O Acadêmicos do Salgueiro anunciou, na tarde desta terça-feira, que o passista Danilo Vieira é o novo muso da Academia do Samba. Com uma trajetória marcada pelo talento e dedicação ao Carnaval, Danilo já foi rei da ala de passistas da agremiação e representou a vermelho e branco ao disputar, por dois anos consecutivos, o título de Rei Momo do carnaval Carioca.
O convite para ocupar o posto de muso no Carnaval 2025 partiu do patrono Adilsinho e do presidente André Vaz, com o apoio do diretor executivo Leandro Santos, do diretor de Carnaval, Wilsinho Alves, e de toda a equipe da escola. Emocionado com o reconhecimento, Danilo Vieira expressou sua alegria e gratidão pela nova conquista em sua carreira.
“Estou feliz demais, nervoso e em choque ainda. Essa oportunidade é grandiosa demais na minha vida. Gratidão é a palavra do momento”, declarou.
Danilo iniciou sua jornada no samba aos 15 anos, desfilando na ala das crianças. Sua primeira experiência na Marquês de Sapucaí aconteceu justamente nesse contexto, despertando uma paixão que o acompanharia ao longo dos anos. Sua formação como passista teve início na ala da São Clemente, onde permaneceu por cinco anos. Em 2019, ingressou na ala de passistas do Salgueiro, sob a orientação de Carlinhos do Salgueiro, a quem reconhece como grande mestre e mentor.
O novo muso do Salgueiro destaca que sua evolução é fruto de experiência, comprometimento e trabalho, aspectos que culminaram na oportunidade de representar a escola em mais um patamar. Como parte da preparação para o desfile, Danilo já recebeu seu figurino das mãos do carnavalesco Jorge Silveira.
Para o Carnaval 2025, o Acadêmicos do Salgueiro levará para a Avenida o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, desenvolvido por Jorge Silveira. A proposta da escola é exaltar a força e proteção das tradições afro-brasileiras, destacando a espiritualidade e a resistência cultural que marcam a história do povo negro. Com uma abordagem impactante, o enredo promete emocionar o público e reforçar a identidade da agremiação no Carnaval carioca.
O presidente da Liesa, Gabriel David, em entrevista ao CARNAVALESCO, abordou a intenção do prefeito do Rio, Eduardo Paes, de criar um teto de gastos nos orçamentos das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro.
“O prefeito me mandou uma mensagem com a matéria da subvenção de Maricá, falando que achava isso um um problema para o futuro do carnaval, que poderia tirar competitividade e a capacidade de competição das escolas. Fui para a reunião, falamos sobre uma série de assuntos e muito, muito rapidamente ele me perguntou como é que estava a questão das finanças das escolas. Eu expliquei, até porque eu já estou pleiteando que a gente está entregando muito mais para cidade, inclusive, em arrecadação de impostos do que no ano passado. Acho que no final desse carnaval a gente precisa rediscutir o valor da prefeitura de subvenção para as escolas. A gente estava chegando perto de um valor total que é o valor dos desfiles campeões, na casa dos R$ 16 e R$ 17 milhões. Se a gente conseguisse chegar lá, se a lLga conseguir repassar esses valores para todas as escolas, a gente consegue discutir um teto de gastos para que o investimento da prefeitura seja protegido”, esclareceu o presidente da Liesa.
A Unidos da Tijuca recebeu um grupo de funcionários do grupo Globo que tiveram o privilégio de conhecer o barracão da escola, interagir com os ritmistas e passistas da agremiação e degustar a feijoada brasileira. Atuantes na área comercial da empresa, os colaboradores visitaram a Unidos da Tijuca, com o propósito conhecer todo o processo de feitura do carnaval carioca.
O workshop contou com aula de percussão e samba, seguido de um tour guiado pelo barracão, onde foram vistos os croquis e confecções de todas as fantasias do Carnaval 2020, vídeo do último desfile, além de explicações sobre cada carro alegórico e do processo de confecção de alegorias. A aula de percussão foi dirigida por diretores da bateria ‘Pura Cadência’. Os passistas ensinaram passos de samba para os interessados que caíram na folia.
Para encerrar, o refeitório da Tijuca se transformou num requintado botequim e uma típica feijoada regada a caipirinhas de diversos sabores, além de cerveja e petiscos foram servidos para todos.
Pioneira por abrir suas portas para esse tipo de atividade, a Unidos da Tijuca tem em sua agenda grupos vindos da França, Polônia, Alemanha, África do Sul, Japão e China. Os grupos interessados em contratar a Visita Guiada do Pavão deverão preencher o formulário no site da escola (gresunidosdatijuca.com.br) ou entrar em contato com Pedro Veloso através do telefone 21 96437-3127.
“Financeiramente, é inviável ainda. As pessoas falam que o carnaval está crescendo em valor, que a Liga está conseguindo distribuir mais dinheiro para as escolas, mas vamos relembrar que o custo dos desfiles é de R$ 16 a R$ 17 milhões. Se chegarmos nesse valor e aí para 15 escolas e não para 12 vai dar financeiramente. Tem a questão dos barracões na Cidade do Samba, que tem que se entender como ficaria isso. Faltaria um barracão. É uma decisão que mexe no regulamento. Isso tem que ser decidido pelas 12 escolas que estarão no Grupo Especial”, explicou o presidente da Liesa.
O presidente da Liesa, Gabriel David, revelou ao CARNAVALESCO uma novidade para o Carnaval 2025. Através da parceria com a Mamba Water a escola campeã do Grupo Especial de 2025 receberá água potável (quantidade que ainda será definida) para ser distribuída para comunidade carente escolhida pela agremiação.
“A Mamba Water entrou com uma ação social no Carnaval 2025. É uma água em lata, que é muito melhor do ponto de vista de reciclagem (sem uso da garrafa de plástico). A gente já tem uma coordenação de sustentabilidade, que vem trabalhando ao longo deste ano. O bacana dessa água é que a cada latinha vendida, a gente tá doando 2 litros de água para a comunidade da escola campeã do carnaval. No final, vai ter um um montante considerável de litragem de água que vai estar embutida na premiação do carnaval e essa escola vai determinar uma comunidade muito carente próxima da sua região para poder fazer essa doação”, explicou Gabriel David.
A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) programa com todas 12 agremiações do Grupo Especial do Rio de Janeiro uma grande novidade para distribuição dos ingressos dos setores populares (1, 12 e 13) da Marquês de Sapucaí para os desfiles de domingo, segunda e terça no Carnaval 2025. Cada quadra receberá dias, que ainda vão ser divulgados, para inscrições dos interessados em receberem o ingresso. Para ter direito será preciso apresentar documentos oficiais e fazer na hora a biometria facial. Os critérios também vão ser informados pela Liesa.
“Vão ter duas datas por quadra de escola de samba para as pessoas fazerem seus cadastros com a documentação e com reconhecimento facial para poder terem acesso aos ingressos dos setores populares (1, 12 e 13). É uma forma da gente limitar a venda dos ingressos populares que não poderiam ser vendidos e garantir que eles estão de fato chegando em quem realmente precisa desses ingressos”, explicou ao CARNAVALESCO o presidente da Liesa, Gabriel David.
Segundo Gabriel David, a Liesa também já trabalha com espaços especiais na área de concentração para os segmentos das escolas de samba.
“Temos um comitê de concentração. Semana que vem já terá algumas coisas montadas lá (na Sapucaí). Tem uma questão de fechamento de rua, que deixa algumas coisas mais para perto do desfile em si, mas vai ter, como a gente falou, espaço especiais”.
Sobre a relação dos julgadores do Grupo Especial para o Carnaval 2025 o presidente da Liesa citou que os nomes devem ser divulgados em breve. “O Thiago (Farias), coordenador de jurados, fez uma apresentação para os presidentes. Eles têm uma etapa de avaliação para a gente confirmar as mudanças ou não. Só para deixar claro, isso acontece todos os anos. Não é nada novo”.
Teto de gastos no Grupo Especial
Gabriel David também respondeu sobre a proposta do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de criar um teto de gastos para os orçamentos das esclas de samba do Grupo Especial.
“O prefeito me mandou uma mensagem com a matéria da subvenção de Maricá, falando que achava isso um um problema para o futuro do carnaval, que poderia tirar competitividade e a capacidade de competição das escolas. Fui para a reunião, falamos sobre uma série de assuntos e muito, muito rapidamente ele me perguntou como é que estava a questão das finanças das escolas. Eu expliquei, até porque eu já estou pleiteando que a gente está entregando muito mais para cidade, inclusive, em arrecadação de impostos do que no ano passado. Acho que no final desse carnaval a gente precisa rediscutir o valor da prefeitura de subvenção para as escolas. A gente estava chegando perto de um valor total que é o valor dos desfiles campeões, na casa dos R$ 16 e 17 milhões. Se a gente conseguisse chegar lá, se a lLga conseguir repassar esses valores para todas as escolas, a gente consegue discutir um teto de gastos para que o investimento da prefeitura seja protegido”, esclareceu o presidente da Liesa.
Escola campeã de 2025 receberá prêmio especial
O presidente da Liesa revelou ao CARNAVALESCO uma novidade para o Carnaval 2025. Através da parceria com a Mamba Water a escola campeã do Grupo Especial de 2025 receberá água potável (quantidade que ainda será definida) para ser distribuída para comunidade carente escolhida pela agremiação.
“A Mamba Water entrou com uma ação social no Carnaval 2025. É uma água em lata, que é muito melhor do ponto de vista de reciclagem (sem uso da garrafa de plástico). A gente já tem uma coordenação de sustentabilidade, que vem trabalhando ao longo deste ano. O bacana dessa água é que a cada latinha vendida, a gente tá doando 2 litros de água para a comunidade da escola campeã do carnaval. No final, vai ter um um montante considerável de litragem de água que vai estar embutida na premiação do carnaval e essa escola vai determinar uma comunidade muito carente próxima da sua região para poder fazer essa doação”, explicou Gabriel David.
Gabriel responde sobre 15 escolas no Grupo Especial do Rio
O presidente da Liesa também comentou sobre a possibilidade do Carnaval 2026 ter 15 escolas no Grupo Especial do Rio de Janeiro.
“Financeiramente, é inviável ainda. As pessoas falam que o carnaval está crescendo em valor, que a Liga está conseguindo distribuir mais dinheiro para as escolas, mas vamos relembrar que o custo dos desfiles é de R$ 16 a 17 milhões. Se chegarmos nesse valor e aí para 15 escolas e não para 12 vai dar financeiramente. Tem a questão dos barracões na Cidade do Samba, que tem que se entender como ficaria isso. Faltaria um barracão. É uma decisão que mexe no regulamento. Isso tem que ser decidido pelas 12 escolas que estarão no Grupo Especial”, explicou o presidente da Liesa.
Sucesso de público o pré-carnaval 2025
Ao fazer um breve balanço sobre o início da temporada de ensaios técnicos na Sapucaí e os ingressos esgotados para os três dias de desfiles oficiais o presidente da Liesa celebrou os resultados.
“É bacana ver o público de volta na Sapucaí. É muito importante a gente ter os eventos dos ensaios técnicos gratuitos para o povo. O povo está feliz de estar aqui. A gente conseguiu comunicar bem os formatos de entrada, a entrega social as escolas têm que fazer para a cidade todos os anos. Agora é dar continuidade. Estamos no início desta temporada. É uma temporada com muitos dias de evento, muitos dias de operação. Vamos um dia de cada vez. Termos todos os ingressos vendidos para os desfiles oficiais é o sucesso do evento. Está tudo esgotado. A gente tem evoluído muito na capacidade de vendas, a gente tem evoluído muito em critérios de segurança digital e a gente vai seguir evoluindo e dando cada vez mais transparência, o máximo de transparência que a gente pode dar sempre para todas essas vendas, para todos esses dados. É um desafio. O terceiro dia já ajudou um pouquinho, mas de fato o Sambódromo não comporta a procura que o carnaval tem e isso é o sucesso do evento”.
A Pérola Negra irá fazer um dos desfiles mais importantes da sua história, tendo uma grande missão de voltar ao Acesso 1. A Joia Rara do samba, até 2024 estava com um projeto para subir ao Grupo Especial e, desde que desceu da última vez à segunda divisão, sempre ficou perto dos primeiros para retornar à elite do carnaval. Historicamente, o Acesso 2 não é um local que a escola costuma permanecer. Por estrear este ano no grupo e ter um dos melhores sambas do carnaval paulistano, além de uma equipe de segmentos renomada, a Pérola Negra é apontada como grande favorita para vencer o terceiro grupo das escolas de samba. Para isso, a agremiação liderada por Sheila Mônaco foi buscar o carnavalesco Rodrigo Meiners, que no Carnaval 2024, integrou a equipe que conseguiu uma vaga nos Desfiles das Campeãs com os Gaviões da Fiel. O artista aposta em uma forte plástica e em um desfile impactante para a Vila Madalena alcançar o seu grande objetivo.
Sendo a quinta escola a desfilar, a Pérola Negra levará para o Anhembi o enredo ‘Exú Mulher’, no dia 21/02. O tema é assinado por Rodrigo Meiners.
Ideia do enredo e aprovação da autora do livro
De acordo com o carnavalesco, a ideia de levar o enredo ‘Exu Mulher’ para a avenida partiu dele, onde foi apresentado para a diretoria após se deparar com várias figuras femininas regendo a agremiação. Além disso, a autora do livro, Cláudia Alexandre, abraçou o projeto e ajudou na construção. “A ideia de ‘Exu Mulher’ foi proposta por mim. Quando eu fecho com a Pérola Negra, me impressionou na escola a questão da figura feminina. A presidente é mulher, a vice-presidente é mulher, as principais lideranças da comunidade são mulheres, o nome da escola é um nome feminino e eu fiquei com isso muito forte na minha cabeça, onde eu precisava fazer algum enredo ligado ao feminino para ajudar a Pérola a voltar para o Grupo de Acesso 1. Eu já conhecia o livro e lembrei. A Cláudia Alexandre, autora dele, tem um conhecimento de carnaval e de assuntos de matrizes africanas, de religiões de matriz africana, de costumes, culturas, heranças, religiões, danças… Se você conversar com a Cláudia, vai sair com dez ideias de enredo. Ela é uma pessoa iluminada e super abraçou o projeto, super ficou feliz. A gente teve a felicidade ainda de o livro ganhar um prêmio agora, que é o Prêmio Jabuti da literatura. Eu estou muito feliz de trazer esse enredo e acho que, mesmo no Acesso 2, Exu Mulher é um dos melhores temas do Carnaval 2025”, disse.
Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
‘Pérola Negra, lugar de fala, de gente preta que não se cala’
Meiners explicou brevemente o livro. A narrativa e a mensagem que a obra passa será transmitida na passarela. O artista revelou que quer usar a Pérola Negra como lugar de fala para desmistificar certos preconceitos que são impostos na sociedade. “O livro traz a questão de que há muito tempo atrás, na África, a figura do Exu era uma figura ambígua. Não era o Exu masculino. A figura do Exu era uma energia masculina e feminina. E na tentativa de demonizar a religião, eles ocultam a figura feminina de Exu, eles ocultam esse lado feminino da energia, deixam só a figura de Exu masculina para ter mais semelhança e associar a figura de Exu ao diabo. O nosso enredo é basicamente esse, que é o principal conceito do livro. Nós, que somos uma escola presidida por grandes mulheres, na diretoria e em liderança de comunidade, queremos trazer essa valorização e esse reconhecimento à figura de Exu Mulher, que foi ocultada há muito tempo atrás, nessa tentativa de associar o candomblé e Exu ao satanismo e ao diabo. O nosso desfile é uma grande retratação. Usar a Pérola Negra como esse lugar de fala”, explicou.
Ensinando o tema desconhecido
Perguntado sobre o que foi mais impactante na pesquisa para a desenvoltura do desfile, o carnavalesco contou que foi o fato de ninguém ter conhecimento sobre o contexto do livro, e que a escola de samba tem o papel de ensinar. “Ser um assunto que ninguém tem conhecimento. Acho que, eu sempre trago nos meus carnavais, até mesmo nas entrevistas, de que a escola de samba tem que fazer esse papel. Não precisa ser sobre assuntos afros. A escola de samba tem liberdade para fazer qualquer assunto. Essa é a graça do carnaval. Cada um vai por um caminho, mas eu acho que o conceito geral para mim de uma escola de samba é trazer esses assuntos pouco falados. Eu, que sou apaixonado por carnaval, uma família de amantes do samba, estudei minha vida inteira em escola estadual e aprendi muita coisa com enredos de escola de samba. Se for afro, indígena ou histórico, acho que a escola de samba tem que trazer esses temas pouco falados para trazer conhecimento para a sua comunidade. O que mais me fascina nesse enredo é isso. Poder contar uma história que eu vou falar com 99% das pessoas e elas não têm o conhecimento. Elas prestam atenção porque é algo novo para quase todo mundo. Na construção da sinopse e no desenvolvimento do enredo, isso é o que mais me encanta”, declarou.
Abertura imponente
De acordo com o profissional, a cabeça do desfile será o local mais impactante para se prestar atenção, pois a agremiação vai tentar passar a mensagem de que o Acesso 2 não é o local da Pérola Negra, e sim foi um erro que colocou a Joia Rara nesta situação. “A abertura da escola como um todo. Um carnavalesco tem essa capacidade de imaginar um pouco mais à frente do que os outros. Eu tenho na minha cabeça a escola desfilando com essa abertura que será muito impactante. A gente está com o abre-alas muito grande, padrão Grupo Especial de tamanho. A gente tem duas alas na frente do abre-alas que são muito bonitas com fantasias volumosas, temos roupas de construção de frente muito bonitas e uma fantasia de casal muito bonita. Acho que, quando a Pérola começar a desfilar, vai ficar muito claro, com todo respeito ao grupo e às outras agremiações, que a escola não pertence ao Acesso 2. Ela está lá por uma falha no carnaval anterior”, completou.
Carnavalesco Rodrigo Meiners
Setor 1
“O primeiro setor a gente mostra toda essa demonização da cultura africana e da figura feminina africana antes de chegar à Exu. A demonização do preconceito racial com as mulheres, do preconceito com vestimentas, com cabelo, com dança, com religião… Depois, no final do primeiro setor, a gente entra nesse preconceito com a figura de Exu Mulher, e esse ocultamento da figura na história”
Setor 2
“Nosso segundo setor é essa retratação, essa reparação histórica. É um grande xirê de entidades femininas vindo na Pérola Negra, usando o lugar que a escola abriu de retratação para exaltar e valorizar a figura de Exu Mulher, que ficou esquecida por milhares de anos dentro da religião e dentro da sociedade”
Ficha técnica
Duas alegorias
880 componentes
11 alas
Ele é craque da voz. Se a gente quiser fazer um paralelo com outros setores, na MPB tem aquela música do rei Roberto Carlos, amigo pessoal e enredo da Beija-Flor em 2011, em que Neguinho pode dizer “esse cara sou eu”. No futebol, dá para usar em relação ao cantor, aquela frase que o Romário costumava usar para ele mesmo “quando eu nasci papai do céu apontou para mim e disse ‘você é o cara'”. Neguinho, além de tudo, um cara simples, visto na Praça da Apoteose, no carinho e na paciência com que tirava fotos com o público ao final do ensaio técnico. Ele não se refere a si desta forma, mas sabe o tamanho que alcançou ao longo dos mais de 50 anos no carnaval. Uma lenda.
Curtindo os últimos momentos, após anunciar que este será o último carnaval à frente do carro de som, este ensaio técnico da Beija-Flor, que pode ter sido o último, visto que não há confirmação de que o cantor estará presente no teste de luz e som da Sapucaí, dia 22 de fevereiro, às vésperas do desfile oficial, neste possível último treino, o intérprete teve dificuldade para segurar a emoção. Com a voz embargada, agradeceu ao público e partiu para o samba junto com o carro de som da Soberana, reforçado esse ano com cantores experientes como Nino do Milênio e Leozinho Nunes.
Sobre a emoção, Neguinho não perde também o humor e a simpatia, ao dizer que só conseguiu estar ali por conta de remédio, admitindo a dificuldade de conciliar a emoção com a parte técnica de ter que guiar o canto da Beija-Flor no ensaio.
“Eu estou aqui sobre o efeito de dois tranquilizantes e, ainda assim, não consegui segurar a emoção. Vamos ver no dia do desfile. Eu vou tomar quatro (risos), para ver se eu consigo cantar”, brincou o intérprete.
Sobre o carro de som, Neguinho define que a confiança na nova geração, deu mais certeza ao cantor em sua importante decisão.
“Eles são maravilhosos, a rapaziada é boa. Quem sabe rezar, não xinga a Deus. Eles estão firmes, é por isso que a gente está parando, para dar oportunidade a eles. É a vez deles”.
Desde 1976 como intérprete oficial da Beija-Flor de Nilópolis, colocando a escola inclusive no sobrenome, Neguinho, nesse período de quase 50 anos na escola, nestes, em mais de 30, teve ao lado uma outra figura que se tornou a cara da Azul e Branca da Baixada: Laíla. O carnaval de 2025, de certa forma, unirá mais uma vez de forma mais intrínseca essas duas lendas do carnaval carioca, que tantos títulos geraram para a escola. Pode ser que seja a última vez na passarela do samba, quem sabe, mas certamente será história. Sobre a relação com Laíla, Neguinho falou um pouquinho ressaltando a importância do saudoso sambista em sua vida e sua carreira.
“Foi ele que me projetou para o mundo do samba, para cantar. A primeira vez que eu cantei profissionalmente foi no Bloco Bola Preta. Foi ele que me incentivou, que me deu força, foi o primeiro produtor do meu disco, na gravadora, e eu não poderia deixar de participar dessa homenagem a esse irmão, amigo, competente carnavalesco”.
E, com aquele que deve ser o último samba que Neguinho cantará na Avenida, pelo menos como intérprete oficial, o cantor parece satisfeito por encerrar sua trajetória.
“Esse samba é tudo que a gente queria, com certeza esse samba vai nos proporcionar disputar o título. É tido como o melhor do carnaval 2024. Espero que ele possa nos levar ao título”.
Em 2025, a Beija-Flor será a segunda escola da segunda noite de desfiles do Grupo Especial com o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”, que está sendo desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo.
A escola do Morro do São Carlos foi buscar na Amazônia a história que levará para seu desfile no próximo carnaval; com o enredo “O Leão se engerou em encantado amazônico”, o carnavalesco Marcus Paulo, fará uma viagem pelos encantados, que são as forças da natureza transmutadas para se autoproteger. “Nosso enredo é um aspecto cultural dos povos originários e não a história dos povos”, explica Marcus.
E para abrir o desfile a escola trará a ala das baianas que representam “ Iamandacy: a mãe da mata”, que é a encantada responsável por conceder a permissão para adentrar a floresta; ela recebe o Leão, oriundo do “berço do samba carioca”, em seu corpo recém-engerado e com um poderoso sopro, abre uma clareira na vastidão da Amazônia, criando uma passarela florestal que permite sua entrada.
O carnavalesco Marcus Paulo fará seu segundo carnaval consecutivo na escola no ano de 2025 depois de conquistar um terceiro lugar no ano anterior. A Estácio de Sá será a quinta escola a desfilar na sexta-feira de carnaval pela Série Ouro, no Rio de Janeiro
Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Will Ferreira, Gustavo Lima, Nabor Salvagnini e Naomi Prado)
A Independente Tricolor realizou no último domingo seu primeiro ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi em preparação para o desfile no carnaval de 2025. A atuação irretocável de Thais Paraguassú e Jeff Antony defendendo o pavilhão da escola foi o grande marco do treinamento, encerrado após 57 minutos na Avenida. A agremiação será a terceira a se apresentar pelo Grupo de Acesso 1 com o enredo “Gritos de Resistência”, assinado pelo carnavalesco André Marins.
O início da passagem da Independente pela Avenida foi postergado por alguns minutos pela organização em função da forte chuva que ocorreu antes, durante o ensaio da Primeira da Cidade Líder. Uma vez liberados, a família tricolor pôde dar uma amostra do que apresentará no próximo carnaval.
Após o fechamento dos portões, o presidente do Conselho da Independente Tricolor, Danilo Zamboni, fez um balanço do desempenho da escola neste primeiro ensaio técnico.
“Foi um ensaio muito bom. Nós pegamos uma chuva torrencial no começo, na abertura da escola, mas graças a Deus nós cumprimos a nossa missão. O povo veio cantando, veio evoluindo, com a bateria forte. Acredito que agora nós estamos nessa crescente para o segundo ensaio técnico e faremos algumas pequenas correções que sempre, que o ensaio serve para isso. Muitas vezes temos que cronometrar e hoje veio, por exemplo, o pessoal dos carros. Teve a formação dos carros, a marcação, mas com certeza, para mim, me surpreendeu, foi muito bom”, avaliou.
Danilo demonstrou grande satisfação com o desempenho da Independente no primeiro ensaio, exaltando o cumprimento da missão estabelecida e confiante no resultado da escola ao final do carnaval de 2025.
“Acho que toda a missão que era para ser feita, aquilo que foi feito em um cronograma, aquilo que foi acertado em reuniões, tudo que foi falado foi cumprido no dia de hoje. Nós estamos numa crescente e se Deus quiser viremos para um segundo ensaio muito fortes para com certeza retornarmos ao Grupo Especial. A Independente, com todo respeito, às coirmãs, é uma escola forte, é uma escola do Grupo Especial. Infelizmente houve um problema no ano passado que já foi superado, não esquecemos, mas estamos trabalhando para que a escola venha bem, para que ela faça um bom desfile e retorne ao Grupo Especial, do qual ela não devia ter saído”, afirmou.
Comissão de Frente
Ensaiada pelo coreógrafo Edgar Júnior, a comissão de frente da Independente realizou uma apresentação com duração de três passagens do samba e contou com sete pequenos elementos cenográficos. O elenco do quesito é composto por sete atores que aparentavam ser agentes opressores, que em dados momentos faziam gestos que lembravam uma marcha militar. Dos tripés, que lembravam um tipo de pequena oca coberta com tecido, escondendo o que havia dentro, saem outros sete componentes que passam a ser vítimas de violência da parte do primeiro grupo. Em um terceiro momento, uma atriz surge de um dos tripés e passa a interferir de modo que os opressores são derrotados e se recolhem nas ocas, de onde sai um terceiro agrupamento de pessoas que passam a contracenar com os outrora reprimidos. É interessante notar que ao final do terceiro ato há uma encenação do nascimento de uma criança, certamente em referência ao “olhar da esperança” ao qual o samba da escola se refere.
A exibição foi longa apresentação. Os atores já haviam passado pelo Setor A antes da atuação ser completada, e levando em consideração que, com exceção da arquibancada conhecida como “Monumental”, os demais setores do Sambódromo são similares, levanta uma dúvida quanto à capacidade do público conseguir acompanhar ela toda. A trama apresentada é boa, fácil de entender e de acordo com a proposta, mas seria mais fácil de assimilar caso ocorresse em no máximo duas passagens do samba.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Thais Paraguassú voltou com tudo! Afastada do último carnaval devido à gestação de seu filho Matheus, que recém completou 1 ano, a porta-bandeira retomou a parceria com Jeff Antony e passou a sensação de que em nenhum momento se afastou da dança. A comunicação visual do casal aliada à expressividade quase idêntica de ambos faz parecer que ambos são um único ser compartilhando dois corpos. Não menos importante, a apresentação da dupla foi irretocável, cravando com tranquilidade os elementos obrigatórios do quesito com carisma e elegância mesmo diante da pista molhada decorrente da forte chuva que caiu pouco antes da Independente entrar na Avenida.
A impressão positiva deixada não ficou apenas para os observadores. Jeff afirmou que o casal saiu satisfeito com o próprio desempenho ao fazer uma análise deste primeiro ensaio geral.
“A princípio entramos com receio por conta da chuva. Nós entramos com um pouco de insegurança, mas viemos preparados com sapatos antiderrapantes. No início deu para sentir e depois eu e a Thais fomos. Foi um ensaio muito bom por ter sido o primeiro, acredito que a Thais também vai falar, mas foi muito bom. Claro que sempre tem ajustes, mas saímos muito felizes e satisfeitos com o ensaio de hoje”, avaliou.
Thais fez um levantamento dos elementos com os quais o casal saiu satisfeito deste primeiro ensaio, e afirmou que para o segundo estarão ainda mais preparados para defender o pavilhão tricolor.
“Estou voltando depois da minha gestação, portanto por mais que ensaiemos bastante aqui no Anhembi, somente eu e o mestre-sala, com a escola é completamente diferente. Hoje conseguimos ajustar o tempo e as paradas, principalmente onde a bateria para, para nós termos um espaço, um tempo maior de descanso, mas cumprimos os quatro jurados com o que já estávamos ensaiando, graças a Deus. Ajustes sempre tem porque nós somos exigentes, até o dia do desfile tem ajuste, mas hoje eu posso dizer que saio dessa Avenida muito feliz, que conseguimos atingir a nossa meta”, afirmou.
Harmonia
A comunidade da Independente conseguiu mostrar no primeiro ensaio que sabe cantar o samba da escola. O clamor da obra foi notável ao longo de todo o ensaio, com destaque para a ala ABC. O apontamento que fica de reflexão vale para um fator de destaque que se consolidou ao longo desta temporada de ensaios técnicos, que é a espontaneidade. Todas as alas que não possuíam uma coreografia própria pareciam fazer o mesmo passo marcado. Carnaval é para se brincar, mas é difícil afirmar que isso ocorreu na Avenida durante a passagem da tricolor.
Evolução
Quesito que pode melhorar para o segundo ensaio técnico, a evolução da Independente careceu de fluidez. Em vários momentos foi possível observar a escola fazendo reduções no ritmo do andamento e retomando logo em seguida, impedindo que o cortejo tricolor ocorresse com maior naturalidade mesmo após a entrada da bateria no recuo, o qual ocorreu tranquilamente. Os 57 minutos de passagem na Avenida mostram que o desempenho técnico pode ser ainda melhor.
Samba-Enredo
O samba da Independente Tricolor funcionou no primeiro ensaio técnico. Com o carro de som comandado pelo intérprete Chitão Martins, a obra não caiu de desempenho na Avenida em nenhum momento, além de ocorrer boa comunicação com a bateria “Ritmo Forte.
Chitão avaliou o desempenho da ala musical neste primeiro ensaio técnico da Independente. “Foi muito bom o ensaio. Nos preparamos bastante, o canto veio entrosado com a bateria, veio contagiando a arquibancada, com o samba na ponta da língua, com alegria, isso que era o principal. Vamos analisar os detalhes para no próximo ensaio do dia 16 estar tudo redondinho, para o dia do desfile estar do jeito que queremos”.
O intérprete exaltou a força do samba da Independente e a capacidade de trazer o resultado esperado para a escola no dia do desfile oficial.
“O samba é muito bom. Tem um refrão forte, não tem uma melodia que cansa, é o tempo todinho atacando, é todo pra frente. É um samba que vai passar na Avenida com uma alegria, com uma força e tenho certeza de que vai dar o resultado que queremos, que é o título e voltar para o Grupo Especial”, afirmou.
Na visão de Chitão Martins, a escola teve bom desempenho geral no primeiro ensaio e afirmou que haverá reuniões para estudar o que pode melhorar para o segundo treinamento geral que a Independente ainda fará no Sambódromo do Anhembi.
“Vou saber quando assistir porque viemos cantando, contagiando o pessoal. São detalhes pequenos, talvez seja uma coisinha ou outra ali. Vamos ver para acertar, mas vamos manter essa alegria, a pegada, a firmeza no canto. A escola veio bem, passou bem, evoluindo. Agora é aprimorar os erros que tiveram, assistir, para no próximo ensaio estar perfeito”, disse.
Outros Destaques
A bateria “Ritmo Forte” também se destacou neste primeiro ensaio. Bossas bem encaixadas e sem comprometer o andamento contribuíram para enriquecer o desempenho do samba da Independente ao longo da Avenida.
Encarregado por reger a orquestra popular da tricolor, mestre Cassiano Andrade avaliou o desempenho de seus ritmistas neste ensaio.
“Tecnicamente falando, eu gostei bastante. Temos alguns pontos para acertar, só que agora temos tempo até a chegada do último técnico para acertar as coisas e deixar legal. Está tudo certo, estamos desde maio ensaiando, fazendo as coisas todas corretamente e agora é só executar o que estamos ensaiando. Vamos ver como é que ficou o andamento para a escola e vamos seguir”.
Cassiano fez apontamentos quanto ao elemento que mais gostou no ensaio técnico e um que pode melhorar para o próximo treinamento geral da Independente Tricolor. “O ponto positivo foi o andamento e o que pode melhorar é que talvez falte atenção de um e de outro, mas de resto está tudo certo”.
A Independente parece procurar a mesma estratégia a qual resultou na conquista da vaga no Grupo Especial em 2022. A aposta em um desempenho rigorosamente técnico tem sido, inclusive, uma forma de garantir uma vaga na elite nos últimos carnavais e ela ficou clara no primeiro ensaio geral da escola. Se a prioridade da tricolor para o ano de 2025 é obter o resultado esperado pela diretoria pode até estar no caminho certo, mas alguns ajustes precisam ser feitos ainda mais em um ano que o Grupo de Acesso 1 está com um nível muito elevado.