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Evoluiu! Nenê de Vila Matilde mostra força do canto da Zona Leste

Por Gustavo Lima e fotos de Will Ferreira (Colaboraram Lucas Sampaio, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)

Uma considerável melhora marcou o ensaio técnico da Nenê de Vila Matilde. Neste segundo treino no Anhembi realizado na última sexta-feira, o destaque principal ficou para o canto da comunidade matildense. Nitidamente, a escola sabe cantar o samba e está com ele na ponta da língua, diferente do primeiro técnico, onde havia certas dificuldades de volumes dentro de algumas alas, especialmente as finais. Agora, aparentemente, a diretoria trabalhou para corrigir e obteve êxito. A elegância do casal Edgar e Graci e a forte batucada da “Bateria de Bamba” também merecem destaque especial. Com o enredo “Um quê poesia e um tanto de magia, a arte de encantar o imaginário popular”, a águia da Zona Leste será a sexta escola a entrar na passarela pelo Grupo de Acesso 1.

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Comissão de frente

A comissão foi destacada por esbanjar simpatia pela pista. A dança era realizada com os bailarinos interagindo entre si e com o público. Caras e bocas eram feitas para as pessoas que estavam nas arquibancadas, mas com muitos sorrisos acima de tudo. A ala, que tem um tripé, foi pouco usado neste ensaio, mostrando que há ainda mais por vir no desfile oficial. Haviam dois personagens principais que realizavam movimentos teatrais que mexiam com os demais dançarinos. Entretanto, a característica principal do grupo cênico que abre os desfile da Nenê de Vila Matilde se destaca pelo total carisma, e toda essa coreografia foi realizada em uma passagem do samba.

Comissao de Frente

“É uma comissão que vocês vão conseguir sentir a essência dela no dia mesmo. Acho que a maioria é assim, mas algumas vocês ainda conseguem pegar alguma coisinha. A nossa eu acho que é muito envolvente e vai acontecer muito no dia. Todos vocês vão ver essa surpresa”, contou o diretor de harmonia Rodrigo Oliveira.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Edgar Carobina e Graci Araújo desempenhou um ensaio satisfatório. O percurso da dupla se notabilizou pela segurança, sem muita coreografia dentro do samba. Prezaram pelos giros e a extensão do pavilhão de forma correta. Com isso, o desempenho individual de ambos foi muito correto. Graci colocou intensidade nos giros e Edgar nos jogos de pernas e na elegância.

Casal III

Graci admitiu que estão priorizando as raízes do quesito, sem pensar em coreografia dentro do samba. “Esse último ensaio foi muito mais seguro do que o primeiro, porque a gente já tinha noção de espaçamento, do quanto a gente evoluía, decidimos fazer um pouco mais parado em relação à evolução. Portanto, nesse ensaio a gente teve certeza de que os ensaios que estamos realizando a fantasia vai ser gol no dia do desfile. A nossa coreografia nós optamos por muito volume de passos tradicionais. A gente não vem com nenhuma coreografia que não seja com passos do bailado raiz de mestre-sala e porta-bandeira”, disse a porta-bandeira Graci Araújo.

Casal II

“O ponto principal é a tradição, tentamos manter alguns movimentos, passos da tradição. Mesmo que as coisas tenham evoluído de lá para cá, a gente tenta buscar o máximo da origem da dança clássica. Fazemos essa dança clássica com um pouquinho de atualidade e bastante tradição. Nosso ensaio foi muito produtivo, foi melhor que o primeiro, a gente atingiu o nosso objetivo. Não foi 100%, mas esse é o nosso objetivo depois do dia 2”, completou o mestre-sala.

Harmonia

O canto foi o principal destaque da noite matildense no Anhembi. Não só por cantarem forte, mas também melhorar consideravelmente a atuação no quesito em relação ao primeiro ensaio. Os componentes estavam mais soltos, alegres e cantando o hino com aquela força conhecida da Zona Leste. Dá para afirmar que o canto da águia foi aquele sempre conhecido. O refrão principal, por fazer a escola explodir, se destaca perante aos demais versos.

Agnaldo e Carro de Som

O diretor de harmonia cita uma melhora na questão canto e evolução, e também declara que há ajustes, tendo que trabalhar sem parar até o dia do desfile. “Hoje tive uma percepção de uma evolução, de uma melhora do ensaio em relação ao outro. Eu acredito que o quesito evolução e harmonia, que são os dois quesitos que a gente vai treinar até o último dia sem parar, são quesitos que a gente evoluiu. Nós já tínhamos feito um trabalho pós-ensaio, um ensaio de rua na comunidade lá na Vila Matilde mesmo e foi positivo para o resultado, para entregar um melhor ensaio técnico hoje”, disse.

Evolução

Ala com

Seguindo a linha do quesito harmonia, a evolução foi descontraída neste último ensaio. As alas desfilaram de forma correta, compacta e com bastante alegria, cantando e dançando o samba. Não há coreografia dentro do samba. Existe apenas um efeito das alas no refrão do meio, onde nos primeiros versos os componentes balançam o corpo para trás e para frente.

Samba

Interpretado por Agnaldo Amaral, o samba-enredo da Nenê de Vila Matilde finalmente rendeu na avenida como o esperado. O carro de som por inteiro tem qualidade e deu qualidade para toda a escola. O desempenho do cantor se destacou por seguir uma linha reta, pois não realizou muitos cacos, apenas se preocupando com o andamento do samba e a sincronia com a bateria.

Aguia Pede Passagem

“Hoje foi um desfile, uma pancada. Eu gostei muito, foi legal, acho que passamos bem. O canto veio bem, ouvimos a escola cantando e agora vamos nos preparar pro o ‘gran finale’. Assim que é! Nenê de Vila Matilde é muita emoção, são 11 anos à frente desse microfone, oito no Acesso e eu não aguento mais Acesso. Nós temos que subir, e esse ano chegou a nossa hora, com humildade e todo respeito às coirmãs”, disse o intérprete Agnaldo Amaral.

Outros destaques

Ritmistas II

A “Bateria de Bamba” é um sucesso à parte da agremiação. Tem uma pegada que vem lá dos anos 70, 80 e se mantém até hoje. Um surdo potente dá o tom da batucada regida por mestre Matheus. Ele destacou o ponto alto do ensaio.

“O ponto de destaque da bateria é a bossa do VAR. Ela inicia no começo do refrão e a gente só para no início do debaixo, do meio do samba. Antes de a gente subir para o samba a gente tem um ‘axézinho’, um diferencial para a bateria. É uma bateria tão tradicional, mas a gente acabou inovando um pouco e ficou legal. Vamos fazer no dia do desfile sem medo, temos que arriscar, não tem jeito. É o carnaval e quem quer ser campeão tem que fazer isso mesmo”, declarou.

Veja mais imagens do ensaio

Mestre Matheus Mantega e Agnaldo Amaral Mais um Destaque de Chao Gabriela Ribeiro Gabriela Ribeiro II Embaixadora do Samba Destaque de Chao II Corte Mirim Convidados Componente Sorrindo Componente de Azul Carro de Som Nene Baianas Babalu II Agnaldo Amaral Ala com Ala das Criancas

Especial Barracões SP: Mocidade Alegre traz herança da África islâmica para contar a relação do brasileiro com seus objetos de fé

Do terço católico ao colar de contas, muitas pessoas carregam consigo um objeto religioso. Mesmo entre aqueles que são pouco devotos, a ideia de portar algum amuleto traz a sensação de proteção e transmite confiança para superar desafios. Mas de onde surgiu essa relação do povo brasileiro com tais itens? Foi ao conversar com o carnavalesco Caio Araújo, da bicampeã Mocidade Alegre, que o CARNVALESCO conheceu a história do enredo “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”.

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“Partindo de um objeto específico, que é a bolsa de mandinga, nós falaremos um pouco da formação do povo brasileiro e como ele constrói essa relação com os seus objetos de devoção, com seus amuletos, com aquela fé que carregamos no pescoço. Nosso enredo vai traçar uma linha histórica para entendermos de onde veio essa nossa relação tão íntima com esses objetos e porque essa relação que temos tem com esses objetos é tão sincrética. Às vezes nós temos um terço na nossa carteira, mas não é porque vamos realmente rezar o rosário e sim porque acreditamos que ele vai nos proteger de algum mal, de alguma coisa que possa acontecer. A narrativa do nosso enredo procura traçar esse início da relação e o desenvolvimento dela, principalmente dentro do nosso território”, declarou o carnavalesco.

Da união de ideias para o enredo, surge a bolsa de mandinga

Para definir o enredo da Mocidade Alegre, Caio Araújo e o enredista Leonardo Antan enfrentaram o desafio proposto pela direção da escola de unir duas diferentes propostas. Foi através das pesquisas para cumprir essa missão que surgiu a bolsa de mandinga, fio condutor da narrativa.

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“Quando começaram as conversas para o enredo de 2025 eu estava começando a trabalhar com o Leonardo Antan, nós estávamos no início do desenvolvimento dessa relação. O Léo trouxe uma ideia para a Mocidade e tinha outra que era da diretoria, mas que eram completamente opostas. Lançaram um desafio para nós de unir essas duas ideias, e assim fomos pesquisando. Nós chegamos até esse objeto, a bolsa de mandinga, que eram bolsas de couro que os malês usavam penduradas no pescoço e dentro delas continham escritos do Alcorão. A partir disso vai começar essa viagem que vai terminar no patuá, que conhecemos aqui no Brasil. A bolsa de mandinga é o objeto ancestral que vai culminar no desenvolvimento do patuá brasileiro, que só tem aqui do jeito que ele é produzido. Só que nós tínhamos também na nossa cabeça que queríamos um enredo com essa cara da Mocidade, que tivesse o DNA da escola. Estávamos já nessa questão de é uma tentativa de tri, a Mocidade está correndo atrás desse terceiro tricampeonato, daí veio também a ideia de fazer um aceno para o último tricampeonato que era o enredo sobre a fé, desenvolvido pelo Sidney França. Foram várias pequenas coincidências que foram se alinhando para chegarmos no desenvolvimento desse enredo. Quando chegamos na bolsa de mandinga e entendemos de onde vinha esse ditado popular nós falamos: ‘é esse o nosso enredo’. Nosso enredo está nessa relação dos povos mandinga com a bolsa de mandinga e com como isso vai culminar na relação do povo brasileiro com seus amuletos, e partir disso nós desenvolvemos a história até chegar na própria Mocidade Alegre”, explicou Caio.

Sincretismo influenciado pela África islâmica: a história que se perdeu

As principais referências do imaginário popular atualmente sobre os muçulmanos estão associadas ao Oriente Médio. No entanto, durante o período colonial, africanos escravizados de diferentes regiões da terra-mãe foram trazidos ao Brasil, incluindo grupos étnicos de tradição islâmica. A influência cultural desses povos ajudou a moldar a relação do povo brasileiro com os objetos religiosos, o que chamou a atenção de Caio Araújo durante suas pesquisas para a construção do enredo.

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“Eu não imaginava que o Brasil tinha uma relação tão estreita com o islamismo e como ele uma um fator muito importante em como trabalhamos o nosso sincretismo, acho que a primeira grande surpresa do enredo foi essa. Também descobrimos que o processo de sincretismo religioso não começa aqui no Brasil e sim lá no continente africano. Ele já começa a se desenvolver de diferentes maneiras e de acordo com cada cultura e com cada região, mas o embrião do sincretismo religioso que acontece aqui no Brasil já estava acontecendo no continente africano. Além disso, descobrir como uma história tão vasta e de tantos séculos acaba tendo relação com o que vivemos hoje em dia no cotidiano da comunidade da Mocidade Alegre. Como uma história que começa tão distante vai ter uma relação com uma característica que faz parte do DNA do que conhecemos como escola de samba. Acho que esses foram os pontos que mais me chamaram a atenção dentro do nosso enredo quando estávamos nessa etapa da pesquisa”, afirmou.

O desenvolvimento cultural brasileiro ao longo dos séculos, centrado principalmente nas tradições europeias e cristãs, levou ao apagamento das tradições dos povos africanos trazidos ao país. Enquanto as religiões de matriz africana conseguiram resistir e até conquistaram visibilidade nos tempos modernos, as influências dos povos de origem islâmica se tornaram praticamente desconhecidas pela população.

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“Acho que a contribuição deles foi muito grande principalmente ali no território da Bahia. Muitos dos escravizados que vieram durante a diáspora tinham origem dessa África muçulmana. Os malês habitavam uma região na África extremamente próspera tanto financeiramente quanto culturalmente e grande parte das pessoas que desenvolveram o Império do Mali foram escravizados e vieram para a Bahia, assim temos essa contribuição muito grande. Ocorreu a Revolta dos Malês, que tem uma relação muito grande com a religião islâmica. Acho que os processos de apagamento histórico, com o Brasil planificando a cultura africana e tornando ela só um estereótipo, foi deixando essa herança islâmica muito escondida. Acho importante termos esses momentos que trazem essas questões à tona para entendermos um pouco de como nós nos construímos enquanto país e o porquê de sermos tão diversos, do porquê de a nossa cultura ser tão rica. É interessante vermos que essa cultura continua nos surpreendendo ainda hoje no século XXI. Em 2025 nós ainda conseguimos encontrar questões interessantes que não são tão populares dentro da nossa cultura”, observou.

A marginalização da história islâmica no Brasil é tão elevada que inevitavelmente leva a confusões em relação às reais origens de objetos religiosos como o patuá, oriundo da tradição cultural das bolsas de mandinga.

“Eu nem imaginava que o patuá tinha uma origem islâmica. Para mim o patuá tinha uma questão mais ligada à cultura iorubá, aos orixás, mas não, ele tem origem islâmica, que são essas bolsas de mandinga. Depois que você descobre e começa a ver ilustrações da época, até nas ilustrações de Debret que é mais popular, você vê várias pessoas escravizadas usando as bolsas de mandinga no pescoço e é uma coisa que passava super batida por mim quando eu estava tendo contato com essas ilustrações, não era algo que me chamava atenção. Depois eu pesquisava, ia vendo e dizia: ‘isso daqui esteve presente o tempo todo e só não prestamos atenção’”, disse o carnavalesco.

Mocidade Alegre na Avenida, da bolsa de mandinga à terça com o terço na mão

O enredo da Mocidade é dividido em cinco setores. A narrativa vai do surgimento da bolsa de mandinga, relatando sua transformação por diferentes culturas, chegando ao desenvolvimento das associações entre símbolos cristãos e as crenças originais dos povos africanos. O desfile também mostrará como Salvador se tornou uma verdadeira capital brasileira do sincretismo religioso, com diferentes crenças convivendo em proximidade, respeito e compartilhando esses objetos de culto. A modernidade, que permitiu a liberdade de expressar o orgulho do que se acredita, levou ao fortalecimento de manifestações como as das escolas de samba, encontrando na Mocidade Alegre um exemplo de comunidade fortemente ligada às suas crenças religiosas. Caio Araújo confirmou que haverá referência à clássica cena da presidente da escola, Solange Cruz, que no dia da apuração carrega consigo diversos terços enquanto ouve ao lado de Mestre Sombra, seu marido, a leitura das notas.

“Vai ter sim, tem que ter, acho que isso é parte de como a Mocidade construiu a sua relação com esses amuletos. A Mocidade sempre foi uma escola de religiosidade muito forte. A religiosidade é levada muito a sério aqui dentro da Mocidade Alegre e não só perto do carnaval, é um negócio que acontece ao longo do ano todo mesmo. A escola é cuidada com muito carinho da parte espiritual e religiosa, e eu acho que esse símbolo da Solange com os terços só transformou isso tudo numa relação ainda mais íntima e mais sincrética dentro do carnaval da Mocidade. Hoje em dia não é mais só a Solange que fica com o terço na mão na apuração, na quadra tem várias pessoas já com o seu tercinho. O terço virou um símbolo do que é essa religiosidade e essa devoção que a Mocidade tem, então não poderíamos deixar de falar sobre isso. É uma parte importante do nosso enredo, ele aparece em alguns momentos. Ali vai aparecer esse terço da Mocidade Alegre. Não o terço cristão católico, mas é o terço da nossa escola, que carrega muito mais significado, que carrega muito mais ‘fés’ diferentes, no plural mesmo”, garantiu.

Primeiro setor: a criação da bolsa de mandinga

“O nosso primeiro capítulo, que é o nosso primeiro setor, vai falar da criação da bolsa de mandinga dentro do Império do Mali. É uma África muçulmana, não é uma África que estamos acostumados a ver no carnaval, acho que temos umas novidades bem legais nesse setor. Também vamos falar que a diversidade cultural africana começa a influenciar as variações da bolsa de mandinga ainda lá no território africano. Falamos do contato das bolsas de mandinga com Daomé, por exemplo. Enquanto no Mali eles colocavam trechos do Alcorão dentro das bolsas de mandinga, em Daomé, como a religião matriz ali do território era o vodum, eles colocavam pedaços de ossos, colocavam conchas, colocavam fios de cabelo. Dentro do próprio continente africano essa diversidade já vai se manifestando, e o nosso primeiro setor fala um pouco dessa transformação da bolsa de mandinga dentro do próprio território africano”.

Segundo setor: a invasão europeia e os símbolos cristãos

“Para o nosso segundo setor nós vamos para a invasão europeia no continente africano e como eles começam a impor os dogmas e os símbolos cristãos dentro das diferentes culturas africanas, é onde começa o processo de sincretismo dentro do nosso enredo. Ao mesmo tempo em que eles condenavam esses amuletos africanos, eles também levavam amuletos de proteção. O católico acredita que o crucifixo é um objeto que vai protegê-lo, que vai colocar ele em contato com o divino, o escapulário também. Quando esses objetos chegam lá na África eles não vão ser lidos de acordo com a cultura branca pelos povos africanos, eles vão ser lidos de acordo com a própria cultura, aí é onde começa o sincretismo religioso. Nesse setor, por exemplo, nós exploramos muito a relação dos povos africanos com Nossa Senhora do Rosário, que é uma coisa que vai culminar aqui no Brasil no sentido de termos a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos na Bahia, assim como tem no Rio de Janeiro, aqui em São Paulo. A primeira irmandade preta que surgiu em São Paulo foi sobre Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Nós ficamos na curiosidade de entender o porquê dessa relação com Nossa Senhora do Rosário ser tão íntima. Fomos pesquisando e chegamos nos textos que falavam que a barreira da cor da pele foi imposta pelo homem branco, não pelo homem preto. Quando eles olhavam para Nossa Senhora, eles viam uma deusa-mãe assim como vemos em várias culturas africanas, carregando um colar de contas. Eles relacionaram esse colar de contas com Opelé Ifá, que era um colar que eles usavam para proteção em algumas culturas, principalmente no Congo, que é a cultura que mais influenciou visualmente o nosso setor. Nós começamos a falar desse sincretismo que surge a partir do olhar baseado no que você carrega como cultura para o outro. Ao olhar para uma santa católica, eles não viam uma santa católica. Eles viam algo que também pertencia à cultura deles. Nós temos umas soluções bem legais nesse setor de como que foi essa criação desse cristianismo preto que começa lá na África, que não é só daqui do Brasil. Nós vamos falar um pouco sobre as cruzes do Congo, vamos falar um pouquinho sobre o Opelé Ifá, como o Rosário se transforma em Opelé Ifá e todas essas questões de uma vivência que em um primeiro momento foi pautada em muita violência, a imposição do dogma cristão, mas que mesmo dentro dessa violência toda os povos africanos, as culturas africanas, conseguiram olhar para essas religiões com um olhar de afeto, com um olhar de amor e que é o que temos que fazer porque eles já reconheceram naqueles símbolos coisas que já carregavam dentro deles”.

Terceiro setor: as baianas e seus balangandãs

“Nós chegamos depois no Brasil, com esse sincretismo já iniciado, focando o nosso desfile na Bahia. Vamos desenvolver essa relação de como começa a aparecer essa diversidade grande de amuletos e de objetos de devoção nas ruas baianas. Vamos falar dos inquices, que eram esculturas de madeira que eles carregavam, que protegiam eles do mal. Vamos falar de como começa a surgir a ideia dos balangandãs, que também está muito intimamente ligada aos escravos muçulmanos e como essa relação foi se construindo de maneira sincrética dentro da Bahia. Quando temos uma penca de balangandãs, temos a romã, que é um símbolo de fertilidade para as religiões muçulmanas, temos paramentas de orixás, vamos ter o crucifixo, a pomba do Espírito Santo, vários elementos que dialogam com diversas religiões. A partir daí temos o símbolo dessa baiana brasileira que carrega todas as fés. O setor fala um pouquinho da construção dessa fé sincrética do brasileiro até entregarmos a penca de balangandãs como um símbolo máximo desse sincretismo religioso dentro da Bahia e como objeto de devoção que, além de carregar esse símbolo de fé, de tudo que você acredita, ele também carregava esse símbolo do poderio financeiro que começa a surgir dentro do sistema escravocrata com alguns escravos de ganho. Esses escravos de ganho em grande parte eram malês. Os ourives que faziam os balangandãs eram malês porque eles tiveram a oportunidade de continuar exercendo seu ofício dentro do sistema escravocrata. O sistema escravocrata sempre procurava tirar o melhor de quem chegava aqui, então não era todo mundo que era mandado para a fazenda. Eles conseguiam pegar esses escravos que tinham um desenvolvimento muito grande de algum artesanato, de algum objeto artístico e aproveitavam isso aqui também. Assim que surge a estética dos balangandãs”.

Quarto setor: o orgulho da crença

“Depois que a gente passa pelos balangandãs vamos para o nosso quarto setor. Aparecem as guias de orixá, que começam a estar presentes nas ruas não mais com medo, mas são exibidas com orgulho, independentemente de termos uma religião que oprimisse eles e que fizesse eles esconderem isso embaixo da roupa. Chega o momento em que isso vem para fora da roupa, chega de esconder! Nós vamos assumir a nossa fé, não vamos mais maquiá-la de nenhuma maneira! O nosso quarto setor fala justamente desse orgulho que se tem quando você consegue expressar o seu amor, o seu respeito e usar as suas guias de proteção dos orixás”.

Quinto setor: a relação da comunidade com seus amuletos

“A partir do momento em que vamos ver que temos todo esse cenário de diversidade religiosa construída e mostrada com orgulho, nós começamos a partir para a própria Mocidade Alegre, que é onde o sambista tem uma relação muito forte com esses amuletos, com esses símbolos de proteção. Quem nunca conheceu uma passista que bordava uma figa dentro da própria fantasia? Quem não tem a sua mandinga para fazer no dia do desfile? Quem não carrega um patuá? Quem não faz a sua oração antes do dia do desfile? Aqui no caso da Mocidade Alegre nós temos o símbolo do terço, a Solange popularizou isso no carnaval por meio dos dias de apuração, e agora o terço vira um símbolo para a comunidade inteira da Mocidade Alegre e um símbolo ecumênico também. Acho que o terço da Mocidade Alegre não é esse terço cristão, ele já é um terço que tem um pezinho no terreiro, e nós exploramos essa relação da Mocidade com o terço. Nós chegamos na figura dos patuás, de quem é que protege a Mocidade Alegre. Colocamos os nossos baluartes que já foram embora, que já fizeram a passagem, como os patuás que protegem a nossa escola de onde quer que eles estejam. São eles que estão protegendo o caminho da Mocidade Alegre. Eles pavimentaram o caminho, ensinaram qual era esse caminho e agora estão cuidando e nos protegendo para que esse caminho continue sendo trilhado da maneira correta. A grande celebração no final é feita com uma baiana da escola de samba, que é essa baiana que carrega todas as fés no pescoço. Essa baiana que tem o pé na igreja, tem o pé no terreiro, que descobrimos que ela tem o pé numa mesquita também. Encerramos o desfile com essa baiana, como esse símbolo maior da nossa relação com esses amuletos e de como eles são importantes no nosso dia a dia, como eles são importantes na história da nossa escola”.

Comunidade: o grande trunfo na busca pelo histórico ‘tri-tricampeonato’

Além da Mocidade Alegre (1971-73 e 2012-14), as escolas de samba Nenê de Vila Matilde (1958-60 e 1968-70), Camisa Verde e Branco (1974-76 e 1989-91) e Vai-Vai (1986-88 e 1998-2000) foram tricampeãs de forma consecutiva em duas oportunidades. A Morada do Samba, porém, será a primeira agremiação que terá a oportunidade de conseguir tal feito pela terceira vez em sua história. Para alcançar a marca inédita, a escola do Limão aposta em uma estética diferente dos últimos anos, mas para Caio Araújo o grande trunfo será o comprometimento da comunidade.

“Sabemos que são 14 escolas e todas elas estão se preparando para serem campeãs. Eu acho que no carnaval de São Paulo ninguém mais está preocupado só em desfilar, todas elas estão preocupadas em fazer um grande espetáculo Nós temos certeza disso, que todo mundo vai vir para fazer um grande carnaval e estamos nos preocupando também em fazer um grande carnaval. Acho que o grande trunfo da Mocidade vai ser sempre a comunidade dela. Acho que a paixão dessa comunidade, o comprometimento dela, o quanto eles dão o sangue e o suor pela escola, é um grande diferencial da Mocidade Alegre. Acho que as pessoas podem esperar uma Mocidade Alegre visualmente muito diferente dos últimos carnavais, vai ser um desfile surpreendente também nesse sentido, mas eu acho que o nosso trunfo é a nossa comunidade, e vendo os ensaios que estamos fazendo na quadra e os ensaios de rua eu tenho certeza de que o destaque do nosso desfile vai ser a atuação da nossa comunidade. Eu cheguei esse ano aqui na Mocidade e a primeira coisa que me impressionou foi ver o comprometimento da comunidade e do quanto eles abraçam esse pavilhão. O que eles precisarem fazer para no dia do desfile, para irem para cima e para tornar esse tri possível eles vão fazer. É uma sensação muito boa você saber que por trás de tudo isso, na linha de frente, está essa comunidade indo para cima no nosso desfile”, concluiu.

Mensagem do carnavalesco Caio Araújo para a comunidade da Mocidade Alegre

“Eu só quero agradecer em primeiro lugar por todo o carinho e toda a generosidade da comunidade comigo nesse primeiro ano. Já me senti em casa desde a primeira semana que eu estava aqui e eu quero só pedir para que eles continuem fazendo o que eles já estão fazendo nos nossos ensaios. Que eles deem o sangue, que eles deem o suor, que defendam esse pavilhão com o amor que eu sei que eles carregam no peito por essa escola. Se eles fizerem isso eu tenho certeza de que virá um grande resultado para nós nesse carnaval”.

Ficha Técnica
Enredo: “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”
Alegorias: 4 carros + 2 tripés
Componentes: 1700
Alas: 17
Diretor de barracão: Mestre Sombra
Diretor de ateliê: Fabson Rodrigues

‘Apoteose do Samba’ na Globo: 60 anos de batidas, memórias e a evolução do carnaval pelas lentes da TV

Neste sábado, se inicia na Rede Globo a “Apoteose do Samba – De lá pra cá”, sobre os 60 anos de cobertura de carnaval pela TV Globo e a evolução do carnaval através das lentes da emissora, que completa mais uma década no ar este ano. O CARNAVALESCO acompanhou a gravação de um dos episódios, o que trata do quesito Bateria, e conversou com os presentes sobre o que esperar do programa e os momentos que acompanharam através da telinha.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

O episódio que acompanhamos trata da evolução do quesito Vateria, sendo gravado no Cacique de Ramos, uma das raízes mais fortes e profundas do samba no Rio de Janeiro. Acompanharam a gravação as baterias da Mocidade e do Império Serrano, além da própria bateria do Cacique de Ramos, que recepcionou as orquestras neste templo do samba.

Mariana Gross, apresentadora do RJ1 e do Apoteose do Samba (este último com sua dupla de todos os carnavais, Milton Cunha), falou ao CARNAVALESCO sobre a missão de comandar novamente o programa, desta vez com um olhar diferenciado sobre a cobertura do carnaval pela Rede Globo ao longo dos últimos 60 anos.

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“Esse ano a gente vai fazer uma viagem no tempo. Vamos contar como foram esses 60 anos de cobertura do carnaval da Globo, como tudo começou, e a partir disso a gente vai lembrar muita coisa: de como eram os sambas antigos, as comissões antigas, de lá pra cá, a evolução de cada quesito. Eu mesma nunca tinha visto muitas imagens que vão ser exibidas nesse programa, e é de arrepiar. Só de lembrar já é bom, porque a gente lembra da infância, bem nostálgico, e bem atual também, porque a gente conseguiu até arrancar uns segredos das baterias atuais, das comissões atuais, das escolas hoje, como elas desenvolvem o enredo. Está muito emocionante, principalmente esse programa, e muito legal. E a minha memória é sempre eu criança, minha mãe deixando eu dormir até um pouquinho mais tarde para poder ver o carnaval na televisão. Isso é bem pequenininha… Depois, eu com 8, 9 anos, acho que foi a primeira vez que fui à Sapucaí, mas eu dormi, não aguentei: vi duas escolas e dormi ali no cantinho da frisa. Mas as memórias das transmissões, eu tenho muitas de ‘mamãe, mas a Mangueira vai desfilar muito tarde… Mamãe, mas a Portela eu queria ver… Mamãe, deixa eu ficar mais um pouquinho acordada’. Mas o sono me vencia, criança apaga de repente. Era isso: uma luta contra o sono para acompanhar o máximo que a gente podia, porque não tinha Globoplay ainda, não dava pra ver depois, não tinha reprise. Você tinha que ver na hora, aí eu queria ficar acordada. Graças a Deus, hoje em dia a gente consegue ver as imagens depois”.

Milton Cunha também comentou sobre o que podemos esperar do Apoteose do Samba neste formato de três programas em 2025 e da parceria dele com Mariana Gross ao longo dos últimos anos de cobertura.

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“O ano passado era ao vivo, era uma celebração de sambistas, e esse ano ele é analítico, pensa como o carnaval nesses últimos 60 anos foi mudando. Se ano passado foi uma celebração ao vivo, esse ano é um pensamento sobre o passado e o futuro da escola de samba. Eu e a Mari somos uma dupla que o carioca, e o brasileiro, reconhece como uma dupla de dentro do barracão, da quadra da escola de samba. A gente é próximo, não é dessas pessoas que estão com a gente pensando os 60 anos de Globo e escola de samba. Primeiro, a gente tem um lugar de fala, uma intimidade com todos eles, muito grande. Então, é uma honra, é uma deferência, é uma maravilha participar de um projeto de tanta envergadura quanto esse. Eu já estou no Carnaval da Globo há 13 anos, então é muito legal estar aqui”.

Mestre Dudu foi um dos convidados do episódio, trazendo alguns ritmistas da bateria da Mocidade para a gravação no Cacique de Ramos, e falou sobre essa participação no Apoteose do Samba.

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“Estou muito feliz de estar aqui. Segunda vez que piso no Cacique de Ramos. Tem um axé danado essa casa aqui. E a proposta é muito bacana, de falar das nossas características de bateria. A bateria é muito peculiar, tanto a da Mocidade quanto a do Império Serrano também. Juntamente com o nosso mestre Xula, também falar um pouco do trabalho que ele vem resgatando ao longo desse tempo que está no comando dessa bateria maravilhosa. E é muito bom falar de bateria. A gente costuma dizer que se fala tão pouco de bateria, e tem muita coisa para ser falada. Inclusive, hoje, falar das nossas características, curiosidades, falar de naipe, é sempre bom estar falando desse momento, já que Deus escolheu a gente para poder falar, porque poderiam ter escolhido outros segmentos, mas escolheram bateria. Estou muito feliz por esse momento”.

O mestre da “Não Existe mais Quente” também falou sobre as lembranças de coberturas e transmissões que assistiu pela televisão através da Rede Globo e como assistir a elas ajuda na memória dele em relação à própria bateria.

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“Falando de Mocidade, da nossa bateria, eu fico sempre acompanhando e vendo vídeos antigos do mestre André, do Jorjão, do meu pai, mestre Coé. Alguns momentos marcaram, como o nosso campeonato de 96, meu pai era mestre da bateria, que ficava com aquela roupa do Robocop. Me retrata muita coisa, inclusive até o terno que meu pai usou nesse desfile, que eu tenho guardado, que aliás foi o marco da minha vida. E de lá para cá a gente vem aí plantando e mantendo o legado que meu pai deixou, obviamente do mestre André, do Jorjão. E são muitos flashes, muitas lembranças. Eu até falei aqui hoje que a fruta não cai longe do pé. Meu pai também é herdeiro disso aqui, comandou essa bateria durante 9 anos, e eu estou há 14 anos comandando essa bateria já. Nem queria ser mestre. Não tinha pretensão de ser mestre. Mas aconteceu, e agora tenho certeza de um trabalho bem elaborado, bem planejado. Se Deus quiser, enquanto eu estiver na Mocidade, vai eternizar esse trabalho do mestre André aqui”.

Mestre Vitinho, responsável pela “Sinfônica do Samba”, também falou ao CARNAVALESCO sobre estar com a bateria presente no Cacique de Ramos para a gravação do programa e estar em conjunto com outras duas grandes baterias do mundo do carnaval.

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“Muito me honra. Eu comecei há bastante tempo como ritmista, mas hoje estou como mestre de bateria há pouco tempo. Então, estar entre a bateria do Cacique de Ramos, entre a bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, e eu estar na frente da bateria do Império Serrano é um dia histórico para mim. É importante demais falar da tradição da bateria do Império Serrano, falar sobre a evolução das baterias. Sou um cara que estudo muito o carnaval e as baterias, não só do Rio, como de todo o mundo, e é muito bacana estar vivendo esse momento. E esse programa com certeza valoriza muito as baterias, e quem não conhece, aquele cara que é leigo, que tem vontade de entender um pouco, com certeza ele vai sair com um conhecimento ao assistir esse programa”.

O comandante da bateria do Império Serrano também comentou as lembranças ao redor dos momentos que passaram pela TV Globo na sua infância acompanhando o carnaval, com destaque para os momentos envolvendo as baterias.

“O Carnaval de 1997, esquenta do Império Serrano, esquenta da Grande Rio, Beija-Flor. Lembro que na cobertura da Globo, as escolas anteriores fizeram o tal do botequim do samba que tinha, e elas não fizeram o butiquim, e já foi logo para o esquenta da bateria no Setor 1. Eu bem pequenininho assistindo, e automaticamente todas as escolas começavam ali, cantando esquenta… Não tive a oportunidade de assistir o esquenta, aquele calor, os diretores comandando. Eu lembro que foi o último ano até do mestre Maurício da Grande Rio, ele comandando a bateria, ele passou mal nesse desfile, não terminou, não terminou o desfile, e depois veio a óbito. Eu assisti esse esquenta, apareceu na televisão, então são momentos marcantes. Mas tudo o que envolve bateria na minha infância, eu lembro e achava muito bacana. Ver a atenção dos ritmistas, os diretores alegres com o trabalho acontecendo, isso foi coisa que fica na minha memória, e toda vez que eu estou com a bateria no Setor 1, eu lembro desses momentos que eu assisti na TV”.

Dudu Nobre, que foi comentarista de bateria e samba dentro das transmissões da Globo, falou com o CARNAVALESCO sobre estar participando deste programa recordando a história das coberturas e quais momentos inesquecíveis ele viveu enquanto era um dos comentaristas.

“Para mim, participar é muito bacana. Acho que qualquer coisa que a gente possa estar fortalecendo o samba, fortalecendo a nossa cultura de escola de samba, qualquer coisa que a gente possa fazer, é estar junto, sempre fortalecendo. E eu fico muito feliz, porque durante 10 anos participei como comentarista, como repórter também, e é uma alegria muito grande ver essa parceria, que é muito bacana para o nosso carnaval, o nosso samba, o nosso Rio de Janeiro, e para as escolas de samba do Rio de Janeiro. A gente teve a possibilidade de ver muita coisa legal: os desfiles da Beija-Flor foram momentos marcantes naquela época, porque eu peguei justamente o momento que ela estava dominante demais. O surgimento do trabalho do Paulo Barros para o grande público. E eu fiquei de 2001 até 2011, e foi um período muito bacana que a gente pode ver muita coisa, aprender bastante, ter um contato direto com grandes mestres do carnaval como Haroldo Costa, Maria Augusta e tantos outros que dividiram a bancada comigo, realmente foi assim um aprendizado. Para mim, pessoalmente falando, foi uma outra forma de ver o carnaval”.

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Andressa Marinho, a Dedê, rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel, participou das gravações representando as rainhas de bateria, em especial, as rainhas de comunidade, e falou sobre a oportunidade de estar presente neste momento. Ela relembrou também sobre as inspirações em outras rainhas que via pelas coberturas do carnaval, e que foram fundamentais para que ela sonhasse e realizasse ser rainha também.

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“É uma oportunidade e uma honra imensa ser escolhida e ter esse convite de participar desse programa, que é tão importante para a TV Globo, que é dos 60 anos da TV Globo, e também para os sambistas. E estar podendo participar, levando a nossa cultura à frente, germinando a semente do samba no pé, do samba de raiz. Eu estou muito feliz e grata por esse convite, que é muito especial, porque eu venho representando as rainhas, ainda mais, as rainhas de comunidade. Poder participar desse programa que vem falando das baterias, e eu ser escolhida para representar as rainhas de bateria, é de extrema importância para mim, porque eu estou aqui num papel de representatividade e com o dever de passar o papel da rainha de bateria, o que ela desempenha, sua conexão com o mestre, com a bateria, com o ritmo, com a sua performance, é maravilhoso. E ver, ao decorrer do tempo, sempre as minhas inspirações, porque a gente que é passista se inspira e deseja muito o cargo de rainha de bateria. E passar anos assistindo, me inspirando, botando como meta e hoje estar realizando esse sonho, é muito mais que gratificante para mim”.

Série Barracões: Em Cima da Hora canta a alma negra e desafia as dificuldades com 80 mil fitas do Senhor do Bonfim

A Em Cima da Hora promete emocionar a Sapucaí em 2025 com o enredo “Ópera dos Terreiros – O canto do Encanto da Alma Brasileira”, uma celebração da cultura negra, da ancestralidade e da resistência. Inspirado pela história de amor contada pelo Núcleo de Ópera da Bahia e nos blocos afros Ilê Aiyê, Olodum e Malê Debalê, o desfile abordará temas como racismo, preconceito e a força da identidade negra. Apesar das dificuldades financeiras e da estrutura precária dos barracões da Série Ouro, a escola apostará na superação e na fé, representada por 80 mil fitas do Senhor do Bonfim, que adornarão uma das alegorias. Com fantasias e carros em fase final de acabamento, a agremiação de Cavalcante busca conquistar seu espaço no carnaval carioca e reafirmar a importância da cultura negra na sociedade.

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Fotos: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Rodrigo Almeida, carnavalesco da agremiação, revelou a motivação que teve para desenvolver o enredo.

“Quando acabou o carnaval do ano passado, a gente saiu com a ideia de fazer algo social. Eu estava ajudando uma escola da Intendente Magalhães e na porta do barracão, que é um barracão coletivo, tinha um menino que estava andando de moto e que me chamou a atenção. Não sabia se era um menino ou um adulto. Em dado momento eu fui conversar com ele e disse: “você tem que estudar”. E ele olhou para mim e foi um pouco ríspido: “Eu sou preto, pobre, favelado, para mim não deu. Eu tenho que sustentar minha casa”. A gente sempre fala do alto da nossa burguesia branca, elitista, do alto dessa ideia do estudo como a primeira coisa que vem à nossa cabeça. Como se todo mundo tivesse essa oportunidade e não faz porque não quer”, revelou Rodrigo.

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A partir dessa experiência marcante para o carnavalesco, surgiu a ideia de abordar temas como a negritude e o racismo. “O enredo surgiu de uma situação de preconceito. E surge daí uma questão: como se falar de negros, falar de preconceito, não sendo negro, não sendo um porta-voz desse povo, apenas tentando abrir espaço para que eles mostrem o trabalho deles, já que eu tenho a possibilidade, o espaço”, afirma Almeida.

Durante o processo de pesquisa do enredo, o carnavalesco encontrou e se encantou com a “Ópera dos Terreiros”, composta por Jorge Portugal e Aldo Brizzi, do Núcleo de Ópera da Bahia. O espetáculo narra a história de amor entre um homem negro banto e uma mulher negra nagô e toda a trama que envolve as diferenças de crenças e costumes entre essas duas nações africanas. No elenco, artistas negros oriundos de favelas baianas como o Curuzu, que se reúnem no Pelourinho para cantar ópera e que já se apresentaram em São Paulo e em países da Europa.

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Para contar essa história na Marquês de Sapucaí, a Em Cima da Hora recontará a travessia atlântica dos negros escravizados e o surgimento dos blocos afros em Salvador que, junto com a Ópera dos Terreiros, reafirmam a ancestralidade nas diferentes performances da voz negra.

Rodrigo Almeida reforça que o grande trunfo da Em Cima da Hora é o povo preto e sua ancestralidade. “O trunfo é o povo preto, é Cavalcante, é ancestralidade, é a escola de Jovelina, é a escola do jornalista Sérgio Cabral, é a escola do Reinaldo do Pagode”, diz. Ele acredita que a escola está pronta para conquistar seu espaço na Sapucaí, honrando sua história e mostrando ao mundo a força de sua identidade.

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Sobre as condições para fazer o carnaval no Série Ouro, Rodrigo Almeida reconhece os esforços da diretoria para proporcionar melhores condições de trabalho, mas acredita que a estrutura dos barracões precisa melhorar. “As estruturas de barracão hoje elas são precárias em altura e largura. O fato de eu não conseguir montar uma alegoria inteira dentro do barracão é angustiante. Acho que a Cidade do Samba 2 vai trazer conforto para a gente. Uma infraestrutura melhor, de logística, para montar um carro inteiro dentro do barracão e analisá-lo por todos os lados. E tem a questão das dificuldades financeiras, o atraso da subvenção. Eu dei a sorte de ter uma diretoria que comprou a briga e começou a fabricar fantasia, por exemplo, em outubro. Eu tenho colegas que não conseguiram. É legal quando está todo mundo partindo do mesmo ponto”, afirmou o carnavalesco.

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Com uma evolução estética marcante, fantasias e alegorias já em fase de acabamento e testes de luz, a Em Cima da Hora promete um desfile emocionante. Para a segunda alegoria, que homenageia os blocos afros Ilê Aiyê, Olodum e Malê Debalê, serão amarradas quase 80 mil fitas do Senhor do Bonfim abençoadas na Bahia e trazidas especialmente para o desfile da escola de Cavalcante. Já para a terceira e última alegoria, ainda em finalização, a ópera barroca vai se transformar em um grande gira. Segundo o carnavalesco, a palavra da escola é conquista: “Conquista do povo preto, conquista da Sapucaí, conquista do mundo”.

Entenda o desfile

A Em Cima da Hora levará para a Sapucaí em 2025 cerca de 2100 componentes e 3 carros alegóricos. O carnavalesco da escola destrinchou um pouco os setores que serão apresentados no desfile oficial.

Setor 1: “No primeiro setor a gente vai narrar a travessia dos negros, só que de uma maneira diferente, é uma África lúdica. É uma África que vai simular tempestades, que vai trazer muita cor, embora seja branco, com muita luz. É uma África diferente com materiais mais reflexivos, pedrarias, espelhos, fitas, um palácio que vai se erguer. Teremos uma ala que representa os espíritos do mar, Olókun. É uma abertura que não narra dor, que narra esse lúdico da ancestralidade chegando”.

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Setor 2: “Surgem as casas de santo, surgem as casas de terreiro, o Candomblé, que é onde o Banto vai se encontrar com o Banto, o Nagô com o Nagô, o Iorubano com o Iorubano. Então, vão se formando embaixadas, quilombos, lugares onde eles podem proliferar sua comida, sua fala, sua dança. Ali é o país deles aqui. É o lugar deles longe do lugar deles”.

Setor 3: “Vão surgindo dentro dos terreiros os blocos de carnaval de Salvador: Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê. Esses blocos são o extravasamento dessa cultura, ou seja, a dança, o canto, a oralidade do corpo negro começou a explodir e começa a surgir o carnaval de Salvador. Eles vão modelando essa festa em Salvador como uma resposta direta às escola de samba do Rio e a gente vai narrando cada um desses blocos e fala o motivo de cada um deles existir, de se reafirmar. Encerramos com um carro que traz o Pelourinho em uma estética altamente futurista”.

Casal 40! Salgueiro confirma Sidclei Santos e Marcella Alves para o Carnaval 2026

O Acadêmicos do Salgueiro anunciou, nesta sexta-feira, a renovação do contrato do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei Santos e Marcella Alves, para o Carnaval 2026. A confirmação foi feita pelo patrono Adilsinho e pelo presidente André Vaz, logo após o retorno do casal de uma viagem à Nassau, nas Bahamas, onde representaram o carnaval carioca no evento internacional Routes Americas, a convite da Riotur e da Embraer.

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Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

Desde 2014, Sidclei e Marcella conduzem o pavilhão salgueirense com excelência, acumulando notas máximas e prêmios como Estandarte de Ouro, Tamborim de Ouro, Estrela do Carnaval e S@mba-Net. Nos últimos oito anos, o casal registrou a maior pontuação na Avenida.

Nesta semana, os representantes do Salgueiro participaram do Routes Americas 2025, evento que reuniu companhias aéreas, aeroportos e destinos turísticos internacionais. Durante a cerimônia de transição entre Nassau e o Rio de Janeiro, que sediará o evento em 2026, o casal reafirmou a relevância do samba e do Carnaval como patrimônio cultural brasileiro.

Para o presidente da agremiação, André Vaz, a renovação do casal é um compromisso com os salgueirenses e a valorização do excelente trabalho da dupla:

“A renovação de Sidclei e Marcella é um compromisso com a nossa história e com a excelência que sempre buscamos no Salgueiro. Eles são a cara e a alma da nossa escola, conduzindo o nosso pavilhão com maestria, garra e amor há mais de uma década. Além das notas máximas e dos prêmios, o que realmente nos orgulha é a dedicação deles em representar a força e a tradição salgueirense. Seguimos juntos, com a certeza de que o nosso pavilhão continuará sendo conduzido com muito zelo e paixão na Sapucaí”.

Inocentes de Belford Roxo presta homenagem para Cacá Diegues

A Inocentes de Belford Roxo homenageou o cineasta Cacá Diegues, que faleceu na manhã desta sexta-feira. Ele foi enredo da agremiação em 2016. De tudo, o ensaio de rua do próximo domingo foi cancelado. Veja abaixo a nota da escola.

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Foto: Divulgação

“Valeu Cacá Diegues! A Inocentes te agradece!

A Inocentes de Belford Roxo está de luto devido a morte do cineasta Cacá Diegues que foi enredo da agremiação em 2016, na Avenida Marquês de Sapucaí. Na homenagem que teve como enredo “Cacá Diegues, o retrato do Brasil em cenas”, do carnavalesco Márcio Puluker.

‘É com grande pesar que acordamos com a notícia da perda de um dos maiores cineastas brasileiro. Tive a honra de recebê-lo juntamente com sua esposa Renata Magalhães, familiares e amigos, em momentos de pura emoção para o artista, que foram na nossa quadra de ensaios em Belford Roxo, no barracão de alegorias, na Gamboa e no desfile, na Sapucaí, quando ele foi a principal figura do cortejo com milhares de pessoas cantando em sua homenagem. Um ser humano nobre, sensível, inteligente, que encantou o Brasil e vai deixar saudade. No nosso desfile de 2025 faremos mais uma homenagem cantando o samba feito para esse ilustre brasileiro, no esquenta da bateria’, disse o presidente de Honra, Reginaldo Gomes.

‘Valeu Cacá! Por vim ao mundo e alegrar a tanta quem te agradece é a Inocentes’ (parte do samba-enredo de 2016).

A Caçulinha da Baixada cancelou o ensaio Rua, que seria realizado, no domingo em Belford Roxo”.

Beija-Flor exalta Neguinho em ensaio de quadra emocionante rumo ao Carnaval 2025

Na quadra da Beija-Flor de Nilópolis, na última quinta-feira, o tempo parecia suspenso. A bateria “Soberana” dava o tom da emoção, que ecoava como batida de saudade. Não era apenas um ensaio de quadra como tantos outros. Tinha um gosto especial. Era a despedida de um rei. O último ensaio de Neguinho da Beija-Flor como intérprete oficial da azul e branca de Nilópolis.

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Fotos: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

A multidão se espremia na quadra. Eram componentes da escola, sambistas de todas as partes, crianças que cresceram ouvindo sua voz inconfundível e os mais velhos que testemunharam seus primeiros passos no microfone principal. No rosto de cada um, um misto de alegria e saudade. Afinal, Neguinho não é só uma voz, é a alma sonora da Beija-Flor.

“Neguinho só vai deixar saudade porque ele é ícone, é vida, é a alma da Beija-flor, ele é tudo. A gente fica sem palavras e sem saber o que dizer, vai fazer muita falta para gente e para o nosso Carnaval em geral”, diz Roberto, integrante da harmonia que desfila na escola desde 1997.

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Quando os primeiros versos ecoaram, uma onda de emoção percorreu a casa da azul e branca nilopolitana. “Olha a Beija-Flor aí, gente!” nunca soou tão forte, tão definitivo. O carro de som era seu trono, e a comunidade, seus fiéis súditos. As baianas giravam em êxtase, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso, dançava como se dançasse para um deus. Os olhos marejados do presidente da escola, Almir Reis, entregavam a noite de grandes emoções.

“É muita emoção! Ao mesmo tempo o sentimento de felicidade porque isso é o mínimo que a gente tem à proporcionar para ele, e ao mesmo tempo de perda porque parece que a gente está perdendo um pedaço da gente. O Neguinho faz parte dessa história e isso nunca vai ser esquecido. Perder o Neguinho, para gente, é uma perda muito triste, mas faz parte. É uma escolha que ele fez e cabe a nós, respeitar. Mas, eu nunca vou deixar ele ficar longe da gente”, declarou visivelmente emocionado o presidente da Beija-Flor, Almir Reis.

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Entre os presentes na homenagem, destacavam-se figuras emblemáticas da escola e do carnaval do Rio de Janeiro. O patrono da Beija-Flor, Anísio Abraão David, que observava tudo com olhar atento, parecia ciente do legado que ajudou a construir. Ao seu lado, Gabriel David, presidente da Liesa, que fez um discurso carregado de emoção simbolizando a continuidade de uma grandiosa trajetória. Juntos, representavam a força e a tradição da agremiação, aplaudindo de pé o intérprete que se tornou símbolo da escola.

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Além dos membros da Beija-Flor, intérpretes de outras escolas de samba marcaram presença na homenagem. Grandes vozes do carnaval carioca como Tinga, da Unidos de Vila Isabel, Zé Paulo Sierra, da Mocidade Independente de Padre Miguel, Pixulé, do Paraíso do Tuiuti, Marquinho Art’Samba, da Mangueira, Pitty de Menezes, da Imperatriz Leopoldinense, entre outros, subiram ao palco para cantar sambas icônicos da Beija-Flor, relembrando momentos inesquecíveis da trajetória de Neguinho. Era como se toda a Marquês de Sapucaí se reunisse ali, em um coro de respeito e admiração, reafirmando a grandiosidade de um dos maiores intérpretes do samba.

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Legado e continuidade

Uma das vozes mais icônicas do carnaval brasileiro. Como intérprete oficial da Beija-Flor de Nilópolis desde 1976, sua trajetória se difunde com a da escola, ajudando a consolidar seu prestígio e acumulando inúmeras vitórias no Grupo Especial do Rio de Janeiro. Seu legado vai muito além das vitórias, sua voz inconfundível, carisma e talento ajudaram a elevar o papel dos puxadores de samba, tornando-os verdadeiras estrelas do carnaval.

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Ao longo de cinco décadas, Neguinho não apenas imortalizou sambas históricos como “A Deusa da Passarela” (1989) e “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia” (1989), mas também se tornou uma referência da cultura brasileira, influenciando novas gerações de intérpretes. Seu estilo inconfundível, sua capacidade de emocionar e sua presença marcante nos desfiles fazem dele um dos maiores nomes do gênero.

“Só pelo fato de você estar cinquenta anos sem enjoar, porque muitos casamentos acabam com menos de dez, e eu fiquei cinquenta anos, então eu só tenho a agradecer à essa comunidade por ter me aceito esse tempo todo”, declara Neguinho da Beija-flor, esboçando o seu sorriso marcante e inconfundível.

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Responsável por levar o nome de Nilópolis, município da Baixada Fluminense, e da escola, para o Brasil todo e para o Mundo, o intérprete ressalta que o vínculo com a comunidade nilopolitana será eterno. “Eu estou deixando o carnaval, mas não vou deixar de levar a Beija-Flor, a nossa Nilópolis para o mundo. Vou continuar minhas viagens cantando os sambas da Beija-Flor, menos na avenida, mas pelo mundo afora, para onde a gente for. Vou ficar junho, julho e agosto na Europa cantando Beija-Flor. Vou continuar Beija-Flor, só estou aposentando o canto. No ano que vem até empurrando carro se precisarem, eu estou dentro”, brinca o intérprete.

Sua carreira se deu início quando ainda era bem jovem, aos 25 anos, uma oportunidade recebida com muita gratidão por Neguinho que hoje, aos 75 anos, destaca a importância de dar lugar para quem está chegando agora: “A gente também tem que deixar para os mais novos”.

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A Beija-Flor seguirá sua trajetória, novos intérpretes virão, mas o canto de Neguinho será eterno. Como uma estrela, sua voz jamais se apagará. E, no desfile de 2025, quando ele soltar o primeiro grito no microfone, Nilópolis inteira saberá que não é uma despedida, é apenas um novo capítulo de um amor imortal.

Família Beija-flor te ama

A emoção era visível nos rostos dos componentes mais famosos da escola. Mestre Rodney, Selminha Sorriso, Claudinho e outros ícones da Beija-Flor se deixaram levar pelas lágrimas e pelos sorrisos de gratidão. A comunidade, unida em um só coração, cantava e vibrava com cada verso, cada batida, cada lembrança. O amor por Neguinho era estampado em cada olhar, em cada abraço apertado, em cada lágrima furtiva que escorria pelos rostos daqueles que fizeram da Beija-Flor um verdadeiro lar.

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“Não está sendo fácil acreditar que esse dia é real. O nosso intérprete Neguinho da Beija-Flor subindo ao palco pela última vez, de forma oficial ele não vai estar entre nós, no chão sagrado toda quinta-feira e tem sido difícil, eu prometi que não ia chorar mas é uma mistura de sentimentos. Mas é muito bem o ver tão valorizado em todos os cantos do mundo, isso é tão lindo, tão mágico e é isso que vou levar no meu coração. O Neguinho é um grande representante da nossa gente, do povo preto”, afirmou Selminha Sorriso, porta-bandeira da escola.

E se há algo que define essa sintonia, é o entrosamento perfeito entre a voz de Neguinho e a Bateria Soberana. Durante décadas, os ritmistas e o intérprete se comunicaram de forma quase telepática, criando momentos mágicos na avenida. Cada paradinha, cada convenção parecia desenhada sob medida para que a voz potente de Neguinho brilhasse ainda mais. O canto e a batida eram um só, como se tivessem nascido juntos, traduzindo a essência da Beija-Flor em som e emoção.

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“É o encaixe perfeito! A voz do neguinho com a harmonia da escola e a ficha ainda não caiu, eu acho que a ficha só vai cair depois do desfile das Campeãs. Na adversidade ele sempre esteve comigo, me dando conselhos, um verdadeiro paizão. Titio, gratidão imensa por tudo o que o senhor fez pela bateria soberana, pelo samba e pelo carnaval, o senhor é um divisor de águas, obrigada por tudo, nós te amamos”, comentou carinhosamente o mestre da bateria da Beija-Flor, Rodney.

Mais que uma escola de samba, uma família. A Beija-Flor valoriza o vinculo que se fortalece a cada geração, uma casa onde cada componente encontra seu lugar, seu ritmo, sua voz. Neguinho não estava apenas se despedindo de um posto, mas reafirmando seu pertencimento e o seu entrosamento com a família azul e branca nilopolitana.

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“A gente tem o Neguinho como um ícone do carnaval, mas sobretudo, é uma pessoa super humilde, um chefe de família, um paizão para gente. A gente fica feliz porque a gente sabe que ele vai estar bem, mas ao mesmo tempo fica um pouco triste porque a gente não vai ouvir mais o grito de guerra dele que identifica a nossa Beija-Flor de Nilópolis para todo o mundo. O Neguinho é família! Aonde a gente se encontra é beijo no rosto, abraço, ele sempre pergunta como a gente está, não é só na quadra, não é só na avenida, em qualquer lugar a gente se fala o tempo todo, a gente ri o tempo todo. Neguinho, a família Beija-Flor te ama e essa falta que você vai fazer, esse teu ecoar, esse teu ‘Olha a Beija-Flor aí gente!’, ele nunca vai morrer, será sempre guardado no coração de todo aquele que se torna Beija-Flor de Nilópolis”, finaliza bastante emocionado o mestre-sala, Claudinho.

Sentimento é de saudade

No auge do ensaio, a escola fez uma grande homenagem: uma parada estratégica para que toda a comunidade entrasse em um único refrão do samba-enredo 2025. Ele, bastante emocionado, parou de cantar por alguns instantes para deixar que a sua voz fosse multiplicada em centenas.

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“Ele vai parar em boa hora, mas vai deixar muita saudade aqui pra gente, principalmente para a comunidade porque nós somos crias da casa junto com ele e só de falar, já me da vontade de chorar. É triste, mas temos que aceitar. Vai deixar muita saudade”, finalizou Marisa dos Santos, de 65 anos e componentes da escola há 30 anos.

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Neguinho da Beija-Flor não é apenas um intérprete, mas uma lenda viva do samba, cuja voz ecoa na história do carnaval, celebrando a alegria, a tradição e a resistência da cultura popular brasileira.

Voz do povo é combustível! Bateria da Grande Rio ensaia na Sapucaí e ainda celebra performance no ensaio técnico

A Grande Rio realizou seu ensaio especial de bateria, na noite da última quinta-feira, no Setor 11 da Sapucaí. Comandados pelo mestre Fafá, os ritmistas da agremiação contaram com a presença da rainha Paolla Oliveira, que participou ativamente do ensaio, e do carro de som conduzido pelo intérprete Evandro Malandro. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Daniel Werneck e Taciana Couto, também marcou presença. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o mestre Fafá, Evandro Malandro e o diretor de carnaval da Tricolor de Caxias, Thiago Monteiro, detalharam a importância do ensaio para a preparação do desfile de 2025.

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Mestre Fafá: ‘Respeito se conquista com trabalho e silêncio’

Mestre Fafá enfatizou a relevância de ensaiar no Setor 11, espaço que simula as condições acústicas da avenida: “É sempre importante, porque aqui temos uma noção do campo de jogo, um local aberto. Na nossa quadra, o som fica abafado pelos prédios, mas na Sapucaí a acústica é diferente. Agradeço ao pessoal do som, que enviou o carro em forma de desculpa pelo problema no ensaio técnico. A Paolla [Oliveira] também pediu esse ensaio para ajustar seu desempenho. Estamos entrosados e não escondemos nada: mostramos tudo nos ensaios para corrigir erros. Graças a Deus, tem dado certo”.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Sobre o reconhecimento da torcida, Fafá refletiu: “Conquistei esse carinho com trabalho. Quando fui anunciado como mestre, ouvi críticas. Segui a frase do meu pai: ‘respeito não é dado, é merecido’. Fiquei em silêncio, trabalhei e, com uma equipe maravilhosa, trouxemos o primeiro título. Agora buscamos o segundo. No último ensaio de rua, retribuiremos o amor da comunidade”.

Evandro Malandro: ‘A Grande Rio é minha mãe’

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Evandro Malandro, voz oficial do carro de som, destacou a relação de cumplicidade com a escola: “Esse ensaio é crucial para alinhar o carro de som com a bateria, mesmo após o problema técnico do último sábado. A Grande Rio mudou minha vida: me tirou de Nova Friburgo, me deu tudo o que tenho. É uma ficha que não cai — e não quero que caia. Me sinto em casa aqui”.

Thiago Monteiro: ‘Treino no campo é essencial’

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Thiago Monteiro, diretor de carnaval, reforçou a importância da familiarização com a avenida: “Quanto mais ensaios na Sapucaí, melhor. Aqui, ajustamos posicionamento, andamento e resposta acústica. Mesmo sem público, é um treino valioso. O ensaio técnico de sábado, apesar dos problemas, mostrou a força da nossa comunidade cantando o samba sem o som”.

Expectativas para 2025: Voz do povo como combustível

Sobre o rendimento do samba em 2025, os entrevistados foram unânimes em destacar a energia do público.

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Evandro Malandro: “Quero o Carnaval já! O problema do som no ensaio técnico foi uma prova: a Sapucaí lotada cantou nosso samba do início ao fim. Isso é amor”.

Thiago Monteiro: “Espero o mesmo rendimento do ensaio técnico: harmonia, bateria e comunidade renderam como nunca. O samba é potente, e os problemas só nos fortaleceram”.

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Mestre Fafá: “A voz do povo é a voz de Deus. No ensaio técnico, a arquibancada cantou como nunca. Sabemos que no dia será desafiador, mas estamos prontos. Este ano, o Carnaval está equilibrado — todas as escolas têm sambas fortes. Quem ganha é o espetáculo”.

Veja mais imagens do ensaio

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O trem azul não para e a Portela lota o Vivo Rio em tributo emocionante para e na presença de Milton Nascimento

Com a casa cheia, a Portela celebrou a obra, a figura e a trajetória de Milton Nascimento. A atmosfera no Vivo Rio remetia à Rua Clara Nunes, antecipando a grande homenagem que marcará a terça-feira de carnaval a uma das maiores vozes do país.

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Fotos: Guibsom Romão/CARNAVALESCO

Na segunda edição do show ‘O Céu de Madureira é Mais Bonito’, na última quinta-feira, o Vivo Rio esteve lotado para celebrar os sucessos de Milton Nascimento e da Portela. O homenageado do enredo “Cantar Será Buscar o Caminho Que Vai Dar no Sol” de 2025, além de marcar presença, dividiu o palco com cada um dos artistas convidados.

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Portelense, cantora, idealizadora e produtora do show, Teresa Cristina abriu o espetáculo cantando o clássico “Preciso me encontrar” de Cartola, em seguida ela discursou emocionada sobre o momento que a escola vive a importância do show.

“A Portela está trazendo flores em vida a um grande artista, gigante artista, gigante no Brasil e gigante no mundo. Milton Nascimento não se curva a ninguém. A presença do Milton é sagrada”, disse Teresa.

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Logo após, foi a vez da Velha Guarda da Portela se apresentar, cantando o “Hino da Velha Guarda da Portela” e “Esta Melodia”. Tia Surica entoou o clássico “Lama” da saudosa portelense Clara Nunes. A Velha Guarda também cantou os sucessos “Vivo Isolado no Mundo” e “Vai Vadiar” do também portelense Zeca Pagodinho e “A Chuva Cai” de Beth Carvalho.

Com os trabalhos abertos, Tereza voltou ao palco e começou a homenagem a Bituca. Cantando “Certas Canções” e “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, Teresa iniciou o tributo a Milton.

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Logo após foi a vez da também portelense Roberta Sá homenagear Milton. O sucesso “Travessia” foi cantado não só por ela, mas por toda a plateia. Ao lado de Teresa Cristina, Roberta cantou “Tudo Que Você Podia Ser”, como uma parte da banda do show veio da banda original de Milton Nascimento, as versões cantadas ficaram lindas, pois os arranjos musicais eram os mesmos que as versões originais.

Maria Gadú foi uma das convidadas do show, não querendo disfarçar a admiração por Bituca, no meio de uma canção que ela estava cantando, Maria saiu do palco e foi pedir benção ao homenageado. Com sua voz emocionante, a cantora cantou o clássico “Caçador de Mim”, deixando todos os presentes emocionados. Ao lado de Tereza, Maria cantou “Fé Cega, Faca Amolada”.

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Cantando o hit “Nada Será Como Antes”, a Cigarra soltou a sua voz, Simone que ganhou este apelido do próprio Milton Nascimento, também esteve presente na primeira edição do show e falou sobre como se sentiu ao saber que o grande amigo e ídolo seria homenageado pela sua escola do coração

“Quando eu era criança, eu ouvia o Milton e dizia que queria ser igual a ele. Estar aqui com ele e com os portelenses é uma imensa alegria. Quando eu descobri que ele seria homenageado, fiquei igual pinto no lixo, é como juntar duas potências do mundo, Portela e o Milton”, contou Simone.

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Criolo também se apresentou ao lado de Teresa Cristina cantando “Me Deixa em Paz”, sucesso de Milton Nascimento com Alaíde Costa.

Em seguida, Milton Nascimento subiu ao palco do Vivo Rio ovacionado e ao lado de Criolo, Bituca cantou a canção “Cais”. Ao lado de Roberta Sá, o artista cantou “Canção do Sal”

Com Maria Gadú ajoelhada e com a cabeça em seu colo, Milton cantou “Nos Bailes da Vida”. Com Teresa Cristina a música foi “Caxangá”. A penúltima música foi o clássico “Encontros e Despedidas” em um dueto com Simone. Milton se mostrou animado e com fôlego o suficiente para cantar seus clássicos ao povo da Azul e Branco de Madureira.

Para finalizar, todos voltaram ao palco, a Velha Guarda, bateria, musas, passistas e, sobre tudo, os artistas convidados e cantaram “Maria, Mania” com Milton. Sendo aplaudido em pé por todo o Vivo Rio.

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Depois foi a vez da Portela se auto-homenagear, com os sambas “Contos de Areia” de 1984, “Gosto Que me Enrosco” de 1995, “Quem Nunca Sentiu o Corpo Arrepiar Ao Ver Esse Rio Passar” do título de 2017 e “Um Defeito de Cor” do ano passado, Gilsinho e a Tabajara do Samba levantaram o público presente. Nem o ponto de Xangô ficou de fora na introdução do samba do ano passado. Além disso, Gilsinho repetiu o que tem feito nos ensaio de rua e cantou “Maria, Maria” fazendo o público do Vivo Rio vibrar com a sua versão e em seguida cantou o hino portelense para 2025.

O presidente Fábio Pavão discursou ao lado da presidente de honra da escola, Tia Surica, agradecendo a influência mineira na Portela.

“Agradeço a todos que contribuíram para que mais uma vez a Portela estivesse aqui. Agradeço ao Milton Nascimento e sua família, por mais uma noite inesquecível, como foi ontem na quadra com a nossa comunidade. A Portela tem muita identificação com Minas Gerais, desde o nosso fundador Antônio Rufino, que era mineiro, Clara Nunes, Noca da Portela e tantos outros. E hoje estamos aqui para cantar esse orgulho de Minas Gerais e do Brasil chamado Milton Nascimento”, discursou o presidente.

O show foi cercado de emoção e gratidão mútua entre Milton Nascimento e a Portela.

Tigre de guerra! Mordida, Porto da Pedra promete entrar forte na briga pelo retorno ao Grupo Especial

Após o doloroso rebaixamento no carnaval de 2024, a Unidos do Porto da Pedra promete entrar forte na briga pelo título da Série Ouro em 2025, em busca do sonhado retorno ao Grupo Especial. No último ensaio de quadra da escola, na quinta-feira, os componentes e segmentos da Vermelha e Branca de São Gonçalo retratavam no olhar a disposição para a “guerra”, como canta o samba-enredo da escola, na disputa pelo campeonato. Em 2025, o Tigre será a quinta escola a desfilar no sábado de carnaval da Série Ouro, com o enredo “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou”, de Mauro Quintaes, com pesquisa de Diego Araújo.

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Fotos: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

O presidente de honra da Unidos do Porto da Pedra, Fábio Montibelo, conversou com a reportagem do CARNAVALESCO sobre os preparativos da escola para o carnaval de 2025. Fábio afirmou que a comunidade de São Gonçalo está mordida e pronta para o desfile na Marquês de Sapucaí.

“A expectativa é a melhor possível, a escola está com um enredo bom, a comunidade está ‘p*ta’ e vamos para dentro deles. A escola vai vir bem pra caramba, muita gente vai se surpreender com a Porto da Pedra na avenida. Está tudo quase pronto. Esse negócio de escola falar que está tudo pronto, é tudo mentira. Carnaval se ganha na avenida. A Porto da Pedra vai fazer um belíssimo Carnaval”, afirmou Fábio Montibelo.

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Mauro Quintaes promete ‘briga feia’ pelo título da Série Ouro

Rumo ao sétimo carnaval na Vermelha e Branca de São Gonçalo, o carnavalesco Mauro Quintaes prometeu que a Porto da Pedra vai “brigar feio” pelo título da Série Ouro no carnaval de 2025. Mauro comentou, ainda, sobre o andamento dos trabalhos no barracão da escola. Segundo o artista, o incêndio na Maximus Confecções, nesta semana, não afetou o andamento dos trabalhos da escola.

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“A gente está caindo firme no barracão, as fantasias estão muito adiantadas. O meu carnaval foi direcionado para o Grupo de Acesso, o carnaval está dentro das condições da escola. A gente está trabalhando muito e agora estamos entregando o melhor, sem dúvida nenhuma. Vai ser um carnaval diferente, porque o meu carnaval não é o carnaval do adereço, do espelhinho e do galão, o meu carnaval é um carnaval de cenários, de esponjas, as esculturas são todas novas, não tem uma escultura reciclada, os materiais são todos novos, nós estamos com grandes pintores de arte, escultores. A escola vai entregar o melhor possível, não só para quem está lá assistindo, mas para a própria comunidade, que merece esse resgate. Estamos preparando um carnaval para brigar, vamos brigar e brigar feio para retornar ao Especial”, disse Mauro.

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Mauro também falou sobre o sentimento de retornar à Série Ouro, após um doloroso rebaixamento da Porto da Pedra no carnaval de 2024. “A gente já assimilou todo esse processo, que a gente sabe que é muito mais político do que artístico. A escola já voltou a ser o que era, com mais vigor e vontade de ganhar de novo”.

“Nós temos um grande enredo, um grande samba-enredo também. A escola está muito preparada para voltar ao seu lugar de origem que é o Grupo Especial. Tenho certeza absoluta que o resultado vai ser muito positivo”, completou Mauro.

‘Povo de São Gonçalo é guerreiro’, afirma mestre Paulo

Quem também continua na Porto da Pedra para o carnaval de 2025 é mestre Pablo, comandante da bateria “Ritmo Feroz”. Ao CARNAVALESCO, Pablo falou sobre o retorno da escola à Série Ouro e as expectativas para o próximo desfile. O mestre revelou, ainda, que retornará com a tradição de se fantasiar no dia do desfile no próximo carnaval.

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“O povo de São Gonçalo é um povo guerreiro, um povo que está acostumado, às vezes, com derrotas, mas tem derrotas que nos torna cada vez mais fortes. O povo está com sangue nos olhos, queremos voltar, vamos voltar, se Deus quiser, para o Grupo especial. A escola está cantando muito, está ensaiando muito, o presidente não está medindo esforços para colocar a escola no lugar que ela merece estar. A bateria ‘Ritmo Feroz' tem um diferencial, que além de a gente tocar, a gente transmite alegria, transmite a nossa verdade”, ressaltou mestre Pablo.

“O trabalho está pronto, a gente já ensaiou bastante e mostramos isso no ensaio técnico. Agora, é só lapidar, lapidar para chegar brilhando no dia 1º, a 5º escola. Estou otimista, estou confiante no trabalho da Ritmo Feroz. E vai dar certo, se Deus quiser, os 40 pontos vão vir”, completou.

Identificado com a Porto da Pedra, Wantuir revela estar ‘muito feliz’ no Tigre

Muito identificado com a Porto da Pedra, escola que o projetou no carnaval, o intérprete Wantuir terá, por mais um ano, a missão de comandar o microfone principal do Tigre. Ao CARNAVALESCO, Wantuir afirmou estar “muito feliz” na escola de São Gonçalo.

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“A gente está muito feliz. A escola acabou de descer do Grupo Especial e basta você olhar aí na quadra para ver que o povo continua. A vontade do povo é a mesma, a quadra está sempre cheia, é uma energia maravilhosa. Temos um enredo sensacional, um enredo que com certeza vai fazer a diferença. A gente está preparado, preparado mesmo. Vim agora do barracão e podem aguardar a Porto da Pedra muito forte, disputando o título. Eu tô sentindo o povo cantando, vendo as fantasias, o que a bateria tá fazendo, o Carnaval que nós estamos fazendo. A soma de todos esses fatores, vai ser um baita desfile”, disse.

De volta à Série Ouro, a Porto da Pedra será a quinta escola a desfilar no sábado de carnaval em 2025, com o enredo “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, com pesquisa de Diego Araújo.