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Nos 30 anos do ‘Jegue’ e ‘Gosto que me enrosco’, integrantes de Portela e Imperatriz relembram o desfile de 1995

Todo sambista que se preze continua cantando ao ouvir alguém entoar “Balançou, não deu certo, não, pois não passou de ilusão…” ou “Bate o bumbo, lá vem Zé Pereira… e faz Madureira de novo sonhar…”. São versos que transportam qualquer amante do Carnaval a um verdadeiro túnel do tempo, relembrando um dos duelos mais épicos dos desfiles das escolas de samba.

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Há 30 anos, a Imperatriz Leopoldinense conquistava o bicampeonato com o enredo “Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube lá no Ceará”, vencendo a Portela por apenas 0,5 ponto – uma diferença mínima na época. A escola de Madureira, por sua vez, encantou com o lendário “Gosto que me enrosco”, deixando sua marca na história do samba.

A Portela e seu renascimento

Três décadas atrás, a Portela vivia um momento de renascimento após anos de crises políticas e dissidências internas, que resultaram em um jejum de títulos que chegaria a 11 anos em 1995 – e só seria quebrado em 2017. Mas, naquele ano, figuras históricas da escola voltaram a desfilar na Majestade do Samba. Entre elas, Paulinho da Viola, que levou a avenida às lágrimas ao cantar no esquenta seu clássico “Foi um rio que passou em minha vida”. O samba-enredo profético, que convidava Madureira a sonhar novamente, parecia antecipar o que estava por acontecer naquela manhã de segunda-feira de Carnaval.

Naquele tempo, o Grupo Especial contava com impressionantes 18 agremiações, com nove desfiles por noite. A Portela foi a oitava escola a se apresentar no domingo, penúltima da noite. Quando os primeiros raios de sol iluminaram a Sapucaí, um desfile emocionante tomou conta da avenida. A apresentação ficou marcada como um dos momentos mais grandiosos da história portelense, trazendo uma das águias mais belas já vistas, assinada pelo carnavalesco José Félix. Além do acabamento impecável, a escultura era visualmente impactante, com uma máscara nos olhos que lhe conferia ainda mais imponência.

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Outro destaque foi o samba de Noca da Portela, Colombo e Gelson, que combinava força e elegância em sua melodia. No carro de som, além de Rixxa, estavam Carlinhos de Pilares, Rogerinho e Celino Dias, garantindo uma interpretação poderosa e emocionante. O enredo “Gosto que me enrosco” trouxe uma belíssima narrativa sobre a história do Carnaval, desde as grandes sociedades até os ranchos e cordões.

As alegorias e fantasias esbanjavam bom gosto, com o azul e branco predominando, mas harmonizados com detalhes em prata e dourado, que abrilhantavam ainda mais o conjunto visual. A Tabajara do Samba manteve uma cadência impecável do início ao fim, garantindo a fluidez do desfile. Quando a escola chegou à Praça da Apoteose, os gritos de “É campeã!” ecoaram pela Sapucaí. Foi uma verdadeira aula de desfile, uma celebração do samba no pé e, sem dúvida, um momento histórico para a Portela.

‘A Portela foi muito Portela em 1995’, diz Júnior Scafura

O atual vice-presidente da Portela, Júnior Scafura, estava presente no desfile de 1995. Filho de Luiz Carlos Scafura, presidente da agremiação na época, ele guarda com carinho as lembranças daquela apresentação histórica.

“Foi um Carnaval com uma magia especial, parecia que os deuses do samba estavam presentes. Tudo deu muito certo, e a Portela estava muito Portela. Quando falo ‘muito Portela’, me refiro à escola que o portelense gosta: desde a águia imponente até o luxo e esplendor do azul e branco vibrantes. O portelense valoriza essa tradição, e a Portela teve tudo isso em 1995. Além disso, a escola tinha o melhor samba do Carnaval, um samba de mestre Noca da Portela e seus parceiros Colombo e Gelson, interpretado de forma espetacular por Rixxa. A bateria, sob o comando do mestre Mug em seu primeiro ano à frente, deu um verdadeiro show. Você pode procurar defeitos nesse desfile, mas simplesmente não vai encontrar. Foi um Carnaval inesquecível, que deixou muitas lembranças boas e inspiradoras para a Portela”, relembra Scafura em entrevista ao CARNAVALESCO.

Ele destaca ainda a “seleção” de sambistas que fizeram parte daquele desfile: “Quando encontro personagens que ainda estão no nosso Carnaval – graças a Deus –, como o próprio Rixxa, Jerônimo, André Machado, Djalma e tantos outros que participaram ativamente daquele desfile, fico muito feliz. São memórias que servem sempre de inspiração para a Portela continuar fazendo Carnavais à altura de sua história e do espetáculo que a Sapucaí merece. Mesmo após 30 anos, esse desfile continua inesquecível no coração de cada portelense”, emociona-se.

O apogeu da ‘Certinha de Ramos’

Se a Portela vivia um renascimento em 1995, a Imperatriz Leopoldinense atravessava seu período mais glorioso e chegava à Sapucaí como grande favorita ao título. O enredo era mais um dos achados geniais de Rosa Magalhães. A escola de Ramos desfilava de maneira impecável, sem falhas visíveis, o que lhe rendeu o apelido de “Certinha de Ramos” – uma alcunha que, em um primeiro momento, era um elogio, mas que, anos depois, passou a incomodar a comunidade do Complexo do Alemão.

Atualmente diretor de Carnaval da Imperatriz, André Bonatte, que era ritmista em 1995, lembra que a fama de “certinha” começou a incomodar mais tarde:

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“No começo, esse rótulo de escola ‘certinha’ nos enchia de orgulho. Mas, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, ele passou a ser visto de forma pejorativa. Muitos associavam essa precisão a uma escola fria, sem sentimento, apenas cumprindo um protocolo. Isso virou quase um estigma do qual a Imperatriz teve dificuldade de se desvencilhar. Até hoje, tenho restrição a essa imagem da ‘certinha de Ramos’, da escola que desfila com o regulamento debaixo do braço. Parecia uma escola mecânica, preocupada apenas em seguir regras, sem emoção”, disse Bonatte ao CARNAVALESCO.

Mas, independente das críticas, a Imperatriz entrou na avenida determinada a confirmar seu favoritismo. O samba era espetacular e foi conduzido com maestria pela Swing da Leopoldina, que teve uma atuação brilhante sob o comando do mestre Beto.

Evolução tira o título da Portela e consagra a Imperatriz

Antes da apuração, a grande dúvida era: a Imperatriz seria penalizada por não ter desfilado com todas as alegorias previstas? Caso isso ocorresse, a Portela poderia conquistar o título. Mas, quando os envelopes foram abertos, o que se viu foi uma disputa emocionante entre a Majestade do Samba e a Rainha de Ramos.

O critério que acabou sendo determinante para o título foi Evolução. De acordo com o regulamento, a maior e a menor nota de cada quesito eram descartadas, e a Portela recebeu dois 9,5 nesse critério, o que comprometeu sua pontuação final.

A Imperatriz, por outro lado, teve apenas três notas abaixo de 10 em toda a apuração, e todas foram eliminadas pelo sistema de descarte. No placar final, a Imperatriz somou os 300 pontos máximos possíveis, contra 299,5 da Portela.

Uma disputa histórica, que permanece na memória de todos os amantes do Carnaval.

De olho nos quesitos: Liesa flexibiliza uso de cacos no quesito Harmonia e alas coreografadas em Evolução

Em toda apuração, quando Jorge Perlingeiro anuncia a leitura das notas dos quesitos Harmonia e Evolução, dirigentes e integrantes das escolas sentem um frio na espinha. Os quesitos “técnicos” ou “de pista” são responsáveis pela queda de desempenho de muitas agremiações na quarta-feira de cinzas. Buracos, evolução irregular, falta de canto e excesso de cacos dos intérpretes estão entre as principais justificativas recentes para que as escolas percam pontos nesses quesitos.

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Para os desfiles de 2025, a Liesa decidiu reformar alguns critérios de julgamento em todos os quesitos. Especialmente no aspecto do chão da escola, a entidade que organiza os desfiles optou por tornar mais clara a definição de cada um dos quesitos, uma vez que muitos julgadores confundem os dois quesitos na hora de aplicar notas.

Mudança na definição do quesito Evolução e especificação sobre alas coreografadas

Em 2024, Evolução era definida como “a progressão da dança de acordo com o ritmo do Samba que está sendo executado e com a cadência mantida pela Bateria”. Em 2025, a definição foi simplificada para “a progressão da agremiação ao longo da avenida”, removendo a referência específica à dança e à cadência da bateria.

Com relação às polêmicas alas coreografadas, em 2025 houve uma ampliação dessa regra, especificando que a parte artística de alas ou grupos coreografados, incluindo sua sincronia e movimentação (inclusive andando para a frente ou para trás), não será levada em consideração na avaliação da Evolução, desde que isso esteja alinhado à proposta conceitual da escola.

Outro aspecto que merece destaque é que foi acrescentado que a avaliação da Evolução não deve levar em conta “o fato de os componentes cantarem ou não o Samba-Enredo”, reforçando que esse aspecto pertence ao quesito Harmonia. Essa distinção não constava no regulamento de 2024.

A fluência do desfile continua sendo um fator essencial, com penalização para correrias, retrocessos não coreográficos e retornos de alas, destaques e alegorias. A espontaneidade, criatividade, empolgação e vibração dos desfilantes seguem sendo critérios avaliados. A manutenção de um espaçamento uniforme entre alas e alegorias continua sendo exigida, com penalizações para buracos e embolação de alas ou grupos.

Harmonia ‘libera’ cacos dos intérpretes e ‘limita’ poder do julgador

Para o quesito Harmonia, em 2025 foi adicionada a exigência de que a parte musical profissional da escola (intérprete principal, intérpretes de apoio e músicos do carro de som) esteja em harmonia com a bateria. Esse aspecto não era explicitamente mencionado no regulamento de 2024. A apresentação vocal dos intérpretes (principal e de apoio) e a execução adequada do arranjo entre os instrumentos de base passaram a ser critérios formais de avaliação.

Em 2024, o canto da totalidade da escola era um critério central, sem distinções sobre sua qualidade. Já em 2025, foi esclarecido que a afinação dos componentes das alas não será levada em conta, considerando que são amadores. O critério passa a focar exclusivamente em verificar se os componentes estão efetivamente cantando o samba-enredo. A partir de 2025, ficou estabelecido que os julgadores devem avaliar apenas os problemas de Harmonia que ocorrerem dentro do seu campo de visão e audição no módulo em que estão posicionados. Essa especificação delimita a abrangência da avaliação e evita que julgamentos sejam feitos com base em percepções de outros pontos da avenida.

Um aspecto polêmico que causava confusão entre os quesitos Harmonia e Evolução era quando um buraco extenso interferia no canto, causando despontuação. Agora, esse aspecto não será mais considerado no quesito Harmonia. A realização dos chamados “cacos” (gritos e frases improvisadas pelos intérpretes durante a execução do samba) foi formalmente mencionada em 2025 como parte da tradição do Carnaval, desde que feita sem exageros e sem comprometer a interpretação geral do samba-enredo. Essa inclusão representa um reconhecimento formal dessa prática, que não era mencionada nas regras de 2024.

Série Barracões SP: Com a espiritualidade da umbanda, Morro da Casa Verde busca volta ao Acesso 1

Após a queda do Acesso 1 para a divisão inferior no ano de 2023, o Morro da Casa Verde busca novamente voltar à segunda prateleira do carnaval paulistano, sendo que, no ano passado, a verde e rosa da Zona Norte quase subiu, ficando empatada com a Unidos de São Lucas, perdendo no desempate e terminando na terceira posição. Apostando em um forte enredo, que é uma homenagem à religião da umbanda, o Morro quer essa vitória. Tem uma equipe forte e principalmente um grande samba, cantado pelo renomado intérprete Wantuir.

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Indo para o seu segundo ano na escola, o carnavalesco Ulisses Bara recebeu o CARNAVALESCO no barracão, na Fábrica do Samba 2, e deu detalhes sobre o desfile que será mostrado no Anhembi no próximo dia 22.

Tendo como enredo “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor”, o Morro da Casa Verde será a sexta escola a pisar na passarela, pelo Grupo de Acesso 2.

Explicação e surgimento do enredo

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Ulisses revelou que o tema surgiu em conversa com o presidente Diego Campos, e que foi proposto pelo próprio artista, por ser apaixonado pelo universo umbandista e ter crescido na religião. “É um enredo que eu sempre tive vontade de fazer e surgiu através de uma conversa com o presidente. Eu cresci dentro da umbanda e sempre fui muito fascinado pelo mundo deles. Daí eu saí naquela pesquisa entre as casas, livros e vídeos para o desenvolvimento, porque eu não queria um enredo de protesto. Nós queremos uma homenagem mesmo à história deles. Como o Acesso 2 é um grupo mais reduzido, tive que ir enxugando, porque é uma história muito rica e, por isso, tive que pegar os pontos principais”, contou.

Brevemente explicando a narrativa, Bara diz que o desfile será contado pela entidade do Caboclo, uma das principais que incorpora na religião. “A gente conta a história através do Caboclo. Ele vem contando a narrativa, que é o Caboclo que incorporou no Zélio de Moraes, começando um pouco antes até mesmo da anunciação da umbanda para depois passar até os dias de hoje. Nós estamos ali mostrando os rituais, cerimônias, influência do catolicismo e influência do candomblé em cima da religião. Também nós pegamos todos esses pontos para montar o enredo”, explicou

Umbanda presente no Morro

De acordo com o carnavalesco, desde o momento em que o presidente Diego Campos, o diretor de carnaval Marquinhos e o próprio artista começaram a visitar os terreiros de umbanda, as pessoas que fazem parte da religião e viram o tema, ficaram felizes com a homenagem. “As casas de umbanda nos receberam muito bem. Eu fui a uma parte e o presidente foi em várias. Ele foi muito mais do que eu com o nosso diretor de carnaval. Toda vez que nós falávamos para as casas, eles ficavam muito felizes. Quando eu mostrei a proposta, depois que eu já estava com o texto e apresentei para eles, até mesmo quando os pilotos estavam prontos, todos gostaram muito e acharam muito respeitosa a forma como estava sendo tratado. A minha maior preocupação era ser o mais claro possível sem perder o respeito. As casas onde nós fomos visitar, todas acabaram abraçando a causa, tanto que até mesmo para o desfile e nos ensaios, sempre tem alguém da umbanda. Eles estão bem presentes dentro do nosso carnaval. Isso é muito legal”, declarou.

Cor branca como característica

Bara contou que o primeiro setor será colorido, usando o verde e rosa da escola e, o segundo, dedicado ao branco, que é a cor predominante da umbanda. “A gente começa um desfile com as cores da escola. Na primeira parte do enredo, até onde se está falando sobre as influências, senzala, catolicismo e a influência do candomblé, é um setor mais colorido. Quando a gente já vai passando para os dias atuais e contamos um pouco dentro do terreiro, vai clareando e o branco começa a predominar. Nós temos alguns pontos de cores em cima, mas o branco predomina. É a cor característica da umbanda e do candomblé também. Mas na Umbanda a gente vê que eles são muito mais ligados ao branco. Por isso a gente teve essa preocupação em estar usando bastante essas cores”, comentou.

Conheça o desfile

Setor 1
“É uma abertura mais indígena, já que é o Caboclo que está contando a história. A gente começa pelos caboclos e entramos em um setor que a gente vai para a senzala e passa para o cristianismo e a influência do cristão em cima da umbanda, já que os escravos pegavam as imagens para poder louvar as suas entidades e seus orixás”

Setor 2
“Já é a Umbanda hoje em dia. A gente começa a contar como se estivesse dentro do terreiro. A partir dali, nós falamos dos rituais que são feitos dentro das casas de umbanda”

Ficha técnica
Duas alegorias
800 componentes
Um tripé
Diretor de barracão – Danilo Destro

Série Barracões: Império Serrano faz o resgate de Beto Sem Braço e a superação após o incêndio no ateliê

Para o Carnaval de 2025, o Império Serrano apresentará o enredo “O que espanta a miséria é festa”, uma homenagem ao compositor Laudeni Casemiro, mais conhecido como Beto Sem Braço (1940-1993). O tema, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves, celebra a trajetória e a genialidade de um dos ícones do samba. No Carnaval de 2024, o Império Serrano conquistou o segundo lugar na Série Ouro do Rio de Janeiro.

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Em uma entrevista ao CARNAVALESCO, realizada no barracão da escola, Renato Esteves compartilhou suas expectativas para o desfile de 2025, que marca seu primeiro ano na escola de Madureira, onde nasceu e cresceu.

“Dirigir o Império Serrano é uma honra para qualquer carnavalesco, pois é um dos grandes pilares do carnaval. Com nove títulos do Grupo Especial e uma comunidade que é a base da escola, é uma escola de samba de peso, um orgulho e uma responsabilidade. Este carnaval de 2025, falando sobre um imperiano e, por consequência, sobre o próprio Império, é uma honra e um prazer, pois pude pesquisar e contar a história do Império e do Brasil. A marca que desejo deixar neste trabalho é a resistência do imperiano. Esteticamente, as alegorias refletirão essas festividades, mostrando que o povo imperiano é aguerrido e resistente. O imperiano de fé não se cansa, e vamos mostrar que, de fato, resistimos. Essa é a marca desse carnaval: Resistir!”, afirmou Renato.

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O carnavalesco enfatizou que a força da comunidade é o seu maior trunfo. “O povo vai entrar festejando! Como diz o título do enredo, ‘O que espanta a miséria é festa’, uma frase poderosa de Beto Sem Braço. Tenho certeza de que a comunidade vai entrar na Sapucaí de uma maneira nunca vista antes. Vamos fazer história”.

Renato também comentou sobre a construção do enredo sem bibliografia, baseando-se apenas em histórias transmitidas oralmente.

“O mais interessante é que não havia bibliografia. O trabalho foi construído a partir da oralidade, das histórias que as pessoas contavam. Histórias que eu ouvi e compartilhei, pois Beto Sem Braço tem esse lado mítico. As pessoas dizem: ‘Beto fazia isso, Beto fazia aquilo’. O mais fascinante dessa pesquisa foi entender essa figura tão emblemática que é Beto Sem Braço, que se tornou quase um orixá dentro da escola”, disse Renato.

O Império Serrano estava se preparando para lutar pelo campeonato no Carnaval de 2025 quando, recentemente, enfrentou um desafio significativo: um incêndio na fábrica Maximus Confecções, em 12 de fevereiro de 2025, destruiu 97% das fantasias destinadas ao desfile. Apesar desse revés, a comunidade do Império Serrano permanece resiliente e determinada a proporcionar uma apresentação memorável na Sapucaí.

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“Para mim, foi um flashback bizarro, pois estive no incêndio de 2011 na União da Ilha. Eu estava lá, acordei e já estava dentro do barracão. Minha primeira preocupação foi com as pessoas, saber se todos estavam bem. Depois, veio o impacto de saber que poderíamos perder o carnaval. Mas já comecei a pensar no que poderíamos fazer para vestir as pessoas”, relatou o carnavalesco.

Sobre os desafios técnicos, Renato explicou como está lidando com a combinação de luxo, incêndio e falta de verba: “O incêndio ocorreu em um momento crítico. Tínhamos 14, agora 10 dias para o carnaval. O evento já começou atrasado para todas as escolas devido à liberação tardia das verbas. Todos os ateliês estão sobrecarregados, todos trabalhando, mas não temos mão de obra nem insumos para recuperar as fantasias. Precisamos vestir as pessoas para que possamos brincar o carnaval”, concluiu Renato.

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Renato enfatizou o impacto da luta da escola em meio a desafios. “Estamos empenhados em apresentar um carnaval digno de uma escola que compete em um campeonato. Portanto, entraremos com os carros bem elaborados, como se estivesse realmente valendo. Como diz o jargão popular, vamos à vera. É isso que queremos entregar”, afirmou Renato.

O carnavalesco expressou sua gratidão pela rede de apoio que a escola tem recebido de suas coirmãs. “Temos recebido um apoio e afeto imensos de todos ao nosso redor. Estamos sendo acolhidos com muito carinho por cada pessoa, e acredito que o mundo do samba que nos rodeia, possivelmente por causa dessa ‘bolha’, nos tem tratado com carinho. Só tenho a agradecer por esse carinho e afeto, que são extremamente importantes”, disse.

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Renato destacou que o desfile promete ser emocionante. “Não há uma parte que já não fosse emocionante para o Império, mesmo antes do incêndio. Pelas diversas razões, será uma oportunidade para que os imperianos se reconheçam durante o carnaval. Estamos diante de um desfile em que o imperiano olhará e se verá representado, e agora, mais do que nunca, isso será evidente. O ensaio técnico já demonstrou que a carga emocional será imensa. Portanto, acredito que o desfile, como um todo, será uma grande emoção para todos, não apenas para os imperianos, mas também para todos que apreciam o carnaval”, afirmou Renato.

Saiba como será o desfile

A escola contará com três alegorias, cerca de 1.200 componentes, além do tripé da comissão de frente. O desfile do Império Serrano está agendado para o sábado de Carnaval, 1º de março de 2025.

Setor 1 – “No primeiro setor, começamos o desfile abordando a origem de Beto, que remete à feira. Beto foi feirante e observava o Rio de Janeiro pelos caminhos da feira. Este primeiro momento relembrará essa parte biográfica dele, que lhe conferiu o cognome de Beto Sem Braço, um apelido bastante conhecido. Portanto, este é o primeiro momento, que nos remete à feira. O segundo momento traz a homenagem ao Beto Sem Braço, sendo este chamado realizado com o primeiro estandarte de ouro que ele ganhou, junto com Luiz Machado, referente ao Carnaval de 1982, que foi o primeiro samba que conquistou, dentre os seis sambas que ele venceu, que é “O Bumbum”. A ideia é expressar que o que espanta a miséria é a festa, é o Carnaval. Esse é o nosso grande bloco inicial”.

Setor 2 – “No segundo setor, apresentamos o olhar cronista de Beto Sem Braço. Costumo dizer que ele foi um grande cronista musical. Este setor é dedicado às ‘crônicas sub-rubanas’, que abordam os desafios do cotidiano dos trabalhadores e do povo oprimido pelo sistema. Neste momento, faremos uma homenagem às matriarcas do subúrbio, que é o segundo grande momento, simbolizado pelo segundo estandarte de ouro que Beto ganhou, com Mãe Bahia. Será um clímax dessa crônica suburbana, ondevamos unir as rodas de santo às rodas de samba, sob a tamarineira. Tudo ocorre sob a perspectiva de Beto Sem Braço”.

Setor 3 – “No terceiro setor, culminamos com a celebração do Império. Prestaremos uma reverência a Beto Sem Braço, trazendo à tona o terceiro estandarte de ouro que ele conquistou, o ‘fara-serrinha’. O seu império, sua essência é o próprio Império Serrano, que vem comemorar, porque o que espanta a miséria é o Império Serrano. Assim, teremos o Império Serrano como fonte de resistência, reverenciando Beto Sem Braço”.

Série Barracões: Xica Manicongo: a revolução trans ancestral no Carnaval 2025 do Tuiuti

Artista de longa trajetória no carnaval, Jack Vasconcelos leva mais uma vez um enredo de cunho social para a Sapucaí. Em mais um desfile à frente do Paraíso do  Tuiuti, o carnavalesco, que já conduziu a escola ao vice-campeonato em 2018, consolida uma marca: enredos que denunciam problemas brasileiros através da folia. Em 2025, não será diferente. Com o tema “Quem tem medo de Xica Manicongo?”, o artista resgata a história da primeira travesti não indígena do Brasil, mergulhando em uma narrativa que une crítica social, espiritualidade e ancestralidade.

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Jack detalhou o processo de criação do enredo, que transcendeu a pesquisa acadêmica para entrar no campo espiritual. “Já conhecia Xica há alguns anos e tinha um argumento pronto, mas não havia surgido a oportunidade. Na reunião de planejamento, apresentei a ideia, e foi aceita imediatamente”, explicou.

Sua metodologia inclui leituras, diálogos com especialistas e, neste caso, uma imersão na Quimbanda. “A espiritualidade de Xica exigiu um estudo profundo. Durante a pesquisa, ela se manifestou e guiou o enredo. Os livros ficaram em segundo plano; a própria Xica assumiu a frente”, revelou.

O carnavalesco enfatizou a urgência de debater questões trans em um cenário global de ataques aos direitos LGBTQIA+. “O mundo discute o tema com atraso, pressionado por retrocessos. Levar essa pauta para a avenida é uma forma de resistência. Queremos que as pessoas percam o medo do diálogo, da convivência, da existência do outro”, afirmou.

Para ele, a simples presença de corpos trans na avenida já é um ato político. “Não precisamos chocar: a existência delas já incomoda muitos. Nosso papel é normalizar”.

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Nas alegorias e fantasias, Jack revisitou técnicas tradicionais, como artesanato em contas, cerâmica e penas, mesclando-as a elementos contemporâneos. “É um Carnaval colorido que atravessa o tempo. A Xica ‘transcestral’ conecta a história à luta atual, mostrando à juventude trans que elas não estão sós”, explicou.

O ápice será um carro com 30 “traviarcas” – matriarcas travestis que desafiaram estatísticas de violência e exclusão. “Será a maior concentração de travestis por metro quadrado do mundo. São sobreviventes que gritam ‘eu existo’ para mais de 200 países. O Tuiuti faz Carnaval por necessidade política”, concluiu.

Conheça o desfile do Tuiuti

O Paraíso do Tuiuti levará para a Avenida cinco alegorias, um tripé e um pede passagem, com 2.750 componentes. Jack Vasconcelos falou ao CARNAVALESCO sobre como virá o desfile em setores, para a Sapucaí.

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Setor 1: “A gente fala de uma história da cultura da Quimbanda sobre o início da criação do mundo, em que o Exu maioral divide os exus primordiais, que inicialmente tinham as duas energias dentro deles, a masculina e a feminina. E o maioral divide essas duas energias e deixa um Exu primordial sem dividir para sabermos como eram eles. E hoje a gente conhece ele como Exu de duas cabeças, que é uma parte feminina e masculina dentro de um ser só. Abrimos o desfile com essa lenda”.

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Setor 2: “Mostramos a Xica Manicongo em África, ela sendo uma sacerdotisa Quimbanda. Ela se intitulava filha do Exu de duas cabeças, ela tinha um Exu de duas cabeças que ela cuidava, e ela era uma grande feiticeira, uma pessoa respeitada dentro da sociedade como uma mulher trans, como uma travesti, que hoje a gente não compreende, como isso, mas na cultura dela isso nem era questionado”.

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Setor 3: “A gente fala da chegada dela já escravizada, depois da invasão portuguesa e da escravização dela à força, ela vem pra Bahia, para Salvador e ela é vendida a um sapateiro e ela vai trabalhar em Salvador pra esse sapateiro Nesse setor mostramos o contato da Xica Manicongo com o Brasil, com uma outra realidade, um outro lugar, outra luz, outras cores, e Salvador é uma cidade portuária e o Porto da Barra naquela época era o principal porto das Américas, então era um burburinho, era uma confusão, vinham produtos, coisas do mundo inteiro naquela época, e produtos de várias partes, também das Américas, saíam pelo Porto da Barra, lá em Salvador. Ela no meio dessa metrópole colonial”.

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Setor 4: “No próximo setor a gente fala da Xica tomando o contato com os indígenas brasileiros. Ela conhece uns indígenas que a gente chama, porque chamavam, de tibiras, que hoje em dia conhecemos como se fossem os homossexuais. E os índios tupinambás já entendiam a pluralidade das pessoas, então eles eram completamente aceitos e inseridos dentro dos seus povos, das suas aldeias, não era uma questão e ela conhece os tibiras e eles a levam para conhecer a mata brasileira. Ela conhece a cultura do catimbó e da espiritualidade tupinambá, porque ela vê um paralelo. Porque a cultura da kimbanda dela é baseada no culto aos n’gangas, que são os antepassados, e a cultura tupinambá religiosa também é baseada no culto aos antepassados, as pessoas que já estiveram nesse mundo e que já faleceram, ela vê uma proximidade muito grande nisso. Xica aprende muita coisa e ela vai unir o que ela aprendeu do catimbó com o que ela já trouxe da África, então nesse setor a gente fala dessa libertação que a Xica passa, porque até então, quando ela chega na Bahia, ela é obrigada a se vestir de homem, ela não tá entendendo e ela sofre muito por conta disso, porque ela quer botar a saia dela que ela usava na África, e a população estranha muito, então ela passa um perrengue danado lá. E quando ela está na floresta e tem contato com a cultura indígena, ela é liberta, ela se encontra novamente, e vê que não tem problema nenhum”.

Setor 5: “No próximo setor a gente já vê a Xica como uma grande feiticeira, porque ela, como a gente viu no setor anterior, uniu as duas culturas. Ela é novamente uma mulher muito poderosa, uma mulher conhecida inclusive na cidade, as pessoas usam seus serviços no sigilo, cidadão de bem, todo mundo curte no sigilo, e ela é vista como uma ameaça, a figura dela é demonizada, a crença dela é demonizada, o amor dela é demonizado. E durante a primeira visita da inquisição no Brasil, em 1591, a gente vai ter o primeiro caso de transfobia documentado no Brasil, que é o processo da Xica Manicongo, ou Francisco Manicongo. Ela é acusada de fazer parte de uma quadrilha de sodomitas, de bruxaria, e de se vestir de roupas femininas, e isso era um crime de lesa-majestade pelas leis manuelinas na época, e para ela não morrer na fogueira, ela entra num acordo para não ser queimada e de voltar a ser chamada de Francisco e usar roupas masculinas. Só que esse acordo ela cumpre durante o dia, e de noite, quando a cidade está dormindo, ela volta a ser a Xica na rua, no escuro, vai para a floresta, quando a cidade está dormindo, quando ninguém está vendo. E, no final desse setor, ela transcende. Quando ela faz a passagem, ela desencarna, é acolhida pela egrégora das pombagiras. Ela continua esse trabalho de rua noturno que ela tinha quando estava viva, essa coisa da marginalização que só consegue sobreviver de noite, no escuro, longe dos olhos da sociedade. Ela continua esse trabalho espiritual, só que ela vai para a rua proteger as suas. E a gente fala do pajubá, que é uma linguagem oriunda dos terreiros, do iorubá, que as travestis vão usar na rua para se proteger da violência urbana, e as pombagiras estão nesse trabalho. Elas sopram no ouvido das travestis esse pajubá para elas se defenderem, e a Xica está nesse trabalho”.

Setor 6: “No setor de encerramento a gente fala dessa perseguição histórica e sistemática à população travesti e trans, que a gente fala que as inquisições não pararam. Então a gente tem, por exemplo, a Operação Tarantula em São Paulo, que ficou muito famosa. A gente tem hoje um quadro de ação política que é muito organizado na perseguição da população trans e ataca diretamente as conquistas dessa categoria. E em contrapartida a gente fala também das mulheres trans e travestis que estão nessa linha de frente no combate a essas inquisições que não param, e não pararam durante a história. A gente vem homenageando mulheres importantes da história brasileira, do ativismo trans e travesti, travestis que ficaram famosos nessa luta, nessa rede de apoio, e no final coroamos a Xica Manicongo como uma grande transcestral, a grande traviarca das traviarcas, porque ela é a grande inspiração e madrinha e apoio espiritual de todas elas nessa luta”.

Carnaval de Santos começa nesta sexta-feira e terá cobertura do CARNAVALESCO

Vai começar o desfile das escolas de samba de Santos. Nos dias 21 e 22 de fevereiro (sexta-feira e sábado), 15 agremiações desfilam na Passarela do Samba Dráuzio da Cruz (Av. Afonso Schmidt s/nº, Castelo, Zona Noroeste), em busca do título do Santos Carnaval 2025, divididas em oito escolas no Grupo Especial e sete no Grupo de Acesso.

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Foto: Isabela Carrari/Arquivo/PMS

Nos dois dias de desfile os portões serão abertos às 18h. Já a Corte Carnavalesca entra na pista às 20h, na sexta, e às 19h, no sábado.

Quatro julgadores vão avaliar nove quesitos nos desfiles: bateria, harmonia, evolução, enredo, samba de enredo, fantasias, alegorias e adereços, mestre-sala e porta-bandeira, e comissão de frente.

Na apuração, marcada para o próximo dia 25, às 12h, no Teatro Municipal Braz Cubas (Avenida Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias), a menor das quatro notas será descartada.

O regulamento do desfile deste ano tem uma novidade: duas do Grupo de Acesso vão subir ao Grupo Especial no carnaval de 2026. Também está previsto que as duas últimas colocadas do Grupo Especial cairão para o Grupo de Acesso no próximo ano, mantendo o carnaval santista com oito escolas no Grupo Especial e sete no Acesso.

A campeã do Grupo Especial levará o prêmio de R$ 32.208,00. Já a vice-campeã ganhará R$ 17.072,00. O desfile é realizado pela Liga Independente e Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess), com o apoio da Secult.

A venda dos ingressos foi aberta no último dia 13, com as arquibancadas e área de PCD se esgotando no mesmo dia, após opções de compra on-line e na bilheteria do Teatro Rosinha Mastrangelo. No dia 14 esgotaram-se os últimos ingressos para os setores de frisas. Durante a venda, como parte do valor do ingresso, foram arrecadados itens que serão destinados ao Fundo Social de Solidariedade de Santos. O complexo, incluindo arquibancadas, camarotes e área técnica, tem capacidade para 10 mil pessoas.

Quem não conseguiu o ingresso pode acompanhar a transmissão ao vivo do desfile das escolas de samba pela TV Tribuna e TV Santa Cecília.

21h – Imperatriz Alvinegra (Grupo de acesso)

captura de tela 2025 02 11 161323Primeira a desfilar, a agremiação vicentina levará à avenida o enredo ‘Suzano! Bandeira de todas as cores… no peito um só ideal’, homenageando o município da Região Metropolitana de São Paulo. O carnavalesco é Sérgio Daguiã e a escola terá cerca de 700 componentes, distribuídos em dez alas e dois carros alegóricos.

captura de tela 2025 02 11 17291522h05 – Vila Mathias (Grupo de acesso)

A Vila Mathias vai narrar na avenida desde a criação do mundo, conforme a história bíblica, até a destruição provocada pelos sucessores de Adão e Eva. O enredo ‘Gênesis – O que Deus criou, o homem devastou’, tem como carnavalesco Hélcio Eduardo. São aproximadamente 800 componentes, distribuídos em 12 alas e dois carros alegóricos

captura de tela 2025 02 11 16274523h10 – Zona Noroeste (Grupo de acesso)

Com o enredo ‘Santos: o mar que pulsa na avenida – o legado do Peixe na alma santista’, a Academia de Samba Unidos da Zona Noroeste vai unir todos os simbolismos da Cidade e o pescado, do time de futebol à economia. Com Luiz Rodrigues como carnavalesco, a escola terá 750 componentes, divididos em dez alas e dois carros alegóricos.

captura de tela 2025 02 11 1631370h15 – Bandeirantes do Saboó

A Bandeirantes do Saboó retorna ao Grupo Especial após 10 anos, apostando na tradição e no humor. A escola escolheu como enredo um pão que é patrimônio cultural santista: ‘Cará: O Rei do Meu Carnaval’. Com a assinatura da carnavalesca Edilene Florentino, a agremiação terá mil componentes, com 13 alas e 4 alegorias.

captura de tela 2025 02 11 1630001h30 – Amazonense

A escola de Vicente de Carvalho, em Guarujá, fará uma viagem lúdica pelas lendas do folclore brasileiro em seu desfile. Apostando nos detalhes, a bicampeã do carnaval santista (1992 e 2009) aposta na tríade de alegorias coloridas, com três das 15 alas coreografadas, e cerca de 1,2 mil componentes na avenida.

captura de tela 2025 02 11 1633522h45 – X-9

A X-9 sairá em romaria na passarela do samba para pedir a bênção de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. A Pioneira busca sua vigésima taça oficial com o enredo ‘Peregrinos de Fé. Oh Mãe Negra… Meu Samba é Minha Oração’ e o carnavalesco Amauri Santos. A escola levará 1,4 mil componentes para a avenida, distribuídos em 18 alas, três carros alegóricos e um quadripé.

captura de tela 2025 02 11 1625384h – Real Mocidade

No encerramento da primeira noite de desfiles, a agremiação do Marapé leva o baião em uma homenagem ao tradicional rei do ritmo musical nordestino, Luiz Gonzaga, cuja morte completou 35 anos em agosto de 2024. A escola levará para a avenida 1,3 mil componentes, distribuídos em 14 alas e três carros alegóricos.

captura de tela 2025 02 11 16285220h – Brasil (Grupo de acesso)

Rebaixada para o Grupo de Acesso na última edição, a Brasil, segunda maior campeã santista, com 11 títulos, terá como enredo ‘Lendas, mistérios e crenças de um povo Brasil’, desenvolvido pelo carnavalesco Régis Lopez, que morreu no ano passado. A ‘Campeoníssima’ vai explorar as origens do povo brasileiro, com cerca de mil componentes em nove alas de composição – sem contar bateria, baianas e ala dos convidados – e dois carros alegóricos.

captura de tela 2025 02 11 16265121h05 – Dragões do Castelo (Grupo de acesso)

Com o enredo ‘Aláfia-Onan, Num Clamor de Paz, Respeito e Liberdade’, a Dragões do Castelo levará à Passarela do Samba um clamor por paz, respeito e liberdade. Ao todo, serão 600 componentes em dez alas, além de duas alegorias que representarão as cores da Dragões na avenida.

captura de tela 2025 02 11 16375622h10 – Padre Paulo (Grupo de acesso)

A heptacampeã e cinquentenária Mocidade Independente de Padre Paulo se prepara para apresentar na avenida uma reverência à sua trajetória no carnaval, que começou antes de sua fundação oficial, em 1974. As referências a momentos marcantes da escola estarão presentes em 11 alas, um carro alegórico e um tripé na avenida.

captura de tela 2025 02 11 16392923h15 – Império da Vila (Grupo de acesso)

A Império da Vila vai para a Passarela do Samba com uma nova versão do enredo ‘É melado e é gostoso, a seiva da vida!’, apresentado em 2011.  A importância do mel para a humanidade será apresentada com diferenciais do desfile original, com Carmem Lucia Lamela como carnavalesca, mil componentes, 13 alas e dois carros alegóricos.

captura de tela 2025 02 11 1634330h20 – Independência

A representante de Cubatão, Mocidade Independência, vai levar para o sambódromo o enredo sobre a pimenta-malagueta. A origem do tempero ardido, a disseminação pelo mundo e a importância para a culinária serão representadas em três carros alegóricos, além de 14 alas e aproximadamente 1,5 mil componentes.

captura de tela 2025 02 11 1630461h35 – Unidos dos Morros

A tricampeã Unidos dos Morros vem desta vez com o enredo ‘Quem te viu, quer TV cultura, educação e samba no pé’, com Igor Carneiro como carnavalesco. A agremiação da Cidade Alta vai exaltar a emissora televisiva contando com cerca de 1,8 mil componentes desfilando na avenida, divididos em 16 alas e com três carros alegóricos.

captura de tela 2025 02 11 1638502h50 – União Imperial

A tradicional verde e rosa do bairro Marapé promete encantar o público com o enredo “A Magia dos campeões de bilheteria”, com o carnavalesco Wallace Vinicyos, dará vida ao cinema. São previstos cerca de 1,4 mil componentes na avenida neste ano, divididos em 13 alas e 3 carros alegóricos.

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Gohayó à Célula Mater l – A homenagem à Primeira Cidade do Brasil foi o tema escolhido pela Sangue Jovem para fechar o carnaval. O enredo que homenageia São Vicente, com Michael Smith como carnavalesco, levará para a avenida cerca de 1,2 mil componentes, com 14 alas e 3 carros alegóricos.

RECOMENDAÇÕES A QUEM VAI AO DESFILE

Quem adquiriu ingressos para o desfile deve ficar atento. No verso do convite estão especificados os itens proibidos no sambódromo, como recipientes de vidro, garrafas plásticas e latas de qualquer natureza e tamanho; coolers, isopores e caixas térmicas; guarda-chuvas grandes com ponta; presilhas de metal para cabelo; substâncias tóxicas e fogos de artifício ou artefatos similares. Também não será permitida a entrada de pessoas com papel em rolos de qualquer espécie, jornais e revistas; balões em geral; capacetes; armas de fogo e branca de qualquer tipo e espécie, além de materiais ou objetos que possam causar ferimentos.

Conforme orientado pela DescTickets, responsável pela venda on-line, aqueles que compraram ingressos nesta modalidade não devem compartilhar o QRcode e nem o código do convite com outras pessoas. Outra recomendação importante, que vale tanto para ingresso físico quanto para o on-line, é não comprar convites de terceiros.

ESTRUTURA

A previsão de entrega total do complexo é para o dia 20 de fevereiro, véspera do desfile. São cerca de 100 homens trabalhando. Já foram concluídas a montagem das arquibancadas e a pintura das salas de apoio técnico, assim como a montagem das torres onde ficam os jurados e a instalação de frisas (cadeiras próximas à pista). Foram erguidos os pórticos (estruturas cobertas, formada por pilares ou colunas) de entrada e saída dos 367m da pista de desfile e a montagem do sistema de som. Os últimos serviços serão instalação de identidade visual na avenida e a pintura de toda área de desfile sendo os últimos serviços.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos) vai colocar em funcionamento a linha do samba para o transporte de passageiros à Passarela do Samba Dráuzio do Cruz, nos dois dias de desfiles. Serão dois ônibus em operação das 19h às 6h, com tarifa de R$ 5,25 (valor igual à convencional), ligando ao Terminal do Valongo, na região central da Cidade, onde o usuário poderá fazer integração (paga apenas uma passagem).

Dessa forma, na ida, arca com a tarifa para chegar ao terminal de ônibus, seguindo para o sambódromo na linha do samba sem custo. Na volta, paga a tarifa ao embarcar na linha especial e ao desembarcar no equipamento do Valongo, pode ingressar diretamente em outro ônibus para destino pretendido.

O trajeto para a passarela do samba será o seguinte: partida da plataforma C do Terminal Valongo, Rua Visconde de Embaré, Rua Alexandre Rodrigues, Av. Visconde de São Leopoldo, Praça Lions Club, Av. Martins Fontes, Largo da Saudade (Saboó), Av. Martins Fontes, Av. Nossa Senhora de Fátima, Praça Júlio Dantas, Av. Francisco Ferreira Canto, Av. Eleanor Roosevelt, Av. Francisco da Costa Pires e Praça Estado de Israel.

Já no retorno: Praça Estado de Israel, Av. Francisco da Costa Pires, Av. Divisório, Rua Gercino Hugo Caparelli, Av. Francisco Ferreira Canto, Av. Nossa Senhora de Fátima, Av. Martins Fontes, Largo da Saudade (Saboó), Av. Martins Fontes, Av. Getúlio Vargas, Praça Manoel de Almeida, Av. Getúlio Vargas e Terminal Valongo.

Livro homenageia carnavalescos que marcaram a história do carnaval carioca

A Livraria Travessa, do Shopping Leblon, recebeu na noite da última quarta-feira, o lançamento do livro “Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira: Grandes Criadores do Carnaval”, organizado pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães e pela crítica de arte e curadora Luisa Duarte. Com 386 páginas recheadas de fotos e croquis, a obra se debruça sobre o trabalho de 16 carnavalescos que marcaram a história da folia carioca a partir de artigos escritos por jornalistas e acadêmicos.

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“O carnaval entra na minha vida desde quando eu era pequenininho, nos colchonetes na sala assistindo pela televisão. Não existia ainda o concurso do carnaval virtual, mas eu desenhava escolas de samba, eu desenhava tudo que eu via na avenida. Eu sentava depois moleque e retratava com um olhar de carnavalesco, com um olhar de daquele menino que seria um criativo, um arquiteto artista”, destacou Miguel Pinto Guimarães, eleito um dos arquitetos mais influentes de 2024 pela Casa Vogue.

“Minha estreia na Sapucaí foi em 83, quando fui impactado pelo Xingu de Fernando Pinto. Depois vi Ziriguidum, fui campeão pela Portela em 84 e Tupinicópolis. É uma paixão que vem dos pais, é uma paixão que vem de criança. Eu sou totalmente apaixonado por essa arte”, relembrou.

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Miguel é também autor do livro “Quarenta e Quatro em Quarentena” (2020), fruto de lives que conduziu durante a pandemia da covid-19 com grandes lideranças das artes, política e economia. Foi a partir de um desses encontros, o com Leandro Vieira, que a crítica e curadora Luisa Duarte teve a ideia de “Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira”.

“Eu estava vendo uma live na minha casa em São Paulo do Miguel com o Leandro Vieira e me dei conta durante aquela live de que não existia no mercado editorial brasileiro ainda um livro que desse conta da história do percurso dos grandes carnavalescos do Carnaval do Rio de Janeiro, tomando eles como grandes artistas que eles são. Cinco anos depois, esse livro ganha vida. Eu tô muito feliz. O carnaval talvez seja uma das maiores expressões na nossa cultura e a gente ainda hoje não reconhece e valoriza isso à altura do que merece”, disse Luisa.

A coletânea se inicia com Fernando Pamplona, ​​um dos primeiros carnavalescos egressos da tradicional Escola de Belas Artes da UFRJ, responsável pela descoberta de grandes nomes como Rosa Magalhães, Maria Augusta e Joãosinho Trinta, e termina com um artigo dedicado à dupla Gabriel Haddad e Leonardo Bora, dois consagrados integrantes da nova geração, hoje à frente da Grande Rio. Os artigos de início e o de fim são de autoria do jornalista e pesquisador Leonardo Bruno.

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“Eu escrevi os dois capítulos separadamente e depois percebi como as histórias deles de alguma forma se conectam. Tanto o Pamplona quanto o Bora e o Haddad gostam de trabalhar em grandes comissões, têm equipes muito grandes. Eles tem uma uma característica de diálogo com as comunidades que é muito relevante para a obra deles e para a forma como eles enxergam o Carnaval e as escolas de samba. Há também uma procura por enredos e temáticas muito brasileiras. Eles olham muito para o que é o Brasil e para o que é a escola de samba de uma forma mais ampla, para tirar dali as suas histórias, as histórias que eles querem narrar. É muito legal ver como esses expoentes de gerações tão diferentes se conectam e dialogam de alguma forma e não à toa o Bora e o Haddad admitem e comentam que bebem nessa fonte do Pamplona, que o Pamplona é uma dessas grandes inspirações”, disse Leonardo.

Quem também assina dois dos 16 artigos é a acadêmica Helena Theodoro, primeira mulher negra a obter um Doutorado em Filosofia no Brasil, em 1985. Com uma bela história de militância e muitos anos dedicados à cultura afro-brasileira, Helena escreveu sobre Rosa Magalhães e Leandro Vieira.

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“Escrever sobre Leandro Vieira e sobre Rosa Magalhães foi um grande presente, primeiro porque são dois amigos, duas pessoas com quem eu já tinha uma relação muito boa de amizade, de acompanhar o trabalho. Eu acompanho a Rosa desde que entrei no Estandarte de Ouro em 1984. Inclusive fiquei muito triste porque eu estava fazendo o texto dela quando a editora me ligou dizendo que ela havia falecido. Eu acompanhei Rosa na Imperatriz durante todos os anos em que ela esteve lá e sempre nos demos muito bem, viajamos juntas e eu frequentava a casa dela. Nós éramos amigas, além de termos essa relação com o carnaval. Eu encontrei o Leandro na Mangueira e tive com ele uma relação muito boa. Eu utilizei muito do material do enredo “História para Ninar Gente Grande” nas minhas aulas como um elemento fundamental para se falar da história do Brasil e entender que o carnavalesco pode ser muito além de um mero artista plástico, mas um brasileiro que lute por objetivos e por propostas de cidadania plena para todos os brasileiros. O Leandro é tudo isso”, resumiu Helena.

A estudiosa relatou ter gravado horas e horas de entrevistas com os dois carnavalescos, além de ter visitado a quadra da Imperatriz, escola que Leandro coordena plasticamente na atualidade, e ouvido a comunidade leopoldinense, para compor um retrato fiel de ambos os artistas.

A jornalista Flávia Oliveira foi outra colaboradora da obra, no capítulo sobre Maria Augusta. Apaixonada por carnaval, ela comentou que inicialmente se sentiu surpresa pelo convite de Miguel, mas que se encantou pela proposta.

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“No jornalismo, produzo mais reflexões sobre a ótica econômica principalmente, do mercado de trabalho e dessas questões de território, de pertencimento, de identidade, até de negritude, mas aceitei o desafio a partir da possibilidade de escrever sobre uma mulher. É relevante ter uma mulher escrevendo sobre uma mulher. No livro, sou a única autora que escreve sobre uma carnavalesca mulher. Há outras autoras que escrevem sobre carnavalescos e há outras carnavalescas escritas por homens. Tem essa simbologia de ser uma mulher apaixonada por Carnaval, embora não especialista em arte, escrevendo sobre outra mulher, apaixonada por carnaval, protagonista dessa festa. Espero sinceramente que meu texto traduza esse desejo”, torceu Flávia, que também enalteceu o minucioso trabalho de pesquisa de Maria Augusta em seus enredos afro e elogiou a criatividade da artista em desfiles como Domingo e Amanhã.

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“A Flávia antes de tudo é uma amiga. Ela é considerada uma das jornalistas mais importantes do Brasil no momento. É uma pessoa de pesquisa, de sensibilidade, de preocupações sociais. O texto de Flávia é um privilégio, é um presente. Esse livro é fundamental. Nós carnavalescos sempre fomos chamados de artistas pelas pessoas que desfilam na escola de samba, pelas diretorias, mas na sociedade branca burguesa, nós não temos esse reconhecimento. Os críticos de arte, que escrevem para os jornais, revistas, etc, não nos contemplam. Eles não criticam, eles não falam nem bem nem mal do nosso trabalho. O fato de Miguel Pinto Guimarães resolver fazer um livro mostrando o nosso trabalho como arte é indescritível”, alegrou-se Maria Augusta.

Leandro Vieira também valorizou a iniciativa de Miguel, no que classificou como um esforço raro, senão inédito, de reconstrução do trabalho artístico de cada personalidade, através de fotografias e croquis. Além disso, o homenageado se sentiu realizado de estar junto de nomes tão importantes do carnaval carioca.

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“O trabalho que me antecede, as carreiras que me antecedem, a caminhada que me antecede também se derrama na minha caminhada, porque o que eu faço, a maneira como eu penso Carnaval reforça também o papel da Augusta, o papel do Renato, o papel da Rosa, para falar basicamente daqueles que eu tenho mais admiração. É motivo de alegria saber que eu faço parte e que eu tenho o mesmo ofício desses nomes. Eu tenho só 10 carnavais e tenho tido a felicidade de conviver com os meus ídolos. Eu estou aqui hoje com a Maria Augusta, hoje eu bebo cerveja com Renato Lages, eu pude celebrar a Rosa Magalhães em vida. É bonito para mim especificamente poder desfrutar desse contato de gente tão grandiosa”, descreveu Leandro.

É fato: foi uma noite estrelada, com personalidades de dentro e fora do carnaval. Além dos próprios autores e dos carnavalescos homenageados, compareceram ao lançamento da obra Regina Casé, Fátima Bernardes e Carlinhos de Jesus. O presidente da Liesa, Gabriel David, chegou à solenidade acompanhado do amigo e diretor-executivo da Imperatriz João Drumond.

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“É muito importante pra gente honrar os carnavalescos que já se foram e contar para as novas gerações toda essa formação do carnaval. Fico muito feliz que essa ideia ganhou o papel e está nas livrarias agora. Tenho certeza que engrandece ainda mais o espetáculo e fortifica ainda mais a importância desses carnavalescos ao longo da história do Carnaval”, expressou Gabriel David.

Série Barracões: Emoção na Avenida! São Clemente contempla o amor aos animais no Carnaval 2025

A São Clemente optou por disputar a vaga no Grupo Especial por meio do apelo emocional. A escola promete tocar o coração do público com o enredo “A São Clemente dá voz a quem não tem”, que aborda um assunto sensível e recorrente nos dias atuais: os maus-tratos aos animais de rua. O CARNAVALESCO visitou o barracão e o ateliê da Preta e Amarela para bater um papo com o presidente Renato Almeida Gomes (Renatinho), e com o carnavalesco Mauro Leite, responsável por desenvolver o enredo, que falou sobre o processo de adaptação deste tema tão pertinente na sociedade para a linguagem da avenida.

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“Quando cheguei na escola, o enredo já existia e os compositores já estavam até trabalhando no samba. A partir daí, fiz a minha própria pesquisa com o material que recebi, para criar os carros e as fantasias. Busquei por elementos visuais que conseguissem dar forma a esse texto riquíssimo que me foi entregue, que é sobre a defesa e proteção dos animais de rua contra os maus- tratos dos humanos. Meu trabalho foi tentar traduzir essa mensagem de forma carnavalizada”.

Eternamente, Rosa Magalhães

Mauro chegou na escola por indicação da sua amiga e parceira profissional, a lendária carnavalesca com mais títulos na Sapucaí, Rosa Magalhães, que faleceu aos 77 anos no dia 25 de julho de 2024, em decorrência de um infarto.

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“Foi um momento bem complicado. Eu não estava bem de saúde no dia que fui contratado pela escola, que, coincidentemente, foi o mesmo dia que ela faleceu. Fiquei muito feliz por ela ter me indicado, ao mesmo tempo que estava muito chocado com a notícia de sua morte. Tudo isso dificultou o início do meu trabalho, porque convivi com ela esses anos todos, e de repente veio essa mudança na minha vida. Mas acho que o trabalho aqui na escola até me ajudou a passar pelo luto. Eu mergulhei de cabeça e fui levando em frente. Sou eternamente grato por tudo o que vivi e aprendi trabalhando com a Rosa”, desabafou o carnavalesco, emocionado.

Rosa foi a autora do enredo de 2015 da São Clemente, “A Incrível História do Homem que Só Tinha Medo da Matinta Perera, da Tocandira e da Onça Pé de Boi”, que é um dos queridinhos do presidente Renatinho.

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“Temos dois enredos que considero gloriosos. ‘Capitães do Asfalto’ nem preciso falar que foi muito bom, mas o enredo da Rosa Magalhães foi um sucesso diferente. São muito interessantes”.

“Capitães do Asfalto”, dos carnavalescos Roberto Costa e Carlinhos de Andrade, foi o enredo de 1987, que trazia a preocupação com os menores abandonados do Brasil, demonstrando que não é de hoje que a escola aborda temáticas sociais e emotivas.

Emoção acima da razão

Mauro Leite considera ter um grande diferencial no seu atual projeto: a capacidade de estimular a criatividade através da sensibilidade.

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“Somos a primeira escola do Rio a fazer um enredo sobre cachorros e gatos, o que já nos coloca fora da curva. Pessoalmente, acho esse enredo deve ser elaborado afetivamente. Ele não trata de um assunto intelectual histórico, no qual podemos abrir um livro e tirar todas as informações. Ele também precisa ser sentido. Fala sobre o amor e a proteção aos animais, logo, para desenvolver, fui guiado pelo meu coração. Sou uma pessoa apaixonada por cachorros. Me baseei nesse meu sentimento pessoal e rapidamente entendi que esse era o caminho para montar a narrativa, aproveitando a simpatia que o tema desperta nas pessoas, unida à graça e alegria dos animais. Espero ter conseguido traduzir isso em forma de fantasias e alegorias”.

Gatos e cachorros são os melhores amigos do homem

Apesar do tema falar de maus-tratos aos animais, a escola escolheu dois deles para contar essa história: o cachorro e o gato, também conhecidos como animais domésticos ou “pets”. A decisão foi tomada com o intuito de gerar identificação com o grande público.

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“O grande trunfo do nosso desfile é justamente a simpatia dos nossos personagens principais. Todo mundo gosta de cachorros e gatos, e o povo brasileiro, especificamente, adora os vira-latas. Várias pessoas já me falam que ficaram emocionadas com o enredo. Outras disseram que escutaram o samba e ficaram sensibilizadas porque têm pets que já morreram. Todo mundo tem uma história com algum bichinho, por isso seguimos por esse caminho. Não é um enredo intelectual, mas vir com esse diferencial é uma grande vantagem para a nossa escola, que trabalha com a alegria e o envolvimento popular, sempre trazendo narrativas irreverentes”, explica Leite.

“Quando fui apresentar a ideia do enredo, todo mundo queria que falássemos do cavalo Caramelo (que ficou famoso por resistir durante dias em um telhado no período das enchentes no Rio Grande do Sul). Isso quebraria a nossa narrativa. Preferimos focar nos animais que as pessoas têm em casa para chamar a atenção delas para a causa, e está dando certo”, complementa Renatinho.

Sem cavalo Caramelo, mas com cachorro caramelo

Não tem figura melhor para representar os animais de rua do que o vira-lata caramelo. Seja onde formos, encontramos um dele, em todo canto do país. Infelizmente, ele ocupa uma das primeiras posições nas estatísticas dos cães que mais crescem nas ruas, assim como os que mais aparecem em campanhas contra o abandono animal. Por isso, ele foi abraçado pelo nosso povo e ganhou o título não-oficial de mascote do Brasil. É claro que a São Clemente daria o protagonismo para ele no seu desfile.

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“O caramelo é um cachorro amado, mas sofrido. Quando o enredo foi montado, pensei no histórico de abandono dele. Com o tempo, ele passou a ser querido. Todo mundo quer adotar um caramelo hoje em dia. O nosso samba o representa como uma figura alegre, que combina muito com a essência do carnaval”, comenta Renatinho, que é apaixonado pelo seu vira-lata Fred.

“O cachorro caramelo é divertido, e traz alegria para quem convive com ele. Um cachorro é sempre um fator de alegria dentro de uma casa. Quando o dono chega, é o cachorro quem o recebe com felicidade, mudando a energia do ambiente. Espero que isso aconteça na avenida também e que consigamos mudar a energia por lá”, acrescenta Mauro.

Altos e baixos

A vontade de emocionar na avenida nem sempre funcionou para a São Clemente. A agremiação permaneceu por 12 anos no Grupo Especial, caindo em 2022, justamente com um enredo que homenageava o humorista Paulo Gustavo, que faleceu em 2021 em decorrência de complicações da Covid-19.

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“Nós merecemos este rebaixamento. Aquele não era o momento certo para falar do Paulo Gustavo, que tinha acabado de morrer. Fomos muito frios. Poderíamos ter escolhido outro ídolo já falecido para homenagear, como o Jô Soares, por exemplo, ou o Tim Maia, mas o Paulo não. Além disso, gastamos muito dinheiro porque pensamos que teríamos ajuda da família do homenageado, mas não tivemos. O que tínhamos era muito conteúdo, que foi mal executado no Sambódromo” reconhece Renato.

A importância das cores nas alegorias e fantasias da São Clemente Assim como a maioria das escolas da Série Ouro, a São Clemente também é afetada pelas barreiras financeiras. Com pouca verba liberada para investir nos desfiles, os carnavalescos precisam recorrer a outras alternativas para montar seus carnavais.

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“Estamos usando os materiais tradicionais do carnaval e tendo muita dificuldade para achá-los nas lojas. Não encontramos quantidades suficientes do que é necessário para reproduzir o que fizemos nos protótipos, e assim temos que adaptar tudo aos materiais que conseguimos. Mas, fiz um trabalho com base no reaproveitamento de peças que já temos com as cores da escola, que são amarela e preta, pegando o gancho do enredo, que fala bastante do cachorro preto e do caramelo, que tende para um tom de amarelo. Esse é um dos fatores que eu mais aguardo ver traduzido na avenida. Vai ser legal”, explica Mauro Leite, com muito orgulho.

Ele também fala sobre a desigualdade nas condições de trabalho entre as agremiações do Acesso.

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“Encontrar formas para driblar a dificuldade financeira faz parte do dia a dia das escolas da Série Ouro. Já estamos acostumados com o dinheiro que chegando só em cima da hora, depois de já termos quase tudo pronto. Esse incêndio que teve agora (na fábrica Maximus Confecções, em Ramos) deixou essa questão bem clara. É difícil para todas as escolas do Grupo de Acesso, mas algumas têm mais possibilidades, como por exemplo, as que têm uma melhor estrutura. Felizmente temos o nosso próprio ateliê no Centro da Cidade e não fomos afetados, mas é difícil”.

Se por um lado Mauro usa a criatividade para superar a limitação financeira, Renatinho aposta no empreendedorismo.

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“O dinheiro do Grupo de Acesso saiu agora em janeiro, mas como vocês acham que tocamos durante esses quatro meses que estamos preparando o nosso desfile? Já investi mais de 200 mil reais na escola, sem ter. Eu alugo a nossa quadra e o espaço do ateliê para eventos durante o ano, porque quando acaba o carnaval, esses espaços ficam livres. Me preparo para o que pode vir. Sou inteligente e tenho experiência, e isso é diferente de ser rico. Sou pé no chão. A idade faz isso. O Roberto, meu irmão mais velho, me ensinava muito”.

O líder clementiano aproveitou a conversa para rebater as críticas que vem recebendo da imprensa, que diz que ele não tem mais a mesma vontade de fazer carnaval como antes.

“Estou mais velho, e agora começo a pensar mais nas minhas escolhas. Ainda tenho a mesma empolgação, mas não sou mais aquele Renatinho louco que fazia qualquer coisa. Mas se eu prometer alguma coisa, faço acontecer. Inclusive, quero desfilar”, diz ele com determinação, e garante que o desfile de 2025 será memorável, pois sua escola está vindo com força para brigar pelo título.

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“Estamos no caminho certo. Se vamos ser campeões? Não sei e nem quero saber. Não estou focado nisso. O que sei é que faremos um carnaval gigantesco, e espero que as outras escolas também façam, apesar de toda essa tragédia que aconteceu (ele fala sobre o incêndio na Maximus Confecções). A única certeza que tenho é que estou nessa disputa. Já temos fantasias muito bonitas, temos um apelo interessante, nossos componentes são unidos como uma família. Todos entrarão na avenida com vontade de desfilar, como um trem-bala. Parar a São Clemente é impossível. Temos um fanatismo bom, que nos faz ter garra. Mandei aumentar as alas, o som da bateria nos nossos ensaios está infernal (no bom sentido). Nossa comissão de frente está fantástica com a coreografia do David Lima, a harmonia é fera, os carros alegóricos maravilhosos. A São Clemente vem gigante, pois eu não aceito vir mais ou menos. Foram muitos anos no Especial, agora quero voltar a ocupar o espaço que merecemos”.

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Conheça o desfile da São Clemente

A São Clemente vem em 2025 com 3 carros alegóricos e 1 tripé na comissão de frente. Mauro Leite, ao CARNAVALESCO, fez a setorização do desfile da escola.

Setor 1: Se chama “o lar da felicidade”, que representa a vida ideal de um animal de estimação, em uma casa boa, sendo bem tratado e amado. Abordamos também o amor dos animais pelos seus donos. E tudo isso com a presença de São Francisco de Assis os amparando.

Setor 2: Neste, mostramos o lado sombrio, que são os maus tratos. Trazemos as pessoas que não dão valor ao amor dos animais e que os deixam com fome, os criam em situação de aprisionamento, dentre outras questões.

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Setor 3: Aqui falamos dos protetores dos animais, que são os veterinários, os representantes da legislação e os cuidadores. Falamos um pouquinho também dos moradores de rua que têm cachorros e gatos como amigos, e cuidam deles, mesmo em condições precárias. E por fim, falamos dos santos protetores dos animais, como São Francisco de Assis.

Série Barracões: Reza, emoção e fé! Tradição une espiritualidade, resistência e arte no retorno à Sapucaí

A escola de samba Tradição retorna ao Sambódromo da Marquês de Sapucaí em 2025 com o enredo “Reza”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Valente. A proposta celebra a espiritualidade humana em suas múltiplas manifestações, transcendendo dogmas religiosos para explorar a conexão entre o sagrado e o divino, convidando à reflexão sobre fé e crença no invisível. Após conquistar o título da Série Prata em 2024 com o enredo “Trono Negro”, a agremiação ascendeu à Série Ouro, marcando seu retorno à Sapucaí após 11 anos de ausência.

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Em entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO, realizada no barracão da escola, Leandro Valente revelou suas expectativas para o desfile de 2025, que marca seu décimo ano à frente da Tradição.

“Apresentamos uma oração que se distingue pela inclusão. É uma reza que acolhe todos, independentemente de crenças. Além de conectar o sagrado ao divino, mostramos que todos têm o direito de se ligar a Deus ou aos deuses, sejam monoteístas ou politeístas. Transformamos o ato de rezar em um movimento político. Rezar é resistir. Por isso, incluímos uma ala LGBTQIA+ com um casal de destaque adornado como símbolo de luta, proclamando que a reza é pelo direito de existir. É algo poderoso”.

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O carnavalesco também expressou gratidão pelo retorno à Sapucaí após anos atuando na Intendente Magalhães, que considera um “chão sagrado”: “É um agradecimento às nossas raízes e ao que vivemos. A Tradição volta não apenas ao palco principal do carnaval, mas ao coração da cultura carioca”.

Sobre os desafios técnicos, Leandro explicou como concilia luxo e baixo custo: “Usamos volumetria criativa: fitas de cetim, rendas e ‘lasanhas’ para dar volume sem gastar muito. Aprendemos na Intendente a transformar limitações em soluções — isso é nossa essência”.

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Leandro reforçou o impacto visual: “Alegorias de até 15 metros de altura e 25 de comprimento, com iluminação cenográfica que realçará cada detalhe. Queremos provar que, mesmo vindo do Acesso, podemos emocionar a Sapucaí”.

Saiba como será o desfile

A Tradição apresentará um desfile com três alegorias, distribuídas em quatro setores, com um total de 22 alas e 2200 componentes. A escola de samba é a primeira a desfilar no sábado, 1 de março de 2025.

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Setor 1 – “No primeiro setor, abordamos a conexão entre o homem e os seres do dia e da noite, a onipotência e a onisciência de Deus. Existe uma fé que nos guia, e nesse momento revelamos que Deus nunca dorme. Ele está presente tanto durante o dia quanto à noite. Independentemente de sua crença ou credo, Ele está sempre ali, nos vigiando”.

Setor 2 – “O segundo setor destaca a importância de rezar para agradecer e para pedir. Neste momento, apresentamos dezenas de devotos, cidadãos de diversas civilizações que se conectam por meio de seus pedidos, seja através da festividade do Sírio de Nazaré ou de um cortejo em procissão, mas, de alguma forma, todos eles chegam ao altar. Com o sincretismo religioso, adentramos um altar de matriz africana, rendendo louvores a um Deus de origem africana, e celebramos o merecido respeito aos orixás, levantando um brado em defesa da tolerância religiosa”.

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Setor 3 – “No terceiro setor, abordamos o tema da cura — a cura por meio das ervas, das rezadeiras e rezadeiros, bem como a cura que vem do esoterismo, por intermédio de feitiços e bruxarias”.

Setor 4 – “No quarto setor, trazemos a mensagem de que, ao abrirmos o sábado de carnaval, merecemos um mundo melhor. Assim, rezamos por um futuro mais promissor. Esta alegoria, que encerra o desfile, exalta a força da natureza, revelando que é nela que reside o sagrado. Finalizamos o desfile mostrando que o enredo da tradição busca unir todos os povos e crenças, proclamando um ‘aleluia’, um ‘amém’, um ‘axé ‘ ou um ‘Salamaleico’”.

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‘Sempre é um sonho’: Maria Mariá completa seu terceiro carnaval à frente da ‘Swing da Leopoldina’

Estudante de Comunicação Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faixa preta no Taekwondo. Gresilense desde pequeninha. Rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense. Maria Mariá está no seu terceiro ano no posto realizando este sonho toda vez que pisa na Avenida. Vale lembrar que já no seu primeiro desfile ela foi campeã do Grupo Especial.

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Antes do primeiro ensaio técnico, a rainha conversou com o CARNAVALESCO. Falou sobre representatividade, trajetória, sua conexão com as crianças da comunidade e deu um pequeno spoiler sobre sua fantasia para o Carnaval 2025.

“Todos os anos, todos os dias, todos os ensaios é a realização de um sonho. Não só meu, como de toda comunidade, porque não estou representando a Maria pessoa, estou representando todo mundo que vem da ala de passistas e consegue um cargo com maior visibilidade, todo mundo que tem o sonho de ser rainha de sua escola. Sempre é um sonho”, afirmou Maria.

Para a rainha, o que mudou na sua vida foi a visibilidade, mas não se sente cobrada pela comunidade. Sabe o peso da responsabilidade do cargo.

“O que mudou totalmente na minha vida é essa visibilidade, de me entender como uma pessoa pública. Não me sinto muito cobrada. O lugar que eu estou é um lugar de responsabilidade. Temos que entender isso, que é um lugar de visibilidade. Mas não tenho cobrança em um sentido ruim não”, comentou Maria Mariá.

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Foto: Nelson Malfacini/Imperatriz

Comprometida com as atividades da Imperatriz, Maria faz questão de estar em todos os ensaios e eventos da escola, mas em nem todos os momentos foi possível. A rainha não esteve presente no minidesfile que ocorreu na Cidade do Samba, em homenagem ao Dia Nacional do Samba, em 29 de novembro.

“Acho que as coisas acontecem do jeito que têm que ser. Infelizmente, eu não consegui estar, mas hoje estou aqui. Estou em todos os ensaios, como estive em todos os ensaios de quadro, de rua e em todos os eventos que acontecem na escola”, explicou a rainha.

A escolha de Maria Mariá como rainha fez parte de uma política de reaproximação da Imperatriz com a comunidade do Complexo do Alemão. Hoje, em dia, os gresilenses se veem nela. A componente Jennifer Muniz, de 22 anos, desfila na Rainha de Ramos desde os 15 e acredita nessa força da representatividade.

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Componente Jennifer Muniz, de 22 anos, desfila na Rainha de Ramos desde os 15

“Eu acho que ela é uma representação muito forte para comunidade porque ela veio do Complexo do Alemão e a Imperatriz é do Complexo do Alemão. É de uma representatividade muito importante para todas nós mulheres, ainda mais para as mulheres negras. Isso é muito importante porque mostra que nós da comunidade podemos ser rainha de bateria, não só famosa que pode ser”, disse Jennifer.

Júlio Santiago, de 16 anos, desfila da Imperatriz há quatro anos e vê felicidade e amor na sua rainha.

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Júlio Santiago, de 16 anos, desfila da Imperatriz há quatro anos

“Ela é uma pessoa radiante, bem feliz. Ela entrega o seu melhor e tenho certeza de que tem um caminho lindo pela frente. Acho muito bom ela vir da comunidade porque mostra toda força da nossa comunidade, todo o amor que nós dedicamos à Imperatriz”, disse o desfilante.

Maria Mariá ainda é um espelho para os passistas da comunidade. Gabriel Copelli e Karolaine Souza, ambos de 24 anos, celebram o reinado da passista que se tornou em rainha.

“Eu acho bem interessante ter uma pessoa que possa representar cada um nós. Ela começou como a gente, passista da escola. Ela é uma pessoa do bem, está sempre conosco”, disse Gabriel.

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Gabriel Copelli e Karolaine Souza, ambos de 24 anos, celebram o reinado da passista que se tornou em rainha

Karolaine também reconhece que a rainha tem muitas qualidades: “Ela é oriunda da ala de passistas e acho incrível ver a escola valorizando uma pessoa da comunidade. Ela é estudante de Comunicação, tem projeto social. É interessante ver tantas qualidades”.

Maria Mariá gosta de ser um exemplo para as crianças da comunidade. Durante os ensaios, os pequenos gresilenses formaram uma ala que vem à frente da comissão de frente e entregam todo carisma verde e branco.

“É maravilhoso ser um espelho para a comunidade, principalmente com as crianças. Agora tem a ala das crianças que vem sempre na frente da escola todos os ensaios. Começou como uma brincadeirinha, que nós queríamos que crescesse e desse certo. Foi crescendo e crescendo, e são quase uma ala independente na frente da escola. Elas vão transformando todo nosso amor e vai sendo lindo sempre”, disse a rainha.

Neste Carnaval de 2025, a Imperatriz Leopoldinense levará para a Sapucaí o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – Água Fresca para o Senhor de Ifón”, desenvolvido por Leandro Vieira. A agremiação será a segunda a desfilar no domingo, dia 2 de março. Perguntada sobre um spoiler de sua fantasia, Maria Mariá decidiu ser misteriosa.

“O spoiler que eu posso dar é que são das cores da escola”, afirmou a rainha.