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‘Nenhuma violência contra mulher deve ser tolerada’! Governo Federal e Liesa lançam campanha na Cidade do Samba

Por meio do Ministério das Mulheres, a parceria tem como objetivo utilizar o carnaval carioca como plataforma de comunicação e conscientização contra o Feminicídio

Em uma iniciativa de combate à violência contra as mulheres, na última sexta-feira, ocorreu na Cidade do Samba, localizada na Zona Portuária do Rio de Janeiro, o evento de lançamento da campanha ‘’Feminicídio Zero; Nenhuma violência contra mulher deve ser tolerada’’ reunindo autoridades, parlamentares, lideranças comunitárias e representantes das escolas de samba do Grupo Especial, tendo como principal objetivo ampliar a conscientização sobre o feminicídio e incentivar ações de prevenção, além de fortalecer a rede de proteção às vítimas de violência doméstica.

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Durante o lançamento, a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou a importância da mobilização social no carnaval para enfrentar o problema. “É fundamental porque o samba é uma grande representação da cultura nacional, de resistência, de sabedoria, de construção de valores e comportamento. Aqui é um espaço para que a gente fale, discuta a questão da não violência contra a mulher e o feminicídio zero. È uma grande emoção estar na casa do samba e ni periodo do carnaval a gente estar fazendo esse grande evento para milhões de pessoas ficarem sabendo que o governo do presidente Lula e que o Brasil não aceita violência contra as mulheres”.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

O evento contou com grandes mulheres do samba. A musa da Portela, Amanda Oliveira, foi a mestre de cerimônia e declarou que se sentiu honrada com o convite. “È uma honra ter sido convidada para representar as mulheres do carnaval, as mulheres pretas do carnaval, eu, como musa da Portela, sei de todas as barreiras e estereótipos que nos dão como mulher preta, como passista, que a passista não pode chegar a qualquer lugar, então é uma honra gigantesca estar aqui conduzindo este evento sobre o Feminicídio zero e que cada vez mais essa pauta esteja em alta para que tenhamos um excelente carnaval e não só no carnaval, porque é uma pauta atual”.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

A abertura ocorreu com a apresentação das porta-bandeiras das 12 escolas do Grupo Especial e seus pavilhões, sendo elas, Grande Rio, Portela, Viradouro, Mangueira, Beija-Flor, Paraíso do Tuiuti, Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Vila Isabel e Salgueiro. A fala da diretora de Cultura da Liesa, Evelyn Bastos, também rainha de bateria da Estação Primeira de Mangueira, marcou o início da abertura.

“Como rainha de bateria, me coloco no lugar das passistas que por arte, expomos os nossos corpos, e nos colocam em situação de vulnerabilidade diante de ideologias misóginas e patriarcais”, declara a diretora cultural.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

Evelyn agradeceu a esta iniciativa e também reforçou o valor desta parceria. “Quero agradecer a todos vocês e tenho certeza que essa união irá mudar as estatísticas e vai fazer com que o Carnaval e o Brasil acesse a base da nossa pirâmide social que são as mulheres, com uma informação muito mais didática porque as nossas mulheres, negras, principalmente, merecem essa comunicação como forma de cuidado e de preservação”.

As escolas de samba e o próprio Sambódromo são ambientes culturais e sociais fundamentais para desenvolver de maneiras eficazes e contundentes conscientização, prevenção e enfrentamento ao cenário completamente inaceitável da violência contra as mulheres no Brasil. Considerando o direito e a participação de meninas e mulheres em todos os espaços de carnaval, o Ministério das Mulheres, o Ministério da Saúde, a Liga Independente das Escolas de Samba e a Fundação Oswaldo Cruz comprometeram-se em desenvolver esta parceria para promover, disseminar, organizar e operacionalizar ações de combate a violência promovendo a conscientização social.

Um problema de toda sociedade, principalmente dos homens

A violência contra a mulher é uma das mais graves violações dos direitos humanos, é um problema estrutural que assola o Brasil. O feminicídio, sua manifestação mais extrema, reflete a cultura machista enraizada na sociedade, que perpetua a desigualdade de gênero e normaliza as agressões. Diante dessa realidade, a luta contra a violência de gênero não pode ser uma responsabilidade exclusiva das mulheres. Os homens têm um papel fundamental nesse debate e devem assumir a responsabilidade de se posicionar ativamente contra essa violência.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

Pela primeira vez este debate ganha visibilidade no Rio Carnaval através do presidente da Liesa, Gabriel David, que destacou a potência das escolas de samba para disseminar a informação na sociedade brasileira.

“Poucas organizações do Brasil, como as escolas de samba, tem o potencial tão grande de comunicar algo tão importante para a sociedade, entender que nós podemos fazer a mudança, e, tenho certeza que todas as escolas de samba, todos os foliões e todos aqueles que estiverem na Marquês de Sapucaí esse ano, estarão vendo essa mensagem não só para o carnaval, mas uma mensagem que a gente precisa ter todos os dias do ano pelo resto de nossas vidas, para que de fato, possamos chegar ao índice de feminicídio zero”. Gabriel agradeceu a presença de todas as mulheres que trabalham diariamente para a construção do país.

A iniciativa da campanha contra o feminicídio na Cidade do Samba surgiu graças à articulação do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, que aproximou o Ministério das Mulheres à Liesa. Esse movimento estratégico tem grande importância, pois aproxima o debate sobre a violência contra a mulher de um dos maiores símbolos da cultura popular brasileira.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

“É um marco importante. Eu conversei com a Ministra Cida lá atrás e a gente pensou em que lugar acontecer essa campanha tão fundamental para o Brasil, e além dos estádios, a gente pensou também no Carnaval. A Cida de forma muito competente colocou isso nos campos de futebol, uma mensagem que tem entrado em todo esse universo, agora, nada é mais potente em termos de expressão e comunicação do que o carnaval. Então, colocar essa mensagem ‘Feminicídio Zero’ dentro da avenida é um posicionamento de um Brasil que é sonhado mas é construído. A gente já avançou muito, mas tem muita coisa para avançar ainda e é bom lembrar que do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, cai no sábado das campeãs e não é atoa, a gente tem muita coisa para fazer juntos. Parabéns Cida e a todos”, discursou o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.

A presença da campanha na Cidade do Samba reforça a necessidade de envolver diferentes setores da sociedade na construção de uma realidade mais segura para as mulheres. Marcelo Freixo, ao estabelecer essa conexão entre o Ministério das Mulheres e a Liesa, demonstra a importância de unir esforços institucionais e culturais para enfrentar um problema estrutural que afeta milhares de brasileiras todos os anos.

Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de feminicídio

De acordo com dados da ONU, o Brasil apresenta uma das taxas mais altas de assassinatos de mulheres por razões de gênero. Em muitos casos, as vítimas são mortas por parceiros ou ex-parceiros, em contextos de violência doméstica e controle abusivo. Além disso, o feminicídio muitas vezes é o estágio final de um ciclo de agressões físicas e psicológicas que, se não interrompido, resulta na morte da vítima. O índice é ainda mais alarmante quando se faz um recorte de racial.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

“O maior indíce de violência contra as mulheres, são as mulheres negras. Por isso estar aqui com a Anielle Franco, nossa Ministra da Igualdade Racial, se faz tão importante quanto e dizer neste momento que o maior espetáculo da Terra se dá exatamente no Carnaval, que envolve o Brasil como todo’, então essa campanha vai se fazer ouvir e fazer acontecer realmente para milhões de pessoas. Então, quero agradecer às nossas ministras e a todas as mulheres sambistas”, declarou a deputada federal, Benedita da Silva (PT), que discursou durante o evento.

O combate ao feminicídio exige medidas urgentes e eficazes, como o fortalecimento das delegacias especializadas, a ampliação da rede de apoio às vítimas e campanhas de conscientização para desconstruir a cultura machista que naturaliza a violência. Além disso, é fundamental que a sociedade como um todo se mobilize para pressionar por políticas públicas que garantam a proteção e a vida das mulheres em todos os espaços, inclusive no carnaval.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

“Nós precisamos estar vivas, precisamos estar inteiras, não podemos ser violentadas e maltratadas. Nós somos o quinto país no ranking mundial de feminicídio principalmente na América Latina. Estamos construindo políticas públicas, mas só podemos mudar a realidade desse país se cada cidadã e cidadão entenderem que isso também é um problema de todos. E é através da Cultura, através do samba, que nós vamos conseguir chegar em todas as pessoas para mudança de comportamento”, afirma a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

Saúde pública para mulher no enfrentamento à violência

A violência contra a mulher é um problema de saúde pública e uma violação dos direitos humanos, impactando profundamente a vida e o bem-estar das vítimas. Para enfrentar essa realidade, é essencial que o sistema de saúde pública esteja preparado para acolher, orientar e proteger as mulheres que sofrem qualquer tipo de violência.

“O Ministério da Saúde também se soma à essa importante iniciativa ao lado da Liesa, porque há muito tempo nós definimos que violência contra mulher é uma questão de saúde pública. Quero agradecer ao Gabriel David por estar conosco nessa parceria tão importante e a Diretora de Cultura, Evelyn Bastos”, ressaltou a Ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Carnaval Seguro: Diversão, Respeito e Igualdade para Todas as Mulheres

A segurança no carnaval não é responsabilidade exclusiva das mulheres. Homens e toda a sociedade devem se conscientizar sobre a importância do respeito, combatendo comportamentos abusivos e apoiando iniciativas de proteção feminina.

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Foto: Marielli Patrocínio/CARNAVALESCO

“Carnaval bom, é carnaval para todas as pessoas. A gente está aqui hoje, é a reafirmação da vida, onde estamos justamente fazendo uma campanha de conscientização tanto de feminicídio, mas também sobre o combate ao assédio no Carnaval”, diz Joyce Trindade, Secretária das Mulheres do Município do Rio de Janeiro.

A noite de lançamento contou com a presença de mulheres componentes das escolas de samba do Rio, que ouviram atentamente, aplaudiram as ações que serão tomadas nos espaços do Carnaval e aplaudiram a iniciativa. “Eu achei maravilhoso. A gente sabe desde os tempos de primórdios como as passistas são tratadas, principalmente pelos gringos, então mudar essa visão para a arte, porque o que elas fazem na avenida é arte, é muito importante. Ter um evento como esse com ministras, com vereadoras, com mulheres lutando por nós é muito importante”, finaliza Deise Fernandes Sacramento, de 58 anos, componente da Portela há 10 anos.

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