Quinta escola de samba a pisar na Sapucaí nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, a Beija-Flor deu voz aos excluídos e oprimidos na Avenida. Determinada a contar uma história diferente da explicada em livros, a agremiação redefiniu o conceito de independência do Brasil.
Representando minorias como as verdadeiras responsáveis pela luta e liberdade do país, o enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência” foi assinado pelos carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues.
Desde a decisão do enredo e, posteriormente, do samba, tornou-se evidente que a Azul e Branca apresentou o tema mais político do carnaval 2023. Apesar da possibilidade de um receio ser sentido por alguns sambistas, a comunidade nilopolitana se mostrou mais do que pronta para defender o pavilhão.
“Sei que é um enredo polêmico, até porque a escola vai contar aquilo que as mais tradicionais não contam. É a retomada que o povo tem da terra. Indígenas e negros construíram essa nação, e contar a narrativa a partir da nossa ótica é maravilhoso”, comentou Ana Paula Arruda, de 35 anos.
Para Kaio Phelippe, de 28 anos, a Beija-Flor nunca esteve tão alinhada com a atualidade como agora: “É evidente que a era do racismo no Brasil não acabou, então buscamos levar isso para as pessoas entenderem que não toleramos mais”.
Lohayne de Camillo, também de 28 anos, aproveitou a oportunidade para enaltecer a escolha do enredo. “As escolas de samba nasceram em periferias, e quando estamos diante de uma sociedade completamente elitizada, ainda mais no maior evento cultural do país, é importante trazer visibilidade para histórias renegadas”, afirmou.