Sextou e lá estava a Unidos de Padre Miguel para seu penúltimo ensaio, na Praça Guilherme da Silveira, antes da noite derradeira do desfile oficial, quando a escola se lançará à própria sorte, no desafio de ser, finalmente, campeã da Série A. O sonho do Grupo Especial, sempre vivo na cabeça de todos da escola, tem parecido mera utopia a cada Quarta-Feira de Cinzas, ao abrir dos envelopes que praticamente ultrajam uma escola que desfila feito Grupo Especial, porém com seus pertinentes percalços.
O ensaio desta sexta-feira mostrou o mais do mesmo de uma impressão positiva: ainda que sob chuva que insistia em tentar minguar a garra do componente, o canto e a evolução foram os protagonistas. Alinhados com um desempenho formidável da bateria de mestre Dinho e um Pixulé inspirado, os quesitos da Unidos de Padre Miguel mostraram que irão, como nos últimos anos, garantir boas notas para a escola.
Enquanto a chuva caía, ainda que deixando seus intervalos, os componentes gritavam o samba, a escola balançava e os diretores de alas faziam o possível para sustentar o canto de seus grupos. A evolução não apresentou problemas e a escola ensaiou com a presença da comissão de frente e um bom público nas calçadas.
“O tempo não ajudou, mas a comunidade veio. O que impressionou hoje foi o canto da escola. Acho que esse será o diferencial da Unidos de Padre Miguel: o canto da comunidade. Claro que sempre tem uma coisinha para ajustar até o desfile, porque se estivesse 100% hoje, teria alguma coisa errada”, disse Cícero, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Se algumas questões no desenvolvimento de um ensaio ou desfile são complexas, uma dessas questões, com certeza, foi entender a proposta da Comissão de Frente no ensaio de hoje. Mas, calma, torcedor! Nada do que foi apresentado hoje estará no desfile, conforme garantiu o coreógrafo David Lima.
Enfim, a coreografia mais parecia uma inversão de momentos: durante a evolução, percebia-se uma coreografia bem trabalhada, com passos marcados e interessante de se ver. Mas, nos módulos, os componentes se limitam em formarem filas em V, com posicionamentos aleatórios na horizontal, e baterem palmas. Ainda fazia composição da performance, um andor que nada acrescentava na montagem do ato.
Sobre a coreografia do desfile, o coreógrafo David Lima explicou um pouco do que está preparando e como está montando para o desfile.
“O desafio deste ano é unir a teatralização com a dança. Estamos levando para o lado de juntar os passos sincronizados da dança com o teatro. Mas, esse desafio já foi resolvido. Nós já entramos no contexto e temos um trabalho bem promissor”, explicou David.
Para a montagem, o coreógrafo explicou que o trabalho está baseado em três setores
da escola.
“Estamos unificando três setores da escola em uma passada de samba e com muito estudo. Nós conseguimos montar uma coreografia que englobe tudo isso. O que posso adiantar é que está um trabalho bem diferenciado e bonito. É um trabalho forte que passa uma mensagem muito interessante, contou o coreógrafo, ainda explicando que fará uso de elementos cenográficos no ato”.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Um dos casais mais badalados da Série A, Vinicius Anteunes e Jéssica Ferreira estão cada vez mais a ponto de levitarem enquanto dançam. Com muito da coreografia oficial do desfile, o casal mostrou que terá uma dança bastante caprichada, alinhando passos do samba com o tradicional de um casal.
“A maior parte do que for apresentado hoje, foi oficial. Chega uma época, que a gente
tem que estar testando com a escola, principalmente o cronograma de tempo” explicou
o mestre-sala.
Porém, ainda que tenham feito uma bela exibição, Vinicius e Jéssica precisam ajustar
detalhes de marcação de tempo em alguns trechos do samba, principalmente, no verso “aqui se aprende a amar o samba”, os dois batem no peito em momentos diferentes. Se a ideia for essa, a impressão que deixa é de descompasso.
O casal, que ainda tem tempo para fazer seus ajustes, precisa ainda superar a
pressão de sustentar a nota 40 do último ano.
“É uma pressão, porque a Unidos de Padre Miguel é uma escola grande. A pressão é grande, mas o amor também é grande. A gente faz as coisas ainda com mais vontade e mais garra”, afirmou a porta-bandeira.
Harmonia
Um show da comunidade da Vila Vintém nesta noite. Feliz é o diretor de harmonia, Décio Bastos, que pouco tem a se preocupar com o quesito, se o nível da rua for mantido no desfile. O destaque vai para todo o primeiro setor da escola, em especial para a ala das crianças, que se divertiam, como se não se importassem com a ideia de
que elas também valem pontos para o quesito.
“Como em todos os ensaios, nós estamos avaliando os erros e as falhas porque ainda
dá tempo de consertar. Nós temos a favor uma comunidade que abraça a escola, o
canto da escola é muito forte e a evolução é muito boa”, avaliou o diretor de harmonia.
Evolução
Outro quesito que não comprometeu o ensaio, mas sempre requer muita atenção. Os
componentes brincavam em suas alas, mas sem atropelar as outras. A escola fez uso de tripés para marcar ao posicionamento das alegorias.
“A gente ainda está ensaiando na quadra: de canto e de desfile. Nós estamos preparados para o desfile”, disse Cícero Costa, diretor de Carnaval.
Samba-Enredo
Desempenho excelente do samba sob o comando de Pixulé. É perceptível que a obra caiu nas graças do público e a torcida dá uma ajuda na harmonia do canto.
“O andamento foi perfeito e está pronto para o dia do desfile. É esse o andamento
que a gente vai para o desfile. E se Deus quiser para ser campeão. Eu tenho quase a
certeza de que o 40 está garantido para o samba e para a bateria”, disse Pixulé.
Bateria
A bateria do Mestre Dinho vem evoluindo nos últimos anos, em termos de nota. No ensaio de hoje, o quesito teve resposta total do público que vibrou com as bossas executadas. Nem a chuva atrapalhou a batucada.
“Hoje foi 100% e maravilhoso e o samba ajuda. A gente está ensaiando há 6 meses, então as coisas vai se ajustando e se tornando mais fáceis para a nossa bateria. E o melhor: passando no teste da chuva”, contou o mestre de bateria.
A Unidos de Padre Miguel será a quinta escola a desfilar na Sexta-Feira de Carnaval,
onde vai apresentar o enredo “Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência”,
em homenagem ao escritor Dias Gomes. A escola tentará novamente o acesso ao
Grupo Especial, embora nesse ano, a Unidos de Padre Miguel talvez precise passar primeiro pelas estatísticas. Os números mostram que será uma façanha matemática conseguir o
título na sexta-feira. O porquê ninguém ganha na sexta, não se sabe, mas que a Unidos de Padre Miguel está se preparando muito bem para tentar quebrar essa “norma”, isso é inegável.


Finalizando a noite de ensaios técnicos da sexta-feria, a escola de samba Vai-Vai levou para avenida cerca de 2.500 componentes. Coreografia representativa da comissão de frente e simpatia do casal oficial se destacaram na noite.
Coreografada pelo Chris Brasil, a comissão de frente tem coreografia com alto teor
O casal oficial, Pingo e Paula, esbanjou simpatia e sincronismo. A dupla optou por ensaiar com a fantasia do desfile de 2018, toda dourada onde a porta-bandeira traz um coração na fantasia e o mestre-sala com uma pomba, simbolizando Paz e Amor. O estilo de dança de
A escola conta com muitas bem alas coreografadas, e o efeito quando junta todas é bem
A bateria Pegada de Macaco, comandada pelos mestres Tadeu e Beto, entra no recuo de uma forma diferenciada. Os ritmistas ficam de frente à torre 04, e se movimentam de costas. A batucada foi mais cautelosa em relação as bossas, realizando poucos apagões e paradinhas.
O samba-enredo do Vai-Vai carrega uma importância para o povo negro, facilmente encontrada ao ver a evolução dos sambistas. O refrão é explosivo e gera um pico no cantar do folião, influenciando também no próprio quesito de harmonia. A intérprete Grazzi Brasil demonstrou bom sincronismo com a ala musical durante o tempo em que ficou no recuo.
Harmonia
Dentro de um cenário onde as escolas colocam a ala das crianças presas em alegorias, a agremiação alvinegra vai na contramão e reserva um espaço no chão aos jovens sambistas. O número de crianças e a felicidade deles fizeram com que se destacassem no último ensaio técnico.
A forte chuva que atingiu a escola anterior amenizou no ensaio da Tom Maior, porém alguns componentes continuaram sofrendo com a pista molhada. No último técnico, a agremiação ainda mostra que existem erros a serem corrigidos, principalmente no quesito de evolução. Com um andamento seguro e bossas estratégicas, a bateria Tom 30 foi o destaque da noite.
A ala trouxe bailarinos com diversidade de cores. Foi notado, principalmente em frente ao
Evolução
Bateria
Harmonia
Outros Destaques
O Império de Casa Verde entrou na avenida pra realizar o seu último ensaio técnico com a chuva em menor intensidade. A escola trouxe um bom número de contingente, demonstrou perfeição em praticamente todos os quesitos e manteve clima de desfile ocasionado no segundo técnico.
A ala mais uma vez se destacou com entrosamento, passos rápidos e com bastante informação. Todos os bailarinos estavam com o rosto pintados de tigre. Com duas
Elogiado por críticos do quesito, o casal Rodrigo Antonio e Jéssica Gioz, esbanjou simpatia e bom sincronismo, mantendo o alto nível das duas últimas passagens. Assim como outras
O intérprete Carlos Júnior, junto à ala musical, parou de cantar em trechos do samba e durante a realização das bossas. Método que usam pra destacar o canto da comunidade. Os arranjos do time de corda também se destacaram.
Comandada por mestre Zoinho, a bateria Barcelona do Samba tocou de ponta a ponta no mesmo andamento e valorizando a sustentação do canto da comunidade. Zoinho fez questão de deixar mestre Marcão, ex-Salgueiro, a frente da batucada em grande parte da passagem. Notou-se também a nova pele dos instrumentos com imagem do Darth Vader, personagem do filme Star Wars.
Evolução
A parte de harmonia não comprometeu. A escola cantou o samba de forma satisfatória e
Outros Destaques
A escola de samba Gaviões da Fiel entrou na avenida pra realizar o terceiro e último ensaio técnico. A largada contou com uma queima de fogos de praticamente 10 minutos de duração. A agremiação alvinegra sofreu bastante com a forte chuva que atingiu a cidade de São Paulo, principalmente, o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Os quesitos que julgam diretamente os componentes, harmonia e evolução, não sofreram tantos prejuízos.
A comissão mostrou bom sincronismo durante a passagem apesar da chuva. De diferença dos últimos ensaios técnicos, os bailarinos trouxeram adereços nos braços que representavam uma espécie de asa. Interação com o tripé é bastante constante na coreografia.
O entrosamento entre arquibancada e componentes enfraqueceu em comparação aos dois últimos técnico, fato ocasionado também pela menor quantidade do público. O apagão da bateria levantou o canto, porém houve descompasso dos componentes com o carro de som.
Por toda adversidade de chuva e trânsito por toda a grande São Paulo, o número de contingente foi bastante satisfatório. A organização dentro das alas e o andar da escola não comprometeu o ensaio, inclusive, foliões de alas traziam balões com cores diferentes e que visualmente proporcionavam um efeito positivo. Sinalizada por integrantes da harmonia, os Gaviões da Fiel desfilam com 24 alas.
Samba-enredo
O site CARNAVALESCO ouviu os dirigentes das três agremiações envolvidas nos ensaios deste sábado, onde cada um conta os preparativos para deixarem a Marquês de Sapucaí aclamados pelo público e pela sempre atenta imprensa de carnaval.
“A ansiedade está a mil. O Salgueiro todo está bastante ansioso. O nosso samba explodiu. Em três meses de divulgação a obra tem muitas audições. Esperamos um ensaio forte. A escola é sempre muito esperada, independente de onde ele vá se apresentar. Acredito que sairemos do ensaio técnico com uma mídia muito positiva. O caldeirão vai ferver”, promete o intérprete Emerson Dias, do Salgueiro.
“O povo está animado, a expectativa é excelente. Mas não vamos perder o foco de que aquilo é um ensaio. O momento de errar é ali mesmo. Voltar a ensaiar no Sambódromo depois de um ano é espetacular. Agora, precisaremos dar atenção à técnica, que é o que importa. Vamos com 60 ônibus de Caxias para fazer bonito. Não podemos deixar de fazer um lindo espetáculo”, garante o diretor de carnaval da Grande Rio, Thiago Monteiro.