A festa marcada para a próxima sexta-feira, na Cidade do Samba, não é apenas a apresentação formal dos enredos do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Ela representa a consolidação de uma virada simbólica e institucional no modo como o carnaval carioca se comunica com o público e com ele se reconecta ao longo do ano. Desde que a Liesa reformulou o modelo do evento em 2024 para os desfiles de 2025, abrindo as portas da Cidade do Samba ao povo e ao samba tradicional, a Noite dos Enredos passou a ocupar um lugar estratégico: não mais apenas técnico e burocrático, mas de visibilidade, celebração e narrativa. Novamente, o evento terá entrada gratuita, mediante apenas à doação de 1 kg de alimento não perecível.
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O carnaval, que sempre foi crônica do presente, agora começa oficialmente meses antes da Sapucaí. É nesse palco que as escolas plantam as primeiras sementes do que será colhido na avenida. O Carnaval de 2026 aponta uma tendência clara: homenagens. O tema não é mais pano de fundo. É protagonista. A leitura possível é que o desfile se tornou também uma plataforma de memória e disputa simbólica. As escolas estão mais dispostas a construir discursos, reposicionar figuras e inserir suas narrativas no debate público.
A Beija-Flor celebra o Bembé como resistência; A Grande Rio funde ancestralidade, espiritualidade e cultura afro-brasileira no universo do mangue; A Imperatriz coloca Ney Matogrosso como símbolo de liberdade e transgressão; A Viradouro prepara homenagem ao mestre Ciça; A Portela reencontra raízes afro-gaúchas esquecidas; A Mangueira reivindica a Amazônia negra; O Salgueiro fará a homenagem lúdica e afetuosa à carnavalesca Rosa Magalhães; A Vila Isabel terá o tributo a Heitor dos Prazeres com elementos oníricos e afro-brasileiros; A Tijuca resgata Carolina Maria de Jesus como autora do Brasil; A Mocidade levanta a bandeira de Rita Lee, mulher em sua plenitude revolucionária; O Paraíso do Tuiuti explora a vertente religiosa afro-cubana ressurgindo no Brasil com raízes culturais fortes; A Niterói estreia com uma homenagem direta ao presidente Lula;
A Noite dos Enredos 2026 será mais do que uma apresentação de temas: será um ensaio geral do que o carnaval do futuro pode ser. Mais conectado com o povo, mais plural, politizado e artístico. Se a Sapucaí continua sendo a apoteose, a Cidade do Samba se firmou como o berço onde o carnaval nasce publicamente. Ali, com samba no pé e palavras de enredo na boca, a festa começa e promete, para 2026, ser uma das mais simbólicas da história recente.
O CARNAVALESCO estará lá, como sempre, para contar, interpretar e sentir esse momento com você.