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Superliga oficializa parceria com a TV Alerj que transmitirá os desfiles da Intendente

A Superliga, que administra os desfiles das séries Prata e Bronze, na Intendente Magalhães, concretizou a parceria da transmissão do Carnaval 2022 com a TV Alerj, na quadra do Acadêmicos da Rocinha.

Assinatura termo Alerj 1

“Demos um grande passo para o nosso carnaval. A parceria com os principais órgãos para os nossos desfiles deram um gás a mais nas agremiações. O trabalho dessas escolas estarão visíveis nacionalmente em tempo real com a transmissão. Isso deixará o espetáculo ainda mais competitivo e quem ganhará é o público que verão grandes desfiles”, revelou o presidente Clayton.

O evento reuniu os principais representantes como André Ceciliano, Presidente da Alerj, Luciano Silva, Diretor da Tv Alerj, o Vice-prefeito do Rio de Janeiro Nilton Caldeira, o Chefe de Gabinete do Presidente da Alerj Rui Aguiar, o Deputado Estadual Chiquinho da Mangueira e o Presidente da Liga RJ Wallace Palhares. Todos foram recebidos pelo Presidente da Superliga Clayton Ferreira e sua diretoria.

Os desfiles das escolas de samba da Superliga serão realizados nos dias 27 de fevereiro com o Grupo Bonze, dia 28 de fevereiro, o primeiro dia da Série Prata, 1° de março, segundo dia da Série Prata e dia 5 de março o grupo de avaliação.

Cheia de representatividade e abençoada pelo dia 20 de novembro, atriz Erika Januza é coroada rainha de bateria na Viradouro

Um verdadeiro show, “Virashow”, na verdade. E, não poderia ser diferente, no Dia da Consciência Negra, a coroação de uma rainha como Erika Januza, atriz, negra, e apaixonada por carnaval, segundo a própria artista. A escola de Niterói, ainda atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, está acostumada a fazer sempre um grande espetáculo, mesmo quando ainda não é na Sapucaí. É quase um recado dos componentes para o mundo do carnaval de como a escola está sempre preparada para tudo. Foi para Erika Januza, a garotinha que virava noites sambando na sala de casa, assistindo pela TV os desfiles da Sapucaí, como fez questão de lembrar em seu discurso. Erika agora é rainha de bateria da “Furacão Vermelho e Branco”, comandada, nada menos, que por mestre Ciça.

Como atriz, Erika teve destaque em vários papéis em séries e novelas como em “Amor de Mãe”, obra que foi transmitida no horário nobre da Globo, e, atualmente participa do elenco de “Verdades Secretas 2”, também do grupo Globo. Na emissora, em 2017, Erika também teve um papel bastante representativo para a causa racial. Em “o outro lado do paraíso”, a atriz era Raquel, quilombola e filha da grande mãe do quilombo que era representada por Zezé Mota. Na obra, Raquel era empregada e namorou o filho da patroa. A grande mãe do quilombo pagou os estudos e Raquel voltava anos depois como juíza da cidade, tomando o lugar que era do próprio patrão e agora pai do ex-namorado

Após a feijoada que contou com shows de Jorge Aragão, Projeto Nosso Samba e DJ Natinho Negrada, coube ao Cordão da Bola Preta entoar marchinhas de carnaval enquanto a futura rainha desfilava pela quadra ao lado de Mestre Ciça em elegante automóvel do início do século passado, sendo aclamada pelo público.

Esse momento de êxtase foi só o sprint inicial para o espetáculo que viria a seguir com muito samba e um pouco da história do enredo através do gingado da ala de passistas da comunidade e do intérprete Zé Paulo Sierra. O Rio dos anos 1920 foi o plano de fundo para também relembrar alguns sambas mais antigos da agremiação, como o vitorioso de 1997. Nele, Erika, finalmente, revelou sua maravilhosa roupa vermelha para a coroação realizada pelo presidente da diretoria executiva Marcelinho Calil, e pelo presidente de honra Marcelo Calil Petrus.

Emocionada após a festa, Erika contou ao site CARNAVALESCO que recebeu essa coroação como um presente não só para ela, como também para toda a comunidade negra.

“Foi um dia inesquecível pra mim, ser coroada no dia da consciência negra foi uma escolha do presidente. Pra mim, foi, assim, mais um presente porque, foi um presente pra mim, e acho que pra comunidade negra, no sentido de representar a toda realeza negra nossa que ficou tudo tão perdido historicamente. Eu considero esse um momento de representar todas as mulheres negras que são rainhas. Então, pra mim, esse presente do presidente é pra mim e para muita gente. Estou muito grata, muito grata e feliz, torcendo para que tenhamos um carnaval seguro, se Deus quiser”, contou emocionada.

Erika recebeu a faixa e flores das duas primeiras-damas da escola. As esposas de Marcelo e Marcelinho Calil. Antes da cerimônia propriamente, em discurso, Marcelinho fez questão de destacar o comprometimento de Erika com escola, ao participar de quase todos os eventos da Viradouro, inclusive, do primeiro ensaio de rua realizado na Avenida Amaral Peixoto no último dia 14, e, principalmente de todos os ensaios para o evento de sábado, mesmo com a agenda apertada por conta de gravações e outros compromissos. Em entrevista à reportagem do site CARNAVALESCO, o presidente Marcelinho Calil repetiu o elogio, ao mesmo tempo que explicou os critérios de para ter escolhido a atriz para o cargo.

“Primeiro, em toda escolha a gente traça o perfil que a gente espera de uma rainha. A Viradouro tem uma maneira de ser em que a única estrela aqui é a própria escola. Então, qualquer profissional, no caso dela, não que ela seja uma profissional do carnaval, alguém que receba como o Ciça, ou como o Zé (Paulo Sierra), alguém que de fato contribua para quesito. Mas ela, de fato, é alguém muito importante neste contexto , ocupando este cargo de rainha. Então, desde o primeiro momento, a primeira conversa com a Erika, foi muito clara essa afinidade com o ideal da escola, com a maneira da escola enxergar. É uma pessoa humilde demais e eu falo isso, não é pelo evento de hoje, eu falo isso pela hora que a TV não está aqui, que os sites não estão aqui, pelo dia-a-dia aqui na quadra. Ela realmente está feliz, ela realmente se doa ao máximo”, explicou Marcelinho.

O presidente ressaltou que a escolha por Erika, uma mulher negra, pode servir, mesmo que minimamente, para a reparação de algumas injustiças históricas.

“Acho que em um dia desses, Dia da Consciência Negra, você coroar uma rainha como a Erika, eu falei ali no palco, um país como o nosso que tem tantas dívidas históricas a pagar, não que isso seja o suficiente, obviamente que não, é um grão de areia no deserto. Mas, coroar a Erika no dia da consciência negra, dessa maneira, com tanto carinho que a gente fez, nos dá muito orgulho, e, é realmente uma grande honra”.

Com a pressão de ocupar um cargo que já teve grandes rainhas que já são também grandes nomes do carnaval, como Luma de Oliveira e Juliana Paes, Erika sabe do peso que carrega, mas espera começar a escrever em páginas belíssimas a sua própria história na escola.

“É uma responsabilidade muito grande né. Me deram o cargo em um nível muito alto, mas eu espero corresponder com todas que passaram por aqui e deixar também a minha marca lindamente. Vou fazer o possível para honrar esse presente dos ‘Marcelos’ na minha vida”, promete Érika.

Logo após ser coroada, Erika fez questão de cumprimentar um a um, todos os integrantes da bateria. O entrosamento com a “Furacão Vermelho e Branco” parece bem encaminhado, e com mestre Ciça, a artista conta que já tem falado sobre possíveis surpresas para o desfile. “Já conversei há muito tempo. Eu falei com ele, Ciça, estou à sua disposição, me joga pra cima, vamos criar”.

Esse é o mesmo pensamento de mestre Ciça, que fez questão também de destacar a representatividade que a coroação de Erika traz para a escola.

“A gente está sempre pensando em alguma coisa para ela participar, interagir com a bateria. Eu acho que haverá um grande momento pra ela na Avenida esse ano. E, eu estou muito feliz e a bateria está feliz. A escola está feliz com ela, pela dedicação dela, é uma pessoa muito humilde, muito bacana. E ela quer participar, e isso é importante. Essa coroação tem tudo a ver com o dia da consciência negra e a escola, assim, à vontade, colocar uma negra representa, representa muito. Você vê a casa lotada neste grande momento da escola, pela coroação da nossa rainha, e eu tenho certeza que ela vai representar muito bem, não só a escola, a bateria, mas todos os segmentos da escola. Espero que ela corresponda, isso eu tenho certeza e hoje é o grande momento dela”, acredita o mestre.

Com a rainha escolhida e devidamente coroada, Ciça segue com os olhares voltados para o desfile de 2022. O comandante da “Furacão Vermelho e Branco” também aproveitou para comentar sobre o samba já ter encaixado tão rapidamente com a bateria.

“Quem vem aqui, ou vai no ensaio de rua, percebe isso nitidamente, que o samba está perfeito na bateria. Agora nós temos que manter isso, a gente melhorar cada vez mais, e eu posso falar para vocês que eu já tenho 90 por cento de tudo resolvido. Dez por cento é só detalhe. E o samba caiu como uma luva, com a bateria, com o que a gente vai propor. Havia uma preocupação de algumas pessoas, mas, é aquilo, a gente trabalha sério, a agente que ver o melhor. Senta com o Zé Paulo, senta com todo mundo para ver o que é melhor. E vai ser um sucesso, promete Ciça”.

Defendendo a conquista de 2020 e com mais sede para iniciar uma hegemonia no carnaval carioca, a Viradouro é a quinta a desfilar no domingo de carnaval com o enredo “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”.

Com nova quadra, Império de Casa Verde projeta um novo momento no carnaval

O site CARNAVALESCO acompanhou a inauguração da quadra do Império de Casa Verde, na semana passada, e ouviu representantes da escola sobre o desfile de 2022. O carnavalesco Mauro Quintaes falou inicialmente da sua recuperação da Covid-19 e da volta dos eventos de samba.

“Não basta passar pela pandemia, infelizmente, eu vivencei e senti na pele. Tudo na vida trago algo de positivo e pude sentir o carinho das pessoas. Essa energia fez com que eu me recuperasse. Foi muito sério e agora estou aqui correndo atrás do campeonato. É importantíssimo retomar a cultura carnaval e dentro dos parâmetros que foram impostos. Estamos inaugurando uma quadra nova, espaço novo e de cultura”.

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Fotos: Gustavo Lima

O artista explicou como será o enredo “O Poder da Comunicação – Império, o Mensageiro das Emoções”. “Com meu parceiro de trabalho, Leandro Barboza, estamos trabalhando para trazer o Império para um quarto campeonato. Nosso enredo fala da comunicação, desde os tambores, passa por toda história da humanidade e depois com a internet com o Carlinhos Maia, sendo o representante dessa mídia”.

Diretor de carnaval do Império, Rogério Tiguês, afirmou que a nova quadra era um objetivo da agremiação e citou como está a preparação para o desfile de 2022.

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“É um sonho antigo sendo realizado. É um espaço nosso. Tem um tamanho maior. Pelo formato (retangular), ela é melhor para ensaiar. Além disso, o barracão está do nosso lado. Ficou um complexo com o barracão e quadra. Como o regulamento mudou, a gente está projeando 1750 componentes no chão e por volta de 400 nos carros. Já começamos os ensaios de quinta e aos sábados. Foi um período traumático a pandemia pela questão mental e pela Covid-19. É fantástico ver o público presente e a gente poder fazer as coisas acontecerem novamente”.

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Diretor de harmonia do Império de Casa Verde, Serginho, exaltou a nova quadra. “É um novo processo do Império. Muito gratificante fazer parte disso e saber que pude contribuir de alguma forma. É um novo momento para escola. Temos um acesso melhor e também é mais confortável. De fato, a gente agora tem a nossa casa. Vai mudar o componente no ensaio, porque a estrutura nos permite mais. Um dos nossos pontos fortes sempre foi o canto. Queremos cantar ainda mais”.

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Comandante da bateria Barcelona do Samba, mestre Zoinho também falou da nova quadra e do trabalho para 2022. “Uma satisfação enorme essa quadra. Vou completar 18 anos na escola e estou muito feliz por ter um novo espaço. É uma realização da comunidade. A escola está feliz e o samba que ganha com isso. Estamos trabalhando com o samba, já temos esboço das bossas, o enredo é muito bom e estamos animados”.

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O casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império de Casa Verde, Rodrigo Antonio e Jéssica Gioz, citou a emoção de voltar ao samba. “É uma emoção muito grande voltar e nos encontrarmos novamente. Estamos retomando com força total. Já começamos nossos ensaios, ainda duas vezes por semana, e vamos aumentando. Ainda não podemos falar de fantasia, é um segredo guardado a sete chaves”, disse o mestre-sala.

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“Essa quadra é um sonho de todo imperiano e que foi realizado. Estamos muito felizes de abrirmos nossas portas para os sambistas. Toda escola está sentindo esse momento especial. A gente está retomando o trabalho, mas não estamos sentindo, porque temos um trabalho físico. Foram quase dois anos sem eventos de carnaval, mas corremos atrás com muito trabalho”, finalizou a porta-bandeira.

Leandro Vieira: ‘Meu carnaval inesquecível é o de 2019, sem a menor sombra de dúvida, ele quebrou a banca’

Nos últimos cincos carnavais do Grupo Especial do Rio de Janeiro, o carnavalesco Leandro Vieira conquistou dois títulos e ainda faturou um outro no Grupo de Acesso. Abaixo, você pode ler a primeira parte da entrevista com o artista. Ela foi publicada neste sábado no jornal O Dia.

Quando você desenvolve um enredo como funciona esse processo?

“O enredo precisa estabelecer um diálogo prévio com a escola que represento. Não consigo pensar que não dialogue com a comunidade. Esse pensamento é muito particular. A maneira como penso esse diálogo, nem sempre a maioria acha que é possível. Muitas vezes as pessoas dizem que as coisas não tem nem relação com a Mangueira e pra mim faz muito sentido”.

Quando falam que você faz enredo para lacrar e fazer política como isso toca em você?

“Não toca. Isso é um equívoco de quem pensa assim. Não existe carnaval que não seja político. Toda escolha é política. Viver é político. Partido é outra discussão. Meus enredos nunca foram de partidos. Política é um pensamento. Você pode ser político, sem ser partidário. Meus enredos, emboram as pessoas fiquem tecendo pensamento sobre o que faço, refletem um pensamento. Partidário, jamais. Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro nos últimos anos têm sido políticos em todos os sentidos”.

Você sempre falou que quer ser um carnavalesco para fazer história na Mangueira e ficar um bom tempo. Já fez? Tem 100% de liberdade para trabalhar?

“Tenho 110% de liberdade. Isso me motiva a estar aqui. Vou para o sexto carnaval na Mangueira. Sempre tive total autonomia. Quem me oferecer 100% de liberdade, ainda vai estar devendo para Mangueira que me dá 110%. Ainda estou fazendo minha história. Trilhando o caminho que acho que é bom pra mim. Meu maior carnaval sempre será o próximo. Meu carnaval inesquecível é o de 2019, sem a menor sombra de dúvida, ele quebrou a banca, literalmente, em todos os sentidos que isso pode significar”.

Dizem que a Mangueira apelou para o nome da Marielle Franco no desfile de 2019 e que depois do samba campeão ela foi encaixada no enredo. Como isso aconteceu?

“Não foi encaixada. O compositor é um artista, como também sou artista, tenho entendimento que artista gosta de liberdade. O bom compositor é aquela que interpreta a sinopse sem fugir do pensamento central. É muito fácil entender que o enredo da Mangueira falava de lideranças apagadas. E a Marielle se aproxima da história da Carolina de Jesus e de outros tantos, pretos, favelados e que alcançaram notoriedade. Quem diz que a Marielle não fazia parte do enredo da Mangueira está sendo muito literal e meu trabalho não é literal”.

Como você analisa a arte no país e no carnaval?

“Os artistas estão produzindo obras que são o reflexo do tempo. A arte vai bem, porque existe uma série de pessoas aparecendo e traçando gritos e desejos do tempo em que a gente vive. Olhando para o carnaval, a produção intelectualmente e artística vai muito bem. Tem uma série de novos artistas que estão a pleno vapor. Acho que o carnaval não vinha há tempo tão bem como agora”.

Você construiu uma bandeira do Brasil em verde e rosa no desfile de 2019 e ela foi parar em exposição. Não gosta da oficial?

“Gosto da bandeira do Brasil. A bandeira que eu realizei ela pensa a bandeira do Brasil e os valores patrióticos. Ela em verde e rosa é uma bandeira possível nesse tempo que vivemos. Fico feliz que seja uma obra do carnaval que tenha alcançado outros lugares. Tenho uma crítica pessoal que o carnaval segue se defendendo como uma festa. Acho muito triste ver gente do carnaval falando apenas como festa, sem desdobrar todas possibilidades e demandas. O país, a sociedade, tem muita dificuldade de entender o carnaval como patrimônio artístico e cultural. Por uma série de questões, que passam pelo preconceito social e racial. Trabalho para fazer jus ao carnaval que o Brasil tem. É uma atividade que pode muito mais coisas do que ser apenas uma festa”.

Como estará o desfile das escolas de samba daqui 10 anos?

“Tenho um pensamento otimista, porque há dez anos não conseguia prever que o desfile estaria tão bom quanto está hoje. Vivemos um momento muito melhor”.

Como você passou o maior período da pandemia?

“Fiquei quietinho, esperando as coisas melhorarem. Tomei vacina, acredito na ciência e sou um defensor com fé na vida. Foi difícil para todo mundo. O universo das escolas de samba é marcado pela informalidade das questões trabalhistas. Quem trabalha no carnaval e ganhou alguma coisa ou teve assistência foi um sortudo. Foram pouquíssimos.

Como é fazer dois desfiles no mesmo ano e conviver com o favoritismo?

“Maravilhoso. Como um artista que gosta de fazer carnaval diz não para Imperatriz e Império Serrano. Estou cheio de saúde, gás, quero fazer e aceitei. A construção do desfile da Imperatriz foi certamente uma das mais felizes e realizadoras que tive. Foi um ano feliz demais. O Império também está sendo feliz por outros caminhos. Fazer o Império é mais tortuoso do que a Imperatriz, porque é mais complexa e financeiramente mais prejudicada. Não conheço favoritimo antes do desfile. Já experimentei e parei em colocações que não condizem com o carnaval. Só conheço depois do desfile”.

Concorda quando falam que você é o principal carnavalesco do Grupo Especial?

“Os principais carnavalescos do Grupo Especial são Rosa Magalhães e Renato Lage. Disparadamente, eles são os melhores. Isso de ser o principal não passa pela minha cabeça. Minha rotina de trabalho é tão grande e sobra pouco tempo para essas reflexões. Sou muito consumido pelo fazer do meu trabalho. Não acho nem saudável para um artista. A minha cabeça trabalha mais de 20 horas, durmo muito pouco. Chego no barracão às 9h e fico até 22h, de domingo a domingo. A minha equipe todo mundo é braço, só trabalho com braço firme. Gosto de fazer carnaval. Quando perder isso não serei mais carnavalesco. Tenho prazer, gosto da atividade, ser carnavalesco é fazer, realizar, não é desenhar, sonhar. Vivo mais no mundo real do que no sonho. É uma ilusão crer que o carnaval é o mundo do sonho, ele é a vida real. A realidade nua e crua”.

Por que os artistas do carnaval falam pouco sobre arte em geral? O que pensa dos enredos para 2022?

“Há preconceito de fora para dentro e também um silêncio de dentro para fora. Nossa safra de enredos para 2022 é maravilhosa. O dirigente vê números e o artista vê propostas. A fuga de patrocínio do carnaval fez com quem nós tivéssemos uma safra de enredos espetaculares. Alguém ficou mais pobre, mas o carnaval ficou mais rico. Geralmente, quem ficava mais rico, nunca foi quem fez a festa. Pouca gente perdeu e o carnaval ganhou. O momento dos carnavalescos de hoje lembra um pouco do período áureo quando tinha Arlindo, Rosa, João, Renato Lage”.

Entrando no desfile da Mangueira de 2022. Qual é a essência do enredo Cartola, Jamelão e Delegado?

“O que me interessa para o desfile não é a biografia deles, mas o que esses homens são de fato para comunidade que representam. Me interessa muito mais falar que o Cartola era um pedreiro, do que fazer sequência de fantasias das suas músicas. É clara homenagem para eles, em função do exemplo que eles são. Três pretos de excelência, com intimidade com a vida comum de milhares de pretos que podem e devem ser tratados como excelências. São três para representarem três milhões”.

Grande Rio mantém padrão de 2020 e ainda quer mais excelência para o desfile de 2022

A Grande Rio, atual vice-campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, segue com sede de mostrar que vive uma nova fase e que o conjunto é o ponto forte para o desfile do ano que vem. O site CARNAVALESCO acompanhou o ensaio de canto e bateria, na quadra da tricolor de Duque de Caxias. O diretor de carnaval, Thiago Monteiro, explicou a dinâmica da escola.

“Começamos os ensaios de canto e bateria. A partir da primeira semana de dezembro, no dia 5, a gente começa os ensaios de rua e vamos até o desfile. Vamos com o mesmo número de componentes de 2020, com cinco carros alegóricos e dois tripés. Todo o trabalho que vem sendo feito na Grande Rio recebeu o reconhecimento do povo do carnaval. Estamos colhendo os frutos. O título é consequência de um bom trabalho. Essa questão de cobrança, possível escola postulante ao favoritismo, não é com a gente. Temos escolas em pé de igualdade e precisamos fazer o melhor trabalho das nossas vidas”.

Mestre Fafá promete mais um trabalho de excelência na bateria da Grande Rio. “Ainda temos muito que evoluir. Devagar, sem pressa, o samba passou por mudanças. Espero melhorar cada vez mais para repetir o sucesso que foi em 2020. Continuo com a mesma pegada. Aqui é proibido a bateria correr, independente do samba vamos tocar com o nosso andamento. Vamos levar quatro atabaques para Avenida e teremos em uma bossa a dobrada do surdo de terceira que está marcada no samba. Nosso trabalho agora ainda está nas partes técnicas. Provavelmente, o segundo ensaio de rua já estará com tudo pronto. Seguimos com a pegada que o menos é mais. Procuramos não “sujar” o samba, fazer apenas coisas pontuais para que a obra funcione na Avenida. É difícil conter a energia do ritimista, mas sempre procuro que todos toquem no mesmo volume, a mesma equalização. Isso é o que a gente mais preza em todos os instrumentos. Não tem mais o nome de bateria. Não tenho esse negócio. Acho que tem que prevalecer a escola, o pavilhão maior, não esquento a cabeça com isso. Algumas chamam de Invocada e outras de bateria da Grande Rio. Não sou ponto fora da curva, pode chamar de Invocada, sem problema, mas eu chamo de bateria da Grande Rio. O importante no final é o ritmo, o que prevalece”.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel e Taciana, revelou que prepara algo especial para o desfile.

“Estava sentindo falta do carinho e da proximidade da comunidade. Nossa expectativa está gigante para fazermos um grande carnaval. Terá algo especial, mas vamos aguardar. A gente gosta de unir o tradicional com algum diferencial. Vamos tentar encaixar isso dentro da coreografia, ainda será tema de muito estudo”.

“A comunidade abraçou nosso desfile em 2020. Até quem não é Grande Rio diz que quer desfilar com a gente pelo enredo e pelo samba. A gente está preparando uma surpresa para pista. Ainda não fechamos coreografia (risos). Procuramos sempre fazer um trabalho de excelência”, completou o mestre-sala.

Comandante do carro de som da Grande Rio, Evandro Malandro falou sobre a responsabilidade que a escola possui. “A gente absorve bem as responsabilidades. Conquistamos o lugar merecido com os sambistas. Sem tirar os méritos da Viradouro (campeã), a Grande Rio fez um desfile impactante. Esperamos repetir o trabalho de 2020 e quando chegar lá não tem que segurar a emoção. Fico muito feliz com o carinho que recebo. As pessoas vão ver como as coisas são vão melhorar a cada ensaio. Cantar esse samba de 2022 representa minha vida, meu dia a dia, o exu é que traz a energia, abre os caminhos e me acompanha em qualquer lugar que eu vá. De pouco em pouco, as pessoas estão entendendo como funciona, não é nada ruim, o enredo abre o leque para que todos possam pesquisar sobre exu”.

Veja fotos do ensaio da Grande Rio

Mauro Cordeiro: ‘Sabiá, o griô do meu torrão’

O que é memória? Compreendo a memória como uma construção coletiva, um trabalho de registro realizado por um determinado grupo social, um quadro geral dos eventos significativos para sua existência. Esta memória coletiva forma uma espécie de acervo de lembranças compartilhadas que ajudam, inclusive, a promover a coesão do grupo. O passado é permanentemente reconstruído e ressignificado pela memória coletiva. Neste sentido, a memória é uma produção.

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Foto: Divulgação

Nas múltiplas e diversas filosofias africanas, sobretudo naquelas oriundas da África Ocidental, a oralidade desempenha papel fundamental na manutenção dos valores, saberes e práticas dos grupos sociais. É neste sentido que o papel dos griôs era central. A expressão griô tem origem francesa, já cunhada no período colonial para designar os diversos tipos de personagens que desempenhavam atividades semelhantes. Em solo africano eles eram nomeados de formas distintas de acordo com cada povo e etnia, mas algumas das suas nomenclaturas eram diali, gueséré, wambabé, aouloubé e guewél.

O griô é um narrador, alguém responsável pela manutenção da história de um grupo e a transmissão dessa história e dos seus saberes através de contos, cantos e crônicas; sempre de maneira oral atuando na manutenção da história local. Através dos griôs a memória coletiva dos grupos sociais é preservada em um processo produtivo operado, via de regra, pelos mais velhos.

Na história do Acadêmicos do Salgueiro um personagem se destaca pela produção da memória através da oralidade: Djalma de Oliveira Costa. Ao longo dos seus 95 anos de vida, seu Djalma se notabilizou pela sensibilidade, pela articulação e pelo poder de liderança. Foi um dos fundadores da agremiação, teve a alcunha de “prefeitinho do Salgueiro”, testemunhou e protagonizou acontecimentos que, pela sua ação, transformaram-se em marcos temporais e memoriais do que é a escola.

É impossível contar a história da agremiação sem reconhecer o papel de destaque de Djalma. Na escola ele foi o primeiro intérprete, compositor vitorioso, diretor de carnaval, candidato a vice-presidente em eleições gerais e, por fim, aclamado presidente de honra. Liderança expressiva do morro. Articulador social. Um sabiá, nosso griô. Ao longo dos anos recebeu milhares de pesquisadores, apaixonados e curiosos no acervo que construiu, mas as verdadeiras preciosidades eram as deliciosas histórias que relatava.

Djalma Sabiá não era um guardião da memória salgueirense, ele era o seu produtor. Foi através da construção dos sentidos de um passado que viveu que Sabiá nos ensinou o que o Salgueiro é. Este processo produtivo da memória em vermelho e branco se estende para muito além dos nove títulos, das revoluções e dos carnavalescos tão celebrados; o Salgueiro de Sabiá é aquele dos anônimos artistas populares que ainda vivem pois foram registrados em suas histórias tão gentilmente compartilhadas por décadas. É o Salgueiro da unidade de um morro que já encantava a cidade pela sua musicalidade, pelas suas festas, pela religiosidade que atraía visitantes e através dos carnavais se eternizou. É, fundamentalmente, o Salgueiro que existe para ser vivido e partilhado no dia a dia e somente assim pode ser compreendido.

Em novembro de 2020, o Sabiá descansou. Como um grande ancestral, o griô é eterno. Um ancestral é um antepassado, familiar ou não, que deixa uma herança espiritual na Terra contribuindo para evolução da comunidade ao longo de sua existência. Essa herança, deixada pelos ancestrais de um grupo social, atua tanto como forma de manutenção da força vital quanto para estabilização e coesão daquele grupo. Enquanto houver Salgueiro, produto direto da contribuição de seu Djalma, nosso baluarte viverá representando “a
saudade dos nossos bambas lá do céu”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNO, Leonardo. Explode, coração: histórias do Salgueiro. Coleção
Cadernos do Samba. Rio de Janeiro: Verso Brasil, 2013
COSTA, Haroldo. Salgueiro, academia de samba. Editora Record, 1984.
HALBWACHS, Maurice. Memória Coletiva. Editora Vértice, 1990.
LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora africana. Selo Negro
Edições, 2014.
LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Dicionário da história social do samba.
Editora José Olympio, 2015.
LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Filosofias Africanas. Editora Civilização
Brasileira, 2020.
NATAL, Vinícius Ferreira. Cultura e Memória na Escola de Samba Acadêmicos
do Salgueiro. Mestrado em Antropologia). Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2014.

Mauro Cordeiro: Doutorando em Antropologia (UFRJ), Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio) e Licenciado em Ciências Sociais (UFRRJ). IG: @maurocordeiro90 TT: @maurocordeirojr

Comissão de frente da Portela inicia ensaios na Sapucaí

A comissão de frente da Portela já começou os ensaios na Marquês de Sapucaí. Esta semana, o coreógrafo Manoel Francisco e sua equipe estiveram na Passarela do Samba para fazer o reconhecimento da área e marcar a coreografia que deve ser apresentada em cada cabine de jurado.

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Foto: Divulgação

Feliz com o andamento dos preparativos para o desfile de 2022, Manoel Francisco encara os ensaios no Sambódromo como a concretização do trabalho que foi planejado ainda durante o início da pandemia.

“Perceber que está se concretizando, de fato, e se materializando o trabalho do carnaval, é uma grande emoção. Porque teve um momento que não tínhamos garantia de absolutamente nada, trancados em casa nesse momento horroroso. Então, a excitação de estar trabalhando pra colocar carnaval em pé, é gigantesca! É um embrião, mas já viemos aqui fazer o reconhecimento de território que é importantíssimo! E bola pra frente, vamos colocar isso de pé!”, enfatiza o coreógrafo.

No próximo carnaval, Portela levará para a Avenida o enredo “Igi Osè Baobá”, desenvolvido por Renato Lage e Márcia Lage, que retrata a simbologia e a história dos baobás. A agremiação será a segunda escola a desfilar na segunda-feira de carnaval.

Confirmado! Secretário de Saúde diz que Rio de Janeiro atingirá índices que permitem realização do Carnaval 2022

A 100 dias da festa mais tradicional da cidade do Rio, e em sua última audiência pública, a Comissão Especial de Carnaval da Câmara do Rio recebeu, nesta sexta-feira, representantes do Poder Público, das ligas de escolas de samba, dos blocos de rua e dos trabalhadores ambulantes. Na reunião, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que a cidade jáatingiu praticamente todos os indicadores apontados em um estudo apresentado por especialistas da Fiocruz e da UFRJ à comissão.

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Cidade está com uma das menores taxas de hospitalização desde o início da pandemia – Marcos de Paula/Prefeitura

Presidente da Comissão, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) questionou Soranz sobre os indicadores epidemiológicos e os protocolos sanitários que serão usados pela Prefeitura do Rio para a realização do evento. O parlamentar apresentou os indicadores que foram propostos para um carnaval seguro na cidade. Entre eles o indicador de porcentagem de testes diagnósticos positivos, a taxa de contágio da cidade do Rio de Janeiro e a taxa de vacinação no Brasil, estados e municípios.

Em relação aos três índices, o Rio já conseguiu alcançar, no momento, a porcentagem de 3% de positivos sobre o total de testes, sendo que a meta a ser conquistada era de 5%. A taxa de contágio,que deve estar abaixo de 1, hoje é de 0,76. A cidade também conseguiu zerar a fila de internação para casos de síndrome respiratória aguda grave. Um outro indicador importante é a taxa de vacinação, que deve estar acima de 80% da população total. Atualmente, a cidade se encontra com um percentual de 76%, mas deverá alcançar, até o carnaval, o índice estabelecido.

Com o cenário atual, Daniel Soranz garantiu que há, na cidade do Rio de Janeiro, segurança sanitária para a realização da festa de Momo. “A cidade do Rio vem conseguindo reduzir os casos de Covid-19 e, nos casos de síndrome gripal, 97% são referentes a outras doenças não relacionadas à Covid-19”, explicou. No entanto, o gestor ressaltou que, qualquer mudança dos indicadores, a população será notificada e a Prefeitura irá retornar com as medidas mais restritivas.

O epidemiologista Roberto Medronho, da Faculdade de Medicina da UFRJ, considerou os indicadores positivos, mas mostrou-se preocupado com a população de fora do Rio. Para ele, a Prefeitura precisa exigir o passaporte vacinal de quem vier aproveitar o carnaval carioca. “A Prefeitura do Rio precisa deixar claro que exigirá o passaporte vacinal para quem adentrar ao município no Natal, Réveillon e carnaval”.

O secretário Soranz afirmou que a Prefeitura irá analisar o cenário em outros países. “A maioria dos países com muitos casos ainda não alcançou a cobertura vacinal adequada e não realizou a dose de reforço para idosos. No Rio, a cobertura vai aumentar nos próximos meses”, complementou. Soranz ainda revelou que a secretaria já cobrou que o Ministério da Saúde avalie a possibilidade de manutenção da exigência de passaporte vacinal dos estrangeiros.

Organização da festa

Outros três temas foram tratados também na audiência pública. A possibilidade de concessão de um auxílio emergencial para os trabalhadores dos barracões foi descartada pelo diretor de Operações da Riotur, Rafael Bandeira. A decisão foi lamentada pelo vereador Tarcísio Motta. “Os trabalhadores dos barracões passaram fome por causa da suspensão do carnaval durante a pandemia da Covid-19. Infelizmente, a Prefeitura do Rio fez o anúncio, mas não conseguiu implementar”.

Sobre o carnaval das escolas de samba, foi cobrada a realização de obras na Cidade do Samba 1 e a construção de um novo espaço, que se chamaria Cidade do Samba 2. Diretor-presidente da RioUrbe, Rafael Salgueiro explicou que, no momento, uma empresa trabalha na readequação de um projeto já existente para prevenir e combater incêndio nas instalações da Cidade do Samba 1. Para a Cidade do Samba 2, de acordo com Rafael Bandeira, da Riotur, ainda é preciso identificar o melhor terreno para abrigá-la.

Relatório final

Tarcísio Motta adiantou alguns pontos que deverão fazer parte do relatório final da comissão, que deverá ser lançado no dia 6 de dezembro. Uma das sugestões será que a Secretária Municipal de Saúde, junto com a Fiocruz, possa fazer uma campanha para conscientizar os trabalhadores dos barracões a se vacinarem e usarem máscaras. O parlamentar ainda defendeu a implementação de uma política permanente de incentivo aos blocos de rua e a distribuição paritária de recursos entre as diversas agremiações dos diversos grupos do carnaval carioca, incluindo as escolas mirins. “Queremos estar nas ruas, mas precisamos ter responsabilidade sanitária. O carnaval é um direito do cidadão, e o Poder Público tem o dever de garanti-lo”, concluiu o parlamentar.

Participaram também da audiência pública a vereadora Monica Benicio (PSOL), relatora do colegiado; Marcelo Salek, do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária; Marcello Vianna, da Cet-Rio; o pesquisador Hermano Castro, da Fiocruz; Bruno Tete, diretor da Liga Independente do Grupo A do Rio de Janeiro; Antonio Gonçalves, representante da Liga Livres/RJ; Valéria Wright, representante da Liga Sambare; Dani Freitas, representante da Liga Coretos; o carnavalesco Milton Cunha e Paulo Cesar Xavier, presidente da Federação dos Blocos Afro do Rio de Janeiro.

Andrea de Andrade está de volta ao Carnaval do Rio: beldade agora brilha na Vila Isabel

Conhecida por belíssimas passagens pela Marquês de Sapucaí entre 2006 e 2013, primeiro pela Mocidade e depois pela Vila Isabel, a influencer fitness Andrea de Andrade está de volta ao Carnaval do Rio, sob o manto azul e branco da escola do bairro de Noel Rosa.

andrea vila
Foto: Divulgação

A gata, que é atentamente seguida por mais de 570 mil pessoas no Instagram, é a nova musa da agremiação da Zona Norte carioca. Ela já havia ocupado o posto em 2013, ano do último campeonato conquistado nas bandas da “Swingueira de Noel”.

Andrea foi recebida na quadra da Vila nesta quinta, onde participou do ensaio da escola para o Carnaval de 2022, em homenagem a Martinho da Vila. A gata vestiu um vestido azul, com direito à transparências, e usou joias de prata, em referência às cores do pavilhão.

Ela foi recebida pelo presidente Fernando Fernandes e pela musa Paula Bergamin, que também desfila pela Vila.

Canal Bis estreia série que homenageia compositores das escolas de samba

O Canal Bis estreia nesta sexta-feira um programa que promete emocionar os apaixonados pelo carnaval carioca. “O Samba Me Criou” é uma série em quatro episódios que homenageia os compositores ligados às escolas de samba – desde os fundadores, do início do século passado, à geração mais recente, surgida nos últimos 20 anos.

Foto: Divulgação

O primeiro programa será dedicado ao Império Serrano. Na semana seguinte, virá o Salgueiro e, na sequência, a Mangueira. O último episódio, exibido no dia 10 de dezembro, vai reverenciar a Portela. A série marca a estreia na direção de Leonardo Bruno, que também assina o roteiro dos episódios.

A proposta da série é desvendar a linhagem de compositores ligada a cada agremiação, observando como essa herança deu frutos, que florescem até hoje. Afinal, a tradição dos poetas surgidos nas rodas da Portela, com forte sotaque rural, tem diferenças marcantes da turma que veio da Mangueira, com sua melancolia melódica. “O Samba Me Criou” reverencia nossos compositores a partir das cores (e sons) que norteiam suas obras.

“No primeiro programa, por exemplo, partimos dos ícones Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Dona Ivone Lara, mostrando a importância desses três nomes para a música brasileira, com obras que são cantadas em qualquer roda de samba. Em seguida, trazemos a geração que bebeu nessa fonte, com Aluísio Machado, Beto Sem Braço e Arlindo Cruz. Por fim, chegamos a Pretinho da Serrinha e Arlindinho, os sambistas que hoje defendem com muita qualidade a imensa tradição da Serrinha”, explica Leonardo Bruno.

O programa do Salgueiro passa por nomes como Anescarzinho, Noel Rosa de Oliveira, Geraldo Babão, Nei Lopes, Bala e Almir Guineto, chegando a Xande de Pilares e Fred Camacho. No episódio da Mangueira, a narrativa disseca as obras de Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Hélio Turco, Padeirinho e Leci Brandão, trazendo Enzo Belmonte como representante da nova geração. No programa de encerramento, a seleção portelense traz Paulo da Portela, Candeia, Manacéa, Monarco, Paulinho da Viola, Noca da Portela, João Nogueira e Zeca Pagodinho, todos reverenciados pela atual estrela da azul e branco, Teresa Cristina.

Os programas trazem entrevistas com sambistas e especialistas no assunto, como Luiz Antônio Simas, Haroldo Costa, Helena Theodoro, Rachel Valença, Luís Carlos Magalhães, Nilcemar Nogueira e Marília Trindade Barboza, entre outros. Uma rica pesquisa de acervo traz à tona imagens raras de Nelson Cavaquinho no Buraco Quente, Zeca Pagodinho no início de carreira e Leci Brandão cantando em seus primeiros festivais.

“A ideia do programa é perpetuar as obras destes mestres, jogar luz sobre alguns nomes que andavam meio esquecidos e estimular as próximas gerações a perseguirem as linhagens de suas escolas. As agremiações do carnaval carioca têm uma produção musical fantástica e é preciso mostrar isso. Fico muito feliz pelo fato de colocar essa atração no ar pelo Bis, um canal que sempre valorizou a música brasileira”, diz Leonardo.

“O Samba Me Criou” vai ao ar no Bis (canal 620 na NET) sempre às sextas-feiras, a partir das 23h, com reprises nos seguintes horários: sábados, às 13h30m; segundas, à 1h e às 15h; terças, às 6h30m; quartas, às 11h30m; e sextas, às 19h. O programa é a uma produção da Lucky Play Content. Datas de estreia dos episódios: Império Serrano (19/11), Salgueiro (26/11), Mangueira (03/12) e Portela (10/12).