A Beija-Flor de Nilópolis anunciou no último sábado o seu enredo para o carnaval de 2024. A quarta colocada de 2023 levará para a avenida o enredo “Um delírio de carnaval na Maceió de Rás Gonguila”. O tema é desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo, que estreia na Deusa da Passarela e volta a propor delírio em um desfile. Com promessa de apoio milionário da prefeitura de Maceió, o evento na quadra da escola contou com a presença do prefeito da capital alagoana, que festejou a parceria com o carnaval carioca. Se tudo caminhar como o anunciado, escola está rica. A prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, publicou neste 15 de maio, no Diário Oficial da cidade, que destinará a quantia de R$ 8 milhões para a Beija-Flor ser mais deusa do que nunca no carnaval 2024. Aporte financeiro que muda o patamar da escola e deixa o carnavalesco João Vitor, mais à vontade para voar na imaginação e, quem sabe, voltar a dar a escola notas máximas em quesitos, como, “Alegorias” e “Enredo”. * LEIA AQUI A SINOPSE
Um enredo patrocinado com apoio de uma prefeitura, mas que está longe de um simples CEP. Assim que se pode definir a temática que a Deusa da Passarela levará para seu próximo desfile. O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, presente na quadra exaltou participação de sua cidade no desfile da Marquês de Sapucaí e falou da importância que é a cultura da cidade ser mostrada no maior espetáculo da terra.
“Estamos extremamente felizes em fazer parte dessa escola. Sairemos eternizados e vocês vão garantir que nós, lá de Maceió, sejamos a capital do Nordeste mais visitada e, agora, mais conhecida culturalmente. Pelas nossas histórias, pelas nossas belezas, pelas nossas raízes e pelas nossas tradições”, falou o prefeito JHC.
A escola que, nos últimos 20 anos, foi campeã com Manaus e Macapá, agora propõe um encontro das nobrezas de Maceió, Nilópolis e da Etiópia, representadas por personagens que nunca se viram. Essa narrativa tem como ponto central a história de um homem chamado Benedito, cujo apelido era Gonguila (por sua falta de habilidade em uma brincadeira de infância), e em uma profecia terminou se autodeclarando príncipe da Etiópia e colocando a palavra Rás na frente de seu apelido, que é um prefixo do nome de um nobre. Daí nasceu o delirante enredo que João Vitor Araújo defenderá na azul e branca de Nilópolis. Para ele não é novidade enredos que partem de uma ilusão, já que apresentou a mesma ferramenta para desfilar a Unidos de Padre Miguel, em 2018, e o Paraíso do Tuiuti, em 2020.
“Eu já conhecia a história de Rás Gonguila através do nosso enredista Rodrigo Hilário. É uma história muito bonita desse homem preto que se autocoroou príncipe da Etiópia e vivia em Maceió. A partir disso, ele se tornou um dos homens mais respeitados da história da cidade. Ele era um influenciador na época. Até Getúlio Vargas precisou que Rás Gonguila subisse no palanque para alavancar sua candidatura no Nordeste. Quando a gente apresentou a proposta para escola, se criou uma parceria. E surgiu ainda o acordo da prefeitura de Maceió conosco, que fez desse lugar lindo, cenário para a nossa história”, disse o carnavalesco, explicando a sua ideia do enredo.
O carnavalesco João Vitor estreia com o status de sonho antigo do presidente Almir Reis. Com a saída de Alexandre Louzada, agora na Tijuca, e de André Rodrigues, atualmente na Portela, o caminho estava livre para o ex-parceiro de Rosa Magalhães trocar o Campo de São Cristóvão pela Estrada Mirandela. Com a bagagem de bons trabalhos realizados e belo desfile pelo Tuiuti, no último carnaval, João falou ao CARNAVALESCO sobre sua chegada à nova escola e a influência de trabalhar com a professora.
“A Rosa Magalhães me deixou mais leve, mais sonhador. Por isso eu me dediquei muito à essa história, que é um delírio e não fiquei preso a uma referência. O enredo está pronto e a escola está toda desenhada. Estou trabalhando desde que cheguei, porque estar na Beija-Flor é diferente. Com todo respeito à minha história em outras escolas, mas aqui é diferente”.
Novo carnavalesco na busca de brigar pelo título
Desde 2018, a Beija-Flor vem fazendo ajustes no posto de carnavalesco da escola, procurando manter uma base artística. Em 2018, a escola desfilou com uma comissão de carnaval liderada por Laíla. Com a saída do lendário griô, a escola manteve a comissão para 19 e acrescentou Válber Frutuoso, hoje diretor de harmonia. Para 20, a comissão de carnaval foi desfeita e Cid Carvalho ficou para assinar o enredo, em parceria com o recém-chegado Alexandre Louzada. Já para 22, Cid deixou a escola e Louzada assinou o desfile sozinho, que recebeu a companhia de André Rodrigues na produção do carnaval 2023. Agora, sem Louzada e André, um novo carnavalesco chega para dar uma repaginada na parte artística da escola, que manterá a equipe de barracão.
“A escola sai das concepções e das leituras que estava fazendo. A gente preserva sempre a criação coletiva com a nossa equipe de carnaval no barracão. A gente tem hoje o carnaval entregue ao João, que vai zelar pela plástica e apresentar na avenida um trabalho a altura do que é Beija-Flor. E ele vai contar com uma grande estrutura que a escola tem. Se deus quiser, a gente garantindo notas com os quesitos de chão e fazendo uma boa plástica, faremos um grande trabalho em 2024”, disse o diretor de carnaval Dudu Azevedo.
A expectativa é que, com o aporte financeiro de R$ 8 milhões da prefeitura de Maceió e mais o que a escola puder arcar, a equipe artística da escola consiga implementar todo o seu projeto no desfile. A escola de Nilópolis deixou alguns décimos na pista no último carnaval em quesitos que hoje competem à João Vitor. E ele contou como pretende resolver o problema e agradar aos jurados.
“Trabalhando sério e corrigindo os erros. A gente tem que trabalhar em cima daquilo que é exigido pelos jurados. Eu espero muito estar aqui, no próximo 13 de maio, agradecendo de joelhos”.
Se é para falar do encontro de nobrezas, dando tudo certo na verba prometida, dinheiro não será problema em Nilópolis. Agora, caberá ao novo carnavalesco e à direção de carnaval ajustarem o quesito “Alegorias e Adereços”, que nos últimos anos têm tirados pontos que fazem falta na classificação final da Beija-Flor. Enredo também despontuado no último desfile, é outra parte que coube João Vitor solucionar.
Disputa de samba começa em 13 de julho
O próximo passo para o carnaval 2024, será a entrega dos sambas para a disputa na Beija-Flor. O diretor Dudu Azevedo informou que fará uma reunião com a ala de compositores e, no dia 13 de julho, se iniciará o processo de escolha do samba-enredo para o carnaval 2024, se não aparecer nenhum empecilho na reunião.