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Mocidade Alegre traz linda estética e conta com grande atuação do casal de mestre-sala e porta-bandeira

Diego Motta e Natália Lago mostraram uma energia contagiante no Anhembi, e escolha por tons majoritariamente terrosos mostrou-se de ótimo gosto

Atual bicampeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre foi a terceira agremiação a desfilar no sábado de carnaval no Grupo Especial. Esteticamente, a escola do bairro do Limão veio impecavelmente bonita para apresentar o enredo “Quem Não Pode Com Mandinga, Não Carrega Patuá”. Também vale destacar a ótima apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição, Diego Motta e Natália Lago.

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Comissão de frente

Com o nome “Mandinga: o chamado e a consagração dos ancestrais” e coreografada por Jhean Allex, os componentes fizeram uma dança ritualística emulando as bolsas de mandinga – ler mais sobre elas no quesito “Enredo”. Com diversos integrantes fazendo uma coreografia cheia de energia, alguns personagens ganharam destaque: Bexerin (sacerdote islâmico) e uma sacerdotisa vodu parecem comandar os demais. No alto tripé, chamado “Altar da Ancestralidade”, inteiro em tons terrosos e em amarelo (cores que apareceram com muita frequência na exibição), aparecia uma baiana – outra figura bastante presente na exibição. A aparição da baiana, por sinal, era sempre muito apupada pelos torcedores. Vale destacar, entretanto, que pedaços de um pano branco (provavelmente da saia da baiana) podiam ser visto na abóbada dourada do elemento alegórico.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A jovialidade e o excelente entrosamento de Diego Motta e Natália Lago, novamente, se fez presente. Com cores um pouco mais escuras (dourado e preto), ambos executaram todas as obrigatoriedades nos quesitos em cada um dos módulos com leveza e a simpatia que lhe são característicos. Vale destacar que, no desfile, eles também mostraram uma característica nova: na segunda cabine de julgamento, ambos pareciam estar com ainda mais energia, fazendo com que o pavilhão da Morada girasse com bastante força.

Enredo

Estreando como carnavalesco da Mocidade Alegre, Caio Araújo assumiu um projeto que, quando iniciado, ainda continha a companhia de Jorge Silveira. Contando a história de objetos muito utilizados para simbolizar, professar, cultuar e compartilhar a fé (e a própria cultura de um grupo de pessoas), a divisão da escola foi, antes de mais nada, bastante correta e intuitiva. A Morada do Samba iniciou o próprio desfile na África, ventre da humanidade – como deixa claro o nome do primeiro setor: “África, Terra das macumbas ancestrais”.

No segundo, intitulado “Cruzos e as promessas da doutrina branca”, são contadas histórias ligadas às religiões professadas na Europa na época das Cruzadas e, posteriormente, das Grandes Navegações – como escapulários e medalhas da Agnus Dei e cruzes em geral. Logo depois, um quê de sincretismo entre as duas tradições religiosas surge no setor “Quem não tem balangandã não vai ao Bonfim”, que conta como os nkisi (bolsas sagradas de africanos chegados ao Brasil) empoderaram tais pessoas até a Revolta dos Malês e transformaram a Bahia em um local de sincretismo único no planeta.

No quarto setor, “Fios de ancestralidade e resistência: a força da mandinga”, o momento mais contemporâneo, de liberdade e orgulho religioso é abordado – com exaltação à tolerância entre todos os credos. Praticamente fazendo uma autocitação, o quinto e último setor, “Uma mandinga para a terça-feira” celebra a confluência de saberes religiosos em locais de fé com uma imagem bastante conhecida de quem acompanha o carnaval paulistano: a presidente da escola, Solange Cruz Bichara Rezende, rezando agarrada em diversos itens religiosos a cada apuração – tradicionalmente realizada na terça de carnaval na cidade de São Paulo.

Alegorias

Com um início africano, uma passagem pela Europa cristã e um final de desfile falando de sincretismo religioso (sobretudo na Bahia), a divisão cromática da agremiação era bastante intuitiva. O começo cheio de tons terrosos e remetendo ao solo sagrado africano; o terceiro, com cores mais claras, dando um belo contraste na pista. Por fim, se o sincretismo nada mais é do que a junção/mistura de crenças, nada mais natural que utilizar todas essas cores – com direito a um acréscimo bastante potente do dourado, advindo do material com que se faz inúmeros artefatos religiosos: o ouro.

O abre-alas, “África, Terra das macumbas ancestrais”, contou histórias de Daomé e Mali, sobretudo. Não se deixa enganar pelo nome do segundo carro: os “Altares das Irmandades Negras” falam sobre o sincretismo de religiões afro com as tradições católicas, recriando a fé existente nos mais diversos grupos. Mais focado em uma região específica, “Quem não tem balangandãs não vai ao Bonfim”, a terceira alegoria, descreve a Bahia como uma espécie de paraíso religioso em que o sincretismo é natural – e mais calcado no prateado, com iluminação verde. Por fim, o último carro, “Mandingas para mais uma vitória”, foca na própria história da escola, conhecida pela força e por enredos de cunho afro e religioso – vale destacar, entretanto, que a figura principal utilizada para falar da própria Morada do Samba é a de uma baiana, natural de um local que teve grande influência no carnaval como um todo e, também, no desfile em questão.

É importante destacar que situações pouquíssimas comuns à Mocidade Alegre aconteceram. O segundo carro alegórico, quando se aproximava da segunda cabine de jurados, apagou – e reacendeu cerca de um minuto depois. Já a última alegoria, no final do desfile, sofreu com um apagão do motor – exigindo muito mais merendeiros para empurrá-lo. Por fim, no primeiro tripé, “A riqueza das tradições culturais africanas e o poder mágico das palavras”, era possível ver ao menos uma das rodinhas que davam sustentação ao elemento.

Fantasias

Outra característica história da Mocidade Alegre foi confirmada e respeitada em 2025: o extremo bom gosto no conjunto de fantasias. É bem verdade que boa parte delas abusava dos supracitados tons terrosos e amarelo/dourado, mas nada que deixasse as indumentárias cansativas e/ou repetitivas. Vale destacar, também, o acabamento quase sempre impecável de todas elas. Havia uma, entretanto, (a ala 16, “Pavilhão: Nosso Maior Amuleto de Proteção”), que apresentava alguns costeiros aparentemente mais baixos que a média.

Harmonia

A combinação esquenta potente e samba-enredo de qualidade é quase sempre receita de sucesso no quesito. Some a esse cálculo o fato do chão da Mocidade Alegre ser, historicamente, forte. O quesito, como é possível imaginar, também não deverá apresentar problema algum para a agremiação do bairro Limão por conta de algumas atuações inspiradas. Igor Sorriso, sempre altivo e cada vez mais com a cara da escola, comandou os igualmente competentes Lucas Donato, Fernandinho SP, Jéssica Américo, Talita Uliana, Fabinho Pires e Kiko Melodia. A Ritmo Puro, de mestre Sombra, confirmou as altas expectativas desde o lançamento do CD: com andamento mais cadenciado, o facilitou o canto e a dança dos componentes – além, é claro, da já rotineira excelente exibição, com direito a quatro apagões na primeira passada do refrão de cabeça. Também vale destacar a presença de Eder Miguel, vocalista da banda Doce Encontro, executando a mesma introdução da faixa da agremiação no disco.

Samba-Enredo

Desde a final da eliminatória interna da escola elogiado, a canção ganhou ainda mais repercussão por conta do tratamento dado a ela. Melódico por natureza, a Morada do Samba, por meio da Ritmo Puro, comandada por mestre Sombra, tratou de deixar a música com um formato ainda mais especial e suingado com um andamento mais cadenciado, favorecendo a dança e o canto. A aposta, que se mostrou certeira desde o primeiro instante, se confirmou no Anhembi. Quem também teve boa atuação foi o carro de som, capitaneado mais uma vez por um Igor Sorriso cada vez mais à vontade na escola do bairro do Limão e com um luxuoso carro de som, composto por cantores do nível de Lucas Donato, Jéssica Américo, Talita Uliana, Fabinho Pires e Kiko Melodia. Cabe destacar o verso “Os balangandãs, pra enfeitar, abençoar”, que permitiu a ginga de toda a agremiação.

Evolução

O quesito teve alguns destaques bastante positivos e outros pontos de atenção. É importante destacar o quanto os integrantes das alas entre os segundo e terceiro carros tiveram bastante liberdade para evoluir além da dança do samba, interagindo dentro das próprias alas – nada que prejudicasse o quesito, de maneira bastante ensaiada. Em dois momentos, entretanto, a impressão é que a escola teve ao meno uma oscilação no andamento – ainda que curta: quando o primeiro tripé da agremiação estava na frente da segunda cabine de jurados, por volta de 17 minutos, a Morada pareceu evoluir mais lentamente por cerca de dois minutos.

Outros Destaques

A rainha Aline Oliveira da da “Ritmo Puro” reinou à frente dos ritmistas da Morada do Samba.

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