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Gilsinho celebra 18 anos de Portela e prepara show à frente do carro de som para o Carnaval 2025

O ano de 2025 promete ser mais um de grandes emoções para a Portela, a maior campeã do carnaval carioca. Nesse ano, a azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira homenageará o cantor e compositor Milton Nascimento com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol”, de autoria dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Gilsinho, intérprete oficial da agremiação, já está com os preparativos a todo vapor para o desfile na Marquês de Sapucaí. Celebrando 18 anos desde sua primeira passagem pela Portela, em 2006, ele reforça o compromisso de levar para a avenida um espetáculo à altura da história da escola. “Ah, mais um ano que a gente vai poder mostrar o nosso trabalho na avenida. Vamos em frente, o carnaval está aí, e na outra semana a gente vai dar um show”, afirma o cantor confiante.

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Conhecido por sua voz potente e carisma, Gilsinho destaca que seu trabalho nos sambas da Portela é de valorização do canto dos componentes. “Eu coloco o samba do jeito que a escola gosta, do jeito que a escola é, e um pouquinho do meu jeito também, para cantar confortavelmente. Os sambas já chegam prontos. A gente muda uma notinha aqui, outra ali, para a comunidade cantar legal. A gente faz o que o samba já é”, explica. Esse trabalho atencioso para o canto é um dos segredos para o sucesso do samba-enredo na comunidade portelense, que cantou forte na pré-temporada.

A rotina de preparação para o carnaval é intensa. Além da Portela, Gilsinho também é intérprete da Tom Maior, em São Paulo. Ele revela que mantém uma disciplina rigorosa no cuidado da voz para dar conta da dupla jornada. “É correria, mas a gente treina. Faço bastante exercícios de respiração, tomo muita água para hidratar e vou mantendo o trabalho”, conta. Na semana que vem, ele estará em São Paulo para um ensaio e, no domingo de carnaval, desfilará pela escola do grupo especial paulista. Em seguida, retorna ao Rio para fechar o carnaval com a Portela o inédito terceiro dia de desfiles, na terça-feira de carnaval. Apesar da agenda cheia, Gilsinho garante que seu coração permanece na Portela. “É até spoiler se eu falar, mas enquanto Deus permitir, a gente vai indo”, brinca, sem revelar muitos detalhes sobre o futuro.

Quando questionado sobre o maior samba da Portela em sua trajetória, Gilsinho não hesita: “É o ‘Contos de Areia’. Foi o samba que marcou muito, porque eu estava junto com meu pai na avenida. Um samba que gosto demais, muito bem feito, e que não deixo de cantar em lugar nenhum. É um samba de história”, relembra o cantor que desde cedo já acompanhava seu pai, Jorge do Violão, baluarte e integrante da velha guarda da Portela. O samba de 1984, que homenageou Paulo da Portela, fundador da agremiação, Natal da Portela, patrono da escola, e Clara Nunes, cantora e apaixonada pela Águia Altaneira, é um marco não só para ele, mas para todos os portelenses.

Sobre a avaliação dos jurados, Gilsinho vê o julgamento como um incentivo. “Acho legal. É mais um estímulo para a gente trabalhar bem. Todo mundo das alas musicais de todas as escolas está trabalhando muito bem, preparado e fazendo o melhor possível. O julgamento é só mais um incentivo para a gente melhorar ainda mais”, reflete.

Gilsinho segue como uma das vozes mais marcantes da escola, levando à avenida não apenas o seu talento, mas também o amor pelo samba e pela tradição portelense. Em 2025, a expectativa é que ele e a azul e branco brilhem mais uma vez, perpetuando o canto de Milton Nascimento e a beleza do céu de Oswaldo Cruz e Madureira.

Mocidade anuncia renovação com Renato Lage, mestre Dudu, casal e Misailidis para o Carnaval 2026

A Mocidade Independente de Padre Miguel anunciou nesta terça-feira a renovação com o carnavalesco Renato Lage, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo e Bruna, o mestre Dudu e o coreógrafo Marcelo Misailidis. Veja o abaixo o comunicado da escola.

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“Sigo na preparação final para fazer o céu clarear na avenida. Mas, já estou pensando em 2026. Por isso, iniciei o processo de renovações do meu time para o próximo carnaval.

O casal iluminado, Bruna Santos e Diogo Jesus, segue comigo em mais um ano.

Meu cria Mestre Dudu vai para mais um ano no comando da que bate melhor no carnaval.

O time segue renovado com o coreógrafo da comissão de frente, Marcelo Misailidis, e o meu carnavalesco e Mago, Renato Lage.

Juntos somos mais fortes. Vem mais por aí. Salve a Mocidade!”

Aclamada pelo povo! Mayara Lima, rainha de bateria do Tuiuti, e a arte de sambar

Um dos grandes destaques do carnaval do Rio de Janeiro, Mayara Lima, rainha de bateria do Paraíso do Tuiuti, conquistou o título após impressionar o mundo do samba com sua desenvoltura e carisma. Em 2022, sua carreira deu um salto significativo quando um vídeo de ela sambando durante um ensaio especial de bateria no Setor 11 viralizou, chamando a atenção de sambistas e torcedores da escola de São Cristóvão. A repercussão foi tão grande que, em 2023, Mayara foi coroada rainha da bateria do Tuiuti.

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Foto: Adriano Fontes/Divulgação Rio Carnaval

“É a realização de um sonho! É maravilhoso viver esse momento junto com a minha bateria, com a minha família ao meu lado, especialmente com a Paraíso do Tuiuti, uma escola que sempre me apoiou e acreditou nos meus sonhos. A cada ano, tenho a confirmação de que isso é algo cada vez mais real”, declarou Mayara, visivelmente emocionada.

Desde então, a majestade da agremiação tornou-se uma referência no carnaval, destacando-se não apenas pela técnica impecável, mas também por sua forte representatividade.

“Em um momento em que o samba muitas vezes se distancia de suas raízes comunitárias por apelos comerciais, ter Mayara à frente da bateria é um resgate fundamental. O que esperamos ver em uma bateria é samba, e ela traz isso no pé, com alegria e autenticidade”, afirmou Aline Maia, 42 anos, integrante da escola.

Professora de dança, a rainha da escola azul e amarela de São Cristóvão não se vê apenas como uma figura emblemática, mas como representante de jovens que almejam ocupar espaço no carnaval. Mayara mantém um projeto em sua comunidade, ensinando a arte de sambar a outras meninas.

“Tenho essa troca com elas, em que ensino o valor do samba e como ele pode transformar vidas. Para mim, é incrível vê-las ao meu lado, desejando sambar na avenida. Sinto que estou cumprindo meu papel ao mostrar que o samba pode ser um futuro e uma realização, como foi pra mim”, destacou.

“Uma rainha de bateria criada na comunidade faz toda a diferença. Mayara cresceu na Tuiuti, tem sintonia única com a bateria e isso a diferencia. Sua experiência e samba no pé elevam a escola”, ressaltou Mateus Alencar, 33 anos, integrante da agremiação.

Sua performance na avenida é marcada por espontaneidade e paixão, transmitindo a essência do samba com autenticidade. A trajetória começou no Aprendizes do Salgueiro, lembrada com orgulho por Cátia, 64 anos, integrante do Paraíso do Tuiuti: “É maravilhoso! Ela praticamente se formou com minhas filhas, que também eram passistas do Salgueiro. Hoje, tê-la como rainha do Tuiuti é um orgulho imenso”.

Em 2025, a Paraíso do Tuiuti levará à Sapucaí o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?”. Questionada sobre sua fantasia, Mayara mantém o suspense: “Só posso dizer que é linda e maravilhosa. Estou muito feliz!”, finalizou a rainha.

Série Barracões: Tijuca busca transformação, reverencia sua juventude e pavilhão ao contar história de Logun-Edé

Edson Pereira foi o primeiro carnavalesco a ter o contato renovado para o Carnaval 2026. Demonstra a confiança que a escola, através do presidente Fernando Horta, vem tendo com seu trabalho para o Carnaval 2025. O artista, que já passou por diversas agremiações com bons resultados, estreia na escola do Borel trazendo suas marcas registradas, como carros alegóricos grandiosos e enredos de temática afro. Seu projeto atual aborda a história de Logun-Edé, orixá filho de Oxóssi e Oxum, que personifica a intersecção entre as características de seus pais. O pavão, animal simbólico da escola tijucana, é central no enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita”.

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Ao comentar a renovação com a Tijuca, Edson destacou a surpresa e gratidão pelo gesto: “Para ser sincero, fiquei muito surpreso. Quando cheguei, fui muito bem acolhido e sempre tive expectativas de dar continuidade ao meu trabalho. Não sou um carnavalesco que gosta de ficar pulando de escola em escola. Sou um operário do Carnaval, gosto de botar a mão na massa. O anúncio antecipado do presidente Fernando Horta me envaidece, pois é a valorização do nosso trabalho. Isso sinaliza a construção de um projeto de longo prazo”.

Sobre a criação do enredo, Edson explicou a importância de ouvir a comunidade da escola: “Em qualquer escola, procuro entender suas características. A instituição é maior que o artista. Respeitar sua história e desejos é essencial. Ao chegar na Tijuca, descobri que o enredo sobre Logun-Edé era um desejo antigo da comunidade, há mais de 20 anos. O pavão, as cores do orixá e a fundação da escola no Morro do Borel se conectam perfeitamente. Ter a comunidade abraçando o enredo fortalece nosso trabalho. Este não é meu enredo, é da escola”.

O carnavalesco destacou a relação entre Logun-Edé e a juventude contemporânea: “Logun-Edé é o orixá da transformação e do recomeço, temas urgentes hoje. Ele representa a quebra de estigmas, como a ideia errônea de que seria ‘frágil’ por unir características masculinas e femininas. Na verdade, ele sintetiza três personalidades: a do pai (Oxóssi), a da mãe (Oxum) e a sua própria. É guerreiro e sensível, algo que queremos destacar no desfile”.

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Edson ressaltou o cronograma adiantado e a influência espiritual na produção: “Iniciamos os trabalhos em março, sem pausas. As fantasias estão prontas, e os carros estão em fase final. Buscamos orientação em terreiros como o Axé Kalé Bokum, que nos guiou energeticamente. Isso foi crucial para o andamento harmonioso. Eu já fiz alguns enredos afro que eu curti e gostei muito e esse é mais um que me ensinou muita coisa”.

Sobre as alegorias do pavão, ele adiantou: “Será um conjunto grandioso, coerente com a magnitude do enredo. A Tijuca se reinventa, assim como Logun-Edé. Usamos materiais sustentáveis para não agredir a natureza, aliando volume e beleza às preocupações ecológicas”.

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Para Edson, a união entre enredo e comunidade é o trunfo da Tijuca: “O grande triunfo é a felicidade da comunidade com o samba, o enredo e o momento vivido. Será um desfile que resgata e registra histórias para o mundo do samba”.

Conheça o desfile da Tijuca

A Unidos da Tijuca vai levar seis alegorias, sendo o abre-alas acoplado. Serão 3 mil componentes que desfilaram pela escola. O carnavalesco Edson Pereira explica ao CARNAVALESCO os setores do enredo da Tijuca.

Setor 1: “A gente abre o enredo com o destino, já como fala o samba, o destino de Logun-Edé é sempre recomeçar e o começo é pelo ifá, que revela o seu destino através de Oxum, quando se apaixona por Oxóssi, através do ifá que revela para que ela tenha o amor de Oxóssi, que ela busque fazer um feitiço e ali começa toda a história. Oxóssi se apaixona por ela e numa cachoeira em algum determinado momento, ele descobre que ela não era uma caçadora, ela era uma mulher das águas e aí existe a separação dos dois, mas já existe Logun-Edé. E todos os orixás do panteão, eles chegam para receber a chegada desse menino, que é um menino guerreiro de um lado, e do outro lado tem a sensibilidade da mãe, então é o caçador bravo, o guerreiro bravo, e a sensibilidade e a riqueza, a beleza da mãe. E ele começa a aprender com os outros orixás através dos itãs que contam para a gente, esses itãs são histórias contadas por vários orixás. Ogum ensina ele a guerrear, Oxóssi a caçar, Ossanha dá o poder das folhas para que ele possa entender como lidar com essas folhas, essas energias e Iansã vai lá e abraça ele como mãe também, ensina ele, Exu dá os caminhos, então nesse primeiro momento nós vamos contar as histórias desses itãs que vão ensinar Logun-Edé e louvar a chegada dele no panteão dos orixás como o mais novo orixá, o mais novo guerreiro que ali está”.

Setor 2: “No segundo setor, temos o olho d’água que é onde se representa Logun-Edé, onde a neblina acontece, onde tudo vai fazer a transformação. Esses orixás continuam ali apoiando a ele e ele se manifesta como esse caçador que também é das águas, ele é um grande mergulho nesse olho d’água onde vai mostrar as profundezas das águas e o caçador das águas”.

Setor 3: “No terceiro setor a gente tem a diáspora de que ele vem da África e é abraçado por Iemanjá. Ele defende o reino de Abeocutá e atravessa o oceano com os poderes do cavalo marinho, que é um animal também votivo de Logun-Edé, tanto que traz no seu ventre, que nem é o ventre, mas na barriga do cavalo marinho que reproduz a sua própria cria. Iemanjá dá a ele esses poderes e ele atravessa o oceano não naquele navio negreiro que todos falam que traz da África, não. Ele atravessa o oceano montado no cavalo marinho. Daí nós temos Iemanjá como chama ele para essa guerra no castelo de Abeocutá para defender os povos das águas”.

Setor 4: “Logun-Edé chega em Salvador, no Axé Kalé Bokum, que é o Axé que tem a mesma idade da Unidos da Tijuca e lá na Bahia é feita a primeira pessoa no Brasil de Logun-Edé. Ali nós trazemos o Axé Kalé Bokum que dali ela transfere toda essa energia, todo esse momento e todas as histórias de Logun-Edé vão se espalhar pelo Brasil e trazendo todas essas curiosidades e todas essas histórias onde o carnaval, no lugar de fala, ele pode ensinar para as pessoas toda a sua ancestralidade”.

Setor 5: “Trazemos a Juventude do Borel que é assim que é representado o Santo Menino que o mais velho respeita. A gente faz uma passagem do quarto carro que é Oxalá que representa os segredos de Logun-Edé, que vai entender a passagem do mais velho para o mais novo. Ele dá essa autorização, essa liberdade de transformação do mais velho para o mais novo e aí é uma grande festa no baile do Borel”.

Freddy Ferreira: ‘ensaio técnico profundamente emocionante da bateria do Império Serrano’

Um ensaio técnico profundamente emocionante da bateria “Sinfônica do Samba” do Império Serrano, sob o comando de mestre Vitinho. Foi possível flagrar alguns ritmistas vindo às lágrimas, se deixando levar pelo clima sentimental de um treino mais para abastecer o espírito imperiano do que para eventuais ajustes sonoros.

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Uma cabeça da bateria do Império com seu peculiar naipe de agogôs ressoando por toda a pista. Junto de chocalhos primorosos que tocaram juntos de tamborins de qualidade técnica inegável. Uma ala sólida de cuícas também contribuiu com o trabalho impecável das peças leves.

Uma “Sinfônica” pesada, com afinação de surdos potente, fazendo ressoar um timbre puxado para o grave, com o autêntico DNA musical da Serrinha. Suas caixas de guerra com rufadas se exibiu com classe ao lado de repiques coesos. Surdos tocaram com a firmeza característica de modo seguro, assim como as terceiras ficaram responsáveis pelo swing inconfundível da verde e branca de Madureira.

Bossas intimamente ligadas a melodia do belo samba-enredo imperiano deram o tom de espetáculo ao ensaio da “Sinfônica”. Logo na cabeça da pista, uma passada sem ritmo fez com que o público caísse dentro da bateria do Império. Assim como uma paradinha da cabeça do samba, abriu a bateria ao meio num arranjo performático, com direito a instrumentos de pagode, levantando o público dos primeiros setores e levando toda a emoção do Império para a plateia.

Uma apresentação altamente energética da bateria “Sinfônica do Samba” do Império Serrano, dirigida por mestre Vitinho. Um ritmo imperiano que exibiu equilíbrio, consistência e bossas bem casadas com a melodia da obra da escola do morro da Serrinha. Um ensaio para, de certa forma, buscar trazer afago e conforto aos corações de imperianos e sambistas, ainda comovidos e entristecidos. Se tem um combustível capaz de conduzir energicamente uma escola gigantesca como o Império Serrano é o orgulho emocional de seus ritmistas e componentes.

‘Prime nilopolitano’: 20 anos do tricampeonato da Beija-Flor, o último no Sambódromo

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2005. Os raios de sol das 7h já castigam os cariocas no severo verão. Na avenida Marquês de Sapucaí, lotada, o público aguarda ansioso pela entrada da Beija-Flor de Nilópolis, a última escola a desfilar naquele ano no Grupo Especial. O desfile está atrasado há mais de uma hora devido ao problema enfrentado pela Portela horas antes, que impediu sua velha-guarda de desfilar e atrasou todas as apresentações seguintes.

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Fotos: Arquivo/Liesa

A expectativa era enorme. Naquele ano, a Beija-Flor almejava seu primeiro tricampeonato na era do Sambódromo e o segundo de sua história. Até então, a Imperatriz Leopoldinense era a única escola a ter conquistado tal feito, quatro anos antes. Vivíamos uma era em que todos diziam: para ser campeão, era preciso derrotar a Beija-Flor. Nos sete desfiles anteriores, a Deusa da Passarela havia conquistado três títulos e quatro vice-campeonatos, um feito que, até hoje, ninguém igualou. Quase dez anos alternando entre o título e o vice-campeonato.

Há 20 anos, a Beija-Flor apresentou o enredo “O vento corta as terras dos Pampas: em nome do pai, do filho e do espírito guarani – sete povos na fé e na dor, sete missões de amor”, uma das muitas temáticas densas que a azul e branca gostava de levar para a avenida naquela época. Em time que está ganhando, para que mexer? A equipe capitaneada por Laíla, jogava por música. Como uma orquestra afinada, cada um desempenhava suas funções com maestria.

Apuro estético e tradicionalismo contra o moderno Paulo Barros

No ano anterior, o carnavalesco Paulo Barros havia chocado positivamente o público com suas alegorias vivas e quase levou a Unidos da Tijuca ao título. A modernidade do carnavalesco encontrava seu antagonismo justamente na Beija-Flor. Se a azul e amarela do Borel apostava em um novo modelo estético, a Deusa da Passarela deixava claro que, em Nilópolis, o samba no pé, o canto e o apuro estético seguiriam dando o tom.

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O que se viu na avenida foi um verdadeiro bálsamo para os olhos dos amantes dos desfiles de escola de samba. Alegorias gigantescas e imponentes eram intercaladas por figurinos volumosos, recheados de materiais ricos, com uma paleta de cores que mesclava tons claros e quentes, apropriados para o horário do desfile. Com a escola toda esticada na avenida, formava-se um imenso tapete colorido. Tudo isso embalado por um verdadeiro recital da bateria, à época comandada por Paulinho Botelho, e por um dos grandes sambas da história da azul e branca, cantado pelo lendário Neguinho da Beija-Flor.

Quando a escola concluiu sua apresentação, já perto das 9h da manhã de terça-feira de Carnaval, a maioria dos especialistas e comentaristas apostava no tricampeonato, apesar de a Unidos da Tijuca e Paulo Barros dobrarem a aposta e realizarem outro desfile transgressor.

Apuração: tensão até o fim

A apuração começou com a Grande Rio na liderança nos dois primeiros quesitos, Harmonia e Bateria. A Beija-Flor vinha logo atrás, com uma diferença de 0,1 ponto, enquanto Imperatriz e Unidos da Tijuca estavam empatadas, ambas 0,4 ponto atrás da tricolor de Caxias.

No terceiro quesito, Samba-Enredo, a azul e branca assumiu a ponta e manteve-se à frente até o final, embora a Tijuca continuasse próxima. Nos quesitos Enredo e Evolução, ambas as escolas perderam 0,1 ponto cada, mantendo a vantagem da Beija-Flor em 0,3. Em Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Conjunto, a Beija-Flor sofreu mais uma perda de 0,1, enquanto a Tijuca obteve apenas notas máximas, reduzindo a diferença para um décimo.

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No último quesito, Fantasia, a tensão aumentou. Se a Tijuca conseguisse uma diferença de 0,1 ponto a mais que a Beija-Flor, venceria no critério de desempate. No entanto, ambas as escolas receberam quatro notas dez, garantindo o tricampeonato da Deusa da Passarela.

Ao final da apuração, com o terceiro título seguido garantido, os nilopolitanos adaptaram o refrão do grande samba, que dizia “Em nome do pai, do filho, a Beija-Flor é guarani”, para “Em nome do pai, do filho, a Beija-Flor agora é tri”.

O ano de 2005 representou o auge do modelo de Carnaval que consagrou a Deusa da Passarela como a maior vencedora do Sambódromo. O título foi o nono da história da agremiação, que hoje ostenta 14 conquistas.

Drama de Selminha Sorriso

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Com 36 anos de carreira, 30 deles dedicados à Beija-Flor, a porta-bandeira Selminha Sorriso viveu um drama pessoal horas antes de entrar na avenida para defender o pavilhão da escola pelo décimo ano ao lado do parceiro Claudinho. Sua mãe, Jacira Matos, havia sofrido um AVC e lutava pela vida.

Selminha não revelou seu drama a quase ninguém e cruzou a avenida com sua habitual competência, contribuindo para o tricampeonato da escola.

“Minha mãe ficou em coma induzido. Foi muito difícil. Não pude contar para ninguém, porque eu sabia que causaria um alvoroço. Talvez as pessoas me deixassem ainda mais nervosa do que eu já estava. Contei apenas para Claudinho, Aída e Flavinha. Foram as únicas pessoas que souberam da minha real situação. Eu não queria preocupar a escola, porque era algo meu, e eu precisava administrar essa dor sozinha”, disse Selminha Sorriso em entrevista ao CARNAVALESCO.

Dona Jacira acabou não resistindo e, entre as ligações de felicitações pelo título, Selminha recebeu a triste notícia de que sua mãe havia falecido. Ela recorda que, enquanto sorria e bailava em busca do 10, por dentro sua alma gritava por socorro.

“Eu estava muito cansada, muito preocupada com a minha mãe. O que aconteceu ali foi a força da sambista que prevaleceu, porque a Selma, de verdade, estava só com o corpo presente. Minha alma sambista dizia: ‘Você tem um compromisso, segura o choro, vai passar. Sua mãe vai ficar bem, você vai cuidar dela.’ Era o que eu repetia para mim mesma na concentração. Meu pensamento era: ‘Eu quero que acabe logo para eu cuidar da minha mãe’”.

Último tricampeonato do Sambódromo

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O tricampeonato da Beija-Flor em 2005 jamais se repetiu. A própria azul e branca foi bicampeã novamente em 2007 e 2008, mas no ano seguinte o título do Salgueiro impediu um novo tri.

O tempo passou e, hoje, a outrora poderosa Deusa da Passarela amarga um incômodo jejum de sete anos sem um título, o segundo maior de sua história. O carnaval evoluiu para um alto nível de competitividade e, em 2025, caso a Viradouro não conquiste o título, o Grupo Especial completará 17 anos sem um bicampeonato consecutivo.

‘Ela é eterna, e isso nunca vai mudar’, diz Fafá sobre saída de Paolla Oliveira

A notícia de que o Carnaval de 2025 será o último de Paolla Oliveira à frente da bateria da Acadêmicos do Grande Rio pegou o mundo do samba de surpresa, na noite do último domingo. A informação foi revelada pela própria artista durante uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no mesmo momento em que a agremiação fazia o último ensaio de rua da temporada.

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Mestre Fafá e Paolla. Foto: Luan Costa/Site CARNAVALESCO

Entre os componentes e ritmistas, a sensação de surpresa e o sentimento de gratidão pareciam tomar conta. Ao CARNAVALESCO, mestre Fafá contou que a artista se emocionou ao acompanhar um trecho do treino por chamada de vídeo. Para ele, o legado de Paolla será permanente.

“Por enquanto, a ficha ainda não caiu. Vai ser bem complicado saber que no próximo sábado será o último ensaio técnico com ela. Fizeram uma chamada de vídeo durante o ensaio. Ela estava chorando, e eu também fiquei um pouco emocionado. A Paolla não é só uma rainha, ela é uma representatividade dentro da escola e emana uma energia absurda. Ela deixará de ter o corpo presente, mas o espírito e a alma estarão aqui. A Paolla é eterna, e isso nunca vai mudar. Rainha, eu, a sua bateria e a sua escola te amamos. Independentemente da escolha, sempre iremos torcer pelo sucesso”, afirmou o mestre de bateria.

Poucos minutos após o anúncio da saída se tornar público, a escola de samba fez uma postagem de agradecimento nas redes sociais. No vídeo, Fafá e Paolla aparecem lado a lado durante o ensaio técnico na Marquês de Sapucaí, do último dia 27.

“Uma história de amor, respeito, cumplicidade e muita parceria. O posto de rainha de bateria não poderia ter sido mais honrado. A nossa jornada não representa um sentimento verdadeiro, que nos orgulha muito e ficará pra sempre marcada na nossa trajetória. Ciclos podem se encerrar, mas o sentimento não muda. Rainha, você faz e sempre fará parte de uma grande família, que te ama e admira demais. Mas não acaba por aqui, lindos capítulos ainda nos esperam juntos. Em especial, no Carnaval de 2025”, diz o post da agremiação.

Aliás, a conexão e o carinho com os ritmistas são atributos que se destacam na rainha de bateria durante as apresentações. É o que o diretor do naipe de chocalhos, Vitor Medeiros, descreve. Ele, inclusive, chegou a dar aulas de chocalho para a artista.

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“A Paolla é uma pessoa de coração ímpar, muito ‘povão’ e muito comunidade. Fico triste, porque a Paolla é a rainha mais querida que a Grande Rio já teve. Pela bateria, ela ficaria no posto sem prazo para despedida. Entendo que ciclos se iniciam e se encerram, mas fico triste”, comentou o diretor.

Já Felipe “Chocalheiro”, ritmista da Tricolor de Caxias há 12 anos, disse que recebeu a informação da saída ainda no sábado, mas não acreditou. O músico também detalhou a relação com a rainha ao longo dos últimos quatro carnavais.

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“Eu fiquei sabendo, mas como sou meio ‘São Tomé’, quis ver para crer. Como ritmista dessa escola há 12 anos, posso dizer que ela vai fazer muita falta. É uma rainha maravilhosa e extremamente presente. Ela interage não só com a bateria, mas com toda a comunidade. A gente deseja toda saúde, felicidade e que ela venha nos visitar sempre que possível. Sem dúvidas, é uma perda irreparável”, revelou Chocalheiro.

Para a felicidade da comunidade caxiense, Paolla Oliveira ainda terá um ensaio técnico pela frente e, claro, o desfile oficial do Carnaval de 2025. Ainda há muita água para rolar até 2026, mas a dúvida sobre quem deve assumir o reinado caxiense ganhou as redes sociais. Seria este o momento para escolher uma rainha da comunidade? Questionado pela reportagem, Fafá pontuou que essa não é uma decisão a ser tomada por ele.

“Acredito que isso não cabe a mim, mas sim aos presidentes de honra. A pessoa que for colocada para substituir a Paolla deve buscar fazer o melhor e tentar ser uma rainha digna, assim como ela foi. É isso que a gente espera”, disse o mestre.

Conheça os módulos em que atuarão os jurados no Rio Carnaval 2025

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) sorteou na noite dessa segunda-feira os módulos em que atuarão os jurados no Rio Carnaval 2025. Ao todo, serão 36 julgadores, que avaliarão nove diferentes quesitos. Eles estarão divididos em quatro módulos, que estarão posicionados ao longo da Passarela do Samba.

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Foto: Eduardo Hollanda / Liesa

Confira os módulos:

Bateria:
1- Rafael Barros Castro
2- Ary Jayme Cohen
3- Philipe Galdino
4- Geiza Carvalho

Samba-enredo
1- Alfredo Del-Penho
2- Alessandro Ventura
3- Igor Fagundes
4- Ana Paula Fernandes

Harmonia
1- Bruno Marques
2- Rodrigo Lima
3- Júlia Félix
4 – Jardel Maia

Evolução
1- Verônica Tores
2- Gerson Martins
3- Lucila de Beaurepaire
4- Matheus Dutra

Enredo
1- Mônica Mançur
2- Arthur Nunes Gomes
3- Johny Soares
4- Marcelo Figueira

Alegorias e Adereços
1- Fernando Lima
2- Madson Oliveira
3- Soter Bentes
4- Walber Ângelo de Freitas

Fantasias
1- Sérgio Henrique Silva
2- Paulo Paradela
3- Betto Gomes
4- Wagner Oliveira

Comissão de frente
1- Paola Novaes
2- Rafaela Riveiro Ribeiro
3- Raffael Araújo
4- Raphael David Filho

Mestre-sala e porta-bandeira
1- Mônica Barbosa
2- Henna Melo
3- Eduardo Torres
4- Fernando Bersot

Evolução e ala musical são destaques em ensaio do Morro da Casa Verde

Por Naomi Prado e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Gustavo Lima, Lucas Sampaio, Will Ferreira e Nabor Salvagnini)

O Morro realizou seu único ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi na preparação para o carnaval de 2025. O grande destaque foi a evolução da comunidade e a ala musical. Para 2025 a escola levará o enredo “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor” assinado pelo carnavalesco Ulisses Bara.

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Comissão de Frente

A comissão coreografada por Ana Carolina executou uma apresentação muito clara do enredo, fazendo interpretações como se estivessem em um terreiro de Umbanda. Os personagens principais eram um Ogã, um Exu e um Caboclo. A ala fez passos que remetem danças de orixás alternando com passos tradicionais do quesito. Em determinado momento os bailarinos fazem uma roda e batem palmas em harmonia com o samba-enredo, saudando os personagens principais que ficaram no centro da roda.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla João e Juliana apresentou sincronismo no bailado e fez coreografias que continham passos afros. Com uma roupa clássica branca, o casal teve um bom desenho de pista, evidenciando o enredo da escola.

Harmonia

O Morro desfilou com um bom canto, todos os componentes sabiam a letra do samba e talvez o volume do canto não aumentou por questões climáticas- estava em média 35° graus no momento do ensaio- notou-se que a comunidade estava passando muito calor mas para além disso o canto se destaca quando a bateria faz uma bossa na parte do samba em que diz -“ Êh Jurema”.

Evolução

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Ainda que estivesse um sol muito forte os componentes permanceram coreografando e dançando o samba. A maioria das alas desfilaram com acessórios/ plantas nas mãos, vivenciando ainda mais o enredo. A escola ensaiou compacta e com um bom andamento.

Samba

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O Morro irá desfilar em 2025 com um samba muito dançante, é uma obra e um enredo que cativa o público por ser afro-brasileiro. O carro de som é um dos melhores do Grupo de Acesso 2, por ter como voz principal o renomado intérprete do Rio de Janeiro e de São Paulo, Wantuir.

Outros destaques

A bateria, de mestre Fábio Américo, realizou bossas em perfeita harmonia com toda parte musical da escola. As bossas elevaram ainda mais o samba e o canto trazendo um balanço especial para os componentes dançarem.

MorroCasaVerde et MestreBateriaFabioAmerico 2

O Morro da Casa verde será a 6° escola a desfilar no Grupo de Acesso 2 e, ao que pudemos ver neste ensaio pode se tornar uma forte candidata ao título do grupo.

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MorroCasaVerde et 15 MorroCasaVerde et 12 1 MorroCasaVerde et 14 MorroCasaVerde et 5 1 MorroCasaVerde et 16 MorroCasaVerde et 20 MorroCasaVerde et Comissao MorroCasaVerde et Comissao2 MorroCasaVerde et Baiana MorroCasaVerde et Comissao3 MorroCasaVerde et DiretorHarmoniaUlisses MorroCasaVerde et CoreografaPaula MorroCasaVerde et MusaBateriaAritha MorroCasaVerde et DonaGuga 1 MorroCasaVerde et RainhaBateriaBruna MorroCasaVerde et PrimeiroCasal 1 MorroCasaVerde et SegundoCasal MorroCasaVerde et VelhaGuarda 1