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Mulheres levam carimbó para a bateria da Grande Rio e unem o samba à tradição paraense

Ao todo, seis integrantes do grupo Aturiá vão tocar curimbó e maracá na Avenida

Quem acompanha os ensaios da Acadêmicos do Grande Rio pode ter notado a presença de dois instrumentos incomuns na bateria do mestre Fafá: o curimbó e o maracá. Esses sons típicos da cultura amazônica, especialmente do Pará, ganharão destaque em uma das bossas do samba que será entoado na Marquês de Sapucaí pela escola de Caxias.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Ao todo, são seis ritmistas — todas mulheres. Juntas, elas integram o grupo Aturiá, formado em 2019 com o objetivo de estudar o carimbó e incentivar o protagonismo feminino. Segundo Fafá, o convite surgiu após a gravação da trilogia “Pororocas Parawaras”, publicada nas plataformas de áudio em 2024.

“Elas estavam disputadas por muita gente (risos) — pela comissão do Hélio e da Beth, pelo casal. Tem um pedaço do samba que fala ‘É doutrina de santo rodando no meu carimbó’. Tinha que ter elas, daí fiz o convite. A gente já tinha gravado algumas músicas juntando o samba ao carimbó, e elas já haviam participado da noite dos enredos. Tem sido uma interação incrível. Elas têm uma energia muito incrível, e a gente espera que consigam transmitir essa energia no toque e em tudo que fazem”, explicou Fafá.

Fundadora do Aturiá e natural do Pará, Andréia de Vasconcelos, de 42 anos, compartilhou o desafio e a emoção de levar o carimbó para a Passarela do Samba. Há 18 anos no Rio de Janeiro, a paraense já deu aulas de carimbó para a comissão de frente do Paraíso do Tuiuti no Carnaval de 2024 e chegou a desfilar pela agremiação, mas nunca esteve na bateria de uma escola de samba.

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“O carimbó é uma cultura na qual a característica principal é o tambor grave. Esse som grave é um pouco mais cadenciado, então tivemos que colocá-lo na pegada da bateria para entrar numa sintonia. Tem o carimbó que é mais chamegado, tem os mais cadenciados e aqueles que são mais ‘para cima’. Neste caso, é como se fosse um carimbó mais para cima para acompanhar a bateria”, detalhou.

A também paraense Amanda Rabelo, de 34 anos, fez uma viagem de Marapanim até a capital fluminense para integrar a bateria da Acadêmicos do Grande Rio. Para ela, a luta para manter o carimbó vivo é semelhante à do samba, ambos como manifestações populares que resistem ao tempo e celebram a resistência do povo.

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“O carimbó é o arcabouço de um patrimônio imaterial e de uma luta de mais de 200 anos. É muito importante esse entrosamento de anifestações culturais aqui na Sapucaí. Acredito que trazer as três princesas turcas encantadas do tambor de mina é uma homenagem lindíssima aos nossos encantados, nossos ancestrais e a nossa espiritualidade”, afirmou.

E se engana quem pensa que o grupo é composto apenas por mulheres do Pará. Três entre seis artistas que estarão na Avenida são do Rio. Uma das cariocas é Panmella de Jesus, de 33 anos. Ela conta que a mistura entre o samba e o carimbó uniu, também, duas paixões que vêm de família: a mãe é paraense, e o pai fez parte da harmonia de escolas do Rio durante anos. Após tocar no minidesfile da Cidade do Samba, Panmella ainda descobriu que a bisavó foi ritmista da Deixa Falar, agremiação paraense que compôs o samba-enredo da Tricolor Caxiense.

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“Nunca tinha me visto nesse lugar (bateria). Sempre era na ala de baianinhas, ala de crianças, mas nunca imaginei isso na minha vida. É emocionante para mim e para a minha família. Toda vez que eu vou ensaiar e tocar, peço licença aos povos, aos mestres e mestras, aos encantados e à minha bisavó. Porque eu penso que isso não é sobre mim, mas sim sobre uma legião de mulheres e uma legião ancestral que já vinham com essa difusão”, emocionada, contou.

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