Por Diogo Sampaio e Raphael Lacerda. Fotos: Allan Duffes

A Unidos de Padre Miguel abriu as portas de sua quadra, na noite da última sexta-feira, para realizar a grande final da disputa de samba-enredo para o Carnaval de 2024. Quatro parcerias chegaram nessa última etapa da competição e cada uma teve oito passadas para se apresentar, sendo as duas primeiras sem bateria. A vencedora foi anunciada já na manhã deste sábado e a obra escolhida como hino oficial da vermelha e branca da Vila Vintém foi a de autoria de Claudio Russo, Thiago Vaz, W.Corrêa, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Miguel Dibo, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax. Ela irá embalar o enredo “O Redentor do Sertão”, desenvolvido pela dupla de carnavalescos Edson Pereira e Lucas Milato. No ano que vem, o Boi Vermelho será a quinta escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no sábado de Carnaval, dia 10 de fevereiro, em busca do título da Série Ouro e do tão sonhado acesso ao Grupo Especial. * VEJA FOTOS DA FINAL

“Essa vitória representa muito para mim e para minha parceria. Somos um grupo que ama a UPM. Perdemos, quando tínhamos que perder, e hoje voltamos a ganhar. Tenho certeza que a gente tem o melhor refrão do Carnaval, graças a Deus. É um refrão fala com povo. O samba como um todo é muito bom, mas este trecho é fora de série. Já ganhei outros sambas aqui. Ganhei no ano de Ossain, de Ariano Suassuna, do Eldorado, mas essa vitória aqui, hoje, é emocionante, é especial”, comemorou o compositor Claudio Russo.

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Fotos de Allan Duffes/CARNAVALESCO

“É a realização de um sonho, ainda não consigo acreditar. Amo essa escola, minha vida é essa escola. Estou aqui há dez anos e finalmente chegou a minha hora. Nunca tinha ganhado, essa é primeira vitória e meu coração está disparado. Todos da parceria se esforçaram muito, se dedicaram para fazer esse samba e dar ele de presente para escola. Agora é comemorar, curtir cada momento dessa vitória e defender esse pavilhão até a minha morte. No samba, a gente diz que chegou o redentor da Zona Oeste. Ou seja, chegou a nossa hora. O redentor veio para dar essa bênção e levar a gente para o Grupo Especial, que é o que merecemos. Estamos batalhando muito e merecimento temos de sobra. Então, ajudar a minha escola de coração a alcançar esse sonho é algo que não consigo nem expressar. A única coisa que posso dizer é que estou feliz para caramba”, completou o compositor Thiago Vaz.

Orlando Ambrósio – eufórico após o resultado – enfatizou que a parceria foi feita por crias da casa. “É uma vitória da comunidade da Vila Vintém. A gente estava há seis finais sem ganhar e nós não desistimos. E a minha parceria é da Vila Vintém. É daqui! Eu acreditei nos meus parceiros e nós ganhamos. Hoje é um dia de muita felicidade e alegria. Ganhamos!”, afirmou o compositor.

Questionado pelo CARNAVALESCO, Ambrósio revelou qual parte mais gosta no samba e foi categórico: A Unidos de Padre Miguel vai para o Grupo Especial em 2024. “‘Na quarta-feira // que os anjos digam amém’. A Unidos vai subir para o lugar que realmente é dela: o Grupo Especial”.

Show na final

Além das obras finalistas, o evento contou ainda com o anúncio da passista Andressa Regina Silva Marinho, a Dedê Marinho, que representou a escola no concurso da Rainha do Carnaval de 2024, como a mais nova musa da agremiação. Teve também um mega show da Unidos de Padre Miguel, onde os segmentos como a velha guarda, a ala de passistas, as baianas e o departamento feminino fizeram as suas apresentações na quadra, embalados pela bateria “Guerreiros”, comandada por mestre Dinho, e pelo carro de som liderado por Bruno Ribas. Durante esse espetáculo, sambas históricos do Boi Vermelho foram relembrados, entre eles “O reencontro entre o céu e a terra no Reino de Alá Àfin Oyó” (2013), “Decifra-me ou te devoro: Enigmas – chaves da vida” (2014) e “Ossain – O poder da cura” (2017). Este último provocou um momento de catarse, em que o canto forte dos presentes na quadra conseguiu se sobressair e ficar mais alto, em muitos momentos, que o volume das caixas de som.

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Essa força da Unidos de Padre Miguel, junto de outros predicados, fazem com que muitos sambistas sonhem com o dia em que verão a agremiação na elite da folia carioca. Ao longo da última década, a vermelha e branca bateu na trave por diversas vezes. Ao todo, foram cinco vice-campeonatos na atual Série Ouro em oito carnavais. Para finalmente alcançar o tão sonhado título, o Boi Vermelho quer deixar as falhas do passado para trás e focar em trabalhar para que tudo aconteça conforme o planejado, como destacou o diretor de Carnaval Cícero Costa em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.

“Quanto aos erros eventualmente cometidos nos anos anteriores, a questão é como eles foram vistos. Acho que a vista é maior para esses erros, mas tudo bem. Passou e estamos trabalhando para não errar. E o torcedor da UPM, o público em geral, pode esperar em 2024 aquilo de melhor que a gente sabe fazer de melhor, que é um grande espetáculo, com muita humildade e pé no chão. Aqui nós temos muita dedicação e paixão. Trabalhamos incansavelmente o ano inteiro, procuramos estruturar barracão, deixar a quadra sempre em um alto nível… Todo ano fazemos isso, trabalhamos para colocar na Avenida um excelente Carnaval”, frisou o diretor.

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Cícero Costa também falou da experiência de dividir o comando da direção de Carnaval com a sua própria filha, Lara Mara. No bate-papo, ele fez uma avaliação do desempenho dela na função e não poupou elogios.

“Está sendo o máximo trabalhar com a Lara. Ela já vinha falando que queria ser diretora de Carnaval. Agora, ela já está adulta, maior de idade e para mim está sendo legal, porque estou dividindo tarefas e tendo a oportunidade de estar mais perto dela. Por conta do Carnaval, muitas vezes a gente acaba abrindo mão de passar mais tempo com a família, com os amigos… Então, está sendo super maneiro. E a menina está sendo nota dez, falo direto para ela: ‘É isso aí mesmo’. A gente já se conhece no olhar. Claro, tem hora que a gente precisa puxar o freio, senão sabe como é que é, né. Mas até agora ela está indo direitinho, tirando nota dez”, afirmou Cícero.

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O diretor de Carnaval da vermelha e branca ainda comentou sobre os próximos passos após a escolha do hino oficial para o ano que vem. De acordo com Cícero Costa, os ensaios de quadra devem ter início ainda em setembro. Já os treinos de rua da escola tem estimativa de começo apenas para o mês de fevereiro.

“A gente vai parar para gravar depois da escolha e devemos começar em quinze ou vinte dias os ensaios de quadra. Provavelmente, em novembro, a gente já está indo para rua. Nossa estimativa é que isso seja na segunda semana de novembro, logo depois dos feriados”, relatou.

Entrosamento cantor, bateria e harmonia

Indo para o segundo ano consecutivo no comando do carro de som do Boi Vermelho, o intérprete Bruno Ribas já está se sentindo completamente em casa na vermelha e branca. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, ele falou sobre o entrosamento com a bateria e a harmonia, além de ressaltar como a escolha do hino oficial no início de setembro facilita o trabalho.

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“O entrosamento está melhor que o esperado. Aqui já tenho um relacionamento muito antigo, de família, com a escola. Então, fica tudo mais fácil, né? Fica mais tranquilo para gente trabalhar. Logo no primeiro ano, já deu uma liga muito grande entre o carro de som, a bateria e a harmonia. E quanto a escolha do samba no começo de setembro é bem melhor, porque a gente tem mais tempo para trabalhar o chão, para trabalhar a própria música, construir coisas com a bateria, com os componentes. Isso sem contar que o trabalho tem que ser pra já, afinal a gente pensa lá na frente em alcançar o campeonato. Portanto, não podemos perder tempo”, declarou Bruno Ribas.

Desejo de chegar ao Especial

O carnavalesco Edson Pereira possui um longo histórico com a Unidos de Padre Miguel. Para se ter uma ideia, o artista estreou na função justamente na vermelha e branca, no Carnaval de 2006, com o enredo “Da lágrimas do tupã, nasce o fruto divino: o guaraná”. Na ocasião, o debute dessa relação rendeu o campeonato do Grupo C, o equivalente a atual Série Bronze. Desde então, entre idas e vindas, Edson está em sua terceira passagem pela escola e não esconde o desejo de fazer o que for preciso para vê-la chegar no Grupo Especial.

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“É muito lindo chegar em uma final como essa, ver a casa cheia e saber que as pessoas aprenderam a amar a Unidos de Padre Miguel, assim como eu a amo. Ver a escola galgando espaço no mundo do samba e sendo aguardada, para mim, é muito relevante. Trata-se, também, da minha origem, que é a Unidos de Padre Miguel. Então, desde já, garanto que conforme o nosso enredo pede, em 2024, não faltará fé, amor, devoção e emoção na Avenida. Podem esperar a Unidos de Padre Miguel com cara de Unidos de Padre Miguel. Vamos fazer um Carnaval grandioso, que representa a comunidade e não vai decepcionar. Padrão UPM”, assegurou Edson Pereira em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.

Atualmente, o artista faz dupla jornada. Além dos trabalhos na Unidos de Padre Miguel, Edson Pereira está à frente do projeto do desfile do Acadêmicos do Salgueiro para 2024. Para conseguir conciliar os trabalhos, no caso do Boi Vermelho, Edson conta com o jovem carnavalesco Lucas Milato dividindo a função com ele. No bate-papo com a reportagem, ele comentou sobre esta parceria, que se encontra em seu primeiro ano.

“Acredito que é uma relação de cumplicidade, não só minha com ele, mas com o Carnaval da Unidos de Padre Miguel, que sempre colocamos em primeiro lugar. O Lucas é um grande talento, uma pessoa que está provando isso, que também está galgando o espaço dele. Acho muito importante o Carnaval se oxigenar cada vez mais e o Lucas vem para mostrar isso”, pontuou Edson.

Bateria pretende manter padrão

Mestre Dinho, que está no comando da bateria da Unidos de Padre Miguel há mais de dez anos, afirmou que o trabalho dos ritmistas em 2024 será manter o feito do último carnaval, quando garantiram os 40 pontos para o Boi Vermelho. Para ele, a escolha do samba em setembro contribui para o avanço do trabalho que será desenvolvido e, inclusive, já estuda as famosas “paradinhas”.

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“Foi bem positivo. 40, né? (Risos). Com 40, não tem nada para melhorar, tem que manter. É mais difícil manter a nota do que tentar gabaritar. Agora nós vamos trabalhar para manter aquilo que já foi feito em 2023. A escolha do samba ajuda muito. É uma coisa diferente, porque há muito tempo que a gente não tinha isso – um mês para fazer ensaios e preparar bossas. É um ano atípico e muito legal”, disse o mestre de bateria da UPM.

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Assumindo a direção de carnaval ao lado do pai Cícero Costa, a jovem Lara Mara, 18 anos, contou que está empolgada com o novo desafio e detalhou como funciona o trabalho entre pai e filha.

“Representa muita coisa e é muito gratificante. Estou muito feliz pela festa de hoje. É uma forma de superação pessoal e de provar para a minha comunidade o meu amor por eles. Realizar esse trabalho ao lado do meu pai é muito gratificante. Acredito que não há muitas diferenças no nosso trabalho – a gente divide as tarefas. Eu tenho muito do meu pai. As pessoas acham que sou mais calma, mas não, eu que sou mais arretada (risos)”, comentou a diretora de carnaval da UPM.

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Questionada sobre o que os sambistas podem esperar da parte plástica da agremiação da Vila Vintém, Lara, confiante, destacou o uso da tecnologia somada à riqueza que compõe o enredo sobre o Nordeste.

“A gente já vem fazendo desfiles muito bonitos e em 2024 não vai ser diferente. Tenho certeza que a Unidos vai surpreender muito. Acho que vão ficar encantados com as novidades que vamos trazer na parte plástica – com tecnologia e na simplicidade de ser um enredo do Nordeste, mas também com muita riqueza que nós iremos trazer. Eu acho que não falta mais nada. Nós estamos prontos e a nossa comunidade merece muito. Estou muito confiante que 2024 será o ano da Unidos”, ressaltou.

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Trunfo é obra completa do enredo

Formado em Arquitetura e Urbanismo e no mundo do carnaval desde 2010, o jovem carnavalesco Lucas Milato, de 27 anos, divide o posto com o experiente Edson Pereira. Para ele, chegar ao comando do carnaval da Vila Vintém é uma realização profissional e pessoal. O jovem também comentou sobre o trabalho em dupla.

“A UPM é a realização de quase todo sambista, seja profissionalmente ou como folião. É uma escola que já não tem mais a estrutura do grupo de acesso. É um prazer desenvolver o carnaval da Unidos – além de ser um prazer profissional é também uma grande honra enquanto pessoa e sambista. Isso faz até o trabalho fluir de uma forma mais gostosa e especial. O Edson é um cara que tem uma bagagem gigantesca e é uma fera do carnaval. Está sendo um grande aprendizado e bem bacana. Não existe uma divisão, a gente sempre está trocando tudo”, disse o carnavalesco.

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Para Milato, o grande trunfo para a Unidos de Padre Miguel é a obra completa do enredo. Confiante, ele afirmou que este será o maior carnaval do Boi Vermelho.

“Eu tento ser sempre humilde nas respostas, mas posso lhe afirmar que a Unidos está fazendo o maior Carnaval da sua história – e isso em todos os âmbitos. A escola está se esforçando para tirar 100% do que estamos projetando. Se Deus quiser, vamos fazer um grande Carnaval. Acho que esse é o nosso grande trunfo: o nosso conjunto não só estético. Ter um bom samba, um enredo bem defendido, uma harmonia coesa e uma direção de carnaval extremamente coerente. O conjunto da obra é o nosso grande trunfo”, enfatizou Lucas Milato.

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Um carnaval que aposta no talento dos jovens para realizar o tão sonhado desejo de subir para o Grupo Especial. O carnavalesco comentou sobre a chegada de Lara Mara, de 18 anos, na direção de carnaval da agremiação.

“Acredito que neste ano a Unidos está apostando, de fato, em profissionais jovens. No meu caso mesmo, que sou um carnavalesco novo – tenho 27 anos. Ter a diretora mais jovem – Lara tem 18 anos – é muito forte, porque é representativo para que outras mulheres se inspirem nessa figura tão poderosa e forte que a Lara emana. É uma grande aposta da UPM nessa confiança na força jovem. Ela é sensacional, está fazendo um trabalho incrível e é uma parceria diária – seja no ateliê, barracão ou no que for preciso. Está sendo muito bom”, destacou o carnavalesco.

Casal ainda celebra ótimo desfile em 2023

Há dez anos na agremiação da Vila Vintém, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira gabaritaram o quesito no último carnaval. Ao CARNAVALESCO, a dupla avaliou o desfile de 2023 e comentou os preparativos para o próximo ano.

“Foi um saldo muito positivo. Tudo que foi proposto pela nossa escola nós conseguimos realizar. É claro que sempre vão haver algumas situações que precisam ser melhoradas. Nós estamos estudando muito esse desfile para que, em 2024, possamos ter essa taça na nossa comunidade”, disse o mestre-sala.

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“Foi maravilhoso, porque conseguimos o nosso objetivo de trazer a nota máxima para a escola, graças a Deus e com muita garra e muito ensaio. Neste ano queremos novamente trazer a nota máxima, então temos que correr atrás e fazer por onde”, completou a porta-bandeira.

O casal também falou sobre os benefícios de ter o samba escolhido um pouco antes do habitual. “Facilita muito, porque a escola dá um passo à frente. Nós conseguimos implementar ou corrigir, porque temos tempo hábil pra isso – diferente, acredito eu, se fosse escolhido um pouco mais próximo do desfile”, destacou Vinícius.

“Facilita muito, porque daí já vamos pensando em uma coreografia e como vamos desenvolvê-la na Avenida. É muito importante e positivo para a gente”, explicou Jéssica.

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“Ela é a minha rainha”. O mestre-sala enfatizou as principais virtudes na dança de Jéssica Ferreira.

“A minha porta-bandeira tem uma dança muito peculiar. Ela tem uma característica muito forte, é muito guerreira. Eu fico até brincando com ela dizendo que as fantasias devem ser pesadas, senão ela sai voando na Avenida (risos). É um prazer dançar com a Jéssica. Eu ganhei um presente, porque ela me ensinou muito. Hoje, o mestre-sala que sou, devo a ela”, destacou o mestre-sala da UPM.

Já a porta-bandeira contou que a conexão entre os dois foi à primeira vista.
“O Vinícius é um mestre-sala elegante, ágil e com várias qualidades na dança. Quando começamos a dançar, formamos um par perfeito – a dança encaixou e combinou. O Vinicius se tornou o meu irmão e meu companheiro de luta”.

Análise das apresentações na final

Parceria de Jefinho Rodrigues: O primeiro samba a se apresentar na final da Unidos de Padre Miguel foi o de autoria de Jefinho Rodrigues, Paulo César Feital, Jonas Marques, Denilson do Rosário, Carlinhos da Chácara, Gutto Neves, Luciano Chuca e Rafael Bernini. O intérprete Wander Pires, voz oficial da Unidos do Viradouro, foi o responsável por defender a obra e soube explorar bem as variações melódicas dela. Os torcedores vieram ornamentados com bandeiras nas cores da escola, além de bexigas vermelhas. Animados, eles vibraram e pularam o tempo todo. Todavia, o canto somente ficava mais forte durante os refrões. Aliás, o refrão principal, com os versos “Padim Ciço milagreiro, abençoa o boi vermelho!/Eu acredito, ergo minhas mãos pro céu!/Chegou a hora comunidade/Com muito orgulho Unidos de Padre Miguel!”, foi o trecho de maior rendimento da obra na quadra. Mesmo assim, fora a torcida, se observou pouca adesão dos presentes no local. A maioria apenas assistiu a apresentação, sem cantar ou dançar.

Parceria de Cláudio Russo: Dando sequência a final, o segundo samba a se apresentar foi o composto por Claudio Russo, Thiago Vaz, W.Corrêa, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Miguel Dibo, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax. Com um time de cantores liderados por Igor Sorriso e Tem Tem Jr., a obra teve um desempenho avassalador na quadra. O destaque ficou com o refrão principal. Os versos “Meu Boi Vermelho, o milagreiro vem/Traz o milagre pra Vila Vintém/De toda maneira na quarta feira/Que os anjos digam amém” eram berrados pela torcida. Além deles, se observou boa recepção do restante da quadra, sendo possível notar alguns segmentos, como a harmonia, cantando o samba ao longo da apresentação. Falando em torcida, ornamentados com bandeiras e balões nas cores da agremiação, além de bastões de luzes coloridas, eles deram um show à parte. Fizeram coreografias, pularam e cantaram o samba incessantemente. Antes mesmo da apresentação começar, os torcedores já entoavam a obra. Houve ainda chuva de papel picado e serpentina, assim como a performance de um Padre Cícero no meio da galera.

Parceria de Ribeirinho: A obra assinada por Ribeirinho, Samir Trindade, Renan Diniz, Carlinho do Mercadinho, Dilson Marimba e Silvio Romay, com as participações especiais de Thiago Mainers e Domingos Os, foi a terceira a se apresentar na grande final. A dupla de intérpretes formada por Pitty de Menezes e Igor Vianna, da Imperatriz Leopoldinense e Unidos de Bangu respectivamente, soube conduzir de maneira segura o samba. Com bandeiras vermelhas e brancas, os torcedores mostraram bastante empolgação. Houve chuva de papel picado e coreografias não faltaram. Ao longo da apresentação, os momentos de maior canto ocorreram durante os refrões. Além deles, o trecho de subida para o refrão principal, especialmente o verso “Acredita Padre Miguel”, também foi bastante entoado. Em relação ao restante da quadra, a recepção ao samba foi tímida, com poucas pessoas cantando a obra.

Parceria de Chacal do Sax: A quarta e última obra a se apresentar na grande decisão da disputa promovida pelo Boi Vermelho foi a composta por Chacal do Sax, Sidney Myngal, Robertinho, Alexandre Rivero, Clay Ridolfi, Gabriel Simões, Rafael Faustino e Felipe Mussili. A parceria, com a sua torcida, fez um espetáculo na quadra. Houve chuva de balões, confetes e serpentinas. No meio da galera, vieram ainda dois robôs, com efeitos de luz e que soltavam fumaça, além de uma banda com instrumentos de sopro. Os torcedores tinham bastões com bolas brancas, vermelhas e douradas como adereços de mão, assim como bastões infláveis e bandeiras nas cores da agremiação. O intérprete Tinga, da Unidos de Vila Isabel, foi quem conduziu o samba, contando com apoio luxuoso do também intérprete Pixulé, voz oficial da Paraíso do Tuiuti. Junto dos cantores, veio um sanfoneiro, que deu uma pitada do ritmo típico da música nordestina para a apresentação. O refrão principal, com os versos “Meu padim ciço, eis aqui o teu altar!/A gente enverga, mas é ‘rúim’ de se quebrar…/Chegou a hora do milagre da Vintém!/Pra quem tem fé, a vitória demora, mas vem!”, foi entoado a plenos pulmões pela torcida e por diversas pessoas presentes na quadra. Foi possível observar até mesmo segmentos, como harmonia e bateria, cantando a obra.