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Componentes de ala indígena abraçam enredo da Estácio

Com o enredo “O Leão se Engerou em Encantado Amazônico”, a Estácio de Sá desfilou na madrugada de sexta para sábado, propondo o encontro do leão, símbolo da escola, com o bioma amazônico. A quinta ala da escola, “Originários: Vestes e as Cores da Natureza”, fazia parte do primeiro setor, introduzindo ao leão africano os costumes dos povos indígenas da maior floresta tropical do mundo.

“A Amazônia, quando nós vemos de cima, é um grande verde. Vemos um pouquinho de nuance de amarelo para quem é de fora, mas para quem vive nos perímetros da mata, por dentro, a Amazônia é extremamente colorida e diversa. É isso que essa fantasia vem representar. Essa ala faz parte do primeiro setor, quando o leão é ingerido para conhecer a floresta e tudo o que tem nela, seja a composição, fauna, flora ou os povos que vivem na floresta”, explicou o carnavalesco da escola, Marcus Paulo.

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A ideia foi bem recebida pelos componentes, com suas múltiplas origens e perspectivas. “Eu sou do Norte, sou paraense. A emoção é muito grande em trazer o Norte para o mundo, mostrar um pouquinho do que é. Eu sou descendente de índio tembé por parte de pai. A emoção de trazer isso no sangue para a avenida é potencializada. Estou muito emocionada e espero realmente ser o pé de coelho da Estácio”, disse a esteticista Cristiane Tucci, de 50 anos.

“A Estácio de Sá é a escola mais antiga do Carnaval do Rio de Janeiro. No meu caso, essa é a primeira vez que estou desfilando no Carnaval do Rio de Janeiro e na Estácio. A emoção é dupla”, complementou.

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O designer gaúcho Cauã Lopes, de 21 anos, destacou a representatividade do enredo: “Essas questões brasileiras da Amazônia têm que ser abordadas no nosso Carnaval. A Estácio está fazendo isso da forma certa, valorizando todo esse pedaço do nosso país que é conhecido como pulmão do mundo. Falar sobre os povos indígenas é mais do que arte, é um protesto aqui na avenida”.

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Cauã teve, nesta madrugada, sua primeira experiência na Sapucaí ao desfilar pela Estácio. O porto-alegrense veio ao Rio especialmente para isso.

A escolha da escola também agradou à cearense Natylla Mota, de 42 anos, gerente de operações. “Falar de preservação, de sustentabilidade, principalmente da Amazônia, é muito importante, muito relevante. É uma temática massa de estar defendendo e de estar desfilando na avenida. Estou muito feliz de estar nessa ala porque realmente é a nossa grande riqueza”, expressou a atual moradora de São Paulo.

Pará, Rio Grande do Sul, Ceará: independentemente do estado, o respeito e a admiração pela cosmovisão amazônica e originária são compartilhados em todo o país. Nesse sentido, a torcida pela vitória da Estácio assume proporções continentais. “O que eu espero desse desfile é a vitória, estar entre as campeãs”, declarou Natylla.

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“A minha expectativa é de que a Estácio ganhe e ingresse no Grupo Especial, porque está merecendo muito. A escola tem uma estética linda, um tema extremamente importante para o nosso século. Tenho esperança de que vamos subir”, projetou Cauã.

“A escola é muito bonita, muito responsável. Além de ser tradicional, ela tem uma perspectiva grande de crescer, de nós passarmos para o Especial. A expectativa é grande. Estamos preparados, viemos preparados para isso. E a escola está muito unida. Tenho certeza de que vamos conseguir o nosso objetivo”, finalizou Cristiane.

 

 

 

 

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Fotos: Rebeca Schumacker

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Apesar dos erros, Barroca Zona Sul tem saldo positivo no desfile

A Barroca Zona Sul foi a segunda escola a pisar no Anhembi nesta sexta-fera de carnaval. Apesr dos problema que a verde e rosa enfrentou, o presidente Everton Cebolinha conversou com o site CARNAVALESCO e declarou que foi o maior desfile da história da agremiação.

“Acho que a Barroca fez o maior Carnaval da história. Coisa maravilhosa, escola cantando muito. Teve a situação com o segundo carro, um problema. O Carnaval é na pista, sempre falo isso. Mas acho que isso aí não deve prejudicar muito. Terá algo, mas não acho que vai prejudicar”.

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Para Chris Brasil, coreógrafo da comissão de frente, a escola teve uma garra incrível apesar do ocorrido.

“Nossa comunidade veio junto conosco. É um trabalho de muito tempo, muito estudo, muita dedicação e estamos muito felizes com o resultado. Conseguimos sair no tempo, então agora é comemorar, foi lindo”, declarou Chris.

O mestre-sala Marquinhos Costa conversou em conversa com nossa equipe que alguns problemas aconteceram na dança do casal durante a avenida.

“Até o terceiro jurado conseguimos fazer a nossa dança. Fazer o que tínhamos ensaiado. No segundo jurado ficamos muito tempo parado na frente dele, não sabíamos o que
estava acontecendo. Só sei dizer que olhava para frente pensando que a escola ia andar e não andava e voltava. No último jurado a Lenita sentiu o ombro e não conseguia segurar o pavilhão e não conseguimos fazer a apresentação corretamente. Até tentei sair para o ponto cego e se Deus quiser será nossa nota de descarte. Fizemos o máximo possível para ajudar a escola.

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Já Fernando Negão, mestre de bateria, elogiou os ritmistas da ‘Tudo Nosso’ e os diretores. Afirmou que o trabalho foi bem feito e explicou a ideia de não entrar no recuo.

“Gostei bastante da nossa apresentação. Tivemos um pequeno erro mas nada que vá comprometer nosso desfile. Felizmente tivemos que agir de outro modo, com uma estratégia diferente. Optamos por não entrar no recuo para não acabar com o trabalho inteiro da escola. Se Deus quiser vai dar tudo certo. Nunca havia passado pela experiência de não entrar no recuo, hoje foi a primeira vez. Mesmo assim conseguimos manter a bateria tocando legal.

Para o carnavalesco Pedro Magoo, o trabalho foi entregue pela escola.

“Se uma escola de samba tem um problema, tem um propósito, que precisa ser corrigido na pista. É preciso resolver esse problema e terminar bem. Conseguimos corrigir na pista o problema utilizando algumas estratégias. A direção de harmonia pensou rapido e deu certo. Eu gostei bastante do desfile.

Demais diretores da escola não quiseram falar com a equipe do CARNAVALESCO.

Em Cima da Hora Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Unidos da Ponte mostra força e garra na Avenida

A Unidos da Ponte realizou um desfile baseado na emoção. Isso porque a escola foi uma das mais afetadas pelo incêndio na fábrica Maximus Confecções, em Ramos, perdendo grande parte de suas fantasias. Para entrar na Avenida com o enredo “Antropoceno”, que fala sobre a relação do homem com o planeta Terra, a agremiação contou com uma comunidade empenhada, que ajudou a reconstruir as fantasias com base no que foi recuperado da tragédia.

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“São João de Meriti tem uma comunidade muito aguerrida, que foi para dentro da quadra e para os espaços de ateliês e ajudaram com força braçal para fazer com que a escola hoje viesse digna. Com a força deles conseguimos vestir todos os componentes para passar aqui na avenida. Estamos olhando aqui e vendo a comunidade feliz e digna, vestida, completinha, com malha. Isso é legal, porque eles não imaginavam isso”, comenta o carnavalesco Guilherme Diniz, um dos responsáveis por desenvolver o enredo da escola.

“Todo mundo foi dando um pouquinho de si para reconstruir tudo. Uma baiana ajudava com uma costura, a outra a colar os adereços, e acredito que foi assim em todas as alas. Foi a organização e a união que fizeram a força”, relata a baiana Silvinha Ramos, de 52 anos, moradora de Petrópolis, que, apesar de não ser conterrânea, tem um carinho especial pela Ponte, escola que já desfila há anos.

Um dos temas abordados no enredo da Azul e Branca é a relação do capitalismo com a destruição do meio ambiente. Para fazer essa comparação, a bateria veio representando os trabalhadores da extração de petróleo, que é uma das principais fontes da exploração desenfreada de recursos naturais no mundo atual.

“Eu acho que dá para interligar muito a temática da nossa ala com a questão do incêndio, que aconteceu em decorrência de uma negligência. As duas situações são negligências do governo, do Estado, tanto para o carnaval, quanto para o país em si, porque o desmatamento e a exploração fazem mal para a sociedade. É um problema cultural e geológico” explica a chocalheira Linda Inês Garcia, de 26 anos.

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A auxiliar administrativo Bárbara Arthur Moura, que desfilou pela primeira vez pela Ponte, falou sobre o sentimento de passar pela Avenida sem competir, neste carnaval.

“A situação é muito delicada, pois foi um ano inteiro dedicado a estre projeto. Todo mundo se esforçou, para chegar 15 dias antes e perder todo o trabalho feito, que combinariam tanto com os carros que estão tão bonitos. É bem triste, não só para a ponte, mas para a Bangu e para a Império Serrano também. Mas, ao mesmo tempo, é bonito, porque mesmo com a escola vindo sem competir, os componentes estão querendo desfilar com garra. Eu, pelo menos, estou vindo bem animada. É triste saber que mesmo vindo magnífica, a escola não vai ganhar ponto, mas estamos aqui, resistindo nesse momento difícil”, diz com orgulho Bárbara de 26 anos, moradora de Magalhães Bastos que desfilou na ala 14.

O compositor Théo de Meriti acredita que a adversidade sofrida pela agremiação, dias antes do desfile oficial, serviu para unir ainda mais a agremiação.

“Nós viemos para conquistar o campeonato, mesmo sem estarmos na corrida por ele esse ano. Podem ter certeza que ano que vem a gente vem muito mais forte”, garante o compositor do samba-enredo, Théo de Meriti, que acredita que a adversidade serviu para fortalecer a escola.

Comissão energética e ‘casal foguinho’ dão o tom do desfile dos Acadêmicos do Tatuapé

Os Acadêmicos do Tatuapé desfilaram nesta sexta-feira pelo Grupo Especial de São Paulo no carnaval de 2025. A expressiva comissão de frente junto da brilhante atuação do “casal foguinho” formado por Diego e Jussara abrilhantaram o profundo enredo apresentado pela agremiação, que encerrou seu desfile após 62 minutos. A Azul e Branco da Zona Leste foi a quinta escola se apresentar com o enredo “Justiça – A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”, assinado pelo carnavalesco Wagner Santos.

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Comissão de Frente

Coreografada por Leonardo Helmer, a comissão de frente do Tatuapé foi intitulada “Deus do Caos e seus filhos – A dor inclemente” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba. Fazendo uso de um grande elemento alegórico com uma escultura que lembrou uma espécie de demônio, o quesito encenou o começo da existência de acordo com a mitologia grega. O deus Caos envia seus filhos à Terra para causar desordem e espalhar o medo e a morte. Liderados pelo filho mais velho, Nix, as trevas propagadas entre os mortais levaram ao rancor que levou ao surgimento da expressão “Olho por olho, dente por dente”, uma definição do desejo de vingança causado em meio à escuridão e a confusão.

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O quesito abre a narrativa do enredo centrado em si, servindo como fio condutor para o que os elementos posteriores do desfile sigam contando a história proposta. O primeiro ato da coreografia é todo executado no chão. Os atores estavam com roupas negras e maquiagens bem-feitas, e a coreografia é rica em expressividade, representando bem o conceito de caos da proposta da comissão. O segundo ato é todo em cima da alegoria, mais lento, mas sem perder a chamativa expressão nos rostos dos componentes, sendo essa uma forma atrativa de abrir o desfile da escola. A única observação fica para as duas labaredas na base da alegoria, na qual o efeito de fogo só foi observado em um dos lados enquanto o outro só soltava fumaça.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal do Tatuapé, formado por Diego Silva e Jussara Souza, se apresentou representando a “Justiça no Egito Antigo – Deusa Maat e o Faraó”. Em mais uma brilhante atuação do “casal foguinho”, a dupla não apenas cumpriu com maestria todas as obrigações do quesito como enriqueceu a coreografia com uma atuação dentro da temática das suas fantasias. A elegância e energia da dança de Diego e Jussara segue vívida e justifica a fama do casal que há muitos anos consegue trazer a esperada nota do quesito para a escola.

Enredo

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O enredo do Tatuapé utiliza de elementos mitológicos, religiosos e históricos para narrar evolução dos conceitos de justiça pela humanidade. Desde os primeiros registros reconhecidos no mundo de um tipo de legislação até passar por momentos marcantes da história em que a justiça se moldou, muitas vezes se manifestando de forma oposta ao que deveria ser. A escola mostra vários exemplos de injustiças cometidas desde os tempos antigos na segunda parte do desfile, mostrando a partir do terceiro setor as lutas travadas em busca de um mundo mais justo para todos. A temática ficou clara dentro do conjunto de alegorias e fantasias, permitindo a condução da narrativa de acordo com a proposta sem dar chances para interpretações dúbias.

Alegorias

O Tatuapé apresentou um conjunto de quatro carros alegóricos com diferentes momentos representações dentro da narrativa do enredo. O Abre-alas foi chamado de “Justiça greco-romana”, representando aqueles que são vistos até hoje como os pilares das legislações que existem nos tempos atuais. O segundo carro representou a “Justiça de Xangô e a intolerância em nome de Deus”, exaltando o Orixá da justiça, mas representando também os crimes cometidos na humanidade sob pretexto de uma suposta “justiça divina” estimulada por religiões. O terceiro carro, a “(In)Justiça Social” foi uma alegoria dividida em duas metades, sendo a primeira escura, repleta de lixo das mazelas sociais e a outra dourada, com o luxo e a riqueza das elites, e tendo uma representação marcante da escultura “A Justiça”, que fica em frente ao prédio do STF, só que carregando o corpo de uma criança ao invés da espada contida na original. A última alegoria, chamada “Protegidos por Arcanjo Miguel, Luther King e Mandela são a inspiração para um mundo melhor” trouxe aqueles que ao longo da história se tornaram símbolos da luta política por justiça e liberdade.

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As alegorias do Tatuapé conseguiram cumprir seu papel dentro da proposta do enredo explorando várias nuances da narrativa em cada um dos carros. Na parte de trás da última alegoria, um grande pergaminho com um manifesto de orgulho e resistência foi apresentado pela escola, encerrando o desfile de maneira marcante.

Fantasias

As fantasias do Tatuapé foram bem condizentes com os diferentes momentos da narrativa do enredo. As fantasias antes do Abre-alas representaram o surgimento do conceito de justiça e a primeira legislação reconhecida arqueologicamente. O segundo setor da escola contou com roupas que representaram religiões e o período medieval, onde a “Lei de Deus”, regida pelo homem, era usada como argumento para causar as mais diversas atrocidades. Do terceiro ao quarto setor, as fantasias passam a retratar a luta por uma sociedade democrática e os mecanismos desenvolvidos para tal, destacando na parte final do desfile a luta de diferentes minorias por justiça.

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O conjunto de fantasias cumpriu com maestria a proposta de narrar um enredo tão denso como o escolhido pelo Tatuapé. A ala das baianas, simbolizando os Dez Mandamentos da Bíblia, simbolizou a abertura do Mar Vermelho de forma criativa com peregrinos ao centro e Moisés liderando a travessia. Em cima de um pequeno tripé. A ala dos “Guerreiros da Diversidade” também chamou atenção com um conjunto de fantasias dividido em fileiras que variavam dentro das cores do arco-íris.

Harmonia

A comunidade do Tatuapé é conhecida por ter um canto forte e presente, e novamente essa característica se fez presente no desfile. Com destaque para as alas dos setores mais ao fim do desfile, o coral da escola se destacou especialmente nos momentos dos apagões que a bateria praticou na parte final da letra do samba. Cabe a observação, porém, que alguns componentes aparentaram dificuldades para cantar por conta do volume das fantasias que usavam.

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile do Tatuapé é assinada por Turko, Zé Paulo Sierra, Silas Augusto, Rafa do Cavaco, Fabio Souza e Luiz Jorge, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Celsinho Mody. A letra tem uma construção complexa, mas conseguiu narrar em versos a proposta do enredo na sua totalidade. É intrigante, mas os momentos mais fortes da obra não estão em seus refrões, por mais que eles tenham permitido que a bateria trabalhasse bossas criativas. A riqueza poética da primeira e da segunda do samba, quando combinadas com a representação visual, fazem da música a trilha ideal para conduzir o desfile da escola como importante manifestação das demandas do desfile.

A narrativa do enredo esteve de acordo com a leitura da letra do samba conforme o desfile passou pela Avenida. A primeira parte da apresentação estava mais solta no entorno da obra, mas a segunda foi notada de forma bem linear. A obra contém momentos que permitiram variações de bossas e até mesmo um apagão fora do habitual, na parte final da segunda obra a partir do verso “Tatuapé, poder do povo preto está presente em nós”. A atuação da ala musical comandada por Celsinho Mody foi um espetáculo à parte, mostrando que em seu décimo desfile pela escola o intérprete segue em excelente forma.

Evolução

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A escola conseguiu fechar seu desfile dentro do tempo regulamentar sem precisar acelerar o andamento, mas ao longo da Avenida algumas irregularidades foram notadas na compactação entre as alas da Revolução Francesa e da Constituição, e entre o terceiro carro e a ala logo à frente. Durante o recuo da bateria, a ala das baianas que veio logo à frente demonstrou dificuldade de manter sua organização, com algumas desfilantes abrindo espaços entre elas.

Outros destaques

A bateria “Qualidade Especial” comandada pelo mestre Léo Cupim fez uma grande apresentação ao aplicar bossas criativas por diferentes partes do samba, em especial no início da primeira parte da letra, no refrão do meio e no decorrer da segunda metade da obra. O apagão na parte final foi o grande destaque, contribuindo para elevar o astral dos desfilantes na Avenida.

A corte da bateria foi um espetáculo à parte. A rainha Muriel Quixaba, com uma fantasia dotada de asas, a balança da justiça e até uma máscara iluminada, levantou o público junto do rei Daniel Manzioni. A musa da ala musical, Simone Oliveira, chegou a dançar junto com o intérprete Celsinho Mody durante a Avenida, sendo também um destaque que também animou as arquibancadas.

Mancha Verde 2025: galeria de fotos do desfile

Fotos: Rebeca Schumacker

Com visual deslumbrante, União de Maricá faz desfile grandioso e deixa sua marca na Série Ouro

A União de Maricá foi a sexta escola a desfilar no primeiro dia da Série Ouro. Como diz a letra do samba, “Maricá chegou pra vencer”, e, pelo que apresentou na avenida, as chances dessa profecia se concretizar são grandes. A novata correspondeu às expectativas com um desfile que ressaltou todo o apuro estético do carnavalesco Leandro Vieira, entregando um espetáculo visual imediato, tanto em alegorias quanto em fantasias. Além do impacto estético, a escola se destacou pela narrativa bem construída do enredo, que foi contada de forma clara e envolvente ao longo do desfile.

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A agremiação levou para a avenida o enredo “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete”, que abordou a figura de Seu Sete, um Exu da umbanda carioca, em um desenvolvimento primoroso de Leandro Vieira. Outro ponto alto foi a comissão de frente, assinada por Patrick Carvalho, que impressionou com um conceito cênico impactante e uma execução de alto nível. A União de Maricá encerrou sua apresentação dentro do tempo regulamentar, com 54 minutos de desfile, consolidando-se como uma forte candidata ao título.

Comissão de Frente

O coreógrafo Patrick Carvalho foi o responsável pela comissão de frente. Em uma dupla jornada no Carnaval deste ano, também assinando o trabalho da Imperatriz Leopoldinense, ele entregou mais uma coreografia de excelência. A comissão, composta exclusivamente por homens, celebrou os dois personagens principais do enredo: Seu Sete da Lira e Mãe Cacilda. Para isso, utilizou um truque cênico semelhante a fantoches, em que os bailarinos representavam Seu Sete da Lira enquanto seguravam bonecas fielmente inspiradas na imagem de Mãe Cacilda. A coreografia foi intensa e marcada por constante interação com o público. No grandioso desfecho da apresentação, alguns componentes subiam no tripé que exibia uma grande escultura de Mãe Cacilda, enquanto velas vermelhas surgiam, reforçando o impacto visual do número.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Fabrício Pires e Giovanna Justo representaram Exu Sete Encruzilhadas e a Pombagira Audara Maria. Ele trajou capa e cartola com contorno carnavalesco, remetendo à indumentária característica da entidade que incorporou. Já a fantasia dela foi adornada com rosas vermelhas. Ambos vestiram vermelho e preto, e a beleza das roupas impressionou. A dança foi clássica e leve, mas, em alguns momentos, a coreografia se destacou, como no trecho do samba que dizia “o homem baixou pra te ver”, em que Fabrício simulava uma incorporação. Foram apresentações limpas, marcadas por sintonia e beleza.

Enredo

O carnavalesco Leandro Vieira mergulhou no universo da umbanda para celebrar duas personalidades que, pela relação construída, embora fossem dois, tornaram-se apenas um. Primeiro, Cacilda de Assis, a mais famosa mãe-de-santo brasileira entre os anos sessenta e oitenta. Junto dela, a figura de Seu Sete Lira.

Para contar essa história, o carnavalesco optou dividir o desfile em três setores, sendo eles: “Pode chegar no terreiro”, o desfile foi inaugurado com a proteção dos guardiões da porteira. Na sequência, o setor “Cavalo de muitos guias e cavalo de Seu Sete da Lira” apresentou os principais guias espirituais de Cacilda de Assis. Para finalizar, no setor “Na folia, recordar é viver” o desfile se encerrou de forma festiva abordando a íntima relação de Seu Sete, Rei da Lira, com a folia.

Leandro Vieira é craque em suas narrativas e não foi diferente dessa vez, o enredo, apesar de pouco conhecido do grande público, passou de forma clara pela avenida, com signos bem definidos e elementos que contribuíram para a fácil assimilação e leitura.

Alegorias e Adereços

O carnavalesco Leandro Vieira imprimiu sua identidade nas alegorias da Maricá, evidenciando sua assinatura em cada um dos três carros apresentados. O uso marcante das cores, o acabamento primoroso e a leitura imediata foram destaques. Em vez de apostar em alegorias gigantescas, o artista priorizou um cuidado minucioso nos detalhes.

O abre-alas, A Tronqueira, predominantemente vermelho, impressionou pelo esmero nas esculturas representando os povos de rua, além de uma iluminação bem trabalhada. Na mesma linha, o segundo carro, No Palco do Chacrinha, também se destacou pelo uso criativo da luz, trazendo uma concepção distinta do primeiro. Já a última alegoria, A Coroa do Rei, apostou em soluções simples, mas de extremo bom gosto, encerrando o desfile com chave de ouro.

Fantasias

Assim como nas alegorias, Leandro Vieira também derramou todo o seu talento no conjunto de fantasias da União de Maricá, proporcionando um espetáculo de cores, volumes e materiais de extremo bom gosto. A assinatura visual do carnavalesco esteve evidente em cada figurino, com composições sofisticadas e uma paleta cromática vibrante, reforçando a identidade do enredo.

O cuidado milimétrico nos acabamentos chamou atenção, com fantasias ricas em texturas e elementos cenográficos bem trabalhados. Muitas alas desfilaram com adereços de mão que complementavam a narrativa, ampliando o impacto estético. Entre elas, a ala 6, “Dor sem Remédio”, a ala 13, “Chacrinha”, e a ala 14, “Rei e Folião da Canjira”, que também se destacou pela maquiagem impecável, contribuindo para o requinte visual do desfile.

O primor no desenvolvimento das fantasias garantiu uma identidade coesa ao conjunto, equilibrando imponência e leveza na medida certa.

Harmonia

O trio de intérpretes Nino do Milênio, Matheus Gaúcho e Bico Doce foi responsável por conduzir o samba da Maricá e desempenhou bem a função. O ritmo começou acelerado, mas se ajustou ao longo do desfile. A comunidade, mesmo sendo de uma escola novata, mostrou um canto satisfatório, embora inconstante em alguns momentos, com alas que faziam pausas longas antes de retomar o samba. No entanto, de maneira geral, a harmonia musical transcorreu sem grandes problemas e contribuiu para impulsionar o grande desfile da agremiação.

Samba-Enredo

A obra de Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, João Vidal, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Hélio Porto e André do Posto 7 teve uma passagem positiva pela avenida. Embora não tenha causado uma grande explosão na arquibancada, o samba foi bem executado e contribuiu para a fluidez do desfile. Alguns versos se destacaram ao longo da apresentação, como “No palco do Chacrinha tem fumaça”, que dialogou bem com o visual do carro alegórico correspondente, reforçando a conexão entre o enredo e o samba. O refrão principal também teve momentos de impacto, especialmente em sua parte mais envolvente, onde o canto da comunidade ganhou força.

Evolução

Apesar de manter a coesão durante boa parte do desfile, a evolução foi o quesito mais inconstante da escola. Tendo seu início extremamente acelerado. Na primeira cabine de jurados, após a apresentação da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, a escola arrancou com força, mas a ala que vinha atrás não conseguiu acompanhar, gerando um grande espaçamento. O problema, no entanto, foi corrigido nas cabines seguintes. Ao longo do desfile, a evolução transcorreu de maneira correta, com leveza, fluidez e sem atropelos, culminando em um encerramento tranquilo.

Outros Destaques

O desfile também foi marcado por momentos especiais, dentre eles a grande queima de fogos realizada pela escola no início. O prefeito de Maricá Washington Quaquá marcou presença e desfilou à frente da escola. A comunicação com o público também foi uma constante da apresentação e ao final, alguns gritos de “é campeã” foram entoados.