A temporada do Salgueiro Convida de 2025 foi aberta no último sábado com a participação da campeã do Carnaval deste ano, a Beija-Flor de Nilópolis. Em uma apresentação marcante, a Deusa da Passarela relembrou grandes carnavais em sua exibição na quadra salgueirense, sendo ovacionada pelos torcedores de ambas as agremiações. A noite também marcou a estreia de Nino e Jéssica Martin como novos intérpretes da Beija-Flor, assumindo o microfone oficial após o resultado do reality “A Voz do Carnaval”. O CARNAVALESCO conversou com integrantes da escola sobre o retorno ao evento e o início da trajetória da nova dupla de cantores.
Selminha Sorriso, porta-bandeira da Azul e Branca, estava radiante por retornar ao Salgueiro Convida com o título de 2025. Ela destacou a emoção e o respeito envolvidos na troca entre as escolas e enfatizou como o público, especialmente os turistas, valoriza o encontro de duas grandes agremiações na mesma noite.
“Poder fazer esse intercâmbio cultural entre esses dois quilombos, o tijucano e o nilopolitano, sempre será um prazer. Voltaremos sempre com fé nos orixás. É bom para quem está visitando o Rio de Janeiro ter a chance de ver Beija-Flor e Salgueiro na mesma noite, duas grandes escolas com grandes sambas. A Beija-Flor veio com um grande elenco, respeitando o convite. Sejamos todos felizes nesses intercâmbios, com essa escola de samba realizando um evento que convida coirmãs a estarem aqui com seus quilombos”, afirmou Selminha.
Ela também destacou a representatividade da estreia de Jéssica à frente do microfone principal, ao lado de Nino, como uma vitória simbólica para as mulheres e o povo preto.
“Estava escrito, era para ser! Vamos abraçar, acolher, incentivar e acreditar no talento da Jéssica e do Nino. Ter uma mulher à frente do microfone principal representa muito para nós. Só o samba é capaz de promover essas reparações históricas e culturais. Que venham outras Jéssicas em outras escolas também”, completou.
Marquinho Marino, diretor de carnaval da Azul e Branca, enalteceu a participação da Beija-Flor no evento e agradeceu o convite e o carinho do Salgueiro, ressaltando também sua ligação pessoal com a escola da Tijuca.
“O Salgueiro é uma escola muito querida. Tenho muito carinho, muitos amigos e frequentei bastante a quadra na infância. Vir aqui é sempre prazeroso, porque a recepção é de primeiro mundo. Fico muito feliz sempre que somos convidados”, declarou.
Ele também comentou sobre a estreia da nova dupla de intérpretes, explicando como tem sido o processo de preparação, que inclui ensaios em estúdio e acompanhamento de profissionais especializados.
“Quem esteve na quadra pôde começar a entender um pouco do que será esse trabalho com Nino e Jéssica. A gente tem essa preocupação de mostrar que, embora sejam uma dupla, ambos têm talentos individuais que precisam se somar. Não é só colocá-los no palco e deixá-los se virar. Temos feito um trabalho forte com a equipe de harmonia, professor de canto, fonoaudióloga e o diretor musical, tudo de forma muito específica. As pessoas devem ter percebido isso hoje”.
Marino encerrou destacando a disciplina e a dedicação da dupla, e como o resultado já pôde ser percebido na estreia.
“O mais importante não é apenas colocar duas vozes, mas fazer com que elas se somem. Nino e Jéssica estão fazendo um ótimo trabalho, com disciplina e entrega. O que vimos na quadra é fruto desse esforço. Estou muito feliz e vejo grande potencial. Já fizemos 14 ensaios em estúdio, onde podemos testar e ajustar tudo. Mas, quando chega no palco, tem que executar o que foi ensaiado. E eles fizeram isso hoje. Estou confiante de que terão um caminho de glória, desde que mantenham o foco, trabalhem com humildade e continuem se respeitando como artistas”.
A dupla também falou ao CARNAVALESCO sobre a emoção da estreia como intérpretes oficiais da Beija-Flor, especialmente em uma noite especial na quadra do Salgueiro.
“Estar aqui é uma felicidade enorme. Assumir o microfone é, além de uma grande responsabilidade, uma emoção imensa. Como eu já disse, não haverá outro Neguinho da Beija-Flor. Ele é insubstituível. Nossa missão é dar continuidade ao trabalho dessa escola gigante”, declarou Nino.
“Foi incrível, um trabalho maravilhoso. Estamos nos preparando há um mês e espero que tenhamos conseguido entregar pelo menos um pouco do que queremos mostrar em 2026. Suceder nosso mestre Neguinho está sendo maravilhoso. Sabemos da responsabilidade, mas tenho certeza de que, junto com o Nino, faremos um trabalho incrível com a família Beija-Flor”, finalizou Jéssica.
A Unidos de Padre Miguel viveu mais um domingo especial com a realização de sua tradicional feijoada. O evento, já querido pelo público, reuniu a comunidade na quadra da escola com muito samba, alegria e, claro, aquele tempero especial que só a Vila Vintém tem. Quem marcou presença pela primeira vez foi Lorena Maria, a nova musa da escola, que foi recebida com todo carinho e entusiasmo. Em seu primeiro contato com a comunidade, Lorena se mostrou encantada com o clima da quadra e com o calor humano que encontrou em cada canto. Com um look cheio de brilho, ela aproveitou a tarde ao som do samba, conheceu os segmentos da escola e já começou a escrever sua história com a Vermelha e Branca.
“Foi uma tarde inesquecível. Me senti em casa desde o primeiro minuto. A recepção da comunidade da Vila Vintém me emocionou e só aumentou ainda mais a minha vontade de representar essa escola com todo o meu coração”, declarou Lorena, radiante com sua estreia.
A nova musa foi recepcionada pela rainha de bateria, Andressa Marinho, e pelas outras musas da agremiação, em um encontro leve, cheio de sorrisos, abraços e boas-vindas.
“A chegada da Lorena foi muito especial. A gente sente quando alguém vem de verdade, com vontade de somar. Ela tem brilho, carisma e já conquistou todo mundo aqui. Seja muito bem-vinda à nossa família”, disse Andressa, que fez questão de acompanhar a musa durante a feijoada.
Em breve, a escola divulgará a data da cerimônia de enfaixamento da nova musa do Boi Vermelho.
Dentre os grupos organizados pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP), a Dom Bosco foi a quinta escola a escolher o samba-enredo para 2026. A agremiação, entretanto, foi a primeira a fazer um concurso para saber qual canção levará ao Anhembi – no caso, para embalar o desfile de “Mariama, Mãe de todas as raças, Mãe de todas as cores, Mãe de todos os cantos da terra”. A parceria vencedora é composta por Gui Cruz, Darlan Alves, Portuga, Imperial, Douglas Chocolate, Marcos Mala, Luciano Rosa, Gabriel, Reinaldo Marques e Willian Tadeu. Presente no evento que coroou por aclamação o samba-enredo da agremiação, no Circo Social Dom Bosco, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, o CARNAVALESCO entrevistou uma série de figuras importantes para a agremiação.
Os três sambas-enredo finalistas foram executados na sequência. Primeiro, o samba 04, composto por Luiz Magrego, Fernando Negão, Rubinho e Marquinho. Depois, o 06, de autoria de Turko, Silas Augusto, Rafa do Cavaco e Fábio Souza. Os presentes reagiram com simpatia às duas obras; mas, quando o 08 (que se sagraria vencedor) foi anunciado, a quadra do Circo Social Dom Bosco fez muito barulho.
Enquanto os votos eram computados, a agremiação realizou uma procissão em louvor à Mariama, homenageada no enredo. Ao som de “Negra Mariama”, da Pastoral Afro, a escola inteira seguiu o cortejo. E, na hora do anúncio, todos os presentes urraram de alegria.
Palavra dos vencedores
Escola mais sui generis do carnaval paulistano (quiçá do Brasil) por ser fruto de uma obra salesiana em um ambiente muito ligado à cultura afro, é compreensível que escrever um samba-enredo para a Dom Bosco cause um sentimento diferente para um autor. Nada, entretanto, que tenha assustado a parceria.
Gui Cruz revelou-se, inclusive, muito ligado à homenageada: “Não teve muita diferença porque a nossa parceria deixou a inspiração correr. Na linha do samba que a gente foi produzindo, falamos que estava ficando como uma oração para Nossa Senhora Aparecida. Eu sou devoto de Nossa Senhora Aparecida, não tem um dia na minha vida, desde que eu entendo por gente, que eu não penso nela antes de dormir e quando eu acordo”, destacou.
Ele também pontuou a sensação de vencer a disputa: “Sem dúvida nenhuma, é uma emoção muito grande ficar eternizado com essa obra que vai contar essa belíssima história que o Fábio Gouveia trouxe para a Dom Bosco. É legal ver como a escola se envolveu com ele e conseguiu mudar a chavinha de um carnaval para o outro, todo mundo foi junto com o carnavalesco”, afirmou, elogiando o carnavalesco da Dom Bosco.
O vencedor do Destaques do Ano (organizado e concedido pelo CARNAVALESCO) de2025 na categoria “Influenciador” aproveitou para, inclusive, relembrar a história da agremiação e fazer referências fora da folia de Momo: “A Dom Bosco tem um samba lindo sobre Rosas Negras, de 2008, que é um samba muito bonito – que eles cantaram hoje, inclusive. Que esse samba possa entrar para a história da escola – e, quem sabe, levar a escola para o tão sonhado Grupo Especial. É muito especial falar de Nossa Senhora Aparecida, de Mariama, Missa dos Quilombos, Milton Nascimento. É muita coisa, esse enredo é muita coisa. E, graças a Deus, a escola escolheu o nosso samba. Tomara que o samba seja muita coisa, também”, afirmou.
Gabriel, também da parceria campeã, deu detalhes sobre as reuniões dos compositores: “Não, não foi complicado. A coisa foi fluindo muito rápido. Em dois ou três encontros a gente conseguiu terminar o samba. Gravamos muito rápido e aí foi embora, gravamos dessa maneira. Quando a inspiração fluiu na rapaziada, foi embora”, afirmou.
Atalho cultural
Uma referência que foi adiantada pelo próprio carnavalesco no lançamento do enredo da Dom Bosco para 2026 foi muito utilizada pela parceria de acordo com Imperial, outro campeão: “Tem um grande pulo do gato nisso tudo, que é o que faz a junção da sinopse proposta pela escola com a obra que a gente fez: a própria obra musical do Missa dos Quilombos, que é a obra norteadora disso tudo. Aquele clima que eles conseguiram criar lá em 1981, a gente consegue reportar em vários momentos do samba – tanto em letra quanto em melodia”, refletiu.
O mesmo compositor comemorou a temática da agremiação itaquerense: “É muito interessante porque, ainda que seja uma escola católica, toda escola de samba tem sua fundamentação negra. A escola de samba é de raízes pretas. Isso surge, de alguma forma, com essa Mariama de todos os povos, todos os andores e todos os tambores”, comentou.
Aprovação instantânea
Outros ouvidos pela reportagem mostraram-se contentes não apenas com a escolha do samba-enredo, mas com toda a safra que a agremiação teve. Aramis Francisco Biaggi, padre que atua como vice-presidente da escola de samba e diretor-tesoureiro da Obra Social, foi um deles: “É importante a gente ter escutado e participado das onze seminárias apresentadas para, depois, ficarem três finalistas. Essas três estão muito bem concisas, e a obra escolhida engloba todas as características que gostaríamos na nossa canção. É interessante que o conteúdo delas venha ao encontro daquilo que é o tema do qual nós estamos trabalhando, Mariama. E a preocupação dos que apresentaram sambas é colocar a experiência de Maria, a Nossa Senhora Aparecida, que é a padroeira do Brasil – e que faz parte com Dom Helder Câmara e Milton Nascimento, que fizeram a Missa Mariana. Isso vem para coroar o samba que nós estamos apresentando”, destacou.
Aramis Francisco Biaggi, padre que atua como vice-presidente da escola de samba e diretor-tesoureiro da Obra Social
Rodrigo Xará, intérprete que cantará a obra a partir de agora, também gostou do que será executado por ele próprio: “A gente está muito feliz, a gente tem um enredo muito forte, muito bonito. É um trabalho fantástico do Fábio Gouveia de pesquisa e de sinopse. Os compositores todos elogiaram, então acho que, por isso, a gente teve uma safra muito boa. De todos que eu falei anteriormente, cada um falou um samba-enredo diferente. Mas, quando a gente apresentou o vencedor, eu tive certeza que a galera bateu bem o martelo”, analisou.
Rodrigo Xará, intérprete
Autor do enredo, o carnavalesco Fábio Gouveia seguiu a mesma linha: “Eu fiquei muito feliz com a safra em geral e com o vencedor em especial. O ano passado eu já havia ficado muito feliz com a safra. Não era o samba que eu desejava para a final, mas fluiu bem. A gente tem um trabalho de abraçar e querer fazer o samba – e a gente fez acontecer. Para esse ano, para a minha felicidade, quem teve acesso ao regulamento pôde ler que eu não queria tirar dúvida de compositores: eu queria que eles olhassem a sinopse, aquela poesia, e entregasse para a gente o melhor dele. Foi isso que eu fiz. Essa safra foi, dos últimos anos do profissional Fábio Gouveia, a melhor de todas”, exaltou.
Autor do enredo, o carnavalesco Fábio Gouveia
Sem dúvidas?
Chamou atenção a declaração de que Fábio não queria tirar dúvidas. Ele mesmo explicou: “Nós não temos problema em relação às letras. Nós fizemos um processo muito diferente dos últimos carnavais. Na verdade, a minha intenção era dar o título do enredo e jogar na mão do compositor e ele nos entregar uma obra sem sinopse, inclusive. Nós entregamos uma sinopse muito bem construída – e eu tenho uma pessoa que está me ajudando muito, o Jaime Branco, que está me ajudando na pesquisa. Nós fomos atrás e os compositores corresponderam: tivemos 26 inscrições e 12 sambas efetivos”, iniciou.
Ele foi mais enfático na sequência: “Disse que eu não queria mexer e nem corrigir na obra de vocês, disse que o que eu precisava é de um grande samba. A Dom Bosco precisa – e eles entenderam isso. Quando vieram as obras, foi a maior surpresa: até então, eu só tinha visto letras. Quando eu recebo a justificativa de cada samba-enredo, aí a gente entende que a Dom Bosco fez o caminho certo para escolher o melhor samba”, refletiu.
Enredo especial
Padre tal qual Rosalvino Morán Vinãyo, grande mentor não apenas da escola de samba como também da Obra Social Dom Bosco, Aramis revelou quão especial é ter Mariama como temática em um desfile de escola de samba: “Esse ponto é muito interessante. Quando o carnavalesco apresentou o tema para nós, o padre Rosalvino, de modo especial, ficou muito feliz: ele é muito devoto de Nossa Senhora Aparecida, que salvou-lhe muitas vezes”, relembrou.
Não foi apenas o grande mentor da obra que gostou da temática: “Para todos nós, veio em conta essa emoção profunda de saber o tema – e, depois, os sambas que vieram refletir sobre a importância de Maria de Nossa Senhora Aparecida para o povo brasileiro. Em especial para o nosso povo de Itaquera, a nossa escola de samba. Dom Bosco tem uma devoção muito grande à Nossa Senhora”, explicou.
Vale lembrar que João Melchior Bosco, o Dom Bosco original, fundador da ordem salesiana da igreja católica apostólica romana no século XIX, era devoto de Maria Auxiliadora – e vem de tal característica a fala de Aramis.
De olho no futuro
É natural que sambas-enredo sofram alterações para se adequar ao enredo ou também para encaixar ritmo e melodia às características e ao time da escola. Tudo, entretanto, é muito conversado, de acordo com Xará: “Aqui, todas as decisões são colegiadas – principalmente entre mim e o mestre Bola em relação à parte musical. Agora, tem o Márcio Telles de volta na Harmonia e ele sabe o jeitinho da Dom Bosco. Estamos aqui há cinco anos, a gente sempre faz uma adequação para com a cara da escola. Mas o samba está muito bom. Se tiver qualquer alteração, vai ser algo mínimo, mesmo. Coisinha simples”, tranquilizou.
Conhecido por sempre vir fantasiado ao desfile, o intérprete destacou que conta com a ajuda do carnavalesco da instituição: “Já tem alguma coisa! Para esse ano, o Fábio me ajudou. Foi o Fábio quem me vestiu ano passado e ele já tem algumas ideias para esse ano. Já tem uma ideia, ela já gostou e vocês vão gostar, também. Vamos ver dentro do enredo. Vai ser, claro, respeitoso, vai ser uma coisa mais bonita – mas vai ser algo caracterizado”, brincou.
Parte(s) favorita(s)
Dos três compositores ouvidos pela reportagem, dois trechos foram citados como os favoritos. Sucinto, Imperial cravou: “Eu gosto do refrão do meio!”, exclamou.
Gabriel também foi direto: “A minha parte favorita é ‘milhões de altares e andores se unem aos tambores, é o jeito do samba rezar’”, comentou.
Por fim, Gui Cruz juntou as duas partes citadas anteriormente: “Eu gosto do refrão do meio, mas eu gosto muito da finalização indo para o refrão: ‘É o jeito do samba rezar’. A Dom Bosco tem muito disso, ‘vai pensando que a gente só reza’ e etc. Esse vai ser o jeito que a Dom Bosco vai rezar nesse carnaval de 2026: com samba”, finalizou.
Show e macarrão
O evento teve início às 13h e não era, unicamente, para escolher o samba-enredo da Dom Bosco para 2026. Para comemorar, a comunidade inteira se uniu na Macarronada do Padre, com o prato tipicamente italiano sendo servido com diversos molhos para se optar. Quem degustava a iguaria também curtiu dois shows, das bandas Preto Remanso e Quintal da Xika.
O show da agremiação começou logo na sequência – e contou com novidades. Foi, sobretudo, o primeiro evento de Márcio Telles, novo diretor de Harmonia da agremiação, no retorno dele à escola – em 2008, ele foi o coreógrafo da comissão de frente do marcante desfile “Brasil, Um Jardim de Rosas Negras”. O novo quadro de destaques de chão também foi apresentado à comunidade.
Uma explosão de cores, cultura e identidade tomou conta da loja Mazu, no Centro do Rio de Janeiro, no último sábado, quando a Unidos da Tijuca lançou oficialmente sua nova coleção em parceria com a marca carioca. Com a presença de passistas, roda de samba, a bateria da escola e a voz do intérprete auxiliar, Thiago Chaffin, o evento celebrou não apenas uma linha de roupas, mas um reposicionamento de marca e o reencontro da agremiação com sua comunidade e com a moda urbana.
A iniciativa faz parte da nova fase da Unidos da Tijuca, que reformulou seu setor de marketing, abrindo portas para novas oportunidades fora da avenida. A coleção, pensada por diversas mãos entre a equipe da escola e os designers da Mazu, apresenta peças casuais com referências claras à história e à simbologia da agremiação, como o brasão, o pavão e enredos clássicos.
Eduardo Koncikoski, diretor de marketing da Unidos da Tijuca
“A ideia era trazer a Tijuca para o cotidiano das pessoas. Não só no carnaval, mas no dia a dia, na rua, no shopping, em qualquer lugar. A coleção tem identidade, alma tijucana. Estamos apenas começando”, disse Eduardo Koncikoski, diretor de marketing da Unidos da Tijuca.
Além de t-shirts, regatas, casacos e shorts de moletom, a coleção inclui acessórios como ecobags, bonés e bolsas. O grande diferencial está na pluralidade de estilos: peças pensadas para sambistas raiz, mas também para quem deseja representar a escola com elegância e discrição. E, para os fãs mais fiéis, a linha traz estampas temáticas inspiradas em enredos como Gonzagão, Agudás e outras surpresas que serão reveladas nos próximos lançamentos.
Gabriel Mello, diretor institucional da escola
“A gente uniu modernidade e tradição. A Mazu representa o street carioca, e a Tijuca é um pilar do nosso samba. Essa fusão é um marco visual e cultural”, afirmou Gabriel Mello, diretor institucional da escola.
Coreógrafas da Comissão de Frente, Ariadne Lax e Bruna Lopes,
O evento, realizado na loja da Mazu, reuniu figuras importantes do carnaval, amantes da escola e membros da comunidade, em um ambiente de celebração e pertencimento. As coreógrafas da Comissão de Frente, Ariadne Lax e Bruna Lopes, destacaram o valor da coleção ao incluir peças pensadas para o público feminino.
“Normalmente, as roupas de escola de samba são muito masculinas. Essa coleção vem com cropped, peças leves e estilosas, que respeitam nosso corpo e ajudam até nos ensaios. Estamos encantadas”, disse Bruna.
“É uma coleção inovadora, com lookinhos lindos e práticos. A blusa de algodão facilita até a movimentação nas coreografias, sem abrir mão do estilo”, completou Ariadne.
Flávia Leal, diretora artística da Unidos da Tijuca, vibrou com a recepção calorosa do público: “A loja ficou cheia, todo mundo comprando, abraçando a ideia… É lindo ver a Tijuca sendo vestida nas ruas. Estamos levando nossa escola para o Brasil e para o mundo”.
A presença da porta-bandeira Lucinha Nobre também chamou atenção. Ela usava uma camisa especialmente customizada por Agatha, integrante do barracão da escola, que também esteve presente no evento, bordando ao vivo peças dos convidados.
“Essa união é muito especial. A coleção está linda, e hoje pudemos mostrar um pouco do talento que temos dentro da nossa própria equipe. A customização traz ainda mais identidade para cada peça”, celebrou Lucinha.
Bernardo, sócio-fundador da Mazu, emocionou-se ao comentar sobre a parceria: “É surreal para gente. A Mazu já nasceu respirando o Rio, e agora estamos mergulhando no universo do samba com uma escola tradicional que a gente ama. É um passo gigante”.
A coleção estará à venda, inicialmente, na quadra da Unidos da Tijuca, em dias de ensaio e eventos oficiais. No entanto, a escola já planeja ampliar a distribuição para todo o Brasil. Um e-commerce está em desenvolvimento e, em breve, as peças também terão espaço exclusivo dentro do site da Mazu.
“Essa coleção é só o começo. Vamos lançar novas peças a cada três meses, sempre dialogando com a história da escola e com o presente do nosso povo”, concluiu Eduardo Koncikoski.
O reencontro de Feliciano Junior e Raphaela Caboclo na Marquês de Sapucaí foi marcado não só por emoção, mas também por reconhecimento. O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estácio de Sá foi escolhido como o melhor da Série Ouro no prêmio Estrela do Carnaval, promovido pelo CARNAVALESCO. Foi a consagração de uma trajetória marcada por talento, entrega e, sobretudo, reencontro.
Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO
“Uma honra sem tamanho, por ser o meu primeiro Estrela, é um prêmio muito tradicional, todo mundo aguarda quando sai a lista, e em virtude da nossa classe, ser escolhida dentre tantas pessoas talentosas, ídolos e amigos, foi uma grande honra”, declarou Raphaela, emocionada.
Para Feliciano, o momento teve sabor especial: “Motivo de muita alegria, é o meu primeiro Estrela. E ele veio em um momento muito especial para nós, foi nosso retorno como casal, estreia da Rapha na Estácio. Foi uma sensibilidade do site em ter esse reconhecimento. Foram 10 anos sem dançarmos juntos. Estávamos muito felizes, foi uma realização. Saímos da avenida com a sensação de dever cumprido. Quando saiu a listagem dos ganhadores, ficamos muito honrados”.
A parceria renovada em 2025 marcou também a estreia de Raphaela na Estácio, após seu ciclo na São Clemente. “Foi um carnaval que começou bem cedo, não tive descanso. Saí da São Clemente e já fui anunciada na Estácio. Embora já tenhamos dançado juntos anteriormente, passamos por outras parcerias, escolas e outros profissionais. Então começamos muito cedo a nossa preparação. Dentre mais de 20 desfiles, foi o primeiro que saí com a certeza de que tínhamos apresentado aquilo que tínhamos nos proposto. Ficamos muito felizes que os jurados tenham entendido aquilo que queríamos passar e nos agraciado com a nota”.
Feliciano também comemorou os resultados colhidos na Avenida. “Trouxemos a nota máxima, conquistamos alguns prêmios. Foi muito positivo. Terminou o desfile e a escola logo renovou conosco. Chegamos a receber algumas propostas, mas que não interferiram no que queremos construir de mãos dadas com a Estácio”.
A vitória no Estrela do Carnaval, mais do que um prêmio, consagra uma trajetória de dedicação e reafirma o talento de um casal que promete continuar encantando o público e os jurados com a bandeira da Estácio nas mãos e no coração.
A TV Globo e a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) assinaram nesta sexta-feira a renovação oficial do contrato de transmissão dos desfiles do Grupo Especial do carnaval de São Paulo para 2026. A informação é do jornalista Gabriel Vaquer, da Folha de S. Paulo. Com validade de um ano, o acordo garante à emissora os direitos exclusivos e multiplataforma para exibir os desfiles das 14 agremiações paulistanas, que acontecerão nos dias 13 e 14 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi.
Segundo a Folha, embora o valor fixo do contrato tenha sido menor que em anos anteriores, cerca de R$ 7 milhões a serem divididos entre as 14 escolas, a proposta da Globo incluiu um aumento na participação das agremiações nas receitas publicitárias. Em 2025, a emissora conseguiu, pela primeira vez desde 2019, obter lucro com os desfiles paulistanos, o que incentivou o novo modelo de divisão de receita. A expectativa de ambas as partes é que o faturamento aumente em 2026, ano de Copa do Mundo, quando o mercado publicitário costuma investir mais em campanhas de grande alcance, como as transmissões dos desfiles.
Na sexta-feira de Carnaval, desfilam Mocidade Unida da Mooca, Colorado do Brás, Dragões da Real, Acadêmicos do Tatuapé, Rosas de Ouro, Vai-Vai e Barroca Zona Sul. Já no sábado, será a vez de Império de Casa Verde, Águia de Ouro, Mocidade Alegre, Gaviões da Fiel, Estrela do Terceiro Milênio, Tom Maior e Camisa Verde e Branco.
Em nota, a Globo reafirmou seu compromisso com a cultura brasileira: “Reforçando seu compromisso com a cultura popular brasileira e a autenticidade de uma das manifestações mais potentes do país, a Globo renovou a parceria com a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, a LIGA-SP, para continuar transmitindo os desfiles de Carnaval das escolas do Grupo Especial em 2026”.
Os desfiles do Carnaval de São Paulo têm alcançado números significativos de audiência. Em 2025, a transmissão registrou média de 8 pontos na Grande São Paulo, principal mercado televisivo do país. Desde 2023, por exigência contratual, a Globo também exibe os desfiles paulistas para o público do Rio de Janeiro, medida que ainda gera insatisfação entre cariocas que preferem assistir à Série Ouro, cuja transmissão permanece com a Band até 2028.
A Acadêmicos de Vigário Geral teve um Carnaval 2025 inesquecível. Além do desfile arrebatador em homenagem ao cronista Francisco Guimarães, o Vagalume, a escola viu sua dupla de carnavalescos estreantes, Alex Carvalho e Caio Cidrini, conquistar dois dos prêmios mais importantes do Estrela do Carnaval: Revelação do Ano e Desfile do Ano na Série Ouro. Em entrevista ao CARNAVALESCO, os artistas relembraram a emoção, os desafios e o impacto dessa estreia marcante.
“Foi nosso primeiro trabalho na Marquês de Sapucaí como carnavalescos, assinando um trabalho. Não podia ser melhor. Tinha que ser na Vigário Geral com um enredo sobre Francisco Guimarães. Foi tudo muito especial, foi tudo muito significativo. Com certeza, é um trabalho que vai ficar para eternidade”, disse Alex, visivelmente emocionado.
Já para Caio, a estreia foi mais do que profissional. ela foi pessoal. “Esse desfile é uma maneira da gente se firmar como artista. Pelo menos para mim, foi um momento decisivo porque a gente ia estrear na Sapucaí. Por mais que a gente tivesse passado como assistente e feito carnaval na Intendente, é sempre um desafio. Por isso, a gente fez escolhas”, contou o artista, que revelou ter deixado outro emprego para se dedicar integralmente ao projeto.
A coragem deu frutos. O desfile da Vigário arrebatou o público e a crítica especializada, e o reconhecimento veio em dobro: a dupla levou para casa o troféu Estrela do Carnaval de Revelação do Ano. “É um belo passo no nosso currículo. A gente, apesar de novo, tem uma trajetória na Intendente já desde 2020. Fazer carnaval na Intendente não é fácil. Estrear sendo escolhido como revelação nos dá certeza que a gente está no caminho certo para alcançar o que a gente quer, que é conquistar títulos e viver de carnaval”, comemorou Caio.
Alex reforçou a importância do reconhecimento vindo do CARNAVALESCO. “Ter esse retorno positivo do CARNAVALESCO, que é tão respeitado e significativo pro carnaval, consagra nosso trabalho, nossa dedicação e a da Acadêmicos do Vigário Geral”, pontuou.
Além do troféu de Revelação, a dupla conquistou o prêmio de Desfile do Ano na Série Ouro, que foi uma surpresa para os próprios artistas. “A gente sabia que estaria disputando Revelação, mas o Desfile do Ano foi inesperado para mim. Eu não teria como imaginar isso antes”, revelou Caio.
Para o artista, a leveza e comoção do desfile foram construídas por toda a equipe, e o clima do desfile de 2025 foi tão especial que, pela primeira vez, ele conseguiu até se divertir na avenida. Alex também relembrou com carinho o momento em que souberam do prêmio principal: “A gente soube da premiação no dia da apuração e ficamos muito, muito felizes. Estávamos com a nossa comunidade. Novamente, não tinha momento melhor”.
Como símbolo da importância dessa estreia, Caio revelou um plano curioso: “Desde o início do carnaval, eu já tinha brincado com o Alex que queria fazer a tatuagem do Vagalume que a gente criou para a logo. Foi um marco tão grande que um dia eu vou cumprir essa promessa. Só não faço agora porque estou com preguiça de sentir dor, mas vou marcar de fazer a tatuagem do Vagalume”.
Com emoção, talento e entrega, Alex e Caio mostraram que chegaram à Sapucaí para ficar. A história da Vigário Geral em 2025 está escrita com brilho e os nomes dos dois artistas já estão marcados.
A Viradouro realizou a leitura de sua sinopse para o Carnaval 2026 na quadra da Estácio de Sá. O local foi escolhido em referência à trajetória do homenageado do próximo desfile, mestre Ciça, que iniciou sua carreira como passista na antiga Unidos de São Carlos, atual Estácio, em 1971, e, 17 anos mais tarde, tornou-se mestre de bateria. A proposta partiu do diretor de carnaval da Viradouro, Alex Fab, e foi prontamente acolhida pela diretoria da escola de Niterói. Com 55 anos dedicados ao samba, Ciça é um dos nomes mais respeitados entre os mestres de bateria. A sinopse, assinada pelo enredista João Gustavo Melo, sintetizou essa trajetória em cinco setores, com abordagem cronológica e foco na personalidade e no carisma do homenageado. De acordo com o diretor-executivo da Viradouro, Marcelinho Calil, o enredo reforça o caráter competitivo da escola e foi desenvolvido com o objetivo de apresentar um desfile forte e emocional.
Marcelinho Calil é diretor-executivo da Viradouro. Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO
“A vida do Ciça, ela é o carnaval. Ele sabe fazer o dom, o que Deus preparou para ele foi viver carnaval, desfile de escola de samba no Rio de Janeiro”, afirmou Calil, ao destacar a importância da homenagem e a escolha do local da leitura. Para ele, a proposta reafirma o compromisso da escola com a história do samba e valoriza um personagem central do carnaval carioca.
Calil também comentou as lembranças evocadas pela sinopse, ressaltando a força simbólica da narrativa. Segundo ele, o texto consegue unir trajetória artística, identidade e comportamento de mestre Ciça, representando-o como um dos grandes ícones da folia.
“Esse cara é meio o Zeca Pagodinho do carnaval, um cara com carisma absurdo. Basta andar com ele naquela avenida no ensaio técnico, você vai ver o que ele representa. Eu acho que essa união da personalidade, comportamento e identidade do Ciça é, de fato, a sua carreira, a sua história, os seus trabalhos. Esse é o ponto que a Viradouro vai trazer para o Carnaval de 26, uma das maiores lendas, um dos maiores ícones de Carnaval de todos os tempos”, declarou.
Sobre a disputa de samba, o dirigente disse esperar uma safra competitiva e reforçou o desejo de um samba com características que marcaram os melhores momentos da escola.
“Espero uma disputa acirrada como tem sido na Viradouro, um número de obras bons e botar um samba para frente, feliz, alegre, que leva a escola ao campeonato, como levou a Estácio, como levou a Viradouro nos últimos anos, nos últimos ganhamos dois carnavais. Como foram os grandes momentos do Ciça no início dos anos 2000. A gente espera um samba que faça a gente levar a escola a um grande carnaval com a identidade da Viradouro”, projetou.
Calendário da disputa
A disputa de samba-enredo da Viradouro já tem data para começar. O início será no dia 09 do mesmo mês. Já a final de samba está prevista para o dia 26 de setembro. Com o calendário definido, a Viradouro afina os tambores e inicia a contagem regressiva rumo a um desfile que promete incendiar a Sapucaí ao grito de “Pra cima, Ciça!”.
Tetracampeões de direito do carnaval paulistano, os Gaviões da Fiel passam por um momento curioso. Ao mesmo tempo em que chegarão a 23 anos sem um título do Grupo Especial, a Torcida Que Samba alcançou, nos últimos dois anos, os melhores resultados em todo o período destacado. Ernesto Teixeira, histórico intérprete da agremiação, verbalizou o sentimento dos torcedores a respeito. Sempre presente em eventos relacionados às escolas de samba da cidade de São Paulo, o CARNAVALESCO entrevistou a Voz da Fiel no evento que definiu a ordem dos desfiles do carnaval de 2026 na cidade.
O período do jejum de títulos dos Gaviões, citado no primeiro parágrafo do texto, começou bastante turbulento. Em 2004, no desfile que muitos imaginavam que selaria o tricampeonato de fato da escola do Bom Retiro, um dolorido rebaixamento. O título do Grupo de Acesso I em 2005 culminou em um novo rebaixamento em 2006 – e que trouxe o segundo caneco do segundo pelotão paulistano em 2007. O novo retorno ao Especial em 2008, em um 11º lugar, foi seguido de três anos no Desfile das Campeãs – quarto lugar em 2009 e quinto em 2010 e 2011.
De 2012 em diante, entretanto, foram longos anos sem conseguir desfilar novamente – período que só foi encerrado em 2024. Ernesto refletiu a respeito: “O nosso trabalho sempre foi no sentido de vencer. Sempre queremos fazer um grande carnaval, agradar o nosso público e quem gosta do carnaval em geral. Os Gaviões agora passam por um bom momento. Já são cinco ou seis anos que a gente vem reestruturando a administração interna, cuidando direitinho das finanças, conseguindo bons colaboradores. Agora é a hora de colocar isso aí na avenida e buscar mais um título”, comentou.
Espetáculo como prioridade
Perguntado se o jejum de títulos no Grupo Especial incomoda, Ernesto Teixeira surpreende: “Nem um pouco! Eu poderia falar que, nesse ano aqui, os Gaviões praticamente foram campeões do carnaval. Se você pegar a justificativa das notas, principalmente as que tratavam da letra do samba-enredo, elas não são condizentes com a realidade. Ali os Gaviões foram campeões do carnaval – quando, na realidade, ficaram na terceira colocação”, refletiu, relembrando o resultado obtido pelo elogiadíssimo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”, assinado pelos carnavalescos Julio Poloni e Rayner Pereira.
Logo depois, a já eterna Voz da Fiel dá uma lição de civilidade: “Mas a gente sabe como é que funciona o carnaval. Isso também faz parte, a gente tem que saber aceitar e trabalhar para um ano melhor. Ao longo desses anos, a gente fez grandes carnavais, a gente levou muita alegria para o povo e, tenho certeza, que, muitas vezes, as pessoas vão lembrar mais do samba e do carnaval dos Gaviões – talvez até em relação ao carnaval de quem ganhou realmente. Isso já nos dá uma satisfação muito grande”, destacou.
Por fim, ele reconhece a importância do resultado na disputa: “Claro que a gente busca o título sim, não podemos deixar de dizer que isso é uma verdade, também. A gente quer ter a taça lá na nossa sala de troféus. Mas a gente trabalha isso com tranquilidade. Não tem desespero”, ponderou.