O dia 20 de julho foi especialíssimo para a Unidos de São Lucas. Além de escolher o samba para representar o enredo “Ijexá” no carnaval 2025, a agremiação também coroou uma nova rainha de bateria. E a escolhida para substituir Juliana Fenix, que se despediu por motivos profissionais e estava presente na quadra da escola, é conhecida em todo o país, sobretudo pela comunidade LGBTQIA+. Trata-se de Priscila Nogueira, popularmente conhecida como Pepita. O CARNAVALESCO conversou com exclusividade com ela no camarote da quadra da agremiação, com decoração toda especial com o nome da artista e docinhos inclusos, para saber um pouco mais sobre a relação da celebridade com o carnaval, a defesa da comunidade LGBTQIA+ e a emoção de chegar em posto tão importante foram temas da entrevista.
Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO
Realizada
Ao ser perguntada sobre o sentimento em ser coroada rainha da Bateria USL, comandada por mestre Andrew Vinícius, Pepita abordou as dificuldades e preconceitos que existem sobre a transexualidade: “Eu acho que ser rainha de bateria é o sonho de qualquer mulher. E eu, sendo uma mulher travesti, num país que me mata, mais me consome como sexo, ter um reinado como esse é digno de evolução. O meu corpo, a minha pele, a minha voz é um ato de resistência. E o meu corpo na frente de uma bateria… não preciso te dizer mais nada. Eu vou fazer um reinado de diversidade. Eu quero ver mais meninas em outros estados igual a mim, sendo rainhas. Amo!” comemorou, pouco após sambar ao lado de Pamela Lino (musa da bateria) e Thelma Assis, a Thelminha, musa da Mocidade Alegre que foi parabenizá-la.
A emoção, de acordo com ela própria, é ainda mais especial por tal coroação acontecer na Unidos de São Lucas. Em 2023, ela foi coroada madrinha da mesma bateria, à época já comandada por Mestre Andrew, quando a agremiação ainda estava no Grupo de Acesso II. Pouco depois, ela foi convidada para ser destaque em uma escola do Grupo Especial: “A São Lucas foi a primeira escola que me acolheu aqui em São Paulo. Eu desfilei na São Lucas como madrinha de bateria. A São Lucas foi a primeira que me acolheu aqui. Também fui convidada pra ser musa da Tom Maior, e hoje eu sou rainha de bateria da Unidos de São Lucas”, relembrou.
Em 2025, ainda mais holofotes estarão sob Pepita não apenas por conta do cargo que passa a ocupar. Vice-campeã do Grupo de Acesso II com o enredo “O Canto das Três Raças… O Grito de Alforria do Trabalhador!”, a agremiação estará no Grupo de Acesso, a apenas um passo do pelotão principal do carnaval paulistano.
Transexuais com destaque
Em 2022 (visando o ano seguinte), outra transexual causou frisson no carnaval paulistano. Trata-se de Camila Prins, que foi coroada rainha de bateria da Ritmo Responsa, bateria da Colorado do Brás – antes, ela própria já ocupava o posto de Rainha LGBTQIA+ na escola do Centro de São Paulo. Quando perguntada a respeito de Camila, Pepita soltou outro sonoro “Amo!”, indicando que conhecia a destaque e a respectiva história – já contada pelo CARNAVALESCO.
Ela, entretanto, fez um desafio para o carnaval paulistano – e para todo o país: “A única coisa que eu tenho para te dizer é que a gente existe. Mulheres trans e travestis não começaram agora. Elas já vêm de uma história. Para eu estar aqui hoje, muitas minhas já se foram. Para eu estar aqui, a Camila estar aqui… muitas se foram. Mas é muito louco só ter eu e a Camila na frente de bateria. Queremos mais. Mas, para isso, as escolas, os pavilhões, têm que entender que a gente existe. A pedrinha que está colada aqui, no meu corpo, foi alguém da comunidade LGBTQIA+ que colou. A minha comunidade não serve só para estar no barracão, não. A minha comunidade está aqui pra ser bateria, mestre-sala e porta-bandeira, diretora de uma escola. É essa revolução que eu quero fazer”, destacou.
Além de rainhas de bateria, outra transexual também está em alta no mundo do carnaval. Trata-se de de Xica Manicongo, tida como a primeira transexual da história do Brasil, que será tema do enredo do Paraíso do Tuiuti em 2025. Mostrando conhecimento sobre o universo da folia, ela destacou o quanto a temática precisa ser mais difundida – e o quanto as escolas de samba são importantes nesse processo: “Conheço o enredo da Tuiuti, sim. Eu acho muito legal a gente ver essa mudança, esse incômodo. Na realidade, é um incômodo. Se você não se sente confortável vendo uma travesti na frente de bateria, é isso que a gente quer: te incomodar. E você entender que eu sou igualzinha a você. Eu posso usar uma coroa e uma faixa. Eu sou ela, nunca vou poder ser ele. É isso que as pessoas têm que entender. A Paraíso do Tuiuti vai falar de uma mulher que me representa, que fez eu chegar até aqui. Ela e a escola merecem a minha reverência e o meu respeito”, destacou.
Pé-quente
Se, em 2024, enquanto ainda era madrinha, Pepita foi vice-campeã do Grupo de Acesso II e ajudou na subida de divisão da Unidos de São Lucas, o histórico de grandes resultados da cantora não para por aí. Nascida em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi em uma escola da Baixada Fluminense que ela começou a escrever o nome na história do carnaval – no desfile que bateu o recorde de premiações do Estrela do Carnaval em um único ano, entregue e organizado pelo CARNAVALESCO: “Eu comecei no Rio de Janeiro, na Grande Rio, escola que o David Brazil me convidou pra me desfilar. A escola veio falando de Exu, em 2022, e foi campeã”
O Acadêmicos do Salgueiro anunciou a abertura das vendas para as duas únicas fantasias comerciais que serão apresentadas na Avenida durante o Carnaval 2025. A escola divulgou os figurinos, elaborados pelo carnavalesco Jorge Silveira, durante a live da final de samba-enredo, realizada na noite do dia 11 de outubro.
A primeira ala comercial, Ala 12 – Chapéu Mágico de Lampião, destaca a rica tapeçaria de crenças e mistérios da fé nordestina. O icônico cangaceiro Lampião e seu bando incorporavam em seus trajes e adereços as tradições das macumbas brasileiras, utilizando patuás, orações e anéis benzidos para se proteger contra a má sorte. Uma das histórias mais notáveis relata sobre um chapéu mágico que poderia prever o futuro, encantado por Moreno, um mandingueiro do cangaço. Segundo a lenda, no dia de sua morte, Lampião não utilizava o adereço, o que o deixou vulnerável, enquanto o feiticeiro do grupo, que o portava, sobreviveu à emboscada e viveu mais de cem anos.
Fotos: Ygor Gusmão/Divulgação Salgueiro
A segunda ala, Ala 22 – Vestido com as Armas de Jorge, é uma homenagem ao patrono da fé brasileira, São Jorge. Este santo, símbolo do sincretismo nas religiões de matriz africana, atrai milhares de devotos todos os anos no dia 23 de abril, quando entoam a oração: “Estarei vestido com as armas de Jorge, para que meus inimigos tendo pés não me alcancem.” A fantasia sincretiza o vermelho de São Jorge com o azul de Ogum, orixá da forja e da guerra, celebrando a força e a proteção oferecidas pelo santo.
As reservas para fantasias podem ser feitas pelo WhatsApp: 21 99926-9985, com Carolina. É importante ressaltar que este é o único canal OFICIAL para contato e reserva de fantasias.
Carnaval 2025: ‘Salgueiro de Corpo Fechado’
O Acadêmicos do Salgueiro traz para o Carnaval 2025 o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, assinado por Igor Ricardo e desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. A proposta explora a rica tradição das práticas mágico-religiosas que prometem proteger o corpo contra males físicos e espirituais. O conceito do “corpo fechado” tem raízes em crenças africanas, europeias e indígenas, misturadas durante a formação cultural brasileira.
O enredo destaca a presença de personagens importantes da Umbanda, como Zé Pilintra e os Pretos Velhos, e aborda o uso de amuletos, rituais e orações para blindar o corpo contra perigos, doenças e inveja. O desfile também vai homenagear a herança africana trazida pelos escravizados mandingos, que trouxeram consigo práticas de proteção espiritual, como as bolsas de mandinga, que foram adaptadas no Brasil.
Com uma narrativa que transita entre crenças populares, histórias de cangaceiros e rituais de diversas religiões, o Salgueiro promete uma celebração vibrante e cheia de simbologia. O enredo também reforça a importância da conexão entre corpo e espírito no Candomblé e outras práticas religiosas, onde o corpo saudável é visto como essencial para a vida e a espiritualidade.
A escola será a terceira a atravessar a Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 3 de março de 2025.
A Mangueira faz no sábado a final de samba-enredo para o Carnaval 2025. Três parcerias estão na decisão. A escola, em 2025, terá o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”. Abaixo, você pode ouvir os finalistas, ver as apresentações na disputa, conferir nossas análias, além de votar e indicar a parceria favorita para vencer. Vamos divulgar o resultado na manhã de sábado.
No próximo domingo, dia 20 de outubro, a Unidos de Padre Miguel abrirá suas portas para mais uma edição da tradicional feijoada da escola. Com início marcado para às 13h, o evento promete um domingo de muita animação.
Além da deliciosa feijoada, a festa contará com a presença especial da coirmã Portela e do cantor Nego Damoé, que abrilhantarão o evento. Um dos destaques será a apresentação oficial do samba enredo de 2025 do Boi Vermelho da Zona Oeste.
A entrada é gratuita até às 16h, e após esse horário, será cobrado um valor simbólico de R$ 5,00. O prato da feijoada custa R$ 25,00. É importante ressaltar que todas as mesas e camarotes já estão esgotados.
A quadra da Unidos de Padre Miguel está localizada na Rua Mesquita, 8, Padre Miguel.
Serviço:
Evento: Feijoada da Unidos de Padre Miguel
Atrações: Portela e Nego Damoé
Data: 20 de outubro
Horário: A partir das 13h
Local: Rua Mesquita, 8, Padre Miguel
Entrada: Gratuita até as 16h; R$ 5,00 após esse horário
Valor do Prato da Feijoada: R$ 25,00
Um dos eventos mais aguardados da pré-temporada carnavalesca recomeça nesta sexta-feira, 18. O Paraíso do Tuiuti recebe as escolas de samba Unidos de Padre Miguel e Unidos da Tijuca. As duas agremiações vão se apresentar durante o “Encontro no Paraíso”. O evento começa a partir das 22h, com entrada a R$ 30.
Estarão presentes todos os principais segmentos de cada uma das escolas, como casais de mestre-sala e porta-bandeira, bateria, baianas, passistas, Velha Guarda, entre outros.
O Tuiuti será a segunda escola a desfilar na terça-feira de carnaval com enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?” sobre a primeira trans não indígena do Brasil. O desenvolvimento do tema é do carnavalesco Jack Vasconcelos.
Serviço:
Encontro no Paraíso com Unidos de Padre Miguel e Unidos da Tijuca
Sexta-feira, 18 de outubro, a partir das 22h
Quadra do Tuiuti: Campo de São Cristóvão, 33, São Cristóvão
Ingresso: R$ 30
Classificação etária: 18 anos
A noite da última terça-feira foi de bolinhos de feijoada e mocotó, peixes fritos, carnes bem temperadas e drinks coloridos e bem decorados no Baródromo. O bar dos sócios Felipe Trotta e Vladimir Alexandre, que homenageia as escolas de samba e o carnaval, lançou as novas opções na cardápio em homenagem aos enredos das agremiações do Grupo Especial para 2025. Na ala dos petiscos assinada por Felipe e pela chefe Fabiana Cândido, as seis homenageadas foram Beija-Flor, Grande Rio, Imperatriz, Portela, Salgueiro e Viradouro. Já os coquetéis foram inspirados em Mangueira, Mocidade, Paraíso do Tuiuti, Tijuca, Unidos de Padre Miguel e Vila Isabel e são assinados pelo mixologista Thiago Teixeira.
Felipe Trotta falou sobre o sucesso do Baródromo e o reconhecimento pelo público amante de carnaval. “O Baródromo é uma trilogia. Começou na Praça Onze. A parte 2 foi na Lapa. E a parte 3, para fechar essa trilogia, é aqui no Maracanã que mistura a essência das duas outras casas. O Baródromo na Praça Onze era mais bar-botequim; na Lapa virou mais uma casa de show. Aqui eu misturei as duas coisas de maneira mais informal, mais aberta ao público, da maneira que eu sempre quis que fosse. Calhou que a pandemia, que foi uma tragédia mundial, empurrou para fazer o Baródromo no local que eu gostaria que fosse, nessa região, e da maneira que eu gostaria. Aos pouquinhos a casa foi aprimorando seu serviço, cada vez mais os amantes do carnaval frequentando e chegamos nesse ponto que esperamos renovar esses votos que temos como público. Isso é um orgulho tremendo. Nós fazemos tudo com muito carinho e muito cuidado, respeitando a história do carnaval, das escolas de samba e o carinho que o publico tem pelas suas escolas.”, declarou Trotta.
Baródromo, com nove anos completos, hoje se situa na Rua Dona Zulmira, 41 – Maracanã, e funciona de terça a domingo
Este é o segundo ano que o Baródromo cria um cardápio voltado para os enredos do ano das escolas de samba. O bar já tinha em seu cardápio homenagens a Neguinho da Beija-Flor, Milton Cunha, Martinho da Vila, Selminha Sorriso, Laíla, além de referências aos clássicos “Vou invadir o Nordeste” (Mangueira 2002), “De bar em bar” (União da Ilha 1991), “Lendas e Mistérios da Amazônia” (Portela 2004) e “Festa no Arraiá” (Vila Isabel 2013).
“O cardápio do Baródromo sempre foi temático. E ano passado eu tive a ideia de renovar o cardápio usando os enredos do próximo ano. Na minha concepção, isso envolvia toda ideia do Baródromo que é falar de Carnaval na mesa do bar. Aqui a gente já fala de carnaval o tempo todo, ouve carnaval, vê carnaval, agora com um prato homenageia o enredo do ano que vem é mais um motivo para falar do carnaval, de elogiar ou criticar, falar bem ou mal. Esse conceito, que implantamos desde o ano passado e vamos seguir no próximo ano, é fazer um cardápio temporal. Ano que vem esse cardápio vai acabar e vamos fazer o de 2026.”, informou Felipe Trotta.
O sócio Vladimir Alexandre celebra o Baródromo representar 365 dias de samba para os sambistas. “Nós somos um bar que remete ao samba o ano inteiro. O ano inteiro é Carnaval e samba no Rio de Janeiro. Todo mundo espera montar um negócio e dar certo. Como o Rio de Janeiro gosta de samba e carnaval, o Baródromo veio abraçando isso tudo. Nós somos 365 dias samba e carnaval. É uma gratidão absurda pelo público, pelos clientes e amigos. Alguns bares são referência de comida típica, outros de uma bebida de típica, aqui nós somos referência de carnaval.”, disse Vladimir.
Petiscos
Os seis novos petiscos foram idealizados pelo Felipe Trotta e pela chefe Fabiana Cândido. A chefe está no comando da cozinha do Baródromo há 2 anos e tem trabalhado nesse conceito de cardápio temporal. Fabiana contou ao CARNAVALESCO o processo criativo.
Chefe Fabiana Cândido
“Nós trabalhamos em conjunto, estudamos os enredos, vemos o significado de cada um. E através do significado do enredo, nós elaboramos o cardápio, pensando em ingredientes inusitados. Os seis petiscos são da Grande Rio, da Portela, da Viradouro, do Salgueiro, da Imperatriz e da Beija-Flor.”, explicou Fabiana.
A chefe revela que conhecia pouco de carnaval, mas ser curiosa foi o seu trunfo na cozinha do Baródromo.
“Estou há dois aqui, para mim é uma novidade. Quando entrei, eu entendia nada de Carnaval e fui me apaixonando aos poucos. Eu sou muito curiosa. Quando o Felipe chama para criar um novo prato, eu falo ‘estou dentro!’. Ele conta sobre os elementos do enredo e dá ideias de ingredientes e eu vou para a cozinha fazer os testes. Ele aprovando, a gente bota no cardápio”, relatou Fabiana Cândido.
Beija-Flor – ‘Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas’
Sobre receitas inusitadas, Fabiana exemplifica com o petisco que representa o enredo da Beija-Flor em homenagem ao Laíla.
“Pensamos em ingrediente inusitados para que a pessoa fale ‘Nossa!’. A Beija-Flor é um bolinho de mocotó, o que surpreende as pessoas, e tem um molho de laranja picante. Os bolinhos ficaram muito lindos”, contou a chefe.
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
O carnavalesco da “Soberana”, João Vitor Araújo, comeu o petisco e revelou o que achou. “Não podia ser diferente! O petisco da Beija-Flor em homenagem ao Laíla está uma delícia, com a laranjinha. Para quem não sabe, o apelido Laíla tem origem na laranja, porque quando ele era muito pequeno não sabia pronunciar laranja. Ele pedia ‘me dá Laíla’, quando na verdade ele estava pedindo laranja e ficou o apelido carinhoso. Esse petisco está acompanhando essa história”, contou o carnavalesco.
Portela – ‘Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol: uma homenagem a Milton Nascimento’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Para representar a Portela em 2025, Fabiana Cândido e Felipe Trotta recorreram a um pernil acebolado e gratinado acompanhado de polenta frita, montado como se fosse um Sol. “Nós pensamos no pernil gratinado. Ele é marinado 48 horas, assado por 8 horas e é gratinado coberto com muçarela no forno”, contou a Fabiana.
Salgueiro – ‘Salgueiro de corpo fechado’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
O petisco que homenageia a vermelho e branco é formado por seis bolinhos de feijoada vermelha em uma cama de sal grosso e servido com um creme de alho e alecrim. “O Salgueiro é um bolinho de feijoada. Mas é de feijoada vermelha, feita com feijão vermelho. E acompanha um creme de alho maravilhoso”, definiu Fabiana Cândido.
Viradouro – ‘Malunguinho: o mensageiro dos três mundos’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Um dos favoritos de Fabiana Cândido, o petisco é composto por charque acebolado, leite de coco, dendê, couve frita e palitos de tapioca e banana da terra. “Para mim é um dos melhores! É carne seca acebolada, com azeite de dendê e leite de coco, acompanhado com palitinho de tapioca e banana da terra. Esse enredo fala muito sobre mata, a gente queria trazer um pouquinho de cada história”, explica a chefe.
Grande Rio – ‘Pororocas Parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Outro xodó da chefe é o petisco desenvolvido em homenagem ao enredo paraense da Grande Rio. “São iscas de filé de dourado, um peixe de água doce, e vai com um creme de açaí. O pessoal do Pará come muito açaí com farinha, na verdade, com tudo. Esse é perfeito!”, comentou Fabiana.
Imperatriz – ‘Ómi Tútú ao Olúfon: Água Fresca para o Senhor de Ifón’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
A escola que narra a jornada de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô tem como petisco os seis dadinhos de arroz com quiabo e dendê e maionese de couve-flor defumada no carvão. O prato é contruído tanto para ser uma homenagem a Oxalá – por conta do arroz e da couve-flor – quanto a Xangô – devido ao uso de quiabo e dendê.
Drinks
Para fazer os drinks, o Baródromo convocou o mixologista Thiago Teixeira. O bartender teve o desafio de transformar os enredos da UPM, da Mocidade, do Paraíso do Tuiuti, da Vila Isabel, da Mangueira e da Unidos da Tijuca em sabores de coquetéis surpreendentes.
Mixologista Thiago Teixeira
“É um prazer e um desafio muito grandes fazer essa carta do Baródromo porque, além de pensar em toda questão criativa e sabor dos coquetéis, eu tenho que trazer para dentro dos copos a história do samba-enredo e linkar com as cores da escola. Para mim é um prazer imenso”, declarou o mixologista.
Tuiuti – ‘Quem tem medo de Xica Manicongo?’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Ser o primeiro samba-enredo disponível facilitou o trabalho de Thiago Teixeira ao homenagear o Paraíso do Tuiuti. Thiago reuniu vodca, vermute doce, suco de manga com dendê e espuma de gengibre para fazer uma mistura única para celebra Xica Manicongo. “O Tuiuti foi o mais tranquilo para mim porque, durante o processo criativo, era o único que tinha um samba-enredo pronto. Xica foi a primeira travesti do Brasil e o samba-enredo fala sobre dendê. Fiz uma mistura de suco de manga com dendê que ficou maravilhosa”, relatou o mixologista.
Mocidade – ‘Voltando para o Futuro não há limites pra sonhar’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
O bartender revelou que o mais difícil foi transformar o enredo da Mocidade em um drink. Ele postou no lúdico e na imagem futurista e espacial para compor o coquetel. “O que eu tive mais dificuldade foi o da Mocidade, por falar de futuro. Trazer o futuro para dentro do copo foi difícil, mas eu consegui através do algodão-doce, trazendo uma coisa mais futurista para o coquetel, e as estrelas em cima do algodão remetendo ao céu. Coincidente, o samba que ganhou na Mocidade fala bastante sobre céu”, explicou Thiago.
Mangueira – ‘À flor da terra no Rio da negritude entre dores e paixões’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
O chamativo coquetel rosa que representa a Estação Primeira de Mangueira é composto por gin rosé com infusão de frutas vermelhas e hibisco, xarope de rosas, suco de limão e água tônica. “Para a Mangueira, eu trouxe um coquetel rosa e a lança-de-santa-bárbara como decoração. Tem gin rosé, suco de limão e tônica”, afirmou o mixologista Thiago Teixeira.
Unidos de Padre Miguel – ‘Egbé Iyá Nassô’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Neste drink, Thiago buscou referenciar a Bahia, origem de Iyá Nassô fundadora do primeiro terreiro de candomblé do Brasil – a Casa Branca do Engenho Velho. O coquetel é feito com vodca, xarope de frutas vermelhas, suco de limão, água tônica e espuma de gengibre. “Na Unidos de Padre Miguel, que fala sobre a Bahia, eu coloquei uma fita do Senhor Bonfim para decorar o copo. Leva vodca, xarope de frutas vermelhas, tônica e espuma de gengibre”, comentou o mixologista.
Vila Isabel – ‘Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Thiago Teixeira construiu um coquetel com gin, xarope de abóbora com especiarias, Blue Curaçau, suco de limão, água tônica e espume de gengibre para representar as assombrações da Vila Isabel. O drink azul claro como a bandeira da escola fica mais divertido por ser decorado com um doce em formato de abóbora de típica de Halloween.
Unidos da Tijuca – ‘Logun-Edé: Santo menino que velho respeita’
Foto: Rodrigo Galvão/Divulgação Baródromo
Um drink azul e dourado foi feito pelo mixologista para representar a escola do Morro do Borel. O drink foi feito com vodca, Blue Curaçau, suco de limão, tônica citrus, espuma de gengibre e glitter comestível dourado. O diretor de Carnaval da Tijuca Fernando Costa comentou a homenagem. “Eu achei maravilhoso! Eu sou cervejeiro, mas acabei de provar e achei incrível. O Felipe [Trotta] e equipe estão de parabéns. Todo mundo falando que as comidas também estão muito boas. É minha primeira vez que eu consigo virar por conta de barracão e estou achando muito legais essas homenagens.”, declarou o tijucano.
Gosto do público
A professora de História Sônia Souza é carioca e dança carimbó. Essa conexão de ritmo e comida a fez se encantar pelo petisco que representa o enredo da tricolor da Baixada. “Comer um petisco da Grande Rio, que homenageará a cultura paraense, e nessa semana do Círio de Nazaré para mim é muito representativo. O pirarucu que a gente come e a peixada amarela no Vero Peso com tacacá, o açaí com peixe. Para mim foi maravilhoso comer esse açaí com gostinho de terra, amarguinho, com peixe frito”, disse Sônia.
Professora de História Sônia Souza
A professora também provou o bolinho de feijoada vermelha do Salgueiro e o coquetel do Tuiuti. “Experimentei também o do Salgueiro. Temperadíssimo, muito gostoso com molhinho de alho com alecrim. Uma pegada de Exu. E provei o drink do Tuiuti que tem dendê. É bom para dar uma acalmada no orí. Na primeira bicada, eu senti o dendê já achei uma maravilha”, afirmou Sônia Souza.
A influencer gastronômica do blog “Comi! E aí?” Hannah Vaz, de 34 anos, se disse apaixonada pelo menu novo do Baródromo. A torcedora “doente” da Imperatriz Leopoldinse deu seu veredicto sobre o cardápio.
Influencer gastronômica do blog “Comi! E aí?” Hannah Vaz
“O menu traz bem as nuances do que todos os enredos estão pedindo. Os drinks pensados pelo Thiago Teixeira estão maravilhosos! O fato de ter dendê no drink da Xica Manicongo, peixe do petisco da Grande Rio, o quiabo na Imperatriz falando de Oxalá e Xangô, mostra que foi bem pensado. A feijoada vermelha do petisco do Salgueiro está excelente! É o meu favorito até agora”, opinou Hannah.
‘Carnaval o ano inteiro’
Com o Carnaval 2025 cada vez mais próximo, o Baródromo se prepara para essa renovação a partir da nova safra de sambas-enredo. “No Baródromo, é carnaval o ano inteiro! O pré-carnaval é o que fazemos o ano inteiro. Faltam dois sambas [Mangueira e Beija-Flor] a ser escolhidos, vem essa renovação e nossa roda de samba se inflama com essa renovação, com os sambas que farão sucesso na Avenida”, comenta Felipe Trotta.
Infelizmente, o carnaval paulista ainda não poderá contar com um Baródromo para chamar de seu. O sócio falou sobre os limites de levar o bar para outros lugares.
“Muitas pessoas vem de São Paulo e comentam que deveria ter um bar como esse lá. Ainda não é um projeto meu. A pegada aqui é muito artesanal, estamos aqui no dia a dia. Esse cuidado que temos com a casa dificilmente teríamos se fosse uma franquia. O que torna o Baródromo especial é ser único aqui”, argumentou Felipe.
O Baródromo, com nove anos completos, hoje se situa na Rua Dona Zulmira, 41 – Maracanã, e funciona de terça a domingo.
A Beija-Flor faz nesta quinta a final de samba-enredo para o Carnaval 2025. Três parcerias estão na decisão. A escola, em 2025, terá o enredo “Laíla de todos os santos. Laíla de todos os sambas”. Ouvimos um compositor de cada parceria defendendo seus sambas. Ouça abaixo.
Quando o Acadêmicos do Tatuapé desfilar em 2025, o intérprete Celsinho Mody completará dez carnavais à frente da ala musical da escola. Mesmo que não sejam desfiles consecutivos, dez também são os anos que o artista completará desde que retornou para a agremiação da Zona Leste em função de um ano sem apresentações.
Após estrear em 2006, foram dez anos passando por outras agremiações até retornar em 2016 naquele que foi o melhor resultado da escola até então, o vice-campeonato com o enredo em homenagem à coirmã Beija-Flor de Nilópolis. Logo nos dois anos seguinte, obteve as notas dez que deram ao Tatuapé seus dois títulos do carnaval paulistano.
Fotos: Felipe Araújo/Divulgação Liga-SP
Todo apaixonado por carnaval almeja o dez quando pisa na Avenida. Mais que a nota máxima atribuída pelos jurados, o número é um símbolo para metas alcançadas e marcas memoráveis. Conquistar as notas dez sempre foi a missão de Celsinho Mody ao longo da carreira, mas o artista admitiu ao CARNAVALESCO que a nova relação com o dez tem um significado especial.
“Para mim é muito reflexivo. Toda vez que falo isso eu fico criando essa nostalgia porque eu jamais imaginei que fosse chegar a isso. Para mim, todo mundo fala assim: ‘pô, eu quero ser eterno numa escola de samba, eu quero fazer o que eu faço eternamente’, e eu não penso em nada disso. Eu penso em fazer um grande trabalho, o máximo que eu puder naquele ano, para fazer as pessoas felizes e a escola ganhar. Ganhar não só no resultado de carnaval, mas ganhar em felicidade. Hoje eu cheguei, já estava rolando o show do Juninho, um show espetacular no palco, eu demorei 50 minutos da porta da quadra até aqui na minha sala. Abraça um, abraça o outro, as pessoas perguntando. ‘Celsinho, me convida para ir em casa’, ‘vamos tomar um café lá em casa’, ‘tem uma foto sua na minha casa’, ‘estou rezando por você, todo dia minha mãe reza pela sua voz’. Que preço que isso tem? E pensar que hoje consegue multiplicar isso em dez anos só cresce. É muito forte”, declarou.
‘Sou um grão de areia no deserto’
Celsinho precisou de alguns instantes para continuar a conversa. A emoção era forte demais, e clara desde o momento em que pisou no palco na festa de lançamento do décimo samba que defenderá pelo Tatuapé. O intérprete cantou alguns dos principais sambas imortalizados na sua voz ao passarem pelo Anhembi. Seu retorno à escola em 2016 marcou também o início da fase que ascendeu a tradicional Academia da Zona Leste de quase 72 anos ao status de uma das maiores potências carnavalescas da atualidade. Por mais que os destinos de Tatuapé e Celsinho tenham se cruzado para formar os melhores momentos de suas histórias no carnaval, o artista credita a Deus os frutos colhidos em todos esses anos.
“Primeiro quero dizer que eu sou um grão de areia no deserto. Quero frisar muito isso, eu sou um grão de areia no deserto, uma gota d’água no oceano. Sou uma peça muito pequena nessa engrenagem, sou apenas o cantor da escola, mas tenho certeza de que esse período que a Tatuapé vive é uma bênção de Deus. Deus abençoou, Deus que colocou pessoas trabalhadoras e focadas para desenvolver um trabalho, que estão sendo conduzidas mesmo pelas mãos d’Ele, que traçou esse tempo todo. Uma grande parte de tudo que a gente vê é uma grande bênção. É conjuminar as pessoas certas no momento certo e na hora certa. Eu tenho certeza de que isso aconteceu com a Tatuapé esses anos todos. Você vê que tem grandes sambas no meio disso tudo. Teve samba que eu via na internet que era criticadíssimo, mas depois que passava o carnaval a mesma pessoa que criticou, falou: ‘mas o samba da Tatuapé foi tão legal, pessoas cantavam’. Isso é a mão de Deus, que toca no coração das pessoas, faz com que eu tenha inspiração para a música, inspiração do carnavalesco de criar o carnaval, inspiração do diretor de harmonia de conduzir as pessoas bem. Eu caracterizo isso aí, é a mão de Deus que uniu pessoas trabalhadoras em prol de um projeto”, afirmou.
Personagens que fazem de cada samba único
São dez sambas defendidos pelo Tatuapé, mas por mais que alguns deles se destaquem, a forma como Celsinho trata cada um deles torna impossível escolher um que se destaque. Mais que cantar, o artista tem uma característica em seu trabalho que faz com que cada obra se torne única.
“Para cada samba eu crio um personagem. Mesmo que o enredo não tenha um personagem, eu crio um personagem para caracterizar a minha voz. Tem sambas que eu canto com a voz mais aguda, tem sambas que eu canto com a voz mais pesada, mais intensa, tem sambas que eu canto com a voz mais leve. Eu crio um personagem para esse samba e me aproprio dele tanto que eu me apaixono linha por linha, letra por letra, e tem vezes que até me confundo com o próprio autor. Tem vezes eu penso que criei aquela música de tanta propriedade que pego, então é muito difícil, não consigo escolher um. O que sei é que o samba da África (2017) foi muito cantado, é muito cantado até hoje. O samba do Maranhão (2018) é muito cantado até hoje. Esse samba da Bahia (2024) está sendo muito cantado. Deu para ver hoje, quando a gente começou a cantar, as pessoas dançaram, criou um momento apoteótico no desfile, um momento de muita alegria, muita interação. É por isso que não consigo escolher um”, detalhou.
Honra em defender o Tatuapé há dez carnavais
Na matéria sobre a festa de lançamento do samba-enredo do Tatuapé para 2025, Celsinho Mody agradeceu à escola, a Deus e celebrou a marca dos dez carnavais defendidos à frente da escola.
“Para mim é uma honra muito grande falar com vocês mais um ano pela Acadêmicos de Tatuapé. O décimo ano defendendo, dez sambas cantando nessa escola. Eu estou muito emocionado, muito honrado, feliz, primeiro com o presente que Deus me deu e com a honra que essa diretoria da escola, com a presidência e toda a comunidade me deram de viver dez anos tão felizes, com a aceitação altíssima da comunidade, com respeito da minha parte para a diretoria, da diretoria para a minha parte e cumprindo com o meu trabalho. Aqui é uma empresa, e eu estou prestando um serviço, mas eu presto um serviço com emoção, com amor, com a veia de samba e coloco meu coração aqui, e eu coloquei meu coração com a voz dez vezes. É muito emocionante, muito mesmo, ver uma festa como hoje, tão linda, com as pessoas felizes, esperando o resultado do samba, e eu senti as pessoas emocionadas também. Eu estou muito feliz, e quero agradecer, deixar meu agradecimento para Deus, em especial para Deus. Agradecer aos presidentes do Acadêmicos do Tatuapé, os que já passaram e os que estão por esses dez anos, e dizer que podem contar comigo para esse carnaval de 2025 com toda a minha energia, com algo a mais do que o meu coração, porque está pedindo isso, muito emocionado e vou cantar esse samba como o maior samba da minha vida”, disse na ocasião.
O rei momo, rainha e princesas do carnaval mirim serão conhecidos no próximo domingo, às 15h, na Casa Carnaval, através de concurso promovido pela Associação das Escolas de Samba Mirins do Rio de Janeiro. Mais de 20 inscritos entre meninos e meninas com idade entre cinco e onze anos, pertencentes aos quadros das agremiações infantis, se apresentarão diante de um renomado corpo de jurados, mostrando o autêntico samba no pé, o verdadeiro gingado, além da simpatia, alegria e espontaneidade. Características que os candidatos devem mostrar para merecerem o título de rei momo e rainha, sendo os comandantes da festa que a garotada promoverá no próximo carnaval, durante os desfiles das escolas mirins, dia 7 de março.
“Estamos preparando uma grande festa para a escolha dos pequenos comandantes da folia. Já se tornou tradição este evento preparado pela Aesm-Rio. As crianças sempre perguntam quando será realizado e a cada ano, temos nos empenhado para proporcionar momentos memoráveis para os concorrentes”, revelou Waleska Marinho, idealizadora do concurso.
As inscrições foram encerradas dia 12 de outubro. O evento será aberto ao público e os organizadores esperam que as torcidas dos candidatos façam grande festa. Em sua 12ª edição, a competição que tradicionalmente acontecia nas quadras das escolas filiadas à Aesm, tem como novidade em sua realização, a Casa Carnaval.
“Aguardamos os familiares, amigos e torcedores de cada criança que esteja participando da competição. Estão convidados! Trata-se de uma festa para celebrar os escolhidos que irão comandar nos dias de carnaval feito pelas crianças”, destacou Edson Marinho, presidente da Aesm-Rio.
A Casa Carnaval fica na Rua do Mercado, 37 – Centro (próximo à Praça XV).
Serviço
Concurso Cortejo Carnaval Mirim 2025
Data: 20 de outubro de 2024 (domingo)
Horário: 15h
Entrada gratuita
Casa Carnaval
Endereço: Rua do Mercado, 37 – Centro