Um dos maiores nomes das comissões de frente do carnaval do Rio de Janeiro, Carlinhos de Jesus, de 72 anos, usou suas redes sociais para compartilhar com o público o motivo pelo qual tem sido visto recentemente com muletas e cadeira de rodas, inclusive, durante sua participação no tradicional Festival de Dança de Joinville. Segundo o coreógrafo, ele enfrenta um quadro severo de bursite trocantérica bilateral, agravado por uma tendinite nos glúteos, também dos dois lados. A condição tem comprometido sua mobilidade e provocado dores constantes, o que o levou a iniciar um tratamento intensivo.
“Já há algum tempo venho sentindo dificuldades para andar, com dores que limitaram meus movimentos. Depois de exames e avaliações, recebi o diagnóstico de um quadro sério de bursite trocantérica bilateral, complicada com tendinite nos glúteos, também dos dois lados. Resultado: muita dor e mobilidade bastante comprometida”, escreveu.
Com bom humor e leveza, Carlinhos comentou sobre a nova rotina de cuidados: “Percebi que o quadril não é só para rebolar! 😅 Não se assustem! Está tudo sob controle ou quase!”, brincou.
O coreógrafo destacou que a recuperação tem sido lenta, mas constante, graças a um conjunto de terapias que incluem fisioterapia, acupuntura, musculação e tratamentos para controle da dor.
“A cadeira de rodas e a muleta estão aqui para me poupar, não para me parar. Agradeço de coração todo o carinho e preocupação de vocês. Isso me dá ainda mais força para seguir em frente, com fé e leveza”, afirmou.
Carlinhos de Jesus tem uma longa história com o carnaval. Atuou como coreógrafo de comissões de frente, com destaque para seus trabalhos na Estação Primeira de Mangueira.
Na televisão, atualmente, integra o júri técnico fixo do quadro “Dança dos Famosos”, da TV Globo.
O Salgueiro vai dar início à sua disputa de samba-enredo para o Carnaval 2026 com promessa de fortes emoções e obras profundamente conectadas ao enredo que homenageia a carnavalesca Rosa Magalhães. As primeiras apresentações estão marcadas para começarem nos dias 2 e 9 de agosto, com as composições divididas em duas chaves. A grande final acontecerá no dia 27 de setembro, dia de São Cosme e São Damião, um marco simbólico e religioso.
Foto: Alberto João/CARNAVALESCO
O presidente da escola, André Vaz, explicou a mudança da tradicional data de final: “Mudou a data que era tradicional de 11 de outubro, mas a gente escolheu 27 de setembro, dia de São Cosme e São Damião. Tenho certeza que foi por bem do varnaval, a mudança proposta pelo Gabriel (David, presidente da Liesa), para dar mais tempo de divulgação do samba nas plataformas digitais. E, com isso, as escolas possam arrecadar mais verbas para o carnaval”, afirmou.
O concurso, segundo o diretor de carnaval, Wilsinho Alves, seguirá o formato de chaves que já se tornou característico nas últimas edições. “Receberemos os sambas no dia 30, e na quinta-feira de manhã a gente divulga tudo. Pelo que a gente sabe dos tira-dúvidas, teremos duas chaves novamente. A primeira se apresenta no sábado dia 2 e a segunda no dia 9. A disputa mantém a torcida, sim. Obviamente, a análise é técnica, os critérios são técnicos, mas se o samba cai no gosto da escola, isso é sempre um ponto positivo”, explicou.
O carnavalesco Jorge Silveira adiantou que os compositores conseguiram captar com sensibilidade a essência do enredo que une a tradição salgueirense à genialidade da homenageada.
“Com certeza teremos uma disputa muito emocionante. A gente sente que eles entenderam o espírito do enredo, a narrativa que estamos propondo. Tem sambas que têm a pegada do Salgueiro, mas com a camada da Rosa Magalhães na construção. Vai ser um ano de fortíssimas emoções nessa disputa”, garantiu.
Silveira também detalhou o adiantado cronograma de barracão. Segundo ele, o trabalho com fantasias já está há seis semanas em andamento: “Em mais duas semanas finalizamos os protótipos. E as alegorias começaremos a trabalhar na próxima semana. Os projetos já estão encaminhados. O Salgueiro tem uma rotina de trabalho muito eficiente. No ano passado terminamos tudo com muita antecedência e isso vai se repetir. A equipe está organizada, a escola está organizada, o carnaval já está todo conceituado. Agora é botar a mão na massa e erguer no nosso barracão”.
Salgueiro Convida
Já a temporada de eventos na quadra da escola também começou com força total. O primeiro “Salgueiro Convida”, que teve como atração a Beija-Flor, reuniu grande público.
“Não surpreendeu não (a quadra cheia). A nossa quadra é bem aceita, tem ar-condicionado, boa acústica, é bem localizada. Começamos uma obra: pintamos o chão todo, vamos reformar camarotes e banheiros para deixar a quadra ainda mais linda para o público. Isso atrai turista nacional e internacional. E com a Beija-Flor, a gente sabia que ia explodir e explodiu”, comemorou André Vaz.
Carnaval 2026
No próximo desfile, o Salgueiro levará para a avenida o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, uma homenagem à eterna carnavalesca Rosa Magalhães, a maior campeã da Sapucaí.
Assinado por Jorge Silveira, em parceria com o curador Leonardo Antan, o enredo propõe um cortejo lúdico inspirado no universo criativo de Rosa, com passagens por bibliotecas encantadas, reinos imaginários e personagens dos contos de fadas, da mitologia e do folclore brasileiro.
O Salgueiro encerrará os desfiles do Grupo Especial na terça-feira de Carnaval, dia 17 de fevereiro de 2026, fechando com chave de ouro a última noite da folia na Marquês de Sapucaí.
Assumir o pavilhão da agremiação que é a maior campeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo é uma honra para poucos em qualquer circunstância. Imagine, então, ser nomeado pela escola de samba em questão sendo cria do terreiro da instituição. É exatamente essa a situação pela qual Pedro Trindade e Mirelly Nunes, novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Vai-Vai, estão passando de olho na folia de 2026. Pouco depois de defenderem pela primeira vez o principal pavilhão alvinegro em público, no evento que definiu a ordem dos desfiles para o carnaval 2026 dos grupos geridos pela Liga-SP, o CARNAVALESCO conversou com a dupla.
Pedro Trindade e Mirelly Nunes, novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Vai-Vai. Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO
Indescritível
Segundo casal da Saracura há alguns anos, a dupla assumiu o principal pavilhão da agremiação de maneira oficial no dia 15 de março, quando foram anunciados nas redes sociais da agremiação. Vale destacar que o nome dos dois já era tido como o do futuro defensor do principal símbolo da Escola do Povo em um futuro breve, com ambos sendo elogiados internamente como protótipos para a posição.
Desde 2023, o pavilhão era defendido por Renatinho e Fabíola Trindade, histórico duo da instituição, que teve marcante passagem entre 1998 e 2005, participando do histórico tetracampeonato de fato da Alvinegra.
Ambos não negaram a emoção em chegar a tal posto. Pedro, por exemplo, falou sobre capítulos alcançados nessa nova fase: “A gente brinca que são etapas. Nosso primeiro ensaio, ali, fechadinho, foi uma etapa. A gente olhava para o pavilhão, que agora era nosso. A partir do momento que o presidente deu o pavilhão para a gente, meu Deus, foi mais uma etapa. Hoje, foi a primeira vez que a gente esteve como casal oficial para o mundo do carnaval – o que é uma nova etapa e é uma nova responsabilidade. A gente tem a felicidade de estar na nossa escola, defendendo o nosso pavilhão – que nós, graças a Deus, somos cria. Já passei por outras escolas e fui agraciado por voltar para a minha escola, para a minha casa. Essa felicidade não cabe em mim e ela vai aumentando. Aumenta a responsabilidade e aumenta a felicidade. Graças a Deus a gente está feliz, a escola está feliz, a nossa comunidade está feliz. É isso que importa”, comentou.
Mirelly relembrou o encanto que o pavilhão sempre despertou nela: “Eu acho que a felicidade é muito grande porque a gente está defendendo o pavilhão da escola que a gente cresceu. Não tem nem como comparar essa sensação com qualquer outra coisa. A felicidade está imensa porque a gente está realizando o nosso sonho de criança. Hoje, a gente está realizando esse sonho de criança. A felicidade vai além do que eu posso descrever”, comentou.
Posto histórico
Não faltam baluartes na maior campeã do carnaval paulistano – e é claro que no posto de primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira não poderia ser diferente. Mesmo com uma agremiação fundada em 1930 e tornada escola de samba em 1972, a dupla ocupa cargos que tiveram pouquíssimos nomes na história. Pedro relembra tal situação.
“A gente tem um pouco de cada dupla que passou antes da gente! Eu sou o oitavo mestre-sala da história da escola e ela é sétima porta-bandeira dentro da agremiação. E mantendo a tradição! O bailado, dentro da nossa escola, é a tradição. A gente tenta preservar – não só o nosso quadro, a gente tenta preservar desde os pequenos até os adultos. A gente tenta preservar essa tradição que veio lá de trás. Hoje, o Pedro e a Mirelly têm a tradição que já vem lá de trás. Isso colaborou bastante para a gente chegar onde a gente chegou hoje”, comentou.
Mirelly foi na mesma linha: “A gente tem uma bagagem que a gente carrega de aprendizado, de histórias, de momentos. A gente traz conosco uma trajetória que vem lá de trás – e a gente vem trazendo para o agora, sempre tentando aproveitar mais ainda o que a gente aprendeu lá atrás”, afirmou.
Zen
Ao ser perguntada sobre a expectativa que muitos no Vai-Vai (e, por consequência, em todo o carnaval paulistano) têm em vê-la como primeira porta-bandeira da instituição, Mirelly respondeu de maneira serena:
“A gente está com bastante calma e a gente lida com bastante tranquilidade e pezinhos no chão. A gente está na escola há bastante tempo e a gente vem trabalhando muito para que a gente possa evoluir cada vez mais. Com o trabalho sendo desenvolvido, a gente vai em busca dos resultados. E eles vêm aos poucos. Vamos trabalhar muito e dando de forma bem tranquila com tudo isso”, tranquilizou.
Família de bambas
O sobrenome não é por acaso: Pedro Trindade é herdeiro de uma verdadeira dinastia de mestre-salas e porta-bandeiras do Vai-Vai. Se Renatinho e Fabíola eram irmãos, Pedro é primo de ambos. E o novo condutor do pavilhão alvinegro fez questão de exaltar outros nomes que conduziram o principal símbolo da agremiação do Bixiga.
“A responsabilidade é muito grande – não só pelo legado que eu tenho dentro da família, mas sim pelo legado de termos muitos bons primeiros casais na história da escola. Estamos falando de Paula Penteado, de Pingo, de dona Cleusa, de dona China e de diversos casais que passaram. Hoje, comigo e com a Mirelly, com a escola próxima do centenário, nós sermos escolhidos para ostentar o pavilhão… é um peso, é inegável isso. Estamos driblando isso, trabalhando com isso. A gente está com uma equipe, temos uma nova apresentadora, a escola está dando um respaldo muito grande para a gente. Por mais que a gente esteja há muito tempo e tenha muito tempo de dança, é uma fase nova. Tudo é um recomeço. A gente tem nossas inseguranças, mas a gente trabalha muito nisso”, finalizou.
A Unidos de Vila Isabel anunciou nesta terça-feira a realização de um concurso para escolher a nova musa da comunidade para o Carnaval 2026. As candidatas se apresentarão durante as eliminatórias da disputa de samba-enredo e a vencedora será revelada na grande final, marcada para 12 de setembro, na quadra da agremiação. A iniciativa integra um conjunto de ações em curso que visam resgatar as raízes da agremiação e fortalecer os vínculos com a comunidade. O objetivo é reconhecer os talentos do chão da escola, oferecendo oportunidades de destaque a quem contribui ativamente para a construção dos desfiles. Em breve, a escola divulgará a data de inscrição e o regulamento do concurso.
Em nota, a azul e branco de Noel agradeceu à musa da comunidade Pérolla Santos e às musas da ala de passistas Anna Karolina e Dandara Barreto pela dedicação e contribuição prestadas ao longo dos últimos três anos. A agremiação informou que, inicialmente, a função teria duração de um ano, mas o desempenho e o comprometimento das representantes levaram à ampliação desse período.
“Elas ocuparam brilhantemente o cargo durante esse período. Agora, entendemos que é o momento de encerrar esse ciclo para que novas meninas da comunidade também possam ser vistas, reconhecidas e valorizadas”, explicou o presidente da agremiação, Luiz Guimarães.
A Vila Isabel ainda reafirmou o orgulho de fazer parte da trajetória dessas sambistas e desejou sucesso em seus próximos passos.
Segunda escola a desfilar na terça-feira de Carnaval, a Vila Isabel apresentará “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”. O enredo parte de um olhar onírico para homenagear o multiartista Heitor dos Prazeres, a quem é atribuída a criação dos termos “Pequena África” e “África em miniatura” para se referir à região da antiga Praça Onze. O tema será desenvolvido pela dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.
A partir do dia 5 de agosto, a Grande Rio retoma as atividades da Escolinha de Percussão Base Forte, iniciativa voltada à formação de novos ritmistas. As aulas serão realizadas sempre às terças-feiras, das 19h às 20h, na quadra da escola, sob a coordenação do instrutor de bateria Leonardo Saleiro e sua equipe.
O projeto é aberto ao público e destinado exclusivamente a novos participantes interessados em aprender a tocar instrumentos de percussão. As vagas são limitadas por instrumento, e as inscrições devem ser feitas aqui.
Em mais uma mudança significativa no modelo de julgamento, a Liesa anunciou que o Carnaval 2026 do Grupo Especial do Rio de Janeiro contará com 54 jurados, seis por quesito, e que, antes da apuração, será realizado um sorteio para definir quais 36 julgadores terão suas notas lidas e consideradas no resultado oficial. A medida altera a estrutura tradicional, que até 2025 trabalhava com quatro jurados por quesito. Agora, com um corpo mais amplo, a Liesa explica que busca aumentar o rigor técnico e a pluralidade de visões durante a avaliação dos desfiles.
Em declaração ao jornal O Globo, o presidente da Liesa, Gabriel David, destacou o impacto positivo da nova estrutura: “O aumento no número de jurados selecionados traz ainda mais transparência e precisão para o modelo de julgamento. A coordenação de jurados já está analisando os currículos e realizando a seleção com rigor técnico e diversidade de olhar, para então apresentarmos e começarmos a prepará-los. Vale lembrar que, dos 54 profissionais, 36 serão sorteados para terem as notas abertas, mantendo também o descarte da menor nota”, afirmou.
A dinâmica do sorteio será feita antes da leitura das notas, na Quarta-feira de Cinzas. Os 18 jurados não sorteados terão suas notas arquivadas, sem interferência na apuração. O sistema manterá o tradicional descarte da menor nota por quesito, entre as quatro recebidas, o que garante margem de segurança contra avaliações destoantes.
A seleção dos novos jurados está sendo conduzida por uma equipe da Liga, e os nomes deverão ser divulgados oficialmente nos próximos meses. A expectativa é se a nova configuração vai trazer mais equilíbrio e diversidade de olhares sobre os espetáculos apresentados na Marquês de Sapucaí.
O Carnaval 2026 já começou para a cantora Iza. Após três anos longe do posto de rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, a artista participou na noite desta segunda-feira do primeiro ensaio dos ritmistas da “Swing da Leopoldina”, na quadra da escola, em Ramos, Zona da Leopoldina do Rio. A rainha distribuiu sorrisos, tirou fotos com os componentes e participou dos ensaios das bossas comandadas por mestre Lolo.
“Está sendo muito especial esse reencontro, muito feliz com esse primeiro ensaio. Galera já com tudo no sangue, parece que estão nos ensaios há muito tempo, e eu entrando no ritmo pra deixar nossa comunidade super orgulhosa”, afirmou a cantora, que ainda participou do churrasco pós-ensaio, ao lado do vice-presidente, João Drumond.
No Carnaval 2026, a Imperatriz Leopoldinense será a segunda escola a desfilar no domingo, 15 de fevereiro, e vai levar para a Marquês de Sapucaí o enredo “Camaleônico”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira, que celebra a obra e a performance do cantor Ney Matogrosso, completando 50 anos de carreira.
Enredo: IFÁ LONAN LUKUMI
Compositores: Claudio Russo, Gustavo Clarão e Luiz Antonio Simas
Meu padrinho me falou
Cada um tem seu orí
O destino é professor
A raiz é Lucumi
Ifá, retira dessa flor os seus espinhos
Revela meu odu e seus caminhos
Com os ikins de Orunmilá
Me dê seu Irê para vida
Olodumarê criador
Espalhou axé e amor
No ilê dos orixás
E o negro iniciado no segredo
Do reino de Olokun fez sua trilha
Rompendo os grilhões de morte e medo
Foi o primeiro babalaô da ilha
Eleguá
é o dono do poder
moenda não pode mais moer
põe fogo na cana
Eleguá
Tem coco, mandinga e dendê
hoje o coro vai comer
nas barbas de Havana
Ah! o ânimo de ser do baticum
Com a lâmina sagrada de Ogum
E a sina de quem ama o idefá
Ah! a rama do Caribe se expandiu
No verde e amarelo do Brasil
Nas cordas do opelê e no oponifá
Derruba o muro quem sabe asfaltar
Caminhos abertos na mão de Ifá
Que o mundo entenda
O ebó vence a dor
Sentado à esteira de um babalaô
Em uma noite marcada por emoção, gratidão e memória afetiva, o Salgueiro promoveu no último sábado, em sua quadra, um tributo especial à carnavalesca Rosa Magalhães, homenageada do enredo da escola para o Carnaval 2026. A data escolhida marcou um ano da partida da artista, considerada a maior campeã da história da Marquês de Sapucaí. O presidente André Vaz destacou o significado da homenagem para a escola e para o universo do samba.
“Representa muito, uma emoção muito grande. É muito do carnaval. A carnavalesca que mais conquistou títulos (na Sapucaí). É um orgulho muito grande o Salgueiro homenagear uma pessoa que começou na Revolução Salgueirense. Infelizmente, ela nos deixou no ano passado. É uma homenagem mais do que justa. A escola toda ficou emocionada com o anúncio do enredo, o mundo do carnaval também se emocionou”.
O tributo foi pensado como uma extensão do enredo, idealizado pelo carnavalesco Jorge Silveira e pelo enredista Léo Antan, e reuniu a comunidade, sambistas, artistas e admiradores da trajetória de Rosa Magalhães. No palco, além de falas e vídeos, momentos de saudade foram compartilhados com o público, que se emocionou ao reviver a obra da artista.
Para Jorge Silveira, o momento transcende o Salgueiro: “Prestamos uma homenagem a um símbolo icônico do carnaval. É uma homenagem que transcende e ultrapassa os limites do próprio Salgueiro. Com esse carnaval, a gente convida as escolas de samba, o mundo do samba, a estarem conosco para reverenciar a professora. É algo que o Salgueiro faz pelo carnaval carioca. A noite foi de emoção e de gratidão. Uma noite para agradecer e celebrar a vida e a obra da Rosa, porque ela permanece através de todos nós e ela vai continuar, através do nosso ofício, na nossa memória carnavalesca”, completou o artista.
Responsável pela construção do enredo, Léo Antan destacou a importância de celebrar os grandes nomes do carnaval ainda que tardiamente: “A gente pensou nesse evento desde o começo, desde o dia que a gente estava vislumbrando a ação de lançamento. Acho que a gente fez um grande trabalho na divulgação para chegar na emoção das pessoas.
Esse tributo surgiu mais uma vez usando o elemento da emoção. A gente pensou em fazer nessa data, que é um ano da passagem da Rosa. É uma celebração à obra da Rosa, que é a tônica do enredo inteiro e do nosso trabalho. Falta muito a gente fazer isso por pessoas do carnaval. A nossa tônica é emocionar e relembrar e fazer um passeio afetivo por tudo que nos conecta a Rosa”, afirmou.
O evento foi mais um passo na caminhada da escola rumo à Sapucaí, e deixou claro que, em 2026, o Salgueiro vai além de um desfile competitivo: levará à avenida uma celebração poética da memória e da arte de Rosa Magalhães, reverenciando sua genialidade e reafirmando seu lugar eterno na história do samba e da cultura brasileira.
A Independente Tricolor escolheu o samba-enredo que irá embalar o Carnaval de 2026. Em uma disputa diferente, os sambas finalistas não se apresentaram. Houve apenas o anúncio do intérprete oficial, Chitão Martins. Todo o processo de eliminatórias foi realizado internamente e divulgado pela internet, até chegar aos sambas 3 e 6, que foram para a decisão. A expectativa era grande, mas o favoritismo foi confirmado. Uma obra que foi aclamada nas redes sociais desde o início e que foi eleita o hino da escola para o próximo carnaval. O samba é assinado pelos compositores: Cláudio Russo, Silas Augusto, Turko, Dário Silva, Zé Paulo Sierra, André Malheiros e Fábio Souza. A família tricolor tem como enredo “Ngoma, a primeira festa no amanhã do mundo”, assinado por uma comissão de carnaval. Dentro do projeto para o desfile do ano que vem, a festa marcou o primeiro contato com a comunidade. Sendo assim, houve promessas de inovação, entrega e união, com o objetivo de retornar a Independente Tricolor ao Grupo Especial. O novo comandante da bateria “Ritmo Forte”, mestre Higor, foi apresentado para a comunidade e agradeceu à diretoria pela recepção que tem tido desde quando acertou sua ida para a Vila Guilherme.
Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
Samba que ‘se escolheu’
O diretor de carnaval, Raphael Maslionis, contou o processo de eliminatórias da escola. Segundo ele, o samba-enredo foi escolhido a partir do momento em que os finalistas foram levados para os segmentos e departamentos participarem da dinâmica. “Quando conversamos lá atrás no projeto, já era vontade da escola trazer mais opções e uma maior pluralidade de sambas. Foram 12 parcerias convidadas para evitar esse choque. A arrecadação do Grupo de Acesso para os compositores ainda é muito baixa. Oito parcerias se inscreveram, e escolhemos quatro para a próxima fase, que foram gravadas na voz do Chitão. Desses quatro, selecionamos dois sambas com linhas distintas. O samba 6 era o mais convencional em alguns aspectos, e o 3 cresceu bastante dentro da quadra, momento em que o trouxemos para uma audição com a comunidade, bateria e ala musical, para que os segmentos e departamentos se manifestassem. O samba 3 foi o que se escolheu”, explicou.
Diretor de carnaval, Raphael Maslionis
Para garantir uma safra de qualidade, o segredo é oferecer ao compositor uma sinopse bem construída, além de liberdade para compor. Maslionis também falou sobre a ideia do enredo e o trabalho que foi desenvolvido em cima dele. Vale ressaltar que não há carnavalesco assinando o desfile da Independente Tricolor. “Eu trouxe a ideia inicial, que passou por alguns ajustes no meio do processo. O Fernando Baggio chegou ao time um pouco depois, propôs alguns ajustes no começo do enredo para fortalecer a parte de criação. Foi um trabalho da escola, vamos colocar assim. Eu trouxe essa ideia e, juntos, fomos ajustando, e hoje conseguimos um bom resultado de samba para a nossa escola”, comentou.
Escolha criteriosa e promessa de briga pelo título
Danilo Zamboni, diretor-geral da agremiação, revelou que a escolha foi feita com bastante rigor. O gestor também comentou que, apesar de ser uma final entre dois sambas, uma junção não foi cogitada. “Estamos muito felizes. Sempre tentamos inovar em alguma coisa. A escolha foi criteriosa. Houve um empate, e pensamos bem no que era melhor para a escola. Muitas vezes, um samba tem uma parte mais bonita, o outro tem outra parte melhor, mas em nenhum momento foi cogitada uma junção. Agora, é trabalhar bastante. A Independente é uma escola forte, e nosso objetivo principal é retornar ao Grupo Especial”, declarou.
Danilo Zamboni, diretor-geral da agremiação
Zamboni também destacou a importância de valorizar a cultura brasileira, como a escola fará com o enredo “Ngoma, a primeira festa no mundo”. Ele afirmou que a Independente Tricolor vai brigar pelo título do Grupo de Acesso. “É um enredo forte, que fala da primeira festa do mundo, dos tambores africanos. Isso mexe muito com a nossa história e cultura. O Brasil precisa disso, a gente precisa valorizar as nossas raízes. Apostamos nisso e temos a convicção de que faremos um grande desfile. Com todo respeito às outras escolas, nosso objetivo é disputar o título”, afirmou.
Samba valente
O intérprete Chitão Martins avaliou a escolha de forma positiva, tanto pela diretoria quanto pela comunidade. “A Independente já vinha de um tempo com encomendas de sambas, e este ano o presidente quis fazer uma disputa. Ficamos muito felizes com o resultado. Tinha dois sambas na final, e qualquer um deles poderia ganhar, o que daria um resultado legal. Mas optamos por um samba que achamos que combina com o Carnaval do Acesso. Fizemos um ensaio na terça-feira com a comunidade, e os dois sambas estavam muito bem cantados. Hoje, percebemos a resposta do público. Estamos felizes por escolher um samba que agradou à diretoria e à comunidade”, comentou.
Intérprete Chitão Martins
Dentro das características melódicas da obra, o cantor também destacou que o samba se encaixa muito bem na sua voz, por suas características. “É um samba valente, do jeito que eu gosto de cantar, com refrões fortes, sempre atacando. Sabemos que o Acesso será mais disputado do que nos anos anteriores. Queríamos um samba forte para chegar com tudo na pressão”, concluiu.
Felicidade de um compositor
Turko, um dos compositores que assinou a obra vencedora, contou o sentimento de vencer a disputa na agremiação. O experiente escritor de sambas-enredo tem a sua primeira vitória na Independente Tricolor e esbanja felicidade, torcendo pela volta da comunidade da Vila Guilherme ao Especial. “É uma satisfação enorme, ainda mais em uma escola que vem de um processo diferente. A gente ficou muito feliz já com o resultado quando terminamos a obra. É um enredo excelente e veio essa vitória para coroar. Nós estamos transbordando de felicidade. A nossa parceria nunca havia participado de nada na Independente, e é uma satisfação enorme vencer o concurso de primeira. Ficamos ainda mais contentes porque o resultado estava estampado na comunidade. O povo explodiu no momento do anúncio. Quando a bateria, comunidade e diretoria estão satisfeitos com o samba, já é meio caminho andado para o sucesso do carnaval. Com uma certa experiência, nós já sabemos esses caminhos. A Independente Tricolor é uma escola gigante e tem tudo para voltar ao Grupo Especial do carnaval de São Paulo”, finalizou.