Assumir o pavilhão da agremiação que é a maior campeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo é uma honra para poucos em qualquer circunstância. Imagine, então, ser nomeado pela escola de samba em questão sendo cria do terreiro da instituição. É exatamente essa a situação pela qual Pedro Trindade e Mirelly Nunes, novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Vai-Vai, estão passando de olho na folia de 2026. Pouco depois de defenderem pela primeira vez o principal pavilhão alvinegro em público, no evento que definiu a ordem dos desfiles para o carnaval 2026 dos grupos geridos pela Liga-SP, o CARNAVALESCO conversou com a dupla.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

Indescritível
Segundo casal da Saracura há alguns anos, a dupla assumiu o principal pavilhão da agremiação de maneira oficial no dia 15 de março, quando foram anunciados nas redes sociais da agremiação. Vale destacar que o nome dos dois já era tido como o do futuro defensor do principal símbolo da Escola do Povo em um futuro breve, com ambos sendo elogiados internamente como protótipos para a posição.
Desde 2023, o pavilhão era defendido por Renatinho e Fabíola Trindade, histórico duo da instituição, que teve marcante passagem entre 1998 e 2005, participando do histórico tetracampeonato de fato da Alvinegra.
Ambos não negaram a emoção em chegar a tal posto. Pedro, por exemplo, falou sobre capítulos alcançados nessa nova fase: “A gente brinca que são etapas. Nosso primeiro ensaio, ali, fechadinho, foi uma etapa. A gente olhava para o pavilhão, que agora era nosso. A partir do momento que o presidente deu o pavilhão para a gente, meu Deus, foi mais uma etapa. Hoje, foi a primeira vez que a gente esteve como casal oficial para o mundo do carnaval – o que é uma nova etapa e é uma nova responsabilidade. A gente tem a felicidade de estar na nossa escola, defendendo o nosso pavilhão – que nós, graças a Deus, somos cria. Já passei por outras escolas e fui agraciado por voltar para a minha escola, para a minha casa. Essa felicidade não cabe em mim e ela vai aumentando. Aumenta a responsabilidade e aumenta a felicidade. Graças a Deus a gente está feliz, a escola está feliz, a nossa comunidade está feliz. É isso que importa”, comentou.
Mirelly relembrou o encanto que o pavilhão sempre despertou nela: “Eu acho que a felicidade é muito grande porque a gente está defendendo o pavilhão da escola que a gente cresceu. Não tem nem como comparar essa sensação com qualquer outra coisa. A felicidade está imensa porque a gente está realizando o nosso sonho de criança. Hoje, a gente está realizando esse sonho de criança. A felicidade vai além do que eu posso descrever”, comentou.
Posto histórico
Não faltam baluartes na maior campeã do carnaval paulistano – e é claro que no posto de primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira não poderia ser diferente. Mesmo com uma agremiação fundada em 1930 e tornada escola de samba em 1972, a dupla ocupa cargos que tiveram pouquíssimos nomes na história. Pedro relembra tal situação.
“A gente tem um pouco de cada dupla que passou antes da gente! Eu sou o oitavo mestre-sala da história da escola e ela é sétima porta-bandeira dentro da agremiação. E mantendo a tradição! O bailado, dentro da nossa escola, é a tradição. A gente tenta preservar – não só o nosso quadro, a gente tenta preservar desde os pequenos até os adultos. A gente tenta preservar essa tradição que veio lá de trás. Hoje, o Pedro e a Mirelly têm a tradição que já vem lá de trás. Isso colaborou bastante para a gente chegar onde a gente chegou hoje”, comentou.
Mirelly foi na mesma linha: “A gente tem uma bagagem que a gente carrega de aprendizado, de histórias, de momentos. A gente traz conosco uma trajetória que vem lá de trás – e a gente vem trazendo para o agora, sempre tentando aproveitar mais ainda o que a gente aprendeu lá atrás”, afirmou.
Zen
Ao ser perguntada sobre a expectativa que muitos no Vai-Vai (e, por consequência, em todo o carnaval paulistano) têm em vê-la como primeira porta-bandeira da instituição, Mirelly respondeu de maneira serena:
“A gente está com bastante calma e a gente lida com bastante tranquilidade e pezinhos no chão. A gente está na escola há bastante tempo e a gente vem trabalhando muito para que a gente possa evoluir cada vez mais. Com o trabalho sendo desenvolvido, a gente vai em busca dos resultados. E eles vêm aos poucos. Vamos trabalhar muito e dando de forma bem tranquila com tudo isso”, tranquilizou.
Família de bambas
O sobrenome não é por acaso: Pedro Trindade é herdeiro de uma verdadeira dinastia de mestre-salas e porta-bandeiras do Vai-Vai. Se Renatinho e Fabíola eram irmãos, Pedro é primo de ambos. E o novo condutor do pavilhão alvinegro fez questão de exaltar outros nomes que conduziram o principal símbolo da agremiação do Bixiga.
“A responsabilidade é muito grande – não só pelo legado que eu tenho dentro da família, mas sim pelo legado de termos muitos bons primeiros casais na história da escola. Estamos falando de Paula Penteado, de Pingo, de dona Cleusa, de dona China e de diversos casais que passaram. Hoje, comigo e com a Mirelly, com a escola próxima do centenário, nós sermos escolhidos para ostentar o pavilhão… é um peso, é inegável isso. Estamos driblando isso, trabalhando com isso. A gente está com uma equipe, temos uma nova apresentadora, a escola está dando um respaldo muito grande para a gente. Por mais que a gente esteja há muito tempo e tenha muito tempo de dança, é uma fase nova. Tudo é um recomeço. A gente tem nossas inseguranças, mas a gente trabalha muito nisso”, finalizou.