas imersões, em julho e em agosto, fomos para a rua. Detectamos que podemos fazer nosso percurso nas redondezas na nossa quadra com o resultado e o condicionamento que precisamos e queremos. Temos a nossa nova quadra como base, temos o nosso CEP, e ensaiar na rua Sérgio Tomás tinha uma estrutura. Imagina levar baiana com saiote, comissão de frente, casais fantasiados… por mais que seja pertinho, é um percurso complicado de se fazer. Aqui perto, temos nossas necessidades técnicas, físicas e emocionais supridas pelo componente para, juntos, chegarmos ao nosso campeonato”, destacou.
Quem também trouxe uma importante novidade foi Flávio, destacando que o desfile para 2025 terá uma visão bem mais alegre em relação ao de 2009 – famoso por uma “cabeça” (jargão carnavalesco para os primeiros componentes da escola, como a comissão-de-frente e carro abre-alas) que remetia aos confrontos pelos quais Angola passou a partir da década de 1970: “Como diz o nosso samba, é uma nova Angola. Buscamos uma referência totalmente diferente do que foi utilizado em 2009. Não assisti o desfile, já tinha visto anteriormente, mas não assisti o desfile para ter algum parâmetro para desenvolver o projeto de 2025 justamente para que eu pudesse ter a minha visão sobre esse tema e enredo. No dia que lançamos esse enredo, 25 de maio, pedi a permissão para o Marco Aurélio Ruffin, que era o pai dessa primeira proposta sobre Angola. Desde o princípio, sempre tentamos respeitar as pessoas, pedindo permissão. Temos, na quadra, uma placa do saudoso presidente Markinho – e, no dia em que pensamos na reedição, mentalizei ele por cinco minutos para pedir permissão para que a gente pudesse fazer essa reedição. Desde que cheguei na escola, sempre ouvi que o carnaval de 2009 era o da vida do Marko Antônio da Silva. Ele amava esse desfile e esse projeto. A responsabilidade é dobrada! Temos a missão de levar, mais uma vez, Angola; de, através dessa reedição, voltar para o Especial… temos muitas missões em torno desse projeto de 2025. Peço axé aos orixás, aos inquices, a proteção de Deus para que possamos entrar na avenida com a humildade que a gente sempre desfilou; mas, automaticamente, com o sonho de voltar ao Grupo Especial”, disse, aproveitando para rememorar o presidente da vermelho e amarelo de 1978 até o final da vida, em 2011.
Relembrando
Muitos segmentos destacaram a força que o desfile de 2009 da Tom Maior teve. Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, Ruhanan Pontes e Ana Paula Sgarbi abriram as memórias à reportagem: “Quando o samba foi para a avenida, eu era espectadora. Era um samba maravilhoso, que eu gostava de assistir. A reedição ajuda na criação da parte artística, mas a gente tem que dar uma segurada na emoção, porque eu nunca me imaginei dançando esse samba. A felicidade é em dobro! Ajuda na questão da criação de uma rotina de dança, sem dúvida”, destacou Ana Paula, falando sobre a expectativa para 2025.
Ruhanan trouxe outra visão: “Eu acho que nem ajuda tanto assim. Quando a gente chegou na Tom Maior, a gente pegou todos os sambas antológicos da escola e fizemos coreografia em cima de todos para a gente se enturmar na escola, para o pessoal ver que a gente queria estar aqui, que era uma vontade muito nossa. A gente já tinha uma pré-coreografia em cima desse samba, então ficou mais fácil de desenrolar. Quando eu tive a oportunidade de dançar Angola, acho que qualquer pessoa que seja do Carnaval, que seja sambista, se pensasse em dançar esse samba, queria estar aqui, é um samba maravilhoso. Cada escola tem os seus grandes sambas, e esse é um dos grandes sambas da Tom Maior”, pontuou ele – que também fez as vezes de apresentador nos palcos dentro e fora da quadra.
Nova coreógrafa da comissão de frente da vermelho e amarelo, Yaskara aproveitou para falar que parte dos componentes também é nova: “É um super desafio! O trabalho de 2009 foi um trabalho de excelência. A gente está dando uma outra roupagem para esse trabalho. Lógico que vai ter um link de ligação entre o passado e o presente pensando em 2025 – mas esse, como sempre é surpresa. A gente está montando um novo elenco aqui para a Tom Maior: tem o pessoal que já era da casa, o pessoal que está vindo comigo e o pessoal que está chegando. Agora, a gente está pensando nesse novo elenco que estreia hoje aqui na quadra, já projetando os personagens da nossa comissão de frente para a pista”, afirmou, aproveitando para exaltar o histórico segmento de 2009 – coreografado por Luiz Mario Vicente.
Já para 2025…
Desde 2020 na Tom Maior, Gilsinho gostou do clima e da recepção do público na Festa da Retomada: “Eu senti que a escola está empenhada. Mais uma vez, a escola está empenhada em fazer um bom trabalho. Esse é um ano atípico para a gente. Há muito tempo que a Tom Maior participa do Grupo Especial – e, nesse ano, participa do Grupo de Acesso I. A gente sentiu que a escola deu uma desanimada, mas já voltamos à função normal – a programação normal de estar com energia, de estar com vibração, de estar com a caminhada já definida na cabeça. E o nosso intuito é, se Deus quiser, a gente voltar para o especial já no ano que vem, fazendo um grande trabalho. é um samba antológico da escola, é um samba antológico do Carnaval daqui de São Paulo. E a gente está super feliz. Fui feliz com essa retomada, a gente viu que hoje a escola vem em peso, a quadra lotada, a comunidade chegou com vontade de cantar, com vontade de participar desse momento. vamos trabalhar pra isso, vamos trabalhar pra fazer um grande carnaval com a nossa bateria, nossa aula musical, todos os segmentos. A gente está com um pensamento muito junto pra fazer com que tudo isso aconteça da melhor maneira e a gente, se Deus quiser, volta pro Especial”, comentou ele – que, em alguns momentos no palco, destacou o quanto sentia a quadra pulsando.
Quem saiu com a mesma impressão foi Erica: “A reedição ajuda muito na Harmonia! Estamos trabalhando desde o dia onze de maio não só na letra do samba, mas também para que todo mundo possa pronunciar o samba corretamente. Isso nós vamos fazendo o trabalho com toda a comunidade: ala das baianas, crianças – que possuem mais dificuldade. Hoje, o samba está de fácil assimilação. Isso nos favorece no quesito Harmonia e para mídias, para fazermos um marketing bacana. Escolher essa reedição, para nós, veio com muita alegria, segurança e respeito aos compositores. Isso nos favorece bastante. Para o departamento de Harmonia, para coordenadores de ala, que são os nossos multiplicadores, isso nos ajuda bastante”, finalizou.
Aos olhos do público se viu uma final disputada na noite deste domingo na Arena Morada, palco da decisão do samba-enredo da Mocidade Alegre rumo ao Carnaval 2025. As cinco parcerias finalistas apostaram em um numeroso contingente de torcedores para fazer a sua festa particular e todas cantaram o samba com força. Das cinco obras, a vencedora foi a penúltima a se apresentar. No anúncio do título a presidente Solange Cruz fez um grande discurso dizendo que foi uma escolha difícil, mas que no final acabou sendo unânime, entre lideranças da agremiação, comissão julgadora e diretoria. Como de costume, ela começou a cantar o samba e o intérprete Igor Sorriso deu prosseguimento para sacramentar a vitória do Samba 1, que tem como compositores: Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Marcos Vinicius, Márcio André, Salgado Luz, Daniel Goulart, André Aleixo, Fabian Juarez, Leandro Flecha, Tomageski, Beto Colorado e Chico Maia. Para 2025, o enredo da Mocidade é intitulado como “Quem não pode como mandinga não carrega patuá”, com desenvolvimento do carnavalesco Caio Araújo e do enredista Léo Antan. A agremiação do Limão será a terceira escola a desfilar no sábado de carnaval. * OUÇA AQUI O SAMBA
Turma que venceu o samba da Mocidade Alegre para 2025
Enredo importante e inovação dentro da obra
Um dos maiores compositores do carnaval paulistano, Aquiles da Vila já ganhou sambas em várias escolas. Na Mocidade é o segundo. O ‘poeta’, como é conhecido, contou que gosta do tema que a escola propôs e sempre estará dos lados das causas importantes.
Compositor Aquiles da Vila
“Acho que é um dos enredos mais difíceis de desenvolver, porque é uma escola que é bicampeã do carnaval. Nos últimos 20 anos foi campeã oito vezes. Eu fiz aqui sete sambas, são sete finais e eu ganhei só duas vezes. Uma foi a junção de 2023 e essa é a primeira que a gente ganha sozinha. Eu sou muito grato pela oportunidade de poder falar de enredos desse tipo. Embora pode até não ser um lugar de fala um branco como eu, mas eu sempre vou estar do lado dessas causas. Sempre estarei desse lado. É uma escola que denuncia as mazelas, denuncia as causas urgentes e a gente está aqui para falar sobre isso. Acho que a gente vem sendo felizes nesses últimos anos falando sobre esses assuntos, porque pesquisamos e vivemos isso. Nós somos isso através de essa melodia que vem dentro do coração da gente”, disse.
Além de um refrão de cabeça muito forte, a obra conta com uma peculiaridade, que é na segunda parte se localizando nos três últimos versos. A letra se trata de: Dez: Na terça o terço na mão/ Dez: o dia da consagração/ Dez: mais uma estrela no pavilhão. É uma alusão à presidente Solange Cruz que, no dia da apuração, chama pelas notas 10 com terços nas mãos. Além do significado, a melodia aumenta o tom neste trecho. Segundo Aquiles, foi uma ideia do compositor Biel, que a parceria inteira aceitou.
“Essa ideia quem pensou foi o Biel. A letra dele dos ‘três dez’ em cima da melodia, foi comprada imediatamente pela parceria. A gente sabia que podia até causar uma dúvida pela repetição, mas concordamos porque sabíamos que não era aleatória, pelo contrário, está dentro do enredo, é o último setor e que não existe uma imagem, uma fotografia mais interessante do que uma presidente de escola de samba no país que clama por cada nota dez”, comentou.
‘Muito além de samba-enredo’ e dedicatórias dos vencedores
O compositor vencedor Marcos Vinicius exaltou a comunidade da Morada. ‘Marquinhos’, como é conhecido, diz que o samba-enredo vai além da música e da vitória. “Eu acho que tem um fator decisivo, que é o clamor do povo. A partir do momento em que o povo decide o samba, nós somos apenas um mensageiro. Deus manda mensagem e a inspiração para gente e transmitimos para o povo. Nós passamos por várias etapas nessa feitura de samba. A gente tem que curtir o nosso momento, ser feliz. O mais importante é isso aqui: Ver a alegria de uma baiana, velha guarda, porta-bandeira, da presidente e de seus departamentos. A felicidade dos nossos irmãos, que largam as famílias, largam o trabalho para poder estar aqui para a gente poder mostrar o nosso trabalho. Não é só apresentar o samba-enredo. Tem muita coisa envolvida, é muito amor, é muito sentimento”, celebrou.
Marcos completa dizendo que está disposto a ajudar a escola com a letra e enaltece o carro de som da Mocidade, que talvez seja o melhor de São Paulo, segundo o campeão. “A ala musical da Mocidade é muito competente, uma das melhores de São Paulo. Eu não tenho dúvidas de que o samba vai ser traduzido da maneira que nós passamos aqui ou até melhor. Agora eles vão pegar a comunidade, vão fazer os ensaios com os departamentos. O samba tem muito para crescer. Nós já vimos o que aconteceu aqui. Eu tenho certeza que, de hoje até o sábado de carnaval vai crescer imensamente. Esse é o nosso sentimento. A gente também está aqui, sempre solicitando para ajudar, agregar e estar junto com a escola”, afirmou o compromisso.
Outro escritor vencedor, Fabiano Sorriso dedicou a vitória a duas pessoas importantes da agremiação. O eterno compositor Biro-Biro e o seu tio Neco, que partiram e são grandes figuras da Mocidade Alegre; “Meu tio Neco é um dos fundadores da Mocidade Alegre e infelizmente partiu. Essa vitória nossa é de honra, é de família. Eu dedico ao meu tio Neco, que tenho certeza que de lá de cima está muito feliz por tudo que me ensinou. Vamos dedicar também ao nosso querido Biro-Biro, nosso eterno professor”, destacou.
“Quero agradecer ao Wander Pires, Grazzi Brasil, Bruno Ribas, Tiago Nascimento e toda a comunidade”, concluiu o compositor Salgado Luz
Lisura na escolha, audições internas, união da escola e rumo ao tri
A presidente Solange Cruz falou da dificuldade que foi escolher o samba, até por isso teve cinco obras na final, o que não é tão comum, mas que aconteceu na entidade em outros anos. A líder destacou o processo de escolha e toda a lisura das eliminatórias junto com a comunidade.
“Dessa vez foi muito difícil, muitos sambas bons. A gente acabou até levando cinco para a final, mas foi muito complicado. Na quinta-feira fizemos uma audição com toda a parte da liderança da escola, as lideranças de ala, harmonia, casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, destaques, bateria, velha-guarda quem foi tinha que votar. E fizemos uma audição dos sambas com Igor cantando os cinco sambas. Toda vez a gente faz isso. Ali tivemos um parâmetro para saber, pelo menos para eu saber se a comissão julgadora está com pensamento que a escola ou não. Graças a Deus mais uma vez eles escolheram o que todo mundo já tinha. Eu não conto para eles qual foi… Pego a urna e levo embora, eles vão saber agora porque eu comprovo os votos. Mas fizemos a audição também interna, porque realmente estava difícil a escolha. Cada um com algo especial. Mas dessa vez optamos por não fazer junção e amanhã já é dia de trabalho. É o dia das correções, de algumas mudanças, adequações, coisas que fazemos todo ano”, contou.
Solange lamentou a falta de eliminatórias que a entidade vem tendo nos últimos anos, que de acordo com ela, faz falta. “Isso faz muita falta (eliminatórias de samba). Para a gente que é sambista e estamos acostumados a ouvir o samba com a bateria e com o pessoal cantando, faz uma diferença danada. Eu sei que tem escolas que já tem esse estilo, mas não é o nosso. Eu acho que escola de samba não pode perder a sua identidade. Esse apagamento é ruim e precisamos achar alguma fórmula para fazer isso acontecer, mas que não gere ônus pra eles também porque a gente entende que é um custo alto. Nós temos que pensar direitinho para saber como é que fica nas próximas”, disse.
A gestora elogiou a união da comunidade da Mocidade Alegre. Independente se ganhar ou perder, vão continuar com a escola. Uma situação legal aconteceu, onde o compositor Gui Cruz do samba 10 subiu no palco para cantar o vencedor junto aos campeões.
“O Gui é um menino que se destaca. Um moleque inteligente, um garoto que vem despontando, que sabe falar de samba, sabe falar da nossa cultura sambista. Eu sou muito fã do trabalho dele, das coisas que ele coloca na internet, a forma como ele entende de carnaval. O Lucas Donato, que era do Samba 7, foi lá me cumprimentar e falou: ‘vamos embora, presidente. Estamos juntos’. Acredito que a escola respeita muito as pessoas porque a gente gosta de ser respeitada”, afirmou.
Pensando em 2025, a presidente almeja o tricampeonato com todos os respeitos às coirmãs. “Vamos rumo ao tri. O nosso trabalho é esse. Quando a gente fala assim rumo ao tri, às vezes as pessoas podem achar imponência, podem achar que a gente quer ser mais que alguém. É a meta realmente de qualquer uma escola que tivesse na posição que estamos hoje. Então isso é muito normal, mas vamos que vamos faz parte do show e rumo ao tri”, completou.
‘Samba de pegada’ e alterações na letra
O diretor de carnaval Júnior Dentista falou sobre sentir falta das eliminatórias, tendo que se adaptar à escolha pelo CD. O profissional também contou o processo de definição, audições e que não tiveram dúvidas quanto ao hino vencedor.
“A Mocidade sentiu muita falta da eliminatória. A gente fazia antigamente dois meses e meio. Eram dez eliminatórias. Nós temos certa dificuldade de escolha no CD, audição, mas temos que nos adaptar. Sobre a final, no começo estava muito dividido. Cada um gostava de uma parte de um, parte de outro… Na hora que afunilou para a semifinal, já foi tendo uma diretriz. Na audição de quinta-feira a gente fez só com as lideranças e com a nossa sala musical. Ali colocamos a galera para cantar muito, a gente faz uma cozinha da bateria, um trabalho muito técnico. Daí percebemos que esse samba é um samba de pegada. E aí os jurados hoje também não tiveram dúvida”, disse.
Dentista comentou da última parte do samba e contou que a direção de carnaval irá se reunir para fazer mudanças pontuais. São correções, mas nenhuma mudança considerável. “Na verdade, é quando eles falam da apuração, porque o último setor da escola é a baiana entrando na quadra com todos os patuás abençoando a Mocidade Alegre. Ela abençoa principalmente quando entra na quadra e ela abençoa na apuração que a Solange está com os terços. A sequência dos 10 é essa e foi incrível. Mas amanhã a gente vai ter uma reunião com a diretoria, direção de carnaval e com a parceria que ganhou. Vamos ter alguns ajustes de letra, melodia para no meio da semana já fazer um ensaio para a gente ter apresentação no Camisa Verde e Branco sábado com tudo. Vai ter alguma alteraçãozinha de letra, mas pouca coisa”, contou.
Se adequando ao novo
Assim como a presidente e o diretor de carnaval, mestre Sombra também lamentou o formato do CD para escolher o samba-enredo. O músico se queixou, mas entendeu a questão financeira e quer se adaptar ao formato.
“Quanto mais você tem, mais o samba vai mostrando a sua real identidade para o que ele veio. A bateria vai se encaixando, os intérpretes que defende vão melhorando o desempenho. Porém, hoje tivemos que se adaptar à realidade financeira. Você faz uma semifinal e uma final, não é muito bom e você tem um trabalho dobrado. Na correria do dia a dia você tem que estar colocando o samba no som, mas é samba gravado e a emoção é diferente. É um samba que está gravado no estúdio. O ao vivo é ao vivo, você faz a realidade da vida, do samba, da bateria, da escola e das torcidas cantando. Mas a gente ficou bem atento para esse novo formato, estamos se adequando e vamos embora e graças a Deus e escolhemos um bom samba”, declarou.
‘Samba com muita força’
O intérprete Igor Sorriso aprovou a escolha e disse que o samba tem muita garra e força. Dois atributos que podem fazer da Mocidade tricampeã do carnaval. “Mais uma eliminatória quentíssima. A nossa escola é a Morada do Samba, onde recebemos todo mundo bem, o clima amistoso, independente dos adversários estarem ali no palco, é um clima muito respeitoso. Grandes sambas, mas disputa de samba, só ganha um, não tem jeito e ganhou um samba que vai representar muito bem nossa escola. Samba com muita força, com muita com muita alegria, com diferencial que a gente busca para conquistar esse tri campeonato”, afirmou.
Ainda entrando nas características da obra, o cantor exaltou o empenho da comunidade, que foi fundamental na escolha. Posso dizer que é um samba que tem muita força, que são características fortes da Mocidade Alegre. É do jeito que a escola gosta de desfilar e a comunidade abraçou. Nós estamos felizes, a comunidade está feliz e agora vamos trabalhar em cima do samba para fazer um grande carnaval. Nosso povo participa. É muito ativa e faz com que a gente tenha mais certeza nas escolhas a serem tomadas como foi a escolha do samba hoje”, finalizou.
É COISA DE PRETO!
MISTÉRIO E MAGIA
HERANÇA DO LEGADO ANCESTRAL
ABRIGO DE CADA ORAÇÃO
SINÔNIMO DE PROTEÇÃO
MACUMBA TRAZIDA NO PEITO
FEITIÇO NAS MÃOS
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CHEGA DE SOFRER!
NÃO VAMOS ACEITAR
A FACE DA CRUEL IGNORÂNCIA
GIRA BAIANA, EVOCA OS ANCESTRAIS
DERROTA A INTOLERÂNCIA!
NOSSA FAMÍLIA EM UNIÃO
ENFIM, CHEGOU A HORA
DEZ! NA TERÇA, O TERÇO NA MÃO
DEZ! É O DIA DA CONSAGRAÇÃO
DEZ! MAIS UMA ESTRELA NO PAVILHÃO
FIRMA O BATUQUE, ECOA UM CANTO DE FÉ!
MOCIDADE É NEGRITUDE… AXÉ!
É CORPO QUE ARREPIA, A FORÇA A NOS GUIAR
QUEM NÃO PODE COM A MORADA, NÃO CARREGA PATUÁ