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Série Barracões: Imperatriz retrata realeza africana ao contar itã sobre jornada de Oxalá para visitar Xangô

Um dos carnavalescos mais destacados da nova geração, Leandro Vieira vai para seu terceiro carnaval consecutivo na Imperatriz Leopoldinense. Após a estreia, e com dois campeonatos pela Mangueira, o artista foi campeão pela Rainha de Ramos em 2023, e conquistou o vice-campeonato no último carnaval. Além disso foi o responsável pelo título da escola em 2020 na então Série A, permitindo o retorno da agremiação ao Grupo Especial. Agora, o artista vai contar no Carnaval de 20205, o itã que retrata a ida de Oxalá, rei de Ifón, ao encontro de Xangô, rei de Oyó, não sem passar por algumas penitências pelo caminho, no enredo “Ómi tútú ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”.

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Leandro contou sobre o surgimento do enredo da Imperatriz desse ano, como uma forma de ajudar também outros segmentos da agremiação, e como foi o processo de construção da saga de Oxalá indo ao encontro de Xangô.

“A ideia do enredo surgiu quase com uma vontade coletiva dos componentes da escola que sempre que podiam me pediam um enredo que eles chamam de afro. E não só os componentes da escola, mas também a personalidade da escola que eu ouço muito, que é o Pitty e o Lolo. A gente tem que levar em consideração que o universo afro também tem uma musicalidade específica. E essa musicalidade específica naturalmente favorece uma grande voz que pode fazer uma grande apresentação e favorece um mestre de bateria muito inventivo, o dono de um requinte de rítmico. Então, se o Lolo e o Pitty dizem que é bom, e eu entendo o Lolo e o Pitty como duas grandes personalidades, duas grandes potências da escola, eu estou aqui para jogar bola com o time. Então, eu acho que muito dos sucessos que a Imperatriz tem desfrutado tem a ver do entendimento que existe aqui um time que gosta de trabalhar com toque de bola. É um tocando a bola para o outro e possibilitando que na partida todo mundo jogue com as suas potências. O enredo da Imperatriz nasce desse desejo da comunidade, que é ouvida pelo carnavalesco, de um desejo de alguns integrantes da equipe que queriam potencializar as suas vocações e que também foram atendidos pelo carnavalesco. Então, é uma ideia de time, de coletividade, de um enredo que atende a interesses que não só os meus”.

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Sobre a escolha de contar essa história, Leandro comentou sobre as características que achou interessante de retratar na avenida, e como é interessante ver a Imperatriz se debruçar sobre uma realeza africana.

“Esse itã, o protagonista dele é Oxalá, uma divindade que eu particularmente tenho muita intimidade e é uma divindade que tem algumas características estéticas muito exuberantes. É um orixá masculino que veste saia, é um orixá com características plásticas e com artigos ritualísticos muito exuberantes. É uma divindade que usa leque, é uma divindade que usa coroa, e a coroa aí já é um símbolo super adequado, uma escola que tem como símbolo uma coroa, é uma divindade de uma energia transformadora e que, dentro desse itã, ele me possibilita a contação de uma história que se aproxima de uma realeza. E você sabe que a Imperatriz tem um histórico de contar histórias da realeza. E o grande barato é que a escola tem essa vocação para histórias da realeza, mas durante muito tempo ela contou histórias de uma realeza europeia. E há quase 50 anos ela não se debruçava sobre uma realeza afro-brasileira. Então isso tem um conteúdo simbólico muito bom, porque é uma realeza ligada a uma divindade com um potencial estético absurdo e que, dentro desse itã, me possibilita uma construção estética de contorno épico, de contorno heroico, o que também visualmente é lindo. A soma de escolher esse itã é a soma de uma série de potencialidades que reforçam também as vocações da Imperatriz”.

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Conhecido também pelo requinte das suas fantasias, Leandro falou sobre o processo das fantasias da escola para o próximo carnaval, com ênfase na beleza com a facilidade na evolução.

“Estou trabalhando há algum tempo a ideia de que o conjunto de fantasias deve favorecer a evolução e a participação do componente de uma forma exuberante. Continuo tentando fazer fantasias que juntem beleza, mas não atrapalhem a Imperatriz na pista. Acho que o Carnaval de 2024 mostrou uma escola que evoluiu com alegria, que evoluiu com intensidade, e acho que muito da qualidade do desfile da Imperatriz passa pela maneira como o componente da Imperatriz Leopoldinense se comportou na pista. Essa forma alegre, essa forma solta, dessa forma mais cheia de vigor, foi determinante para o sucesso da escola em 2024. Então, para 2025, eu continuo investindo nessa forma, somando a isso, um aumento no requinte, um aumento no acabamento, um aumento na qualidade do acabamento, na qualidade dos materiais utilizados, um aumento da sofisticação do fazer. E como agora estou trabalhando com um perfil de realeza africana, eu também tenho a certeza de que implementei esse ano um sabor mais gostoso aos figurinos que vão desfilar”.

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Sobre as alegorias, Leandro destaca a exuberância do projeto alegórico como uma marca para este ano de 2025.

“Eu estou fazendo um conjunto alegórico muito debruçado nessa ideia de exuberância. E como é que essa exuberância se traduz? Primeiro que é certamente o meu conjunto alegórico com o maior número de esculturas. Então é uma escola com muitas esculturas, é uma visualidade muito densa. Essa ideia de carnaval, que as pessoas chamam de carnaval pesado, tem também um aspecto que é um investimento. Eu sempre gostei de dar acabamento, o acabamento acho que sempre foi uma marca das minhas alegorias. Mas esse ano além do acabamento acho que tem uma marca de exuberância. E além da marca da exuberância, desse refinamento, é um carnaval onde a pintura de arte e o gigantismo das esculturas que arremata esse visual, que é um visual épico e heróico. Então é um conjunto de alegorias de altíssimo nível”.

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O carnavalesco destaca que o mais interessante relativo ao enredo é a questão ao redor do banho de Oxalá que liga a história do itã que a escola está contando com o sagrado.

“A ideia do banho, o banho de Oxalá. Porque o banho é exatamente o ponto de contato entre o mito e o rito. O mito é o Itã. E o rito é o mito transformado no sagrado do candomblé. Então o banho que é dado em Oxalá pelo estúdio, por Xangô, é fundamental para o entendimento do que vem a ser a cerimônia das Águas de Oxalá no candomblé, nos candomblés de Ketu e Nagô no Brasil. Então acho que o banho é fundamental, e é um dos momentos para mim, um dos momentos mais bonitos do desfile que virá”.

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Trunfo da Imperatriz para 2025, na visão do artista é a parceria entre os diferentes segmentos da comunidade de Ramos, onde Leandro comparou a atuação deles como a de um time de futebol.

“O grande trunfo do desfile é o time que joga um para o outro. Acho que o grande trunfo da Imperatriz é contar com um time, primeiro, um time onde cada integrante é fã do outro. A outra coisa que é fundamental para o sucesso da Imperatriz recente, acho que é o grande trunfo, é que todo mundo aqui joga com a intenção de favorecer o jogo do outro. Eu usei uma expressão do futebol, que é a ideia do toque de bola. É um time que, para chegar ao gol, todo mundo joga, todo mundo dá o toque para o outro. Acho que a ideia de que carnaval se ganha em conjunto é muito forte entre os que vão para a pista para defender o quesito”.

Conheça o desfile da Imperatriz

A Imperatriz Leopoldinense terá 5 carros e 2 tripés no seu desfile de 2025. O carnavalesco Leandro Vieira define sua história e seus setores da seguinte forma sintetizada: “Começa com Oxalá, no meio do caminho tem o encontro com Exu, depois encontra encontra Xangô e termina na Cerimônia das Águas”.

“Em retalhos de cetim”, Águia de Ouro brilha no Anhembi com homenagem a Benito di Paula

O Águia de Ouro encantou o público no Sambódromo do Anhembi com o enredo “Em Retalhos de Cetim, A Águia de Ouro, do Jeito Que a Vida Quer”, assinado pelo carnavalesco André Machado. A escola levou para a avenida uma harmônica homenagem a Benito di Paula.

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A porta-bandeira Monalisa destacou os desafios enfrentados durante a apresentação, mas saiu satisfeita com o desempenho.

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“Estou satisfeita com o nosso desfile, mesmo com muito calor. A roupa não ajudou muito para esta questão do calor, mas acredito que a gente tenha feito tudo conforme pede o regulamento e assim espero para que o nosso resultado seja positivo e que a gente consiga a nossa nota quarenta”, afirmou a porta-bandeira.

Mestre Juca, líder da bateria do Águia afirmou que os trabalhos realizados desde abril resultaram no que o público presenciou na noite de sexta.

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“Para ser sincero, eu cansei de ser campeão de ensaio técnico e, na pista, a bateria do Águia de Ouro sempre se superou. É uma bateria de avenida e eu estou muito feliz, muito feliz mesmo, independente de nota. O pessoal se dedicou desde abril até agora e, do jeito que passamos na avenida, eu acredito que vai dar tudo certo”.

O carnavalesco André Machado elogiou a competência da equipe e a capacidade de superação da escola.

“O Águia de Ouro é uma escola muito competente. A gente teve um pequeno problema lá atrás, que foi a dificuldade de entrar um carro, mas é inacreditável como eles trabalham e se dedicam para fazer o melhor. E não é à toa que a escola passou num tempo muito bom e cumpriu com todo o regulamento. Eu estou muito feliz com o desempenho da escola, com os chefes de ala, com a equipe de barracão, com a equipe de fantasia. Foi um dos meus melhores trabalhos dos últimos anos”, relatou.

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O intérprete Douglinhas celebrou a energia do público e o desempenho da escola na avenida.

 “Foi melhor do que a gente imaginava. Sempre tem um receio de que pode acontecer alguma coisa, mas ocorreu tudo perfeito. Cantamos demais, a arquibancada veio junto, cantou junto. Resultado de carnaval a gente não sabe, mas a certeza do trabalho bem feito, isso temos certeza”.

Já o também intérprete Serginho do Porto destacou o empenho ao longo do ano para entregar um desfile inesquecível.

“Tudo o que nós fizemos durante o ano todo, tudo o que nós trabalhamos, tudo o que a gente tinha em mente foi posto na avenida. Foi um desfile maravilhoso. Nosso trabalho nós fizemos e o resultado está na mão do jurado, mas foi gratificante, uma homenagem maravilhosa a Benito di Paula”, afirmou.

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Jacque, diretora de carnaval, foi sucinta na avaliação.

“Foi bom, as adversidades fazem a gente sempre muito mais forte. Não foi um ano fácil, mas a gente conseguiu. A escola veio celebrando e foi lindo”.

Com uma apresentação marcada por técnica e uma bela homenagem à música brasileira, o Águia de Ouro mostrou um bom desempenho na avenida.

Elenco da Rosas de Ouro sai do Anhembi com a sensação dever cumprido após belo desfile

Impulsionada pelo canto da sua comunidade, a Rosas de Ouro fez um excelente desfile no sambódromo do Anhembi. A roseira foi a penúltima escola a desfilar na sexta-feira do carnaval paulista. Ao final da apresentação, os componentes e segmentos comemoraram o desempenho entregue na pista.

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Carlos Junior, intérprete:

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“Eu achei que dentro da proposta que o Rosas colocou para esse ano, a proposta foi feita. Não quer dizer que o resultado a gente já sabe. Pode ser um resultado ruim, pode ser um resultado bom, pode ser um resultado péssimo. Mas a proposta foi feita. Aquilo que a gente se propôs em ensaio, em conversa, em mensagem e em tudo aquilo que a gente tinha que fazer… O Rosas montou um projeto, e tá começando, tá engatinhando… então, se a gente conseguir sair do lugar que a gente tava, a gente já tem uma vitória. Espero que Deus abençoe a gente. Eu acho que foi feito um trabalho gostoso, porque pela reação da arquibancada, as coisas estavam acontecendo da melhor forma. Mas, quando a gente olha pro jurado, tá todo mundo muito sério, você não tem como saber porque quem decide são eles. Mas o espetáculo foi feito, o importante acho que é isso: fazer um bom espetáculo e fazer um serviço a longo prazo. Ninguém consegue ser campeão da noite pro dia.”

Uiliam Cesário, mestre-sala:

“Foi um ótimo desfile. Nosso setor veio muito animado, os guardiões cantando muito. Isso acaba ajudando muito o nosso trabalho no decorrer da pista. Então eu saio muito feliz. Torço, espero, desejo que a escola volte na semana que vem. Considerando as mudanças no manual, há variações de movimentos aqui que estão ajudando bastante. Acho que fica a certeza de uma parceria muito sólida com a Isabel, fica a certeza também de um carinho fraternal, familiar, muito íntimo da comunidade. E é isso, agora é torcer, desejar e pedir essa nota que se Deus quiser ela vem.”

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Isabel Casagrande, porta-bandeira:

“A minha escola tá linda, as pessoas passaram com garra, passaram cantando, passaram felizes e eu também tô muito feliz. O meu trabalho foi entregue e eu tenho certeza que o trabalho da minha escola também está sendo entregue. A gente passou com uma sede, uma garra porque estava muito calor, muito calor. Mas saiu tudo perfeito. Do jeito que a gente ensaiou, hoje a gente entregou e a gente saiu bem feliz e bem confiante. Olha, esse ciclo, eu acho que a gente colocou o amor e no final deu tudo certo. É isso. É um ciclo com muito sentimento, com carinho, com muito amor.”

Mestre Rafa Oliveira:

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“A minha análise hoje é de dever cumprido. Eu posso falar do desfile, a sensação é de dever cumprido. Entregamos o que tinha que entregar, acho que até mais um pouco, pelo menos no setor bateria deu tudo certo, mais que certo, graças a Deus.”

Presidente Angelina Basílio:

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“O enredo deu certo, o samba funcionou, a evolução estava maravilhosa, saiu no tempo certo. Esse último carro, o último setor é uma graça. As crianças vinham na Baia para ver o Luigi, para ver o Pikachu, para ver o Mário. Sabe, isso não tem preço. Isso é o feedback de um enredo. E o desfile, a comunidade veio junto.”

Victor Lebro, diretor de carnaval:

“Eu acho que saiu como foi planejado, a escola estava muito bonita, eu acho que a gente mostrou de fato o que é a Rosas de Ouro, que estava sendo muito cobrada há algum tempo por isso, e a gente trabalhou muito, essa comunidade trabalhou muito para que esse desfile pudesse acontecer. E eu acho que ele aconteceu do jeito que ele tinha que acontecer. Eu estou muito feliz com tudo e com a comunidade da Rosas de Ouro. Com todo mundo que deu sangue até o último minuto para que nada desse errado. A minha direção de carnaval inteira. A minha direção de harmonia, de alegoria… Enfim, todo mundo, eu não tenho como agradecer os chefes de ala aqui, muito dedicados. Enfim, eu estou muito, muito feliz e eu espero que na terça-feira a gente possa estar mais feliz ainda.”

Dante Baptista, diretor de harmonia:

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“É impressionante o que essa escola canta. É uma escola que enfrenta e vence as adversidades e devolve isso num canto muito forte, uma paixão muito forte. E hoje foi mais uma amostra disso. A escola cantou muito, a escola respondeu todos os paradões de forma incrível. Foi uma escola que evoluiu de forma compacta e é muito louco, porque a gente conseguiu ir melhor hoje do que nos três técnicos. Então a progressão de melhora ela foi acontecendo, ensaio a ensaio e aí a gente também estava muito unido, a gente fez reuniões para acertar tudo o que precisava não tivemos medo ou vergonha do erro nos ensaios e corrigi-los para chegar aqui na avenida. A minha avaliação é muito positiva a avaliação de uma escola que mostre o seu tamanho e a sua maturidade. A gente não sabe o que vai acontecer. A nota abre na terça-feira. Mas a gente tem a tranquilidade de saber que a gente entregou o nosso melhor aqui. Em termos de harmonia e evolução, eu tenho certeza que foi um dos filhos mais bonitos que a Rosas de Ouro já fez. A emoção de todo mundo aqui no final, a explosão, o grito de campeão. Quanto tempo a gente não ouvia a Rosas de Ouro gritando é campeão. As pessoas mesmas gritando. Então, a avaliação é muito positiva nesse sentido. Eu acho que canto e evolução foram excelentes, só que tudo isso é fácil porque a gente tem uma senhora bateria, chamada Bateria com Identidade. E a gente tem um monstro, um dos melhores cantores da sua geração, se não for o melhor, que se chama Carlos Junior. Então quando você tem um setor musical disposto a servir a escola e a trabalhar pra escola, a gente consegue criar uma comunhão muito forte. E aí sim, a escola canta, canta muito. A gente teve um dia difícil, corrido para terminar as fantasias hoje. Mas a gente conseguiu superar. Eu tô muito feliz Com tudo que eu vi nessa escola porque foi um dia que só quem é Rosas de Ouro, só quem viveu esse projeto sabe o quanto a gente se superou e chegou muito forte hoje para quem sabe voltar a sonhar com o lugar mais alto do pódio. Pense numa escola que estava machucada. Numa escola que enfrentou as duas piores colocações da sua história sem fazer as duas piores decisões da sua história. E aí a gente se olhava e pensava, cara, o que a gente pode melhorar? O que a gente pode fazer? de onde tirar força de onde tirar ideia, de onde mudar fazer diferente pra melhorar e a nossa comunidade comprou a ideia as nossas lideranças, então todo mundo comprou a ideia de fazer o jogo virar e que Oxalá seja o momento de o jogo ter virado mesmo.”

Arthur Rozas, coreógrafo da comissão de frente:

“Acredito que a gente tenha passado e feito um excelente desfile, a gente se preparou para isso. Tivemos sim algumas intercorrências ali no desenvolvimento do projeto da comissão de frente, mas conseguimos fazer tudo o que era pra fazer. A gente espera o melhor, mas a gente fez o que tinha que ser feito. Foram questões técnicas do que a gente trazia, então tivemos problemas ali e aí o desenvolvimento não foi 100% como esperava, mas conseguimos fazer o que era pra fazer. Acho que o momento mais especial do projeto é quando as meninas saem do dado, os jogadores vão apresentando as fichas, fazem as suas apostas e o jogador da Rosas de Ouro é o campeão nessa grande jogada. E depois eles trazem os dados para continuar a brincadeira e convidar as damas para dançarem. Foi um período muito bacana. A escola me recebeu muito bem. Eu fiz uma audição muito detalhada por perfil de pessoas que eu precisava. A gente teve um quorum muito grande de pessoas interessadas em participar da Comissão de Frente do Rosas de Ouro. E fechei o grupo nessa audição. Um grupo muito dedicado. A gente tem todos os ensaios específicos. Ao longo de 5, 6 meses, ensaios foram muito frequentes e a gente desenvolveu um excelente projeto.”

Dragões se diverte na avenida e faz desfile emocionante

A Dragões da Real foi a terceira escola a desfilar nesta noite de sexta-feira. Com o enredo “A vida é um sonho pintado em aquarela!”, a tricolor da Vila Anastácio conseguiu fazer um espetáculo emocionante e divertido para a empolgação do público presente nas arquibancadas e camarotes do Anhembi. A sensação que ficou em seus componentes e diretores foi a de dever cumprido.

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Jorge Freitas, carnavalesco:

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“Todos que conhecem a Dragões, que conhecem o profissional Jorge Freitas, sabem muito bem que aqui é apenas a conclusão do trabalho, que tudo que nós apresentamos aqui, nós vivemos durante todo o ano, desde a passagem do Jorginho, que a escola comprou a ideia de fazer uma homenagem para o Jorginho, mas para todos os astronautas que já partiram, para todos os entes queridos de todas as pessoas que tiveram a oportunidade de assistir esse belíssimo desfile. Desde a apresentação do enredo, o trabalho que nós fizemos na quadra, a escola está muito centrada dentro desse tema porque é um tema que mexe com o eu interior de cada ser humano. Você poder fazer a expressão dentro dessa Passarela do Samba, do maior sentimento que é o amor para a humanidade, eu acho que não tem preço. Eu me sinto realizado e tenho certeza de que o Jorginho está muito feliz, de onde a gente estiver, por essa homenagem tão bela”.

Rogério Félix, diretor de harmonia:

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“É até difícil de conseguir falar, mas é um presente trabalhar com o monstro que é Jorge Freitas, é um presente vivenciar a Dragões da Real, é um presente trabalhar junto com o Renato Remondini (Tomate). Para mim esse desfile é um presente em homenagem a tantos aqueles que trabalharam tanto pela escola, mas hoje não estavam aqui porque estavam lá em cima como estrelas, como astronautas. O trabalho foi feito, nós tínhamos a missão de fazer um carnaval alegre, que ele fosse divertido e que as pessoas se divertirem com isso. A vida realmente é um sonho pintado em aquarela. Faltam palavras para poder dizer, mas nós tínhamos essa responsabilidade de fazer divertido, de fazer as pessoas se divertirem e eu acho que isso aconteceu na pista. Nós conseguimos realmente fazer as pessoas brincarem, fazer as pessoas se divertirem e foi isso que trouxemos, um espetáculo para a Avenida. Eu estou muito feliz, não caiu a ficha ainda, a cabeça está muito de emoção ainda, mas a responsabilidade que nós tínhamos, nós fizemos, que era exatamente fazer um grande desfile e nos divertirmos”.

Renê Sobral, intérprete:

“A comunidade entregou. O samba entregou. A bateria entregou. As alegorias, o conjunto geral, tudo, tudo, tudo… A escola entregou. Fez um desfile memorável, histórico. Estou emocionado. A gente sempre quer que dê tudo certo, então a gente sempre entra com aquele ar de que a gente ensaiou bem, então agora é torcer pra que dê tudo certo na parte plástica e eu acredito que deu tudo certo… O amor contagiou!”

Presidente Renato Remondini (Tomate):

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“Eu me sinto igual a Dragões na Avenida, leve. Leve, feliz, com o sentimento de dever cumprido. É um enredo emocionante, o momento que o Jorge viveu, está vivendo, o momento que eu estou vivendo e que grande parte da minha escola está vivendo porque ama a minha mãe de paixão. Nós perdemos nosso cavaquinista há uma semana também que faleceu. A Dragões é uma escola movida pela paixão, é uma escola que nos últimos seis carnavais foi três vezes vice-campeã, e você conseguir manter a comunidade cada vez mais aguerrida, com cada vez mais vontade de pegar essa taça uma tarefa difícil e nós viemos conseguindo fazer isso. É impressionante, tudo que a Dragões se propõe a fazer, dá certo. Ganhar ou perder vai fazer parte, o mais importante é você sair da pista. A Dragões não tem torcida, porque a Dragões não é uma escola de samba de uma torcida gigantesca, aí você sair daqui e ver as duas arquibancadas, os camarotes gritando e aclamando a escola como eu nunca tinha visto, me faz chorar como eu chorei igual criança. Um muito obrigado para a comunidade e um recado para o site CARNAVALESCO: pode acreditar que o estilo de desfile de avenida Tiradentes vai ser esse, que na Dragões vai se perpetuar por muitos anos”.

Casal Rubens e Janny

Rubens:

“Sempre falei que tínhamos respeito pelo dia. O dia era o dia, e mais uma vez, com muito respeito, nós vencemos todos os obstáculos que são naturais do dia. A temperatura subiu muito, mas de mãos dadas novamente estamos aqui felizes… Felizes e felizes”.

Janny:

“É difícil de falar. Não vou mentir que foi um desfile assim de superações, barreira atrás de barreira, mas vem sendo o que o nosso enredo fala, sempre renovar. Eu só sei que foi divertido pra caramba. Eu estou em êxtase ainda depois desse desfile grandioso que o Tomate e toda a direção fizeram para nós nos divertirmos e sermos felizes. Ele conseguiu fazer isso por nós. Eu me diverti, eu fui muito feliz”.

Ito Melodia fala de ancestralidade, parceria com Anitta e a despedida de Neguinho

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Foto: Carnavalesco

O CARNAVALESCO conversou com o intérprete da Unidos da Tijuca, Ito Melodia. O bate-papo abordou temas como religiosidade, a parceria com Anitta, o vácuo deixado pela aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor e as expectativas para o desfile oficial.

Em 2025, a Tijuca levará à avenida o enredo “Logun Edé — Santo Menino que Velho Respeita”, sobre o orixá de mesmo nome. A temática toca especialmente o intérprete, um candomblecista convicto: “A religião faz parte da minha história. Ver esse enredo sobre Logun Edé, orixá rei cultuado por muitos, me honra. Ele traz uma energia poderosa. Unir essa força à avenida será incrível. Mais uma vez, vou invocar meu pai, Aroldo Melodia, na Marquês de Sapucaí, pedindo por sua energia e talento. Chamarei a avenida, a Sapucaí, o setor 1… É o que sabemos fazer bem: trocar energia com o povo”, disse Ito.

Filho do compositor e intérprete Aroldo Melodia, Ito consolidou sua trajetória na União da Ilha, onde conquistou o título de Melhor Intérprete no Troféu Estrela do Carnaval de 2013. Em 2025, ele assume seu segundo ano à frente do carro de som da Tijuca:
“No primeiro ano, senti a leveza com que a escola me acolheu. Trago comigo humildade e respeito. Sei entrar e sair de uma casa com educação. Não foi difícil ser abraçado pela Tijuca. Agradeço ao presidente Fernando Horta pela chance de representar o samba, meu pai e a alegria do maior carnaval do mundo”, emocionou-se.

O samba-enredo de 2025 tem coautoria de Anitta, que gravou a faixa ao lado de Ito: “Ela foi super educada e talentosa. Ter Anitta como embaixadora internacional do Brasil é orgulho. Até me apelidaram de ‘Otto Melody’ por cantar com uma estrela global! Espero que ela suba no carro de som. O mundo estará de olho na Tijuca — pelo enredo, pelo samba e por ela”, brincou.

Sobre a aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor, ícone com 50 anos de carnaval, Ito não escondeu a saudade: “É uma referência para todos nós. Meu maior ídolo é meu pai, mas Neguinho, Jamelão e Dominguinhos do Estácio são inspirações. Não será fácil acostumar. Torço para que ele volte, mesmo que brevemente. Ele nos representa mundialmente”, refletiu.

Quanto às mudanças no Manual do Julgador da Liesa — que agora avalia formalmente o carro de som em harmonia —, Ito garantiu preparo: “Sempre fomos julgados, mas agora é mais estruturado. Vamos buscar a nota 10 em letra, dicção, andamento… Estamos trabalhando para isso”, afirmou.

Sobre o objetivo de fugir das últimas colocações, o intérprete exaltou a comunidade: “O povo da Tijuca está cantando com vibração. O barracão está fantástico, os casais dançam em sintonia. Temos tudo para voltar ao pódio, se não formos campeões”, finalizou, otimista.

‘Eu sou o orgulho da minha comunidade’, diz mestre Casagrande, da Unidos da Tijuca

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Foto: Carnavalesco

O CARNAVALESCO conversou com o mestre de bateria da Unidos da Tijuca, Casagrande. O bate-papo abordou a trajetória do artista na escola, o samba de 2025 e a sintonia com o carro de som. O resultado, você confere abaixo.

Você começou na Tijuca, foi ritmista por anos, depois assumiu como diretor de bateria e é mestre desde 2008. O que representa a Tijuca na sua vida?

“É como sempre eu digo: a Unidos da Tijuca é minha família. A escola me tirou de muita coisa. Eu sou um cara nascido e criado no morro. E a gente que nasce na favela, em gueto, tem aqueles preconceitos. Os caras da década de 80. Na verdade, eu sou diretor de bateria. Eu não gosto nem de ter esse rótulo de mestre de bateria. Eu sou aquele diretor de bateria ainda raiz. Eu gosto mesmo do ofício que eu faço. A Unidos da Tijuca hoje é minha casa. Eu devo muito à escola o que eu sou hoje dentro do mundo do samba”, disse.

Com tantos anos de bateria, o que falta conquistar ainda?

“Eu já conquistei três títulos pela Tijuca. A bateria é o maior segmento com notas máximas dentro da escola. A gente se orgulha muito disso. Todos os dias quando eu vou dormir, eu tenho a certeza do dever cumprido dentro da Tijuca. O que eu pretendo é sair pela porta da frente e deixar o legado que a gente tem conseguido até agora. Essa é a minha maior preocupação. Ser reconhecido como mestre Casagrande da Unidos da Tijuca, igual o Neguinho é para Beija-Flor e a Surica é para Portela. É isso que eu pretendo. Me aposentar aqui, mas ter as portas abertas para a hora que eu quiser chegar. Respeito. Isso é o mais importante quando você tem sua escola”, revelou Casagrande.

O que você espera da bateria no Carnaval de 2025?

A gente tá com três bossas. Foi um achado muito grande. Eu estava até conversando agora com uma colega de vocês que acompanha bateria, especialista em bateria. Eu falei: ‘Cara, o nosso grande achado esse ano foi a gente fazer os dois toques pro santo, que é o do Ijexá e do Aguerê. E você encontrar nos instrumentos de percussão de bateria mesmo, que é surdo, caixa, repique, tamborim, esse toque igual nós encontramos na batida afro foi algo sensacional. Foram noites e noites de sono para encontrar essa bossa, principalmente do Aguerê, mas valeu a pena. Espero que seja bem entendido pelos julgadores. O mais importante, no entanto, é que a gente faça uma grande manutenção para a escola desfilar. O que a bateria Pura Cadência faz de melhor é a sustentação e andamento do ritmo, de acordo com a galera do carro de som. Isso é o mais importante. Moral da história, tocar para escola desfilar.

E o samba, o que esperar dele em 2025?

Casagrande: Eu sou um cara muito franco, eu não meço as palavras do que falo. Quando você pega um samba que não é muito legal, você tem uma dificuldade, mas o samba desse ano é bom para cacete, métrica mesmo de samba afro. A bateria encaixou. O samba esse ano ajudou a bateria; nos anos anteriores, a gente tinha que ajudar o samba. É diferente. A gente está muito tranquilo.

Como é a sintonia com o carro de som?

“O Ito é maravilhoso, é sensacional, um ser humano incrível. Se preocupa com a gente. Ele chegou no primeiro ano meio tímido, o que é normal para um puxador que vem de outra agremiação. Agora ele encaixou, está certinho, o carro de som está muito afinado. Contrataram agora uma menina que eu não me recordo o nome, uma professora de canto, até para ajustar as questões de afinações, andamento de canto e a gente tá muito esperançoso deles também fazerem uma grande apresentação junto com a gente”.

Quer deixar uma última mensagem para a comunidade?

“Eu que sou orgulho da minha comunidade (a gente tem uma parceria muito grande de anos e anos), eu que sou do Morro do Borel, desejo que eles venham para Sapucaí, venham cantar o samba. Quem vai desfilar, cante o samba, cantem muita com emoção, porque nós vamos pulsar por eles, isso vocês podem esperar da Pura Cadência”, finalizou Casagrande.