A Mocidade Unida da Mooca viveu um dia histórico durante as gravações do álbum oficial da Liga-SP para o Carnaval 2026. Pela primeira vez na elite do samba paulistano, a agremiação da Zona Leste apresentou em estúdio o samba que embalará o enredo sobre o Portal Gueledés e o protagonismo da mulher negra. A gravação foi marcada por emoção, técnica e um sentimento coletivo de conquista. Autor do samba e responsável pelo arranjo, Marcos Vinícius (Marquinhos) destacou ao CARNAVALESCO a importância da energia positiva e da união entre os departamentos musicais.
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“O samba, quanto mais para cima e com mais energia ele tiver no seu nascimento, é melhor para trabalhar. Todos os departamentos da escola atuam de forma brilhante e em conjunto. Na MUM, o destaque é o conjunto. O departamento musical é coeso, trabalha unido, e o plano da faixa é montado por todos. O que se sobressai é o pavilhão, a escola que nos dá liberdade para criar e arranjar”, ressaltou.
Marquinhos também comentou o trecho mais simbólico da obra, que reforça o caráter social e a força da mensagem do enredo.

“A parte mais marcante da gravação é o trecho ‘Vem ser mais uma mulher/A voz que espalha o bem/Ninguém solta a mão de ninguém’. Essa estrofe diz tudo sobre a luta da mulher negra. A MUM trazer esse tema é muito importante. É mais do que um samba: é uma causa. Nós, como homens, temos que estar ao lado das mulheres negras na luta por dignidade e representatividade”, afirmou.
Interpretação equilibrada entre técnica e emoção
O trio de intérpretes Gui, Sté e Emerson celebrou a oportunidade de traduzir o sentimento da comunidade em uma gravação que equilibrou emoção e precisão.
“Tem que ter um pouquinho de jogar para a galera e um pouquinho de técnica. Conseguimos passar a emoção do samba e também mostrar toda a qualidade musical da MUM”, disse Gui.

“Não dá para ser muito técnico, mas também não dá para deixar a emoção tomar conta 100%. Foi lindo o que aconteceu aqui”, completou Sté.
Emerson resumiu o sentimento em uma frase: “Foi um momento único, técnico, emocionante, raçudo, classudo e ‘Mocudo’. Foi uma porrada”.
Sobre a preparação vocal, Sté destacou a importância de cuidados básicos. “O sono e a hidratação são essenciais para manter a voz legal. Nesse tempo maluco de São Paulo, se não cuidar, não tem como”.

Emerson completou com humor: “A gente não para! Ensaiamos domingo, terça, quinta, gravamos sexta e domingo tem mais ensaio. O descanso e a hidratação são fundamentais”.
Bateria Chapa Quente com andamento firme e foco na mensagem
O mestre de bateria, Dennys Silva, falou sobre a emoção de participar da primeira gravação da MUM como escola do Grupo Especial.

“É um momento mágico. Estamos passando por várias primeiras vezes e mantendo o pé no chão. Ensaiamos muito e vamos com andamento 144 BPM (batidas por minuto). A Chapa Quente vai para a pista com quatro bossas, mas, no disco, optamos por duas pequenas, para deixar o samba brilhar e multiplicar a mensagem linda do nosso enredo”.
Organização e legado coletivo
O diretor de Carnaval e compositor, Vitor Gabriel, destacou a logística da gravação, que envolveu 115 integrantes entre ritmistas, alas e o carro de som.
“Metade veio direto e metade de ônibus da escola. Foi uma concentração tranquila. Talvez esse tenha sido um dos sambas mais especiais da minha vida. Fazer parte da composição do primeiro samba da história da MUM no Grupo Especial paga tudo. É um legado para a escola e para nós, compositores”.

Sobre seu trecho favorito, Vitor revelou apego especial ao final da obra. “A cada dia muda meu trecho preferido, mas, no momento, o meu xodó é o finalzinho do samba: ‘Ninguém solta a mão de ninguém/Vem ser mais um’. É um trecho que pega todo mundo. O samba inteiro é um xodó”.









