X-9 Paulistana anuncia que Arlindo Cruz não vai participar do desfile
Em um post publicado na noite desta quarta-feira a escola de samba X-9 Paulistana anunciou que o sambista Arlindo Cruz, homenageado no enredo de 2019, não participará do desfile na próxima sexta-feira.
A escola informa que o sambista teve sua liberação dada pela equipe médica, mas que a família do cantor achou melhor suspender sua presença no desfile por medida de segurança.
Segundo a X-9 Paulistana, um dos maiores motivos foi a questão da infraestrutura que deveria ser montada para a presença de Arlindo Cruz, como equipes médicas, carros especiais, seguranças e toda produção que o acompanharia. A chuva também seria um obstáculo.
Carnaval Capixaba: Independente de Boa Vista é campeã do Grupo Especial
A escola de samba Independente de Boa Vista, da cidade da Cariacica, conquistou o título de campeã do carnaval capixaba no Grupo Especial da Lieses. Este foi o quinto título da história da agremiação, que contou no Sambão do Povo a história da Polícia Rodoviária Federal, com o enredo ‘Entre rodovias e fronteiras… Honras e glórias. PRF – 90 anos dos Anjos do Asfalto’.
A apuração foi emocionante e a grande campeã terminou apenas um décimo à frente da vice-campeã, Novo Império e da terceira colocada Mocidade Unida da Glória. As duas terminaram empatadas mas a azul e rosa conseguiu terminar à frente pelo critério de desempate. Punida com a perda de dois décimos, a MUG teria sido campeã se não fosse penalizada.
A escola de Cariacica se popularizou nos últimos anos por saber unir a força de um samba-enredo juntamente com riqueza e luxo espalhados nos quesitos plásticos. Os destaques da escola ficaram por conta do excelente casal de mestre-sala e porta-bandeira Bruno Simpatia e Vanessa Benittez e da bateria furiosa que conseguiu criar convenções estratégicas que exaltavam trechos do samba.
Barracões: Mocidade Alegre homenageia rio Amazonas através de lenda romântica
Vice-campeã do carnaval de 2018, a Mocidade Alegre entra pra avenida em busca do 11° título. A carnavalesca Neide Lopes, que integra a comissão de carnaval, é uma das responsáveis pelo enredo: “Ayakamaé – As Águas Sagradas do Sol e da Lua”, uma homenagem ao Rio Amazonas.
“É um tema que a gente trabalha a lenda do surgimento do rio Amazonas , toda a contribuição que ele tem pra Amazônia e todas as lendas, mitos, povos das florestas. Então ele é um grande vôo do rio, desde quando ele nasce até o momento dele desaguar quando encontra o mar. Nós rufamos os nossos tambores e tremulamos o pavilhão em homenagem a esse rio. A mocidade se torna não só a morada do samba, mas se torna também a morada das águas pra contemplar esse grande tesouro”.
Neide Lopes revela que enredo é uma antiga lenda romântica indígena e afirma que escola está entrando no clima que o tema propõe.
“É uma história que a gente sempre ouviu, na escola sempre ouvíamos desse amor do sol com a lua. Em 1996 dois compositores do boi caprichoso fizeram uma toada que conta a lenda de forma mais romântica ainda. Quando a gente ouviu, aquilo nos deu muita inspiração, porém só se concretizou em 2005. Estávamos no Império de Casa Verde e aí teve uma grande seca no rio Amazonas, a gente viu o sofrimento do nosso povo e isso nos deixou muito tristes, então resolvemos escrever um enredo que falasse sobre a importância do rio. Colocamos no papel, mas em 2006 o Império fez um enredo patrocinado e acabou que o Ayakamé ficou pra depois. A gente chegou a apresentar na Grande Rio e em outras escola, mas sempre tinha aquela questão de ‘ah, vamos ver’, ‘é um enredo grandioso’, ‘tem um custo maior’, ‘é trabalhoso’. Pra esse ano, depois do enredo sobre Alcione, a Mocidade se interessou em fazer um enredo indígena. Na reunião a presidente Solange pediu uma ideia de tema que fala sobre alguma lenda indígena, depois eu resolvi falar sobre o enredo pronto, que há treze anos estava escrito, e a escola ficou encantada. Tá sendo muito bacana falar de uma cultura que é próxima do samba, porque não deixa de ter o batuque, essa importância do negro, e conseguir trazer isso pra comunidade tá sendo muito legal. As pessoas estão sentindo essa energia indígena da Amazônia, e eu fico muito emocionada”.
A lenda contempla o amor do sol com a lua, sobre isso a carnavalesca Neide Lopes nos contou um ponto alto do desfile
“A gente foi ajustando o enredo pra ficar com a cara da Mocidade Alegre. Eu acho muito bacana ressaltar o primeiro setor, porque a gente fala do amor, e o último encerra esse grande amor dos astros. Então, no primeiro setor a lua vem separada do sol e no último eles se reencontram, e não da pra se ver de frente, é só na lateral, é para o público mesmo. A gente quer que o público se sinta dentro dessa história de amor”.
Sobre desfile grandioso e suntuoso, Neide defende outra intenção.
“Queremos mais que passar bem, a gente quer encantar, quer emocionar o público, vivenciar um momento alegre, feliz, que é o que a Mocidade Alegre é, uma escola de união, força, garra e simplesmente de alegria”.
Carnavalesca é a única parintinense a assinar enredo no estado
A importação de profissionais vindos de Parintins cresce a cada ano no carnaval de São Paulo, eles estão presentes em diversos barracões e ateliês. A Neide iniciou sua trajetória no festival dos dois bois, mas se engana quem acha que a carnavalesca começou agora.
“Sou de Parintins, estou nessa trajetória cultural há 28 anos. Nós começamos exatamente em Parintins, eu falo nós porque eu e o Carlos sempre estivemos juntos, além de meu esposo ele é artista plástico. Trabalhamos em várias festas regionais além do festival folclórico de Parintins, até que surgiu a oportunidade de vir pra São Paulo, isso em 1999. Chegando aqui começamos pela Nenê de Vila Matilde e depois conhecemos o Império de Casa Verde, na época no acesso. No ano de 2001 fizemos um trabalho paralelo entre Império e Tucuruvi. No ano seguinte no especial, o Seo Chico Ronda propôs um projeto ousado de dar uma cara pro Império porque até então a escola era muito nova, e o projeto era de fazer uma grande escola, com alegorias grandiosas. Com todo esse suporte, eu e o Carlos nos mudamos para São Paulo. O primeiro ano foi bem difícil porque quase caímos, no ano seguinte voltamos nas campeãs e em 2005 fomos campeões, 2006 bicampeão e em 2007 foi o nosso último desfile. Nesse ano em questão recebemos o convite de fazer o carnaval da Grande Rio, e ficamos dez anos trabalhando ali, Grande Rio, Salgueiro, Mangueira, Império Serrano, fizemos várias escola mas o Salgueiro era a qual ficávamos com mais exclusividade, onde fomos campeões em 2009. Em 2015 recebemos o convide do Mocidade Alegre para participar da comissão de carnaval na época com o Sidney França e permanecemos até hoje”.
Neide explica o motivo que voltou para São Paulo e afirma que carnaval carioca precisa ser mais valorizado.
“Foi uma questão familiar, em 2015 nós já estávamos sentindo umas problemáticas do Rio, em termos de verba, logística, e isso já estava desandando, como se fosse um pré-crise, hoje isso se agravou bem mais. Se a pessoas não sentarem pra discutir acordos em prol do carnaval do Rio, o evento tem a perder muito. Eu que sou produtora cultural vejo falta de conscientização de alguns, inclusive de líderes governamentais. A cultura é um recurso de transformar vidas, e infelizmente isso não é vista pra alguns. A gente trabalha no carnaval o ano inteiro, e se colocar o ângulo do minimo para o máximo, vai perceber que atinge muitos setores, fornecedor de tecido, material, cola, isopor, de tudo, isso está empregando pessoas. Você sai do ambiente interno e vai para o externo, você tem a movimentação em hotéis, uber, alimentação, viagens, tudo que circula em prol do acontecimento. Isso não é só no período fevereiro/março, é o ano todo. O deslocamento que tem de profissionais de Parintins e a renda que tem lá, tem um grande intercâmbio econômico. As pessoas tem que entender a importância da cultura, e no Rio essa crise está mais agravada ainda”.
Amazonense apaixonada pelas suas raízes, Neide comenta sobre diferença do festival de Parintins com o desfile de escola de samba e ressalta que a disputa dos bois serve de vitrine para os profissionais do norte.
“Em Parintins a cidade toda é preparada em prol da disputa dos dois bois.Você tem os bois de rua que arrasta mais de cinco mil pessoas, que é uma prévia da disputa. A cidade é construída em prol da festa e exporta vários talentos, mas existe uma dificuldade de fornecimento de material, e aí existe a vantagem do improviso, porque lá se usa os recursos que tem. Se tem uma escultura de cipó, é porque era o único recurso disponível e o mais barato. É importante frisar que lá se tem mais mãos de obra, então o processo de construção de Parintins é muito mais rápido que em São Paulo. Já o carnaval do Rio de Janeiro e o de São Paulo é pensado com bastante antecedência, e aqui nós temos também a farta diversidade de materiais, isso faz com que a gente consiga bater o olho e executar tal coisa, talvez um tecido, uma arte gráfica, até material de construção civil. Outra coisa também é a estrutura, o sambódromo de São Paulo tem uma ótima estrutura, diferente do Rio que se tem uma concentração e uma dispersão bastante problemática. Muita gente de Parintins vem trabalhar em São Paulo porque é um mercado de trabalho, e o festival de Parintins acaba sendo uma grande vitrine”.
Conheça o desfile
1° SETOR – Surgimento das águas através da lenda Ayakamaé
“Abrimos o carnaval com a lenda das águas, que conta desse amor impossível do sol e da lua de forma indígena. É uma lenda muito ancestral da Amazônia e que está registrado em várias etnias linguísticas, e que pra gente é contando de forma oral, nossos antepassados contavam muito. A lenda fala que a lua, enamorada do sol, e eles não puderem ficar juntos porque iria ocasionar um grande cataclisma na terra. Mesmo assim esse sentimento brotou e se entregaram ao amor, e nisso aconteceu um cataclisma na terra, e nisso parte da terra queimou, a água evaporou e Tupã, Deus criador, teve que intervir e separou os dois. Tupã então lançou os dois como astros, um dia para reger o dia e outro para reger a noite, os mistérios do mundo que nunca dorme. A lua então chorou por longas noites e as suas lágrimas caíram sobre as cordilheiras dos Andes, derretendo o gelo e fizeram com que nascessem as águas do rio. Para que ela parasse de chorar, Tupã prometeu em alguns momentos do dia ela poderia ver o seu amado de volta, mas eles não poderiam viver mais juntos na terra e sim alguns momentos fora dela, que são os eclipses, e com isso o rio nasceu. Nosso primeiro setor fala do surgimento do rio pela visão indígena, isso com o sambista em transe para que ele pudesse enxergar tudo isso”.
2° SETOR – As águas da vida
“No nosso segundo setor gente começa a falar das águas que nasce, se torna grande e de todas as vidas que foi destruída pelo cataclisma da lua. Então começa a vir os peixes, as lendas, os jacarés, a gente começa falar de momentos históricos e lendários que se remetem as águas, como os Manaós que são heróis encantados no fundo do encontro das águas do rio negro e solimões. A gente encerra esse setor com um grande santuário de vida, se retendo a grande diversidade da Amazônia, principalmente a fauna e a flora”
3° SETOR – As águas da cura do verde coração
“Toda a consequência do cataclisma da lua com o sol acaba sendo lavada pelas águas do rio e o sol é curado. Então as plantas sagradas começa a nascer, e a gente começa a ver a mandioca, o guaraná, plantas sagradas que são remédios ou alimentos. A gente encerra o setor com um grande ritual de cura dos povo indigenas que fazem nas margens do rio, então são as águas que curam o verde coração. É o momento do nosso Ariê auê, onde todo mundo participa desse ritual de celebração em prol das águas”.
4° SETOR – Água da fé dos caboclos da Amazônia
“Então a gente continua navegando pelos rios através desse transe mágico e deslumbra a vida do cabloco Ribeirinho, que é um povo que se estabeleceu nas margens do rio, que pesca, que colhe, que trança os seus artesanatos que tem no rio a sua fé, eles fazem a romaria nas águas à São Pedro pescador, que é o grande padroeiro desse povo e dos navegantes. A gente encerra esse quarto setor com as águas sagradas do povo do Amazônia”.
5° SETOR – Águas do eterno amor do Sol e Lua
“A gente prepara o povo indígena pra deslumbrar o grande pôr do sol, o momento em que a luga encontra o sol e fortalece a certeza do amor que vive pra sempre. É o momento que o índio enxerga no horizonte os pássaros do pôr do sol anunciando que o entardecer vai chegar, e que o sol vi encontrar a lua. O sol vai descendo devagar como se ele fosse um grande mar, e os raios do sol adoram um grande rio, e é o momento em que a lua vai chegando com as penumbras da noite. Em instantes eles descobrem a certeza do amor, o rio segue para encontrar o mar. Nós da Mocidade Alegre rufamos os nossos tambores para homenagear esse rio que é um patrimônio mundial, não é só da Amazônia, ele acaba fertilizando um terço de todo continente sul-americano.
Ficha técnica
23 alas
5 alegorias – abre alas acoplados
2 elementos cenográficos
3.000 componentes
Barracões: Ponte trará ‘Oferendas’ com estética atualizada
Por: Diogo Cesar Sampaio
O ano era 1984. O dia, 04 de março. Tratava-se de uma segunda-feira de carnaval. As escolas de samba do Rio debutavam na Marquês de Sapucaí, que recebia a segunda noite de desfiles do Grupo 1A, atualmente conhecido como Especial. A Unidos da Ponte era a segunda escola a entrar na avenida, e trazia um enredo de temática negra e afro, chamado “Oferendas”. A proposta era simples: trazer em cada ala e carro alegórico um orixá, seguido de sua oferenda, de maneira intercalada e contínua.
Sem deter de muitos recursos financeiros, a escola da Baixada Fluminense apostava em uma plástica simples, chegando a usar comidas de verdade em seu desfile. Porém, tinha na força do seu samba o seu grande trunfo. Uma obra com melodia envolvente e letra didática, que quase se tratava de uma aula de como e o quê ofertar para cada orixá.
Entretanto, a apresentação modesta da azul e branca de São João de Meriti não foi suficiente para manter a escola na elite, sendo rebaixada para o Grupo 1B, atual Série A, no ano seguinte. Todavia, aquele samba de 1984, apesar do infortúnio rebaixamento, entraria para história da escola e da festa, e se tornaria um clássico. Hoje, passados quase 35 anos do desfile original, a Unidos da Ponte novamente levará “Oferendas” para Sapucaí.
Responsáveis por fazer esse novo desfile, os carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz receberam a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão da agremiação. Durante a entrevista, a dupla relatou que farão uma releitura do que foi apresentado anteriormente, e não exatamente uma reedição. Em sua segunda passagem pela Sapucaí, “Oferendas” virá com uma nova estruturação e organização de enredo, além de uma estética atualizada, com toques mais modernos, se comparado ao que foi apresentado em 1984.
“Por mais que seja um enredo reeditado, estamos fazendo uma reconstrução estética total. Não é nem uma reedição, é uma releitura, por vários motivos. O desfile original foi concebido para outra época, para outro modelo de desfile. A proposta de desfile de 1984, na nossa concepção, hoje em dia, não atenderia a Sapucaí. O maior desafio entre algo próprio, que fosse nosso, e respeitar uma reedição, foi o fato de, nesta reedição que estamos propondo, ser uma proposta original. Estamos respeitando toda a construção original da Ponte de 1984, mas trazendo características próprias em tudo. Como fantasias novas, uma leitura estética diferente, a construção dos carros e até mesmo algumas curiosidades. A gente respeita tudo que foi feito, tanto em nível de desfile, quanto de religião, ancestralidade. E se você reparar, no nosso samba, o único orixá que não é ofertado nada é Oxalá, como é visto no verso “Pai Oxalá, nosso canto de fé”. É algo que estamos obedecendo e estamos levando, de fato, a sério. Na época, pelo que várias fontes me falaram, após ser feito um jogo de búzios, o único orixá que não aceitou nenhuma oferenda foi Oxalá. O samba foi trabalhado realmente com a questão da fé e da prosperidade. Então, estamos levando essa curiosidade, respeitando e fazendo dessa forma.” – é o que conta o carnavalesco Rodrigo Marques.
“A força e a importância que esse enredo, que esse samba tem, sozinhos, já fariam a diferença. Mas, visualmente estamos dando nossa cara, a nossa roupagem atual, como o Rodrigo falou. Estamos conseguindo fazer um trabalho à altura desta grande escola, e principalmente, à altura deste grande enredo. A Ponte após 12, agora 13 anos, retorna para a Sapucaí. Um palco que nunca deveria ter saído, pelo tamanho deste pavilhão. E nada mais justo que nós, como responsáveis pela parte plástica do desfile, devolvamos a Ponte o que ela merece: um carnaval a altura desta agremiação. Acho que conseguiremos fazer isso. Além, é claro, de passar a nossa mensagem visualmente para o público, com uma fácil leitura e compreensão.” – complementou o carnavalesco Guilherme Diniz.
Segundo o que a dupla de carnavalescos conta, a ideia de trazer de volta “Oferendas” não partiu deles, mas sim do pedido de torcedores da escola e de sambistas em geral, apaixonados pelo samba. A proposta foi considerada, e rapidamente acabou sendo abraçada pelos artistas, recém-chegados na Unidos da Ponte.
“Quando a gente foi contratado, existiam várias possibilidades de enredo por parte da direção da Ponte. Nós mesmos tínhamos algumas outras possibilidades nossas, autorais. Contudo, muita gente de fora pedia para reeditar Oferendas. É um samba histórico, que precisava de um desfile a altura dele. Então, passamos a levar isso em consideração ao longo do processo e apresentamos a ideia para a escola. A proposta foi prontamente aceita, sendo praticamente um clamor. Vale ressaltar que, durante o processo, a gente foi ouvindo muita gente da escola, tanto direção, quanto componente, e até torcedores. Foi um trabalho mútuo.” – disse Rodrigo.
E durante a entrevista, Rodrigo e Guilherme confidenciaram o que mais chama a atenção, de cada um deles, no trabalho plástico que vem sendo desenvolvido para Ponte em 2019.
“Nosso processo de criação para esse carnaval foi ao inverso. De trás, para frente. Porque já tínhamos o enredo e o samba. Vimos o que poderia ser feito, olhando para o desfile da época, e trazendo uma linguagem atual. A nossa ideia é que começasse muito bem e terminasse muito bem. Acho que o grande destaque da Unidos da Ponte será o último carro em minha opinião. Embora o abre-alas seja bem imponente também, que é o carro favorito do Guilherme. Então, abrimos bem e fechamos bem.” – comentou Rodrigo.
“Quando desenhamos um carnaval, sempre acontece de uma criação chamar um pouco mais a nossa atenção. Então sim, nós temos um carro preferido. Mas a medida que o tempo vai passando, ficamos confusos, e passamos a não ter mais uma alegoria favorita. Por exemplo, o carro de Xangô sempre foi um dos favoritos. Mas ao longo do processo, o terceiro carro, o de Iemanjá, passou a ser também. Acho que conseguimos dar uma leitura legal. Acho que, de alegoria, realmente o abre-alas e a última vão destoar muito. Mas todos os carros estão bem legais. A ponte passará bem na avenida” – garantiu Guilherme.
A crise no carnaval e os preparativos para o desfile
O carnaval de 2019 da Unidos da Ponte não marcará somente o retorno da agremiação a passarela do samba, depois de mais de uma década. O desfile desse ano também representa a estreia da dupla de carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques na Sapucaí. Com larga experiência no carnaval da Intendente de Magalhães, os jovens artistas contam no currículo com passagens pelo Engenho da Rainha e pela Difícil é o Nome, além de terem sido campeões da Série B em 2017 com a Unidos de Bangu.
Acostumados a trabalhar em condições adversas, a dupla não se deparou com um cenário muito melhor ao chegar a Série A. Porém, a vivência adquirida em seus outros trabalhos deu suporte para driblar as dificuldades, como os cortes de verba, atrasos nos repasses e a escassez de material, que marcaram os preparativos para o carnaval desse ano. A maneira antecipada em iniciar a construção e confecção do carnaval, foi outro trunfo dos dois diante o cenário de crise.
“O nosso diferencial para esse projeto foi ter começado cedo. Desenhamos as fantasias muito cedo, os carros também. Fizemos o checklist de esculturas que precisaríamos muito cedo. Quando você vai cedo para o mercado, encontra material mais barato, mão de obra mais barata, mão de obra qualificada mais barata, também. Nossas fantasias já estão prontas faz tempo. Fizemos tudo do zero. Não há nada reutilizado de outra escola. Em julho, já tínhamos 70% do trabalho, ou até mais. Nós paramos quase um mês ou um mês e meio o trabalho, porque senão, estaria tudo pronto muito cedo. Nosso barracão é na beira da Avenida Brasil, então tem muita sujeira aqui. Também tivemos um incêndio aqui que nos impactou. Quando chove, chove mais aqui dentro que lá fora. Então, tivemos de parar. Se não estivesse parado, hoje estaríamos fazendo retoques e limpando as alegorias. O nosso diferencial foi o planejamento. Quando a crise estourou para gente, já estávamos com quase 50% do trabalho. A crise afetou? Sim. Mas, nós já havíamos dado o start. Não dava para voltar atrás. Não estamos nadando no dinheiro. Estamos usando materiais mais baratos e alternativos. Está difícil para todo mundo. E ainda mais pra gente. Pois, chegamos agora no grupo e não tínhamos estrutura de alegoria, de barracão. O tempo nunca foi adversário para a Ponte. Sempre foi nosso aliado. Ao longo do processo, fomos aprendendo e aprimorando várias coisas.” – falou Guilherme.
“O barracão aqui é bem insalubre. Não temos a estrutura que gostaríamos de ter, embora, tenha escola com situação bem pior. Normalmente, fazemos um projeto com nível de Grupo Especial e ao longo do processo, ele vai sendo tesourado. Porém, esse ano, fizemos um projeto pé no chão. É um projeto palpável. Como o Guilherme citou as fantasias já estão prontas desde setembro. Os nossos carros já estão em processo de finalização, desde o início de fevereiro. E um exemplo de como tempo foi favorável a nós, no incêndio que teve aqui, perdemos uma escultura que era o plano A de execução. Na época, ficamos bem chateados. Mas hoje, enxergamos que foi algo benéfico, pois a solução final ficou melhor do que a que nós tínhamos orçado. Sobre o tempo, ele tem nos ajudado a tomar melhores decisões, melhores soluções, com certeza.” – relembrou Rodrigo.
Em busca de garantir a permanência na Série A, a Ponte pretende fazer um carnaval volumoso e grande, porém, respeitando a realidade financeira da escola. A dupla Guilherme Diniz e Rodrigo Marques pretendem utilizar de efeitos e esculturas com movimentações nas alegorias, para trazer um algo a mais no trabalho realizado.
“O que vai fazer muita diferença em nossos carros é a construção deles, em geral. Teremos iluminação e movimentação nas quatro alegorias. A divisão das esculturas e os pontos “X” delas para fazer o movimento, no conjunto, será o grande diferencial do trabalho. Pois, escultura com movimento, hoje todo mundo faz. Basta colocar um tubo solto, que a escultura irá girar para um lado e para o outro. O diferencial é saber colocar, escolher o lugar certo que vai posicionar. Não teremos nada de surreal, algo que nunca foi visto. O que vai passar pela Ponte, é algo que já foi visto em outros carnavais. Contudo, com outra cara e outra estética. Esse é o nosso primeiro carnaval na Serie A, mas já vivenciamos carnaval faz tempo. Você tem que pensar, por exemplo, num material que se chover e molhar, não vai manchar a pintura de arte, por exemplo. Na Série A, temos sempre que pensar no pior. É uma surpresa atrás da outra.” – relatou Guilherme.
E no atual cenário de crise, se faz ainda mais necessário o uso de alternativas para substituir materiais mais caros ou em falta no mercado. E é nessas circunstâncias que a criatividade se fez presente.
“Um material que a gente apostou muito na confecção desse carnaval foi o epicote. Ele é um material que não é tão caro assim, tem vida própria, ele brilha. Com a iluminação por cima, ele irá gritar. Será um dos nossos diferenciais. Ele por si só, é uma espécie de emborrachado que é impermeável. Caso suje, é possível limpar com um pano ou vassoura. Ele é um material que já é usado por alguns carnavalescos. Não em grande escala. Mas, achamos que em pouco tempo, ele será bastante usado.” – declarou Rodrigo.
Entenda o desfile
A Unidos da Ponte terá a missão abrir oficialmente o carnaval carioca, sendo a primeira escola a desfilar na sexta-feira. A azul e branca levará para a Sapucaí quatro alegorias, sem acoplamento, 21 alas e 1700 componentes. O carnavalesco Rodrigo Marques detalhou como vai funcionar a setorização do enredo:
Setor 1: Terreiro
“O primeiro setor é o terreiro estilizado. Usaremos vários materiais rústicos. Por trabalharmos com iluminação, acreditamos ser o grande diferencial da escola os materiais utilizados. Através do terreiro, traremos toda a ancestralidade. Teremos alguns Eguns no abre-alas também. É ainda no primeiro setor que trazemos os africanos que vieram pra cá, foram suprimidos e tiveram tudo roubado. Exceto a parte espiritual, que foi mantida com eles. Toda aquela referência no samba “Malungo se liberta no Zambê/ Esquece o banzo” a gente fez nos carros, assim como nas fantasias, com uma narrativa bem direta e bem em cima da letra. Essa parte do terreiro, dos africanos que vieram para cá e trouxeram sua ancestralidade, será logo nosso primeiro carro.”
Setor 2: Xangô
“Originalmente em 1984, a Ponte fez algo que a principio pensamos em não fazer de inicio. A escola vinha com um Orixá, por exemplo, Xangô. E atrás, vinha com a oferenda dele. Então, ao longo do nosso processo, pensamos que seria cansativo. Nesse segundo setor, apostamos em fazer a fantasia de Xangô e trazer os elementos de suas oferendas. Afinal, nós estamos falando de Orixás. Logo, todas as alas vêm falando de orixás. O maior desafio em relação a setorização foi caracterizar, qual orixá tem relação com Xangô.”
Setor 3: Iemanjá
“Tem todo um porque dela, da devoção a ela. Uma coisa importante a ressaltar no nosso enredo, que a base dele, é o candomblé. Apesar de a umbanda ter uma representação, o ponto principal é o candomblé. Originalmente, esses escravos que pra cá vieram, trouxeram os orixás, que resultaram na criação do candomblé. O surgimento da Umbanda se deu por outros motivos. Lógico, que vai ter elementos da umbanda no desfile. Mas, o foco é o candomblé. No carro de Iemanjá, vamos trazer a Iemanjá do candomblé, que traz alguns pontos de diferença pra a representação dela na umbanda. Novamente, teremos os orixás que tem alguma relação com ela, filhos e netos de Iemanjá.”
Setor 4: Oxalá
“Nossa ideia de fechar com Oxalá é pelo significado do nome dele. Tem toda uma representatividade em cima do nome dele. Neste momento, nunca é demais lembrar que as religiões de matriz africana sofrem algum tipo de perseguição pelas suas práticas. Nós quisemos trazer Oxalá para mostrar que a religião não é nada disso, que existem boas práticas. Se a religião sofre preconceito, o enredo também sofre, até porque fala sobre oferendas. O objetivo central é mostrar o porquê se oferta algo para uma entidade. No carro de Oxalá conseguimos mostrar isso de maneira mais clara, desmistificando alguns preconceitos.”
Entrevistão com Renato Lage: ‘Existe uma intolerância e um ódio gratuito com a Grande Rio’
Renato Lage tem a mesma medida de personalidade que tem de talento. Campeão do carnaval quatro vezes é o personagem da série ‘Entrevistão’. Renato não tem medo de falar se quisesse a Grande Rio poderia ter recorrido do resultado em 2018 pois a escola perdeu pontos em uma alegoria que não desfilou. Confirma que a relação com a ex-presidente do Salgueiro, Regina Celi, era ruim e admite a frustração pelo desfile de 2018.
O desfile de 2018 foi sua maior frustração na carreira?
“Eu saio do Salgueiro por problemas de desgaste e aí pego um caminho novo que é a Grande Rio. Tivemos muito mais liberdade aqui do que lá no final. Viemos com uma vontade tremenda de fazer um trabalho bonito. E fica a frustração pelo ocorrido. Muita gente achou ótimo e maravilhoso, se vingou né? Mas a frustração passou e estamos agora focados no desfile de 2019”.
Como você lida com essas frustrações?
“Quantas vezes saíamos na Mocidade ovacionados, manchetes de jornal e às vezes não chegávamos nem nas Campeãs. Esse balde de água gelada que levamos vão nos deixando escaldados com frustrações”.
Acha que a Grande Rio sofre preconceito?
“Eu acho que existe uma intolerância e um ódio gratuito. O que aconteceu foi em um ano atípico. A escola poderia ter impetrado um recurso pois foi julgado a falta de uma alegoria, o que pelo manual do julgador é um equívoco. Pedir desculpas no Grupo de Acesso? A Grande Rio é muito associada ao poder, a escola de artistas. Essas pessoas que pediram isso não sabem a dificuldade que se tem para colocar um carnaval na rua no acesso. Uma escola estrelada e poderosa se quebrando causa um prazer enorme nas pessoas. Eu acho tudo muito estarrecedor”.
Como é a relação com a Márcia Lage?
“A Márcia me completa. A gente briga com relação a opiniões, como todo casal. Tem momentos que a criação não vem e é muito difícil você confiar as suas dúvidas a qualquer um. Somos uma comissão de carnaval. (risos). A Márcia possui um olhar muito próximo de gosto e qualidade com o meu. E ela é sincera quando mostro um trabalho para ela. Isso me dá um parâmetro correto. Um elogio às vezes vindo de fora pode não ser sincero, só para me agradar. Uso minha família como público”.
Vocês temeram não permanecer na escola após o desfile?
“Assistimos a apuração na casa do Jayder. Ele ligou para a gente e sugeriu assistirmos lá. Talvez tenha sido um convite por querer dizer que estaríamos juntos novamente no ano seguinte. Teve gente que pulou fora por achar que desfilaria no Acesso”.
E como é trabalhar com três presidentes de honra?
“Os presidentes da Grande Rio são empreendedores. Nós pegamos uma vaca mais magra, a situação não está assim tão boa quanto parece. O mais legal é serem corretos conosco e nos dão toda a liberdade para trabalhar. O Jayder é um cara entusiasmado, incentivador, nos dá força e a todos os departamentos da escola. Ele nos convidou para a casa dele logo depois da operação no fígado”.
Quais trabalhos na nova geração de chamam mais atenção?
“Acho muito complicado falar isso, comentar o trabalho de outras pessoas. É deselegante. Mas eu tenho minha forma de ver, tem muita coisa que eu não gosto. Assim como muita gente também não gosta do meu estilo. Eu acho que os carnavalescos da nova geração precisam ter uma cara, um estilo característico. O Leandro Vieira foi um que chegou com personalidade, uma marca já estética bem definida”.
Muitos falam que sua relação com a Regina no Salgueiro era ruim. É verdade?
“Eu acho que no final havia um desgaste muito grande. Eu poderia ter ganho vários carnavais no Salgueiro, mas ganhamos um só. O problema foi de relação com a direção. Quem os levou para a escola foi o Maninho. Quando a Regina assumiu a escola nós já estávamos. A relação de algumas pessoas com ela foi minando a relação. Eu sou um profissional que me valorizo pois não cheguei agora no carnaval”.
O desfile de 2016 causou grande expectativa e não aconteceu. Hoje você consegue explicar o que houve?
“Cada desfile tem a sua história, eu não gosto de comprar. Um que eu não gostei foi a ‘Ópera do Malandro’. Ali já começou errado. O enredo seria patrocinado e quando fui ver já vieram com o enredo pronto, escrito. O desenvolvimento ficou conturbado. A Regina imaginava uma coisa que o enredo não seria. O tema exaltava uma entidade, não era a Ópera dos Malandros. Tivemos uma série de problemas”.
Amor incondicional: ‘É minha heroína, guerreira, rainha, e porta-bandeira’, diz o filho de Selminha Sorriso
Por Philipe Rabelo
Durante o carnaval a emoção da Sapucaí é sentida de várias formas, seja vendo a escola do coração, um enredo marcante, ou uma personalidade. Mas tem uma mulher que encanta todo o povo da Avenida, independente da torcida: Selminha Sorriso.
Se o público já fica vidrado ao vê-la chegar e nutre tanto carinho pela porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, imagine quem convive com ela diariamente. Talvez, você não conheça, mas Selminha tem na legião de fãs, um muito especial de 18 anos, conhecido por Igor Roxcha, que também ocupa o cargo de filho da porta-bandeira.
A história começou na virada do milênio. Selminha sempre ouviu dos médicos que não poderia engravidar, mas foi pega de surpresa em abril dos anos 2000.
“Esse foi um milagre de Deus e da minha Oxum. Engravidei em abril e a previsão era para nascer em dezembro, mas o Igor se adiantou e chegou no dia 9 de novembro daquele ano”, contou.
A licença maternidade foi um pouco mais curta, no dia 4 de janeiro, a porta-bandeira já voltou aos ensaios, pois do no dia 25 de fevereiro de 2001, a Beija-Flor encerraria a noite dos desfiles de domingo, na Sapucaí.
Não demorou muito e Igor já entendeu que era filho de uma das mulheres mais importantes do carnaval. O ano era 2005, Igor tinha 4 anos de idade e viu a azul e branca de Nilópolis trazer para avenida o enredo “Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani”, que sagrou a escola tricampeã.
“Foi o samba que mais me emocionou e também me emocionei ao ver a minha mãe dançar. Eu vi todos na Sapucaí cortejando a arte do bailado dela, juntamente com o Claudinho, foi muito marcante quando eu percebi. Ali, eu entendi que a minha mãe era a Selminha Sorriso. Até hoje eu pegos esses vídeos para assistir. Não foram os 40 pontos, mas foi a vez mais emocionante”, explicou.
As lágrimas ainda rolam do rosto de Igor ao ver o casal da Beija-Flor dançando, como aconteceu no último ensaio técnico para o carnaval de 2019.
“Eu me emociono até hoje em ver eles dançando. Hoje mesmo no ensaio eu me emocionei, a lágrima caiu e desde que eu me conheço por gente a arte deles me emociona”.
Não é apenas admiração que existe entre os dois, além de tudo há uma parceria que se revela no olhar deles, sobretudo no tom da brincadeira.
“Eu já falei que ele tira essa onda todo com as meninas porque é meu filho”, brincou Selminha.
No mundo do samba muitas vezes ele é chamado de Igor Sorriso, inclusive, já desfilou na bateria da Beija-Flor tocando tamborim. Já com a galera do Rap ele é conhecido como Roxcha.
Igor reforça a enorme admiração pela mãe. “Ela é minha heroína, minha guerreira, minha rainha, minha porta-bandeira. Se eu tenho a minha mãe eu já tenho tudo”, explicou o rapaz.
Barracão: Atual bicampeã, Tatuapé conta história dos grandes guerreiros com promessa de desfile suntuoso
Quem enxerga a ascensão da Tatuapé não imagina que há sete anos a escola lutava para subir ao principal grupo do carnaval de São Paulo. A Bicampeã recebeu a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão localizado na Fábrica do Samba. Responsável por desenvolver o enredo: “Bravos Guerreiros: Por Deus, pela honra, pela justiça e pelos que precisam de nós”, o carnavalesco Wagner Santos contou mais detalhes sobre o tema.
“A Tatuapé vai ter a honra de fazer uma homenagem aos grandes guerreiros. Pessoas que passaram pela história e deixaram seu nome gravado no coração daqueles menos favorecidos. O enredo é justamente dedicado aos guerreiros. Nós temos setores que vai homenagear indígenas, samurais, diversos tipos. Mas vamos passar também pelos guerreiros brasileiros, que luta dia a dia para o sustento da família. Pra viver no Brasil você precisa ser muito guerreiro”, afirma.
Wagner revela que a proposta do enredo surgiu de um dos componentes da escola, e por coincidência com o ano de 2019, optou pela escolha do tema.
“A ideia partiu da direção da escola. Um componente da nossa agremiação sugeriu, várias outras ideias foram colocadas na mesa e, juntamente com a diretoria, optamos por fazer o carnaval sobre os guerreiros. É um ano com muitas barreiras pra enfrentar, então acho que será um ano dedicado aos guerreiros”.
O carnavalesco nos revela também que as lutas do passado que refletem até hoje é o que mais o intrigou na elaboração da sinopse e construção da parte teórica.
“O que mais me chamou a atenção foi a luta das pessoas pelos nossos direitos. Muita gente nem reconhece isso, é uma história muito bonita, eu acho que as pessoas deveriam se orgulhar mais. Os nossos antepassados lutaram bastante pra chegar aonde chegamos”.
O experiente sambista Wagner Santos carrega 22 anos como profissional do carnaval. Mesmo com a extensa história na cultura do samba paulista, muito se fala na internet sobre o estilo de trabalho do carnavalesco. Sobre isso ele se defende e diz que o desfile resgata ideias do passado.
“As pessoas que falam na internet sobre meu trabalho, que eu só gosto de trabalhar com fitinhas, com temas voltados ao nordeste, vão perceber que os meus trabalhos não foram só sobre a cultura nordestina, e sim para a cultura do carnaval. Esse é um trabalho bem diferente do que já fiz, vou trabalhar o impacto de cores e resgatar algumas ideias do passado que deram muito certo, e que alguns carnavalescos deixaram de lado. Tudo que não foi visto é novo. O ponto alto vai ser o conjunto visual, eu tenho certeza que ela vai vir impecável”.
Tatuapé prepara maior carnaval de sua história
A frase “maior carnaval de nossas vidas” virou rotina nas entrevistas do Presidente Eduardo dos Santos. Tanto nos anos passados como no atual, a diretoria programa um desfile grandioso e não esconde a intenção de levar uma escola técnica, focada nas notas.
Carnavalesco da agremiação, Wagner ressalta agremiação competitiva e afirma que Tatuapé não está pra brincadeira.
“A nossa ideia é fazer um carnaval ainda mais grandioso, realmente a gente vai entrar com um desfile bem suntuoso.Vamos apresentar um dos maiores carnavais de nossas vidas. Vamos fazer um desfile digno de uma Bicampeã, porque acho que não podemos brincar, o carnaval virou uma festa bem competitiva e você precisa estar bem preparado, com uma comunidade bem atuante, uma diretoria presente. Não vamos entrar pra brincar, vamos fazer um desfile técnico e se possível brincar na sexta-feira das campeãs. Vamos apresentar um lindo desfile, o resultado é uma consequência, que vença o melhor e que apresente o melhor trabalho”.
E sobre o cronograma do barracão, Wagner conta que está confortável.
“Estamos perfeitos, dentro do prazo. Eu sempre começo pelo mais difícil e deixo o mais simples por último, independente do lugar que ele venha. Começo com o abre-alas, porque é a peça fundamental do desfile, assim como a última peça tem que ser impecável. Eu vejo o desfile como começo, meio e fim, o que vem entre eles é o recheio”.
Conheça o desfile
1° SETOR
“O ano de 2019 é quando a astrologia dedica a data ao planeta marte, o planeta da guerra, o planeta do metal. E no sincretismo religioso africano, é um ano dedicado a Ogum, o orixá guerreiro. No catolicismo é um ano dedicado à São Jorge. O começo do nosso desfile traz toda essa simbologia”.
2° SETOR
“Nós vamos passar por diversos tipos de guerreiros. Abordaremos a Guerra Santa, Guerreiros Templários, Guerreiros religiosos”.
3° SETOR
“Vamos passar pelos guerreiros africanos, guerreiros gregos e romanos”.
4° SETOR
“Guerreiros que lutam pela paz, como Mandela, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, e outros grandes guerreiros que lutam em defesa ao meio-ambiente. Será uma linda homenagem”.
5° SETOR
“No último carro nós vamos homenagear os guerreiros da Tatuapé, uma escola que está a pouco tempo no especial, mas que conseguiu conquistar o seu espaço, o seu respeito”.
História do carnavalesco Wagner Santos
“Estou no carnaval há 22 anos. Comecei na Mocidade Alegre, já trabalhei na Vila Maria, Acadêmicos do Tucuruvi e atualmente estou na Tatuapé. Pra mim a sendo uma grande honra, porque após esses 22 anos de carreira eu consegui obter o tão sonhado título, todo carnavalesco sonha em ganhar o carnaval pelo menos uma vez. Está sendo um momento bem bacana, estou feliz em saber que já colaborei para o crescimento do carnaval de São Paulo. O ponto alto da vida de um carnavalesco é adquirir respeito dento de uma comunidade, dentro das escolas que você passa, é você construir amigos, formar pessoas que vão dar sequência ao trabalho. Ensinar que o carnaval tem a responsabilidade de recriar histórias”.
Como chegar ao Sambódromo: veja o esquema do transporte público para o Carnaval 2019
Para acessar o Sambódromo é recomendado a utilização de transporte público coletivo regulamentado:
METRÔ
O público destinado ao setor par poderá utilizar as estações Cidade Nova, Estácio e Praça Onze e aqueles destinados ao setor ímpar deverão utilizar a estação Central.
Metrô Na Superfície
De sexta-feira (01/03) a terça-feira (05/03), as linhas Botafogo-Gávea e Antero de Quental-Gávea funcionarão das 5h à meia-noite, mantendo as estações iniciais e finais. O itinerário das linhas de extensão e seus pontos intermediários poderão sofrer alterações de acordo com as condições de trânsito, sempre com a orientação da CET-Rio ou da Guarda Municipal.
TREM
Deverão utilizar a estação Central do Brasil. A SuperVia preparou um esquema especial para facilitar o deslocamento da população fluminense durante o Carnaval. O reforço na operação contará com partidas extras para os ramais Santa Cruz, Japeri e Saracuruna nas madrugadas e durante os dias 2, 3, 4 e 5 de março. Os trens dos ramais Santa Cruz e Japeri atenderão as estações do ramal Deodoro.
A estação Central do Brasil ficará aberta do início da operação de sexta-feira (1º/03) até o último trem de terça-feira de Carnaval (5/03). O acesso deverá ser feito pelo portão A. Na operação das madrugadas, todas as outras estações do sistema ferroviário funcionarão somente para desembarque de passageiros.
No domingo (3/03), na segunda-feira (4/03) e terça-feira (5/03), os trens vão operar com grade horária de domingo e feriados e haverá acréscimo de viagens ao longo dos dias. Além disso, na terça-feira (5/03), também haverá reforço na operação dos ramais Japeri e Santa Cruz para a ida e volta ao bloco Giro do Arar, no Centro do Rio.
ÔNIBUS DE LINHAS REGULARES
Mais de 50 linhas passam pela área do evento, vindo de diversas regiões da cidade.
BARCAS
A CCR Barcas está preparada para atender a um possível aumento na demanda de passageiros nesta quinta (28/2) e sexta-feira (1/3), quando há a expectativa de que cerca de 160 mil pessoas utilizem as linhas do transporte aquaviário. As equipes da Concessionária serão reforçadas e postos avançados do estaleiro serão disponibilizados nas estações para agilizar eventuais serviços de manutenção das embarcações. Além disso, caso haja necessidade, haverá viagens extras e os intervalos praticados nos horários de maior movimento serão estendidos para depois do rush.
Operação da CCR Barcas nos quatro dias de Carnaval e na Quarta-feira de Cinzas:
• Linha Arariboia – Do dia 2/3 ao dia 6/3 (sábado, domingo, segunda, terça e quarta-feira), a linha Praça Arariboia-Praça XV funcionará com viagens a cada 30 minutos, das 5h30 às 23h30. No sentido contrário, no trajeto que liga o centro do Rio ao centro de Niterói, os intervalos serão os mesmos, porém, a primeira viagem será realizada às 6h.
• Linha Paquetá – Na linha Paquetá, de 2/3 a 6/3, os horários praticados serão os seguintes:
• Paquetá-Praça XV – 6h, 8h30, 10h, 11h30, 13h, 14h30, 16h, 17h30, 19h, 20h30, 22h e 23h30.
• Praça XV-Paquetá – 4h30, 7h, 8h30, 10h, 11h30, 13h, 14h30, 16h, 17h30, 19h, 20h30, 22h e 0h.
• Linha Cocotá – A linha Cocotá (Ilha do Governador) não funcionará no período de 2/3 a 6/3.
• Linha Charitas – A linha Charitas não funcionará no período de 2/3 a 6/3.
Ótima opção para os foliões
Em 2018, a CCR Barcas transportou 393.542 passageiros no período completo de Carnaval
(compreendido entre a quinta-feira, 8/2, e a Quarta-feira de Cinzas, 14/2). Para atender a demanda, foi necessário realizar 12 viagens extras. O serviço do transporte aquaviário é bastante procurado nessa época em que o niteroiense deixa o carro na garagem para aproveitar ao máximo a folia.
TÁXI
Para esta edição do Carnaval 2019 será repetida a operação do aplicativo Taxi.rio desenvolvido pela Prefeitura, os taxistas mais bem avaliados do aplicativo estarão nas imediações do carnaval na Sapucaí.
Pontos de táxis convencionais (amarelos) para uso ao término do desfile nas adjacências do Sambódromo:
Setor ímpar – Alça de Subida do Viaduto 31 de Março próximo a Rua Frei Caneca (lateral do Bp.Choque).
Setor par – Rua Estácio de Sá entre a Rua Hélio Beltrão e Rua Joaquim Palhares.
Os táxis do sistema Taxi.rio na Rua Afonso Cavalcanti entre a Rua Laura de Araújo e a Rua Amoroso Lima (lado direito da via).
Regras tarifárias vigentes:
• Táxis Convencionais – taxímetro
Bandeirada – R$ 5,80.
Das 18:00 do dia 01/03/2019 até as 12:00 do dia 06/03/2019 será adotada a tarifa pela Quilometragem (Bandeira – tarifa II)
Das 18:00 do dia 09/03/2019 até as 06:00 do dia 11/03/2019 será adotada a tarifa pela Quilometragem (Bandeira – tarifa II)
• Táxis Executivos
Para os táxis executivos será utilizada a tabela de preços com destinos aos bairros publica no diário oficial.
RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES:
· Use preferencialmente o transporte público (trem ou metrô);
· Se for embarcar no Aeroporto Santos Dumont procure antecipar a sua chegada. Existem diversas interdições previstas na Cidade;
· Se possível, evite circular de carro no Centro da Cidade, busque rotas alternativas. Existirá grande número de interdições na região, com especial atenção na sexta e sábado, dia 01 e 02 de março, onde ocorrerá o desfile de blocos e a movimentação de carros alegóricos;
● De 01 a 10 de março, nos dias de carnaval, a Prefeitura monitorará a concentração de público na região da Lapa, contudo não estão previstas interdições ao tráfego na localidade;
· Respeite os locais de proibição de estacionamento e fique atento aos horários de restrição, diversos reboques estarão circulando na região;
· Visando garantir a segurança dos foliões, informamos que a travessia deverá ser realizada
exclusivamente na faixa de pedestres e sempre com atenção redobrada;
· É muito importante que sejam respeitadas as orientações dos agentes de trânsito e também de toda sinalização implantada na área;
· Moradores que possuam carro particular e vaga de garagem que necessitarem acessar a região interditada do Sambódromo deverão fazê-lo pelo Largo do Estácio, sempre portando comprovante de residência (conta de luz, gás, telefone) para que possam transpor os bloqueios de tráfego;
· Os veículos com adesivo de “Trânsito Livre” deverão sempre afixá-los ao veículo. o Trânsito Livre não é válido para táxis comuns / amarelos;
· O acesso à área interditada do Sambódromo será permitida somente aos moradores devidamente identificados e aos veículos com Trânsito Livre. Existirão pontos de táxis comuns (amarelos) para uso ao término do desfile nas adjacências do Sambódromo. No setor par estes se localizarão na Rua Estácio de Sá e no ímpar na alça de acesso a Av. Trinta e Um de Março.
