O grupo de jurados mais tradicional do julgamento é, sem dúvida, o de mestre-sala e porta-bandeira. Já foram vários os casais que deixaram a avenida com notas baixas por ousar inovar no sagrado bailado. De duplas inexperientes a casais consagrados, todos são severamente punidos se a apresentação tirar o brilho da dança. Não foi diferente com o casal da Portela em 2020, Marlon Lamar e Lucinha Nobre. Ao introduzirem a simulação de um parto no fim da apresentação assumiram um risco alto e praticamente jogaram fora um ano de preparação, pois não obtiveram uma nota 10 sequer.
Para João Wlamir, por exemplo, faltou sutileza na apresentação e o parto simulado era dispensável e tirou todo o brilho da apresentação da dupla. É o que ele explica ao justificar sua nota 9,9.
“A pouca sutileza na terminação dos movimentos, provocada pelo excesso de teatralização, conduziu à uma perda de elegância do casal em alguns momentos de sua dança. O nascimento da criança ficou gratuito e gerou um anticlímax na sua realização, mesmo o casal já tendo terminado sua apresentação”, criticou.
Mônica Barbosa não puniu apenas a derrapada que fez a bandeira de Lucinha enrolar no terceiro módulo de julgamento. O acidente não fez a jurada fechar os olhos para a apresentação diante de seus olhos.
“Marlon e Lucinha, casal lindo, musical, entrosado, técnica precisa e com maturidade cênica. Toda a minha admiração e respeito. A apresentação contou a história, teatral e tecnicamente, usando dinâmicas diferentes e planos. Figurino com uma certa estranheza, mas de acordo com o enredo. A saia da porta-bandeira muito grande. Infelizmente a bandeira enrolou após um deslize da porta-bandeira (uma provável torção de pé). O tão sagrado pavilhão não foi totalmente desfraldado por um momento no módulo 3”, destacou.
O julgador Paulo Rodrigues também tirou décimos devido ao parto realizado no final da apresentação. Segundo ele, além de dispensável, o ato fez com que Marlon amassasse a saia de Lucinha para retirar o bebê do interior da roupa da experiente porta-bandeira.
“Casal belíssimo com nuances maravilhosas. Mestre-sala e porta-bandeira com forte interpretação, porém indumentária da porta-bandeira não teve o efeito desejado. Com dois giros não mostrou leveza e suavidade, não senti a porta-bandeira voltar com naturalidade. Em várias execuções técnicas, estava um pouco contida. Mestre-sala evoluiu bem tecnicamente, porém precisa cuidar do seu gestual, com os braços mais suaves e elegantes. Não senti clima de cumplicidade do casal e sendo que no final do bailado, no nascimento do bebê, mestre-sala se aproximou muito da porta-bandeira e amassou muito sua indumentária por duas vezes no módulo 4. Este detalhe tirou o brilho e glamour deste momento mágico”, avaliou.
Áurea Hämmerli alertou não somente o casal portelense mas todos aqueles que eventualmente pensem em criar situações que deixem a sagrada dança do mestre-sala e da porta-bandeira em segundo plano: nada é mais importante que eles naquele momento na avenida.
“Aconteceram alguns problemas técnicos durante o bailado devido a saia volumosa e mais a teatralização que fizeram com que a dança, o bailado, não fosse o foco principal. A dança saiu prejudicada e o pavilhão ficou em segundo plano, no todo da apresentação. Algumas questões da teatralização precisam ser discutidas com muito cuidado e rigor artístico para não prejudicar o quesito com as suas características e importância. O mesmo acontece para o figurino. Nessa caso, quando um novo elemento esteve presente na roupa da porta-bandeira. O casal nesse momento precisa ter extremo cuidado, durante ensaios e preparação”, disparou.
Já Beatriz Badejo pontuou que além de todos os problemas pontuados por seus colegas a porta-bandeira Lucinha Nobre não evoluiu com a leveza exigida para o bailado do casal, aplicando um 9,8 à dupla.
“Representando ‘purabore’, uma mulher grávida, e trajando uma indumentária que não se adequou satisfatoriamente no bailado, a porta-bandeira Lucinha Nobre não evoluiu com leveza. Além disso, movimentos não coordenados comprometeram a harmonia do casal”.
Renovados com a Portela para 2021, Marlon e Lucinha receberam voto de confiança da direção após não tirarem uma única nota 10 de cinco julgadores. Contando com as duas notas descartadas eles deixaram quatro décimos no julgamento.