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Tempo de ‘Traviarcado’! Comissão de frente representativa, casal perfeito e bateria impecável marcam ensaio técnico do Tuiuti

O tempo é do “Traviarcado”. Em uma linda e fundamental homenagem para a comunidade LGBTQIAPN+, no enredo sobre Xica Manicongo, o Paraíso do Tuiuti abriu na noite do último sábado. o segundo dia de ensaios técnicos do Grupo Especial, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Os destaques foram a excelente e emocionante performance da comissão de frente, o bailado magnífico do casal Raphael e Dandara, além do estáculo de ritmo gerado pela bateria “SuperSom”, do craque mestre Marcão. Para o dia do teste de som e luz da Avenida, no fim de semana antes do desfile oficial, a escola terá que resolver o canto dos componentes. Por um lado, o intérprete Pixulé e a equipe do carro de som foram muito bem na condução do samba-enredo, mas por outro lado, os componentes deixaram a desejar no canto. O dever de casa é ensaiar exaustivamente. A agremiação será a segunda  escola a desfilar no inédito terceiro dia de desfiles do Grupo Especial.

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O diretor de carnaval, André Gonçalves, avaliou positivo este primeiro ensaio técnico do Paraiso do Tuiuti. “Sempre falo que o ensaio técnico é para aperfeiçoar, lapidar o errado, e hoje passamos muito bem. Os comentários que ouvi do público foram ótimos (da pista até a dispersão). Muito bem falado e não temos muito o que acertar. Agora, é a gente continuar fazendo um trabalho que já fazemos e chegar a conclusão do que a gente quer no dia 04 de março. Lógico que tem o segundo ensaio técnico e vamos nos preparar novamente para entrar na Avenida e abrilhantar isso aqui novamente. A gente está abraçando essa causa com unhas e dentes, para que possamos mostrar ao mundo que agora elas também vão fazer a diferença”, comentou o diretor.

Comissão de frente

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Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval

A escola não ficou apenas no discurso. O grupo, formado por pessoas trans, mostrou novamente a mesma coreografia que realizou no minidesfile e nos ensaios de rua. Um espetáculo dos coreógrafos Cláudia Motta e Edifranc. Atuação impactante. O momento que integrantes “pegavam fogo” arrancava aplausivos efusicos do público. Emocionante!

Mestre-sala e Porta-bandeira

Apresentação irretocável! A dupla fez sua melhor apresentação da história. Caprichou na sinergia, movimentos intensos e muitos giros de Dandara Ventapane. Totalmente curado de uma lesão séria, o mestre-sala foi impecável no cortejo e na dança. Assim, o casal do Tuiuti caminha para gabaritar o quesito.

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“Não existem palavras para o que eu estou sentindo. Depois de tudo que eu passei, de tudo o que aconteceu, poder, estar aqui novamente, só eu sei o quanto foi difícil estar aqui de novo. Eu sei das noites sem dormir, pensando, mas eu tenho que agradecer muito a Deus primeiramente, aos meus orixás. Depois, essa minha, eu posso chamar de minha família. A Dandara, a Kátia, o Rafael, o Arnaldo, Aline, são pessoas assim que estiveram comigo o tempo todo”, disse o mestre-sala.

“Foram meses de dúvida, mas também foram meses acreditando que a gente podia voltar. Acho que o Rafa teve uma grande superação nesse caso, para mim, claro, não foi uma superação tão difícil quanta a dele, mas também tem a dificuldade de acompanhar tudo isso, de passar também uma positividade de que a gente ia conseguir superar sem saber o dia de amanhã. Foi todo um processo principalmente psicológico muito forte. A emoção é enorme por estar aqui, de conseguir estar com 100% de uma coreografia, de estar entrosado, apresentando o que a gente queria. É muito gratificante”, revelou a porta-bandeira”.

Harmonia e Samba

O tom forte do enredo e com mensagem importante merece ser berrado pela escola. Faltou esse canto. Infelizmente, o que foi feito no minidesfile e vem acontecendo nos ensaios de rua, que é a comunidade cantando e forte, não foi entregue na Sapucaí. Em muitas alas foi possível perceber apenas integrantes nas laterias da pista cantando a obra. Outros, pareciam que estavam passeando pela Avenida. O melhor do canto aconteceu no verso: “Eu travesti”.  É trabalhar e trabalhar para solucionar esse problema no dia do teste e luz do Sambódromo.

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O intérprete Pixulé e sua equipe do carro de som fez um trabalho maravilhoso. Agora, com o quesito Harmonia, sendo dividido em canto da comunidade e do carro de som, o Tuiuti está muito bem servido na ala musical.

Evolução

Escola muito organizada. Os componentes viveram o enredo de Xica Manicongo. Muitos com perucas, leques e dando brilho ao ensaio. Entrada e saída dos recuos de bateria foram feitos com total acerto. Não houve alas emboladas e nem correria. Atuação muito boa no quesito. O início do ensaio foi impactante. A “cabeça da escola” está pronta e promete impulsionar a apresentação oficial na terça-feira de carnaval.

Galeria de fotos do ensaio técnico do Paraíso do Tuiuti na Sapucaí

Outros Destaques

A bateria, de mestre Marcão, é um verdadeiro espetáculo. O comandante é, sem dúvida, uma referência do ritmo no carnaval. Seu nome já está na história. Precisa ser mais e mais reverenciado. O colunista Freddy Ferreira falou do trabalho da bateria: “Fez um ótimo ensaio técnico. Um ritmo com bastante fluidez musical e equilíbrio entre os naipes foi apresentado. Bossas dançantes e bem integradas ao samba-enredo foram executadas com eficácia pela pista”.

Freddy Ferreira analisa a bateria do Tuiuti no ensaio técnico na Sapucaí

“A gente fica dentro da bateria. Não consegue ver muita coisa, mas foi muito bom. Pelo que temos ensaiado na rua, foi exatamente o que projetamos aqui hoje. Nem mais, nem menos. O andamento é o mesmo, as bossas são as mesmas, e acho que nosso trabalho está fluindo bem. Agora é esperar o dia 21 para mais um ensaio. Vamos estar lá, com essa rapaziada que merece todos os parabéns pela dedicação. Quero destacar também o esforço da diretoria, porque ficamos até de madrugada preparando os instrumentos. Fui para casa às 3h da manhã, mas valeu a pena. Valeu a pena ouvir esse som hoje”, garantiu mestre Marcão.

O que falar da rainha Mayara Lima? Divina! Impressionante que ela conquista mais e mais fãs. Muito identificada com a comunidade, ela desliza na Avenida, esbanjada muita beleza e samba no pé. Seus passos seguem o ritmo da “SuperSom”.

Mais uma vez, o Tuiuti valorizou demais o ensaio técnico. A escola caprichou na roupa dos seus componentes. Tranforma o ensaio em um verdadeiro desfile. Desde o lindo tripé, com a coroa, passando pelo lindo figurino da ala de passistas, que aliás é uma das que mais samba no Grupo Especial do Rio, a agremiação curte passar pela Avenida.

Colaboraram Allan Duffes, Luan Costa, Lucas Santos, Marielli Patrocínio, Juliana Henrik, Gabriell Radicetti, Matheus Vinícius, Matheus Morais e Rhyan de Meira

Sapucaí virou baile de favela! Mangueira mostra potência no canto da comunidade e maturidade em demais quesitos

A palavra que pode resumir o ensaio tecnico da Estacao Primeira de Mangueira foi maturidade. Melhorando a cada treino de rua, a Verde e Rosa levou para Sapucai uma comunidade com o samba na ponta da língua. Fez um ensaio organizado, com evolução correta e bem espontânea, usando bastante a pegada rítmica do enredo. Na parte musical, apesar dos vários problemas no sistema de som, a união entre carro de som, bateria e comunidade passou por cima das adversidades e conduziu para uma forte interação com o público desde o começo, abençoado pela chuvinha fresca no final.

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Na comissão de frente, mais uma vez, a escola trouxe surpresas e soube usar bem a luz cênica abrilhantando o publico com uma apresentação pautada na tônica do enredo que mexeu com a torcida verde e rosa presente em grande número. Craques, o casal “Furacão” fez jus ao nome e riscou o chão da Avenida cheio de ancestralidade e apresentando passos que caracterizam a sua dança.

Em 2025, a Mangueira vai fechar a primeira noite de desfiles do Grupo Especial com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França.

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Fotos: Allan Dufes/CARNAVALESCO

Dudu Azevedo, diretor de carnaval, ressaltou a força do canto da comunidade. “Eu vim na parte da escola da bateria para trás, e foi muito inflamado com as falhas do som. Em algum momento parou e parecia que foi para mostrar o quanto o nosso povo mangueirense canta e não só canta, mas como desfila. Parecia que a arquibancada estava inflamada. A gente fez uma parada da bateria e deixamos o povo cantando. Acho que foi uma troca muito boa. Percebemos que o povo cantou muito o samba, a Mangueira cantou o samba”.

Galeria de fotos do ensaio técnico da Mangueira na Sapucaí

Comissão de frente

A dupla de coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias trouxe uma apresentação diferente do que foi apresentado no minidesfile, interagindo demais com o público, tendo um ápice muito aclamado pelas milhares de pessoas que acompanhavam o ensaio tecnico na Sapucaí, principalmente, a incessante maioria de mangueirenses. A dupla, também, mais uma vez, fez um excelente uso do recurso da iluminação cênica, ainda que não em todos os módulos, valorizando mais o efeito de cascata na ponta da lança de um dos guerreiros.

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A apresentação em termos de conteúdo resumiu muito bem o enredo, fazendo do uso da transformação, troca de figurino, ainda que de um integrante, primeiro apresentando a ancestralidade dos guerreiros bantos, até o climax, com o pivô se tornando um menino do Morro, de cabelo pintado, bermuda, sem camisa, chinelão, mandando altos “passinhos”.

Muito respeito dos coreógrafos de trazer uma grande apresentação como essa para o publico do ensaio técnico, em que muita gente não conseguirá ir ao desfile oficial. Gera ainda mais expectativa para descobrir o que eles vão trazer no grande dia. Sarrafo alto da dupla Lucas-karina.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Matheus Olivério e Cintya Santos fizeram jus ao apelido de “casal Furacão “. Procuraram valorizar suas características que casaram totalmente ao enredo. Exibiram uma coreografia diferente do que vinha sendo apresentado na “Visconde de Niterói “, mais viril, mais centrada na ancestralidade, que abordam o enredo que também deu origem ao bailado do mestre-sala e da porta-bandeira. Ela foi espetacular em seus movimentos da “bandeirada” forte, mas charmosa no final, emocionada, com seus rodopios e o corpo ligeiramente inclinado em que as voltas são energéticas, precisas, com a bandeira bem desfraldada, um espetáculo.

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Matheus com seus estilo bem característico do Morro de Mangueira, também forte, mas em alguns momentos bem “malandreado”, com uma forte influência dos passos do maior da posição para os mangueirenses, mestre Delegado. Foi muito positivo ver a dupla apresentando uma coreografia mais livre, dentro do bailado característico do casal de mestre-sala e porta-bandeira, sem tanta preocupação em pontuar o samba, mas fazendo bom uso dele a serviço da dança dos dois, e, o melhor , dentro das características que valorizam o que o casal tem de melhor.

A porta-bandeira avaliou o treino e revelou que a coreografia apresentada no ensaio técnico é mais próxima do que a dupla vai levar para a Avenida.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Mangueira no ensaio técnico na Sapucaí

“Eu diria para vocês que entregamos o trabalho. É esse que vai estar presente no dia oficial. Estamos felizes que a escola entregou o que ela queria. Algo brasileiro. Poder fazer as pessoas conhecerem o banto, de onde vieram, a nossa ancestralidade. E na dança também. Nos ensaios de rua, foi a coreografia de quadra. Hoje, a gente apresentou a coreografia oficial. A ancestralidade está na dança e a gente vem trazendo a raiz da dança, a gente não vai inovar muito. Somos casal raiz, que não perde a originalidade”, sentencia Cintya.

Ja Matheus Olivério deixa no ar que algo ainda pode aparecer de diferente no dia. “Somos um casal furacão, improvisação o tempo todo. Mas, é a dança tradicional, é sentir o dia. E a gente hoje foi na emoção. Estamos trabalhando há nove meses, sempre arrebentando, sempre uma emoção, sentindo a energia da escola. Ontem, a gente fez um ensaio na chuva maravilhoso e pensamos: ‘vamos desse jeito que está gostoso’. Está lindo, encaixado e esse é o casal Furacão. Agora já é reta”, acredita o mestre-sala.

Harmonia

A escola, como está sendo visto nos ensaios de rua, cantou de forma bastante efetiva, forte, potente, correta, buscando mostrar que o samba estava na ponta da língua e foi abraçado pela comunidade. No final, mesmo com desgaste e calor, as alas seguiram cantando. No carro de som, a Mangueira venceu os problemas com o som disponibilizado para o ensaio que a presenteou falhas, inclusive, no esquenta da escola, quando a Sapucai pegava fogo.

Entretanto, as falhas do equipamento só evidenciaram uma escola cantante. Só em um momento houve um leve desencontro que aconteceu pela falha do equipamento, o que não acontecerá no dia, pois o som principal da Sapucaí estará ligado. No mais, ótimo trabalho da ala musical da Mangueira, impulsionada por um trabalho de excelência da bateria.

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“Foi excelente! O pessoal do mundo samba assistiu. Com certeza, a comunidade da Mangueira está em um nível altíssimo para cantar bastante na avenida e ajudar a escola a chegar ao tão sonhado título. É só ensaiar mais um pouco e colocar tudo em prática do que a gente vem fazendo”, comentou o intérprete Dowglas Diniz.

“O samba atingiu o lugar que a gente queria. Ainda mais na hora que faltou som, que a comunidade começou a cantar copiosamente. Isso aí provou que o samba é um dos grandes do carnaval de 2025”, garantiu o cantor Marquinho Art Samba.

Samba-enredo

O samba tem como compositores Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim, parceria que assinou as últimas três obras da Verde e Rosa. A música possui algumas características parecidas com os últimos sambas como um pré-refrão lá embaixo da segunda do samba forte como “É de arerê, força de matamba/ É dela o trono onde reina o samba”, que prepara para a explosão em “Sou a voz do gueto…”. Também como nos últimos carnavais há um destaque para a segunda do samba na forma de ser mais melódica, como mais nuances de melodia.

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Neste caso, em tom menor, diferente da cabeça, quando o assunto se torna mais sério ao falar da valorização dos próprios personagens da comunidade e as dificuldades enfrentadas pelos “herdeiros” dos povos bantos. Melodia de maior profundidade. A primeira do samba procura ser de maior ataque e dar andamento e ritmo a obra. Como citado em outras crônicas o único “senão” é no refrão de baixo na palavra “dona” de “dona das multidões” que para não fugir da acentuação tônica correta, acaba com a pronúncia um pouco forçada em termos de música. Mas nada que tenha impedido o grande crescimento do samba. Mostrou que pode passar muito bem na Sapucaí.

Evolução

A Mangueira passou muito tranquila pela Sapucaí, mas bastante quente. Com muita dança, com fluidez, sem correria, brincando carnaval, mas com técnica e organização, sem apresentar buracos, grandes espaçamentos ou alas emboladas. Fez de forma correta os movimentos mais cirúrgicos, como as saídas da bateria dos recuos e a entrada no segundo, além de apresentações de comissão e casal que nao influenciaram no ritmo da escola.

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A presença de algumas coreografias foi observada tanto naquelas que pontuavam o samba, exemplo a referência que se fazia no “descolorir o cabelo’, como em alas que tinham uma tematica que claramente exigia coreografia. Por exemplo, uma ala após o segundo carro tinha ervas na mão e faziam coreografia mais no refrão do meio que trabalha essa temática. Importante pontuar que essas coreografias não influenciaram no bom andamento. No final, houve tempo até para a Mangueira curtir o deu final do ensaio.

Outros destaques

Antes do início da apresentação, no esquenta, o carro de som apresentou uma performance especial da musicalidade negra, com batidas mais tradicionais e depois seguido para o funk representado por “eu só quero é ser feliz” e “é som de preto, de favelado…”. A rainha Evelyn Bastos veio como “Njinga a Mbande”, a rainha Ginga do reino de Matamba, com uma roupa que lembrava uma guerreira, com detalhes muito bonitos em dourado e pintura corporal.

E, por falar em pintura, uma ala do início, atrás do primeiro carro, apresentava uma bonita maquiagem com símbolos de ancestralidade no rosto. Os passistas vieram cheios de estilo arrasando no samba e no “passinho”.

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Outro destaque ficou para o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Débora de Almeida e Renan Oliveira, que também apresentava um gingado muito legal, com alguns passinhos dentro da parte da bossa funk do samba. E , por falar em bateria, a “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” fez grandes performances no juri, não só no áudio como também no visual, com jogo de luzes, se utilizando também da luz cênica, além de fogos.

No comando da bateria, ao lado de Rodrigo Explosão, Taranta Neto avaliou o treino da Mangueira e a performance do ritmo mangueirense.

“A minha análise é que fizemos um bom ensaio. Acho que, por ser o primeiro, estava todo mundo muito ansioso, muito nervoso, até por tudo que viemos passando ao longo do ano. Estamos enfrentando essa questão de muita gente achar que o nosso samba não funciona, que tem sido criticado no pré-carnaval. Mas hoje conseguimos mostrar que nosso samba é forte, aguerrido e, se Deus quiser, vai nos levar rumo ao título. Sobre possíveis correções ou ajustes, nós apresentamos todas as convenções que queremos levar para a avenida. Ainda temos mais ensaios, incluindo o segundo ensaio técnico, há detalhes para acertar. Mas hoje já demos uma amostra do que vamos apresentar na avenida. Espero que, assim como hoje, no dia 2 de março possamos sair daqui ovacionados, ganhar os 40 pontos e ajudar a nossa Mangueira a ser campeã do carnaval”, citou o mestre

Colaboraram Allan Duffes, Luan Costa, Marielli Patrocínio, Juliana Henrik, Gabriell Radicetti, Matheus Vinícius, Matheus Morais e Rhyan de Meira

Beija-Flor resgata sua essência e faz ensaio na Sapucaí no modelo ‘rolo compressor’

Para quem sentia saudades daquela Beija-Flor do modelo “rolo compressor” de décadas passadas, o primeiro ensaio técnico desta temporada trouxe um gostinho do que a escola pretende apresentar em seu desfile oficial. E mais do que isso: há muito tempo a Beija-Flor não fazia um ensaio com tanta energia, vigor e com uma comunidade tão feliz em estar na Sapucaí.

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A comunidade da azul e branca se fez presente e cantou a plenos pulmões o samba em homenagem ao maior responsável por construir essa mística em torno da escola: Laíla. Foi uma apresentação à altura de Nilópolis, onde a emoção se aliou à técnica, o público se envolveu e todos os quesitos brilharam.

Outro momento marcante da noite foi a presença de Neguinho da Beija-Flor, que, esse ano, se despede do carnaval da escola e fez questão de elevar ainda mais o nível do ensaio. Sua voz inconfundível impulsionou o canto da comunidade e das arquibancadas, tornando a noite ainda mais especial.

Naquele que pode ter sido o seu último ensaio, Negrinho se emocionou do iniciou ao fim e brincou que teve que ir a base de calmantes para manter a emoção, ainda que não tenha conseguido segurar completamente.

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Foto: Vitor Melo/Divulgação Rio Carnaval

“Eu estou aqui sobre efeito de de dois tranquilizantes para conseguir, senão, não ia conseguir segurar a emoção. Vamos ver no dia, acho que eu vou ter que tomar uns quatro para ver se consigo cantar. Mas, temos um carro de som bastante amplo, maravilhoso, a rapaziada sabe das coisas, quem a rapaziada está firme, bonitos, e é por isso que a gente está aí parando também, para dar oportunidade.a eles”, disse o intérprete.

Em 2025, a agremiação da Baixada levará para a avenida o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os Sambas”, do carnavalesco João Vitor Araújo, que pretende eternizar o legado do mestre Laíla. O próximo ensaio da escola na Sapucaí será no dia 22 de fevereiro, após a lavagem do Sambódromo.

O diretor de carnaval, Marquinho Marino, falou ao CARNAVALESCO e fez suas considerações sobre o ensaio.

“Pra mim, foi muito bom! Dentro do que a gente se propõe para um ensaio técnico, sabemos que não temos alegorias nem fantasias. Se você pensar tecnicamente, sem esses elementos, não dá para completar os 80 minutos. Mas precisamos aproveitar esse tempo da melhor forma possível. Por exemplo, quando a bateria faz uma paradinha para o jurado, normalmente ela fica ali por 30 ou 40 segundos no máximo. Mas, no ensaio, eu faço uma passada inteira com a bateria parada. Isso porque aqui é o momento de testar. Agora, o foco é seguir com os ensaios, manter essa pegada forte da comunidade e dos segmentos, e continuar aperfeiçoando cada detalhe. Estou muito feliz! Acho que estamos no caminho certo e tenho certeza de que o mestre Laíla será muito bem homenageado”, disse Marino.

Galeria de fotos do ensaio técnico da Beija-Flor na Sapucaí

Comissão de Frente

Pelo terceiro ano consecutivo, os coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon comandam a comissão de frente da Beija-Flor. A apresentação seguiu a mesma concepção e coreografia já exibidas no minidesfile e em alguns ensaios de rua na Mirandela.

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Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO

O grupo é formado apenas por homens, todos vestindo figurinos que remetem a sacos de lixo e com o corpo pintado de branco. No centro da performance, o destaque foi o bailarino que representou Exu, cruzando a Sapucaí sobre pernas de pau com impressionante desenvoltura e agilidade. O grande diferencial da apresentação ficou por conta do figurino inusitado e da presença imponente de Exu, que garantiu um impacto visual marcante

Mestre-sala e Porta-bandeira

Falar de duas lendas do carnaval como Claudinho e Selminha Sorriso nunca é fácil, mas é sempre essencial reverenciá-los. Mais uma vez, a dupla riscou a Sapucaí de ponta a ponta, apresentando um trabalho impecável e mostrando o que há de melhor: classe e excelência.

“Nossoa proximos passos são continuar ensaiando. Somos um casal de veteranos, os mais antigos em atividade no carnaval, mas nunca sabemos tudo, estamos sempre em processo de aprendizado, e hoje foi um teste valendo, como nós costumávamos ouvir do Laíla. Mas foi lindo, interagimos com a comunidade, é muito bom ver o povo, muitos deles não podem estar no desfile oficial, e estão aqui prestigiando as três escolas. Com certeza, passamos uma mensagem muito linda, mostrando esse enredo tão justo, tão merecido para o Laila, que não está mais entre nós, e era alto de data, revolucionário, inovador, um homem que nos inspirou e ensinou, transformou o modelo do carnaval e é um exemplo, é um exemplo de vida para as pessoas também sem formação acadêmica, mas seres intelectuais, inteligentes. Essa homenagem é muito justa pra ele”, entende Selminha.

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Neste ensaio, Selminha representou o povo cigano, com suas cores quentes e vibrantes, enquanto Claudinho manteve sua marca registrada: o azul de sempre. Durante as quatro paradas para os jurados, o casal esbanjou giros bem executados, e a coreografia também incorporou passagens do samba, como a parte “dobram atabaques no quilombo Beija-Flor”, onde fizeram o movimento de tocar os atabaques com perfeição. A sintonia e a sincronia entre eles foram nítidas, e o público, claro, os ovacionou do início ao fim.

“O ensaio técnico é valendo, claro que a gente testou várias coisas para ver se funcionavam ou não funcionavam, mas deu tudo certo dentro do nosso propósito. Estou muito feliz, e também, a minha porta-bandeira está muito feliz, a nossa equipe, está feliz pelo propósito que a gente tem ensaiado durante o ano todo e hoje a gente conseguiu colocar aqui. É uma felicidade imensa, agora praticamente fazer algum ajuste pequeno e dar continuidade ao que foi feito aqui hoje. Feliz tambem pela Beija-Flor, pelo canto, pelo samba maravilhoso. A gente teve um canto forte, a gente vem para disputar esse título tão sonhado para a Baixada, para Nilópolis”, garantiu Claudinho.

Harmonia e Samba

A harmonia musical da Beija-Flor foi um dos grandes destaques deste ensaio. O carro de som contou com a presença luxuosa de Neguinho da Beija-Flor, que, mesmo sem ter participado de muitos ensaios, engrandeceu a noite e impulsionou o canto não só da comunidade, mas também das arquibancadas, que vibraram ao ouvi-lo.

A bateria, comandada pelos mestres Plínio e Rodney, teve um papel fundamental na sustentação do samba e do canto da escola. Acostumada a desfilar de forma mais reta, desta vez apresentou uma sequência de bossas interessantes, além de um grande paradão, que evidenciou ainda mais a força do canto.

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O samba, que já estava na boca do nilopolitano antes mesmo de ser escolhido, se confirmou na avenida e manteve seu alto rendimento do início ao fim. Com destaque para os versos que antecedem o refrão principal e claro, o refrão: “Da casa de Ogum, Xangô me guia, Da casa de Ogum, Xangô me guia, Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor, Terreiro de Laíla, meu griô”.

O diretor de carnaval, Marquinho Marino, falou sobre a participação de Neguinho e se mostrou contente com o resultado harmônico apresentado pela escola. Ele também projetou o próximo ensaio na Sapucaí, que terá o teste de som da avenida.

“Fiquei muito satisfeito! A participação do Neguinho foi fundamental, não só na parte musical, mas também para puxar o canto junto com ele. Os componentes ficaram emocionados com sua presença e com a forma como o samba e a bateria foram conduzidos. Para um primeiro ensaio em uma pista tão grande e larga como essa, foi extremamente satisfatório. Além disso, não tivemos nenhum problema técnico grave a ser apontado. A passagem de som vai ajudar ainda mais, porque teremos o áudio em toda a avenida. Fizemos três paradões durante o desfile e não houve nenhum atravessamento, o que demonstra o excelente trabalho da harmonia – tanto a musical quanto a diretoria de harmonia, que mantém os componentes cantando com força nesses momentos”, disse Marino.

Evolução

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O nilopolitano sabe como brilhar na Sapucaí, e durante o ensaio deste sábado não foi diferente. Cada componente estava plenamente ciente do seu lugar, do que fazer e de como fazer. O resultado foi uma evolução coesa, sem atropelos. A comunidade, visivelmente emocionada, manteve a concentração e a técnica de desfile em todos os momentos. Mesmo com alas gigantes, a organização foi impecável, o que também se refletiu nas alas coreografadas, especialmente na que encerrou o desfile da azul e branca. A escola utilizou elementos para demarcar o espaço dos carros alegóricos no desfile oficial, além de um enorme tripé representando o abre-alas.

Outros Destaques

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O ensaio foi movido pela emoção, e não foi diferente para a rainha de bateria, Lorena Raíssa. Grávida de seu primeiro filho, a jovem desfilou visivelmente emocionada e agradeceu todo o carinho recebido das arquibancadas. Outra grávida que brilhou na avenida foi a dançarina Brunna Gonçalves, esposa da cantora Ludmilla. Ela sambou com energia por toda a pista, recebendo muitos aplausos. A ex-rainha de bateria Raíssa de Oliveira e o passista Cássio Dias também roubaram a cena, com uma performance que arrancou suspiros do público.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Beija-Flor no ensaio técnico na Sapucaí

Mestre Rodney fez para o CARNAVALESCO a avaliação da bateria no ensaio técnico. “Perfeito! Missão cumprida, muito bem cumprida. A gente deu aula mais uma vez. Aqui tem dedicação e comprometimento com a escola. Eu estou muito orgulhoso deles e muito satisfeito com o desempenho. Não tenho nada a mudar para o desfile. É intensificar e vir com mais fome, mais vontade de ganhar o carnaval. Hoje foi um ensaio, treino é treino, jogo é jogo. A gente, no dia do desfile, vai comer o asfalto para levar o campeonato para a Nilópolis”, afirmou mestre Rodney.

Colaboraram Allan Duffes, Lucas Santos, Marielli Patrocínio, Juliana Henrik, Gabriell Radicetti, Matheus Vinícius, Matheus Morais e Rhyan de Meira

Galeria de fotos do ensaio técnico da Beija-Flor na Sapucaí

Galeria de fotos do ensaio técnico da Mangueira na Sapucaí

Galeria de fotos do ensaio técnico do Paraíso do Tuiuti na Sapucaí

Freddy Ferreira analisa a bateria da Mangueira no ensaio técnico na Sapucaí

Um ensaio técnico excelente da bateria da Estação Primeira de Mangueira, sob o comando dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Um ritmo equilibrado e com uma equalização encantadora foi apresentado. Simplesmente impressionante a belíssima definição dos timbres mangueirenses. Numa bateria tão equalizada assim foi possível ouvir todos os naipes do ritmo independentemente do ponto em que estivesse, comprovando uma fluidez musical bem acima da média. As bossas com uma musicalidade admirável também funcionaram como trunfos da “Tem que respeitar meu tamborim”.

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Na cabeça da bateria da Mangueira, um naipe de xequerês logo na primeira fila exibiu um trabalho sólido. A ala de cuícas tocou com eficiência, ajudando a marcar o samba. Um naipe de ganzás com boa ressonância se apresentou de forma correta. Uma ala de tamborins extremamente técnica executou um desenho rítmico complexo e com elevado grau de execução com bastante precisão. Impressionante o entrosamento musical do naipe, praticamente uníssono por toda a Sapucaí. Complementando a parte da frente do ritmo uma fileira dos já tradicionais “timbaques” deram um molho especial, assim como agogôs de duas campanas (bocas) ajudaram a preencher a musicalidade da parte da frente, tanto em ritmo, quanto em bossas. Bastante elogiável o respeito a cada solo envolvendo as peças leves, indicando um bom gosto na criação das convenções, com momento para que todo naipe exiba seu brilho musical.

A parte de trás do ritmo da Mangueira contou com sua peculiar afinação mais pesada do surdo de primeira. Os marcadores de primeira foram firmes e precisos pela pista, tanto ditando o andamento, quanto participando das bossas. Os marcadores de surdo mor também tiveram um papel preponderante para dar um belo balanço à bateria mangueirense, sendo eficientes também nas paradinhas e fundamentais nas retomadas. Caixas roucas ajudaram a preencher a musicalidade dos médios com eficácia, executando uma batida rufada bem limpa e uníssona. Isso junto de uma ala de repiques de qualidade acima da média, que também deu sua luxuosa contribuição.

O leque de bossas da bateria da Mangueira é musicalmente recheado. Bossa que imita sons de tiros (como pede a letra do samba), paradinhas com construção musical voltada a africanidade ancestral, como a do refrão que antecede o principal, onde os “timbaques” deram um verdadeiro show junto dos agogôs de duas campanas (bocas). Todas as criações musicais seguem de forma intuitiva o samba-enredo da Verde e Rosa. Mesmo com certo grau de dificuldade e complexidade, as execuções dos arranjos foram precisas pela pista de desfile. O ritmo da bossa no início da segunda do samba impressiona, tanto pela pressão dos surdos, quanto pelo balanço único dos “timbaques”.

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Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval

O encerramento da segunda semana de ensaios do grupo especial foi excelente com a bateria da Mangueira, diriga pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Uma bateria da Estação Primeira que mesclou bossas potentes e musicais com um ritmo de equilíbrio, com ótima equalização e um tremendo bom gosto de solos nas peças leves. Uma bateria da Mangueira que conseguiu canalizar toda sua energia única e transformar numa atuação onde reinou a disciplina musical. Ritmistas, diretores e mestres certamente voltarão para a rua Visconde de Niterói satisfeitos com esse grande ensaio.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Beija-Flor no ensaio técnico na Sapucaí

A bateria “Soberana” da Beija-flor de Nilópolis fez um ensaio técnico muito bom, comandada pelos mestres Rodney e Plínio. Mestre Rodney, inclusive, não conseguiu conter a emoção, no que pode ter sido o último esquenta em ensaio técnico de Neguinho da Beija-flor como intérprete oficial da escola (embora ainda tenha o teste de luz e som). Uma bateria “Soberana” com um equilíbrio acima da média e uma destacada fluidez musical foi notada. Com bossas intimamente ligadas ao samba, suas execuções foram precisas pela pista, garantindo uma boa passagem da bateria da Beija.

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Na cabeça da bateria, uma ala de cuícas sólida se exibiu corretamente, adicionando valor sonoro à parte da frente do ritmo. Um naipe de chocalhos de nítida virtude musical tocou de modo entrelaçado com uma boa ala de tamborins, que se exibiu com eficiência e precisão. O trabalho de ambos juntos mostrou um louvável entrosamento, que encheu de brilho musical as peças leves da Beija-flor.

A parte de trás do ritmo da bateria “Soberana” contou com uma afinação de surdos bastante privilegiada. Impressionante o ressoar agudo vindo do surdo de segunda, assim como o consistente timbre grave da primeira. Os marcadores de primeira e segunda foram seguros e precisos, seja mantendo o andamento ou executando as bossas. Os surdos de terceira foram responsáveis pelo bom balanço do ritmo nilopolitano. Caixas de guerra consistentes ajudaram a preencher os naipes médios, assim como uma ala de repiques de grande destaque auxiliou no ritmo, além das paradinhas. Complementando a musicalidade da cozinha da “Soberana”, uma ala de frigideiras potente e inserida no DNA musical da escola contribuiu com seu peculiar tilintar metálico. Em meio a parte traseira da bateria foi possível perceber atabaques e agogô de duas campanas (bocas), que tinham participação importante na bossa da segunda passada do estribilho.

As bossas da bateria da Beija-Flor eram todas profundamente integradas ao aguerrido samba-enredo da azul e branca de Nilópolis. Todos os arranjos foram conduzidos pelas nuances melódicas da obra da Beija, consolidando através delas seu ritmo. Pode ser dito, inclusive, que se tratam de paradinhas que impulsionam e contagiam o componente pela pista, mostrando uma concepção voltada ao acompanhamento do samba e pensando em quem desfila. Uma criação musical em forma de homenagem que teria sobretudo o aval e a chancela do gênio Laíla.

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Foto: Adriano Fontes/Divulgação Rio Carnaval

Uma apresentação muito boa da bateria “Soberana” da Beija-Flor, sob o comando dos mestres Rodney e Plínio. Foi exibido um ritmo fluido e equilibrado, junto de bossas com boa musicalidade, além de plena integração com o samba da azul e branca.

Freddy Ferreira analisa a bateria do Tuiuti no ensaio técnico na Sapucaí

A bateria “Super Som” do Paraíso do Tuiuti fez um ótimo ensaio técnico, sob o comando de mestre Marcão. Um ritmo com bastante fluidez musical e equilíbrio entre os naipes foi apresentado. Bossas dançantes e bem integradas ao samba-enredo foram executadas com eficácia pela pista, coroando a grande exibição da “Super Som” na abertura da segunda noite de ensaios do grupo especial.

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Na cabeça da bateria do Paraíso do Tuiuti, um naipe de chocalhos de musicalidade de extremo destaque veio vestida de bandeira do arco-íris, abraçando a causa do enredo. O desenho rítmico do chocalho, mesmo com complexidade e dificuldade de execução, foi apresentado de modo preciso, graças a qualidade técnica elevada dos ritmistas. Uma boa ala de cuícas ajudou a preencher a musicalidade das peças leves. Um renovado naipe de tamborins se exibiu de forma eficiente por todo o percurso. Notória a tentativa de um trabalho de base que ajuda na formação de novos ritmistas, onde praticamente 1/3 da ala de tamborins era composta de novatos. Uma atitude louvável que mostrou na prática um bom resultado.

A parte de trás do ritmo da “Super Som” exibiu um trabalho requintado e de bastante equilíbrio. Uma afinação de surdos diferenciada proporcionou uma pulsação firme e com boa ressonância dos precisos marcadores de primeira e segunda. Tanto ditando o andamento, quanto em bossas, primeiras e segundas permaneceram eficazes e seguras. Surdos de terceiras foram os responsáveis pelo bom balanço vindo da cozinha da bateria do Tuiuti. Um naipe de caixas de guerra com toque consistente e ressonante serviu de base de amparo para os demais instrumentos do Paraíso. Assim como repiques de virtude técnica ajudaram no molho acima da média entre os médios.

As bossas da bateria “Super Som” eram baseadas no melodioso samba da escola do bairro de São Cristóvão. Um trabalho musical de bem caprichado, que pautou os toques através das nuances melódicas da obra do Tuiuti. Graças a boa afinação de surdos, os arranjos também eram impactados por uma boa pressão rítmica, tanto na execução, quanto nas retomadas. A bossa de maior destaque foi a do refrão do meio, com um dançante Reggae e uma elaboração de bastante fluidez, além de uma finalização atrevida. Todas as paradinhas foram executadas com precisão certeira dos ritmistas, que se empolgavam pela pista, sentindo estar fazendo bom ritmo.

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Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval

Um grande ensaio técnico da bateria “Super Som” do Paraíso do Tuiuti de mestre Marcão. Uma atuação que apresentou consistência rítmica, paradinhas com boa integração musical e bastante equilíbrio. Motivos para voltarem para o bairro imperial orgulhosos não faltam para ritmistas, diretores e mestre Marcão, diante de um ótimo ensaio técnico da bateria do Tuiuti.