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Carlão reflete sobre retorno da Tom Maior ao Grupo Especial e revela aprendizado

Até 2024, a Tom Maior era uma escola em franca ascensão no carnaval paulistano. Desde quando tinha voltado pela última vez ao Grupo Especial, em 2017, a agremiação contava com dois quartos lugares em apurações com desfiles memoráveis. No ano citado, entretanto, veio o baque. Com um enredo aclamado e um desfile esteticamente elogiado, a agremiação da Zona Oeste foi rebaixada. Em 2025, reeditando a clássica apresentação de 2009, intitulada “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”, a instituição foi campeã do Grupo de Acesso I e retornou à divisão de elite da folia paulistana. Sobre período tão atribulado da história da vermelho e amarelo, o CARNAVALESCO conversou com Carlos Alves, o Carlão, presidente e mestre da Tom 30, bateria da instituição, focando nas funções administrativas do profissional. A entrevista foi realizada antes da entrega do Estrela do Carnaval 2025, organizado pelo CARNAVALESCO.

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Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Volta por cima

Apontada como uma das favoritas para o Grupo Especial de 2024, a Tom Maior encerrou a apuração em uma decepcionante 13ª colocação. Pior que a classificação em si, apenas o rebaixamento em um ano que poderia ser o da consagração da tradicional escola. A prova do trabalho bem feito pela instituição apesar da queda de divisão foi a conquista do Estrela do Carnaval na categoria “Melhor Conjunto de Alegorias” daquela temporada.

Assim como acontece com toda escola que vai para o Grupo de Acesso I, a Tom Maior teve que sair da Fábrica do Samba e montar o Carnaval 2025 nos barracões da Fábrica do Samba II, popularmente conhecida como FUPE, já que a área, próxima do Shopping Center Norte, antigamente, pertencia à Federação Universitária Paulista de Esportes. Sobre a montagem do desfile de 2025, Carlão não escondeu as dificuldades: “Foi um ano em que nós sofremos muito por conta da saída da Fábrica do Samba. Foi um ano longo. Mesmo assim, com o trabalho muito bem feito da nossa equipe, entregamos um carnaval de altíssimo nível e obtivemos o nosso objetivo: o retorno ao Grupo Especial com o título”, destacou.

Retorno

O acesso a uma divisão superior é marcado por alguns momentos canônicos. O primeiro deles, obviamente, é a explosão na nota que garante a subida a um patamar mais elevado na hierarquia das escolas de samba. Instantes depois, é a hora do anúncio oficial no Sambódromo, para que todos estejam cientes e para que a chancela oficial seja dada. Na sequência, a entrega da taça. Fora da passarela, é a hora de comemorar com a comunidade em uma festa que não tem hora para encerrar.

Após um dia tão agitado como o da apuração, um novo momento tornou-se especial para quem volta ao Grupo Especial desde a inauguração da Fábrica do Samba: o de assumir um dos barracões destinados às escolas do principal pelotão do carnaval paulistano. Carlão resumiu o que representou tal ato: “Voltar para a Fábrica do Samba foi o momento em que caiu a ficha de que voltamos. Com todo o respeito, é um local muito melhor que o espaço onde estávamos, o que nos dá muito mais possibilidades de fazer o desfile grandioso que a Tom Maior está acostumada”, projetou.

O Estrela do Carnaval 2025 premiou a Tom Maior em três categorias do Grupo de Acesso I: Melhor Samba, Melhor Bateria e Melhor Intérprete – o microfone principal da vermelho e amarelo é comandado por Gilson da Conceição, o Gilsinho.

Sucinto

Carlão também foi perguntado pela reportagem sobre qual foi o aprendizado que a Tom Maior teve ao longo do ciclo para o Carnaval 2025 após o rebaixamento. A resposta foi enfática: “Aprendemos que não pode errar”, finalizou.

Feijoada do Jacarezinho acontece neste domingo com entrega de sinopse e shows de Xande de Pilares e bateria do Salgueiro

A Unidos do Jacarezinho faz feijoada neste domingo para apresentar sinopse e logo do enredo do próximo carnaval. A agremiação que retornou à Série Ouro e terá como enredo de 2026 o cantor, compositor e ator Xande de Pilares receberá em seu palco o próprio homenageado, além da Bateria Furiosa do Salgueiro e shows de Yan e Bruna Oliveira. O evento iniciará às 14h e os ingressos poderão ser obtidos antecipadamente através do Sympla.

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Foto: Ygor Gusmão/Divulgação Jacarezinho

A agremiação rosa e branco do Jacaré abre às portas de sua quadra às 13h. As atrações musicais começam às 14 horas. A feijoada será servida por apenas R$ 20,00. Quem quiser adquirir o ingresso por valor promocional de forma antecipada, basta acessar o site Sympla. As mesas com 4 lugares e feijoada inclusa custam R$ 250,00 e podem ser adquiridas através do WhatsApp da escola 21 98821-3456. Os camarotes estão esgotados. Esquentando o público, o pagode de Bruna Oliveira seguido dos shows da Unidos do Jacarezinho e Acadêmicos do Salgueiro. O ponto alto da festa é a revelação do título do enredo, logo e sinopse com a presença do homenageado, Xande de Pilares. Fechando a noite, o cantor que domina o top 5 das músicas mais tocadas no momento: Yan.

Para a construção do seu carnaval de 2026, a Unidos do Jacarezinho faz um movimento de olhar para dentro de sua própria comunidade, e construir a partir dos reflexos de vida de um de seus mais notórios moradores, uma história que possa não somente emocionar a sua comunidade, mas também gerar nela um espelho na qual ela consiga se enxergar, e também reflita o novo momento vivido pela escola em seu retorno para a Marquês de Sapucaí. A trajetória de Xande personifica, para além do sucesso alcançado pelas suas composições e também do seu trabalho como cavaquinista e intérprete, a história de tantos e tantas que buscaram na cultura popular uma maneira de sobreviver, reinventando a existência em consonância com uma vida de serviço ao nosso bem maior: o samba.

A Unidos do Jacarezinho desfilará na sexta-feira de carnaval, dia 13 de fevereiro, sendo a primeira a pisar na Sapucaí. A quadra da escola fica situada à Avenida Dom Hélder Câmara 2233. A classificação é livre.

Serviço:
Feijoada do Jacarezinho
Atrações: Xande de Pilares, Bateria do Salgueiro, Bruna Oliveira e Yan
Dia 27 de julho de 2025
Local: Quadra da escola – Avenida Dom Hélder Câmara, 2233 – Jacaré
Horário das 14:00 às 00 (abertura dos portões 13h)
Classificação Livre
Ingressos: Pista – R$ 30 (antecipado) / Mesa com 4 convites e 4 feijoadas – R$ 250,00 / Camarotes esgotados
Link de Vendas Antecipadas – https://www.sympla.com.br/evento/feijoada-do-jacarezinho/3010528?referrer=sympla.queue-it.net

Ouça os sambas finalistas da Estácio para o Carnaval 2026

A Estácio de Sá realiza na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, a final de samba-enredo para o Carnaval 2026. Quatro parcerias estão classificadas. A escola levará para Sapucaí “Tata Tancredo – O Papa Negro no Terreiro do Estácio”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Paulo. Abaixo, você pode ouvir os sambas.

 

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Carnaval 2026 em transformação: Escolas criam novas regras, mas Liesa precisa buscar mais justiça nas avaliações

O carnaval carioca é, antes de tudo, um organismo vivo, em constante transformação. É uma mistura de tradição, arte, emoção, competição e inovação. E, como todo grande espetáculo, exige cuidado com seus bastidores. Nos últimos anos, a Liesa tem promovido mudanças importantes nas regras dos desfiles. Algumas delas têm potencial para aprimorar o espetáculo. Outras levantam dúvidas e acendem o sinal de alerta. Para 2026, o Grupo Especial vai encarar uma nova leva de alterações que, mais uma vez, mexem fundo na lógica do julgamento e na maneira como as escolas se apresentam na Avenida.

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Foto: Léo Queiroz/Divulgação Rio Carnaval

A principal novidade, a mais chamativa, é a chamada “cabine espelhada”, que será instalada simultaneamente nos setores 6 (par) e 7 (ímpar). Já as outras duas paradas seguem nos setores 3 e 10. Será que o efeito é positivo? Em 2025, as quatro paradas implementadas impactaram diretamente o quesito Evolução. O ritmo dos desfiles ficou travado, artificial, e a fluidez das escolas foi prejudicada. Agora, com três paradas, espera-se mais equilíbrio. Mas ainda há dúvidas sobre como isso afetará o conjunto da apresentação. Além disso, as cabines espelhadas podem trazer distorções, por exemplo, o julgador de Fantasias, do lado ímpar, tirar dois décimos por algo que viu, e, do outro lado, o jurado dar nota 10 e elogiar. Vale citar que agora até a nota 10 será justificada, o que acho uma ótima medida.

Outra mudança que promete impactar profundamente a dinâmica do julgamento é a nova composição do corpo de jurados. Serão 54 avaliadores no total (6 por quesito), mas com um formato inédito: apenas 36 deles serão definidos após os desfiles. Esses sorteados terão suas notas consideradas válidas para a apuração na quarta-feira de cinzas. A intenção da Liesa é evidente, proteger o processo de eventuais pressões externas, reduzir a possibilidade de favorecimentos e tornar o julgamento mais técnico. A proposta, no entanto, é polêmica e levanta questionamentos legítimos. Bons julgadores podem acabar ficando de fora, e as notas atribuídas por aqueles que não forem sorteados para o grupo final não poderão ser divulgadas em nenhuma hipótese, antes ou depois da apuração. Resta saber, na prática, se o novo modelo trará os resultados esperados.

O Manual do Julgador também passará por ajustes. O discurso é o de sempre: mais clareza, objetividade, critérios bem definidos. E isso, claro, é essencial. Mas quem acompanha o carnaval de perto sabe que o problema, muitas vezes, não está no papel, mas sim na interpretação de quem julga. A subjetividade é parte do jogo. Estamos falando de arte, emoção e sensações. Mas até a subjetividade precisa de limites. Um manual bem estruturado tem que ser bússola, não passaporte para decisões arbitrárias.

Aliás, desde 2025, a avaliação deixou de ser comparativa. Isso significa que o julgador analisa a escola de forma isolada, sem levar em conta o desempenho das demais. À primeira vista, parece uma medida justa, até ética. Mas o carnaval é competição. E a ausência de comparação entre escolas traz um efeito colateral perigoso: notas infladas, muito parecidas entre si, que esvaziam o peso do mérito e criam distorções na classificação final. Ainda em 2025, tivemos outra novidade importante: os desfiles foram realizados em três noites, e os envelopes com as notas foram lacrados ao fim de cada dia. Um avanço em termos de segurança e lisura do processo. A mudança foi bem-vinda, mas precisa de mais um ano de prática.

O fato é que o carnaval não pode parar no tempo. Inovar é preciso. Melhorar a competição é necessário. Mas tudo isso precisa ser feito com diálogo, com escuta e, especialmente, com respeito a quem faz o espetáculo acontecer, como os artistas, dirigentes, componentes e o povo que ocupa as arquibancadas e vibra com cada escola. Urge, inclusive, uma escuta ativa com o mundo do samba. Uma pesquisa de campo real, com quem vive esse universo na prática.

A Liesa dá um passo importante ao tentar aperfeiçoar o julgamento. Mas justiça, no carnaval e na vida, só existe quando há clareza, coerência e, acima de tudo, confiança. O Carnaval de 2026 será o grande teste desse novo modelo. Que a modernização não sacrifique o encantamento. Porque no samba, quando se perde a confiança, perde-se também o chão.

Sambistas com carteirinha das escolas têm entrada gratuita em tributo que marca um ano sem Rosa Magalhães

Sambistas de todas as escolas terão entrada gratuita no Tributo a Rosa Magalhães, que acontece neste sábado, 26 de julho, no Andaraí. A homenagem marca um ano da morte da carnavalesca que revolucionou o Carnaval e eternizou sua arte na Sapucaí. Para participar, basta apresentar a carteirinha de qualquer agremiação.

tributo rosa

Rosa Magalhães deixou um legado único, com enredos que misturavam história, poesia e encantamento. Sua criatividade transformou os desfiles em verdadeiras obras-primas e o barracão em espaço de arte. Mesmo após sua partida, seu trabalho segue vivo na memória afetiva de quem ama o samba.

O evento será realizado na Rua Silva Teles, 104, a partir das 20h30, reunindo apaixonados pelo Carnaval em uma noite de saudade e celebração à genialidade de uma das maiores artistas da folia brasileira.

Serviço – Tributo a Rosa Magalhães no Salgueiro
Local: Quadra do Salgueiro – Rua Silva Teles, 104 – Andaraí, Rio de Janeiro
Data: Sábado, 26 de julho
Horário: A partir das 20h30
Atrações: Ensaio show do Salgueiro e homenagens especiais
Ingressos:
Pista: a partir de R$ 30,00
Jirau: a partir de R$ 40,00
Mesa para 4 pessoas: a partir de R$ 200,00
Camarote lateral para 12 pessoas: a partir de R$ 700,00
Camarote frontal para 12 pessoas: a partir de R$ 900,00
Entrada gratuita para sambistas com carteirinha de qualquer escola de samba.
Vendas online: guicheweb.com.br

Evandro Malandro comemora prêmio Estrela do Carnaval e exalta desfile da Grande Rio

Um dos grandes destaques do Carnaval 2025, o intérprete Evandro Malandro conquistou o prêmio Estrela do Carnaval, concedido pelo CARNAVALESCO, como melhor intérprete do Grupo Especial. Reconhecido por sua voz, carisma e capacidade de comandar a Sapucaí com energia contagiante, o artista comemorou a conquista.

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“Estou radiante. É um prêmio pelo qual venho batalhando desde que cheguei ao Rio. Sempre soube que esse dia chegaria. Com muito trabalho, esforço e responsabilidade, consegui o tão sonhado Estrela do Carnaval. Estou muito, muito, muito feliz!”, declarou o intérprete, emocionado.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

A apresentação arrebatadora da Grande Rio reafirmou o protagonismo da escola, que encerrou a temporada como vice-campeã. Na voz de Malandro, o samba “Pororocas Parawaras” ecoou forte na Sapucaí, embalado por um carro de som entrosado e pela entrega total da comunidade caxiense.

“Foi maravilhoso, superamos todas as expectativas. Ficamos muito felizes com o trabalho e o empenho total da Grande Rio, não só do núcleo artístico, mas também da nossa comunidade, que se entregou de corpo e alma a esse samba”, afirmou.

Ao comentar a performance da escola, Evandro também destacou o esforço coletivo para alcançar a nota máxima nos quesitos dos quais participou: “Este ano, todos nós do carro de som, incluindo nosso professor Pedro Lima. que jamais posso deixar de mencionar. nos preparamos intensamente para alcançar os 80 pontos na apuração. Trabalhamos muito. A escola batalhou de verdade”.

De Iyá Nassô a Clara Camarão! Com Lara Mara no comando, Unidos de Padre Miguel mantém identidade para o Carnaval 2026

Em entrevista ao CARNAVALESCO, a nova presidente da Unidos de Padre Miguel, Lara Mara, falou com firmeza e sensibilidade sobre as escolhas para o próximo carnaval.

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“Já era uma vontade minha trazer a temática indígena para a escola, porque um dos meus carnavais preferidos da UPM é o de 2018, que foi o Eldorado. Nessa minha gestão, eu quero trazer enredos que contem histórias de quem a gente não vê, que não tem notoriedade nas outras escolas. Tem histórias que precisam ser contadas”, revelou.

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Lara Mara é a presidente da Unidos de Padre Miguel. Foto: Carolina Freitas

A escolha da personagem também coincidiu com o novo momento de liderança da escola, agora sob seu comando. “Querendo ou não, é um enredo muito feminino. A gente saiu de um enredo feminino, que exaltava Iyá Nassô, e estamos indo para outro. E casou comigo entrando na presidência este ano. Todo mundo da minha equipe gostou, estamos muito felizes, graças a Deus”.

Sobre a mudança de grupo e a consequente saída da Cidade do Samba, Lara tratou o assunto com pragmatismo e serenidade: “Sair da Cidade do Samba, para mim hoje, é só uma consequência do rebaixamento. Graças a Deus, temos uma estrutura de barracão boa, que a nossa escola nos proporcionou”.

Mesmo assumindo oficialmente a presidência agora, Lara revelou que continua aprendendo com o pai, o diretor de carnaval, o pai Cícero Costa. “Ainda tenho muito o que aprender, mas eu tenho escutado muito o meu pai. Ultimamente, tenho preferido me calar um pouco mais sobre algumas coisas para não causar tanta polêmica, mas agora acho que o principal direcionamento que o meu pai me deu, que tem sido o foco geral de toda a equipe, é esquecer o passado, olhar para 2026 e fazer um belo carnaval”.

A presidente também comentou com emoção o impacto que o samba-enredo de 2025 teve após o desfile. Mesmo sendo retirada do Grupo Especial, “Egbé Iyá Nassô” se tornou um fenômeno. “Não parece, mas eu sou chorona pra caramba, e toda vez me emociono quando as pessoas me marcam em postagens que mostram isso, ou quando comentam. Porque, independentemente do resultado, o importante é o legado que a gente deixa. Acredito que daqui há 10 anos ainda vão estar cantando ‘Vila Vintém é terra de macumbeiro’. Será que o samba de quem ficou no Especial vai ser cantado daqui a 10 anos? Pois é. Fica a pulga atrás da orelha”.

Questionada sobre o que o público pode esperar da Unidos de Padre Miguel na Sapucaí em 2026, mesmo na Série Ouro, Lara foi enfática: “Com certeza, manteremos o alto padrão, com muita força e muita garra. E vamos embora. Eu vou ficar quietinha para morrer velhinha, mas vamos que vamos, porque acho que a Unidos de Padre Miguel não tem como descer o nível”.

Por fim, a presidente lamentou algumas limitações do Grupo de Acesso: “O que me deixa triste hoje é que não vou conseguir colocar todos os meus componentes na avenida, pela redução do número de integrantes imposta pela Série Ouro. Mas faz parte, vamos lutar para, no ano que vem, voltarmos ao nosso lugar de direito”.

Opinião: Tuiuti aponta para Cuba e reafirma sua vocação afrocentrada com o enredo ‘Lonã Ifá Lukumí’

Ao apresentar o enredo “Lonã Ifá Lukumí” para o Carnaval 2026, o Paraíso do Tuiuti confirma sua posição como uma das escolas mais engajadas em narrativas de matriz africana no Grupo Especial. Sob a assinatura do carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola de São Cristóvão direciona seu olhar para Cuba, especificamente para a região de Matanzas, onde a tradição iorubá, levada por africanos escravizados, floresceu na forma do culto Lucumí.

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logo enredo tuiuti 2026

A sinopse do enredo, revelada com riqueza histórica e lirismo característico de Jack Vasconcelos, propõe um desfile que ultrapassa os limites da estética para oferecer uma experiência de fé, resistência e ancestralidade. Ao escolher abordar o sistema oracular de Ifá, o Tuiuti mergulha num campo simbólico denso, onde o destino é traçado pelos búzios, pelos signos de Ifá e pela sabedoria ancestral dos babalaôs.

A escola segue o caminho já trilhado em carnavais recentes, como nos enredos “O Salvador da Pátria” (2018) e “Xica Manicongo” (2025), apostando na construção de uma identidade própria, marcada pelo resgate histórico e pela denúncia das injustiças sociais, raciais e culturais. Em 2026, no entanto, o foco se expande além do Brasil, fazendo da diáspora africana seu grande enredo.

A escolha de figuras como Carlota Lucumí, líder de revoltas contra o regime escravocrata cubano, e Remígio Herrera (Adechina), sacerdote fundamental na estruturação do culto Lucumí em território estrangeiro, confere densidade e protagonismo a personagens muitas vezes esquecidos pela historiografia oficial. A abordagem do Tuiuti repara silêncios e reposiciona essas figuras no centro da narrativa.

Outro ponto de destaque é a relação entre o sagrado e o comunitário. A sinopse propõe o desfile como um grande ritual coletivo, onde o samba ocupa o papel do cântico litúrgico e a avenida se transforma em templo. O oráculo de Ifá, interpretado na tradição cubana, passa a ser símbolo não apenas da religiosidade afroatlântica, mas também de um destino coletivo, forjado na luta e na resistência cultural.

Visualmente, o enredo abre caminho para um universo rico em cores, formas e símbolos. A musicalidade pode flertar com os toques dos tambores batá, tão presentes nos ritos cubanos. Alegorias podem representar os cabildos, as casas-templo, os rituais de iniciação, os objetos sagrados como o obí e os idefás. É um terreno fértil para a criatividade cênica e para o impacto sensorial.

O desafio está lançado. Jack Vasconcelos é um artista experiente no campo e terá a missão de entregar um enredo que una forma e conteúdo, reverência e inovação. Com o samba-enredo já encomendado a Cláudio Russo, Gusttavo Clarão e Luiz Antônio Simas, a escola indica que quer seguir com consistência e coerência de discurso. A expectativa é por uma composição que traduza o espírito do enredo com beleza poética e fidelidade cultural.

O Tuiuti caminha, mais uma vez, na contramão da superficialidade. Aposta no enredo como motor de identidade, como espelho de um Brasil plural e de uma herança africana que transcende fronteiras. “Lonã Ifá Lukumí” não é apenas um título. É uma convocação. Uma chamada à memória, à fé e à afirmação de um povo que, mesmo arrancado de sua terra, nunca perdeu o caminho.

Em 2026, o destino da escola parece traçado: a avenida será palco de um ritual. Que os orixás estejam presentes e que o público esteja pronto para escutar o chamado dos atabaques.

Mayara Lima retoma aulas de samba no pé em projeto social para crianças do Morro do Tuiuti

A dançarina e rainha de bateria do Paraíso do Tuiuti Mayara Lima deu início às atividades do projeto social da escola mirim Netinhos do Tuiuti para o ciclo do Carnaval 2026. A primeira aula marcou o lançamento da nova turma do projeto Educação em Ação, que oferece oficinas gratuitas de samba no pé para crianças e adolescentes de sete a 17 anos no Morro do Tuiuti.

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Foto: Divulgação

Criada na escola mirim e hoje símbolo da comunidade, Mayara destacou o orgulho de retornar ao seu território agora como educadora: “Meu objetivo é trabalhar o samba desde cedo na vida dessas crianças, resgatar a essência do samba no pé da nossa comunidade e trazer isso para dentro da nossa quadra. Estou muito feliz em poder contribuir não só como rainha de bateria, mas também como educadora. É algo que me enche de orgulho. Poder transmitir meu conhecimento através da minha arte e da minha cultura, que é tão rica, é uma missão. Toda criança precisa fazer parte desse mundo, dessa magia que é o Carnaval”, afirmou.

Para a rainha, projetos como esse são essenciais visto que Carnaval vai muito além de uma festividade. “O samba tem o poder de mudar vidas — e eu sou prova disso. Vim da escola mirim e o Carnaval transformou a minha história. Quero que essas crianças entendam, desde cedo, que o samba pode ser um pilar de mudança para elas, assim como foi para mim”, completou.

Carnaval 2026: Vila Isabel inicia disputa de samba com audição interna

Cumprindo mais uma etapa fundamental em sua caminhada rumo ao Carnaval de 2026, a Unidos de Vila Isabel promoveu, no palco do Teatro Liceu de Artes e Ofícios, a audição interna dos sambas concorrentes ao enredo “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”. O momento, reservado à diretoria, segmentos e equipe de carnaval, foi marcado por muita emoção, energia positiva e profunda conexão com a proposta artística da escola para o próximo desfile. O evento reuniu 17 parcerias de compositores.

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Foto: Divulgação/Vila Isabel

A audição prévia foi descrita pelos organizadores como uma “gira de sonhos, vozes, batuques e esperanças”. Em cada samba, pôde-se perceber a entrega dos autores em traduzir a força poética e simbólica da temática idealizada por Gabriel Haddad e Leonardo Bora, carnavalescos da agremiação, que homenageia Heitor dos Prazeres e sua visão de África através da arte, da música e da fé.

A diretoria da escola agradeceu às 17 parcerias inscritas e ressaltou a importância da escuta atenta e coletiva neste momento do processo. A escolha do samba que embalará a Vila Isabel em 2026 será definida ao longo das próximas etapas da disputa, que promete ser acirrada e de alto nível.

O sonho da Vila está só começando. E, como dizem os versos que ecoam no bairro de Noel: “Macumbembê, Samborembá”… vem samba forte por aí.