Rita Lee na Avenida. Só essa frase já arrepia. Mas quando a Mocidade Independente de Padre Miguel anuncia que vai levar essa força da natureza pra Sapucaí, a gente sabe que vem coisa grande. E a sinopse do enredo “Rita Lee, a Padroeira da Liberdade”, assinada por Renato Lage, não deixa dúvida: vai ser um desfile com alma, coragem, poesia e aquele tempero que só a escola de Padre Miguel sabe colocar na Avenida. * LEIA A SINOPSE
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O texto não é uma biografia tradicional. E ainda bem. A proposta é outra. A Mocidade quer transformar Rita em símbolo, entidade. Ou, como a própria sinopse diz: “Ela nasceu pra ser livre. Livre para compor, cantar, amar, rir, transar, cuidar da vida e da natureza. Livre para falar palavrão. Para dizer não. Para deitar e rolar”.
É desse jeito, com liberdade até nas palavras, que a escola vai contar essa história. E que presente para os compositores! A sinopse é praticamente uma carta aberta à ousadia: pede metáfora, irreverência e atrevimento. Não quer samba engessado. Quer samba que voe. “Não queremos contar uma biografia. Queremos contar uma história de liberdade”.
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Com essa frase, o recado está dado. O desfile será uma viagem pelos sentimentos, lutas, amores e provocações de Rita. A artista que desafiou a ditadura, que brincou com os padrões, que misturou rock com Iansã, Janis Joplin com Carmem Miranda, agora vira inspiração para a turma independente.
A Mocidade vai entregar à sua ala de compositores um terreno fértil para criar. Não falta assunto. Tem psicodelia, feminismo, humor, sensualidade, crítica social, Rita de bruxa, santa e deusa pop. É um prato cheio pra quem gosta de escrever samba com alma e conteúdo.
“Em meio à caretice dos dias duros da ditadura, ela surgiu como uma entidade, uma mistura de Janis Joplin, Carmem Miranda e Iansã”. Esse trecho da sinopse é daqueles que quase vira refrão por si só. E imagina só quantas imagens potentes cabem em um verso desses? Dá pra brincar com o tempo, a estética, o sagrado e o profano. Tudo no mesmo caminho.
Agora, o desafio está lançado. Como transformar essa Rita tão única em samba? Como rimar liberdade com leveza? Como colocar no papel uma mulher que nunca coube em rótulos? A sinopse termina com um convite que é quase uma convocação: “Na Sapucaí, seu rockcarnaval vai deitar e rolar. Com ela, ninguém segura essa tribo de loucos apaixonados por samba e por liberdade”.
E aí a gente entende que o desfile vai ser mais do que uma homenagem. Vai ser uma celebração da diferença, coragem, da arte que incomoda. Se os sambas concorrentes souberem captar esse espírito, o desfile de 2026 tem tudo para ser histórico. Porque Rita Lee nunca foi só cantora. Foi, e sempre será, um grito de liberdade. E a Mocidade é o melhor alto-falante que o samba podia oferecer pra esse grito ecoar.