A Mocidade Independente de Padre Miguel trouxe para as suas primeiras alegorias o emprego de materiais reciclados ou alternativos. O abre-alas, por exemplo, usou o equivalente a cinco caminhões de galhos, enquanto o segundo carro recorreu a latas de tinta, cola e resina para construir o efeito no corpo do boi. Os componentes ficaram encantados com as soluções artísticas encontradas pelo carnavalesco Marcus Ferreira.
“Além da questão financeira, porque o custo dos materiais aumentaram muito, tem a lado de mostrar a criatividade do carnavalesco, de saber exemplificar o que ele quer o carro com materiais mais baratos e até que estariam no lixo. Eu fiquei surpreso com o que ele quis demonstrar na alegoria. Esse impacto do diferente também traz uma empatia do público”, opinou Hamilton Brietzke, de 41 anos, que veio na lateral do abre-alas.
Esta primeira alegoria é chamada “Um jardim no agreste floresceu e se fez um mundo de barro…”. Ela criou o cenário imaginado pelo homenageado Mestre Vitalino dentro do Agreste Pernambucano. O carro é um conjunto de três composições acopladas em tons de laranja e marrom, acentuando a conexão com o barro e o sertão. Ripas de madeira pintadas e cruzadas constituem deram o tom de originalidade ao visual. Além disso, cabeças de “barro” foram esculpidas na base. Uma gangorra de bonecos do Alto do Moura se destacava em cima do carro dando um efeito de movimento. Cactos em laranja e amarelo de espuma geram uma maior aproximação com o ambiente sertanejo.
Integrante da verde e branca há mais de 20 anos, Vânia Aparecida, de 59 anos, também desfilou no abre-alas e ficou emocionada quando viu onde ia desfilar.
“O carro está lindo! Todos os carros estão lindos. A escola está linda, estamos muito animados. Fiquei muito emocionada. Foi feito com muito carinho e dedicação”, exaltou a desfilante.
No segundo carro, foi trazida a vida rural que inspira os artistas de barro. Com o nome de “Segue o carro de boi a lida viver”, a composição trazia desfilantes fantasiados de trabalhadores rurais em um cenário com engrenagens, milhos no topo e estátua de profissionais da fazenda. Na frente do carro, um boi com chifres simulava uma escultura do artesanato. As latas recicladas criaram um efeito de profundidade interessante na alegoria.
Marta Janete, de 56 anos, participou ativamente como voluntária nesses últimos dias na confecção de fantasias no barracão. O amor pela Mocidade a fez amar ainda mais o carro em que ela desfilou.
“Meu carro está lindo, está maravilhoso. Ele representa o carro do boi. Eu amo essa escola, ela é a minha razão. Eu estou no barracão desde quinta-feira, sem vir em casa. Eu saí de lá direto para Marquês de Sapucaí com muito orgulho”, contou a desfilante.
Para Amália Fabiana, de 44 anos, em seu 5º desfile pela Mocidade, se sentiu imersa no enredo ao ver o seu carro, o segundo. Ela acredita que outras escolas deveriam investir mais em usar esses materiais alternativo na construção de seus carnavais, pela economia e pela beleza provocada.