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Império de Casa Verde 2025: galeria de fotos do desfile

Fotos: Rebeca Schumacker

Ibérico sim, brasileiro sempre! Baianas da União do Parque Acari discorrem sobre o violão

A União do Parque Acari desfilou, nesse sábado, na Marquês de Sapucaí, o enredo “Cordas de Prata – o Retrato Musical do Povo”, sobre o violão. Ponto marcante de qualquer desfile, as baianas representaram as origens do instrumento na Península Ibérica. O lenço de suas saias fez clara referência à estética cigana.

“A ala das baianas, não só da Acari, como de todas as escolas co-irmãs, são as mães do samba. É um segmento de muito respeito, como a Velha Guarda, como a Bateria. A Bateria é o coração da escola e as baianas são as mães do samba”, declarou a coordenadora da ala de baianas Neucy Gomes, de 56 anos.

Neucy

“Desfilar como baiana, para mim, é muito gratificante, porque é como se fosse a continuidade de uma religião. A ala das baianas teve início no povo de Santo, de raiz africana. Além disso, é uma representatividade por ser uma ala matriarca composta apenas de mulheres”, disse a pedagoga Claudeni, de 48 anos, que desfila há dois anos pela Acari.

Claudeni

Em 2025, a União do Parque Acari se debruçou sobre o mais famoso dos instrumentos de cordas, eternizado, no Brasil, por sambistas como Paulinho da Viola e Noel Rosa.

“A importância do violão para a música brasileira é muito grande, porque ele participa da Bossa Nova, ele tá no samba, ele tá no pagode. Ele é que dá vida. A música, as cordas, os instrumentos de corda dão a vida à coisa. É muito legal a escola falar sobre o violão, uma coisa que ninguém prestou atenção e é um instrumento muito legal que famosos compositores usaram para poder evoluir a música. Eu não vivi essa época, mas eu percebo que era um instrumento mais próximo para eles, questão até de financeiro. Era mais fácil deles conseguirem o violão do que qualquer outro instrumento”, explicou a mediadora Maria Luzia Silva, de 57 anos.

Maria Luzia 2

“É difícil imaginar a música, a parte musical sem um violão, porque o violão dá o tom, pro compositor, pro intérprete, o violão, o cavaco, o banjo para poder a música acontecer”, desenvolveu Neucy.

“O meu sonho é tocar violão, mas nunca soube tocar, então hoje eu vou realizar meu sonho ao desfilar pela Acari”, compartilhou a saladeira Inês Ramos, de 71 anos, que vai para o segundo ano na agremiação.

Ines

Nascido na Península Ibérica, no entanto, o instrumento se tornou, na visão das acarienses, essencialmente brasileiro.

“Na época do Jamelão, eu não era nem nascida e ele vinha no carro do som com Clóvis do violão. O violão já faz parte da cultura brasileira”, garantiu a coordenadora da ala.

“Já virou, virou. Todo mundo quer tocar violão. Até quem não sabe quer aprender, como eu. Ele é brasileiro. Não é mais espanhol, não”, reforçou Inês.

 

Acadêmicos de Niterói leva quadrilheiros para a Sapucaí

Com o enredo “Vixe Maria” e um samba com o ritmo contagiante do forró, a Acadêmicos de Niterói promoveu uma verdadeira festa junina no Sambódromo, na segunda noite de desfiles da Série Ouro.

“Hoje a Niterói está representando uma festa que é importante para o Brasil inteiro. De Norte ao Sul do país, todo mundo sabe fazer quadrilha, mesmo que com suas características regionais”, diz Nicolas Benício, quadrilheiro e diretor da primeira ala da escola, que vem representando as quadrilhas do Brasil. Para fazer isso com fidelidade, a Azul e Branca juntou componentes de diversas quadrilhas do Rio de Janeiro.

Nicolas

“Eu sou quadrilheiro desde criança, quando acompanhava meu tio nas festas juninas. Até tentei gostar de outros ritmos, mas não teve como, me apaixonei 100% pela quadrilha. É um amor que foi passado de família. Me encantei pelos brilhos, pelas estampas dos tecidos e pelas comidas típicas” compartilha Thales Amaral, de 25 anos, quadrilheiro da São Judas Show, de Anchieta.

tales

Apesar da maioria dos integrantes serem cariocas, Nicolas garante que as características da ala não tem distinção regional.

“A nossa ala traz uma representação da quadrilha do Brasil. Dançaremos os passos tradicionais de toda quadrilha, que são aqueles que vocês aprenderam na escola, como o anarriê, o alavantou e o túnel”.

O veterano Douglas Amaral, que dos 45 anos de idade já é quadrilheiro há mais de 20, estando atualmente na Gonzagão do Pavilhão, dá detalhes da fantasia da ala, e fala sobre como a endumentária se relaciona ao enredo.

“Estamos caracterizados com as cores nordestinas, bem vibrantes, na chita. Também trazemos os elementos de cangaceiros na roupa das damas, que tem uma saia grande de filó, então estamos bem juninos”.

Douglas

 

A apresentação foi feita em duplas, onde cada moço tinha a sua moça. Para contrastar com a experiência de Douglas, seu par era Lavínia Bruna, de 22 anos, que tem apenas um ano como quadrilheira na Gonzagão do Pavilhão. O pouco tempo não impediu a moça de desfilar pela Niterói, e ela fez questão de compartilhar seu sentimento em relação a isso.

“É gratificante ajudar a colocar a junção do Carnaval com festa junina na avenida. Por mais que não pareça, as duas festividades estão conectadas pelo amor pela folia”.

 

lavinia

“A quadrilha foi uma dança da corte europeia, que o povo mais humilde passou a reproduzir de uma forma jocosa, por isso, é conhecida como o teatro do povo, assim como as escolas de samba. Dessa forma, nada melhor do que uma escola no Rio de Janeiro mostrar o que é uma festa popular para o Brasil inteiro” complementa Nicolas.

Vigário Geral Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

Cordas de Prata: segundo carro da União do Parque Acari celebra Moacyr Luz e a Velha Guarda

A União do Parque Acari foi a segunda escola a se apresentar neste sábado na Marquês de Sapucaí. A agremiação apresentou o enredo “Cordas de Prata – O Retrato Musical do Povo”, sobre o violão, na tentativa de conquistar a tão sonhada ascensão ao Grupo Especial. A terceira e última alegoria da Acari, nomeada “Cordas de Prata”, exibia um grande violão prateado, em torno do qual vieram destaques e fotografias de grandes nomes da música brasileira, como Cartola, Beth Carvalho e Paulinho da Viola.

acari

“Esse carro representa a corda de prata, a Velha-Guarda, toda essa importância deles na composição da escola. Na frente, Moacyr Luz, o compositor do samba, com os amigos dele. A gente vai completar com a Velha-Guarda e, em cima, o destaque Júnior Bispo. Teve também as meninas”, disse o diretor da alegoria Richard de Oliveira Jesus, de 18 anos.

“As fotos desses artistas representam a nossa história, de como surgiu o samba. Muita gente gosta de samba, mas não sabe como começou o samba nem a música popular brasileira. Foi a origem de tudo. É muito bom homenagear não só esses artistas, os músicos, como também a Velha Guarda, que são os que entendem bem melhor do que a gente tudo o que já aconteceu durante todos esses anos de samba na Avenida”, declarou a designer de joias Thauany Miranda, de 34 anos, que desfila há dois anos pela União do Parque Acari. Apaixonada pelo mundo do samba, Thauany cresceu frequentando a quadra da Unidos do Amarelinho e da Favo de Acari, que se uniram para formar a atual agremiação.

Thauany

Em 2025, a União do Parque Acari decidiu homenagear o mais tradicional dos instrumentos de corda, o violão, cuja influência é incontornável na história da música popular brasileira.

“O meu pai era violonista. O violão, para a música, é tudo. Vários compositores, cantores, tocavam violão. Paulinho da Viola é hors concours. O nome já diz: Paulinho da Viola. Dentre outros que tocam violão até hoje. Eu vou desfilar na Sapucaí pela minha comunidade. E pelo meu pai, o Seu Humberto, o Vascão, lá de Acari, que, graças a Deus, ainda é vivo”, compartilhou Washington Peixoto, conhecido como O Amoroso, de 54 anos, integrante da Velha Guarda. Washington está há cinco anos na escola.

“O violão tem muita importância para a música. Violão faz tudo na escola, em qualquer lugar. Violão faz qualquer tipo de música, qualquer movimento”, explicou a dona de casa Rita de Cássia, de 52 anos, que desfila há dois anos pela Acari.

Vigário Geral coroa Vagalume como Rei da Folia em alegoria que homenageou o cronista da cultura negra carioca

A Acadêmicos de Vigário Geral apresentou na Marquês de Sapucaí a história de Francisco Guimarães, mais conhecido como Vagalume. Importante cronista da virada do século XIX para o XX que jogou luzes sobre a cultura negra e periférica carioca e se tornou uma das maiores referências das práticas momescas. Em sua terceira alegoria, a Vigário coroou Vagalume como Rei da Folia e trouxe à frente da alegoria a família do saudoso cronista da cultura negra e periférica carioca.

Luciano Guimarães, bisneto de Vagalume, falou ao CARNAVALESCO sobre a homenagem que a Vigário está prestando a Vagalume. “É uma honra muito grande pela história de vida dele, pela luta que ele teve para abrir espaço para a cultura negra e periférica na sociedade carioca. Saber que uma figura como o Vagalume teve uma relevância na sociedade, o impacto de suas crônicas, a maneira como ele abordou as pessoas que não tinham visibilidade naquela sociedade, uma figura realmente que trouxe uma transformação. E saber que o Vagalume ainda é meu bisavô é uma honra dobrada”, declarou emocionado.

Impactada com a homenagem, Tasília Guimarães, neta de Vagalume e mãe de Luciano, revelou que o desfile foi uma oportunidade maravilhosa de celebrar o legado do avô. “Nunca frequentei escola de samba, é a primeira vez que eu venho aqui. Para mim, é uma homenagem enorme. Estou muito feliz. Estou bastante impactada porque é uma homenagem linda. Até o trecho samba, o nome do Francisco Guimarães, meu avô, eu fico emocionada. Eu acho que está sendo um momento maravilhoso para mim”, declarou.

Quem marcou presença como destaque principal da alegoria foi o ator Rodrigo França. O artista representou o Vagalume coroado da Vigário e falou sobre a importância do cronista para o protagonismo do povo preto. “Francisco Guimarães Vagalume mostra o quanto nós sempre tivemos uma intelectualidade preta que pensou o tempo, o espaço em relação à nossa cultura, das nossas necessidades de direito, de liberdade, o quanto a gente sempre buscou subverter uma lógica escravocrata que se perpetua até hoje, de uma certa maneira. Escravocrata de ideias, de comportamento, ainda muito eugenista”, afirmou.

Para ele, Vagalume foi pioneiro por abrir espaço para que a cultura negra e periférica resistisse ao projeto eugenista que predominou como política do Estado brasileiro. “A gente está num momento eugenista onde se nega a cultura negra no Carnaval, a cultura de matriz africana no Carnaval, no Brasil inteiro. Vagalume foi pioneiro e continua existindo na nossa vida em relação a estar dentro da estrutura, estar dentro do sistema e subverter e buscar o melhor para a nossa gente”, declarou.

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No fim da alegoria, uma faixa com uma frase do cronista saia das mãos da escultura de um Pierrot, em que se podia ler: “O maior sucesso do samba é o carnaval (Vagalume)”.

A emoção do retorno: comunidade celebra volta da Tradição à Sapucaí

A segunda noite de desfiles da Série Ouro teve um gostinho especial para a Tradição, que retornou ao Grupo de Acesso depois de 11 anos desfilando na Intendente Magalhães. Apesar do longo tempo fora do brilho da Sapucaí, a escola honrou o nome ao manter uma comunidade fiel, que permanece ao seu lado nos altos e baixos.

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“Acompanhei a Tradição durante todos esses anos na Intendente Magalhães, onde ela enfrentava a falta de reconhecimento da mídia, que resultava na falta de estrutura e de dinheiro também. Por isso, vejo como ela é uma escola de garra”, comenta Sérgio Santos, de 51 anos, morador de Cascadura, que criou um carinho pela Azul e Branca desde que desfilou pela primeira vez na vida em 2001, ano da homenagem a Silvio Santos. O rapaz, que desfilou este ano na ala da bruxaria, ainda destacou que a comunidade está empenhada em fazer deste um momento histórico.

“Todo mundo está muito contente, pode-se notar pela quantidade de pessoas que estão desfilando aqui. Assim como diz o samba, a Tradição voltou, realmente! E voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído.”

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A agremiação de Madureira vem de uma linhagem da realeza do Carnaval carioca, já que é dissidente de ninguém menos que a Portela. Além de dividirem a Águia Majestosa como símbolo principal, as Azuis e Brancas também dividem o coração dos torcedores.

“Estou vivendo um sonho. Sou fanática pela Tradição, porque eu digo que ela é a filha da Portela, minha escola do coração. Sendo assim, eu amo também a Tradição. Estou super honrada em participar deste retorno à Sapucaí”, orgulha-se a baiana Penha Thomaz, de 69 anos.

“Estou muito feliz por estar fazendo parte de uma escola tão tradicional no Carnaval carioca, a qual tenho certeza de que vai continuar desfilando na Sapucaí, seja no Acesso ou no Especial. Estou confiante. E dá para ver pela plástica que ela fez um bom trabalho. O samba está muito forte, o qual a comunidade abraçou e está cantando muito. Está com muita harmonia, a escola está com uma pegada muito bacana, muito bacana”, conta, orgulhoso, o passista David Marques, de 38 anos, que desfilou acompanhado do seu amigo Marcos Vinícius, que também expressou a felicidade de representar a escola.

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“Sempre admirei a escola, que tinha diversos sambas antológicos que eu adoro, como o lendário samba do Silvio Santos. Quando surgiu a oportunidade de desfilar, nem pensei em recusar. Estou muito feliz por representar essa escola que, assim como o nome diz, é de tradição”, bradou Marcos Vinícius.

“Vamos dar o nosso melhor neste desfile, dançando e cantando bastante e entrando com muito axé, que reza não costuma falhar”, garantiu a dupla ainda na concentração.

A Tradição veio com um enredo forte, que celebra a espiritualidade humana representada por diversas crenças religiosas.

“A nossa ala fala sobre o direito de existir. Vem toda a população LGBTQIAP+, falando sobre a nossa necessidade também de rezar. É a nossa inserção no meio religioso, ao qual também temos o direito de pertencer. Nós também merecemos a espiritualidade. Por isso, estou muito feliz em desfilar em uma escola que teve a coragem de levar esse tema para a avenida”, relatou o dentista Gualter Silva, de 36 anos.

Tradição retorna à Sapucaí com enredo potente, mas enfrenta problemas de evolução e na parte plástica

A Tradição abriu os desfiles da Série Ouro neste sábado. Com um desfile bem colorido, uma comissão bem feita e um casal de mestre-sala e porta-bandeira em sintonia. A escola veio muito grande, o que comprometeu a sua evolução na avenida, além dos problemas com fantasias e acabamento nas alegorias. Terminando o desfile em 55 minutos cravados, as últimas alas precisaram correr para os portões fecharem no tempo limite.

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A escola do Condor levou para a sua volta para a Sapucaí o enredo “Reza”, de autoria e concepção do carnavalesco Leandro Valente, o enredo buscou celebrar as diversas formas de se conectar com o sagrado, seus deuses, seus santos e orixás.

Comissão de Frente

O intitulada “Não Demonize Minha Fé” a comissão apresentada pelo coreógrafo Tony Tara, era composta por 15 homens que representavam seres estereotipados como diabos, que apesar da imagem negativa, os seres orientam um homem “puro” que suplica ajuda aos céus, sendo então essas figuras lidas erroneamente como diabólicas, era uma representação dos Exus.

As fantasias eram bem acabadas, os “demônios” tinham led no tórax, que com a luz cênica causou um efeito visual interessante.

A coreografia consistiu em um homem “puro” e quase nu pedindo salvação aos céus e quem o ajudou foram os diabos, no entanto, para quem não sabia o objetivo da comissão, o entendimento ficou comprometido, uma vez que a apresentação não foi muito explícita e didática no seu objetivo. Mas isso não tira os louros de que foi uma apresentação bem feita, que fez um bom uso do elemento cênico chamado “O Barco da Fé”.

Houve um problema com a capa revestida de leds que o homem puro usou, os leds não estavam funcionando por inteiro e no segundo módulo de jurados, o motor dos leds caiu no chão, ficando a cargo do bailarino pegar diante dos jurados.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal, Jorge Vinícius e Verônica Lima, desfilaram com a fantasia “Encontro da Magia da Noite com a Luz do Dia”, ele com uma fantasia azul cheia de brilhos prateados representou a lua e ela vestindo um figurino laranja e amarelo, também brilhantes, foi a figura do sol. As fantasias eram muito bonitas e bem acabadas, o contraste entre eles ficou agradável.

Representando a lua e o sol, o figurino do casal significava esses dois astros do céu que estão sempre observando as preces e orações do povo, seja noite, seja dia.

O casal apresentou uma dança bem executada, um bailado clássico e vigoroso. Verônica colocou sua experiência em jogo, não se importou com o vento, demonstrando domínio total sobre o pavilhão. Já o Jorge cortejou delicadamente a sua parceira e passou muita confiança em seu desempenho.

Um ponto de atenção foi que ao fazer giros mais fechados, o pavilhão encostava levemente no costeiro do mestre-sala. Mas esse fato não tira o brilho que o casal apresentou diante dos módulos de jurados.

Enredo

O carnavalesco Leandro Valente buscou falar das formas de fé que a humanidade tem nos seres sagrados das religiões. Trazendo a reza como uma força poderosa que une e fortalece as pessoas, mas como a intolerância religiosa também pode afastar.

Dividido em quatro setores, cada um abordando diferentes pontos acerca das rezas e preces, a escola mostrou como a reza é uma força que move a humanidade.

O primeiro setor, chamado “Quem Nos Guia Não Dorme”, explorou a dualidade entre a luz e a sombra, a comissão de frente, o primeiro casal, o abre-alas “Existe uma força maior que nos guia. Está no meio da noite e no clarão do dia” metade azul e metade amarelo, assim como a primeira ala “Reza Para Quem É Da Noite E Reza Para Quem É Do Dia” mostraram a onipresença de um Deus que não abandona quem pede por ele.

O segundo setor, “Reza Para Pedir e Reza Para Agradecer” , trouxe as divindades do ar, do mar e das águas, do fogo e da terra, no qual a reza tanto serve para suplicar ou agradecer por algo.

O setor “Reza Para Curar” veio logo em seguida, abordando a cura obtida através de feitiços, bruxarias e práticas esotéricas, colocando o sagrado como um lugar de cura, com seus banhos de ervas, entre outras práticas.

E, por fim, o último e quarto setor “Reza Por Um Mundo Melhor”, que trouxe as rezas por um mundo antirracista, não homofóbico, que luta pela preservação da fauna e flora e pelo direito à vida.

Harmonia

O carro de som passou muito bem pela avenida, mas não é possível dizer o mesmo sobre o canto da escola, que passou desequilibrado pelas alas. Mesmo com o bom desempenho do intérprete Tuninho Jr. a escola apresentou questões com um canto irregular.

Alegorias e Adereços

As alegorias da Tradição apresentaram problemas de acabamento. Como a cabeça da escultura do abre-alas estava com problemas no pescoço, um boto na terceira alegoria estava com uma perfuração bem evidente. No entanto, mesmo com esses problemas, é preciso dizer que os projetos eram ambiciosos e bonitos. Um ponto a ser relevado é que não houve soluções pobres ou preguiçosas de acabamento, os carros vieram bem revestidos.

Fantasias

A escola apostou em fantasias vibrantes e conceitualmente interessantes, mas a execução deixou a desejar. Já na primeira ala, muitos componentes precisaram segurar suas saias, e em outros setores, faltou padronização nos figurinos, pois haviam elementos faltando em fantasias da mesma ala.

Mas o problema mais notório do quesito foi a questão do tamanho das fantasias, muitos componentes desfilaram segurando suas fantasias, pois eram muito maiores que os seus tamanhos.

Ao contrário das alegorias, a escola apresentou soluções bem simplórias para a execução de suas fantasias.

Samba 

Com a autoria de Pretinho da Serrinha, Fred Camacho e Diego Nicolau, passou de forma correta na avenida, o público comprou o samba e mesmo com o canto irregular, algumas alas o cantaram bem. O samba foi muito apropriado para celebrar a volta da Tradição para a Sapucaí, além de ir de encontro com tudo que o enredo propôs.

Evolução

A escola veio bem grande, o que contribuiu para a evolução arrastada da Tradição na avenida. Além disso, faltou uma direção de harmonia mais precisa para garantir um melhor fluxo pela Sapucaí. Momentos de pausa, como a musa parando para fotos, causaram espaçamentos que impactaram o andamento do desfile. A última ala, dedicada aos compositores, também estava muito grande, obrigando a escola a literalmente correr no final da avenida para cumprir o tempo limite.

Outros destaques

O carro de som e a bateria garantiram a energia do desfile, sustentando a escola mesmo diante dos desafios enfrentados. Apesar dos problemas de evolução e acabamento, a Tradição mostrou força e emoção no seu retorno à Sapucaí.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Vigário Geral no desfile do Carnaval 2025

Um desfile muito bom da bateria “Swing Puro” da Acadêmicos de Vigário Geral de mestre Luygui. Um ritmo com uma profunda pressão sonora e com potência musical foi exibido. Uma musicalidade bem integrada ao samba-enredo da agremiação foi apresentada.
Na parte da frente do ritmo, um bom naipe de tamborins tocou interligado a um exímio naipe de chocalhos. Uma boa ala de agogôs tocou com segurança. Assim como cuícas sólidas também complementaram o preenchimento sonoro das peças leves.

Na cozinha da bateria da Vigário, uma afinação bastante pesada foi notada, ajudando a proporcionar impacto sonoro principalmente em bossas, além da tradicional virada para subida do samba, com pancadas consecutivas da primeira. Marcadores de primeira e segunda foram firmes, mas com precisão. Surdos de terceira deram bom balanço à parte de trás do ritmo da “Swing Puro”, inclusive com participação luxuosa em bossas.

Bossas altamente potentes foram realizadas. Um leque que primou por dar ênfase ao impacto sonoro envolvendo a afinação mais pesada do Acesso, garantindo assim uma nítida pressão dentro dos arranjos. O trabalho diferenciado de terceiras e caixas nas paradinhas merece menção musical positiva.

Uma apresentação muito boa da “Swing Puro” de mestre Luygui. Apelidada informalmente de “Tropa do Amassa”, os ritmistas da Vigário Geral fizeram jus ao nome, numa passagem explosiva e impactante de sua bateria.

Águia de Ouro 2025: galeria de fotos do desfile

Fotos: Rebeca Schumacker