Por Matheus Mattos e Gustavo Lima
No sábado aconteceu a festa de lançamento do CD do Carnaval 2020 das escolas de samba de São Paulo. Cada agremiação, desde o Grupo de Acesso 2 até o Especial, tiveram 20 minutos para apresentar um mini desfile aos foliões presentes. As apresentações do Grupo de Acesso 1 tiveram uma grande oscilação de nível entre as escolas. Mocidade Unida da Mooca, Tucuruvi e Vai-Vai com mais destaque, seguidas de Leandro de Itaquera, Camisa Verde e Branco e Nenê de Vila Matilde. A Estrela do Terceiro Milênio foi a surpresa do grupo. Veja abaixo a análise do site CARNAVALESCO.
Independente Tricolor
A Independente Tricolor entrou leve e solta, abrindo as apresentações do seu grupo. A escola mostrou boa organização durante o trajeto. Todos os componentes traziam bexigas com as cores da escola, porém cada ala tinha a combinação diferente, intercalando entre o vermelho, preto e branco. As movimentações de braços, tanto no refrão de cabeça quanto no do meio, apresentações ótimo sincronismo e um efeito visual atrativo. Porém, notou-se uma queda na intensidade nas passagens das estrofes. O relacionamento da bateria com a escola, principalmente a ala musical, não demonstrou falhas. Durante a apresentação, a bateria parou para que o pedal acompanhasse o canto da escola. Um destaque da bateria Ritmo Forte, além das variedades de arranjos, é o desenho de surdos dentro da bossa do primeiro refrão, durando quase 10 compassos até a retomada de toda a bateria.
Estrela do 3ª Milênio
Atual campeã do Grupo de Acesso 2, A Estrela do Terceiro Milênio surpreendeu pela organização, contingente, chão forte e adereços diferenciados, como a presença dos bois no início. A escola foi recepcionada com muitos fogos, algo visto em muitas na noite. A combinação do azul e vermelho, cores dos bois de Parintins, foi visto em muitos setores da escola, principalmente no casal oficial e na bateria. A comissão de frente trouxe um bailado sincronizado e com adereço indígena na cabeça, visto em outras alas também. Alegre e com um entrosamento visível com a comunidade, o intérprete Clóvis Pê animou os desfilantes ao pedir alegria. A escola encerrou com muita fumaça, vermelha e azul, e três grandes bandeirões.
Nenê de Vila Matilde
O início da Nenê foi um dos mais bonitos da noite. Isso porque, durante o alusivo do hino, todas as luzes da Fábrica do Samba apagaram, provocando um sentimento de comoção em grande parte da escola, e até no público em geral. Mesmo com fator inicial positivo, o nível de apresentação não foi mantido em comparação as escolas que antecederam. Poucos componentes cantavam o samba inteiro, notou-se também desfilantes perdidos durante as coreografias. A comissão de frente, por sua vez, mostrou estar bem sincronizada com a coreografia que aparentou ser de quadra, mas com passos elaborados. Durante a terceira passagem, toda escola voltou por dentro, uma espécie de caracol. Um feito diferente e bacana pra apresentação.
Leandro de Itaquera
Antes da apresentação, a comissão de frente fez uma espécie de roda de fogo, com referência aos cultos afros. O figurino dos homens era saia e sem camisa, e as mulheres com um manto marrom cobrindo até o joelho, na cor marrom, e evoluíram de forma teatral. A escola trouxe um número de desfilantes pequeno, e isso ocasionou na queda fa percepção na forma do canto. Nas alas, cada setor tinha uma camiseta diferente, facilitando a identificação visual.
Mocidade Unida da Mooca
“Vidas negras importam”. Estendendo um cartaz, a MUM se apresentou abusando da crítica aos homicídios e violência à população negra. O início da escola foi de Grupo Especial, escola inteira respondendo aos cantores, inclusive, no samba e no momento dos punhos cerrados. Um detalhe interessante ficou por conta das baianas, onde metade trouxe arruda e a outra segurou bandeiras do Brasil manchadas de sangue. Porém, o nível do início não foi mantido do meio para o final, notou-se uma queda de ânimo, intimidade com a letra do samba e organização das alas. Organização ficou por conta da ala das passistas, principalmente, no terno vinho dos homens, que combinou com o chapéu que trouxeram.
Acadêmicos do Tucuruvi
Momentos antes da bateria começar o esquenta, integrantes da harmonia já distribuíam balões para o público na grade, o que criou expectativa para a cara da Tucuruvi após o descenso. A comissão de frente evoluiu toda caracterizada de professor Raimundo, com sincronismo nas coreografias e simpatia. Notou-se uma falta de harmonização nas vestimentas das alas, mas praticamente todos trouxeram bexigas nas cores da escola, azul e amarelo. A impressão que ficou da agremiação é de nível do Especial, mas com problemas que a agremiação já traz há um tempo, como contingente de pessoas e falta de intensidade no canto.
Camisa Verde e Branco
Tradicional agremiação do carnaval paulistano, o Camisa Verde e Branco ainda demonstra fragilidade em alguns pontos, o que a afasta da época consagrada. A comissão de frente trouxe apenas quatro componentes que não evoluíram, porém é importante pontuar que o coreógrafo foi contratado há poucos dias. Atrás, a escola trouxe o casal oficial com fantasia de desfile, seguidos por baianas e velha-guarda, montagem tradicional para a ocasião. O intérprete Tiganá se vestiu como o homenageado da escola, Carlinhos Brown. A escola da Barra Funda trouxe poucas coreografias e muitos desfilantes sem cantar o samba, trechos dentro da ala com buracos, fato dado pela desatenção. Um destaque da agremiação na noite foi a ala das crianças, a maior do Acesso 1, e as passistas plus size, com coreografia, animação e interação com o público.
Vai-Vai
Escola que mais esperada da noite entre as que integram o Grupo de Acesso 1, o Vai-Vai entrou aclamado, costume em eventos como o lançamento do CD. A escola trouxe uma comissão de frente com todos os integrantes de branco, mas com coreografias durante o samba inteiro. Praticamente todas as alas com o mesmo padrão nas camisetas. Característica da escola, como canto forte e alas coreografadas, foram mantidas. Porém pode-se notar também trechos de desorganização.