Por Karina Figueiredo
A Mocidade Independente de Padre Miguel levou para a Avenida um enredo sobre o tempo da vida. Neste sentido, o quarto carro a cruzar o Sambódromo, intitulado “Tempos Modernos: O contratempo da Ilusão representa o tempo que nos aprisiona e nos consome” representou uma gaiola, remetendo à ideia de que o relógio pode ser um dos grandes inimigos quando o assunto é mercado de trabalho.
Cláudio Maia, integrante da Mocidade e desfilante desde 2002, explicou que a gaiola projetada no carro faz referência principalmente as pessoas submissas à rigidez do mercado de trabalho. Isso porque, nos tempos modernos, a indústria impiedosa visava apenas o lucro, fazendo deste setor uma caveira que sugava seus funcionários, que, submetidos a péssimas condições de trabalho, tinham uma única função: vencer o tempo e produzir cada vez mais.
“Nós representamos os operários da fábrica e os personagens desse sistema repetido realizado como se fosse uma robótica”, explicou Claudio Maia.
O componente do carro Tingo Palpo, que completou seu quinto ano desfilando pela Mocidade, também comentou sobre o carro e a fantasia usada.
“Eu venho representando o Charlie Chaplin. A minha fantasia foi inspirada no filme dele. Ela representa o homem da atualidade que chega ao mundo moderno, no estilo mudo, conforme o personagem de Chaplin. Cruzei a Avenida nesta máquina, enferrujada e com engrenagem. A ideia foi realmente demonstrar as indústrias que tentam driblar o tempo para lucrar cada vez mais, mas sem investir em condições de trabalho adequadas para seus funcionários”.