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Com muita energia e quesitos bem trabalhados, a Vila Isabel soltou o bicho e deu um baile de alegria no teste de luz e som da Sapucaí

Por Guibsom Romão (Colaboraram Allan Duffes, Freddy Ferreira, Luan Costa, Lucas Santos, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)

De ponta a ponta, a Vila Isabel fez bonito no ensaio técnico de teste de som e luz Sapucaí. O destaque fica para a evolução da escola, a comunidade deixou a Sapucaí assombrada com tamanha animação e canto forte. Além de fazer um bom uso da iluminação cênica, o som por toda a Sapucaí coroou o brilhante carro de som e o Tinga. Marcinho e Cris brilharam e esbanjaram elegância.

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Sendo a última escola a desfilar na segunda-feira, dia 3 de março, a Vila Isabel vem com o enredo “Quanto Mais Eu Rezo, Mais Assombração Aparece”, desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. Diante do que foi apresentado neste último ensaio, a Vila mostrou que todas as rezas já foram feitas. A escola assombrou, no melhor sentido possível.

“Eu sou suspeito em falar, porque a gente conversou muito durante a semana e falou que isso era o último ensaio e seria como se fosse um desfile oficial. E eu só quero agradecer a escola, desde a Comissão de Frente até a última ala do barracão, que cantou muito, evoluiu muito, brincou muito. A Vila está de parabéns, e é isso que a gente vai fazer no dia do desfile. No primeiro ensaio o som atrapalhou um pouco e acho que com o som de hoje a gente conseguiu evoluir muito mais, tinha muito mais retorno para a bateria. E era isso que a gente estava esperando. Para a gente ir firme para o dia do desfile”, explicou Moisés Carvalho, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

Sob o comando da dupla Alex Neoral e Márcio Jahú, a comissão surpreendeu e veio com uma coreografia diferente da apresentada no mini desfile e no primeiro ensaio técnico. Os gatos pretos se tornaram maquinistas, com direito a um trem como elemento cenográfico. Além do figurino novo, a comissão contou uma pintura facial em cores neon, que assim como outros elementos do figurino e do trem, causaram um efeito interessante com a iluminação azul da Sapucaí.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

A coreografia estava muito bem ensaiada, não houve mínimos deslizes. A luz foi um elemento primordial para a apresentação, tanto a da Sapucaí, quanto das lanternas que os bailarinos usaram durante a performance. Em todas as cabines a coreografia foi muito bem executada e transmitiu perfeitamente a ideia de que um trem de assombrações e alegria estava entrando na avenida.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Marcinho Siqueira e Cris Caldas apresentaram uma coreografia muito dinâmica, apesar de toda a sintonia e sincronia que eles desempenharam, a apresentação dos dois se contrapôs, mas foi de encontro com o enredo. A Cris apresentou um bailado clássico, com rigor e maestria, ainda mais com o vento que no 3º módulo tentou assombrá-la, já o Marcinho carregou no seu bailado toda a veia cômica que o enredo e o samba trazem e com uma dança que mesclou o tradicional, com passos inovadores e até engraçados. O casal apresentou de maneira exemplar e interessante o pavilhão azul e branco do povo de Noel. É um quesito seguro para o desempenho da escola. A sensação que ficou foi de que com a fantasia o espetáculo será muito maior.

Ao final do ensaio técnico o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila, Marcinho e Cris Caldas, apresentou uma avaliação sobre o desempenho da coreografia, que segundo a dupla já é a oficial para o desfile.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

“Foi lindo de enxergar aqui hoje, ver a casa cheia. A gente tendo o gostinho de como vai ser no dia, no desfile oficial. Agradecer a Liesa, ao carnaval por proporcionar todas as escolas de passarem por isso (teste de som e luz). Acho que de fato não devia ser um privilégio como vinha sendo nos anos anteriores só para as primeiras colocadas. A avaliação especificamente do casal é que a gente está muito feliz, temos trabalhado bastante e acho que a gente conseguiu mostrar com leveza, com a técnica, tudo que a gente tem trabalhado e pensando em detalhes, em cabeças e mãos para poder abrilhantar bastante o bailado tradicional”, acredita o mestre-sala.

“A gente está pronto. Nos preparamos, trabalhamos junto com o preparador físico, que a Vila colocou do nosso lado, um parceiro que tem nos ajudado muito para a nossa parte física. E o que foi feito hoje é a coreografia oficial. A gente vinha nos ensaios de rua fazendo uma coreografia que era para a rua, mas a gente estava trabalhando e aperfeiçoando a coreogradia para o jurado e já do último ensaio para cá começamos a apresentar na rua nossa coreografia oficial e é essa que a gente vai vir no dia do desfile. Uma coreografia gostosa, leve como o nosso samba, e como algo nossa escola, leve, alegre, gostosa”, completou a porta-bandeira.

Harmonia e Samba

O que dizer de Tinga e seu carro de som? Sem falhas técnicas e com som por toda avenida, o show foi garantido. O Tinga nem precisou fazer muito esforço para puxar a escola, o chão estava cantando de maneira coesa, uniforme e divertida. Não tiveram trechos de destaque para o canto da escola, o samba foi bradado de ponta a ponta.

“É só vir com essa alegria! A comunidade está de parabéns, estamos muito felizes com o nosso samba, com o nosso enredo. Vamos, sim, fazer um grande desfile, se Deus quiser, e seguir atrás do nosso sonho: conquistar mais títulos para a nossa comunidade”, disse Tinga.

Evolução

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Neste quesito o destaque fica para a interação que os desfilantes tiveram com o público presente no ensaio. Todas as alas interagiram com o público, os chamando para cantar o samba e mostrando a alegria que estava sendo ensaiar pela Vila Isabel. Outro destaque foi para as alas que estavam atrás da bateria e do carro de som, que apresentaram um canto muito forte.

Foi notório que o povo de Noel estava virado no samba, pois na bruxaria será no desfile. Até os componentes, já cansados nos últimos setores da avenida, continuaram coreografando o samba e evoluindo com a escola, parecia que era algo inconsciente.

Bateria e Outros destaques

Os profissionais de harmonia e direção da escola usavam chapéus de capitão, simbolizando a condução precisa e eficiente da Vila Isabel.

Uma bateria “Swingueira de Noel” da Unidos de Vila Isabel com uma parte de trás do ritmo equilibrada e bem equalizada. A afinação tradicionalmente mais pesada de surdos garantiu pressão sonora, principalmente em bossas. Surdos de terceira deram um balanço envolvente à cozinha da bateria da Vila. Assim como repiques coesos, caixas retas consistentes e taróis ressonantes com sua genuína batida rufada complementaram de forma caprichada os médios. Na cabeça da bateria, uma boa ala de cuícas mostrou valor sonoro. Tamborins e chocalhos tocaram interligados, num trabalho que demonstrou nítido entrosamento musical. Bossas intimamente ligadas à melodia do samba-enredo da azul e branca do bairro de Noel foram apresentadas de modo cirúrgico. Sempre se aproveitando da pressão sonora provocada pela afinação de surdos. Uma bateria da Vila Isabel pronta para impulsionar os desfilantes e buscar o sonhado gabarito no quesito. O conhecido e sempre cativante carisma da rainha Sabrina Sato sempre chama atenção e precisa ser pontuado.

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Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

“Está tudo pronto. Fizemos um grande desfile, com a comunidade cantando muito. Bateria afiadíssima. Se o desfile fosse hoje, Vila Isabel estaria brigando por esse título. Coloquei todas as bossas hoje. Vai ter uma surpresa para o desfile, mas vocês vão ver na hora”, comentou mestre Macaco Branco.

Arrebatadora, Mangueira mostra potência no chão da comunidade e excelência nos demais quesitos

Por Lucas Santos (Colaboraram Allan Duffes, Luan Costa, Freddy Ferreira, Guibsom Romão, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)

Em um enredo que tem muito do DNA da Mangueira, falando dos povos bantus, de um povo preto, dos crias, do favelado, a Verde e Rosa no mínimo deveria buscar dar brilho a sua comunidade. E foi o que se viu no segundo ensaio da escola, com uma significativa melhora em relação ao primeiro ensaio que já tinha sido muito bom. Mas não foi só no chão da comunidade, no canto que a Mangueira se destacou. Também houve um trabalho excepcional da comissão de frente e do “casal Furacão” que marcaram positivamente este ensaio, além da parte musical, com o samba passando muito bem e a bateria mostrando muita musicalidade. Com este teste, a Verde e Rosa mostra que almeja brigar mais a frente na tabela e deixar de lado o incômodo de não ter conseguido nem campeãs em 2024. Em 2025, a Mangueira vai fechar a primeira noite de desfiles do Grupo Especial com o enredo “À Flor da Terra- No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França.

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O diretor de carnaval, Dudu Azevedo, falou ao CARNAVALESCO no final do ensaio e projetou um grande desfile.

“A gente sempre faz uma reunião no final do ensaio para ver como foi e fiquei muito feliz que todos os meus diretores me relataram que nao tiveram nenhum problema na pista, que os seus setores passaram bem. A gente sabia que tinha condições de passar como a gente passou na pista, fizemos a parte da emoção, um paradão. De novo a gente faz o o encantamento para quem está assistindo, encanta desfilando, isso é muito bom para a gente, a gente sai daqui com a certeza de ter o componente feliz, com certeza do nosso tempo na avenida, de chegarmos a esse ponto da preparação como desejávamos, da apresentação nas cabines, da bateria que parou perfeitamente pra fazer a paradinha, colocamos a bateria no box sem correria, da Harmonia, canto, organização da escola muito boa. Estamos preparados pra fazer um grande desfile”, explicou o diretor.

Comissão de Frente

A Mangueira apostou em trazer muito do que já haviam trazido para Sapucaí no primeiro ensaio. A parte da ancestralidade com uma coreografia mais tribal, com pintura corporal muito bem produzida e coreografia forte e intensa. A luz cênica mais uma vez sendo utilizada e.o famoso “cria” surgindo da fantasia e mandando passinhos. Mas, desta vez, não estava sozinho, uma surpresa, na ousadia de Lucas e Karina, para não ficar igual, ao primeiro ensaio, outro “cria” surgia do público para dançar com o mesmo dos últimos ensaios. Uma carta tirada da manga. Boa apresentação.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Mestre-sala e Porta-Bandeira

O casal “Furacão”, mais uma vez, apostou em uma coreografia que enfatizava o bailado clássico do casal de mestre-sala e porta-bandeira, como mote de ancestralidade e herança dos povos bantos presentes no enredo. Algumas pontuações no samba estiveram presente e deram um molho na apresentação, como o “passinho” de Matheus Olivério no trecho que falava sobre o cabelo descolorido. E Cintya, essa, estava mais uma vez iluminada, mesclando doçura, suavidade, mas sem perder a sua intensidade, com giros potentes, em incrível controle do pavilhão. Matheus foi muito generoso sabendo os momentos que sua parceria devia brilhar. Um dos momentos mais lindos é o mestre-sala dando um beijo na mão da companheira e ajeitando o pavilhão para que Cintya encerrasse com uma icônica bandeirada. Atuação sublime da dupla.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

“A Mangueira vem em um momento de reafirmação da magnitude, da matriarca que ela é. Eu sempre falo: se não tiver emoção, não é a Mangueira. Com todo o respeito a todas as outras escolas, mas a Mangueira sempre tem esse quesito. Tem esse “a mais”, que é a emoção. Ver a arquibancada lotada, funcionando com um samba tão criticado – e que fala da crítica dentro dele – é maravilhoso. A dança do casal Furacão está cada vez mais forte e dentro das características que queremos passar para o mangueirense: aguerrido, vigoroso, determinado e com a nossa identidade. Eu sempre digo: quando dancei a primeira vez com a Cyntia, foi amor à primeira dança. E todo ano, quando recomeçamos, é uma reconquista, um novo amor. Eu acho que estamos em um momento de paixão. É fogo, é dendê”, disse o mestre-sala.

“Estou saindo hoje com o dever cumprido. A coreografia está linda, com tudo que foi pedido. A gente vem trabalhando, e eu venho controlando o vigor, porque a cada samba que entra a gente quer dar mais, e aí eu tento equilibrar. Mas pode ter certeza: vai ser um lindo desfile. Aí sim, posso dizer de coração: estou muito feliz. Ver que o meu trabalho está sendo bem visto, bem quisto e respeitado por vocês e por todo mundo do samba me deixa muito, muito feliz”, completou a porta-bandeira.

Harmonia

Mais uma vez, a Mangueira mostrou que está completamente fechada com o samba e cantou não só com vontade, correção e energia, mas feliz com a obra, era visível no olhar do mangueirense, principalmente no “É de arerê…” e no “Sou Mangueira” e “Orgulho de ser favela”, sem deixar de ter um excelente rendimento para o restante da obra. Quando o carro de som jogou para a comunidade, ela não os deixou na mão e muitas vezes só na batida do surdo, os componentes seguravam a obra. Sem os problemas de som do primeiro ensaio, Dowglas e Marquinhso puderam “brincar” e conduzir a Mangueira a mostrar o que esquema bateria mais comunidade mais carro de som tem feito na Visconde de Niterói. Apresentação muito firme e consciente do que a obra e a escola precisava.

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Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

“Graças a Deus, estamos conseguindo fortalecer ainda mais o nosso trabalho. No segundo ensaio, uma das coisas que estávamos treinando era o andamento da escola como um todo. E hoje acho que esse andamento foi muito melhor do que no primeiro ensaio, o que mostra uma evolução. Agora, é manter essa pegada para domingo. Só depende da gente para levantar esse caneco”, afirmou mestre Taranta Neto.

Evolução

Antes de mais nada, a análise desse quesito deve elogiar ao trabalho realizado pelas alas coreografadas da Mangueira. O início do desfile, no segundo setor, algumas alas com saias faziam um trabalho muito bonito, sincronizado, mas natural, trazendo toda a ancestralidade da dança que está presente no enredo. Mesclando energia e suavidade, e principalmente, religiosidade, inclusive abusavam de utilizar a musicalidade das bossas da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” no passo marcado. Alguns elementos como cajado também contribuíam para o efeito. No restante da escola o passo livre fez uma escola passar aproveitando o samba ao máximo. Algumas pontuações do samba, como a referência ao cabelo descolorido com as mãos no trecho do samba que tem esse verso, além de algumas outras pontuações menores, não devem ser vistas no dia por conta da fantasia, mas foram positivas para incrementar o ensaio da Verde e Rosa.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Entre os integrantes da harmonias havia alguma orientação para ser mais veemente na cobrança por organização das filas, o que surtiu efeito, sem fazer com que os componentes ficassem engessados. Algumas alas mais para o final da escola, no setor que falava sobre “os crias”, ainda mandavam passinho. Escola evoluiu bem, com fluidez, sem correria.

Samba-enredo

O samba caiu mesmo no gosto da comunidade, muito pelo excelente trabalho musical realizado pela escola. A bateria da Mangueira dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto deram o molho que talvez a obra precisasse, usaram todos o seu arsenal de ritmo, com musicalidade, e trouxe bossas muito pertinentes a obra que ajudaram ela acrescer. A segunda parte que possui uma harmonia mais acentuada, com letra tocando em temas toca tesouro a escola ganhou destaque e a primeira parte ganhou ritmo, força, dando andamento a obra até chegar no refrão do meio para a quebra, através de maior balanço Todo esse trabalho passou por cima de algumas questões que eram colocadas sobre a obra como o refrão principal na métrica e acentuação tônica da palavra “dona” e a melodia mais comum da primeira parte. Dessa forma, o samba cresceu muito e cada verso tem sido muito bem trabalhado pela escola a fim de buscar a nota 10. Ótimo rendimento no ensaio e interação com o público.

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Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

“Esse último teste no campo de jogo foi maravilhoso, com certeza foi para lavar a alma de todo o mangueirense. Tenho certeza agora que a Mangueira está pronta, a comunidade merece toda a estrutura, todo o trabalho, todo o suporte que a presidência está botando. Então temos que só retribuir, a comunidade está feliz, a escola está feliz, então só depende da gente entrar aqui, fazer o trabalho, tudo o que a gente vem ensaiando durante esse tempo todo. Eu acho que a Mangueira vai colher grandes frutos. No primeiro ensaio tivemos aquelas questões que culparam o carro com o som, mas nesse ensaio de hoje foi muito diferente, com o som oficial do dia do desfile ficou muito fácil de a comunidade entender, ouvir de ponta a ponta o samba, então isso ficou marcante para a gente, é muito maravilhoso ensaiar com o que a gente vai usar no dia. Foi maravilhoso, um excelente ensaio”, disse Dowglas Diniz.

“Ali do carro de som estava legal. Embora a gente esteja muito cansado essa semana, agora nós vamos dar uma descansada para chegar no domingo 100%. Mas de um todo foi maravilhoso”, revelou Marquinho Art Samba.

Bateria e Outros destaques

Uma bateria “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” da Estação Primeira de Mangueira que contou sua tradicional afinação mais pesada de surdos. Isso ajudou a realçar o belo trabalho dos surdos mor mangueirenses. Repiques técnicos tocaram junto de um naipe de caixas ressonante e volumoso. Na primeira fila da cozinha da bateria da Verde e Rosa também havia o molho exemplar dos timbaques. Na parte da frente do ritmo, um trabalho entrosado entre os eficientes ganzás e um bom naipe de xequerês mostrou grande integração dos solos de ambos. Uma ala de tamborins de grande qualidade deu valor sonoro à cabeça da bateria da Manga. Cuícas sólidas e um destacado naipe de agogôs de duas campanas mostrou seu valor musical, também em bossas. Um conjunto de bossas bastante integrado ao samba-enredo foi apresentado. Uma criação musical refinada e de muito bom gosto. Uma bateria da Mangueira aguardando com ansiedade e otimismo mais um grande desfile.

No esquenta, além do tradicional exaltação da Mangueira, Marquinho Art Samba e Dowglas cantaram os funks “Eu só quero é ser feliz” e “Som de preto”. A rainha Evelyn Bastos impressionou no modelito homenageando “os crias” com uma figurino todo trabalhado no jeans, brilhos e algumas peças de CD na parte de cima da fantasia. Comandados por mestre Rodrigo Explosão e Taranta Neto, a “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” abusou da musicalidade com algumas bossas mesclando a ancestralidade e o novo, com o ritmo do funk. Além disso, repetiu o show pirotécnico do primeiro ensaio com a iluminação do sambodromo apagada.

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Foto:Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

Sapucaí vira terreiro de Laíla em ensaio técnico arrebatador da Beija-Flor com a força do rolo compressor nilopolitano

Por Luan Costa (Colaboraram Allan Duffes, Lucas Santos, Freddy Ferreira, Guibsom Romão, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)

A Beija-Flor de Nilópolis realizou seu último ensaio técnico antes do desfile oficial e transformou a Marquês de Sapucaí no verdadeiro “terreiro de Laíla”, como diz a letra do samba. O famoso rolo compressor nilopolitano, tão marcante em outros tempos e recentemente adormecido, mostrou que está de volta, e com ainda mais potência.

A comunidade azul e branca foi o grande destaque da noite, com um desempenho avassalador do início ao fim, unindo técnica e emoção em perfeita sintonia. A harmonia musical da escola também se mostrou impecável, mesmo sem a presença de Neguinho da Beija-Flor à frente do carro de som. Já a bateria soberana de mestres Plínio e Rodney, mais uma vez, deu um show à parte, empolgando o público presente.

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Além disso, todos os quesitos se mostraram sólidos e tiveram seus momentos de destaque. O ensaio deixou claro: a Beija-Flor está mais viva do que nunca na briga pelo campeonato.

A agremiação da Baixada será a segunda escola a se apresentar no dia 03 de março e levará para a avenida o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os Sambas”, do carnavalesco João Vitor Araújo, que pretende eternizar o legado do mestre Laíla.

O diretor de carnaval, Marquinho Marino, falou ao CARNAVALESCO e fez suas considerações sobre o ensaio.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

“A equipe toda – a equipe de harmonia, a equipe de carnaval, os diretores – enfim, toda a parte de organização, o pessoal do barracão, a administração, todo mundo tem feito um trabalho de muito apoio, um ajudando o outro, um abraçando o outro, um dando a mão pro outro. A gente chegou à conclusão de que, com a comunidade que temos, com os segmentos que temos, só falta estarmos unidos o tempo inteiro para fazer um bom trabalho. A equipe do barracão está fazendo um trabalho espetacular na montagem dos carros, na decoração, com amor, com esmero. A equipe de administração da escola não está medindo esforços para nos ajudar e dar todo o suporte que precisamos. Hoje chegamos ao ponto que queríamos. Ainda não no ápice, porque o ápice tem que ser no desfile, mas no ponto ideal para desfilar. E, principalmente, chegar aqui hoje e dizer que nossa escola está pronta é um orgulho para nós. Barracão pronto, fantasias prontas. Amanhã entregamos as fantasias, segunda-feira continuamos e terminamos na terça. Os carros já estão embalados. Quero dar os parabéns ao presidente por todo o apoio que ele nos dá, à administração, ao patrono… E dizer que estou muito feliz. Acho que a palavra certa não sou eu estar feliz, mas sim: a escola está feliz”, pontuou Marino.

Comissão de Frente

Pelo terceiro ano consecutivo, os coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon estão à frente da comissão de frente. Neste ensaio a apresentação manteve a mesma concepção e coreografia já exibidas no mini-desfile, nos ensaios de rua na Mirandela e no primeiro teste na Sapucaí. A grande diferença desta vez foi o uso da iluminação cênica da avenida, que trouxe ainda mais dramaticidade aos atos.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Formado exclusivamente por homens, o grupo se apresentou com figurinos que remetem a sacos de lixo e os corpos pintados de branco, criando uma estética impactante. No centro da performance, o destaque foi o bailarino que representou Exu, atravessando a avenida sobre pernas de pau com impressionante desenvoltura e agilidade.

O grande diferencial da apresentação ficou por conta do figurino inusitado e da presença imponente de Exu, que garantiu um impacto visual marcante e reforçou a proposta cênica da comissão de frente, já consolidada como um dos pontos altos do desfile da Beija-Flor.

Mestre-sala e Porta-Bandeira

Claudinho e Selminha Sorriso atravessaram a avenida com a habitual elegância e o carisma que os consagram ano após ano, atraindo todos os olhares do público. Vestidos predominantemente de branco, o casal apostou em uma coreografia clássica, sua marca registrada, com poucos passos fortemente marcados e giros executados com extrema precisão.

A experiência de Selminha foi fundamental para contornar os fortes ventos na altura da primeira cabine de jurados, demonstrando total controle e segurança. No geral, foi mais uma apresentação boa da dupla, reforçando o entrosamento e a excelência que fazem deles uma referência no segmento.

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Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

Após o ensaio, ainda bem inteiros, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor, Claudinho e Selminha Sorriso, analisaram o ensaio e explicaram a emoção de mais uma vez pisar na Sapucaí em um enredo tão emocionante.

“É o sentimento de mais um ensaio técnico entregue. No primeiro a gente corrigiu algumas coisas pra colocar em prática hoje. Tudo funcionou. A gente sabe que tem duas emoções diferentes neste desfile. Uma é a emoção irreparável que é a homenagem ao nosso mestre que tanto nos ensinou não só para o casal, mas para toda a Beija-Flor, para o mundo do samba, para o maior espetáculo da terra a céu aberto do mundo, que é o nosso que querido Laíla. A gente sabia que a cada momento de ensaio técnico ou se o desfile fosse hoje, é certeza, mais uma vez, eu falaria que o nosso trabalho está pronto”, avalia o mestre-sala.

“A gente ama o que faz, a gente se cobra muito, é preciso melhorar, mas o saldo foi muito positivo para nós dois, a reação do público também foi maravilhosa e agora é esperar chegar o grande dia. Hoje foi uma prévia do que nós vamos apresentar no dia, tenho certeza que a escola passou hoje lindamente, está faltando só detalhes, alegorias e fantasias, para que nós possamos brigar por esse título em homenagem ao nosso grande mestre Laíla, e a Beija-Flor, nosso embaixador, nosso ídolo, nosso grande amor. Então é como lá atrás ele dizia, treino é jogo. A Beija-Flor foi bem aqui nos ensaios técnicos, que bom que tem dois. Agente está aqui para aperfeiçoar cadavez mais, e o público tem a oportunidade de estar aqui, talvez alguns não tenham condições, é um respeito a todos os presentes que também estão em casa nos assistindo, fizemos o nosso melhor por nós e por todos vocês”, finaliza a porta-bandeira.

Harmonia e Samba

O famoso rolo compressor nilopolitano esteve presente na Sapucaí. Adormecido em anos anteriores, ele parece ter voltado com ainda mais potência nesta temporada, resultado de um trabalho consistente do carro de som, que, neste ensaio, teve Nino do Milênio e Leozinho Nunes como figuras centrais na ausência de Neguinho da Beija-Flor. O entrosamento entre os intérpretes e a bateria soberana de mestres Plínio e Rodney foi evidente, criando uma sintonia que potencializou ainda mais o canto da escola.

Os ritmistas realizaram diversas paradinhas ao longo da avenida, incluindo um grande paradão que destacou a força do canto. Todas as alas atravessaram a Sapucaí com o samba na ponta da língua, mas mais do que isso: cantaram com garra e extrema empolgação. O ápice ficou por conta dos versos que antecedem o refrão principal e, claro, do refrão marcante: “Da casa de Ogum, Xangô me guia, Da casa de Ogum, Xangô me guia, Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor, Terreiro de Laíla, meu griô”.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

“Hoje foi maravilhoso, graças a Deus. O trabalho que a gente vem fazendo no carro do som foi impecável, mesmo com a ausência do nosso maior nosso mestre, o Neguinho. Mas a felicidade está a mil hoje, eu também me realizei passando com a Beija-Flor, que é a escola do meu coração, que eu tenho uma história ali, através do Laíla, então é felicidade dupla. Representando o Neguinho e o podendo homenagear de alguma forma o mestre Laíla. E passar com o som pela Sapucaí inteira foi maravilhoso, porque a gente consegue ter uma noção melhor de como vai ser o samba no dia e hoje, graças a Deus, deu tudo certo. Agora é só chegar o nosso mestre maior que o nosso chão está prontinho para ele”, disse o intérprete Nino do Milênio.

Evolução

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

A evolução da Beija-Flor foi digna de manual: limpa, coesa, fluida e sem atropelos. Apesar do grande volume de componentes, a escola se manteve compacta do início ao fim, demonstrando um equilíbrio perfeito entre organização e empolgação. Cada integrante cumpriu seu papel com precisão, garantindo não apenas a técnica esperada para um desfile desse nível, mas também a emoção indispensável que torna a apresentação ainda mais marcante. O entrosamento entre os segmentos foi evidente principalmente nas alas coreografadas, que mais uma vez tiveram destaque.

Bateria e Outros Destaques

Uma bateria “Soberana” da Beija-Flor de Nilópolis com uma parte de trás do ritmo muito bem afinada, equalizada e com bom trabalho dos surdos de terceira. Caixas consistentes e repiques coesos auxiliaram nos médios. As icônicas frigideiras da Deusa da Passarela deram valor sonoro com seu tilintar metálico ressoando. Na cabeça da bateria, cuícas sólidas ajudaram na musicalidade da parte da frente do ritmo. Um trabalho de imenso destaque do naipe de chocalhos, interligado a uma ala de tamborins que mostrou eficiência e boa coletividade, dando brilho às peças leves. Uma criação musical intuitiva nas bossas levou em conta as nuances melódicas do samba nilopolitano para consolidar seu ritmo. Louvável a integração musical dos arranjos com a obra da Beija. Atabaques e um agogô de duas campanas também mostraram categoria na bossa do estribilho, num toque inserido no tema da agremiação. Uma bateria “Soberana” da Beija devidamente preparada para brigar pela pontuação máxima no Carnaval.

O ensaio também foi marcado por momentos especiais, como a presença de Serginho Aguiar representando Laíla. Ele desfilou à frente da escola e foi calorosamente saudado pelo público nas frisas. No encerramento, a Beija-Flor apresentou um tripé com uma imagem que reunia personagens históricos da agremiação, reforçando a conexão com sua trajetória e suas grandes personalidades.

“A gente, cada dia se supera e vai culminar no dia do desfile melhor ainda, se possível. Eles estão de parabéns, o samba é emocionante. Não tenho nem palavras… Emoção, agradecimento, total gratidão a minha bateria, a minha escola por tudo. Agora é só desfilar. Tem um efeito, emoção muito mais forte com fantasia. A gente vai fazer um grande desfile para brigar pelo título do carnaval”, garantiu mestre Rodney.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Pérola Negra, Imperador e Peruche se destacam e brigam pelo acesso em São Paulo

Por Gustavo Lima, Lucas Sampaio, Naomi Prado e Nabor Salvagnini. Fotos de Fábio Martins

Neste último sábado ocorreu os Desfiles do Grupo de Acesso 2. É a disputa que dá vaga à divisão superior: O Acesso 1. Vale destacar o desempenho de todos os casais, muito bem ensaiados, além das baterias, que realizaram bossas com êxitos e deram andamento do
samba de forma satisfatória. As escolas que mais performaram na pista foram Pérola Negra, Peruche e Imperador do Ipiranga – Essas três destoaram e certamente vão brigar na parte de cima da tabela. Já as agremiações que podem passar sufoco são Brinco da Marquesa e Raízes do Samba. Ainda neste domingo, às 19h, a apuração será realizada na Fábrica do Samba.

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Raizes do Samba

Com o enredo “De quem é a culpa”, a jovem escola paulistana, estreante no Sambódromo do Anhembi, se destacou pela fácil leitura do enredo – Um grande ponto positivo para o experiente carnavalesco Babu Energia. O carro de som, liderado pelo intérprete Juninho
Branco foi um dos destaques. Porém vale destacar que a escola abriu um buraco em frente ao recuo fora da delimitação técnica do regulamento. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Imperatriz da Paulicéia

A agremiação da Vila Esperança teve como destaque a comissão de frente, que apresentou foliões, passistas e vários segmentos exaltando uma escola de samba. O carro de som teve bastante entrosamento e deu suporte ao intérprete Tinganá para realizar o melhor
do seu canto. Outro destaque vai para as bossas da bateria “Swing da Paulicéia”, comandada por mestra Rafa, que também abusou das coreografias e levantou a arquibancada monumental. Pode-se dizer que a entidade da coroa espera por um bom resultado na apuração, diferente de 2024. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Unidos do Peruche

Uma justa homenagem ao Seo Carlão foi vista nesta noite. O sambista nas arquibancadas pôde presenciar o trono vazio, mas com uma bela imagem da sua tradicional boina. A escola optou por fazer um desfile jogando com o regulamento. Em anos anteriores a sensação era que o Peruche, mesmo estando no Acesso 2, queria fazer desfile para impactar. Porém, desta vez a agremiação entendeu que a realidade do grupo é outra e conseguiu cumprir todos os quesitos de forma satisfatória. Devido a isso, se credencia como uma das melhores da noite. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Torcida Jovem

A escola santista levou para a Avenida o enredo “Na Capital do Reggae, onde a natureza canta e o mundo se encanta. São Luis do Maranhão”. O primeiro casal da escola, formado por Gabriel Vullen e Joice Cristina fizeram uma grande apresentação no ritmo da bateria
“Firmeza Total”, que foi criativa com bossas dentro da proposta do enredo. Uma falha considerável da evolução, que teve dificuldades de controlar a delimitação entre a comissão de frente e o casal, pode ser um problema para a escola. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Pérola Negra

Com “Exu Mulher”, a ‘Joia Rara’ briga forte pelas primeiras posições do grupo. A escola não descia para a terceira divisão há muito tempo. Porém, mesmo assim, decidiu investir forte e levou alegorias grandiosas para o Anhembi. Para ter uma noção do tamanho, o primeiro carro foi acoplado. Além disso, esculturas realistas foram inseridas. Apesar de toda grandeza, a Pérola Negra conseguiu desfilar bem e, sobretudo, ter uma boa evolução. O carro de som comandado por Bruno Ribas e Lucas Donato, além da comissão de
frente foram destaques do ensaio. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Morro da Casa Verde

Levando a umbanda para a avenida, o destaque principal ficou para o samba-enredo, que ficou ainda mais potencializado pelo intérprete Wantuir. O cantor carioca, pela segunda vez na verde e rosa da Zona Norte, nitidamente está muito à vontade. A também deu suas
credenciais, dando para notar nas bossas realizadas pelo mestre Fábio Américo. Porém, notou-se falhas de acabamento nas fantasias e tripés. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Imperador do Ipiranga

A Imperador do Ipiranga desfilou no último sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. Com um conjunto de quesitos eficiente, o chamariz foi a comissão de frente que contou com intrigante truque de mágica para atrair os olhares do público para a passagem da escola, encerrada após 48 minutos. A agremiação da Vila Carioca foi a sétima a passar e se apresentou com o enredo “Abrakadabra”, assinado pelo carnavalesco Anselmo Brito. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Primeira da Cidade Líder

Só de estar na pista, a Primeira da Cidade Líder pode se considerar vitoriosa. O incêndio no barracão, no mês de dezembro, fez a escola perder todo o carnaval e ter que recomeçar do zero. E conseguiram. Fizeram um belo desfile e foram avaliados. Sequer cogitaram pedir para ficar de fora do concurso. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Brinco da Marquesa

A escola da Vila Brasilina apresentou o enredo “A Marquesa na Cidade do Amor. São Paulo Carnaval 2025″ com destaque especial para a criatividade da bateria “Fantástica”, que conduziu bem o ritmo do desfile da escola por toda a Avenida. A leitura confusa do
enredo pode ser um complicador para a escola na apuração. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Camisa 12

A escola alvinegra teve como grande destaque a bateria “Ritmo 12”, comandada por mestre. A batucada realizou bossas durante todo o desfile com criatividade com um adendo especial para o instrumento chocalho. Entretanto, a agremiação não cantou de acordo com
o esperado. Notou-se muitos componentes que não sabiam o samba e não acompanham o ritmo do carro de som e da “Ritmo 12”. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA

Bateria ‘Ritmo 12’ se destaca em desfile do Camisa 12, mas harmonia não fluiu como o esperado

Por Naomi Prado e fotos de Fábio Martins

A Camisa 12 apresentou um desfile coerente, tendo como destaque a bateria de mestre Lipi. Alguns componentes não sabiam a letra do samba, mas, apesar disso, o canto foi regular. Com o enredo “Edun Ará Asé Idajó – Força que faz a Justiça”, assinado pelo carnavalesco Delmo de Morais, o Camisa 12 foi a décima escola a desfilar pelo Grupo de Acesso 2, terminando seu desfile com 48 minutos.

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Comissão de Frente

A comissão, que é coreografada por Walmir Rogério, tem como personagens principais três integrantes: Exu, Xangô e Aiole. Os outros representam os Alafins. A proposta da ala foi apresentar uma batalha de justiça: seis personagens condenam e outros seis defendem.

Em um determinado momento, os Alafins dançam e saúdam Xangô, enquanto Aiole está à frente do grupo e Exu atrás. A ala foi expressiva ao realizar alguns movimentos, emitindo sons.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A dupla Luã e Estefany, representando “Ajapa e Agutan”, se apresentou aos módulos realizando uma coreografia com passos tradicionais do quesito, alternando com passos que remetem ao enredo. O casal veio com guardiões vestidos de azul, branco e dourado com elementos nas mãos.

Enredo

A Camisa 12 levou ao Anhembi um enredo que conta sobre uma força ancestral, com o título “Edun Ará Asé Idajó – Força que faz a Justiça”. Durante o desfile, foram mostrados diferentes tipos de forças ancestrais, como, por exemplo, a ala denominada “Orobó, Árvore Sagrada de Oyó”, que representou um fruto sagrado utilizado na medicina africana.

Alegorias

O abre-alas, representando o “Palácio dos Alafins de Oyó”, trouxe esculturas de Alafins e também uma ala de mulheres ao redor do carro, porém desfilando no chão.

Já a segunda alegoria, denominada “Palácio do Omo Obá Jakutá”, veio com o símbolo da escola na frente e a velha guarda ao centro.

Fantasias

A ala das baianas veio cercando o primeiro casal, com uma fantasia composta por tecido afro e também pela cor dourada. As fantasias estavam dentro do contexto do desfile.

Harmonia

Apesar de alguns componentes das alas não saberem a letra, o canto da escola foi regular. Tim Cardoso e Cloves Pê se esforçaram para manter o samba animado para os componentes evoluírem e para reter a atenção do público.

Samba-Enredo

A obra, composta por Turko, Rafa do Cavaco, Maradona, Thiago de Xangô e Imperial, contém palavras em iorubá que foram difíceis para os componentes aprenderem, tanto que alguns deixaram de cantar algumas partes do samba. Contudo, a melodia é proveitosa para o modelo de enredo.

Evolução

A agremiação mostrou evolução corporal durante o desfile e desfilou compacta, porém, ao final do percurso, reduziu o passo para cumprir o tempo mínimo.

Outros destaques

A bateria de mestre Lipi, junto com sua corte, realizou um trabalho satisfatório, assim como as destaques de chão, que aproveitaram bem o momento.

O Camisa 12 fez um desfile regular, mas com quesitos que têm chances de garantir a nota máxima.

Bateria criativa se destaca no retorno da Brinco da Marquesa ao Sambódromo do Anhembi

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

O Brinco da Marquesa desfilou neste sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. No retorno da escola ao Anhembi, a criatividade da bateria, que levantou o público com bossas em momentos-chave do samba, foi o principal destaque do desfile encerrado após 47 minutos. A agremiação da Vila Brasilina foi a nona a passar e se apresentou com o enredo “A Marquesa na Cidade do Amor. São Paulo Carnaval 2025”, assinado por uma comissão de carnaval.

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Comissão de Frente

Coreografada por Hugo Alves, a comissão de frente do Brinco foi intitulada “Filhos do Nordeste” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba. Com uma caracterização marcada por fantasias em tons de terra, o quesito procurou representar a chegada dos migrantes nordestinos a São Paulo, intensificada na década de 1930, que foi fundamental para a formação cultural e o desenvolvimento da cidade como a maior capital do país.

A coreografia aparentou no primeiro ato mostrar a chegada dos nordestinos à São Paulo, com o segundo ato sendo mais fácil de se identificar as referências do samba, mas apresentação do quesito foi confusa. A semelhança muito grande das vestimentas atrapalhou a identificação de elementos de destaque, e a narrativa deu a entender que apenas fez uso da referência aos migrantes para exibir uma coreografia pouco inspirada. Uma abertura discreta para o desfile da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da Marquesa, formado por Samuel Lemos e Mariana do Carmo, se apresentou representando os “Italianos”. A dança do casal foi protocolar, buscando cumprir as exigências do quesito à risca. A sintonia do casal, porém, não foi boa. Os movimentos nos dois primeiros módulos estavam fora de sintonia, com o mestre-sala encerrando seus passos antes da porta-bandeira em diferentes momentos e demonstrando pouca desenvoltura nos giros. Uma atuação abaixo das expectativas e que pode comprometer o resultado da escola.

Enredo

O enredo do Brinco da Marquesa é uma homenagem a cidade de São Paulo. A narrativa se foca na história mais recente da cidade, a partir do século XX. Há um enfoque maior nas referências a migrantes nordestinos e imigrantes vindos da Europa e do Oriente, exaltando o multiculturalismo da capital paulista. É um tema que faz o que pode para falar da maior capital do país com as limitações que o Grupo de Acesso 2 impõe.

A leitura do enredo na Avenida, porém, foi confusa. As referências do samba não batiam com algumas fantasias de forma clara e a escola procurou usar dos casais para narrar a temática com o mesmo peso de interpretação de alas. As alegorias eram de leitura complexa e não ajudaram claramente na leitura do quesito.

Alegorias

A Marquesa se apresentou com um conjunto de duas alegorias e um quadripé. O carro Abre-alas tinha o nome de “Cidade Cosmopolita: Onde o mundo se encontra”. A segunda alegoria, que encerrou o desfile da escola, foi batizada de “Mosaico Cultural”. Um conjunto alegórico que pecou pelo acabamento excessivamente simples somado a uma leitura pouco clara. O Abre-alas careceu de mais referências para deixar claro que se tratava de um enredo sobre a cidade de São Paulo, enquanto a segunda alegoria teve uma volumetria desproporcional de seus elementos.

Fantasias

As alas do Brinco procuraram retratar as origens e símbolos do patrimônio cultural que a cidade de São Paulo possui. As fantasias procuraram explorar de tudo: o povo guarani que vivia na região, os imigrantes que foram para a cidade e contribuíram para o seu desenvolvimento e os principais atrativos turísticos da cidade, como a gastronomia, parques, teatros e manifestações culturais como a Parada do Orgulho LGBT+.

As fantasias pecaram pelo acabamento irregular e leitura confusa até de alas que deveriam ser fáceis para um cidadão da capital paulistana compreender. A ala do Bairro da Liberdade em especial não dava nenhuma referência clara sobre a região além do estereótipo de ser um “bairro de japoneses”. Outro quesito abaixo das expectativas por parte da escola.

Harmonia

O canto da comunidade do Brinco da Marquesa foi discreto. Com exceção do refrão de cabeça, muitas alas tinham desfilantes pouco entusiasmados. A ala “Os Espanhóis” estava mais animada que a média geral, mas o desempenho do coral da escola pela Avenida oscilou excessivamente.

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile do Brinco da Marquesa é assinada por Buiu MT, Vagner Almeida, Bruno Pasqual, Tuca Maia e Cacá Camargo, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Buiu MT. A letra tem algumas sacadas inteligentes como o final da segunda parte, que faz referência à música “Sampa”, e o refrão de cabeça tem em seus dois primeiros versos um jogo de palavras criativo. A obra faz a sua parte para narrar o enredo, mas peca alguns momentos como citar a palavra “amor” duas vezes de forma distinta em um espaço curto de versos. A interpretação na Avenida foi oscilante, com a ala musical demonstrando dificuldades para alcançar o tom adequado no começo do refrão do meio em alguns momentos.

Evolução

A evolução do Brinco da Marquesa fluiu adequadamente por toda a Avenida e a escola conseguiu realizar um recuo de bateria dentro do esperado. A desenvoltura dos componentes nas alas, porém, foi fraca. Muitos desfilantes apenas andavam de forma protocolar, demonstrando pouca empolgação com o cortejo da escola.

Outros destaques

A bateria “Fantástica” foi o principal destaque da escola. Os ritmistas cumpriram o seu papel com irreverência, se aproveitando das oportunidades que o samba proporcionou para aplicar bossas criativas. A principal delas foi a dos versos finais da obra “Mas alguma coisa acontece no meu coração”, onde faziam um pulsar ritmado criativo. A corte com a rainha Thamires Seixas e a madrinha Michelly também deram espetáculo e interagiram com o público de forma animada.

Primeira da Cidade Líder realiza desfile criativo, mas evolução pode complicar resultado final

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Só de estar na pista, a Primeira da Cidade Líder pode se considerar vitoriosa. O incêndio no barracão, no mês de dezembro, fez a escola perder todo o carnaval e ter que recomeçar do zero. E conseguiram. Fizeram um belo desfile e foram avaliados. Sequer cogitaram pedir para ficar de fora do concurso.

A ‘Primeira’ fez um grande desfile, mas pecou na evolução, o que pode ocasionar décimos perdidos. A escola ficou um tempo parada no recuo, demorou para andar e tomou muito tempo, ocasionando outros fatos. A largada do samba também foi feita já com o cronômetro em andamento, o que tomou alguns minutos. Porém a homenagem foi bem feita, a presença de Pai Tinho e Oxóssi foram contadas do início ao fim de maneiras diferentes.

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A Primeira da Cidade Líder levou para a avenida o enredo “Ajodun Odé, Em Seus 40 Anos de Axé, Pai Tinho Celebra Oxóssi”, cruzando a passarela com 49 minutos.

Comissão de frente

Tendo como nome, “Encontro de ancestralidades – Sou filho de uma flecha só”, a comissão de frente comandada por Jonathan Paulino, fez uma coreografia onde haviam personagens como ancestrais indígenas e africanos. A parte central da dança ficava com os bailarinos simbolizando Oxóssi, Ogum, Exu e Ekedi. Dentro disso, havia um Iaô, que simbolizava o homenageado Pai Tinho. Ali, se iniciava um ritual de incorporação com o orixá Oxóssi para o Pai Tinho. Um teatro muito claro e de fácil entendimento, bem como a identificação dos personagens.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Fabiano e Sandra executou um desempenho correto na avenida. Eles optaram por realizar movimentos sincronizados ao invés das coreografias. Sendo assim, a porta-bandeira segurou bem o pavilhão e o mestre-sala cumpriu todos os requisitos. Desfile seguro e sem correr riscos. Com a estratégia de ajudar na evolução.
A fantasia da dupla tem o significado de “Oxóssi vence o grande pássaro, salve o herdeiro de Orunmilá”

Enredo

Assinado pelos carnavalescos Ewerton Vissoto e Cristiano Oliveira, o enredo “Ajodun Odé, Em Seus 40 Anos de Axé, Pai Tinho Celebra Oxóssi”, foi desenvolvido na avenida de forma satisfatória. A leitura foi bastante simples, a comissão de frente retrata muito bem a história de Pai Tinho com Oxóssi, tendo ele no desfile todo – Comissão de frente, tripé da serpente e segunda alegoria.

Alegorias

O abre-alas, denominado “Odé, Comorodé, Rei de Ketu ele é!”, faz uma alusão ao verso do samba-enredo que cita essa frase. Nele, havia traços bem afros, cores de palha, marrom e a atração principal do desfile: Escultura da fênix, que virou o novo pavilhão da escola em 2025. Após a tragédia no barracão, virou sinônimo de força.

O segundo carro, que tem como nome “Àjòdún Odé nas matas do Brasil e no meu terreiro: 40 anos de axé”, é um carro com verde predominante em homenagem às matas de Oxóssi. Por isso também havia esculturas de animais para mostrar essa ligação do orixá que rege Pai Tinho com a mata.

Fantasias

Vestimentas marcadas pelo acabamento em bom estado marcou o quesito. As fantasias da Líder foram estratégicas – A escola optou por costeiros e adereços menores. Provavelmente para deixar o componente mais solto ou visualmente melhor na ótica interna, mas o fato é que a agremiação cumpriu o quesito de maneira correta.

Harmonia

Apesar do pouco contingente, se viu uma escola cantando forte o samba sem parar. Esses poucos componentes da comunidade da Zona Leste estão bem ensaios e mostraram no Anhembi. A parte mais cantada pelos componentes foi o refrão principal, que talvez seja a única parte da letra que a melodia atravessa significativamente.

Samba-enredo

Apesar de ser uma homenagem a um sacerdote brasileiro, o samba, obviamente tem uma pegada afro. Tanto em letra como em melodia. O intérprete Thiago Melodia soube conduzir a sua ala musical de forma correta. Vale destacar a longa introdução cantada para Oxóssi, mas que empolgou os componentes.

Evolução

Foi a situação complicada do desfile. No momento da entrada da bateria no recuo, a escola parou para realizar a manobra. Esse fato tomou um grande tempo no cronômetro da Líder, que estava executando o quesito corretamente até então. Para não correr riscos, o cálculo foi para acelerar os passos, causando variação de velocidade. Essa aceleração também prejudicou a bateria, que não conseguiu realizar bossa para a terceira cabine. Isso deve ser feito no objetivo de cumprir os compassos necessários, mas não deu.

Outros destaques

A bateria, vestida de “Exu, o irmão que abre os caminhos!”. Comandados por mestre Ale, a “Batucada de Primeira” mostrou um ótimo desempenho na avenida, dando destaque para a marcação dentro do samba. Porém, devido à aceleração da escola em dado momento, mestre Ale não conseguiu colocar as bossas para os jurados em prática. Isso foi nítido no terceiro módulo.

Mágica na comissão de frente atrai olhares para conjunto seguro do desfile da Imperador do Ipiranga

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A Imperador do Ipiranga desfilou no último sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. Com um conjunto de quesitos eficiente, o chamariz foi a comissão de frente que contou com intrigante truque de mágica para atrair os olhares do público para a passagem da escola, encerrada após 48 minutos. A agremiação da Vila Carioca foi a sétima a passar e se apresentou com o enredo “Abrakadabra”, assinado pelo carnavalesco Anselmo Brito.

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Comissão de Frente

Coreografada por Diego Costa, a comissão de frente da Imperador foi intitulada “Poder e sedução” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba e faz uso de um elemento cenográfico. A proposta do quesito é intrigante ao propor um conflito ocorrendo na cidade de Heliópolis, no Egito, de mesmo nome da comunidade onde a escola se localiza em São Paulo. A coreografia começa com um faraó e uma princesa, que é uma criança, com o restante do elenco formado por guardas egípcios e dançarinas do ventre, que na verdade são as vilãs dessa história por usarem da sedução para descobrirem os mistérios. No segundo ato, as mulheres saem e dão lugar a múmias que surgem seguidas de um mágico. Soldados do faraó surgem para resgatar a princesa, que sobe com o mágico para o tripé e realizam um truque de mágica. A menina entra em uma estrutura de caixas que se fecham e se dividem em três. As caixas voltam a ser empilhadas e a menina sai delas inteira.

É uma coreografia que faz uma boa narrativa da abertura do desfile, mas o truque de mágica é a grande atração. É ousado fazer uma atuação que envolve detalhamento, mas a própria estratégia envolveu dar tempo para que ela ocorresse sem sustos. O quesito atraiu a atenção do público e contribuiu para a boa apresentação geral da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da Imperador, formado por Alex Malbec e Naiomy Pires, se apresentou representando “Ísis e Osíris – Segredos na areia do deserto”. A dupla teve um bom desempenho nos módulos em que foram observados, cumprindo as obrigatoriedades com capricho e elegância. A atuação segura do casal permite à escola sonhar com as desejadas notas dez do quesito.

Enredo

O enredo da Imperador faz uso de uma narrativa lúdica para contar a história do ilusionismo desde seus primeiros registros no antigo Egito. A maneira como a mágica foi tratada pela Europa Medieval e como ela sobreviveu à Santa Inquisição se faz presente, mostrando também como o conceito chegou aos artistas que se tornaram os mágicos, que proporcionam grandes espetáculos dos tempos modernos inspirados pelo pioneiro Harry Houdini, até a atualidade dos grandes espetáculos. A trajetória da magia da Heliópolis egípcia até a Heliópolis brasileira conta com passagens curiosas, como o uso de “truques” pelo cinema principalmente em tempos mais rudimentares.

É um enredo cuja leitura na Avenida foi fácil. A boa distribuição das alas e das alegorias permitiu que a história da magia fosse bem contada mesmo com as limitações que o Grupo de Acesso 2 impõe. A escola pode se orgulhar do trabalho feito de apresentar sua proposta para o público.

Alegorias

A Imperador se apresentou com um conjunto de duas alegorias. O carro Abre-alas tinha o nome de “O mago e os limites do saber”, enquanto a segunda alegoria da escola foi batizada de “Grande espetáculo”. Além de bem-acabados, os dois carros alegóricos se encaixaram no desfile de modo a contribuir com a narrativa no momento exato. O Abre-alas ilustra o período medieval de forma lúdica e joga para as alas seguintes o conteúdo bem desenvolvido. O segundo carro conclui com o espetáculo dos mágicos, que são os artistas que perpetuaram este estilo único de entretenimento. Conjunto eficiente do jeito que tem que ser.

Fantasias

As fantasias das alas da Imperador procuraram retratar a narrativa do enredo de modo a valorizar especialmente o período pós-medieval do enredo. Apenas o primeiro agrupamento, a ala das baianas, esteve encaixado no segundo ato que representou a Idade Média. A maioria das fantasias focou em mostrar como o ilusionismo evoluiu desde as revelações da bola de cristal dos ciganos até o surgimento do artista que conhecemos como mágicos, destacando ícones com Harry Houdini e o polêmico Mister M. Também procuraram mostrar como a magia se faz presente na vida das pessoas através do cinema e do teatro.

As vestimentas estavam bem-acabadas e permitiram uma fácil leitura, se encaixando adequadamente no enredo. Outro quesito seguro para a Imperador do Ipiranga no desfile.

Harmonia

A comunidade da Vila Carioca clamou o samba com vigor e desenvoltura ao longo de todo o desfile. O canto da comunidade estava nítido na expressão dos componentes e contribuiu positivamente, valendo destacar a animação da ala que representou os ciganos. Não foram notadas oscilações entre os segmentos durante o desfile, fazendo do quesito mais um destaque positivo.

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile da Imperador é assinada pelos compositores Cosme Araújo, Marquinhos Beija-Flor, João Vidal, Thiago Daniel, Thiago Tarlher, Claúdio Vagareza, Giuliano Paim, Sid Miranda e Chu Santos, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Rodrigo Atração. É uma música que consegue narrar a história do enredo com clareza e ao mesmo tempo ser de fácil captação da parte da comunidade. A atuação da ala musical foi destaque e contribuiu para que o samba tivesse sucesso no desfile da escola.

Evolução

O andamento do desfile da Imperador do Ipiranga foi tranquilo por toda a Avenida. Não foram notados espaçamentos excessivos entre segmentos, e o recuo da bateria foi bem-executado. Os componentes estavam soltos nas alas, mas sem comprometer a compactação entre cada uma delas. Um bom desempenho da escola a nível técnico.

Outros destaques

A bateria “Só Quem É” teve bom desempenho, executando as bossas previstas pelo regulamento de forma adequada, mas a corte da bateria foi um show à parte. A Rainha Jéssica Bueno caracterizada como uma mágica e Roberto Theodoro, caracterizado de coelho, do clássico truque da cartola, levantaram o público por toda a passagem pelo Anhembi.

Harmonia se destaca no desfile do Morro da Casa Verde, mas falta de acabamento em fantasia pode preocupar

Por Naomi Prado e fotos de Fábio Martins

O Morro da Casa Verde fez um desfile contagiante. O samba-enredo desempenhou um excelente papel, ajudando o quesito harmonia e fazendo com que o público presente cantasse também. Apesar da desenvoltura precisa, a escola teve problemas com acabamentos de fantasia e do tripé. Alguns elementos das fantasias afrouxaram ou se soltaram ao decorrer do desfile.

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Com o enredo “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor”, assinado pelo carnavalesco Ulisses Bara, o Morro foi a sexta escola a desfilar pelo Grupo Acesso 2, terminando seu desfile com 48 minutos.

Comissão de Frente

A comissão, que é coreografada por Ana Carolina Vilela, teve como personagem principal o Caboclo. Os outros integrantes carregavam a narrativa de entidades como Exu, Pombagira, Zé Pelintra, Baiano, Cigano, Cigana, Boiadeiro, Marinheiro, Pai de Santo, Ogã e médiuns. A proposta do quesito foi trazer uma gira a céu aberto. A coreografia dos componentes mostrou a manifestação das entidades e, principalmente, a força da incorporação do Caboclo.

Em determinado momento da coreografia, os personagens formavam uma roda em volta do Ogã e do Caboclo, fazendo uma espécie de saudação ao elemento principal. O Ogã não só encenava, mas também tocava o atabaque em harmonia com a parte musical da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla João e Juliana, representando “O Dia e a Noite”, apresentou um bailado tradicional, alternando com coreografias em cima do samba-enredo. Enfrentando um vento mediano, o casal mostrou sincronismo na dança.

Enredo

O Morro apresentou no Anhembi um enredo sobre a religiosidade afro-brasileira, com o título “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor”. Foram bastante citados ao decorrer do desfile personagens e momentos importantes no fundamento da Umbanda, como, por exemplo, as alas denominadas “Ritual de Batismo” e “Falangeiros de Orixás e Entidades”.

Alegorias

No início do abre-alas, nomeado “Pajelança Cabocla”, teve uma escultura que girava continuamente. O carro trouxe muito verde, em alusão à mata dos Caboclos. Na parte de dentro do carro, havia pessoas coreografando passos que remetem ao enredo.

Já na segunda alegoria, chamada “Saravá Umbanda: Templo de Luz, Caridade e Amor”, na frente, destacou-se a velha guarda vestida de preto velho e preta velha. Já na parte interna, as crianças vieram vestidas de Erês.

No meio da escola, também foi apresentado um tripé representando um tributo a São Jorge, que apresentou falhas no acabamento da barra/saia.

Fantasias

As fantasias apresentaram um conjunto condizente com o enredo. O que deixou a desejar foi a execução de algumas delas. O acabamento apresentou algumas falhas ao decorrer do desfile. A ala das baianas veio vestida nas cores da escola, com peruca e rosto pintado.

Harmonia

O grande ponto alto do desfile foi a harmonia. Os componentes cantaram o samba de maneira intensa, principalmente no momento em que a bateria realizava bossas.

Samba-enredo

A obra composta por Sidney Arruda, André Ricardo, Rubens Gordinho, Thiago SP, Douglas Chocolate, Ulisses Sousa, Jacopetti, Marcia Macedo, Celsinho Mody, Sandro Bernardes, Juninho FPA, João Batista e Tenor mostrou, no desfile, um desempenho eficiente para a comunidade.

O intérprete Wantuir potencializou ainda mais o samba-enredo, que apresenta uma letra de fácil entendimento e uma melodia que facilita para o componente lembrar e cantar.

Evolução

A agremiação desfilou compacta e solta. Em algumas partes do samba, a escola fez coreografia geral, resultando em um “tapete” harmônico e dançante na pista.

Outros destaques

A bateria, de mestre Fábio Américo, também se destacou por suas bossas, que auxiliavam não só o carro de som, mas também a desenvoltura dos componentes durante o desfile.

O Morro da Casa Verde, apesar da pequena falta de acabamento nas fantasias e no tripé, realizou um desfile de alta performance no que se refere a canto, evolução e bateria.

Pérola Negra mostra alegorias impactantes e entra de vez na briga pelo título do Acesso 2

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Pérola Negra teve o objetivo de impactar mesmo estando no Acesso 2. Geralmente as escolas apostam em carros reduzidos pelo tempo menor que o grupo tem, mas a Vila Madalena fez o seu abre-alas com uma grandiosidade que pegou todos de surpresa. A promessa da agremiação era de surpreender, mas não a ponto de fugir completamente do ‘roteiro’ do Acesso 2 e levar um abre-alas padrão Grupo Especial. Além disso, muitas informações e esculturas realistas foram usadas nas duas alegorias. O quesito, além da comissão de frente de fácil leitura e o carro de som foram os destaques do desfile.
A ‘Joia Rara’ foi a quinta escola a desfilar com o enredo “Exu Mulher” – assinado pelo carnavalesco Rodrigo Meiners.

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Comissão de frente

A ala, que é coreografada por Alê Batista, tem como dois personagens principais: Exu e Exu Mulher. Os outros bailarinos carregam a narrativa das entidades dos orixás: Olodumarê, Ewá, Ogum, Xangô, Iemanja, Iansã, Oxum, Nanã, Omulú, Oxalá, Oxóssi e Oxumaré.

A ideia da dança era simples, mas bem criativa. O Exu feminino e o masculino ficavam interagindo a maioria do tempo entre eles próprios durante toda a coreografia. Os outros bailarinos, que representavam os orixás, realizavam uma espécie de xirê e faziam uma comissão de frente bem colorida. A ideia era retratar a figura de Exu, principalmente a figura da mulher, como diz o enredo e, assim, fazê-la como uma entidade do bem, sem demonização.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Kadu e Camila, foi para a pista representando “A Chama da Intolerância”. Foi uma grande surpresa neste desfile oficial, pois a porta-bandeira chegou em janeiro neste ciclo carnavalesco. Eles já tinham entrosamento de carnavais anteriores, mas mesmo assim, com tudo em cima, tudo muda. Sobretudo, Camila foi destaque. Dentro do desempenho, a dupla optou por fazer os movimentos obrigatórios. Um desfile seguro. Houve a coreografia dentro do samba, mas foi algo bem discreto. Se destacou pelos giros e sincronia dos movimentos.

Enredo

“Exu Mulher”, desenvolvido pelo carnavalesco Rodrigo Meiners, teve uma ótima apresentação na pista. É um enredo afro, mas que em duas alegorias e uma comissão de frente deu para entender a mensagem perfeitamente, principalmente o quesito que abre a escola – A ideia de colocar os dois Exus no xirê junto com os demais orixás, já passou a sensação de que a escola queria eliminar essa narrativa de demonização que existe sobre a entidade.

Vale destacar as homenagens feita para mulheres na segunda alegoria. Um enredo feminino em uma escola que é governada por mulheres foi uma ideia bem justa colocada em prática.

Alegorias

O abre-alas, que representava a “Demonização de Exu e da cultura africana”, levou para a avenida esculturas grandes, realistas e de cores quentes. Realmente era um belo carro, com uma grandeza de comprimento e largura. Para formar este tamanho, a escola apostou em um acoplamento. Haviam figuras de demônios na frente da alegoria e uma escultura no topo.

O segundo carro, simbolizando o “Terreiro Pérola Negra – Saudação Exu Mulher”, também levou duas esculturas negras realistas – Essas ainda mais detalhadas (maquiagem branca). Outra observação importante é a homenagem às mulheres: Sambista Glorinha, presidente Sheila Mônaco, a escritora Cláudia Alexandre, que é autora do livro Exu Mulher, inspiração do enredo da agremiação. Ponto impSrtantíssimo para o conjunto visual.

Fantasias

A escola optou por utilizar fantasias volumosas em todas as suas alas, com adereços de cabeça ‘pesados’, mas isso não impediu a evolução satisfatória dos componentes, preenchendo os espaços corretamente na pista. As vestimentas usadas foram bastante coloridas.

Harmonia

Um samba-enredo que a comunidade e o povo do samba abraçaram. A resposta do Anhembi foi uma prova. É uma obra musical afro, mas não há muitas palavras oriundas do continente. Por isso, a comunidade pegou fácil e é uma das obras mais queridas do carnaval paulistano, se confirmando na avenida. Os últimos versos para embalar o refrão de cabeça foram as partes mais cantadas pelos desfilantes da Vila Madalena.

Samba-enredo

Irretocável foi o desempenho da dupla Bruno Ribas e Lucas Donato. O experiente intérprete apadrinhou o jovem, que está estreando como intérprete oficial em uma escola de samba em São Paulo. Ambos mostraram que ensaiaram muito neste ciclo de carnaval e foram destaque da Pérola Negra no desfile. A aposta da presidente Sheila em Donato surtiu muito efeito – Ele fazia os cacos, Bruno respondia e vice-versa. O desempenho do ensaio técnico se repetiu e os dois conduziram a ala musical com maestria. Ambos foram os grandes destaques da Pérola Negra no desfile oficial.

Evolução

É bem verdade que não foi uma dança solta, mas esteve de acordo para os preenchimentos de espaço. Não há coreografia dentro do samba, apenas movimentos nos refrões principal e do meio.

Outros destaques

A bateria “Swing da Mada”, regida pelo estreante no carnaval como mestre oficial, Sombrinha, desfilou representando os “Iniciados no candomblé”. O desempenho foi de sucesso, se destacando principalmente pelo andamento dado para o samba. Uma nova característica de bateria chegou na Pérola Negra.