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Apresentador da transmissão da Série A, Pedro Bassan diz que vai aliar competição, cultural e entretenimento

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    O site CARNAVALESCO conversou o novo apresentador da TV Globo para os desfiles da Série A. O jornalista Pedro Bassan vai dividir o comando com a craque e experiente Mariana Gross. Confira abaixo o papo.

    Como é sair da reportagem e apresentar um desfile de escola de samba?

    “Na reportagem, desenvolvemos um outro tipo de trabalho, no qual precisamos pinçar e garimpar coisas interessantes que estão acontecendo lá embaixo. Na cabine, temos uma visão geral, mais completa do desfile, e precisamos de uma resistência física maior”.

    Alguma preparação especial para a voz?

    bassan gross“Sim, muita preparação para a voz. Da mesma maneira que os carnavalescos precisam ter cuidados com as alegorias, nós precisamos ter cuidado com a nossa voz, nossa principal alegoria. Nós, repórteres, já temos um acompanhamento permanente da uma fonoaudióloga. Há pelo menos 15 dias estou mergulhado nessa preparação, com exercícios para fazer antes e durante o desfile. Conseguimos, em alguns intervalos, fazer alguns exercícios para recuperar a voz. É preciso muita preparação e muito cuidado”. (Foto: João Cotta/TV Globo)

    Como surgiu seu interesse pelo desfile das escolas de samba?

    “Acho que foi na primeira vez que eu vi. Quando vejo aquele espetáculo maravilhoso, também tenho a centelha mágica que vejo nos olhos dos carnavalescos, das porta-bandeiras, dos ritmistas. Não existe nada igual. Lembro do Zico, quando foi homenageado pela Imperatriz e disse que não há nada no mundo que se compare a um desfile de escola de samba. Não tem nada igual a essa combinação da genialidade brasileira”.

    E como surgiu o convite para ancorar a Série A?

    “Nunca tinha me candidatado a esse posto e me senti muito honrado. Vou me esforçar para conduzir à altura da tarefa que me foi dada”.

    Como funcionou seu estudo das escolas e dos quesitos em julgamento? Sua ideia é trabalhar mais competição do desfile, o lado cultural ou o entretenimento?

    “Mergulhei de cabeça na Série A, não apenas visitando barracões para saber o vão trazer no desfile desse ano, mas nas escolas em si para entender a história de cada uma, a comunidade onde estão inseridas, o espírito de cada uma delas. É como viajar dentro do Rio de Janeiro. Uma viagem incrível, que estou adorando fazer. Tem sido uma realização imensa pra mim. O apresentador precisa trabalhar com três elementos simultaneamente: a competição, o lado cultural e o entretenimento”.

    O que espera da parceria com a Mariana Gross?

    “A parceria com ela já está sendo maravilhosa. Ela é queridíssima por todos, me recebeu com muita generosidade, com muitas dicas, dividindo comigo algumas coisas específicas e técnicas que eu precisava saber para narrar. Ter uma parceira tão talentosa e generosa como a Mariana é um presente para enfrentar esse desafio da primeira vez como narrador”.

    Entrevistão com Fernando Costa, o ‘pulmão’ da Unidos da Tijuca

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    A evolução da Unidos da Tijuca como agremiação que deixou o posto de coadjuvante para o de protagonista nos desfiles de escola de samba não pode ser contada sem ouvir as palavras de Fernando Costa. Com 31 anos no Pavão do Borel, o dirigente é o personagem da série ‘Entrevistão’ e bateu um papo com a reportagem do CARNAVALESCO. Costa revela que não gosta de pensar no acidente ocorrido em 2017, questiona o resultado obtido em 2018 e assume o papel de homem de confiança do presidente Fernando Horta.

    Por que a Tijuca ficou fora dos últimos dois desfiles das campeãs? Que lição tiraram desses dois desfiles?

    tijuca ensaio quadra 2019 17“Não acho que houve um desaprender nosso. Em 2017 houve uma falha humana de engenharia e que acarretou aquele acidente. Não houve uma falha da escola. Um funcionário esqueceu de travar. Ano passado ao meu ver fizemos um desfile sem erros, ficamos por um décimo. Esse ano estamos com raiva. Nos aguardem. O horário de desfile não foi o que eu gostaria mas faremos um belo carnaval”.

    O presidente Fernando Horta te consultou sobre a chegada do Laíla?

    “Eu talvez tenha sido o primeiro a saber da ideia de trazer o Laíla. Eu achei ótimo. Se poderíamos ter o Pelé? Porque não? Está sendo um aprendizado para a gente e para ele também, pois a Tijuca é uma escola bem diferente da Beija-Flor. As adaptação dele tem sido muito boa com a gente”.

    Como tem sido a relação com ele?

    tijuca final2019 13“Aqui no barracão nem cruzamos muito. Ele vem sempre na parte da manhã e eu como tenho um outro trabalho chego sempre quando ele já está saindo. Nos cruzamos mais nas reuniões e na quadra e ensaios. Está fluindo, ele tem o jeito dele, ele tem o meu. Os nossos ensaios estão muito bons e temos uma expectativa muito boa”.

    É um orgulho ser chamado de ‘rolo compressor’ como a Beija-Flor?

    “Esses termos de ‘rolo compressor’ e afins eu sou meio contra isso. Existem todas as escolas que fazem um trabalho muito bom de harmonia e evolução. Nossa equipe foi formada a muitos anos, conhecem a escola. Ensaio técnico, ensaio de rua, é para você preparar a escola para o desfile. É lá que tudo acontece. Tudo que é falado antes eu particularmente não dou muita bola não”.

    O que você alteraria no julgamento de harmonia?

    “O julgamento da Lierj é subdividido oficialmente. Ano passado não fizemos os 30 pontos pois puniram o carro de som. O julgador eu não sei se tem algo contra o Tinga ou contra a escola. Esse ano eu vou saber (risos). Eu acho que quando engloba tudo a culpa cai para a harmonia. Às vezes não é o canto da escola em si. Talvez essa subdivisão seja melhor. Eu acho que de cima dá para julgar corretamente”.

    Como foi sua passagem pelo Salgueiro?

    tijuca temporeal final2019 3“Eu sou um profissional do carnaval mas quando fui para o Salgueiro foi com o aval do Horta. Eles já haviam me chamado duas vezes e eu achei que ainda não tinha condições de comandar. Na terceira vez que fui convidado conversei com o Fernando Horta. Trabalhei em 2007 e 2008 no Salgueiro. Eu fiquei até chateado na época, pois ele me liberou e eu pensava que ele fosse me segurar. Falei que só voltaria quando ele me chamasse de volta e isso aconteceu dois anos depois, e estou até hoje”.

    Como você conheceu o presidente Fernando Horta?

    “Entrei na Tijuca em 1988. Não tinha muito contato com ele na época. Éramos apenas conhecidos. Em 2000 eu estava no ensaio de bateria e ele me convidou para ser harmonia de ala no ano 2001. Depois desse carnaval ele me pediu para arrumar uma equipe de harmonia. A maioria está comigo até hoje, estreamos no desfile de 2002”.

    Você é o homem de confiança do Horta…

    “Sou funcionário dele, mas existe uma relação de confiança. Quando ele viaja eu cuido da loja dele. Eu sou uma pessoa confiável, quem me conhece sabe. Eu sou justo. Aqui dentro ele sabe que pode contar comigo. A relação ultrapassou a relação de funcionário”.

    O que você lembra do período mais difícil da Tijuca?

    “A gente quando começou eram 40, 50 pessoas nos ensaios. E sempre as mesmas. O que aprendi muito é prestar atenção nas pessoas. Saber lidar com os indivíduos, ir conhecendo cada cantinho da Tijuca. Não adianta você ser muito bom sozinho. É preciso liderar a equipe. Eu venho lá na frente. Se quiserem me sacanear eles vão fazer. Não adianta não saber lidar corretamente com a equipe”.

    Você ainda pensa no acidente de 2017?

    tijuca enredo2019“Não penso e nem quero. Já pensei muito. A lição é observar e fiscalizar mais de perto. Não confiar tanto. Havia uma relação de anos com essa empresa, e acabamos relaxando. Hoje em dia conversamos muito para não acontecer de novo. Na Tijuca não tem nada hidráulico”.

    Esse samba da Unidos da Tijuca está entre os melhores da história da escola?

    “Esse negócio de samba, você tem que ter um bom enredo e uma boa sinopse. Assim fica fácil. Não sou compositor mas convivo com os caras. Já teve ano aqui que não sei como fizeram samba em cima disso. Pedimos uma oração e eles atenderam. Eu coloco nosso samba de 2019 junto das grandes obras da discografia da Tijuca”.

    Imperatriz aposta em ‘estilo Paulo Barros’ para voltar nas campeãs

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    Imperatriz ensaiotecnico 2019 41Fora do desfile das campeãs desde o Carnaval 2016 e sem a conquista de um campeonato há 18 carnavais, a Imperatriz romperá com seu estilo estético clássico este ano para tentar voltar aos seus dias de glória. A agremiação apostou na volta de Mário Monteiro e Kaká Monteiro para desenvolver o enredo ‘Me dá um dinheiro aí’. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Mário admite uma estética diferente e que beberá na fonte do maior campeão do carnaval nos últimos anos, Paulo Barros.

    “Acho que a grande renovação de dez anos para cá foi o Paulo Barros. Aqui na Imperatriz vou aproveitar esse estilo e criatividade. Os componentes precisam ter participação efetiva no desfile. O Paulo é bastante ousado e chegar no seu nível é preciso muita prática”, confessa.

    Para abordar uma estética alinhada com o estilo do atual carnavalesco da Viradouro, a Imperatriz aposta na história do dinheiro e sua relação com a sociedade. Segundo Mário, a ideia surgiu no afã de criar uma temática que converse com a atualidade mas sem necessariamente ser desenvolvida de forma séria e pesada.

    barracao imperatriz 1“Quando o Luizinho me convidou para criar um enredo imaginei que deveria ser algo muito atual, ainda mais depois dos desfiles de Beija-Flor e Tuiuti. Em pesquisas vi o número de desempregados, dívidas crescendo, isso tudo tem algo em comum no seu cerne: o dinheiro. Dessa forma eu decidi desenvolver essa temática que é falar sobre o dinheiro e a relação das pessoas com ele. A gente vai fazer um carnaval, apesar de teoricamente ser algo pesado pelos problemas econômicos, leve e com espírito carioca. Aqui se faz piada até da própria desgraça. Vamos fazer tudo através de metáfora e ironia. Pedi aos compositores e eles atenderam a minha proposta de ser algo divertido. A Imperatriz é uma escola mais clássica e decidimos fazer algo diferente. Está dando resultado”, aponta.

    barracao imperatriz 2Para fazer um enredo que fale do dinheiro sem a necessidade de se tornar algo pesado, a Imperatriz criará uma espécie de caricatura da crise econômica e social que assola o país desde a segunda metade desta década, como explica Mário Monteiro.

    “Crítica bem-humorada vai ter, como são as charges nos jornais. É algo para rir, não teremos nada pesado, ou sério. O Jaguar diz que é melhor rir para não chorar. A abordagem política tem de estar presente, mas sem citar lado de um ou outro, é algo jocoso e engraçado. Achei a Beija-Flor muito realista ano passado, pegou pesado. O carnaval é para divertir”, opina.

    Em suas pesquisas para o desenvolvimento do tema, Mário Monteiro aponta a curiosidade com relação ao surgimento das cédulas de dinheiro, na China.

    Imperatriz ensaiotecnico 2019 12“Achei curioso o nascimento da primeira nota, algo bastante primitivo. As moedas já existiam e começaram a acabar e as pessoas não tinham troca para dar. Na China começaram a dar um vale, era um pedaço de papel. Daí também nasceu a ideia de criar um banco e dessa forma passar a armazenar o dinheiro para ser utilizado quando as pessoas necessitassem”, lembra.

    Mário Monteiro confessa que precisou adaptar o projeto depois de iniciado devido à crise financeira. O artista ressalta que a Imperatriz precisa voltar a frequentar as primeiras colocações para voltar a vencer.

    Imperatriz ensaiotecnico 2019 9“Tivemos de reinventar bastante. Tenho 60 anos de cenografia. Estamos usando bastante o processo cenográfico, sem materiais muito caros, com alegorias mais leves. É um carnaval diferente daqueles que eu mesmo já fiz. O artista tem de estar alinhado com a diretoria da escola desde o início do projeto. A Imperatriz precisa dar um ‘up’. Através desse enredo acho que estamos conseguindo isso. Carnaval acontece mesmo é na avenida. É preciso entusiasmar o público também, para mim é o grande protagonista do desfile. Se o público te aclamar você está perto do título”, admite.

    Conheça o desfile

    A Imperatriz vai passar na Marquês de Sapucaí com seis alegorias, dois tripés, 30 alas e 3.200 componentes. Conheça como se dará o desenvolvimento do enredo da agremiação.

    SETOR 1 – AS LENDAS
    Abrimos o nosso desfile representando 2 lendas importantes que se referem diretamente ao dinheiro: Robin Hood e A Lenda de Midas.

    SETOR 2 – A INVENÇÃO DO DINHEIRO
    As mais antigas moedas que se conhecem foram feitas no séc. VII no Reino da Lidia (Turquia atual). Feitas de liga de ouro e prata, conhecida na época como “eletro”. Cédulas não passam de pedaços de papel, mas são aceitas como dinheiro. O valor está no que elas representam. Os chineses foram os primeiros a lidar com o dinheiro na forma de documentos de papel.

    SETOR 3 – TERRA BRA$ILI$. O DINHEIRO DO BRASIL
    Imperatriz ensaiotecnico 2019 2A história do dinheiro no Brasil começou de forma insólita logo após o descobrimento, com um fato importante para o meio circulante brasileiro: o primeiro escambo. Ao desembarcar em terra, os portugueses, num gesto amistoso, lançaram à praia um barrete vermelho, uma carapuça e um sombreiro. Os índios, imediatamente, responderam lançando um cocar de penas e um cocar de contas. Nos períodos colonial e imperial até 1888, a economia brasileira sobrevivia através da exploração dos escravos trazidos da África e vendidos como mercadoria. Um dos períodos mais hediondos da nossa história.

    SETOR 4 – TEMPOS MODERNOS
    Hoje temos à disposição inúmeros meios de guardar e investir dinheiro: depósitos bancários, aplicações financeiras, cheques, cartões de crédito, caixas automáticos, previdência privada e etc.

    SETOR 5 – A RODA DA FORTUNA
    A roda da fortuna vai falar sobre pessoas de origem humilde que através do talento pessoal ou da sorte conseguiram crescer na vida com sucesso financeiro.

    SETOR 6 – O FOLCLORE E O DINHEIRO
    Neste setor abordaremos o Tio Patinhas, o cofre do porquinho e também o dinheiro na tele ficção.

    SETOR 7 – DINHEIRO E CARNAVAL DO FUTURO
    Em relação ao dinheiro podemos anunciar que o futuro já começou através das moedas virtuais. A mais famosa delas é o Bitcoin.

    Mestre Washington Paz comemora uma década no comando do ritmo da Inocentes de Belford Roxo

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    Felipe Araújo 2Com dezesseis anos de agremiação, mestre Washington Paz completa 10 anos no comando do coração da “Cadência da Baixada” em 2019.  O êxito do trabalho vem de muita dedicação:

    “Confio no meu pessoal. Hoje trabalhamos com um efetivo de mais de 70% de ritmistas da casa. Esse é o segredo do sucesso”, avalia Washington.

    No ano em que o Sambódromo completa 35 anos de existência, Washington comemora o tempo de carreira dedicado à escola da Baixada Fluminense. E motivos para comemorar não faltam. No último carnaval, a bateria da agremiação alcançou a pontuação máxima e conquistou vários prêmios importantes no seu segmento.

    Ao longo dos anos a inovação tem sido uma grande aliada da bateria da Inocentes. O mestre tem um gosto eclético pela música e utiliza gêneros musicais inusitados como o hip hop e o charme no seu processo de criação, além de um estudo minucioso sobre o enredo.

    Além disso, Washington trouxe diferentes novidades para a bateria como bossas ousadas e coreografias em momentos específicos para os ritmistas. E é com esse desejo que o mestre pretende manter a nota máxima no quesito no desfile deste ano.

    Para brindar o público na sexta-feira de carnaval, o mestre preparou duas bossas, além de pedir aos seus ritmistas que se divirtam na hora do desfile. Mais uma surpresa para quem estiver na Sapucaí na próxima sexta, Washington Paz vai se caracterizar de um personagem muito popular.

    Mais sobre o artista

    Fruto das escolas mirins, Inocentes da Caprichosos, Corações Unidos do Ciep, Império do Futuro e Miúdos da Cabuçu, o eterno ritmista, como se define, Washington, aos 7 anos de idade, viu na música a oportunidade de escrever capítulos diferentes de muitos amigos da comunidade onde morava.

    credito felipe araujo 2De uma família de músicos, os primeiros passos foram na Caprichosos de Pilares, celeiro de muitos bambas como os mestres de bateria, Paulinho Botelho e Rodnei, além do Carlinhos de Pilares, Jackson e da nova geração de sambistas, os intérpretes, Thiago Brito e Zé Paulo Sierra. E tanta experiência no mundo do samba o levou ao comando da bateria da Caçulinha da Baixada em 2010 com mais dois mestres de bateria, Douglas Botelho e Jean de Pilares, a convite do Presidente Reginaldo Gomes.

    “A ousadia se tornou uma das minhas maiores características. Quando cheguei na Inocentes, até me tornar mestre levou algum tempo. Entendi e respeitei as características da bateria, mas fiz as mudanças que julguei necessárias. Hoje vejo que deu certo. Ali somos uma família”, ressalta o mestre.

    Prova dessa união foi a bossa que contagiou a Sapucaí no carnaval de 2018, que reproduziu sons de atabaques mas sem trazer esses instrumentos. Com uma tacada de mestre, transferiu para o surdo e repique mor o batuque africano.

    Contagem regressiva

    Na reta final para o carnaval, Washington Paz mostra que não veio a esse mundo à passeio.  Depois de alcançar a nota máxima em 2018 e quatro premiações, a bateria que vem ensaiando desde maio quer repetir a pontuação máxima.

    Querido por muitos mestres, o líder dos ritmistas de Belford Roxo vai emprestar o seu dom artístico para algumas escolas do Grupo Especial, Série A e também participará do carnaval da Intendente Magalhães.

    Alberto João: ‘Minha expectativa para o desfile da Unidos da Tijuca’

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    X-9 Paulistana anuncia que Arlindo Cruz não vai participar do desfile

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    arlindo familiaEm um post publicado na noite desta quarta-feira a escola de samba X-9 Paulistana anunciou que o sambista Arlindo Cruz, homenageado no enredo de 2019, não participará do desfile na próxima sexta-feira.

    A escola informa que o sambista teve sua liberação dada pela equipe médica, mas que a família do cantor achou melhor suspender sua presença no desfile por medida de segurança.

    Segundo a X-9 Paulistana, um dos maiores motivos foi a questão da infraestrutura que deveria ser montada para a presença de Arlindo Cruz, como equipes médicas, carros especiais, seguranças e toda produção que o acompanharia. A chuva também seria um obstáculo.

    Carnaval Capixaba: Independente de Boa Vista é campeã do Grupo Especial

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    boa vista toninho ribeiro 30A escola de samba Independente de Boa Vista, da cidade da Cariacica, conquistou o título de campeã do carnaval capixaba no Grupo Especial da Lieses. Este foi o quinto título da história da agremiação, que contou no Sambão do Povo a história da Polícia Rodoviária Federal, com o enredo ‘Entre rodovias e fronteiras… Honras e glórias. PRF – 90 anos dos Anjos do Asfalto’.

    A apuração foi emocionante e a grande campeã terminou apenas um décimo à frente da vice-campeã, Novo Império e da terceira colocada Mocidade Unida da Glória. As duas terminaram empatadas mas a azul e rosa conseguiu terminar à frente pelo critério de desempate. Punida com a perda de dois décimos, a MUG teria sido campeã se não fosse penalizada.

    A escola de Cariacica se popularizou nos últimos anos por saber unir a força de um samba-enredo juntamente com riqueza e luxo espalhados nos quesitos plásticos. Os destaques da escola ficaram por conta do excelente casal de mestre-sala e porta-bandeira Bruno Simpatia e Vanessa Benittez e da bateria furiosa que conseguiu criar convenções estratégicas que exaltavam trechos do samba.

    Barracões: Mocidade Alegre homenageia rio Amazonas através de lenda romântica

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    Vice-campeã do carnaval de 2018, a Mocidade Alegre entra pra avenida em busca do 11° título. A carnavalesca Neide Lopes, que integra a comissão de carnaval, é uma das responsáveis pelo enredo: “Ayakamaé – As Águas Sagradas do Sol e da Lua”, uma homenagem ao Rio Amazonas.

    “É um tema que a gente trabalha a lenda do surgimento do rio Amazonas , toda a contribuição que ele tem pra Amazônia e todas as lendas, mitos, povos das florestas. Então ele é um grande vôo do rio, desde quando ele nasce até o momento dele desaguar quando encontra o mar. Nós rufamos os nossos tambores e tremulamos o pavilhão em homenagem a esse rio. A mocidade se torna não só a morada do samba, mas se torna também a morada das águas pra contemplar esse grande tesouro”.

    Neide Lopes revela que enredo é uma antiga lenda romântica indígena e afirma que escola está entrando no clima que o tema propõe.

    barracao morada2019 2“É uma história que a gente sempre ouviu, na escola sempre ouvíamos desse amor do sol com a lua. Em 1996 dois compositores do boi caprichoso fizeram uma toada que conta a lenda de forma mais romântica ainda. Quando a gente ouviu, aquilo nos deu muita inspiração, porém só se concretizou em 2005. Estávamos no Império de Casa Verde e aí teve uma grande seca no rio Amazonas, a gente viu o sofrimento do nosso povo e isso nos deixou muito tristes, então resolvemos escrever um enredo que falasse sobre a importância do rio. Colocamos no papel, mas em 2006 o Império fez um enredo patrocinado e acabou que o Ayakamé ficou pra depois. A gente chegou a apresentar na Grande Rio e em outras escola, mas sempre tinha aquela questão de ‘ah, vamos ver’, ‘é um enredo grandioso’, ‘tem um custo maior’, ‘é trabalhoso’. Pra esse ano, depois do enredo sobre Alcione, a Mocidade se interessou em fazer um enredo indígena. Na reunião a presidente Solange pediu uma ideia de tema que fala sobre alguma lenda indígena, depois eu resolvi falar sobre o enredo pronto, que há treze anos estava escrito, e a escola ficou encantada. Tá sendo muito bacana falar de uma cultura que é próxima do samba, porque não deixa de ter o batuque, essa importância do negro, e conseguir trazer isso pra comunidade tá sendo muito legal. As pessoas estão sentindo essa energia indígena da Amazônia, e eu fico muito emocionada”.

    A lenda contempla o amor do sol com a lua, sobre isso a carnavalesca Neide Lopes nos contou um ponto alto do desfile

    barracao morada2019 1“A gente foi ajustando o enredo pra ficar com a cara da Mocidade Alegre. Eu acho muito bacana ressaltar o primeiro setor, porque a gente fala do amor, e o último encerra esse grande amor dos astros. Então, no primeiro setor a lua vem separada do sol e no último eles se reencontram, e não da pra se ver de frente, é só na lateral, é para o público mesmo. A gente quer que o público se sinta dentro dessa história de amor”.

    Sobre desfile grandioso e suntuoso, Neide defende outra intenção.

    “Queremos mais que passar bem, a gente quer encantar, quer emocionar o público, vivenciar um momento alegre, feliz, que é o que a Mocidade Alegre é, uma escola de união, força, garra e simplesmente de alegria”.

    Carnavalesca é a única parintinense a assinar enredo no estado

    A importação de profissionais vindos de Parintins cresce a cada ano no carnaval de São Paulo, eles estão presentes em diversos barracões e ateliês. A Neide iniciou sua trajetória no festival dos dois bois, mas se engana quem acha que a carnavalesca começou agora.

    barracao morada2019 3“Sou de Parintins, estou nessa trajetória cultural há 28 anos. Nós começamos exatamente em Parintins, eu falo nós porque eu e o Carlos sempre estivemos juntos, além de meu esposo ele é artista plástico. Trabalhamos em várias festas regionais além do festival folclórico de Parintins, até que surgiu a oportunidade de vir pra São Paulo, isso em 1999. Chegando aqui começamos pela Nenê de Vila Matilde e depois conhecemos o Império de Casa Verde, na época no acesso. No ano de 2001 fizemos um trabalho paralelo entre Império e Tucuruvi. No ano seguinte no especial, o Seo Chico Ronda propôs um projeto ousado de dar uma cara pro Império porque até então a escola era muito nova, e o projeto era de fazer uma grande escola, com alegorias grandiosas. Com todo esse suporte, eu e o Carlos nos mudamos para São Paulo. O primeiro ano foi bem difícil porque quase caímos, no ano seguinte voltamos nas campeãs e em 2005 fomos campeões, 2006 bicampeão e em 2007 foi o nosso último desfile. Nesse ano em questão recebemos o convite de fazer o carnaval da Grande Rio, e ficamos dez anos trabalhando ali, Grande Rio, Salgueiro, Mangueira, Império Serrano, fizemos várias escola mas o Salgueiro era a qual ficávamos com mais exclusividade, onde fomos campeões em 2009. Em 2015 recebemos o convide do Mocidade Alegre para participar da comissão de carnaval na época com o Sidney França e permanecemos até hoje”.

    Neide explica o motivo que voltou para São Paulo e afirma que carnaval carioca precisa ser mais valorizado.

    barracao morada2019 7“Foi uma questão familiar, em 2015 nós já estávamos sentindo umas problemáticas do Rio, em termos de verba, logística, e isso já estava desandando, como se fosse um pré-crise, hoje isso se agravou bem mais. Se a pessoas não sentarem pra discutir acordos em prol do carnaval do Rio, o evento tem a perder muito. Eu que sou produtora cultural vejo falta de conscientização de alguns, inclusive de líderes governamentais. A cultura é um recurso de transformar vidas, e infelizmente isso não é vista pra alguns. A gente trabalha no carnaval o ano inteiro, e se colocar o ângulo do minimo para o máximo, vai perceber que atinge muitos setores, fornecedor de tecido, material, cola, isopor, de tudo, isso está empregando pessoas. Você sai do ambiente interno e vai para o externo, você tem a movimentação em hotéis, uber, alimentação, viagens, tudo que circula em prol do acontecimento. Isso não é só no período fevereiro/março, é o ano todo. O deslocamento que tem de profissionais de Parintins e a renda que tem lá, tem um grande intercâmbio econômico. As pessoas tem que entender a importância da cultura, e no Rio essa crise está mais agravada ainda”.

    Amazonense apaixonada pelas suas raízes, Neide comenta sobre diferença do festival de Parintins com o desfile de escola de samba e ressalta que a disputa dos bois serve de vitrine para os profissionais do norte.

    barracao morada2019 6“Em Parintins a cidade toda é preparada em prol da disputa dos dois bois.Você tem os bois de rua que arrasta mais de cinco mil pessoas, que é uma prévia da disputa. A cidade é construída em prol da festa e exporta vários talentos, mas existe uma dificuldade de fornecimento de material, e aí existe a vantagem do improviso, porque lá se usa os recursos que tem. Se tem uma escultura de cipó, é porque era o único recurso disponível e o mais barato. É importante frisar que lá se tem mais mãos de obra, então o processo de construção de Parintins é muito mais rápido que em São Paulo. Já o carnaval do Rio de Janeiro e o de São Paulo é pensado com bastante antecedência, e aqui nós temos também a farta diversidade de materiais, isso faz com que a gente consiga bater o olho e executar tal coisa, talvez um tecido, uma arte gráfica, até material de construção civil. Outra coisa também é a estrutura, o sambódromo de São Paulo tem uma ótima estrutura, diferente do Rio que se tem uma concentração e uma dispersão bastante problemática. Muita gente de Parintins vem trabalhar em São Paulo porque é um mercado de trabalho, e o festival de Parintins acaba sendo uma grande vitrine”.

    Conheça o desfile

    1° SETOR – Surgimento das águas através da lenda Ayakamaé

    barracao morada2019 4“Abrimos o carnaval com a lenda das águas, que conta desse amor impossível do sol e da lua de forma indígena. É uma lenda muito ancestral da Amazônia e que está registrado em várias etnias linguísticas, e que pra gente é contando de forma oral, nossos antepassados contavam muito. A lenda fala que a lua, enamorada do sol, e eles não puderem ficar juntos porque iria ocasionar um grande cataclisma na terra. Mesmo assim esse sentimento brotou e se entregaram ao amor, e nisso aconteceu um cataclisma na terra, e nisso parte da terra queimou, a água evaporou e Tupã, Deus criador, teve que intervir e separou os dois. Tupã então lançou os dois como astros, um dia para reger o dia e outro para reger a noite, os mistérios do mundo que nunca dorme. A lua então chorou por longas noites e as suas lágrimas caíram sobre as cordilheiras dos Andes, derretendo o gelo e fizeram com que nascessem as águas do rio. Para que ela parasse de chorar, Tupã prometeu em alguns momentos do dia ela poderia ver o seu amado de volta, mas eles não poderiam viver mais juntos na terra e sim alguns momentos fora dela, que são os eclipses, e com isso o rio nasceu. Nosso primeiro setor fala do surgimento do rio pela visão indígena, isso com o sambista em transe para que ele pudesse enxergar tudo isso”.

    2° SETOR – As águas da vida

    “No nosso segundo setor gente começa a falar das águas que nasce, se torna grande e de todas as vidas que foi destruída pelo cataclisma da lua. Então começa a vir os peixes, as lendas, os jacarés, a gente começa falar de momentos históricos e lendários que se remetem as águas, como os Manaós que são heróis encantados no fundo do encontro das águas do rio negro e solimões. A gente encerra esse setor com um grande santuário de vida, se retendo a grande diversidade da Amazônia, principalmente a fauna e a flora”

    3° SETOR – As águas da cura do verde coração

    barracao morada2019 5“Toda a consequência do cataclisma da lua com o sol acaba sendo lavada pelas águas do rio e o sol é curado. Então as plantas sagradas começa a nascer, e a gente começa a ver a mandioca, o guaraná, plantas sagradas que são remédios ou alimentos. A gente encerra o setor com um grande ritual de cura dos povo indigenas que fazem nas margens do rio, então são as águas que curam o verde coração. É o momento do nosso Ariê auê, onde todo mundo participa desse ritual de celebração em prol das águas”.

    4° SETOR – Água da fé dos caboclos da Amazônia

    “Então a gente continua navegando pelos rios através desse transe mágico e deslumbra a vida do cabloco Ribeirinho, que é um povo que se estabeleceu nas margens do rio, que pesca, que colhe, que trança os seus artesanatos que tem no rio a sua fé, eles fazem a romaria nas águas à São Pedro pescador, que é o grande padroeiro desse povo e dos navegantes. A gente encerra esse quarto setor com as águas sagradas do povo do Amazônia”.

    5° SETOR – Águas do eterno amor do Sol e Lua

    “A gente prepara o povo indígena pra deslumbrar o grande pôr do sol, o momento em que a luga encontra o sol e fortalece a certeza do amor que vive pra sempre. É o momento que o índio enxerga no horizonte os pássaros do pôr do sol anunciando que o entardecer vai chegar, e que o sol vi encontrar a lua. O sol vai descendo devagar como se ele fosse um grande mar, e os raios do sol adoram um grande rio, e é o momento em que a lua vai chegando com as penumbras da noite. Em instantes eles descobrem a certeza do amor, o rio segue para encontrar o mar. Nós da Mocidade Alegre rufamos os nossos tambores para homenagear esse rio que é um patrimônio mundial, não é só da Amazônia, ele acaba fertilizando um terço de todo continente sul-americano.

    Ficha técnica

    23 alas
    5 alegorias – abre alas acoplados
    2 elementos cenográficos
    3.000 componentes

    Barracões: Ponte trará ‘Oferendas’ com estética atualizada

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    Por: Diogo Cesar Sampaio

    WhatsApp Image 2019 02 20 at 03.05.47 2O ano era 1984. O dia, 04 de março. Tratava-se de uma segunda-feira de carnaval. As escolas de samba do Rio debutavam na Marquês de Sapucaí, que recebia a segunda noite de desfiles do Grupo 1A, atualmente conhecido como Especial. A Unidos da Ponte era a segunda escola a entrar na avenida, e trazia um enredo de temática negra e afro, chamado “Oferendas”. A proposta era simples: trazer em cada ala e carro alegórico um orixá, seguido de sua oferenda, de maneira intercalada e contínua.

    Sem deter de muitos recursos financeiros, a escola da Baixada Fluminense apostava em uma plástica simples, chegando a usar comidas de verdade em seu desfile. Porém, tinha na força do seu samba o seu grande trunfo. Uma obra com melodia envolvente e letra didática, que quase se tratava de uma aula de como e o quê ofertar para cada orixá.

    Entretanto, a apresentação modesta da azul e branca de São João de Meriti não foi suficiente para manter a escola na elite, sendo rebaixada para o Grupo 1B, atual Série A, no ano seguinte. Todavia, aquele samba de 1984, apesar do infortúnio rebaixamento, entraria para história da escola e da festa, e se tornaria um clássico. Hoje, passados quase 35 anos do desfile original, a Unidos da Ponte novamente levará “Oferendas” para Sapucaí.

    WhatsApp Image 2019 02 20 at 03.05.46Responsáveis por fazer esse novo desfile, os carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz receberam a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão da agremiação. Durante a entrevista, a dupla relatou que farão uma releitura do que foi apresentado anteriormente, e não exatamente uma reedição. Em sua segunda passagem pela Sapucaí, “Oferendas” virá com uma nova estruturação e organização de enredo, além de uma estética atualizada, com toques mais modernos, se comparado ao que foi apresentado em 1984.

    “Por mais que seja um enredo reeditado, estamos fazendo uma reconstrução estética total. Não é nem uma reedição, é uma releitura, por vários motivos. O desfile original foi concebido para outra época, para outro modelo de desfile. A proposta de desfile de 1984, na nossa concepção, hoje em dia, não atenderia a Sapucaí. O maior desafio entre algo próprio, que fosse nosso, e respeitar uma reedição, foi o fato de, nesta reedição que estamos propondo, ser uma proposta original. Estamos respeitando toda a construção original da Ponte de 1984, mas trazendo características próprias em tudo. Como fantasias novas, uma leitura estética diferente, a construção dos carros e até mesmo algumas curiosidades. A gente respeita tudo que foi feito, tanto em nível de desfile, quanto de religião, ancestralidade. E se você reparar, no nosso samba, o único orixá que não é ofertado nada é Oxalá, como é visto no verso “Pai Oxalá, nosso canto de fé”. É algo que estamos obedecendo e estamos levando, de fato, a sério. Na época, pelo que várias fontes me falaram, após ser feito um jogo de búzios, o único orixá que não aceitou nenhuma oferenda foi Oxalá. O samba foi trabalhado realmente com a questão da fé e da prosperidade. Então, estamos levando essa curiosidade, respeitando e fazendo dessa forma.” – é o que conta o carnavalesco Rodrigo Marques.

    “A força e a importância que esse enredo, que esse samba tem, sozinhos, já fariam a diferença. Mas, visualmente estamos dando nossa cara, a nossa roupagem atual, como o Rodrigo falou. Estamos conseguindo fazer um trabalho à altura desta grande escola, e principalmente, à altura deste grande enredo. A Ponte após 12, agora 13 anos, retorna para a Sapucaí. Um palco que nunca deveria ter saído, pelo tamanho deste pavilhão. E nada mais justo que nós, como responsáveis pela parte plástica do desfile, devolvamos a Ponte o que ela merece: um carnaval a altura desta agremiação. Acho que conseguiremos fazer isso. Além, é claro, de passar a nossa mensagem visualmente para o público, com uma fácil leitura e compreensão.” – complementou o carnavalesco Guilherme Diniz.

    Segundo o que a dupla de carnavalescos conta, a ideia de trazer de volta “Oferendas” não partiu deles, mas sim do pedido de torcedores da escola e de sambistas em geral, apaixonados pelo samba. A proposta foi considerada, e rapidamente acabou sendo abraçada pelos artistas, recém-chegados na Unidos da Ponte.

    WhatsApp Image 2019 02 20 at 03.05.46 6“Quando a gente foi contratado, existiam várias possibilidades de enredo por parte da direção da Ponte. Nós mesmos tínhamos algumas outras possibilidades nossas, autorais. Contudo, muita gente de fora pedia para reeditar Oferendas. É um samba histórico, que precisava de um desfile a altura dele. Então, passamos a levar isso em consideração ao longo do processo e apresentamos a ideia para a escola. A proposta foi prontamente aceita, sendo praticamente um clamor. Vale ressaltar que, durante o processo, a gente foi ouvindo muita gente da escola, tanto direção, quanto componente, e até torcedores. Foi um trabalho mútuo.” – disse Rodrigo.

    E durante a entrevista, Rodrigo e Guilherme confidenciaram o que mais chama a atenção, de cada um deles, no trabalho plástico que vem sendo desenvolvido para Ponte em 2019.

    “Nosso processo de criação para esse carnaval foi ao inverso. De trás, para frente. Porque já tínhamos o enredo e o samba. Vimos o que poderia ser feito, olhando para o desfile da época, e trazendo uma linguagem atual. A nossa ideia é que começasse muito bem e terminasse muito bem. Acho que o grande destaque da Unidos da Ponte será o último carro em minha opinião. Embora o abre-alas seja bem imponente também, que é o carro favorito do Guilherme. Então, abrimos bem e fechamos bem.” – comentou Rodrigo.

    “Quando desenhamos um carnaval, sempre acontece de uma criação chamar um pouco mais a nossa atenção. Então sim, nós temos um carro preferido. Mas a medida que o tempo vai passando, ficamos confusos, e passamos a não ter mais uma alegoria favorita. Por exemplo, o carro de Xangô sempre foi um dos favoritos. Mas ao longo do processo, o terceiro carro, o de Iemanjá, passou a ser também. Acho que conseguimos dar uma leitura legal. Acho que, de alegoria, realmente o abre-alas e a última vão destoar muito. Mas todos os carros estão bem legais. A ponte passará bem na avenida” – garantiu Guilherme.

    WhatsApp Image 2019 02 20 at 03.05.46 4A crise no carnaval e os preparativos para o desfile

    O carnaval de 2019 da Unidos da Ponte não marcará somente o retorno da agremiação a passarela do samba, depois de mais de uma década. O desfile desse ano também representa a estreia da dupla de carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques na Sapucaí. Com larga experiência no carnaval da Intendente de Magalhães, os jovens artistas contam no currículo com passagens pelo Engenho da Rainha e pela Difícil é o Nome, além de terem sido campeões da Série B em 2017 com a Unidos de Bangu.

    Acostumados a trabalhar em condições adversas, a dupla não se deparou com um cenário muito melhor ao chegar a Série A. Porém, a vivência adquirida em seus outros trabalhos deu suporte para driblar as dificuldades, como os cortes de verba, atrasos nos repasses e a escassez de material, que marcaram os preparativos para o carnaval desse ano. A maneira antecipada em iniciar a construção e confecção do carnaval, foi outro trunfo dos dois diante o cenário de crise.

    “O nosso diferencial para esse projeto foi ter começado cedo. Desenhamos as fantasias muito cedo, os carros também. Fizemos o checklist de esculturas que precisaríamos muito cedo. Quando você vai cedo para o mercado, encontra material mais barato, mão de obra mais barata, mão de obra qualificada mais barata, também. Nossas fantasias já estão prontas faz tempo. Fizemos tudo do zero. Não há nada reutilizado de outra escola. Em julho, já tínhamos 70% do trabalho, ou até mais. Nós paramos quase um mês ou um mês e meio o trabalho, porque senão, estaria tudo pronto muito cedo. Nosso barracão é na beira da Avenida Brasil, então tem muita sujeira aqui. Também tivemos um incêndio aqui que nos impactou. Quando chove, chove mais aqui dentro que lá fora. Então, tivemos de parar. Se não estivesse parado, hoje estaríamos fazendo retoques e limpando as alegorias. O nosso diferencial foi o planejamento. Quando a crise estourou para gente, já estávamos com quase 50% do trabalho. A crise afetou? Sim. Mas, nós já havíamos dado o start. Não dava para voltar atrás. Não estamos nadando no dinheiro. Estamos usando materiais mais baratos e alternativos. Está difícil para todo mundo. E ainda mais pra gente. Pois, chegamos agora no grupo e não tínhamos estrutura de alegoria, de barracão. O tempo nunca foi adversário para a Ponte. Sempre foi nosso aliado. Ao longo do processo, fomos aprendendo e aprimorando várias coisas.” – falou Guilherme.

    WhatsApp Image 2019 02 20 at 03.05.46 9“O barracão aqui é bem insalubre. Não temos a estrutura que gostaríamos de ter, embora, tenha escola com situação bem pior. Normalmente, fazemos um projeto com nível de Grupo Especial e ao longo do processo, ele vai sendo tesourado. Porém, esse ano, fizemos um projeto pé no chão. É um projeto palpável. Como o Guilherme citou as fantasias já estão prontas desde setembro. Os nossos carros já estão em processo de finalização, desde o início de fevereiro. E um exemplo de como tempo foi favorável a nós, no incêndio que teve aqui, perdemos uma escultura que era o plano A de execução. Na época, ficamos bem chateados. Mas hoje, enxergamos que foi algo benéfico, pois a solução final ficou melhor do que a que nós tínhamos orçado. Sobre o tempo, ele tem nos ajudado a tomar melhores decisões, melhores soluções, com certeza.” – relembrou Rodrigo.

    Em busca de garantir a permanência na Série A, a Ponte pretende fazer um carnaval volumoso e grande, porém, respeitando a realidade financeira da escola. A dupla Guilherme Diniz e Rodrigo Marques pretendem utilizar de efeitos e esculturas com movimentações nas alegorias, para trazer um algo a mais no trabalho realizado.

    “O que vai fazer muita diferença em nossos carros é a construção deles, em geral. Teremos iluminação e movimentação nas quatro alegorias. A divisão das esculturas e os pontos “X” delas para fazer o movimento, no conjunto, será o grande diferencial do trabalho. Pois, escultura com movimento, hoje todo mundo faz. Basta colocar um tubo solto, que a escultura irá girar para um lado e para o outro. O diferencial é saber colocar, escolher o lugar certo que vai posicionar. Não teremos nada de surreal, algo que nunca foi visto. O que vai passar pela Ponte, é algo que já foi visto em outros carnavais. Contudo, com outra cara e outra estética. Esse é o nosso primeiro carnaval na Serie A, mas já vivenciamos carnaval faz tempo. Você tem que pensar, por exemplo, num material que se chover e molhar, não vai manchar a pintura de arte, por exemplo. Na Série A, temos sempre que pensar no pior. É uma surpresa atrás da outra.” – relatou Guilherme.

    E no atual cenário de crise, se faz ainda mais necessário o uso de alternativas para substituir materiais mais caros ou em falta no mercado. E é nessas circunstâncias que a criatividade se fez presente.

    “Um material que a gente apostou muito na confecção desse carnaval foi o epicote. Ele é um material que não é tão caro assim, tem vida própria, ele brilha. Com a iluminação por cima, ele irá gritar. Será um dos nossos diferenciais. Ele por si só, é uma espécie de emborrachado que é impermeável. Caso suje, é possível limpar com um pano ou vassoura. Ele é um material que já é usado por alguns carnavalescos. Não em grande escala. Mas, achamos que em pouco tempo, ele será bastante usado.” – declarou Rodrigo.

    Entenda o desfile

    A Unidos da Ponte terá a missão abrir oficialmente o carnaval carioca, sendo a primeira escola a desfilar na sexta-feira. A azul e branca levará para a Sapucaí quatro alegorias, sem acoplamento, 21 alas e 1700 componentes. O carnavalesco Rodrigo Marques detalhou como vai funcionar a setorização do enredo:

    WhatsApp Image 2019 02 20 at 03.05.46 8Setor 1: Terreiro

    “O primeiro setor é o terreiro estilizado. Usaremos vários materiais rústicos. Por trabalharmos com iluminação, acreditamos ser o grande diferencial da escola os materiais utilizados. Através do terreiro, traremos toda a ancestralidade. Teremos alguns Eguns no abre-alas também. É ainda no primeiro setor que trazemos os africanos que vieram pra cá, foram suprimidos e tiveram tudo roubado. Exceto a parte espiritual, que foi mantida com eles. Toda aquela referência no samba “Malungo se liberta no Zambê/ Esquece o banzo” a gente fez nos carros, assim como nas fantasias, com uma narrativa bem direta e bem em cima da letra. Essa parte do terreiro, dos africanos que vieram para cá e trouxeram sua ancestralidade, será logo nosso primeiro carro.”

    Setor 2: Xangô

    “Originalmente em 1984, a Ponte fez algo que a principio pensamos em não fazer de inicio. A escola vinha com um Orixá, por exemplo, Xangô. E atrás, vinha com a oferenda dele. Então, ao longo do nosso processo, pensamos que seria cansativo. Nesse segundo setor, apostamos em fazer a fantasia de Xangô e trazer os elementos de suas oferendas. Afinal, nós estamos falando de Orixás. Logo, todas as alas vêm falando de orixás. O maior desafio em relação a setorização foi caracterizar, qual orixá tem relação com Xangô.”

    Setor 3: Iemanjá

    “Tem todo um porque dela, da devoção a ela. Uma coisa importante a ressaltar no nosso enredo, que a base dele, é o candomblé. Apesar de a umbanda ter uma representação, o ponto principal é o candomblé. Originalmente, esses escravos que pra cá vieram, trouxeram os orixás, que resultaram na criação do candomblé. O surgimento da Umbanda se deu por outros motivos. Lógico, que vai ter elementos da umbanda no desfile. Mas, o foco é o candomblé. No carro de Iemanjá, vamos trazer a Iemanjá do candomblé, que traz alguns pontos de diferença pra a representação dela na umbanda. Novamente, teremos os orixás que tem alguma relação com ela, filhos e netos de Iemanjá.”

    Setor 4: Oxalá

    “Nossa ideia de fechar com Oxalá é pelo significado do nome dele. Tem toda uma representatividade em cima do nome dele. Neste momento, nunca é demais lembrar que as religiões de matriz africana sofrem algum tipo de perseguição pelas suas práticas. Nós quisemos trazer Oxalá para mostrar que a religião não é nada disso, que existem boas práticas. Se a religião sofre preconceito, o enredo também sofre, até porque fala sobre oferendas. O objetivo central é mostrar o porquê se oferta algo para uma entidade. No carro de Oxalá conseguimos mostrar isso de maneira mais clara, desmistificando alguns preconceitos.”

    Entrevistão com Renato Lage: ‘Existe uma intolerância e um ódio gratuito com a Grande Rio’

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    granderio ensaiotecnico 2019 19Renato Lage tem a mesma medida de personalidade que tem de talento. Campeão do carnaval quatro vezes é o personagem da série ‘Entrevistão’. Renato não tem medo de falar se quisesse a Grande Rio poderia ter recorrido do resultado em 2018 pois a escola perdeu pontos em uma alegoria que não desfilou. Confirma que a relação com a ex-presidente do Salgueiro, Regina Celi, era ruim e admite a frustração pelo desfile de 2018.

    O desfile de 2018 foi sua maior frustração na carreira?

    “Eu saio do Salgueiro por problemas de desgaste e aí pego um caminho novo que é a Grande Rio. Tivemos muito mais liberdade aqui do que lá no final. Viemos com uma vontade tremenda de fazer um trabalho bonito. E fica a frustração pelo ocorrido. Muita gente achou ótimo e maravilhoso, se vingou né? Mas a frustração passou e estamos agora focados no desfile de 2019”.

    Como você lida com essas frustrações?

    “Quantas vezes saíamos na Mocidade ovacionados, manchetes de jornal e às vezes não chegávamos nem nas Campeãs. Esse balde de água gelada que levamos vão nos deixando escaldados com frustrações”.

    Acha que a Grande Rio sofre preconceito?

    granderio samba2019 11“Eu acho que existe uma intolerância e um ódio gratuito. O que aconteceu foi em um ano atípico. A escola poderia ter impetrado um recurso pois foi julgado a falta de uma alegoria, o que pelo manual do julgador é um equívoco. Pedir desculpas no Grupo de Acesso? A Grande Rio é muito associada ao poder, a escola de artistas. Essas pessoas que pediram isso não sabem a dificuldade que se tem para colocar um carnaval na rua no acesso. Uma escola estrelada e poderosa se quebrando causa um prazer enorme nas pessoas. Eu acho tudo muito estarrecedor”.

    Como é a relação com a Márcia Lage?

    “A Márcia me completa. A gente briga com relação a opiniões, como todo casal. Tem momentos que a criação não vem e é muito difícil você confiar as suas dúvidas a qualquer um. Somos uma comissão de carnaval. (risos). A Márcia possui um olhar muito próximo de gosto e qualidade com o meu. E ela é sincera quando mostro um trabalho para ela. Isso me dá um parâmetro correto. Um elogio às vezes vindo de fora pode não ser sincero, só para me agradar. Uso minha família como público”.

    Vocês temeram não permanecer na escola após o desfile?

    “Assistimos a apuração na casa do Jayder. Ele ligou para a gente e sugeriu assistirmos lá. Talvez tenha sido um convite por querer dizer que estaríamos juntos novamente no ano seguinte. Teve gente que pulou fora por achar que desfilaria no Acesso”.

    E como é trabalhar com três presidentes de honra?

    granderio samba2019 12“Os presidentes da Grande Rio são empreendedores. Nós pegamos uma vaca mais magra, a situação não está assim tão boa quanto parece. O mais legal é serem corretos conosco e nos dão toda a liberdade para trabalhar. O Jayder é um cara entusiasmado, incentivador, nos dá força e a todos os departamentos da escola. Ele nos convidou para a casa dele logo depois da operação no fígado”.

    Quais trabalhos na nova geração de chamam mais atenção?

    “Acho muito complicado falar isso, comentar o trabalho de outras pessoas. É deselegante. Mas eu tenho minha forma de ver, tem muita coisa que eu não gosto. Assim como muita gente também não gosta do meu estilo. Eu acho que os carnavalescos da nova geração precisam ter uma cara, um estilo característico. O Leandro Vieira foi um que chegou com personalidade, uma marca já estética bem definida”.

    Muitos falam que sua relação com a Regina no Salgueiro era ruim. É verdade?

    “Eu acho que no final havia um desgaste muito grande. Eu poderia ter ganho vários carnavais no Salgueiro, mas ganhamos um só. O problema foi de relação com a direção. Quem os levou para a escola foi o Maninho. Quando a Regina assumiu a escola nós já estávamos. A relação de algumas pessoas com ela foi minando a relação. Eu sou um profissional que me valorizo pois não cheguei agora no carnaval”.

    O desfile de 2016 causou grande expectativa e não aconteceu. Hoje você consegue explicar o que houve?

    “Cada desfile tem a sua história, eu não gosto de comprar. Um que eu não gostei foi a ‘Ópera do Malandro’. Ali já começou errado. O enredo seria patrocinado e quando fui ver já vieram com o enredo pronto, escrito. O desenvolvimento ficou conturbado. A Regina imaginava uma coisa que o enredo não seria. O tema exaltava uma entidade, não era a Ópera dos Malandros. Tivemos uma série de problemas”.