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Samba e canto da comunidade se destacam em desfile da Estácio, mas escola peca em evolução

O início do desfile da Estácio de Sá foi animador com boas apresentações da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira, aliados a um alto rendimento do samba e do canto dos componentes. Mas, do meio do desfile para o final, a Estácio que tinha uma evolução com fluidez, errou um pouco antes da entrada da bateria do segundo recuo, quando a ala de passistas abriram espaço dentro da própria ala, gerando um buraco em frente ao último módulo de julgamento, e, a partir daí, a escola não se encontrou mais na evolução correndo demais até a bateria sair do recuo. Já na parte plástica, o Leão trouxe um bom conjunto visual em termos de cores e soluções estéticas, mas problemas no acabamento dos carros pode custar alguns décimos da agremiação. Com o enredo “O Leão se Engerou em Encantado Amazônico”, a Estácio de Sá encerrou seu desfile com 54 minutos.

Comissão de Frente

Estreante na Estácio de Sá, Júnior Barbosa levou para a Sapucaí o ritual da Pajelança. Para isto, os componentes se utilizaram de um elemento alegórico que trazia a semente de tucumã que é envolta em lendas para os habitantes da mata, posicionada no topo da estrutura cenográfica de onde saía o pajé e descia para a pista junto com os seres encantados que iniciavam a apresentação em cima do tripé. No chão, os indígenas iniciavam o ritual e se misturavam a estes seres.

Nesta representação há uma visão onírica da diversidade amazônica e seus encantos, seres mágicos flutuam entre fantasia e realidade. Já os figurinos dos componentes homenagearam a ritualística dos povos originários, sob a liderança do pajé. No final, o leão estaciano, transvestido de verde amazônico surge mediado pelo pajé em uma das grandes surpresas da comissão para se tornar um encantado. A apresentação terminou com os seres encantados na pista. Apresentação muito boa em dança, sincronia, surpresas e figurinos. Único ponto negativo a se destacar era que o Leão estaciano que surgiu poderia ter sido produzido com um pouco mais de capricho.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Juntos nesse carnaval para defender o pavilhão da Estácio de Sá, Feliciano Junior e Raphaela Caboclo, se apresentaram na Sapucaí com a fantasia “Coaraci e Yaci: O Brilho da Vida e as Cores da floresta” que representou na figura do mestre-sala, através da bonita roupa dourada, todo o significado lendário de Coaraci, o sol, figura da mitologia tupi-guarani, responsável por dirigir o reino animal e garantir a manutenção da vida na floresta tropical. Já a porta-bandeira, em um azul cravejado de brilhantes e o colorido das matas na saia, encarna Yaci, a lua, engerada em sua versão carioca como guardiã das cores e da diversidade da vegetação na floresta tropical. O bailado da experiente dupla buscou pelo mais tradicional para o casal de mestre-sala e porta-bandeira.

Os dois optaram por não incorporar passos mais engessados de coreografia fora do bailado, porém, mostraram muita sincronia na dança sempre mantendo próximo as circunstâncias de movimentos, com os giros da porta-bandeira sempre na mesma intensidade do riscado do mestre-sala. Nos módulos pares o vento esteve bem forte, mas Raphaela, com toda a sua experiência, foi firme, não deixando que a bandeira não estivesse desfraldada e mantendo seus movimentos como se nada estivesse acontecendo, muito controle do pavilhão. Apenas no terceiro módulo, quando a porta-bandeira foi dar a bandeirada, o movimento acabou não saindo tão completo. No geral, o casal se procurou bastante e soube fazer bom uso do espaço para dançar, aproveitando o máximo, desfile quase perfeito.

Harmonia

Para esse desfile, quem comandou o carro de som da escola foi uma nova dupla, mas com velhos conhecidos da agremiação. Tiganá fez o seu terceiro desfile consecutivo e, desta vez, teve a companhia de Serginho do Porto, que voltou à comunidade do morro de São Carlos, instituição pela qual ajudou a subir para o Especial em um passado recente. A dupla mostrou entrosamento e solidariedade um com o outro, não havendo momentos de “disputa” de quem canta mais alto ou faz mais cacos, cada um respeitando o espaço do outro e fazendo uma boa apresentação. O carro de som, no geral, esteve muito sóbrio, mas focado em cantar o samba, sem poluir muito a obra, já que, inclusive, o ótimo samba da Estácio não precisava de muita pirotecnia. Os componentes também fizeram a sua parte e o canto foi uniforme, com correção e alto por toda a pista. Destaque para algumas alas como as baianas, “pajelança”, “Leão Guarini” e “Yará”. O canto contagiou inclusive quem assistia nas frisas.

Enredo

Pelo terceiro ano consecutivo à frente do carnaval da Estácio, e já renovado para o carnaval de 2026, o carnavalesco Marcus Paulo tentou fugir um pouco daquilo que passou nos últimos anos na Sapucaí sobre os povos originários e a Amazônia, com maior destaque com o Salgueiro em 2024 e Porto da Pedra em 2023. Por isso, o artista trouxe para a passarela do samba a história dos encantados amazônicos e como eles representam cada elemento, como defendem a floresta e como traduzem a cultura da região, tudo isso dividido em três setores e mais uma abertura.

Na abertura, inclusive, a escola trouxe a fusão do real e imaginário sintetizado na figura do Leão da Estácio de Sá, como Leão Guarani, iniciado em ritual para percorrer a mata amazônica. Logo em seguida, no primeiro Setor, a Estácio mostrou o Leão descobrindo a harmonia entre seres humanos, animais e encantados, se transformando entre si para proteger a floresta, sendo apresentado às lendas da Yara, boiúna e Naiá. No segundo setor, começou a apresentação de um conflito entre os seres que protegem a floresta, sintetizados na figura do curupira, contra a ganância e a destruição, presentes no homem branco, apresentando alguns desses defensores da mata que existiram como Chico Mendes e Dorothy Stang.

No último setor, a Estácio celebrou os festivais culturais da Amazônia e a riqueza do folclore regional, com maior destaque para Parintins e os bois-bumbás Caprichoso e Garantido. Ainda que, inicialmente alguns aspectos não fossem de tanto conhecimento do publico leigo, a ideia por traz do enredo foi passada de forma simples e com muita leitura, principalmente nos carros que dividiram muito bem os setores, com a Pajelança no abre-alas, os seres encantados e os defensores da mata na segunda alegoria e os festivais culturais na última. As fantasias de ala faziam o complemento da mensagem. Além disso, tudo que foi proposto pelo carnavalesco foi apresentado de forma lúdica, mas com muitas representações imagéticas.

Evolução

A Estácio de Sá começou o desfile bem neste quesito, com o samba valente levando a evolução um pouco mais pra frente, com a comissão chegando rápido nos módulos, mas sem correria e fluidez, não fazendo com que o desfile tivesse grandes momentos de parada, ainda que houvesse os quatro módulos. Porém, depois da última apresentação de comissão de frente e casal, a agremiação apressou demais o passo e não se preparou como devia para a entrada da bateria no segundo box. A ala de passistas a frente foi o motivo do problema. Uma parte dos componentes se apressou e a outra ficou no caminho ainda para aguardar o momento dos ritmistas iniciarem a manobra. O que gerou um buraco dentro própria ala bem em frente do último módulo de julgamento. Alguns passistas chegaram a retornar para o ponto inicial. Após essa situação, a bateria entrou até bem no recuo, mas a escola passou a acelerar o passo ainda mais até passar os setores todos e a bateria voltar para a pista. O final do desfile com a bateria se apresentando foi satisfatória, mas já com o quesito um pouco mais comprometido.

Samba-enredo

A obra de 2025 da Estácio de Sá que passou na Sapucaí é de autoria dos compositores Júlio Alves, Claudio Russo, Magrão do Estácio, Thiago Daniel, Filipe Medrado, HB, Serginho do Porto, Diego Nicolau, Tinga, Adolfo Konder, Dilson Marimba e Marquinhos Beija-Flor. O samba tem um refrão principal forte “Eu vou, eu vou” e a obra, ainda que no seu caráter inicial não era tão para frente como outras obras que a Estácio já levou para Sapucaí, foi bem preparada para este desfile ficou bem a caráter, inclusive da Bateria Medalha de Ouro, com valentia mas sem comprometer a sua ótima linha melódica.

O samba teve passagens com destaque de canto forte como o refrão de baixo, como “Pelo amor de Deus Tupã/ Pelo canto da Yara”, “Eu sou o dom de resistir, eu sou Estácio”, e “Verde pra viver, ver de ser humano/ Neste coração Estaciano”. Nas bossas, um toque de marujada que davam um charme ainda maior para o samba. No geral, um samba valente como o estaciano gosta, mas com passagens muito ricas melodicamente, que contagiou inclusive o público, muitas pessoas cantando e curtindo nas frisas.

Fantasias

Esteticamente a Estácio mostrou um bom conjunto de fantasias, que produziam no desfile uma boa paleta de cores, bem relacionada, inclusive com a temática que estava sendo retratada no setor. No início uma maior predileção pelo verde como visto na fantasia das baianas que representavam “Iamandacy a mãe da mata”, nos tons mais clarinhos, para destacar a mãe da mata e encantada responsável por conceder a permissão para adentrar a floresta. Depois, no segundo setor, a escola procura um colorido maior ao falar de forma mais intensa dos homenageados no enredo, os encantados amazônicos como a ala 10 “Curupira: a força da natureza engerada”, a ala 11 “Guajara: lança feitiços” e Yara, da número 8. No final, a paleta de cores segue um colorido do setor do meio. Destaque para fantasias que falam sobre os festivais como “Adana Encantada do Festribal” e Peixe-boi Engerado”. No geral uma ótima utilização das cores, das formas, como bonitos costeiros, mas, ainda assim, com a qualidade um pouco menos esperada no aprumo dos materiais utilizados nas fantasias. É de fato difícil muitas vezes a realidade da Série Ouro, mas a Estácio poderia caprichar um pouco mais na finalização dos matérias que foram levados para a Sapucaí.

Alegorias e adereços

Além da evolução, alegorias e adereços foi um quesito problemático para a Estácio. Não pelo visual em si que esteve muito bonito, mas principalmente no acabamento. O Abre-Alas “O Rei Do Samba Engerado e os Encantos da Floresta Amazônica” fugiu um pouco do tradicional vermelho da escola, possuindo o forte verde amazônico, de acordo com o enredo, inclusive na figura emblemática do leão. Nele, uma floresta Xamânica e algumas esculturas muito grandes. A alegoria aludiu artisticamente ao universo da Amazônia com o Leão estaciano emergindo a partir do ritual da pajelança. Na composição dessa alegoria, encontram-se também árvores majestosas e aves de algumas espécies que tomaram forma como a diversidade vegetal. Apesar da beleza, houve falhas no forro da alegoria.

Em seguida, a escola trouxe a alegoria “Encantados Eternos: Guardiões da Floresta” representando o encontro do Leão com o universo dos encantados, seres que incorporam os elementos e riquezas da floresta. Carro muito colorido, porém, com rasgo perto do cocar do índio que vinha a frente do carro. O último carro “Festas e Festivais da Floresta No Templo Dos Sambistas” encerrou o desfile celebrando o encontro entre os festivais culturais da Amazônia e o samba carioca. A cenografia traduziu as festas amazônicas, que misturam elementos da natureza e da cultura local e ribeirinhos, entrelaçados com os símbolos do samba carioca, reforçando a conexão entre os guardiões da cultura amazônica. Uma alegoria muito colorida, ainda com o verde bastante presente em todo o desfile da Estácio de Sá e um grande arco com cerca de 16 metros de altura, representando a Apoteose no final, mas com a divisão de cores, no azul e vermelho do Caprichoso e Garantido. A alegoria também apresentou problema de acabamento na sua parte de trás. Conjunto alegórico bonito, mas problemático.

Outros destaques

A Bateria “Medalha de Ouro”, de mestre Chuvisco, veio como “invasores: cobiça” representando os primeiros vindo do continente europeu que deslumbram-se com as belezas amazônicas. A rainha Tati Minerato, estreando no posto na Estácio, depois de alguns anos na Porto da Pedra, veio com o figurino “encantando o olhar dos invasores” fazendo alusão às riquezas e biodiversidade da Amazônia.

Os passistas vieram com a fantasia ” Ganhabora: Trança Pés” que representou um dos sete espíritos protetores, “Ganhabora”, o obstáculo intransponível para os gananciosos e desmatadores da floresta. No final do desfile, o carnavalesco Marcus Paulo estava em êxtase e muito feliz, encontrou próximo do setor 10 a carnavalesca Annik Salmon com que trabalhou na Tijuca e lhe deu um grande abraço. A musa Alessandra Mattos também roubou a cena com samba no pé e beleza.

Barroca canta forte, mas graves falhas de evolução comprometem desfile

Exaltando Iansã, na noite deste sábado, a Barroca Zona Sul executou o seu desfile oficial do Carnaval 2025. Positivamente, o canto da comunidade segurou a bronca, além da atuação do carro de som comandado pelos intérpretes Cris Santos e Dodô Ananias. Porém, a Faculdade do Samba não passou como o esperado. O seu segundo carro quebrou uma escultura da lateral esquerda, ocasionando um buraco de várias grades. Isso fez com que a escola tivesse uma evolução inconstante, além do mastro da porta-bandeira soltar, impedindo-a de dançar de forma correta. Se todos esses erros apontados forem condirmados na apuração, a verde e rosa de Jabaquara irá passar sufoco. A Barroca Zona Sul foi a segunda escola a desfilar nesta sexta-feira levando o enredo “Os nove oruns de Iansã”. Os portões foram fechados com 1h04, após um passo acelerado dos componentes.

Comissão de frente

Andarilhos, Egunguns e a personagem principal, “Iansã Igbalé”, deram o tom da comissão de frente coreografada por Chris Brasil. Os andarilhos estavam vestidos com uma maquiagem de alto nível, de variadas cores, sendo cada componente representando este elemento, com uma tonalidade diferente. A protagonista da dança, Iansã estava com vestes toda branca.

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A coreografia consistia na exaltação de Iansã, que a todo momento percorria pela pista, principalmente no meio dos andarilhos, que carregavam elementos alegóricos chamados de “Os nove oruns”, também coloridos. Em determinado momento, os andarilhos entravam e se cobriam com uma espécie de capa, transformando-se em “Egunguns”. Haviam outras personagens que ficavam no tripé central, todo verde, representando a “Floresta Sagrada dos Egunguns”.

Uma comissão de frente bem complexa, vários elementos, mas com criatividade acima de tudo. Porém, vale destacar que eles ficaram parados um tempo devido aos graves problemas de evolução que a escola enfrentou.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Marquinhos Costa e Lenita Magrini, com as fantasias de São Jerônimo e Santa Bárbara, teve um desempenho satisfatório no primeiro módulo. A dupla foi muito aplaudida até pelos presentes nos camarotes naquela parte do Anhembi. Entretanto, sofreram com a evolução depois disso. No segundo módulo os dois ficaram um grande tempo em frente à cabine, pois a escola estava parada e, consequentemente, tiveram impacto – Bem como quando a evolução foi acelerada. Uma coisa para lá de negativa é que após o recuo, o mastro do pavilhão quebrou, impedindo a porta-bandeira de dançar. É um quesito que se deve ficar de olho para o positivo e o negativo.

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Enredo

Assinado pelo carnavalesco Pedro Magoo, o enredo do Barroca Zona Sul para este carnaval é intitulado como “Os nove oruns de Iansã”. O desfile não seguiu uma linha de homenagem, mas sim uma exaltação à orixá Iansã, levando os principais atributos que a entidade carrega com ela. Outros orixás no decorrer do desfile também foram colocados em prática para dar sentido à história candomblecista.

Alegorias

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Com o significado de “Leve como uma borboleta, forte como um búfalo”, o abre-alas passou pela pista com uma iluminação toda vermelha. Um tom monocromático que deu um belo visual de abertura para a escola. A escultura central, que ficava no topo do carro, era um búfalo, que é o principal animal que representa Iansã. Um elemento do desfile que tem tudo a ver com o enredo, havia esculturas de raios para simbolizar a orixá (relampejou lá no ceú), como diz o samba. Na parte de trás, a escultura de Iansã rodeada de borboletas foi vista, sendo outro ser que rege a orixá. O carro representou otimamente o que significa para nós a história da entidade e, plasticamente, a iluminação nas cores quentes se destacou.

“A Gratidão de Obaluaê” é o nome dado ao segundo carro alegórico da verde e rosa de Jabaquara. O elemento consistia em leões como destaque central da alegoria, que sofreu muitos problemas na pista. Logo no começo do setor A houve uma quebra no leão do lado esquerdo e fez com que a escola parasse por muito tempo. O buraco aberto beirou às 20 grades. A Faculdade será bastante penalizada por isso.
Denominado “O Orum dos sarcedotes da minha fé”, a terceira alegoria da Barroca era toda dourada com uma escultura grande no topo do carro com uma baiana rodando.
A última alegoria da escola desfilou representando “O Orum do Deus maior”, que levou várias esculturas de orixás junto deles. Oxóssi, Oxum, Oxaguiã e entre outros.
Por fim, vale destacar que os carros soltavam papéis de explosão, causando fortes reações no público, arrancando aplausos e gritos.

Fantasias

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Apesar da leveza de colocar o componente para desfilar e da variada paleta de cores que passou pelo Anhembi, dando um destaque melhor, as vestimentas da Barroca tiveram um acabamento negativo no desfile. Era perceptível que partes de peças de algumas alas se despedaçavam, mesmo que de forma pequena, mas deixavam rastros no chão. Um destaque do penúltimo carro passou com o costeiro quebrado. Outro quesito que a Barroca pode sofrer consequências.

Harmonia

Vontade da comunidade para cantar não faltou. Foi o quesito que ‘segurou a bronca’ no desfile. Assim como ensaiado, os versos do refrão principal e do semi-refrão que vem logo após, empolgaram a aequibancada que receberam algumas bandeirinhas. Foi a parte destaque da escola na passarela.

Samba-enredo

Foi outro tópico fora da curva: O carro de som da escola comandado pelos intérpretes Cris Santos e Dodô Ananias. Os elogios feitos para a dupla no pré-carnaval foram merecidas e se confirmaram no desfile oficial. De forma surpreendente, o cantor santista e o gaúcho de fato conseguiram substituir à altura o intérprete Pixulé. Um grande samba, querido pelo carnaval paulistano, contribuiu para isso também. Para cima o tempo todo com uma pegada firma juntamente à bateria “Tudo Nosso”. Tudo o que foi feito nos ensaios técnicos de ótimo nível, se foi repetido no dia de hoje.

Evolução

Uma parte delicada do desfile. Após quebrar a segunda alegoria, a ala da frente andou e abriu por volta de 20 grades, o que ocasionou outros fatores, como demora do casal no segundo módulo e da comissão de frente também. Uma evolução que não foi constante, pois teve que segurar a escola até segurar os componentes até arrumar a alegoria e ajustar o espaço formado e, após, precisaram acelerar muito os passos. Realmente uma catástrofe ocorreu na apresentação da agremiação neste sentido.

Outros destaques

A bateria “Tudo Nosso”, comandada pelo mestre Fernando Negão, desfilou vestidos de “Raios e Tempestades”, O destaque vai para empolgar a arquibancada monumental de forma contundente. O fato negativo de fato foi não parar no recuo de bateria, onde fica um jurado a todo tempo avaliando. Não mostraram as bossas propostas.
As baianas, importante ancestralidade dentro do tema, representou as “Oferendas para Iansã”
A fantasia da bateria da rainha de bateria Juju Salimeni era vermelha com um desenho de trovão diagonal de led.
Princesa de bateria, Raissa Moreira, desfilou com costeiros vermelho e laranja.

União de Maricá Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Altamente técnica, Mancha Verde cumpre todos os quesitos com maestria e sonha com a terceira estrela

Um desfile completo marcou a sexta-feira de carnaval da Mancha Verde. Embalados pelo presidente Paulo Serdan, a escola entrou na pista do Anhembi dispostos a fazerem o melhor pela agremiação e, de fato, conseguirem. Um desfile técnico com todos os quesitos cumpridos com maestria. Um canto potente da comunidade, abertura forte, alegorias de ótima acabamento e fácil leitura, além de fantasias que beiraram a perfeição. Isso faz com que a ‘Mais Querida’ do carnaval paulistano novamente brigue pelo campeonato, alcançando a tão sonhada terceira taça. Com o enredo “Bahia da fé ao profano”, a Mancha Verde foi a quarta escola a desfilar nesta sexta. O desfile foi terminado com 1h04.

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Comissão de frente

A ala, liderada por Wender Lustosa e Marcos dos Santos, foi denominada como “A ‘lavagem’ do Bonfim e o profano”, tem como contexto a religiosidade e a alegria. Na coreografia se pode ver turistas, mulheres e nobres. A encenação se destaca pelo elemento alegórico ter mostrado duas características: O profano, que aparecia a fiagura de Exu na coreografia o tempo todo e, também, a igreja. Algo criativo, uma espécie de palco de teatro que girava em 360 graus mostrando as duas faces. A interpretação principal é que a comissão de frente da escola teve como principal objetivo mostrar a alegria do povo baiano.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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O renomado e experiente casal, Marcelo e Adriana, desfilaram na passarela com a fantasia de “Logundé e suas faces”. A dupla executou uma coreografia tímida em análise no segundo módulo, optando por realizar movimentos cruciais para atingir a nota, como os giros e as finalizações de forma sincronizada.

Enredo

Com o enredo “Bahia da fé ao profano”, a Mancha Verde foi a quarta escola a passar pela avenida. O tema foi sugerido pelo presidente Paulo Serdan, após ver um documentário no canal Futura, foi debatido e aceitado pela agremiação. Quem assina o carnaval é uma comissão, composta por nove pessoas – Dentre eles o diretor de carnaval Paolo Bianchi e o filho do presidente, Paulinho Filho. Não é descontado pontos, mas a leitura é feita da seguinte forma: O esplêndido abre-alas poderia ser trocado com a segunda alegoria. Entende-se que o primeiro carro não conversa com a comissão de frente e não representa a alma do povo baiano. Já o segundo mostra a ousadia que as pessoas da terra tem. Contudo, ao todo, o desfile foi contado de forma satisfatória e com uma fácil leitura.

Alegorias

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Descrito como a “Beleza de Oxum , e o mar da vaidosa Iemanjá”, havia uma escultura grande da orixá Oxum e um grupo cênico. O abre-alas teve um alto investimento em um telão que representava o fundo do mar, com estruturas de tartarugas logo acima. A interpretação que fica é que, dentro da Bahia, a Mancha Verde quis explorar totalmente as águas, visto que Oxum e Iemanjá são duas entidades diretamente ligadas a isso. Está dentro do enredo, mas para um abre-alas, a tendência é sempre ver algo totalmente ligado ao enredo. De fato está, mas não foi vista a alma e a personalidade do baiano diretamente, diferente da comissão de frente, que tinha a figura de Exu para pedir licença para contar a história desse povo tão ligado ao candomblé. Obviamente isso não conta diretamente com um erro, mas apesar de plasticamente perfeita, o abre-alas da Mancha não dialoga com a comissão de frente e nem com a primeira ala coreografada, que significa o “Os dois lados do povo baiano”.

O segundo carro já começa a contar a história do enredo. Já foi visto representações reais das feiras e mercado da Bahia – Isso, de fato, é a alma do povo baiano. Plasticamente era um marrom com escrituras para representar o mercado.

A terceira alegoria, que simbolizou “Corpos Baianos abençoados por Oxalá”, foi para a pista com escultura do próprio orixá e de Iansã, além de velas. Foi observada a presença de bastantes grupos cênicos, o que deu uma vida especial no carro. Foi a principal alegoria que transmitiu a religiosidade de candomblé no desfie.

O quarto carro representou o baiano na mais pura alegria, tendo título de “Ritmos e carnavais de Salvador”. O símbolo da entidade, o carismático ‘Manchão’, apareceu em forma de alegoria dirigindo um calhambeque. No topo do carro, uma realista escultura do artista Carlinhos Brown, que é uma figura baiana na mais pura essência. Neste desenho, talvez um pequeno problema: Falha de acabamento nas costas da escultura. Vale lembrar que as agremiações sofreram com uma forte ventania na úktima quarta-feira e algumas plásticas foram prejudicadas. O Carlinhos Brown da Mancha foi uma delas, mas a escola conseguiu arrumar a tempo.

Fantasias

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Irretocáveis as fantasias da escola. Materiais de alta qualidade, sem qualquer resquício de acabamento ruim, havia muita beleza nas vestimentas, que estavam de fácil leitura dentro do tema. O destaque principal vai para a ala das baianas, que foram representando Oxum, nas cores azul e dourado com uma cauda de sereia rodeando a indumentária.

Harmonia

A comunidade da Mancha Verde é acostumada a cantar forte. Não foi diferente no desfile. Apesar de o samba-enredo, por vezes criticado por ter uma melodia para baixo, rendeu bastante no ‘gogó’ dos componentes da ‘Mais Querida’ no desfie oficial. Foi visto de perto os desfilantes cantando, além do apagão realizado no refrão principal com o apagão no verso: “Mancha Guerreira!”.

Samba-enredo

Se a harmonia rendeu na avenida, também foi muito por conta da atuação do carro de som. O intérprete Vianna, que lidera o time de canto da Mancha, empolgou os componentes o tempo todo. Foi além de cantar. A todo instante ele gritava as frases> “É com vocês”, “Vamos comunidade’, entre outros bordões que servia de incentivo para os componentes ‘manchista’.Também vale destacar a presença do time de cordas lidera por Channel e os apoios Tami Uchoa e Rafael Raspada.

Evolução

No andamento acelerado da bateria, os componentes desfilaram soltos na passarela. Foi uma evolução de primeira, não deu brechas para buracos ou espaçamentos. A escola foi para a pista totalmente alinhada entre as fileiras e mostrou a compactação necessária para atingir as notas máximas.

Outros destaques

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A bateria “Puro Balanço, regida pelos mestres Cabral e Vinny, desfilou com a fantasia “Filhos de Gandhi” . A impressão que deu é que a batucada imprimiu um ritmo mais acelerado do que o comum na característica deles. Deu certo, pois a ala musical se mostrou entrosada e a escola respondeu com energia positiva.

Ala das baianas foi à passarela de “Oxum, a sereia das águas doces” e foi destaque das fantasias, como citado anteriormente.

Viviane Araújo, rainha de bateria da Mancha Verde há muito tempo, reinou mais uma vez à frente da “Puro Balanço”. Sua fantasia teve como costeiro preto e azul, levando o público ao delírio por ser querida no meio do carnaval Duda Serdan, princesa de bateria, desfilou inteiramente de azul.

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Fotos: Bruno Motta

Iamandacy Encantada: As baianas que abriram caminho para o Leão da Estácio

Fantasiadas de Iamandacy, a mãe da mata e guardiã da entrada da floresta que concede ao Leão Guarani a permissão para adentrar na mata, as baianas da Estácio vieram na abertura da escola com uma fantasia de grande simbolismo para o enredo.

Com a fantasia chamada “Iamandacy Encantada: A mãe da mata – permissão para entrar na floresta”, as baianas abriram o desfile da Estácio, logo após o abre-alas, concedendo a permissão para que a Sapucaí testemunhasse o desfile da escola.

A coordenadora da ala de baianas falou com o CARNAVALESCO sobre a relevância da fantasia para a abertura da escola.

“Nós somos uma das partes principais do desfile, nós somos a mata, somos Iamandacy, que é a mãe da mata. Nesse desfile, nós representamos a mãe da mata. Foi um presente do nosso carnavalesco, ele ama as baianas, então deu a parte principal para a nossa ala por sermos muito unidas. Pensando nessa união, viemos trazer a importância de nos unirmos e lutarmos pela preservação da mata. O trabalho é voltado para a resistência em busca de preservação, tanto dos indígenas quanto da floresta. Somos as mães que cuidam”, contou Maria Luísa Matos, de 70 anos, aposentada que está há mais de 20 anos em a Estácio.

A ala de baianas, tradicionalmente, representa as mulheres que ajudaram o samba carioca a resistir durante o seu surgimento. Com isso, a figura da mãe da mata, que protege a floresta e faz o intermédio do leão ao ambiente sagrado, é extremamente apropriada para a ala no enredo de a Estácio.

“Eu achei a nossa fantasia linda e, para a baiana, está relativamente leve, além de ser muito simbólica para o nosso enredo. Vamos poder evoluir bastante e levar a essência da mãe natureza para a avenida. O samba está muito bom. Creio que faremos um ótimo desfile. A ala de baianas de a Estácio é bastante reconhecida. E, sendo uma ala que vem representando uma face maternal do enredo, as mães acolhem, e a Estácio me acolheu há 13 anos para desfilar. A Estácio é o meu lugar, e por isso estou aqui. Assim como os indígenas e os animais da floresta amazônica, que vivem na mata, que é o lugar deles, esse enredo é de extrema importância. Poder ser uma representante da mãe natureza é incrível”, declarou a professora Magda Gomes, de 60 anos, que, mesmo sendo paulista, não esconde seu amor por a Estácio.

A ala das baianas da Estácio entrou na avenida com força e simbolismo, representando a essência maternal do enredo e a conexão com a natureza. Com fantasias imponentes e cheias de significado, as baianas trouxeram a leveza necessária para evoluir com graça, ao mesmo tempo em que carregavam o peso da tradição e da resistência.

“Hoje representamos a ancestralidade das baianas e da mãe da mata, que é muito importante. Assim como a resistência das nossas florestas e de a Estácio, sempre guerreira”, disse Ângela Santos, aposentada de 66 anos.

Mais do que um espetáculo visual, a participação dessa ala reforçou a ancestralidade e a luta pela preservação, tanto da cultura do samba quanto das florestas. A dança, os giros e a presença marcante das baianas refletiam a resiliência de uma escola que nunca deixa de lutar pelo seu espaço.

“Desfilo em a Estácio desde sempre e sempre como baiana, amo ser baiana. E hoje vou desfilar muito positiva. Acho que essa fantasia fala de respeito e resistência, e a Estácio é uma escola resistente. Ela resiste sempre. É uma escola de força. Quando eu fizer a curva da Sapucaí, eu vou me arrepiar, e os giros da minha baiana serão em nome da resistência da minha escola”, contou Vera Lúcia do Nascimento, aposentada de 78 anos.

Unindo tradição e mensagem de preservação, representando a força materna da floresta e a resistência da escola, as baianas mostraram que, assim como a mata, a Estácio segue viva e guerreira. Entre fé, samba e luta, sua presença na avenida foi um tributo à história e à resiliência.

Viva a mãe natureza! Segundo carro do Arranco leva consciência ambiental à Avenida

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O Arranco foi a segunda escola a desfilar na noite dessa sexta-feira, 28, com o enredo “Mães que Nutrem o Sagrado”. A segunda alegoria, nomeada “Fé na Natureza: o Alimento vem da Terra”, trouxe um grande busto feminino em tons terrosos, envolto por emaranhados que remetiam a plantas. Em cima dele, mais de uma dezena de componentes, que se questionavam sobre o simbolismo do carro.

“Ele representa primeiramente, claro, que a gente vem das nossas mães, mas também que, se a gente não cuidar do alimento que vem da nossa terra, tudo pode ir por água abaixo. A gente tem que sempre lembrar de cuidar da natureza para a nossa vida continuar”, opinou a auditora Cinthia Pereira, de 30 anos, em sua primeira vez na escola.

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“Representa muita força, irmandade, fraternidade”, tentou o biólogo André Severiano, de 37 anos, que desfilou pelo segundo ano no Arranco, representando um anjo.

“O conceito da alegoria é a árvore da vida, que alimenta não só o corpo como a alma, o espírito. Isso é muito importante”, desenvolveu o servidor público Marcelo Borges, de 54 anos, autodeclarado um veterano na escola.

O veredito, porém, só veio da carnavalesca Annik Salmon, conhecida pelo trabalho na Unidos da Tijuca e, mais recentemente, na Mangueira, hoje na Arranco.

“Esse carro representa uma árvore mãe, uma árvore sagrada, que é o umbu ou imbu. Uma planta que está em extinção e dá no sertão nordestino. Ela mata a sede de várias pessoas durante a seca e o seu fruto também alimenta. Ela é considerada uma árvore sagrada. Tem todo um ritual em torno dessa árvore. Durante a pesquisa desse enredo de mães que alimentam o sagrado, não tinha como não falar da mãe da natureza”, revelou Annik.

Annik

A artista também comentou sobre a reutilização de materiais na alegoria, cujo imponente busto provém de uma escultura da Imperatriz. O forro do carro é de tecidos oriundos da doação de mais de 5 mil figurinos por um amigo de Annik que trabalha com televisão e teatro.

“O mais importante foi a criatividade. A gente sabe que a Série Ouro não tem muito dinheiro. A Annik conseguiu, com a criatividade dela, fazer uma alegoria maravilhosa, uma alegoria que vai impactar, muito criativa. Porque forrar um carro com roupas, só ela poderia fazer um trabalho tão especial e maravilhoso como esse”, enalteceu Marcelo.

Homenagem à maternidade

Em 2025, a Arranco escolheu homenagear as mães brasileiras, numa verdadeira celebração da força feminina.

“Um enredo que fala sobre as mães traz um sentimento imenso. Eu sou filho de uma mãe solo, fui criado sozinho e isso me faz repensar muito essa questão da força da mulher”, expressou.

“A mãe é o elemento primordial na nossa vida. A escola está representando uma figura que literalmente nos dá a vida, com muita grandeza”, reconheceu Cinthia.

“Mãe é mãe, não tem jeito. O enredo é muito emocionante”, finalizou Marcelo.

Barroca Zona Sul 2025: galeria de fotos do desfile

Fotos: Bruno Motta

Colorado do Brás abre o carnaval se destacando pela qualidade técnica e ritmo baiano da bateria

A Colorado do Brás abriu nesta sexta-feira os desfiles do Grupo Especial de São Paulo no carnaval de 2025. No retorno da escola à elite, a técnica foi o principal destaque, com um canto da comunidade vibrante, evolução fluída e constante e bateria criativa animando todo o desfile, encerrado após 64 minutos. A Vermelho e Branco se apresentou com o enredo “Afoxé Filhos de Gandhy no ritmo da fé”, assinado pelo carnavalesco David Eslavick.

Comissão de Frente

Coreografada por Paula Gasparini, a comissão de frente da Colorado foi intitulada “Filhos da Paz, Herdeiros da Resistência: Do Porto à Eternidade” e se apresentou ao longo de 1 passagem do samba. Usando de um elemento cenográfico que simbolizou um templo indiano, o quesito começou a coreografia apresentando os estivadores do Porto de Salvador, que em meio ao árduo trabalho encontravam disposição para brincar o carnaval e fundaram o bloco Comendo Coentro, que posteriormente se tornou o Afoxé Filhos de Gandhy. A dança contou com a participação de atrizes caracterizadas como deusas indianas interagindo com os estivadores constantemente e no topo da alegoria esteve o ativista Mahatma Gandhi, que no ano seguinte da sua morte inspirou o bloco a passar a desfilar em sua homenagem com o nome “Filhos de Gandhy”, levando sua mensagem de paz para os cortejos. Houve também a presença de artistas vestidos como Clara Nunes, Caetano Veloso e Gilberto Gil, artistas que homenagearam e atuaram em prol do grupo, além de Exu, entidade do candomblé cujos rituais passaram a integrar os desfiles e levaram a conversão do bloco em um afoxé.

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A coreografia foi criativa e conseguiu resumir em um único ato a proposta de mostrar a fundação do Afoxé Filhos de Gandhy. A participação de Clara, Caetano e Gil foi um show à parte, saindo do tripé que mostrava o Pelourinho nas portas do templo enquanto eles estavam fora da atuação. A interação entre os estivadores e as deusas indianas foi criativa, e o momento em que as deusas reverenciam Exu enquanto recebe o padê é outro ponto alto da apresentação. A única incoerência é que a atuação dos estivadores no início do ato começa ainda com a presença dos artistas no chão, quebrando a expectativa da revelação deles ao longo da atuação.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da Colorado, formado por Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo, se apresentou representando o deus hindu Vishnu e sua esposa Lakshmi. A dança foi bem executada ao longo de todos os módulos, com os movimentos obrigatórios sendo bem-executados e contando com coreografias dentro da proposta das suas próprias fantasias, situada no “setor indiano” do desfile.

Enredo

O enredo da Colorado é uma homenagem ao Afoxé Filhos de Gandhy. Dividido em quatro setores, o desfile começou com uma grande referência ao ativista Mahatma Gandhi, que inspirou o antigo bloco Comendo Coentro a se converter no maior afoxé do mundo. As primeiras alas do desfile, o primeiro casal e o carro Abre-alas contaram com referências à Índia. Após esse primeiro momento, o desfile passa a narrar a história do nascimento do afoxé desde sua origem como um bloco de estivadores do Cais do Porto de Salvador, passando pela fundação do afoxé após a incorporação de ritos do candomblé e a menção aos artistas que apoiaram o bloco ao longo da história com iniciativas culturais e até através de músicas. O desfile se encerrou com uma representação do carnaval que o afoxé apresenta pelas ruas da capital da Bahia, destacando a ladeira do Pelourinho.

A leitura do enredo dentro da letra do samba gera algumas dúvidas. Há uma quantidade expressiva de referências à Índia no começo do desfile, mas não há uma menção direta ao ativista Mahatma Gandhi, apenas ao seu legado em um dos versos. A narrativa esteve mais clara na Avenida através da leitura das fantasias, mas as alegorias pouco contribuíram para uma interpretação adequada do tema proposto, com exceção da segunda que era uma referência clara ao Cais do Porto de Salvador, onde os estivadores que fundaram o bloco trabalhavam.

Alegorias

A Colorado se apresentou com um conjunto de quatro carros alegóricos que concluíram os diferentes setores do desfile. O Abre-alas foi nomeado de “A Índia de Gandhi”, e foi uma total referência ao ativista que inspirou o nome do afoxé. O segundo carro foi chamado “As Águas de Iemanjá”, baseado na região do Cais do Porto de Salvador, onde os estivadores que fundaram o bloco Comendo Coentro trabalhavam. A terceira alegoria recebeu o nome de “O Panteão dos Orixás desce pra ver o bloco passar”, representando o momento em que o bloco, já renomeado para Filhos de Gandhy, se converteram no maior afoxé do país. Por fim, a apresentação foi finalizada com o carro “O Carnaval dos Filhos de Gandhy” foi uma referência direta à famosa ladeira do Pelourinho, bairro de Salvador por onde o Afoxé Filhos de Gandhy se apresenta no carnaval baiano.

As alegorias que mais se destacaram no desfile foram as que representaram “As Águas de Iemanjá” e “O Panteão dos Orixás”. A primeira, com acabamento impecável, mostrou uma riqueza vital com a presença de componentes executando movimentos, uma inovação do carnaval dos anos 2000 que não tem sido muito vista em São Paulo nos últimos anos. A segunda retrata os Orixás do candomblé que são celebrados nos desfiles do Afoxé Filhos de Gandhy, e tinham detalhes de acabamento de alta qualidade. O Abre-alas, porém, além de ocupar um espaço na narrativa visual muito maior do que o necessário, apresentou problemas nos arcos com pombos atrás da escultura de Gandhi, onde a da esquerda mostrou estar com uma inclinação visivelmente maior que a da direita. O quarto carro, representando o Carnaval dos Filhos de Gandhy, destoou consideravelmente do nível estético das demais alegorias, além de apresentar alguns problemas de acabamento.

Fantasias

As fantasias da Colorado do Brás tiveram relação direta com os setores dos quais faziam parte. No primeiro setor, as roupas das alas e do primeiro casal ilustravam algumas das tradições indianas. O segundo setor conteve fantasias que representavam a época de fundação do Comendo Coentro, mostrando seus fundadores e as regiões da cidade de Salvador onde o bloco foi fundado. Na terceira parte do desfile, as roupas representaram as entidades religiosas que regem as tradições do Afoxé Filhos de Gandhy. O desfecho da apresentação foi com fantasias que exaltavam as diferentes características do carnaval de Salvador, incluindo o próprio afoxé.

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Um dos principais destaques do desfile, o conjunto de fantasias da Colorado contaram com bom acabamento e permitiam uma evolução tranquila dos componentes ao longo da Avenida. A leitura do enredo através das vestimentas era clara e de bom gosto, enriquecendo a narrativa proposta pela escola ao longo de todo o desfile, com destaque especial para o segundo setor da escola.

Harmonia

Outro ponto positivo do desfile da Colorado, o canto da comunidade se fez presente ao longo de toda a Avenida. Os componentes clamaram o samba com clareza e demonstravam espontaneidade para brincar o carnaval. As bossas aplicadas pela bateria ao longo do desfile estimulavam ainda mais a participação dos desfilantes, que contribuíram bem para o conjunto da apresentação da escola.

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Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile da Colorado é assinada por Léo do Cavaco, Thiago Meiners, Sukata, Cláudio Mattos e Rafael Tubino, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Léo do Cavaco. A letra buscou narrar a história de fundação do bloco Comendo Coentro, que posteriormente se tornou o Afoxé Filhos de Gandhy, destacando o trabalho dos estivadores, as entidades que inspiraram a conversão do bloco em afoxé e finalizando com as referências artísticas que celebraram a entidade ao longo dos anos. A obra conta com um refrão de cabeça que permitiu à bateria fazer do momento uma referência direta à musicalidade dos Filhos de Gandhy, sendo o momento alto de auge da letra.

A letra do samba permitiu uma imersão no ambiente do desfile, contando com elementos inspirados em um estilo tradicional de músicas para enredos relacionados à Bahia. O desempenho da ala musical comandada por Léo do Cavaco favoreceu o desempenho da obra na Avenida, ajudando a estimular os desfilantes a brincarem o carnaval. O único apontamento é a ausência na letra de mais referências à abertura do desfile, que foi majoritariamente em referência ao ativista Mahatma Gandhi, que inspirou o nascimento do afoxé. O restante do samba consegue, porém, consegue narrar com clareza os demais elementos da proposta do enredo da escola.

Evolução

Outro elemento de destaque no desfile da Colorado, a evolução da escola fluiu bem por toda a Avenida nos pontos em que foram observados. As alas estavam bem compactas e não foram observadas oscilações no andamento do desfile. O recuo da bateria foi bem executado e rapidamente preenchido pelo restante do cortejo.

Outros destaques

A bateria “Ritmo Responsa” esteve em grande noite. O ritmo baiano se fez presente na Avenida em vários momentos, contribuindo para a imersão do ambiente proporcionado pelo desfile. Vale destacar a fantasia da rainha Camila Prins com iluminação no costeiro e no adereço de cabeça, em forma de uma pérola.