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Série Barracões SP: Prezando pela organização, Imperatriz da Paulicéia quer levar alegria para o Anhembi

Após um susto no último carnaval, a Imperatriz da Paulicéia busca se consolidar ou alçar voos maiores entre as escolas filiadas da Liga-SP. No Carnaval 2024 a agremiação teve problemas na pista e acabou terminando na oitava colocação, sendo apenas uma a frente da escola rebaixada para o Especial de Bairros, Uirapuru da Mooca. Entretanto, para o desfile de 2025, a Coroa da Zona Leste aposta em um tema leve e desfila com energias renovadas. A primeira etapa vencida foi na Corte do Carnaval, onde Arie Suyane, rainha de bateria da agremiação, venceu o concurso e se sagrou a rainha do carnaval de São Paulo em 2025. O CARNAVALESCO foi ao barracão da Imperatriz da Paulicéia e conversou com a presidente Maralice Lazarini, que contou todo o projeto executado para o próximo desfile.

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“O nosso projeto é fazer um carnaval conciso, correto, mas um carnaval muito bem acabado, com bastantes detalhes e alegria. Nosso enredo esse ano fala sobre as escolas de sambas. A gente quer mostrar para a sociedade o funcionamento de uma entidade. Se a gente mostra aqui, por exemplo, que os idosos são muito valorizados. É a velha guarda. As crianças ocupam o lugar delas. A gente tem pouco problema de racismo, de intolerância religiosa, a diversidade é muito bem aceita. A minha escola, inclusive, tem uma mulher na frente da bateria, que eu acho que é bacana. A gente mostra que a mulher cabe em qualquer lugar”, explicou.

Surgimento do enredo

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A presidente revelou que o tema surgiu após um amigo ligar e falar sobre um bloco de carnaval que estava vendo, e tocou a música “Eu queria que essa fantasia fosse eterna”, que é o título do enredo. “Um amigo da escola me ligou e falou que havia um bloco perto da casa dele e que tocou a música ‘eu queria que essa fantasia fosse eterna’. Logo, ele disse que daria um bom enredo. Pedi para ele levantar todo o tema e está aí toda essa coisa maravilhosa, que é mostrar que a nossa folia pode ser eterna. O carnaval começa em março do ano anterior e vai até fevereiro do outro ano ”, declarou.

Organização apesar das dificuldades

Segundo Maralice, apesar dos números reduzidos de funcionários para fazer carnaval, está tudo dentro do cronograma. A gestora também contou que a Paulicéia foi uma das primeiras agremiações a abrir a ‘Fupe’. “O Acesso 2 é um grupo que não tem uma verba muito grande. A gente não tem um contingente grande de trabalhadores. Aqui no galpão eu tenho um menino que cuida pra mim, o Francis. Ele que faz tudo, ele é contratado para tocar o galpão. Todo nosso trabalho começa em maio e junho no máximo, porque a gente acaba usando os trabalhadores do Especial e Acesso 1, que ainda não tem muito o que fazer. A gente vai contratando serralheiro, madeireiro, decorador… Todo mundo começa a trabalhar antes a nosso favor. Aqui nós estamos com o cronograma sendo cumprido à risca. O trabalho começou bem cedo. Imperatriz foi uma das primeiras escolas a abrir o galpão aqui na Fábrica 2”, disse.

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Alegria é o sucesso

Perguntada sobre o que esperar de melhor no desfile de 2025, a presidente deseja que as pessoas olhem para a escola com o carinho que o projeto será colocado na passarela. “Eu quero que eles se impressionem com o carinho que a gente faz as coisas. Aqui é tudo feito com muito carinho. Se você prestar atenção, tudo é detalhadamente feito. A gente faz tudo com muito amor, com muito carinho e com alegria. Eu quero que o pessoal veja o carinho que as coisas foram feitas não só aqui no barracão, mas os ensaios e o tratamento com as pessoas”, finalizou.

Série Barracões SP: Unidos de São Lucas mira Grupo Especial após ascensão meteórica

A Unidos de São Lucas vive um momento de euforia. Após subir para o Acesso 2 em 2024, como vice-campeã, e conquistar a promoção ao Acesso 1 em 2025, a escola de samba da Zona Leste de São Paulo já mira o Grupo Especial para 2026. Com o enredo “Ijechá”, que aborda ancestralidade e religiosidade afro-brasileira, a agremiação será a primeira a desfilar no Acesso 1 no dia 2 de março. Em visita ao barracão, o CARNAVALESCO conversou com o carnavalesco Fernando Dias, que detalhou os preparativos e a ambição da escola.

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Fernando Dias revelou que a seleção do enredo envolveu três propostas: uma do presidente da escola, uma sua e outra do diretor de carnaval. A ideia vencedora veio do diretor. “Quando eu li a ideia, comecei a viajar. Eu sou da religião, então o arrepio veio. Não teve jeito: se você é da religião e quer falar dela, é muito importante. Vamos manter a nossa cultura”, afirmou.

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Sobre os desafios da pesquisa, o carnavalesco destacou a complexidade de condensar uma história extensa em poucos minutos de avenida. “Não temos tempo para falar tudo, mas o tema tem força. Outras agremiações também abordarão aspectos similares, cada uma à sua maneira”, completou.

Motivação coletiva e conquistas recentes

A trajetória recente da São Lucas — do Acesso 2 ao Acesso 1 em dois anos — alimenta a confiança da comunidade. “O clima na quadra é de preparação para um dos maiores carnavais da nossa história. Nossa comunidade vem ensaiando há meses. No ensaio técnico, vi o trunfo dela: todos os setores presentes, cantando. Foi mais do que eu esperava”, disse Dias.

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Sobre o vice-campeonato de 2024, o carnavalesco foi enfático: “Não vou dizer que não esperávamos. Trabalhamos para isso. Foi uma surpresa para muitos, mas, como diz meu presidente, fizemos a lição de casa. A escola está confiante para subir mais um degrau em 2026. Não é impossível”.

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Estrutura do desfile: ancestralidade, religiosidade e cultura

O desfile será dividido em três setores. O primeiro abordará a ancestralidade ligada a Oxum, orixá das águas doces. “Abrimos com a ancestralidade que traz de lá, com toda a história, todo o ritmo criado para Oxum”, explicou Dias.

O segundo setor representará a transformação da religiosidade africana em manifestações brasileiras. “É quando chega na Bahia e vira nossa religião, o candomblé. Na época não podia, então surgiram os afoxés, os Filhos de Gandhi”, contextualizou.

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O encerramento celebrará a influência multicultural do Ijechá. “Fechamos com o que ele inspirou: maracatu, bumba meu boi, música e até o samba. Mantemos o nível até o final”, adiantou o carnavalesco.

Com a comunidade “de sangue nos olhos”, nas palavras de Dias, a São Lucas busca não apenas um título, mas consolidar-se como protagonista de uma cultura que, agora, desfila com orgulho na avenida.

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Ficha Técnica
Três alegorias com tripe e um pede passagem
14 alas
1000 componentes

Ingressos populares para os desfiles do Grupo Especial Carnaval 2025 começam a ser vendidos nesta quarta

O público que deseja vivenciar de perto a emoção dos desfiles do Grupo Especial no  Carnaval 2025 poderá garantir ingressos para as arquibancadas populares a partir desta quarta-feira, às 10h, exclusivamente pela plataforma Ticketmaster Brasil. As vendas serão realizadas online, por meio do site www.riocarnaval.com/ingressos – basta acessar a página e clicar na opção “Arquibancadas”.

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Foto: Léo Queiroz/Rio Carnaval

Os ingressos populares para os setores 12 e 13 terão o valor de R$ 10 (R$ 5 a meia-entrada) por dia de desfile. Será possível adquirir entradas para todas as noites competitivas – domingo (2/3), segunda-feira (3/3) e terça-feira (4/3) –, além do Sábado das Campeãs (8/3), quando as seis melhores escolas de samba retornam à Sapucaí para a grande celebração do carnaval.

Serviço – Venda de Ingressos
Arquibancadas populares (setores 12 e 13)
Quando: a partir de quarta-feira, 12 de fevereiro, às 10h
Onde: www.riocarnaval.com/ingressos (plataforma Ticketmaster Brasil)
Valores: R$ 10 (inteira) | R$ 5 (meia-entrada)
Datas disponíveis:
• 2 de março (domingo) – Desfile do Grupo Especial
• 3 de março (segunda-feira) – Desfile do Grupo Especial
• 4 de março (terça-feira) – Desfile do Grupo Especial
• 8 de março (sábado) – Desfile das Campeãs

Apuração do Grupo de Acesso II da Liga-SP será no domingo

Em primeira mão, o CARNAVALESCO obteve a informação de que a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) novamente alterou a data da apuração do Grupo de Acesso II – terceira divisão do carnaval da cidade. Agora, ela será realizada no domingo (23 de fevereiro), às 19h (Horário de Brasília).

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Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Anteriormente, a reportagem do CARNAVALESCO já obteve a informação que, pela primeira vez desde quando o terceiro pelotão passou a ser organizado pela Liga-SP (em 2018), e não mais pela União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), a apuração seria em data diferente dos demais grupos organizados pela instituição. O que estava programado, entretanto, era a definição da classificação de tal grupo na segunda-feira (24 de fevereiro), também às 19h, na Fábrica do Samba.

Bateria da Imperatriz faz ensaio energético e um dos melhores de mestre Lolo no setor 11

A bateria “Swing da Leopoldina” (SL) da Imperatriz Leopoldinense realizou na noite de segunda-feira seu ensaio do setor 11. O treino no campo oficial de jogo serviu para dar confiança e um gás a mais para o ensaio técnico da escola, que está marcado para o próximo sábado na Sapucaí.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Em bate papo informal após o ensaio do setor 11, mestre Lolo exaltou a possibilidade de fazer mais esse treino e revelou ter ficado satisfeito com o resultado final, que juntou um quórum considerável da bateria “SL” e foi importante para os ajustes finais visando um bom desempenho no sábado. É possível dizer que a largada do samba da Rainha de Ramos será um dos pontos altos de todo o carnaval carioca, graças ao entrosamento musical entre carro de som e ritmo, além de uma energia única que cada ritmista e componente tende a colocar naquele momento. Mesmo com tanta pressão nesse início, o maior mérito da bateria da Imperatriz foi controlar a emoção e euforia para não subir o ritmo correndo, fato que deixou o samba-enredo num andamento confortável durante todo o ensaio.

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Interpelado sobre se essa é a maior fase musical da história da Imperatriz, mestre Lolo preferiu educadamente se esquivar. Disse trabalhar visando potencializar o samba-enredo, além de pensar sempre no componente da escola nas suas criações musicais. Mesmo sendo constantemente elogiado pela fase atual da bateria “Swing da Leopoldina”, sua postura é comedida e humilde diante disso. Seu objetivo, portanto, é fazer um trabalho bom para todos, sejam diretores, ritmistas, desfilantes ou mesmo torcedores da escola. O caminho atual parece estar agradando em cheio a maioria dos envolvidos.

Perguntado se o clima lá no alto da bateria da Imperatriz, sempre descontraída e irreverente, tem influenciado positivamente as exibições, mestre Lolo é taxativo em responder que sim. Diante de uma grande doação de tempo, além dos gastos gerados e um acúmulo de ensaios considerável uma exigência do mestre é que seus ritmistas se divirtam pela pista.

O clima de felicidade da bateria “SL” nos ensaios, pouco a pouco, foi contaminando positivamente a agremiação, além do próprio bairro e suas adjacências. Hoje é possível decretar que estamos diante de uma Imperatriz Leopoldinense bem mais feliz. Mestre Lolo credencia a vinda de Leandro Vieira como carnavalesco e a chegada de Pitty de Menezes como voz oficial da escola como pontos altos nessa virada de chave emocional. A partir daí, segundo o mestre, a esperança foi renovada com a certeza que os dias melhores voltariam.

A outrora “certinha de Ramos”, escola taxada de técnica e fria é um pensamento hipócrita e preconceituoso que definitivamente não condiz de forma alguma com a Imperatriz atual, tão energética e cada vez mais visceral. Lolo sacramenta que o abraço da comunidade segue tão intenso, que os ensaios de rua aos domingos têm lotado de um modo que fica difícil até de andar pelo bairro. Sinal de que feliz e Imperatriz deixou de ser possibilidade de rima para sambas, se transformando numa cultura carnavalesca local ativa repleta de entretenimento musical e diversão popular.

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Questionado se o intérprete Pitty de Menezes foi o melhor puxador com quem trabalhou, o mestre diz respeitar imensamente todos os cantores que já atuaram com ele, mas confirma que o casamento musical com Pitty se tornou o mais diferenciado e ritmicamente entrosado que já vivenciou. Lolo também elogiou o fato de Pitty mesmo sendo mais novo, ter uma vibe mais pra cima e principalmente uma mentalidade humilde, capaz de ouvir seus conselhos e apurar sua musicalidade de acordo com os interesses musicais da “Swing da Leopoldina”. É nítido como o trabalho de ambos deu liga, produzindo ótimos resultados e gerando momentos de verdadeiro encantamento energético e musical.

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Mestre Lolo diz estar sem dúvida muito feliz comandando a bateria da Imperatriz, nessa nova fase da escola, além de sentir que está escrevendo seu capítulo mais bonito numa linda história. Confessou que o início foi inseguro, mas depois da queda e principalmente da forma que a escola se reergueu tudo corroborou para que a energia da própria agremiação passasse por uma melhora gritante. Mais do que ser mestre de bateria e ter gratidão por essa oportunidade, mestre Lolo demonstrou também bastante orgulho de fazer parte de uma autêntica família, onde se sente abraçado e diz ver os relacionamentos humanos entre os próprios integrantes no dia a dia do barracão se solidificarem e florescerem.

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Sobre o ensaio do setor 11, Lolo diz ser uma oportunidade interessante para fazer algumas avaliações técnicas. Se as ideias pensadas como arranjos ficaram bem casadas com a acústica peculiar da Sapucaí e se o andamento pensado para o desfile ficou confortável para a melhor execução de todos os naipes pela pista de desfile. O treino foi aprovado com louvor pelo mestre, que inclusive afirmou que pode ter sido seu melhor ensaio de setor 11 já realizado com a bateria da Imperatriz.

‘Comunidade pode esperar um carnaval alegre, vibrante, com bastante efeitos’, diz diretor da Vila Isabel

O diretor de carnaval da Vila Isabel, Moisés Carvalho, conversou com o CARNAVALESCO e falou da relação de amizade e trabalho com o carnavalesco Paulo Barros e os sete anos no comando da direção de carnaval da escola de samba do bairro de Noel.

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Foto: Gabriel Radicetti/CARNAVALESCO

“A gente veio junto pra Vila em 2017. Depois, ele foi passear em outras escolas e a gente se reencontrou há três carnavais. Acabamos construindo uma relação paralela fora do carnaval e aí fica fácil o trabalho. O Paulo está muito feliz com esse enredo. A prova é ele nos ensaios de rua, da 28 de Setembro. A comunidade pode esperar para 2025 um carnaval alegre, vibrante, com bastante efeitos. É o meu sétimo ano na Vila Isabel. Vou, este ano, com dedicação total, como no ano passado, ano retrasado. Eu brinco que, quando a gente não achar que estamos brigando para ser campeão, está na hora de parar. Enquanto o trabalho estiver sendo bem feito, sendo construído para brigar pelo título, o sentimento é de que a gente está no caminho certo”, disse Moisés.

O dirigente da Vila iniciou sua trajetória no Carnaval em 2001, na Porto da Pedra, como diretor de harmonia. Assumiu, pelo Tigre de São Gonçalo, a posição de vice-presidente em 2007. Mais tarde, após um afastamento temporário do mundo do samba, foi convidado a integrar a equipe da Portela. O que se mostrou, a princípio, uma relação complicada ganhou novos contornos com a conquista do título de 2017. Na ocasião, sob o comando artístico de Paulo Barros, a escola de Oswaldo Cruz apresentou o enredo “Quem Nunca Sentiu o Corpo Arrepiar ao Ver esse Rio Passar”, baseado na canção de Paulinho da Viola.

Paulo Barros é creditado como aquele que insistiu para que a Portela não despedisse Moisés – e também como o responsável pelo ingresso do diretor de carnaval na escola de Noel, no ano seguinte ao título da Majestade do Samba.

É certo, porém, que nem todas as propostas do carnavalesco deram certo na avenida. Ano passado, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel, Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, foi bastante penalizado pelos jurados, com três notas 9,8 e uma nota 9,9. A razão, segundo os avaliadores, foi a fantasia de led, que, além de ter apagado, dificultou a visualização da performance dos dançarinos.

“A escola esse ano não vai mexer no quesito casal. Eles vêm tradicional”, prometeu Moisés.

Apesar disso, no barracão, onde a entrevista aconteceu, a majestosidade e colorido das alegorias impressionam. Destacam-se, também, estruturas e engenhocas aparentes, numa marca já conhecida de Paulo Barros.

“É óbvio que tem carros que acontecem dentro do barracão, mas 90% do carnaval do Paulo só acontece no dia do desfile. Muita gente entra aqui dentro do barracão e não entende, mas como a gente conhece o projeto num todo, a gente acaba entendendo qual é o produto final, que só vai acontecer na Sapucaí, com as pessoas, com a luz, com os efeitos”, explicou o dirigente.

A iluminação, aliás, foi destacada como um dos elementos a serem explorados no desfile da Vila. Ano passado, apresentações elogiadas, como a da Viradouro e Grande Rio (primeiro e terceiro lugar, respectivamente), tiraram proveito desse recurso.

“Não tem como hoje a gente pensar na Marquês de Sapucaí sem utilizar o efeito da iluminação. Ela, hoje, é uma realidade em qualquer projeto. A gente vai usar em vários pontos. Complementa o espetáculo e dá mais brilho nas alegorias, em algumas fantasias, comissão de frente. É um efeito que veio para ficar e a Vila vai fazer uso com certeza”, garantiu Moisés Carvalho.

Por fim, o diretor de carnaval da Vila Isabel falou sobre o samba-enredo deste ano, que já está na boca da comunidade e vem se provando, nos ensaios de rua, um grande acerto da escola.

“A gente escolheu esse samba estrategicamente, por acreditar na potência e na funcionalidade do samba. Não só a comunidade, mas ao passar pela 28 (de Setembro, via onde ocorre os treinos), você vê todo o público cantando. O samba foi abraçado não só pelo componente, mas pelo público. Um samba alegre e divertido, escolhido em função do desfile que a gente quer apresentar”, finalizou Moisés.

Comunidade engajada! Tuiuti canta com força, vontade e pisa firme na rua em ensaio

O Quilombo do Samba teve seu chão como grande destaque da noite da última segunda-feira, impactando pela potência do canto de deus componentes ao longo da apresentação pelas ruas de São Cristóvão, o Tuiuti fez mais um potente ensaio de rua rumo ao Carnaval 2025. A agremiação passou bem animada com a guia de seu intérprete Pixulé. A escola será a segunda a desfilar na terceira noite de desfiles do Grupo Especial, levando para a Sapucaí o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?” do carnavalesco Jack Vasconcelos.

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“O ensaio vem mantendo uma toada muito boa de crescimento, de amadurecimento. A escola está dando a resposta de que a gente precisa, de que a gente está cobrando, ou seja, o canto está funcionando muito bem, a bateria funcionando muito bem, o conjunto, bateria, carro de som, funcionando muito bem. Assim, é óbvio que nunca está preparado para o desfile oficial, mas a gente está bem próximo disso”, afirmou Rodrigo Soares, um dos diretores de carnaval da agremiação.

“Venho falando sempre sobre os nossos ensaios aqui no Campo de São Cristóvão, onde vai se aperfeiçoando, melhorando muito mais. Hoje tivemos um canto muito mais forte de todos os outros ensaios, estamos nos preparando com mais força para o dia 21, para que possamos entrar na Marquês de Sapucaí e abrilhantar aquela noite, para aí, no dia 4, também fazer história”, afirmou André Gonçalves, outro dos diretores de carnaval da escola.

Comissão de frente

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A apresentação dos integrantes da comissão de frente, comandada por Cláudia Mota e Edifranc Alves, trouxe mais uma vez detalhes da coreografia apresentada no minidesfile, porém, agora se preocupando em mostrar algo para o público presente pelas ruas do bairro do Tuiuti. Com seus integrantes divididos entre Xicas e inquisidores, a coreografia, já conhecida, demonstra as Xicas resistindo a todo tipo de preconceito ao longo dos anos na figura dos homens que possuem o poder. A comissão, teve senão todos, quase todos os integrantes participando da apresentação, feita para o público presente e bem empolgado, onde os passos iniciam recebendo uma entidade ou orixá, passando pelas incorporações de Xica, e encerrando mostrando como a história veio preservando este legado apesar das perseguições.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Raphael e Dandara, mais uma vez, atravessaram a rua com muita elegância e suavidade, durante este treino do Tuiuti. Raphael dançou bem com sua porta-bandeira, demonstrando nos movimentos muita segurança e agilidade nos giros e nos outros passos que a dança carrega, em especial na apresentação para dos módulos do júri deste quesito. A porta-bandeira da agremiação demonstrou muita segurança em seus passos, como giros e idas e vindas para ocupar bem o espaço de apresentação do casal durante a apresentação no espaço relativo à cabine dos jurados. A dupla estava bem sincronizada com passos tradicionais e interpretativos da letra do samba.

Harmonia

O Quilombo do Samba entoou a plenos pulmões, explodindo em alguns momentos, o samba para o próximo carnaval. De forma total, o hino da escola para 2025 ecoou por São Cristóvão com os componentes sustentando durante todo o treino nas ruas do bairro Imperial, e defendendo musicalmente a obra e sua mensagem de tolerância e respeito às pessoas trans. O carro de som comandado por Pixulé, em mais um início de semana, foi primordial para auxiliar a comunidade a cantar, em especial nos dois paradões que a escola realizou, literalmente em sequência, um com o outro, incentivando os integrantes, mais uma vez, a cantar o samba.

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“Hoje foi um ensaio maravilhoso, a comunidade toda cantando, calando a boca de muita gente, de que a escola não canta. Hoje provou que a escola toda está cantando o samba, e não só a escola, mas todo o público presente está com samba na ponta da língua. E o ensaio foi maravilhoso, o encaixe com o carro de som e bateria foi perfeito. Se o desfile for amanhã, estamos prontos”, afirmou Pixulé ao CARNAVALESCO.

Evolução

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O Tuiuti teve uma evolução bem tranquila ao longo da pista. Os componentes estiveram bem soltos ao longo da apresentação na rua, empolgados e cantando, evoluindo sem deixar de lado a organização das alas, utilizando de leques e bandeiras, além de algumas alas que já vinham com alguns objetos específicos nas mãos. Esta funcionou bem mais uma vez para evitar o entroncamento dos integrantes de cada parte da escola do morro do Tuiuti. A evolução também fluiu bem com as alas coreografadas que vieram dentro do ritmo do dia no treino da agremiação demonstrando confiança nas performances apresentadas.

Samba-Enredo

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A obra, composta por Cláudio Russo e Gustavo Clarão, demonstrou mais uma vez seu potencial com a comunidade cantando. Não houve erros aparentes dentro do cantar da letra do samba, marcando muito alguns trechos mais fortes durante o ensaio como o “Eu, travesti / Estou no cruzo da esquina / Pra enfrentar a chacina / Que assim se faça”, onde a escola cantava com mais força reforçando a importância do hino de 2025 para o desfile como um todo.

Outros destaques

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A bateria “Super Som” do Paraíso do Tuiut, comandada por mestre Marcão, foi um dos destaques, tendo seus dois paredões como um dos momentos mais fortes do ensaio, deixando o povo cantar. A rainha Mayara Lima esbanjou presença e simpatia, além do samba do pé,

Série Barracões SP: Torcida Jovem se inspira em São Luís e mira título do Grupo de Acesso II

A meta da Torcida Jovem é, claramente e explicitamente, retornar ao Grupo de Acesso I já em 2026. Para conseguir tal objetivo, a escola terá como enredo “Na Capital do Reggae, onde a natureza canta e o mundo se encanta. São Luís do Maranhão” e será a quarta escola a desfilar no Grupo de Acesso II – que terá seu desfile realizado no dia 22 de fevereiro. Os motivos pelos quais a cidade ludovicense será homenageada e mais algumas particularidades da exibição foram explicados por um dos integrantes da Comissão de Carnaval da agremiação em uma reportagem exclusiva.

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O CARNAVALESCO visitou o barracão da Torcida Jovem e conversou com Evandro Guedes, diretor de carnaval e um dos integrantes da Comissão de Carnaval da instituição. Além de conferir o andamento da produção do desfile, a reportagem se surpreendeu e buscou entender um pouco de como está sendo o ciclo da instituição.

Pragmatismo na decisão

A primeira surpresa da reportagem veio logo na primeira pergunta da entrevista. Ao ser perguntado sobre o motivo pelo qual a capital maranhense foi escolhida como enredo, Evandro não se furtou a dizer que o resultado balizou tal escolha: “A ideia surgiu, primeiro, por ser um carnaval campeão. Eu venho falando dentro da escola que todas as outras agremiações que falaram de São Luís do Maranhão obtiveram sucesso e êxito. Isso animou a gente ainda mais vindo de um descenso do Grupo de Acesso I. A gente quer lutar para voltar. A primeira inspiração foi essa. Tiveram outras ideias; mas, quando foi falado de São Luís do Maranhão, a gente optou justamente por isso primeiramente. Depois, o nosso grupo deixa com que a gente possa usar algumas peças de algumas outras agremiações – obviamente que totalmente reformadas, totalmente modificadas. Isso acabou barateando um pouco o nosso carnaval – apesar de ser um carnaval bem caro. A inspiração também veio por conta do barateamento do carnaval e também da ascensão das outras escolas falando de São Luís do Maranhão. Por ser uma terra bem rica de cultura, em que falam de três países que tentaram a invasão (Portugal, França e Holanda), a gente concluiu o ciclo para a escolha do enredo. A gente optou por fazer esse enrendo também visando baratear o carnaval, mas o carnaval que a gente pensou que ia ser barato está o triplo do que a gente imaginava. Acontece. É basicamente isso, a riqueza da cultura lá é muito bacana, a gente conseguiu unir o útil ao agradável através disso”, confessou.

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Pouco depois, ele falou um pouco mais sobre o que, culturalmente, mais o encantou sobre São Luís: “O que chamou bastante atenção nas nossas pesquisas foi a parte da chegada dos invasores. Até então, por mais que eu conhecesse um pouco da parte cultural e da vida, eu não conhecia profundamente São Luís do Maranhão. Quando eu vi os três países, me choquei. Como assim? Os portugueses colonizaram e ficou como Portugal o símbolo maior na época, mas franceses e holandeses também queriam. Isso chamou bastante atenção, três países tentando invadir uma terra e chegaram os três a estar na mesma terra – mesmo com Portugal se destacando. A gente vai usar e abusar bastante desse setor aí, que é o setor dos três países que invadiram”, comentou.

Trabalho em conjunto

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Desde o primeiro instante em que pisou no barracão da Torcida Jovem, a reportagem ouviu sobre o quanto o trabalho desenvolvido na instituição é coletivo. O processo para a escolha do samba-enredo (composto por Turko, Rafa do Cavaco, Maradona, Imperial e Fábio Souza), por exemplo, também teve participação ativa não apenas da Comissão de Carnaval – mas, também, do diretor musical e mestre da Firmeza Total, Mestre Caverna: “Tudo que a gente vai fazer, a gente se junta. Se já escolhemos o tema, o próximo processo é a escolha do samba. Nos últimos anos, de 2020 para cá, quando a gente falou de Jair Rodrigues, depois Bela Vista, depois da Iemanjá e depois da nação bantu, a gente procurou ter uma cautela muito grande em relação ao samba: é o samba quem vai animar o povo, é o que vai animar a nossa agremiação. Por mais que, às vezes você consiga fazer um samba médio e você consiga animar seu povo, talvez você não consiga animar o quanto você precisa na avenida. Nesse ano a gente tomou um cuidado tão grande que o nosso samba chegou para a gente uma semana antes da apresentação na Fábrica. Ele foi muito bem mapeado e foi muito bem elaborado, cada detalhe dele foi inteiramente pensado. Tanto que, hoje, a gente já tem o nosso povo com o samba decoradíssimo. Creio que 98% do nosso povo que está indo para os ensaios já está com o samba bem gravado na mente. A gente tem, na minha opinião também, o melhor samba do Grupo de Acesso II – não desmerecendo agremiação nenhuma. Falo isso até mesmo ouvindo a opinião de outras pessoas, até de outras agremiações com quem a gente conversa bastante: já falaram que o nosso samba está muito pesado, está muito bom. Foi tudo muito bem planejado, muito bem elaborado. Tudo isso graças ao nosso Mestre Caverna e a toda a escola”, agradeceu Evandro.

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O diretor de carnaval também aproveitou para explicar como funciona o trabalho da Comissão de Carnaval da TJ: “Nós temos um Departamento Cultural que cuida das pesquisas. Tem uma outra pessoa que cuida da parte financeira, outra que cuida só de compras, outra parte que cuida só do barracão, monitorando e até avaliando o espaço, vendo o que eles precisam e todas as necessidades do barracão. A gente zela muito pelo barracão porque, em uma escola de samba, o principal, na minha opinião, é o barracão: é o que dá o luxo para o carnaval, é lá onde ficam as alegorias – e é onde mais se gasta no carnaval, em alegorias. Cada setor tem uma função. Mas, na verdade, uma vez por semana, pelo menos, junta toda a Comissão de Carnaval – que é composta pelo Jeh, pelo Luan, pelo Nico, pelo China e por mim, Evandro. A gente se une pelo menos uma vez por semana e, a cada quinze dias, faz aquela reunião maior para discutir parte financeira, compras, ver o que está faltando de material, quais são as necessidades básicas para a gente melhorar o barracão – a gente está sempre cuidando disso. Basicamente, cada um tem um setorzinho que cuida de tudo. Da parte cultural quem cuida já há um tempinho é o Caverna: ele é um cara bem estudioso e ele ajuda na confecção do enredo. Praticamente todo o enredo de 2024 veio dele e, em 2025, ele ajudou bastante – principalmente na escolha do samba, já que quem estava envolvido em outros processos era eu. Ele é o nosso diretor musical, ele quem cuidou de muita coisa nesse samba. Ele é um cara bem conceituado e, pelo que a gente ouve nas bocas por aí, esse é o melhor samba do Grupo de Acesso II”, comentou.

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Dentre os nomes citados, vale destacar Jeh – no caso, Jefferson Silvano, também presidente da agremiação. China é o apelido de Sergio Yamaoka, enquanto Nico é Sergio Leal Mendes. O último citado não possui apelido: Luan Lima de Croce.

Imprevistos no caminho

Como infelizmente acontece com frequência no mundo do carnaval, ao menos um fator externo foi um desafio para a Torcida Jovem na confecção do desfile de 2025: a alta do dólar – e o consequente encarecimento de produtos ligados à folia: “Quando a gente começou o nosso carnaval, em setembro, as coisas tinham um valor. Teve uma alta do dólar e isso acabou prejudicando bastante a gente porque nós tínhamos uma planilha de custos. Quando vai chegando perto do carnaval, que você vai olhando e precisa comprar um material que custa 300, ele passa para 350. É fácil falar que você devia ter comprado mais antes, mas você não tem o dinheiro para comprar mais lá atrás porque o dinheiro vem fracionado. O que complicou um pouco foi essa alta do dólar, também. As coisas vão encarecendo, todo mundo compra determinado material – cola, por exemplo, todo mundo compra, então a cola começa a faltar um pouquinho mais no mercado; e, quando chega, já chega um pouquinho mais caro, porque o próprio fornecedor, acaba aproveitando a situação. Isso é natural, também: se a gente fosse comerciante, a gente faria a mesma coisa. Estão comprando de monte, eu vou aumentar um pouquinho – nem que seja vinte ou dez reais. A parte financeira atrapalhou um pouco e vem atrapalhando um pouco a gente, mas a gente vai colocar um carnaval luxuoso, com a intenção de mostrar que ter caído no ano passado foi um acidente e que a gente não quer passar por aquilo de novo. A gente quer voltar pro Grupo de Acesso I respeitando todas as outras agremiações. É um jogo que eu acho que as dez querem ganhar e eu também quero. Segundo também está bom, não precisa se ganhar todo ano, não. Só ficar em segundo também está valendo”, brincou Evandro.

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Fio condutor misterioso

Ao ser perguntado sobre como seria a setorização do desfile da Torcida Jovem, Evandro preferiu fazer segredo: “É uma parte que eu não queria muito falar, porque aí eu vou estar dando um pouquinho de arma para os meus concorrentes. Mas eu acho que quem já escolheu a forma como vai vir, não vai mais mudar. A gente vai vir da comissão de frente até o encerramento da nossa escola contando, passo a passo, a história que a gente vem falando, de São Luís do Maranhão. Isso vem desde a comissão de frente, casal, ala coreografada, carro abre-alas… eu não devia falar, mas isso até acaba facilitando um pouco a vida do jurado. Ele vai olhar e ver a história. Quando a gente manda a pasta para ele, o jurado vai saber tudo certinho o que está sendo contado ali na avenida. Ele não vai se perder. Quando fica uma coisa ali e outra coisa aqui, você acaba prejudicando um pouquinho a parte do jurado. Ele vai olhar aqui, depois ele vai olhar lá e tudo ele vai verificar se está certo, se está dentro do contexto. Quando você põe o enredo assim, de forma linear, fica mais fácil até para o jurado apurar a agremiação”, disse, aproveitando para destacar que o desenvolvimento da exibição está bastante claro para cada um dos jurados.

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Trunfos evidentes

Se a setorização é uma surpresa para o leitor do CARNAVALESCO, Evandro fez questão de destacar dois dos maiores trunfos que a agremiação terá no desfile de 2025: “Sinceramente falando, eu tenho dois pontos de destaque. O primeiro deles são as nossas alegorias: eu acho que elas, quando elas estiverem todas prontas e montadas no Anhembi, vão chamar muita atenção. Isso aí é fato. E eu também acho que um fator predominante para esse carnaval da Torcida Jovem vai ser a nossa parte de Harmonia, o nosso canto. Eu acho que o nosso canto vai ser algo até um pouquinho superior que as próprias alegorias quanto aos trunfos, porque a nossa escola está cantando muito, a nossa escola está muito bem, está cantando claramente. Não tem ninguém mascando chiclete. isso vai ser o maior trunfo da Jovem esse ano”, finalizou.

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Mirandela vira terreiro de Laíla! Casal e canto forte se destacam em ensaio de rua da Beija-Flor

Por Marielli Patrocínio e Marcos Marinho

Era fim de noite na Avenida Mirandela, a principal rua de Nilópolis, quando começava a ansiedade do público pelo último ensaio de rua. De todos os lados, vinham passos apressados, sorrisos ansiosos, vestindo camisas azuis e brancas com o orgulho de quem sabe que carrega no peito mais do que uma paixão: uma tradição. A Beija-Flor ia tomar conta da rua. Após a passagem da Unidos de Padre Miguel, convidada do evento intitulado como “Encontro de Quilombos”, que celebra a comunhão entre as escolas coirmãs, o público, encantado, se misturava ao ensaio da agremiação nilopolitana. Crianças sambavam com sorrisos abertos, senhoras balançavam bandeirinhas com as mãos e os jovens gravavam cada segundo em seus celulares para que momentos como aquele não fossem esquecidos.

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“O povo caiu dentro. Eu também quero parabenizar a Unidos de Padre Miguel, que fez um belíssimo ensaio. O pessoal estava feliz e transferiu essa felicidade pra gente. Foi maravilhoso. Mais um ensaio perfeito, graças a Deus”, comenta Rodney, mestre de bateria da Beija-flor.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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No meio de um mar de energia, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso, roubou os olhares e foi completamente ovacionado pelo público presente. Eles dançavam como se flutuassem, apesar do asfalto duro sob os pés. O mestre-sala Claudinho, desenhava passos elegantes com bastante precisão. A porta-bandeira, Selminha, segurava o pavilhão com muita segurança e leveza de que só quem entende a responsabilidade daquele símbolo pode ter, apresentando seu tradicional bailado acrescentado com curtas coreografias que fazem referência a trechos do samba-enredo. Os dois vestiam trajes em tons de azul.

Harmonia

Em um só coro, como se fosse uma única voz, a harmonia não desafinava e se manteve firme do início ao fim. Não se tratava apenas da afinação entre voz e bateria, mas também estava nos olhares emocionados, nos braços erguidos ao céu e nas palmas sincronizadas.

Evolução

O quesito evolução, que às vezes passa despercebido, brilhou com protagonismo no último ensaio de rua da Beija-flor. Cada segmento da escola avançava em perfeita sincronia, sem atropelos e com muita fluidez. Os componentes tornaram a Mirandela viva e pulsante, principalmente a bateria soberana, comandada pelo mestre Rodney.

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“Como sempre, eu sou suspeito em falar, mas hoje foi perfeito. Até o box que a gente tem dificuldade, porque é muito estreito, a gente conseguiu fazer. Sem nenhuma anomalia, sem nenhum problema. A bateria se sustentou o tempo todo. Foi perfeito e é o encerramento dos desfiles na Mirandela”, afirma Rodney, mestre de bateria.

Samba

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O samba-enredo fortemente cantado, já encontrava morada nos lábios dos componentes e de quem ali estava. Cada verso era entoado com a força de uma convicção. O trecho “Dobram atabaques no quilombo Beija-flor, terreiro de Laíla, meu griô” foi devidamente colocado em evidência durante as paradinhas da bateria, somente acompanhado pelos sons de atabaques e pelas vozes da comunidade nilopolitana.

“Eu posso falar que Laíla é meu criador. Eu sou uma criatura dele. É muita emoção. Já no ensaio técnico, no primeiro, a emoção tomou conta, não só de mim, mas de toda a bateria. O Laíla merece todas as homenagens da escola, assim como o Joãozinho Trinta, o Neguinho, que vai se despedir, é o último desfile dele. A gente vai com muita emoção, muito carinho, toda a ternura possível pra ele. Nós vamos homenagear todos os sambistas que estão homenageando ele, e a Beija-Flor está fazendo esse papel, homenageando todos os sambistas”, comentou mestre Rodney.

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Outros Destaques

Sempre muito esperada na Mirandela, a comissão de frente não se apresentou no último ensaio de rua da agremiação. Porém, o ator Samuel Assis, integrante da Beija-Flor desde 2024, foi um dos grandes destaques da noite. Com muita ginga, samba no pé e na ponta língua, um carisma indiscutível e muita emoção, passou por todo percurso interagindo com o carinho do público que tomou conta das calçadas, sendo aplaudido por toda comunidade nilopolitana.

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Comissão de Frente brilha com energia dos Orixás e UPM exalta resistência quilombola no ensaio em Nilópolis

Por Marcos Marinho e Marielli Patrocínio

A Unidos de Padre Miguel levou ao “Encontro de Quilombos”, promovido pela coirmã Beija-Flor, em Nilópolis, no último sábado, um ensaio repleto de simbolismo e energia, apresentando o chão macumbeiro da Vila Vintém. Com uma comissão de frente que evocou os Orixás com movimentos precisos e um samba-enredo que celebrou a resistência e a festividade do povo do samba, a escola emocionou o publico na Mirandela. A harmonia do canto e o entrosamento entre o mestre Dinho e a rainha Dedê Marinho foram pontos altos da apresentação, que, apesar de oscilações na evolução, deixou claro o compromisso da agremiação com suas raízes e tradições.

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Os diretores de carnaval Cícero Costa e Lara falaram ao CARNAVALESCO sobre suas avaliações do ensaio.

“Apesar de ter sido uma festividade e não ter sido na rua que já conhecemos, o ensaio foi perfeito. Uma rua nova pra gente, mas eu gostei muito do andamento da escola, do canto, que é sempre bom. A gente vai procurar acertar mais alguns detalhes até o dia do desfile, temos mais um ensaio técnico no dia 21, com som e luz. Eu acredito que também vai ser mais uma preparação importantíssima. Para a escola, ainda mais que vai ter o som todo da avenida, onde a gente vai poder trabalhar mais o nosso canto, que acho que é o nosso ponto forte. A comunidade abraçou o nosso samba, todo mundo sabe que ela berra o nosso samba, e eu espero que isso aconteça no dia 21 e no dia do desfile”, declarou Cícero.

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“A gente está muito honrado em estar aqui. Eu, particularmente, sempre tive um carinho muito grande pela Beija-Flor e estar aqui em Nilópolis hoje é uma honra muito grande. Foi um ensaio, mas eu me diverti e não me liguei tanto em coisas técnicas hoje. A expectativa para o desfile oficial na Sapucaí é enorme, acho que a ansiedade está alta mas eu tenho certeza que a gente vai fazer um belo trabalho”, comentou Lara.

Comissão de Frente

A comissão de frente, coreografada por Sérgio Lobato, fez um grande Xirê na Mirandela. O grupo executou movimentos da dança dos Orixás, acompanhando o samba-enredo e homenageando o terreiro mais antigo em funcionamento no Brasil, a Casa Branca do Engenho Velho. Layla Diamante, vestida com pano da costa e colares de búzios, representou a mãe de santo da casa de axé. Com movimentos firmes e precisos, ela evocou a energia dos Orixás, que se fez presente nos 15 corpos da comissão. Na terceira cabine de jurados, a movimentação do grupo entrou em uma pequena arritmia com o andamento do samba, provavelmente devido à distância do carro de som. O descompasso foi rapidamente corrigido, e a comissão passou pela quarta cabine com ainda mais vitalidade.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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O casal formado por Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira apresentou uma dança repleta de giros e referências aos movimentos dos Orixás. Destaque para o mestre-sala, que riscou o chão da Mirandela com muita categoria e potência, sendo ovacionado pelo público. Seu nome ecoou entre o público presente durante as apresentações nas cabines de jurados.

Harmonia

O canto dos componentes da Unidos de Padre Miguel foi constante do início ao fim da apresentação. A escola cantou forte mesmo enfrentando problemas técnicos no carro de som durante o esquenta. Sob a liderança do intérprete Bruno Ribas, a agremiação fez uma dobradinha entrosada com a “Guerreiros”, do mestre Dinho, garantindo o suporte necessário para o canto dos componentes. Apesar da constância, a escola oscilou: a explosão inicial não se manteve com a mesma intensidade até o final. A harmonia assentou, mas não deixou de marcar presença em Nilópolis.

Samba

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O samba, composto por Thiago Vaz, W Correa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrosio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça Do Ajax, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Clá, transmitiu a força do chão macumbeiro da Vila Vintém. O trecho “Vovó dizia: sangue de preto é mais forte que a travessia” foi entoado com vigor pelos componentes da escola de Padre Miguel e pelos nilopolitanos, celebrando a resistência e a vitalidade dos quilombos de samba vermelho e branco e azul e branco.

Evolução

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A evolução da Unidos de Padre Miguel apresentou oscilações da metade para o fim do desfile, um ponto que ainda precisa ser trabalhado. Apesar de avançar com força pela Mirandela, a escola aumentou a passada dos seus componentes na etapa final do ensaio, o que exigirá ajuste até o segundo dia de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí

Outros destaques

A rainha Dedê Marinho e o mestre Dinho deram um show de entrosamento ao longo do Encontro de Quilombos. Em alguns momentos, na passagem da UPM, os dois dançaram juntos, acompanhados por alguns harmonias da escola. Em entrevista ao CARNAVALESCO, mestre Dinho avaliou a passagem da “Guerreiros” na Mirandela.

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“Foi um ensaio maravilhoso. Para mim, no caso, a bateria está pronta. Eu não vou colocar mais nada, não tenho nada para tirar, até porque a gente já está ensaiando bastante. Muito feliz, satisfeito com o trabalho, satisfeito com o convite, satisfeito com a aclamação do público, tanto da Beija-Flor como da UPM. Nota mil. Tudo prontinho, prontinho, prontinho”, declarou Dinho.

Já a rainha Dedê Marinho falou sobre sua relação com Dinho e seu entrosamento com o trabalho da bateria.

“Eu cresci na Unidos de Padre Miguel, então tem toda aquela conexão e consideração de família. O mestre Dinho me viu crescer na ala de passistas e eu sempre tive ele como tio, até hoje eu chamo ele de tio. Eu tenho esse tratamento de carinho. E a nossa conexão é porque eu participo de todos os ensaios da bateria, gosto de estar por dentro de tudo que está acontecendo. Se a bateria muda uma bossa, muda um detalhe, eu gosto de estar junto. A forma como eu demonstro o entrosamento com o trabalho do mestre Dinho é deixando reverberar toda a paradinha, todo o assento instrumental pelo meu corpo, no meu braço, na minha cabeça, no meu pé. E aí acho que a gente se conecta muito bem”, finalizou a rainha.