A gravação da faixa da Unidos da Tijuca para o álbum dos sambas-enredo de 2026 ocorreu em 23 de setembro, no Estúdio Century, na Barra Olímpica. Reunindo ritmistas, componentes do carro de som e do coro, o encontro marcou mais um passo rumo ao carnaval, eternizando o hino que a escola do Borel levará para a avenida com o enredo “Carolina Maria de Jesus”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, em homenagem à escritora mineira.

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Nildo Barbosa, de 50 anos, tijucano de coração e responsável pelo violão de sete cordas do Pavão, comentou sobre como é, para ele, inacreditável, além de uma honra, participar da gravação do samba da escola. Ele agradeceu o convite feito pelo diretor musical Ivinho e exaltou o amor com que a faixa foi produzida.

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Nildo Barbosa

“A parte do ‘muda essa história, Tijuca’, que eu acho que não preciso nem falar mais nada, e o enredo já diz por si: Carolina Maria de Jesus. Estar na escola que você gosta, defendendo o pavilhão, fazendo o que ama, que é a música, e com amigos… Graças a Deus estamos com uma família maravilhosa, que um gosta do outro, briga um pelo outro. Já gravei no ano passado também, sendo essa a segunda gravação, agora junto com o Ivinho na direção musical. E o melhor de tudo é que a gente está fazendo com amor. Tudo na vida, qualquer profissão, qualquer coisa, a primeira coisa que a gente tem que fazer é colocar amor. Quando a gente faz com amor, tudo sai legal, sai grandioso. Perfeito é uma palavra muito difícil, porque às vezes, para um, está bom; para outro, não. Mas, fazendo tudo com amor, fica grandioso”.

Lissandra Oliveira, conhecida por sua presença em diversos coros de diferentes escolas de samba, integrará neste ano o carro de som da Unidos da Tijuca. Ela se emocionou com o samba que a escola levará para a Sapucaí e contou que participar da gravação foi muito especial por conta da homenagem a Carolina Maria de Jesus.

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Lissandra Oliveira

“Para mim, cada ano é diferente. Eu já gravo há muito tempo, porém, cada ano dá um frio na espinha, é diferente. E este ano, pra mim, é especial, porque eu vou cantar na Unidos da Tijuca e vou falar de uma mulher tão especial, tão forte como Carolina Maria de Jesus. Estar aqui hoje é mais do que especial por essa causa. Sair na Tijuca e falar de uma mulher tão forte, tão poderosa como ela, com um samba que toca no fundo, que fala da vida dela… você vai refletindo o que ela passou, a fome, as dificuldades, para chegar onde chegou e nos representar com uma força imensa. Esse samba, pra mim, como mulher, é muito forte, é um sonho. É muito bonito e diz muita coisa, fala da verdade dela”.

Os ritmistas Yuri Martins, de 32 anos, e Diogo Oliveira (Coringa), de 41, também participaram da gravação. Yuri descreveu a obra como emocionante para ele e para todos os “crias” do Borel, nascidos em comunidades, e afirmou que estar no estúdio foi um momento marcante. Já Diogo destacou a importância de eternizar o samba e a esperança de que a obra ajude a Tijuca a voltar aos lugares mais altos do carnaval carioca, retornando ao sábado das campeãs.

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Yuri Martins

“É emocionante participar aqui, porque eu já estou na escola há mais de 20 anos e vou para o meu sexto ano como diretor de bateria. A gente quer ver a Tijuca forte com esse enredo e com um samba tão bonito, tão marcante. Para nós, que somos tijucanos e ritmistas, é muito emocionante. Esse samba mexe com um sentimento em nós, que somos favelados e criados dentro de comunidade, especialmente pela letra, que fala um pouco disso também. Mexe muito com quem mora no Borel, com quem é cria de verdade”, contou Yuri.

“É uma sensação única estar eternizando o samba da Tijuca para 2026. Daqui a 10, 20, 30 anos, vamos tocar esse samba e lembrar que fizemos parte da gravação, estamos entrando para a história da escola. É um samba muito potente e forte, sobre uma mulher que foi muito importante para a construção do nosso país, que é tão preconceituoso. Uma mulher que lutou bastante para conseguir vencer na vida e ela venceu. Gosto muito do refrão do meio, ‘Os olhos da fome eram os meus’, e do refrão da cabeça também, ‘Muda essa história, Tijuca’. A Tijuca vem, há alguns anos, ficando na parte de baixo da apuração, e está na hora de mudar, de voltar ao topo, de ganhar um carnaval. Chegou a hora de voltar entre as campeãs e ser protagonista do Carnaval”, declarou Diogo.

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Diogo Oliveira (Coringa)